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DIREITO PENAL PARTE GERAL ROGÉRIO SANCHES

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PROJETO JUSPODIUM – ROGÉRIO SANCHES
estudecomorogerio@juspodium.com.br
LIVRO: INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL
CAPÍTULO 1: NOÇÕES GERAIS DE DIREITO PENAL:
Trata-se de etiqueta equivocado para a disciplina, pois não contempla diversos aspectos criminais. Não trabalha, apenas, com pena, mas garantias, medidas de segurança.
1. CONCEITOS:
- CONCEITO FORMAL: preocupa-se com normas.
- CONCEITO MATERIAL: Direito Penal é o ramo que se refere aos comportamentos humanos altamente reprováveis e, portanto, afetam bens jurídicos importantes para o ser humano. Rotula determinados comportamentos tomados como indesejáveis e intoleráveis.
- CONCEITO SOCIOLÓGICO OU DINÂMICO**: ao lado dos outros ramos do Direito Penal é um instrumento de controle social de comportamentos desviados, desejando manter a disciplina e a convivência harmônica no grupo .
O Direito Penal só vai agir quando os outros meios não são eficazes para inibir comportamentos humanos “desviados”, sendo a ultima ratio – sendo derradeira trincheira.
CRIMINOLOGIA: estuda o aspecto social para sugerir políticas criminais.
2. CATEGORIAS DO DIREITO PENAL:
2.1 DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA: criado para dar a sensação de segurança para a sociedade. Lei dos crimes hediondos: Nasceu num momento quando o Brasil estava saturado em relação aos crimes contra o patrimônio e seqüestros, a fim de dar sensação de segurança criminalizando comportamentos, violando direitos. Nasceu, então, o regime fechado.
2.2 DIREITO PENAL PROMOCIAL, POLÍTO OU DEMAGOGO: O Estado, para concretiza seus objetivos políticos, emprega o Direito Penal quando não deveria. Até 2009, a mendicância era punida, criminalizada.
2.3 DIREITO PENAL SIMBÓLICO – doutrina Andreas, promotor. Há sentidos vários para o Direito Penal simbólico:
a) Assimilação cultural: é objeto de adesão voluntária de pessoas, que aderem ao conteúdo e reputando como sua pauta ética.
b) É o Direito Penal que nasce sem eficácia material por não ter credibilidade na sociedade ou por não ter aparelhado o Estado para se concretizar a lei. 
- Ex: a lei Maria da Penha – o Estado não aparelhou a polícia civil para ser o porto seguro da mulher, conforme se observam as garantias da lei. Assim, é norma simbólica, mas na prática, não aparelharam.
- Ex: criminalizar as palmadas nas crianças.
O Modelo de Justiça conflitiva é aquele que incentiva o conflito, colocando um muro entre as partes, não permitindo decidir conjuntamente a solução da lide, que é destinada à solução do juiz. Por outro lado, na Justiça Consensual, incentiva-se a solução consensual do conflito, o acordo, para o juiz homologar. Atualmente, é o modelo que prevalece no sistema, principalmente com o pacote anticrime.
Ex: acordo de não persecução penal – artigo 28-A do CPP.
O DIREITO PENAL POSSUI 3 VELOCIDADES:
- Na primeira velocidade, o Direito Penal pune determinados comportamentos com penas graves, aquelas privativas de liberdade, mas prevê um procedimento que garante todos os atos do devido processo legal.
- O Direito de segunda velocidade trabalha com penas e medidas alternativas, tendo o procedimento célere.
- O Direito Penal de terceira velocidade trabalha com penas graves que privam as liberdades, mas flexibilizam direitos e garantias fundamentais. 
CAPÍTULO 2: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PENAL
1. ETAPAS DA VINGANÇA E O DIREITO PENAL
- VINGANÇA DIVINA: castigo para quem possui comportamentos inadequados.
- VINGANÇA PRIVADA: coincidia com a figura das famílias – paterfamílias. As penas eram cruéis e eram aplicadas aos sucessores e familiares.
- VINGANÇA PÚBLICA: O Estado chama para si o monopólio do direito de punir. As penas continuaram a ser penas desumanas e cruéis. 
2. DIREITO PENAL EM VÁRIAS REGIÕES E ÉPOCAS DO MUNDO:
- DIREITO PENAL NA GRÉCIA
- DIREITO PENAL EM ROMA
- DIREITO PENAL GERMÂNICO
 - DIREITO PENAL NA IDADE MÉDIA
- DIREITO PENAL NA IDADE MODERNA – PERÍODO HUMANITÁRIO E ILUMINISMO **- página 52:
John Locke, Montesquieu, Cesar Becaria
Nascimento da noção da razoabilidade e proporcionalidade da pena. 
3. ESCOLAS PENAIS:
- ESCOLA CLÁSSICA**
- ESCOLA POSITIVA**
- ESCOLA ALEMÃ
4. ESCOLA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO
CAPÍTULO 3: FONTES DO DIREITO PENAL
Qual é a fonte de revelação e conhecimento do Direito Penal?
1. FONTE MATERIAL: “fábrica”, fonte de produção: União - artigo 22, II, CF 
- O Estado-membro pode legislar em matéria penal em questões específicas, conforme o parágrafo único do artigo 22 da CF. Trata-se de delegação envolvendo não temas principais, mas questões locais, específicas, secundárias – não podendo criar tipos penais e penas.
2. FONTE FORMAL: fonte de revelação, conhecimento do que foi produzido pela União.
a. Imediata: Tradicionalmente, diz-se que a fonte imediata é a lei, somente. A corrente moderna entende a existência de 6 fontes: a lei, a constituição, tratados internacionais de direitos humanos, princípios gerais do direito, jurisprudências e atos dos 3 Poderes que complementam norma penal em branco.
- A lei é a única fonte formal imediata que pode criar crime e cominar pena, em razão da reserva legal.
b. Mediata: Tradicionalmente, diz-se que a fonte mediata são os princípios. Modernamente, a doutrina é a fonte formal imediata.
Observação: 
- Costumes configuram fontes informais de Direito Penal. Os costumes aclaram termos e palavras, por exemplo. Não existe costume que cria e que abole crime.
CAPÍTULO 4 – INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
1. INTERPRETAÇÃO QUANTO AO SUJEITO:
A) AUTÊNTICA: a própria lei fornece a explicação. 
- Contextual: interpretação autêntica editada conjuntamente com quem interpreta. Ex: artigo 327 do CP – conceito de funcionário público para fins penais.
- Posterior: interpretação autêntica posterior é aquela presente em outra norma. Ex: norma penal em branco.
B) DOUTRINÁRIA
C) JURISPRUDENCIAL:
 OBSERVAÇÃO: A exposição de motivos que antecede o Código Penal é interpretação feita pelos doutos que participam da lei, sendo doutrinária. 
2. INTERPRETAÇÃO QUANTO AO MODO:
A) GRAMATICAL/LITERAL/FILOLÓGICA
B) TELEOLÓGICA
C) HISTÓRICA: interpretar um texto observando a origem da lei, as discussões no Congresso. Ex: Lei Maria da Penha: nasceu para punir com mais severidade a violência doméstica e familiar. Assim, a interpretação histórica da lei, a ação penal mais coerente com essa finalidade punitiva é a pública incondicionada.
D) SISTEMÁTICA
3. INTERPRETAÇÃO QUANTO AO RESULTADO:
A) DECLARATIVA: o resultado a que chega o intérprete corresponde exatamente ao que o legislador quis dizer
B) RESTRITIVA: restringir o alcance de uma palavra
C) EXTENSIVA: precisa ampliar o alcance de uma palavra. **
É POSSÍVEL INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA NO DIREITO PENAL?
1ª CORRENTE: Não é possível interpretação extensiva contra o réu no Direito Penal, violando a legalidade, somente favoravelmente ao réu. A referida perspectiva é adotada pelo Estatuto de Roma que criou o Tribunal Penal internacional, tendo o Brasil ratificado seus termos com status supralegal. No momento da dúvida, deve interpretar favoravelmente.
2ª CORRENTE: É possível interpretação extensiva, ainda que desfavorável ao réu. A finalidade do juiz é interpretar a lei e garantir a justiça, mesmo que prejudique o réu. A CF e o CP não proíbem interpretação extensiva contra o réu.
3ª CORRENTE: Em regra, não cabe interpretação extensiva contra o réu, salvo quando interpretação diversa resultar numa proteção deficiente do bem jurídico tutelado.
O pacote anticrime alterou o artigo 157, §2º, do CP, voltando a ser majorante do roubo o emprego de arma branca. No entanto, arma branca é norma indefinida. A primeira corrente, a expressão arma branca terá entendimento restrito e a segunda, ampliado. Prevalece a interpretação extensiva dos termos arma banca segundo entendimento jurisprudencial.
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA E INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
- Na extensiva, toma-se uma palavra e amplia o alcance.
- Na interpretação analógica, tem-se interpretação intralegem. Ex: Na embriaguez ao volante, pune-se aquele que dirige sob efeito de álcool ou substâncias de efeitosanálogos, admitindo que existem outras substâncias que devem configurar o crime.
