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DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DIDIER

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CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL
	VOLUMES 2 E 4
 Professor: Freddier Didier
 estudecomofreddier@juspodivm.com.br
PROCESSO ESTRUTURAL/ PROCESSO ESTRUTURANTE:
	Noção desenvolvida nos EUA a partir dos casos que surgiram na metade do século XX, tendo como caso emblemático o caso Brown, considerando a determinação a segregação das escolas americanas: a estudante negra gostaria de estudar na escola de brancos em razão da facilidade de acesso. A fim de corrigir a referida situação, não bastaria a simples declaração, mas uma série de providências. Nesse sentido, o Poder Judiciário foi acionado a resolver situação de fato consolidada que precisava ser reestruturada. Notou-se a existência dessa segregação em diversas áreas da sociedade. Assim, surgiu a noção de processo estrutural.
1. PROBLEMA ESTRUTURAL/ LITÍGIO ESTRUTURAL – noção básica:
	Trata-se de situação de fato em que uma desconformidade se estabeleceu, ou seja, algo que se prolonga no tempo e revela situação de desconformidade permanente. Não é necessariamente, uma ilicitude ou antijuridicidade Ex; segregação das escolas, ausência de acessibilidade das pessoas aos espaços públicos, o desrespeito generalizado das regras sobre o modo como se executam as penas no Brasil, falta de saneamento básico, poluição por parte de empresas.
	Por ser situação de desconformidade estruturada, não poderá ser resolvido com único ato de forma instantânea. A solução demanda tempo, série de providências para que haja reestruturação.
2. PROCESSO ESTRUTURAL: 
Trata-se do processo judicial que tem por objeto um problema estrutural. Possui características:
a) Pautado no problema estrutural (conteúdo)
b) Objetiva a transição entre a situação de desconformidade atual e a situação de conformidade almejada – construção de modelo de transição;
c) Organização em duas fases, tendo o modelo de falência como paradigma: 
- a primeira refere-se à fase de apuração/constatação do estado de desconformidade, havendo a prolação de uma decisão determinando o estado de conformidade almejado.
- a segunda fase é a implementação da determinação genérica da primeira decisão: definição do modo, do grau, do tempo da transformação, das regras de transição e das medidas de fiscalização para efetivação. Pode demorar ANOS. Nesse sentido, não se encaixa numa fase de Execução clássica, devendo ser pensado de forma diferente. 
d) Flexibilidade de processo: as estruturas processuais são flexibilizadas na execução, intervenção de terceiros, na cooperação judiciária, na interpretação do pedido, nas regras da congruência – sendo necessariamente flexíveis. O atual código trás estruturas pra isso.
e) Consensualidade: em termos de negócios processuais e na solução de litígios. Ex: processos estruturais que dizem respeito às barragens de Mariana. Há diversas ações civis públicas que objetivam a reestruturação social, econômica, indenizatória, desenvolvimento de fundações para solucionar questões de infraestruturas, que gere o modo como se fará a transição ( Fundação RENOVA). 
Há três outras características comuns, típicas, não essenciais, conforme Didier:
f) Multipolaridade: envolvimento de diversas perspectivas que compreendem a questão de formas de formas diferentes. Ressalta-se que oautor entende nem sempre há perspectivas diferentes, como a reclamação do estudante com falta de acesso na escola.
g) Coletividade: o processo estrutural é coletivo. Ressalta-se que, o autor entende que nem sempre isso acontecerá: é possível que situações estruturantes aparecem em situações estruturais.
h) Complexidade: é aquele que pode ser resolvido de diversas maneiras o mesmo problema.
3. DECISÃO ESTRUTURAL: 
Aquela que encerra a primeira fase do processo estrutural, sendo a que constata a situação de desconformidade e define o estado de coisas a ser alcançado. Possui natureza diferente das decisões estruturais, pois não prescreverão condutas bem definidas, como o pagamento de certa quantia. No caso, terá conteúdo de princípio. Ela estabelece um ideal de coisas a ser alcançado sem necessariamente definir como será alcançado. Até porque isso será objeto da segunda fase, quando serão definidas modo, tempo e grau – Matheus Galdino (orientando de mestrado do autor).
