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Xô, Preguiça! Vencendo a procrastinação na era das grandes distrações Dr. Wessel Friedrich Todos os direitos reservados Sumário Sumário Procrastinação, o inimigo de todos nós Nosso tempo vale muito mais do que o nosso dinheiro. CAPÍTULO 1 IDENTIFICANDO O PROBLEMA CAPÍTULO 2 AKRASIA CAPÍTULO 3 CONSEQUÊNCIAS DA PROCRASTINAÇÃO CAPÍTULO 4 POR QUE PROCRASTINAMOS? � QUANDO NÃO ESTAMOS MOTIVADOS � QUANDO ESTAMOS COM MEDO � QUANDO NÃO NOS SENTIMOS CONFIANTES � INCONSISTÊNCIA TEMPORAL � QUANDO NÃO GOSTAMOS DO QUE FAZEMOS CAPÍTULO 5 A LINHA DA PROCRASTINAÇÃO & CICLO DE CONTATO � PRÉ CONTATO OU SENSAÇÃO � INICIO DO CONTATO � ÚLTIMO CONTATO � PÓS CONTATO � CICLOS INCOMPLETOS CAPÍTULO 6 PRAZO X SEM PRAZO � COM PRAZO � SEM PRAZO CAPÍTULO 7 COMO PARAR DE PROCRASTINAR � COM PLANEJAMENTO � PLANO DE CURTO PRAZO � PLANO DE LONGO PRAZO � COM O SISTEMA DE RECOMPENSA Você precisa se privar desta atividade agradável em outros momentos do seu dia a dia. Lembre-se que estamos tentando deixar as coisas o mais fáceis possíveis para que seu corpo não apresente tanta recusa natural para a atividade. Você só poderá ir à praia quando fizer o orçamento da viagem. � COM O SISTEMA DE PUNIÇÃO Por isso, precisamos tornar as consequências mais imediatas. Se eu não escrever 500 palavras desta pesquisa hoje, eu terei que escrever 1000 amanhã. � Método 1. Para cada dia que eu não escrever a meta de 500 palavras neste projeto, eu ficarei um dia sem consumir açúcar na minha alimentação. � Método 2. CAPITULO 8 METAS IRREALISTAS � Encontre a raiz do problema � Qualidade x Quantidade � Não faça comparações � Não faça planos para tentar vencer os outros, e sim você mesmo. CAPÍTULO 9 MAIS SOBRE COMO PARAR DE PROCRASTINAR � MANTENHA UMA ROTINA DIÁRIA � ORGANIZE SUAS METAS POR PRIORIDADE � SIGA A ORDEM IMPOSTA � REALIZE UMA TAREFA DE CADA VEZ � MOVA TAREFAS INACABADAS PARA A PRÓXIMA LISTA � SIGA ESTE MÉTODO DIARIAMENTE � UTILIZE INCENTIVOS VISUAIS � Incentivos Visuais são ótimos gatilhos � Melhor visualização do progresso feito � Motivação CAPÍTULO 10 PRODUTIVIDADE E HÁBITO Se conseguimos cumprir diversas tarefas no tempo que temos, podemos nos considerar produtivos e de forma geral mais eficientes em nossos trabalhos. Regra dos 2 minutos “Já que eu estou pronto(a) e tenho tudo que preciso, é melhor ir.” � Siga os seus planos, não o plano de outras pessoas � Menos decisões diárias = Mais produtividade � Saiba valorizar os começos imperfeitos Procrastinação, o inimigo de todos nós Você já parou para pensar sobre a importância do tempo? Esse elemento que faz parte das nossas vidas é basicamente o que rege todos os aspectos de como vivemos e nos comportamos. Tudo que fazemos, planejamos, pensamos acaba se resumindo ao tempo. Estamos constantemente pensando nele, analisando o que fizemos no passado e sonhamos com o que queremos fazer no futuro, lamentando o quanto perdemos e pensando em quanto ainda teremos. Tempo é o único recurso que não é renovável, o tempo que perdemos não pode ser recuperado uma vez perdido, uma vez desperdiçado. Você pode ganhar mais dinheiro, adquirir novos bens, criar novas coisas, voltar a um lugar que visitou. O que nós realmente não podemos fazer é ganhar tempo. Tudo que podemos fazer com relação a ele é gastá-lo, as vezes com sabedoria ou não. Não