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA E ANALOGIA:
- Analogia é forma de integração, pois se está diante de uma lacuna que deve ser integrada: empresta-se uma norma de um caso semelhante, suprindo a lacuna. - Observam-se dois requisitos: benefício ao agente e efetiva lacuna advinda de omissão involuntária do autor.
- Silêncio eloquente: o legislador propositadamente não quis incluir determinada situação. Nesse caso, não se trata de omissão voluntária do autor. 
CAPÍTULO 5 - PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL
O Instagram não gravou o vídeo que explicou os primeiros princípios
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - pág. 102
- Possui gênese constitucional – artigos 2 e 39 .
RELEVÂNCIA TOPOGRÁFICA:
- Inaugura o Código Penal não sem razão: os artigos são colocados em ordem de importância.
- Trata-se de um estatuto repressor, mas que traz direitos e garantias fundamentais.
- Está presente em inúmeros documentos internacionais (tratados e convenções), sendo típico princípio de direitos humanos. Ex: Pacto de San José da Costa Rica, Estatuto de Roma.
CONCEITO: Trata-se de real limitação ao poder estatal de interferir na esfera das liberdades individuais.
FUNDAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: 
- POLÍTICO: o Poder Executivo e o Judiciário devem se atentar às leis do Congresso.
- DEMOCRÁTICO: respeita a separação dos poderes: só ao Congresso cabe a edição de lei penal.
- JURÍDICO: uma lei prévia e clara possui importante efeito intimidativo. 
DESDOBRAMENTOS:
 O princípio da legalidade nasceu da soma da reserva legal (não há crime sem lei) e da anterioridade (que anteriormente o defina como tal). 
RESERVA LEGAL:
- Aplica-se o artigo 1º a crime, à contravenção penal (não restringindo a crime) e à medida de segurança (não restringindo à pena). Nesse sentido, o princípio é amplo e não é aplicado somente à pena, mas infração e não somente à pena, mas também sanção.
- Só posso criar crime mediante lei em sentido estrito. Nesse sentido, como explicar resoluções do Tribunal Superior Eleitoral, ato administrativo do Poder Judiciário com poder normativo, não sendo lei, ter um capítulo dedicado a crimes e penas? As menções a condutas criminosas nas referidas resoluções são legítimas, pois representam consolidações de crimes penais já tipificados em leis.
ANTERIORIDADE: 
- Não há crime sem lei anterior que o defina – princípio da anterioridade: garante a irretroatividade maléfica da lei penal. A benéfica é permitida, sendo garantia constitucional.
NÃO HÁ CRIME OU PENA SEM LEI ESCRITA. 
- Não se admite costume criando crime ou cominando pena. Isso não significa que o Direito Penal não se utilize dos costumes (ex: repousou noturno é um conceito a ser interpretado à luz dos costumes).
A LEI TEM QUE SER ESTRITA, ou seja, não se admite analogia incriminadora. Nesse sentido, a lei deve ser de fácil entendimento, de fácil compreensão.Uma lei prévia possui efeito intimidativo, jurídico: se sei o que se criminaliza, agirei de maneira oposta.
Ligado ao princípio da taxatividade ou da determinação.
NÃO HÁ INFRAÇÃO OU LEI PENAL SEM LEI NECESSÁRIA: o Direito Penal é a derradeira trincheira. Orienta onde o Direito Pena deve intervir e onde deve deixar de intervir (bifronte).
Quanto mais extratos possuir o princípio da legalidade, mais segurança e garantia serão asseguradas ao cidadão. Isso porque o Estado deve obedecer aos desdobramentos acima.
CAPÍTULO 6 – EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO
Em razão do princípio da legalidade, trabalha-se a lei vigente ao tempo do crime – regra.
Há exceções, que beneficiam o agente.
EXTRATIVIDADE DA LEI PENAL: possibilidade da lei penal se movimentar no tempo por meio de dois fenômenos: Retroatividade e ultratividade.
- A lei revogadora prejudicial ao réu não alcança fatos pretéritos. Para os fatos pretéritos, continua funcionando a lei revogada, pois é mais benéfica. Assim, a lei revogada é ultrativa para fatos pretéritos, aqueles cometidos na vigência do crime. E, por sua vez, a lei revogadora prejudicial é irretroativa para fatos pretéritos.
SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO
1. Quando o agente pratica o fato, o fato o atípico Vindo lei posterior, torna-o típico. A lei posterior é irretroativa.
2. Quando o agente praticou o fato, o fato era típico. Lei posterior prejudicou o réu, aumentando a pena. A lei posterior é novatio legis in pejus e não retroagirá.
3. Ao tempo do ato, o fato era típico. Lei posterior suprimiu a figura criminosa. A lei abolicionista retroagirá. Ex: adultério, que deixou e ser crime em razão do princípio da intervenção mínima (não “matar” uma formiga com uma bomba atômica). A ei abolicionista não respeita coisa julgada e cessa, apenas, os efeitos penais da condenação. Os efeitos extrapenais são mantidos, como o disposto no artigos 91-A e 92 do CPP. 
4. O fato era típico na época do ato. Lei posterior mantém a tipicidade e favorece o réu, como por exemplo, diminui penal. Nesse caso, a lei posterior é retroativa: novatio legis in mellius. Não respeitará, portanto, a coisa julgada.
5. Fato típico no tempo do ato. Lei posterior mantém o ato típíco, mas miga o conteúdo para outro tipo penal. Aqui está o princípio da continuidade normativo-típica. A retroatividade e a irretroatividade dependerão de situação que favorece ou prejudica o agente. A contravenção penal continuará ultrativa para fatos da sua vigência quando nova lei prejudicar o réu. Ex: contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor, que foi revogada. O conteúdo do artigo que o tutelava migrou para o artigo 201-A do CP, que é o crime de importunação sexual. Não houve, no caso, abolicio criminis: deixou de ser contravenção e tornou-se crime, fato punível. 
Quem aplica a lei mais benéfica após o trânsito em julgado? Na forma da Súmula 611 do STF, competente será o juiz da execução penal. 
Súmula 501 do STJ – o juiz não pode combinar leis párea favorecer o réu. Isso significa legislar e juiz não pode legislar.
CAPÍTULO 7 – EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO
Visa apurar as fronteiras de atuação da lei penal nacional.
TERRITORIALIDADE, INTRATERRITORIALIDADE E EXTRATERRITORIALIDADE:
- Os crimes praticados no território brasileiro, via de regra, sofrem os rigores da lei brasileira – FENÔMENO DA TERRITORIALIDADE.
- Os crimes praticados no Brasil, seguindo determinações de convenções e tratados internacionais, serão julgados conforme lei estrangeira - exceção à regra anterior – FENÔMENO DA INTRATERRITORIALIDADE.
- Lei brasileira alcança crime cometido no estrangeiro - FENÔMENO DA EXTRATERRITORIALIDADE – artigo 7º do CPP.
- Não se adota, portanto, a territorialidade absoluta: o artigo 5º é relativo. O Código adotou a territorialidade temperada. O princípio da territorialidade é excepcionado pelo princípio da intraterritorialidade. Exemplo: Imunidade diplomática. O juiz estrangeiro aplicará a lei criminal estrangeira.
TERRITÓRIO NACIONAL é o limite de aplicação da lei penal, que não é só o geográfico, mas também o jurídico. Por território nacional, entende-se: 
- Espaço geográfico: solo, subsolo, mar, lagos.
- Equiparadas: embarcações e aeronaves públicas ou a serviço do Brasil onde se encontram. Sendo embarcação e aeronave privadas, será a aplicada a lei brasileira quando estiverem no alto-mar ou no espaço aéreo correspondente ao mar. nenhum país exerce soberania sobre essas localidades.
EMBAIXADAS:
- As embaixadas não são extensões territoriais dos países que representam. 
Ocorrido um crime na embaixada brasileira em Portugal, o crime terá ocorrido em Portugal e será julgada conforme a lei portuguesa. Sendo a embaixada inviolável, não pode a polícia portuguesa adentrar no local sem localização. 
- Ocorrido um crime na embaixada portuguesa situada no Brasil, o crime terá ocorrido no Brasil e será julgado conforme lei brasileira. A embaixada do outro país também é inviolável, havendo regras diplomáticas para investigação.
TEORIA DA UBIQUIDADE OU MISTA – artigo 6º do CPP: aplica-se a lei brasileira se no Brasilocorrem a ação, omissão, resultado ou dever de ter ocorrido o resultado. 
REGRA: o simples planejamento no Brasil com início do criem no estrangeiro não enseja a lei brasileira. É preciso haver o início da execução no Brasil. 
EXCEÇÃO: crimes cujos atos preparatórios não puníveis no Brasil: associação criminosa, apetrecho para falsificação de moeda.
- CRIME A DISTÂNCIA: Percorre território de dois estados soberanos. Se no Brasil ocorreu o início da execução ou o resultado, aplica-se a lei brasileira.