OBSERVAÇÕES:
- O procedimento comum serve ao processo estrutural já que não se tem uma lei para reger o processo estrutural? Segundo o autor do livro, sim, por possuir instrumentos para tal, como atipicidade da decisão, regras de adaptação do processo, possibilidade de fracionar o julgamento, paradigma o procedimento da falência, incorporação de técnicas especiais em legislação extravagantes (lei da falência).
- LINDB: foi alterada em 2018 para que nela fosse incluída parte dedicada ao direito público. O artigo 23 merece ser estudado.
TEORIA GERAL DO PROCESSO: ESTA DESCONHECIDA
	Há dois tipos de conceitos jurídicos operados quando se atua na área do Direito no Brasil. Na área processual, são eles:
- Conceito jurídico positivo: 
	São conceitos que decorrem do exame de determinado ordenamento jurídico, com instrumentos específicos de cada país. Ex: apelação, agravo, sentença,
- Conceito jurídico fundamental: 
	São conceitos que servem como ferramenta para compreender qualquer tipo de Direito. Ex: sujeito de direito, norma jurídica, personalidade, capacidade, prova, presunção, decisão, cognição, fato jurídico, princípio.						 Assim, são pressupostos para se compreender o direito positivo de qualquer país do mundo, possuindo a pretensão de universalidade: servem para compreender qualquer tipo de fenômeno jurídico. Isso não significa que são conceitos imutáveis, pois se tratam de conhecimentos culturais, históricos e, portanto, advindos da inteligência humana, podendo ser alterados com a mudança no pensamento. 
TEORIA GERAL, DIREITO PROCESSUAL E CIÊNCIA DO DIREITO PROCESSUAL
- Teoria Geral é o conjunto de conceitos jurídicos fundamentais processuais são elaborados pelos doutrinadores. Possui como objeto a ciência do direito. Camada 3
- Direito processual é o conjunto de normas, produto do legislador, presente nos códigos, possuindo parte geral e parte especial. A parte geral consiste de enunciados gerais, não sendo teoria geral. Camada 1
- Ciência do Direito Processual: cuida do Direito Processual. Camada 2
Observações:
- A TGP não examina o direito processual, mas fornece ferramentas para a Ciência do Direito.
- A TGP contribui para que se faça boa ciência do Direito Processual. 
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DOS PROCEDIMENTOS E DAS TÉCNICAS
PROCEDIMENTO COMUM E A RELAÇÃO COM OS 
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
De que forma o CPC de 2015 alterou a relação entre procedimento comum e procedimentos especiais?
	É inegável que o principal tema dos anos 80 e 90 no Brasil se chamava tutela jurisdicional diferenciada, em razão da influência de estudos italianos dos anos 70. O termo designava aquilo que fosse tutela jurisdicional que fugisse do padrão ordinário. As técnicas processuais que escapassem do modelo comum seriam encaixadas na rubrica tutela diferenciada.
	O movimento se contrapunha ao procedimento padrão sob o pretexto de que o segundo é inflexível, não adaptável às situações concretas e, portanto, não efetivo. Nesse sentido, foi preciso criar procedimentos especiais para se conferir melhor tratamento no Judiciário. 
Procedimento comum: 
Pode ser compreendido de duas maneiras: 
- É todo procedimento que serve a uma generalidade de litígios ( cobrança, nulidade, revisão, família, indenização...)
- É procedimento base para o encaminhar das causas da justiça em determinado país
Procedimento especial:
- Aquele criado para atender determinada situação (procedimento para alimentos, ação possessória...)
- Todo aquele que for diferente do procedimento comum (mandado de segurança, não sendo criado para determinada finalidade).