- CRIME EM TRÂNSITO: o delito percorre três ou mais estados soberanos.
- CRIME PLURILOCAL: o delito percorre dois ou mais território do mesmo país soberano. Não há conflito internacional de jurisdição, mas conflito interno de competência. A competência será da comarca onde ocorreu a consumação. 
CAPÍTULO 8 – EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS
IMUNIDADES:
Artigo 5º, caput, I, da CF – princípio da isonomia
Prerrogativa: conjunto de precauções que rodeiam a função e servem para o exercício desta. É objetiva e deriva da lei. É anexo á qualidade do órgão. É conduto para que a lei se cumpra. Não se confunde com privilégio.
1. IMUNIDADE DIPLOMÁTICA:
- O diplomata deve obediência à lei brasileira. No entanto, se descumpre o preceito primário da lei do Brasil, fica sujeito à conseqüência do país de onde veio, submetendo-se à lei criminal estrangeira. Tal fenômeno chama-se intraterritorialidade.
- Convenção de Viena e Decreto 56435.
- A imunidade é prerrogativa. Não sendo da pessoa, não pode ser renunciada. No entanto, isso não impede que o Estado de origem do agente diplomático retire a referida imunidade, fazendo-o responder conforme a lei brasileira. 
2. IMUNIDADE PARLAMENTAR:
2.1 IMUNIDADE PARLAMENTAR ABSOLUTA/ IMUNIDADE MATERIAL/ REAL/ INDENIDADE: freedom of speech: imunidade em relação à opiniões, palavras e votos.
- natureza jurídica: Luis Flávio Gomes e STF: na imunidade parlamentar absoluta, está-se diante da atipicidade da conduta. O parlamentar não é punido, em tese, por suas palavras e opiniões porque, em tese, o fato é atípico. Isso significa que não se pode punir eventuais partícipes não parlamentares: se o assessor incentiva o parlamentar a ofender outro, por exemplo – teoria da assessoriedade limitada: o fato principal tem que ser típico e ilícito, se a ação penal cometida pelo parlamentar não cumprir esses requisitos, o partícipe também não será.
- É preciso haver nexo entre as opiniões e a função exercida para ter imunidade.
2.2. IMUNIDADE PARLAMENTAR RELATIVA:
a) FORO: 
- Deputado e senadores possuem prerrogativa de foro, sendo processados criminalmente no Supremo. Não é prerrogativa extrapenal. No caso de improbidade administrativa, por exemplo, a ação será julgada na 1ª instância. 
- A referida imunidade se inicia pela expedição do diploma (e não da posse) e durará até o fim do mandato. 
- Limita-se aos fatos ocorridos no exercício do cargo (circunstância temporal) e em razão dele (fator nexo) – limitação do STF.
- A jurisdição do Supremo se perpetua caso tenha havido encerramento da instrução. Ao intimar as partes para que apresentem alegações, o Supremo mantém a competência para o julgamento, mesmo que o parlamentar renuncie ao cargo – perpetuação da jurisdição.
b) PRISÃO: freedom from arrest
- A Constituição Federal diz que mesmo com a expedição do diploma o congressista não poderá ser preso provisoriamente, salvo em flagrante de crime inafiançável, situação essa em que os autos serão remetidos em 24 horas à Casa respectiva para que, por voto da maioria, resolva sobre a prisão definitiva. 
- Superabilidade de regras: quando a regra serve para incentivar a injustiça ou impedi-la, trabalha-se com o postulado da derrotabilidade e já foi usada como justificativa para prender um parlamentar federal (senador) preventivamente, considerando, inclusive, que houve autorização judicial. 
- Cabe prisão civil do deputado federal e senador? Há duas correntes: Gilmar Mendes diz que não cabe. A outra corrente diz que cabe sim, pois a imunidade do freedom from arrest é criminal. Rogério Sanches entende por uma terceira via: devendo alimentos provisórios, não caberá a prisão civil – ao contrário, sendo alimentos definitivos, caberá.
c) PROCESSO: 
- Após a diplomação, o congressista é julgado no Supremo, podendo ser suspenso o andamento e, dessa forma, suspendendo-se a prescrição na forma da CF.
d) TESTEMUNHA:
- O congressista precisa servir como testemunha como qualquer cidadão, prestando compromisso de dizer a verdade. Ele pode não revelar segredos que digam respeito ao exercício do mandato e sobre pessoas que confiaram nele ou delas recebeu informações.
OBSERVAÇÕES:
- Os deputados estaduais possuem as mesmas imunidades dos deputados federais, conforme ADI 5526 – princípio da simetria.
- Os vereadores possuem imunidades restritas em relação às dos deputados e senadores. O vereador tem imunidade absoluta dentro da circunscrição territorial do município onde exerce a vereança, limite esse que não existe aos parlamentares estaduais e federais. Constituição poderá conceder ao parlamentar municipal foro por prerrogativa de função, situação essa não prevista na CF. É a única imunidade relativa que poderá ter.
- Se o autor do crime for juiz ou promotor de justiça, será julgado pelo Tribunal de Justiça. Por haver incompatibilidade de estrutura, o STF decidiu que, no caso de juiz e promotores, a competência é do Tribunal mesmo nos crimes comuns, afastando a regra de que a prerrogativa ocorre, apenas, para crimes funcionais. 
- O desembargador não poderá ser julgado pelo juiz de 1º grau, por exemplo. Nesse sentido, haverá foro de prerrogativa de função independentemente da natureza do crime. Assim, será julgado em única instância, não havendo o duplo grau de jurisdição, sendo mais rigoroso, a fim de permitir resposta mais rápida da Justiça.
CAPÍTULO 9 – DISPOSIÇÕES FINAIS
EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA:
Artigo 9º do CP: A sentença condenatória estrangeira não precisa ser homologada no STJ para efeitos de reincidência no caso de novo crime cometido no Brasil
CONFLITO APARENTE DE NORMAS
CONFLITO APARENTE NÃO É SUCESSÃO DE LEIS NO TEMPO. No primeiro, há conflito entre normas vigentes. No segundo, a relação é entre norma revogada e norma revogadora. Sendo maléfica, não retroagirá para casos pretéritos. Se forem benéficas, será aplicada a norma revogadora, retroagindo. 
CONFLITO APARENTE DE NORMAS NÃO É CONCURSO DE CRIMES: No primeiro caso, há duas leis vigentes concorrendo para a aplicação de um só fato. Já no segundo, há pluralidade de delitos advindos de uma conduta ou várias. 
PRESSUPOSTOS DO CONFLITO APARENTE DE NORMAS:
- Unidade do fato, pluralidade de normas simultaneamente vigentes a um objeto material (um fato criminoso).
- Em outras palavras, há um fato criminoso e, em volta dele, diversas normas querendo aplicar suas consequências a esse fato. No entanto, vivendo em uma ordem jurídica, apenas uma delas poderá ser aplicada. A aplicação de mais de uma, haverá desordem jurídica e bis in idem.
PARA RESOLVER O CONFLITO, APLICAM-SE TRÊS PRINCÍPIOS:
ESPECIALIDADE, SUBSIDIARIEDADE E CONSUNÇÃO
 ** ALTERNATIVIDADE: não resolve conflito aparente de normas, mas resolve conflito dentro da própria norma. Aplica-se nos crimes plurinucleares, como o tráfico de drogas, que possui 18 verbos. Cometendo várias condutas desses verbos no mesmo contexto fático, o juiz considerará conduta única na fixação, não tendo praticado vários crimes. Assim, será considerada a pluralidade de núcleos na fixação da pena base. Não resolve, portanto, o conflito aparente de normas, mas conflito dentro da própria norma. 
1. ESPECIALIDADE: 
 A relação entre as normas é de gênero e espécie: a lei especial afasta a lei geral. A norma especial contém todos os elementos da lei geral além de elementos especializantes. Ex: homicídio e infanticídio. No caso de mãe que durante o estado puerperal matou o nascente ou neonato. Há duas normas querendo aplicar as conseqüências: artigo 121 do CPP eartigo 123 do CPP. Nesse caso, o infanticídio é, também homicídio acrescido de elementos especializantes: praticado pela mãe contra o filho nascente em razão do estado puerperal. 
2. SUBSIDIARIEDADE:
- A relação entre as normas é de maior e menor gravidade: a norma subsidiária só atuará quando a norma principal não consegue ser aplicada ao caso concreto, sendo soldado de reserva.
- A subsidiariedade pode estar expressa ou tacitamente expressa no Código Penal. 
- EX: artigo 307: responderá por crime de falsa identidade se o comportamento não constituir crime mais grave, como falsidade documental ( artigo 297 e 298 do CPP). Ocorrendo a falsa identidade mediante a falsificação de documentos, não será aplicado o artigo 307, pois é norma subsidiária. 
- EX: O artigo 215 – A pune a prática de ato libidinoso, salvo se o fato constituir crime mais grave. Exemplo: havendo violência e grave ameaça, será estupro, sendo crime mais grave.
- EX: O Código de Trânsito traz exemplos de subsidiariedade tácita. A direção de veiculo automotor em local onde possui escola fere o artigo 311 do CTB. No etnanto,, se atropelar e matar alguém, está0se diante de subsidiariedade tácita, pois resulta crime mais grae, respondendo-se pelo crime do artigo 302 do STB.
3. CONSUNÇÃO/ABSORSÃO:
- A relação entre as normas que disputam a aplicação no caso concreto é de parte e todo/meio e fim.
- Crime progressivo: o agente desde o princípio quer matar e passa necessariamente pela lesão. A lesão é crime de passagem. A lesão corporal é absorvida.
- Na progressão criminosa, a intenção primeira é ferir e, depois, resolve matar. Nesse caso, haverá um só crime (homicídio), a lesão ficará absorvida. A lesão não é crime de passagem, havendo dois fatos.
- Antefato impunível: são fatos anteriores não obrigatórios, mas que estão na linha de desdobramento da ofensa mais grave numa relação de fatos meios para fatos fins. A violação de domicílio para prática o furto. Assim, a violação do domicílio não é crime de passagem. Se estiver no plano do agente para furtar, a violação será absorvida pelo crime patrimonial.
- Pós-fato impunível: o agente, depois de ofender o bem jurídico, incrementa a lesão. É exaurimento do crime principal: furta algo e danifica esse objeto. Responderá pelo furto, o dano é pós-fato impunível.
PARTE 2
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DO CRIME
CONCEITO DE CRIME E DIFERENÇA COM CONTRAVENÇÃO PENAL
Contravenção penal possui sinônimos: crime anão, delito liliputiano, crime vagabundo.
No Brasil, divide-se infração penal em crime (=delito) e contravenção. 
O artigo 28 da lei de drogas não é punível com reclusão ou detenção (pena para crime) nem com prisão simples (punição da contravenção). Ainda que não tenha pena privativa de liberdade é considerado crime.
O STJ decidiu que o artigo 28 da lei de drogas (porte de drogas para uso próprio) não é capaz de gerar reincidência em crime comum. Inclusive, considerou que a conduta é menos que contravenção.
Crime e contravenção não possuem distinção ontológica (do ser), mas axiológica (de valor). Fatos mais graves são considerados crimes e fatos menos graves serão considerados contravenção: esse foi um entendimento político do legislador.
Um mesmo fato pode deixar de ser contravenção penal e passar a ser crime e vice-versa a partir da revalorização pelo legislador desse mesmo fato. Exemplo: Até 1997, porte de arma de fogo era contravenção penal. Ao perceber a quantidade de fatos envolvendo arma de fogo em 2003, o legislador revisitou e revalorou aquele fato que passou a ser grave. O fato é mesmo, portanto, não é diferença ontológica, mas axiológica. O pacote anticrime volta a valorar o porte de arma e, ainda, o torna crime hediondo.
Diferenças que orientam o legislador a colocar a etiqueta de crime ou contravenção a determinado comportamento humano indesejado?
· Pena privativa de liberdade para crimes: reclusão e detenção.
A contravenção penal diz que a pena privativa de liberdade é simples, cumprida sem rigor penitenciário, jamais em regime fechado, nem mesmo pela regressão.
· No caso de ação penal, o crime admite ação penal pública condicionada e incondicionada e ação penal de iniciativa privada. A contravenção penal só é perseguida mediante ação penal pública.
· É possível punir tentativa de crime, mas não de tentativa da contravenção. Isso significa que a tentativa de contravenção é possível, mas não é punível, sendo indiferente penal.
· Em casos excepcionais, a lei brasileira pode aplicar-se a crimes cometidos no estrangeiro (artigo 7º do CP). A extraterritorialidade não se aplica a contravenções penais.
· O crime pode ser processado na Justiça Estadual e Federal. Já a contravenção, somente na Estadual. No caso de conexão de contravenção de competência estadual e crime de competência federal, haverá a separação dos processos.
Exceção: A Justiça Federal julgará contravenção penal quando o contraventor for detentor de prerrogativa de função. 
CAPÍTULO 1– CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DO CRIME
1. CRIME COMUM, PRÓPRIA E DE MÃO PRÓPRIA:
Crime comum é aquele que não exige qualidade ou condição especial do sujeito ativo, pode ser praticado por qualquer pessoa. O legislador não exige predicados especiais do sujeito ativo. É um crime “democrático”.
Crime próprio: o legislador exige qualidade ou condição especial do agente, somente aqueles que reúnem os predicados exigidos pelo tipo. Ex: crimes funcionais, peculato.
Crime de mão própria: a exemplo do crime próprio, o crime exige qualidade ou condição especial do agente. No entanto, não admite coautoria, apenas participação por eio da indução, instigação. Nesse sentido, é chamado, também, de crime de conduta infungível: ninguém pode praticar o núcleo do tipo em nome ou com o agente. 
 Adotando-se a teoria do domínio final do fato, desaparece a figura do crime de mão própria. Isso porque o autor não é necessariamente quem realiza o núcleo do tipo, mas quem detém o domínio do fato, aquele que é essencial, imprescindível, pois o comando é aquele que inicia ou finaliza o delito. Assim, não faz sentido a existência do crime de mão própria, pois não haverá mais o crime infungível. Ex: falso testemunho, crime de mão própria, por exemplo, poderá ter como autor aquele que não é testemunha, mas quem domina o fato, aquele que deu a ordem para a testemunha mentir. A tendência, portanto, é dividir,apenas, em crime próprio e comum.
2. CRIME COMPLEXO:
Crime complexo é aquele formado pela reunião de dois ou mais tipos penais, como ocorre com o roubo, que se caracteriza pela união de furto e constrangimento ilegal. Outro exemplo é a extorsão mediante sequestro, que é a reunião da extorsão e sequestro. Nasce da fusão de dois ou mais tipos penais. 
Crime ultracomplexo: ocorre quando um crime complexo é acrescido de outro crime, sendo que este é qualificadora ou causa de aumento daquele. Ex: o roubo tem a pena aumentada de for praticado com a posse de arma de fogo. Nesse caso, o porte ou a posse de arma de fogo deixa de ser crime de autônomo e passa a ser causa de aumento do roubo. Assim, o roubo majorado pelo uso de arma de fogo é crime ultracomplexo. 
3. CRIME EXAURIDO/ ESGOTADO PLENAMENTE:
É um crime que retrata os atos posteriores à consumação. Ex: O recebimento da vantagem no crime de extorsão é mero exaurimento e o juiz considerará na fixação da pena base.
4. CRIME PROFISSIONAL: Aquele praticado por quem se utiliza da profissão para alcançar finalidade ilícita.
5. CRIME FALHO/ TENTATIVA ACABADA: esgotam-se os atos executórios, mas não se consuma o crime por circunstâncias alheias a sua vontade.
6. CRIME IMPOSSÍVEL /CRIME OCO
7. CRIME DE CIRCULAÇÃO: praticado por meio de automóvel. 
8. CRIME DE ATENTADO OU DE EMPREENDIMENTO: aquele que pune a consumação e a tentativa sem a redução a pena. Adotando a teoria subjetiva, pune a tentativa e a consumação com a mesma pena por possuírem o mesmo dolo. Ex: evadir-se ou tentar evadir-se; votar ou tentar votar em nome de outrem ou votar mais uma vez; 
9. CRIME DE AÇÃO VIOLENTAOU CRIME DE AÇÃO ASTUCIOSA:
10. CRIME OBSTÁCULO: delito que revela a tipificação de atos preparatórios que, normalmente, não são punidos. Há punição dos atos preparatórios, como ocorre com a associação criminosa, constituição de milícias, pretechos para falsificação da moeda. 
11. CRIME PARCELAR: aquele composto de vários crimes da mesma espécie praticados na mesma circunstância de tempo, local e modo de execução, havendo dolo global – continuidade delitiva. Cada crime é denominado crime parcelar, pois integra a cadeira de crimes cometidos em continuidade delitiva. 
12. CRIME DE RUA OU DE COLARINHO AZUL: Crime de rua ou de colarinho azul é praticado por cidadãos comuns, pertencentes às classes menos favorecidas economicamente, como furto e roubo.
13. CRIME DE GREVE: delito cometido durante a paralisação dos empregados.
14. CRIME DE LOCKOUT: cometido durante a paralisação do empregador. 
CAPÍTULO 2- FATO TÍPICO
O crime é formado de alguns substratos: fato típico, ilicitude e culpabilidade.
FATO TÍPICO:
Primeiro substrato do crime; fato humano indesejado consistente numa conduta produtora de um resultado que se ajusta a um tipo penal.
REQUISITOS DO FATO TÍPICO: conduta, nexo causal, resultado e tipicidade.
CONDUTA:
- primeiro requisito do fato típico
- não há crime sem conduta – nullum crimem sine conduta
- Teorias que definem conduta: causalista,neokantista,finalista e social da ação.
- Teoria causalista: movimento corporal voluntário ( ação humana voluntária) que causa modificação no mundo exterior. Não admite valoração. Dolo e culpa estão na culpabilidade.