Os conceitos de procedimento especial e comum são relacionais e variáveis: O procedimento da ação civil pública é especial porquese difere do comum, mas é comum no âmbito da tutela coletiva, pois serve à generalidade de problemas coletivos. 
		QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DO PROCEDIMENTO COMUM
 HOJE DO BRASIL PÓS CPC/2015:
1. ADMISSÃO DE TUTELA PROVISÓRIA DE FORMA GENÉRICA:
O procedimento comum passou a ter tutela provisória de maneira generalizada, ampliando as hipóteses de tutela, características essas marcantes dos procedimentos especiais e pouco explorada no CPC/73.
2. DISPOSIÇÃO DE DISPOSITIVOS EXPRESSOS QUE CONFEREM AO JUÍZO DE ADEQUAR O PROCEDIMENTO:
Zelar o juiz pelo devido contraditório, Concessão de qualquer medida cautelar, Cooperação judiciária, Meios de solução de conflitos
3. REGRAS ESPECÍFICAS DE ADAPTAÇÃO A DETERMINADAS PECULIARIDADES:
Intimação do MP se envolver interesse público e incapaz
Regras sobre usucapião de imóvel: possui ajustes no procedimento comum
4. PROCEDIMENTO FLEXÍVEL:
	O procedimento comum possui 4 caminhos até a decisão definitiva: procedimento comum (petição inicial contestação, instrução e julgamento), procedimento comum sem instrução (julgamento antecipado), procedimento comum com improcedência liminar de pedido (petição inicial e sentença) e procedimento comum da tutela antecipada estabilizada (tutela provisória e fim do processo).
5. EXPRESSA PREVISÃO DE JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL:
Há possibilidade de fragmentação da decisão de mérito, marca dos procedimentos especiais.
6. MODELO DE GESTÃO DE CASOS REPETITIVOS:
7. AUTORIZAÇÃO DE ALTERAÇÃO DO PROCEDIMENTO COMUM COM A IMPORTAÇÃO DE TÉCNICAS PROCESSUAIS ESPECIAIS:
- Possibilidade de fazer uso de técnicas de procedimentos especiais ao comum e transformá-lo. 
- O trânsito é possível entre os procedimentos especiais. 
- As técnicas aprimoram os procedimentos.
8. GENERALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAM SEM ALEGAR URGÊNCIA
Característica de todo procedimento e não somente o comum. Nesse sentido, o modelo “inicial, contestação, instrução e julgamento se altera”, caso se alegue urgência.
9. POSSIBILIDADE DE NEGÓCIOS PROCESSUAIS:
As partes podem criar procedimentos legais, alterando as regras ou criando novas. O procedimento comum é completamente adaptável às partes, podendo até criar um procedimento especial, específico.
NEGÓCIOS PROCESSUAIS
Didier e Cabral
	O Código permite a mais ampla possível liberdade de negociação das partes em torno do processo.
	Artigo 190 e 200 do CPC – os artigos estabelecem ampla possibilidade para as partes negociarem sobre suas situações jurídicas ou procedimento. 
	O Código ampliou a atipicidade, trazendo cláusulas gerais e não deixando as partes limitadas ao que estabeleceu o legislador, adaptando o processo estatal às próprias necessidades. 
	O procedimento ordinário não é adequado para resolver uma série de litígios, cabendo às partes formalizar, modificar as regras, retirando ou inserindo atos, vinculando o magistrado. Ex: determinar os custos do processo, a citação e a intimação pelo Whatsapp – sendo as duas setinhas azuis a prova de que a citação foi lida e recebida, bem como o print, renunciar recursos.
	O processo estrutural só se pauta sob a perspectiva da negociação. 
	Cabível também nos Juizados, sendo cabível com a estrutura judiciária. 	
O processo inicia-se no período pré-processual, estipulando cláusulas. Ex: conferir um desconto maior no produto se o cliente permitir facilidades para penhorar o crédito sem se submeter à totalidade das formalidades do processo ordinário - “O processo começa antes do processo”.	
	
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