-Teoria neokantista: comportamento humano voluntário, abrangendo omissão, admitindo valoração. Dolo e culpa estão na culpabilidade. Possui base causalista.
- Teoria finalista: comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim. O dolo é a culpa estão no fato típico. 
- O causalismo é cego, pois não enxerga o que o agente deseja. O finalismo é evidente: já na conduta já se sabe o que o agente quer.
- Teorias funcionalistas:
- As teorias funcionalistas nasceram para, primeiro, se decidir a missão do Direito Penal.
- Após, conceituam-se os institutos. Essa desvinculação ocorreu nas teorias anteriores.
- Roxin e Jacobs são teóricos funcionalistas que disputam qual é a missão do Direito Penal. A partir de cada entendimento, elaboram os próprios conceitos.
ROXIN elaborou a teoria funcionalista dualista, moderada ou de política criminal. Entende que a missão do Direito Penal é proteger bens jurídicos indispensáveis para a convivência harmônica entre os seres humanos. 
- Conceito de conduta de Roxin: comportamento humano voluntário causador de relevante ou intolerável lesão ou perigo de lesão a bem jurídico tutelado pela norma
JACOBS elaborou a teoria funcionalista radical. A missão do Direito Penal é proteger o sistema, a vigência da norma. O Direito Penal é um sistema autopoiético, determinado pela função que cumpre no sistema social.
- Conceito de conduta de Jacobs: comportamento humano voluntário que viola o sistema, frustrando as expectativas normativas.
- Direito Penal do Inimigo: está presente em São Tomás de Aquino, nas obras de Kant, nos escritos de Locke, nas lições de Hobbes, bem como no pensamento de Jacobs. Jacobs revive o Direito Penal do inimigo para os crimes modernos. 
- Direito Penal do Inimigo: a quem se dedicar a determinados crimes não se deve garantir o status do cidadão, merecendo, ao revés, punição específica e severa, pois colocar em risco a integridade do sistema. Os crimes entendidos como merecedores do Direito Penal do Inimigo são: tráfico de drogas, tráfico de armas e de seres humanos, organização criminosa de caráter internacional. Para esses crimes, não basta o Direito Penal Comum na visão desse autor.
- Características do Direito Penal do inimigo segundo Jacobs: 
- antecipação da punibilidade nos atos preparatórios (não sendo necessários aguardar o início execução para punir);
- o legislador, ao descrever os crimes supra, devem estar descritos em crimes de mera conduta e de perigo abstrato, pode ter descrição vaga da conduta a ser punida; - preponderância do Direito Penal do autor, ou seja, é possível punir mesmo que não tenha praticado o ato;
- surgimento de leis de lutas e combates que tragam reposta enérgica estatal;
- endurecimento da execução penal nesses crimes.
CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO:
Definição legal de crime doloso - Artigo 18, I, do CP 
Definição doutrinária: o dolo possui dois elementos: volitivo e intelectivo, pressupondo consciência e vontade. 
-- Não é a vontade livre e consciente. O fato de a vontade ser ou não livre não interfere no dolo. A vontade livre aponta para fato típico, ilícito e culpável. Se a vontade é livre, continua-se tendo dolo, apontando para fato típico, ilícito e podendo não ser culpado.
-- A liberdade, portanto, não é matéria afeta do dolo.
TEORIAS DO DOLO ADOTADAS PELO CP
a) TEORIA DA VONTADE, que explica o dolo direto: o agente quer o resultado previsto
b) TEORIA DO ASSENTIMENTO OU DO CONSENTIMENTO, que explica o dolo eventual: não quer o resultado previsto, mas corre o risco de produzi-o.
CLASSIFICAÇÕES DO DOLO:
Dolo direto: aquele que o agente prevê um resultado e dirige sua conduta para realizar determinado resultado.
Dolo indireto: 
Pode ser de duas espécies: dolo indireto alternativo e dolo indireto eventual. Nesses dois casos, não está dirigindo a conduta para realizar determinado resultado, mas prevê pluralidade de resultados.
No alternativo, prevê pluralidade de resultados e dirige a conduta para realizar qualquer um deles, tanto faz para o agente. Há 100 por cento de vontade de realizar tanto um quanto o outro. Ex: Estou vendo Lenize atravessando a rua e quero atropelá-la. Posso matá-la ou machucá-la: tanto faz. Tenho 100 por cento de vontade na lesão ou na morte, desejando os dois resultados.
No eventual, desejo atropelar para machucar. Se matar, tudo bem. Quer um resultado específico, mas aceita o outro.
Alternativo subjetivo: o dolo alternativo subjetivo envolve as vítimas dos resultados.
Alternativo objetivo: o dolo alternativo objetivo envolve resultados. 
Dolo abandonado: presente na desistência voluntária e arrependimento eficaz. Na desistência voluntária, no meio da execução, abandona o dolo. No arrependimento eficaz, esgotou-se a execução, abandona-se o dolo e passa-se a agir de forma diversa, tentando-se evitar o resultado. 
Dolo global/unitário (STJ): é o dolo presente na continuidade delitiva. A continuidade delitiva não depende somente de requisitos objetivos (pluralidade de crimes da mesma espécie e mesmas circunstâncias de tempo, local e hipótese de execução). 
Dolo eventual: a pessoa imagina o resultado, assume o risco de produzi-lo e o aceita mesmo que não consiga evitar. Ex: “foda-se”
Culpa consciente: a pessoa imagina resultado, assume o risco de produzir, mas acredita que não vai acontecer, que vai evitar. Ex: “fudeu”
ERRO DE TIPO
Erro de tipo x erro de proibição: 
No erro de tipo, o agente tem uma falsa percepção da realidade. Isso significa que o agente não sabe o que faz.
 No erro de proibição, o agente não tem falsa percepção da realidade, mas conhece. O erro não recai sobre a realidade, mas sobre a ilicitude do comportamento. O agente sabe o que faz, mas ignora que sua conduta é errada. 
Exemplos:
Estou saindo de uma festa e me apodero de uma guarda chuva pensando ser meu. Ao chegar em casa, noto que é idêntico ao meu, mas possui o nome de outra pessoa. Assim, subtraí coisa alheia imóvel. Nesse sentido, foi erro de tipo.
Encontrei um guarda chuva no chão. Pensei: alguém perdeu o guarda chuva e vou me apropriar dele porque achado não é roubado. Houve o crime de apropriação de coisa perdida. No entanto, não possuía capacidade do caráter ilícito do comportamento, estando no campo do erro de proibição – não culpabilidade. 
Erro de tipo essencial: 
O erro recai sobre os dados principais, elementos constitutivos do tipo penal - Artigo 20, caput, do CP. Ex: Sou um caçadorde animais. Vejo um arbusto se mexendo e atiro. Ao chegar perto, vejo que se escondida uma pessoa. Houve erro quanto à elementar do tipo. Houve a prática do fato típico sem querer.
Pode ser evitável ou inevitável. Se o homem médio (de diligência mediana) tinha como prever que lá se encontrava alguém, tendo condições de evitar, o erro é evitável e o atirador responderá por homicídio culposo. Não é dolo. 
Se não tinha como saber que poderia ter pessoas escondidas por, por exemplo, ser local habitado por animais selvagens, o erro é tido como inevitável. Não há dolo, não há culpa. 
No erro de tipo essencial, sempre se elimina o dolo, independentemente se é evitável ou inevitável. Nunca responderá por homicídio doloso.
Erro de tipo acidental: O erro recai sobre dados periféricos do tipo penal. Possui cinco espécies: 
a) SOBRE O OBJETO:
- Não possui previsão legal. 
- O agente atinge objeto diverso daquele que queria atingir. Ele representou equivocadamente ou errou a execução. 
- Teoria da concretização: responderá pelo crime, levando-se em conta a coisa efetivamente atingida.
b) SOBRE A PESSOA:
- Artigo 20, §3º, CP
- O agente atinge pessoa diversa da pretendida. Tendo a execução sido perfeita, houve confusão mental, representação equivocada, acerca da pessoa alvo da conduta. Ex: O agente quer matar o pai. Ao ver a porta abrindo, pensa ser o pai, mas era o tio, acertando-o.
- Responde-se pela morte do pai, mesmo estando ele vivo. Aplica-se a teoria da equivalência. 
c) NA EXECUÇÃO – aberratio ictus
- Artigo 73 do CP 
- O agente atinge pessoa diversa daquela que pretendia ofender por erro na execução.
- Aplica-se a teoria da equivalência: considera-se a vítima pretendida.
- Exemplo:
Quero atar um agente federal que veio cumprir mandado de prisão. Atiro contra o agente federal, mas acerto o vizinho por erro na execução. Certamente, responderá pelo crime de homicídio.											Quem vai julgar esse crime: a Justiça Estadual ou Federal? A determinação para se considerar a vítima pretendida está no Código Penal, mas esse diploma não decide competência. A competência para julgar a matéria é decidida no CPP, que não trabalha com vítima virtual, mas com a vítima real.
Nesse sentido, sendo a vítima o vizinho, a competência é da Justiça Estadual mesmo a pretensão tenha sido dirigida ao agente federal e o CP determinar a consideração no que tange à vítima virtual. 
d) RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO:
e) SOBRE O NEXO CAUSAL:
RESULTADO DO CRIME
- Segundo requisito do fato típico.
- Da conduta, podem advir dois resultados: naturalístico ou normativo.
RESULTADO NATURALÍSTICO/MATERIAL: 
- O comportamento do agente promove modificação no mundo exterior, perceptível pelos sentidos.
- Nem todo crime possui resultado naturalístico. Observe a classificação doutrinária do crime quanto ao resultado naturalístico: 
Crime material: o tipo penal incriminador descreve conduta e resultado naturalístico. A modificação no mundo exterior é imprescindível para que haja consumação. Ex: homicídio.
Crime formal/crime de consumação antecipada: está descrito num crime composto de conduta e resultado naturalístico no tipo. No entanto, o resultado naturalístico é dispensável, prescindível. O crime se consuma com a simples prática da conduta. O resultado é mero exaurimento (crime esgotado plenamente). Ex: extorsão. O legislador se contenta com o mero constrangimento. A obtenção da vantagem é dispensável para se configurar o crime.
 	Crime de mera conduta: o tipo penal descreve mera conduta, não descreve resultado. Ex: violação de domicílio, omissão de socorro.
RESULTADO NORMATIVO-JURÍDICO:
Todos os crimes possuem resultado normativo-jurídico, pois geram lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
O crime de perigo pode ser concreto ou abstrato. No primeiro, a acusação tem que demonstrar a conduta e o perigo efetivamente gerado ao bem jurídico. No segundo, a acusação deve demonstrar que o perigo advindo da conduta é absolutamente presumido por lei. Exemplos de crimes de perigo abstrato: embriaguez ao volante, porte de arma de fogo, tráfico de drogas.
Crime de perigo abstrato viola o princípio da ofensividade ou lesividade, conforme a doutrina de Paulo Queiroz. Nesse sentido, violaria a ampla defesa. Assim, entende que o crime de perigo só possui a espécie de perigo concreto.
No entanto, o STF, no HC 104410/RS entendeu que a criação de crime de perigo abstrato por si só não viola a CF, mas sinal de proteção eficiente e suficiente do bem jurídico tutelado. 
TIPICIDADE:
- Último requisito do fato típico.
- Tipicidade penal é diferente de tipo penal.
- Tipicidade é operação de ajuste fato-norma. 
- Tipo penal é modelo de conduta proibida, orienta a tipicidade. Ex: matar alguém possui um tipo penal específico, qual seja, homicídio. Conseguindo subsumir o comportamento ao artigo 121 do CP, tem-se a tipicidade.
- A DOUTRINA TRADICIONAL trabalha a tipicidade penal como sinônimo de mera tipicidade formal: a simples operação de ajuste fato-norma. É o enquadramento, o encaixe perfeito fato-norma. Ex: Subtração de caneta BIC se enquadra no tipo “subtrair coisa alheia móvel”. O princípio da insignificância é analisasdo na ilicitude. 
- A DOUTRINA MODERNA entende que não se trata de mera tipicidade formal, mas é preciso analisar relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Assim, para além da tipicidade formal, é preciso tipicidade material. No caso da caneta BIC, há tipicidade formal, ajustando-se ao artigo 155 do CP. No entanto, não gera relevante lesão ao bem jurídico de tutelado, carecendo de tipicidade material. Analisa o princípio da insignificância na tipicidade.
- ZAFFARONI: tipicidade penal = tipicidade formal + tipicidade conglobante. Havendo tipicidade formal (ajuste fato-norma), é preciso analisar conforme todo o ordenamento jurídico. Se houver, por exemplo, no ordenamento jurídico alguma norma que incentive a conduta, ainda que haja tipicidade formal, não haverá tipicidade penal. A conduta deve ser antinormativa. Ex: OJA cumpre mandado e realiza a constrição do bem do devedor. Formalmente, subtraiu coisa alheia móvel, encaixando no artigo 155. No entanto, está no restrito cumprindo o dever legal, agindo em conformidade com norma do Processo Civil. Assim, o estrito cumprimento do dever legal não exclui a ilicitude, mas o fato típico. 
CAPÍTULO 3 - ILICITUDE
ILICITUDE
- Segundo substrato do crime.
- Contrariedade do fato típico a todo o ordenamento jurídico.
TEORIA DA RATIO COGNOCENTE 
É a teoria que prevalece: a partir do momento que se tem um fato típico, presume-se ilicitude. A presunção é relativa, ou seja, admite-se prova em sentido contrário. A ilicitude é presumida, mas é possível demonstrar que o fato ocorreu de outra forma, sendo o ônus da prova a defesa. 
 A teoria acima foi temperada: O legislador em 2008 alterou o artigo 383 do CPP e permite o juiz absolver quando demonstrada a discriminante legítima defesa ou quando houver fundada dúvida sobre a sua existência:
O MP diz que pratiquei um crime, alego legítima defesa. Se ficar demonstrado o crime, serei condenada. Se ficar demonstrada a legítima defesa, serei absolvida. Se não fica demonstrada a legítima defesa, havendo dúvidas, serei condenada, não se aplicando in dúbio pro reo. Havendo dúvida razoável, serei absolvida.
CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE - descriminantes ou justificantes
- Previstas no artigo 23 do CP – justificantes genéricas.
- Prevista no artigo 128 do CP – justificante especial
- Previstas nas leis extravagantes
- Descriminante supralegal, não presente em lei – consentimento do ofendido. 
a) LEGÍTIMA DEFESA:
Ganhou um PU no artigo 25 com o Pacote Anticrime ao incluir um exemplo casuístico: considera a legítima defesa a atuação de agentes de segurança que acabam abatendo uma pessoa em situação de seqüestro.
É um parágrafo inútil, dispensável.
Possui requisitos objetivos e subjetivos. Os primeiros estão no artigo 25, os segundos faz parte do dolo: o agente deve agir com espírito de legítima defesa: vontadede defender direito próprio diante de perigo atual ou iminente – desdobramento lógico do finalismo.
Precisa observar agressão injusta atual ou iminente. 
Ninguém pode alegar legítima defesa de agressão injusta passada (vingança) Do mesmo modo, não se pode antecipar a uma agressão injusta futura e incerta (mera suposição)
No caso de agressão injusta futura e certa, é preciso aguardar a violação para alegar reagir e legítima defesa. Agindo antes, a reação antecipada pode configurar legítima defesa antecipada. Esta não exclui a ilicitude, mas pode excluir a culpabilidade, podendo ser caso de inexigibilidade de conduta adversa. Ex: 
Fiquei sabendo que um perigoso bandido quer te matar, descobrimos por meio da captação de conversa. O sujeito não é de blefar e, ainda, disse as armas que compraria para o futuro intento. Inclusive, já vi essa pessoa agir de forma semelhante com outras. (situação injusta futura e certa).									Nesse caso, se me antecipo e me mato o bandido, não posso alegar legítima defesa, mas pode configurar caso de inexigibilidade de conduta diversa: o fato é típico, ilícito, mas não é culpável.
DESCRIMINANTE PUTATIVA:
Descriminante putativa: justificante imaginada pelo agente. Trata-se de um erro.
Duas formas de incorrer putatividade:
- o agente supõe agir sob o manto de uma justificante em razão de erro quanto à existência ou limite dessa discriminante. Ex: Eu, ao receber um soco, imagino estar autorizado a revidar um soco com disparo de arma. Trata-se de legitima defesa putativa, conhecendo a situação de fato, que foi de agressão, mas errei quanto aos limites da reação. Trata-se de erro de proibição indireto porque não recai sobre norma proibitiva, mas sobre norma permissiva. 
- O agente engana-se quanto aos pressupostos da descriminante. Ex: meu inimigo vem em minha direção, acredito que vai me matar, tiro minha arma antes e atiro. Ao chegar perto, noto que não tiraria a arma do bolso, mas o celular. Nesse caso, imaginava-se que estava n momento de iminente agressão, mas essa nunca existiu – sendo tudo uma fantasia – artigo 20, §1º, do CP – discriminante putativa sobre situação de fato. Estarei isento de pena se o erro era inevitável e respondo por culpa de o erro era evitável. Trata-se de erro de tipo.
- Adota-se a teoria limitada da culpabilidade: quando o agente erra sobre os pressupostos fáticos, os erros devem ser equiparados a erro de tipo. 
 
CULPABILIDADE
- Terceiro substrato do crime
- Culpabilidade é juízo de reprovação que recai na conduta típica e ilícita que o agente se propôs a realizar.
Corrente bipartite: o crime existe com fato típico e ilícito. Culpabilidade é mero pressuposto de aplicação da pena. Assim, não é necessário para configurar o crime, apenas, para puni-lo. A teoria advém do finalismo dissidente, oriunda do Brasil, possuindo poucos adeptos em São Paulo.
Corrente tripartite: não admite crime sem culpabilidade, conforme a teoria anterior. Acredita ser um absurdo a existência de um crime que não merece censura. Assim, crime possui como substrato o fato típico, ilícito e culpável.
TEORIAS DA CULPABILIDADE:
Adota-se a teoria limitada da culpabilidade: o CP adotou a teoria pregada pelos finalistas. Na culpabilidade, não se encontra dolo e culpa, mas imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e inexigibilidade de conduta adversa.
Na descriminante putativa sobre situação de fato, a teoria limitada equipara este erro a um erro de tipo – culpa imprópria: a estrutura é dolosa, mas o agente responderá por culpa por razões de política criminal.
ELEMENTOS DA CULPABILIDADE:
IMPUTABILIDADE: capacidade de imputação, possibilidade de se atribuir a alguém a prática de uma ação penal. 
--- É possível ser capaz na seara civil e não ser capaz na seara penal. Um jovem de 17 anos se casa, antecipando a capacidade civil, mas continua inimputável, incapaz de ser responsabilizado penalmente pelos atos.
--- Hipóteses de exclusão de imputabilidade:
a) anomalia psíquica
b) embriaguez
c) da idade do agente 
Digressão histórica: a inimputabilidade não está vinculada a postulados científicos, mas à política criminal.
- Código do Império de 1830: menores de 14 anos são inimputáveis
- Código da República de 1890: menores de 9 anos eram inimputáveis e os que entre 9 e 14 anos agissem sem discernimento ( relativamente inimputáveis).
- Código de 1940 e seguintes: idade de 18 anos
O Congresso Nacional está discutindo a PEC nº171/93 para retornar a maioridade penal a partir dos 16 anos e a depender do crime (objetiva alterar o artigo 228 da CF).
A PEC reduz a maioria penal dos 18 para os 16 anos a depender dos crimes. Em regra, menor de 18 anos é inimputável. O menor de 18 e maior de 16 aos poder ser imputável a depender do crime cometido: hediondos, equiparados e alguns outros. 
- Não se pode tratar esse tema colocando-se no lugar do responsável civil pela vítima ou do agente. É preciso se colocar na situação de estudioso e acadêmico, pois, de outra forma, a subjetividade levaria a generalismos e sofismos: sendo pai da vítima, defenderia-se a pena de morte; sendo pai do agressor, o perdão. Assim, o discurso de se colocar do lado da família da vítima legitima até a pena de morte. E a Justiça é falha. Falhando no julgamento de alguém, seria fatal não poder reparar o erro. 
- Não se resolve o problema do crime diminuindo a maioridade penal e aumentando-se o número de prisões, mas por meio de políticas sociais.
- Há Comarcas que não implementaram os programas do ECA de forma devida. Se o Estado falha nesse sentido, não é solução resolver enviando os jovens ao sistema prisional.
- O legislador atribui capacidade e incapacidade ao crime cometido. No entanto, a capacidade ou a incapacidade está atrelada ao criminoso. Ex: 
 Um menino de 16 anos praticou roubo com emprego de arma de fogo, que é crime hediondo. Nesse caso, poderá ser imputado criminalmente. 
- Imaginemos que denuncio o agente de 16 anos por homicídio qualificado, tornando este imputável. No final, o Júri desclassificado para homicídio culposo, que não é hediondo. Nesse caso, torna-se inimputável não sofrendo mais pena. Assim, não se atribui a inimputabilidade à própria condição, mas ao que faz. 
- No caso do Código anterior, atrelava-se ao discernimento, condição do ser.
CAPÍTULO 4 – PUNIBILIDADE
Não é quarto substrato do crime, mas a conseqüência jurídica de um crime.
É possível crime sem punibilidade?
O vocábulo punibilidade possui dois sentidos: merecimento de pena e a possibilidade de aplicar a pena. No primeiro caso, não é possível crime sem punibilidade, pois todo crime é digno de pena. No segundo caso, é possível haver causa extintiva de pena, como por exemplo, a prescrição. Sob essa ótica, é possível crime sem punibilidade – Zaffaroni.
Causas de extinção da punibilidade:
- O direito de punir do Estado é absoluto ou relativo? É relativo, pois encontra limites quanto ao modo, ao tempo, ao espaço... as causas de extinção da punibilidade evidenciam exatamente o caráter não absoluto.
- Estão presentes no artigo 107 do CP – rol meramente exemplificativo:
- Há causas de extinção da punibilidade previstas em lei fora do artigo 107 do CP. O Pacote Anticrime trouxe, por exemplo, o acordo de não persecução penal (artigo 28-A).
- Há causas que não estão previstas em lei (supralegais), como a Súmula 554 do STF: a reparação do dano no estelionato, mediante cheque sem fundo, extingue a punibilidade.
Qual é a diferença entre causa extintiva de punibilidade, causa de exclusão de punibilidade e condição objetiva de punibilidade?
- Extinção de punibilidade: fato ou evento superveniente que impede o Estado punir – decadência. O direito nasce e é extinto.
- Exclusão de punibilidade: o direito de punir se quer nasce. Ex: crime contra o patrimônio praticado entre ascendentes e descendentes – artigo 181, II, do CP. O direito de punir do Estado jamais existiu nesse caso.
- Condição objetiva de punibilidade: representa eventos futuros e incertos que suspendem o direito de punir do Estado, imprescindível paraque a lei possa ser aplicada no estrangeiro, por exemplo, considerando o artigo 70, §2º, do CP.
CAUSAS EXTINTIVAS DO ARTIGO 107
a) MORTE DO AGENTE – princípio da pessoalidade da pena ou da instransmissibilidade da pena previsto no artigo 5º, inciso 45, da CF.
- Exemplo: O MP denuncia um latrocida. Nos autos, juntam uma certidão de óbito. A manifestação do MP será fundamentada no aritgo 107, I, do CP c/c artigo 5º, inciso 45, da CF. O juiz declara extinta a punibilidade do latrocida acusado no processo. Meses depois, descobre-se que o agente está vivo. O MP pede um perito para olhar a certidão de óbito e descobre que é falsa. O juiz é convencido de que proferiu sentença em cima de certidão falsa e de fato inexistente.
- Uma corrente diz que se o prazo para o MP recorrer findou, há o trânsito em julgado, não cabendo revisão criminal. O máximo que o promotor pode fazer é processar o latrocida por falsidade documental – corrente minoritária.
- Outra corrente, adotada pelo Supremo, inclusive, entende que: sendo o fato inexistente e certificado por certidão de óbito falsa, a sentença que se fundamentada nesses pilares também é inexistente. Assim, os efeitos da sentença, portanto, não sofrem a qualidade da coisa julgada material. Assim, o MP pode retomar o processo de latrocínio e de falsidade documental. 
- No caso da morte da vítima, os sucessores não podem assumir a titularidade da ação penal personalíssima. Assim, extingue-se a punibilidade, não podendo o Estado perseguir a pena. Ex: artigo 236 do CP – casamento induzido a erro, ocultando impedimento.
b) PRESCRIÇÃO:
Observações iniciais:
Decadência: atinge o direito de ação, só ocorre nos crimes de ação penal de iniciativa privada e nos crimes de ação penal pública condicionada à representação do ofendido. Sempre ocorre antes da ação penal.
Prescrição: atine diretamente o direito de punir ou executar a punição imposta. Pode ocorrer nas ações penais públicas ou provadas. Pode ocorrer na fase pré-processual, processual e após o trânsito em julgado
Perempção: atinge o direito de prosseguir na ação, só ocorre nos crimes de ação penal privada. Só é possível após o início do processo. 
- A prescrição é garantia do cidadão contra a eternização do direito de punir do Estado. É limite temporal do direito de punir ou executar punição já imposta. 
As hipóteses de imprescritibilidade estão previstas na CF: racismo e os delitos praticados por grupos armados civis ou militares contra a ordem democrática.
No que tange ao crime de tortura, este aparece como imprescritível em determinados tratados internacionais a depender da situação. Isso levou alguns doutrinadores a defenderem a tese de que é imprescritível no Brasil, já que ratificamos alguns desses tratados. No entendo, o Supremos já decidiu que prescreve, pois somente algumas formas da tortura, como aquelas praticadas contra a humanidade.
 STJ reconheceu a imprescritibilidade da tortura no âmbito da reparação de danos.
Fundamentos da prescrição – Bittencourt:
1. Decurso do tempo leva ao esquecimento do fato
2. O decurso do tempo leva à recuperação natural do criminoso que não volta a delinqüir
3. O Estado deve arcar com sua inércia. A sanção é punição ao Estado inerte.
4. O decurso do tempo enfraquece o suporte probatório.
O tempo faz desaparecer o interesse social de punir.
Grupos de prescrição: prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória
Prescrição da pretensão punitiva: ocorre antes do trânsito em julgado e faz com que eventual sentença condenatória seja rescindida, ou seja, ocorrendo a prescrição, não importa em qual das modalidades, não permite operar qualquer efeito da condenação, seja penal ou extrapenal. 
- propriamente dita: artigo 109 do CP. 
- superveniente: artigo 110, §1º 
- retroativa: artigo 110, §1º 
- virtual: prevista na jurisprudência, não admitida pelo STJ E STF.
Prescrição da pretensão executória: só impede um efeito, o cumprimento da pena. Todos os demais efeitos penais secundários e extrapenais são mantidos. Isso porque esta ocorre após o trânsito em julgado. 
No caso da prescrição, o prazo pode ser suspenso ou interrompido. O Pacote Anticrime criou duas causas da suspensão da prescrição da pretensão punitiva:
- Não corre a prescrição da pretensão punitiva na pendência d embargos de declaração ou recurso aos Tribunais Superiores quando inadmissíveis.
- Quando se está em curso acordo de não persecução penal, enquanto não cumprido ou rescindido o referido acordo.
	Acordo de não persecução penal - ANPP (artigo 28-A do CPP): em determinados crimes, quando a lei permite, o promotor pode preferir acordo com medida despenalizadora se o agente confessar o delito.
	Enquanto o investigado cumpre o acordo homologado pelo juiz ou enquanto não é rescindido, não corre a prescrição.
	O acordo retroage para atingir crimes cometidos antes da vigência do ANPP.
Crimes cometidos antes do Pacote Anticrime poderão se valer do ANPP e não possuem a causa suspensiva da prescrição, pois é maléfica para o réu. Então, retroage o ANPP para alcançar fatos pretéritos na forma do artigo 28-A do CPP, mas não o artigo 116, IV, do CP que prevê a causa suspensiva da prescrição.
CAPÍTULO 6 – ITER CRIMINIS		
CAMINHO DO CRIME DOLOSO:
COGITAÇÃO: sempre impunível. Pode ser dividida em idealização, deliberação e resolução.
PREPARAÇÃO: em regra, é impunível: alguns delitos precisam ser punidos já nos atos preparatórios, tais como: associação criminosa, constituição de milícia, petrechos para falsificação de moeda. Atos preparatórios são puníveis em caráter excepcional: 
EXECUÇÃO: concretização do poder punitivo do Estado. O início da execução ocorre no tempo imediatamente anterior à prática do verbo nuclear (Zaffaroni e decisões do STJ nesse sentido, adotando a teoria objetiva individual). Ex: pular o muro da casa para subtrair o veículo. Pular o muro é ato imediatamente anterior a subtração.
CONSUMAÇÃO: representa a composição plena do fato criminoso - artigo 14, I, do CP.
- Quanto ao momento consumativo, o crime pode ser: material, formal, mera conduta, permanente, habitual, qualificado pelo resultado...
- Crime exaurido / esgotado plenamente: representa os aros supervenientes ao encerramento do iter criminis, à consumação. Ex: crime de extorsão. O crime se consuma com o constrangimento, pois é crime formal segundo a Súmula 96 do STJ. A vantagem econômica é mero exaurimento, O exaurimento pode refletir circunstâncias judiciais desfavoráveis, configurar causa de aumento de pena, qualificadora, crime autônomo (o crime de sequestro ou cárcere privado pode ter a pena majorada se esta ocorrer para fins libidinosos. Se ocorrer o ato libidinoso, o exaurimento do artigo 148 configurará crime autônomo, como estupro. O agente responderá por seqüestro e estupro.
TENTATIVA DE CRIME: 
Ocorre quando o agente inicia a execução, mas o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Não é crime de tentativa!
ARTIGO 14, II – norma de extensão temporal, amplia a proibição contida no tipo penal. Extensão do crime para atingir comportamentos praticados de forma incompleta, abrangendo início da execução, que não se consumou por circunstâncias alheias à vontade do agente.
ELEMENTOS DA TENTATIVA DO CRIME: início da execução, não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente, dolo de consumação e resultado possível.
COMO OCORRE A PUNIÇÃO DO CRIME TENTADO? Em regra, é punida com mesma pena da consumação reduzida de 1 a 2/3.
TIPO MANCO:
- Crime consumado tem a perna subjetiva, que é do dolo, e a objetiva, que é caminho percorrido pelo crime. É completo quanto às duas pernas.
- No crime tentado, há duas pernas: subjetiva (dolo) e a objetiva, que não ocorre tem todas as fases, tornando a perna menor. Por isso, o tipo tentado é chamado de tipo manco: a perna subjetiva do dolo é maior que a objetiva. 
ARTIGO 14, PU – o crime tentado poderá ter a mesma pena que o consumado: evadir-se ou tentar evadir-se o preso, crime de atentado ou empreendimento
EXEMPLO DE CRIMEPUNIDO NA FORMA TENTADA, já que a consumação é fato atípico - na lei de segurança nacional, nos artigos 11 e 17: tentar desmembrar parte do território nacional para tentar constituir país independente e tentar conta a ordem ou regime vigente, bem como o Estado de Direito.
CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA: culpa própria, crime preterdoloso em relação ao resultado culposo, crimes que não admitem fracionamento (unissubsistentes), habituais.
 TENTATIVA ABANDONADA OU TENTATIVA QUALIFICADA: GÊNERO - O agente, no curso da execução ou após a execução, abandona o dolo. 
ESPÉCIES: DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
Artigo 15 do CPP - tentativa qualificada “ponte de ouro” – Von litzs: abre a possibilidade para que o agente volte à situação ilicitude. 
Artigo 14, II, do CPP - tentativa simples 
-- Nos dois artigos, o agente inicia a execução. No artigo 14, o resultado não ocorre por circunstâncias alheias à vontade. No caso do artigo 15, o resultado não ocorre por circunstâncias inerentes ao agente.
-- O agente responde pelos atos até então praticados. 
-- Exemplo: atiro contra a vítima. Após, a vítima suplica para que o agente a salve. O atirador se arrepende, leva ao hospital e ela sobrevive. O agente não responde por tentativa de homicídio, mas por lesão corporal.
Uma primeira corrente entende que desapareceu a tipicidade da tentativa, excluindo a possibilidade de tipificar a tentativa.
Outra corrente entende que se está diante da extinção da punibilidade. A ponte de ouro é entendida como extinção de punibilidade da inicial tentativa.
-- Na desistência voluntária, há o abandono do dolo durante a execução. Basta ser voluntária, não precisa ser espontânea. Assim, admite interferência subjetiva externa. X: pulo muro da casa para subtrair o veículo. Danifiquei a porta e alguém diz para eu não fazer e, acato a sugestão e saio do local. Não se responde por tentativa de furto, mas de violação de domicílio e dano. 
- A diferença entre tentativa e desistência voluntária: na primeira, quer-se prosseguir, mas não pode. Na desistência voluntária, pode-se prosseguir, mas não se quer. 
-- No caso do arrependimento eficaz, o agente inicia a execução e o resultado não ocorre por circunstâncias inerentes ao agente, que abandona o dolo após executar os atos executórios, mas antes da consumação. Assim, consegue agir de maneira diversa e impede o resultado. 
- Só é possível arrependimento eficaz em crimes materiais, pois pressupõe esgotamento dos atos e impedimento do resultado. Nos casos de crime formal e de mera conduta, a consumação coincide com o esgotamento dos atos executórios, não se exigindo resultado. Não há como o agente agir de maneira diversa para impedir o resultado, não á como evitar a consumação, pois, executados os atos, o crime consumado está. 
Arrependimento posterior – artigo 16: 
- O arrependimento ocorre depois de consumado o crime. Nesse caso, não se tem ponte de ouro, mas ponte de prata, pois indica possibilidade de atenuação da pena, apenas, nãos e tratando de extinção da punibilidade. 
- Requisitos: crime sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparação do dano ou restituição da coisa até o recebimento da inicial, o arrependimento deve ser voluntário.
- Consequência: redução da pena que varia de 1 a 2/3. Quando mais rapidamente restitui a coisa, maior é o quantum da redução.
Situações especiais de reparação do dano ou restituição da coisa que não implicam em arrependimento posterior, pois há normas mais benéficas:
- crime contra a ordem tributária
- infração de menor potencial ofensivo
Jurisprudência mais benéfica que o artigo 16, gerando a extinção da punibilidade: Súmula 554 do STF aplicada ao estelionato no caso da emissão do cheque sem fundo. Se reparar o dano antes da inicial, o agente terá extinta a punibilidade. 
Um crime cometido em concurso de pessoas, reparado o dano por um dos agentes beneficia o outro, ou seja, há comunicabilidade entre os corréus?
Há divergência doutrinária. Uma corrente diz que sim e a outra entende que não, pois exige voluntariedade: se um só reparou o dano, somente está terá as benesses.
Uma pessoa vai a uma loja, se apodera do produto, coloca no casaco e pretende sair da loja sem pagar. Outra pessoa percebe a ação, se apodera de mesmo produto, vai até o caixa, perto daquele que pretendia furtar e do dono da loja, simula uma mágica, mostrando o produto, pede pra soprar e diz que aparecerá no casaco daquele outro. Assim, o mágico diz que devolverá o objeto do outro e sai da loja com o objeto guardado no casaco.
Crimes cometidos: os dois praticaram furto mediante fraude. 
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