sei se compartilham do mesmo sentimento, mas a ideia de perder tempo sempre me assustou. Para algo que é tão valioso para nós, é surpreendente o quanto podemos acabar desprezando o quão limitado ele é. O tempo é fator determinante quando falamos em personalidade, afinal, o que você passa o seu tempo fazendo determina seus gostos, quem você é, o que gosta e o que não gosta de fazer, inclusive as suas prioridades. O que você não faz durante o seu tempo tem a mesma importância. O tempo que negligenciamos sem fazer nada daquilo que precisamos também afeta quem somos e o rumo das nossas vidas. O que decidimos fazer ou não fazer no tempo que temos agora irá determinar como teremos que gastar o nosso tempo do futuro, e não ter controle sobre como poderemos usá-lo me soa como uma péssima ideia. Precisamos de tempo para ganhar dinheiro, para conquistar nossos objetivos, para crescermos em nossas carreiras, ver nossa família crescer... Para tudo nós precisamos de tempo, e muitas vezes bastante doses dele. Não podemos citar quase nada que seja instantâneo, para tudo há um processo, etapas, tempo de espera. Passamos a vida basicamente trocando nosso tempo por coisas que julgamos importantes. Sejam elas dinheiro, diversão, trabalho, etc. E nós, em geral, temos escolha sobre como queremos dividir o tempo que temos. Alguns decidem trabalhar mais pois vem prioridade no dinheiro, outros preferem gastar menos tempo trabalhando porque estão satisfeitos com uma vida mais simples e preferem usar o tempo com outras coisas. Podemos fazer o que quisermos. Algo que sempre me fascinou a respeito do tempo é o fato de todos nós possuirmos a mesma quantidade de horas para ser usada, independente de quem somos ou da nossa personalidade, todos temos 24 horas diárias para decidir o que queremos fazer, ao contrário de todas as outras particularidades e oportunidades que nos fazem únicos, o tempo é estável para todos. Nosso tempo vale muito mais do que o nosso dinheiro. Você pode usar o seu tempo para conseguir dinheiro e basicamente qualquer outra coisa que deseja, mas nada... absolutamente nada lhe dar o poder de adquirir mais tempo. Isto automaticamente torna o tempo um recurso muito mais importante e valioso, e mesmo assim, frequentemente fazemos má escolhas sobre como usá-lo. Ao contrário do dinheiro, nem sempre se trata sobre ter mais em quantidade, e sim sobre valorizar o quanto tempos. Usá-lo da melhor forma e ter a confiança de que gastamos nosso tempo fazendo boas escolhas. Tudo em nossas vidas, se resume a tempo. Tempo é uma ferramenta de investimento. Se deseja algo, deve investir seu tempo em torno do que almeja. Quando encontramos alguém bem- sucedido, a primeira coisa que pensamos é quanto tempo de trabalho ele precisou para chegar a esse nível. Quando vemos um médico, logo pensamos nos anos e anos de estudo que foram dedicados para conseguir se graduar e se especializar. Quando somos um profissional que não investe nenhum tempo em aprimorar nosso conhecimento, muito provavelmente não seremos o melhor da nossa área. Os profissionais mais bem-sucedidos dedicaram muito mais tempo em aperfeiçoar seus métodos enquanto estávamos ocupando nosso tempo com coisas triviais. E quando somos deixados para trás não entendemos muito bem porque tudo aconteceu. Ao contrário, quando entendemos nossos objetivos e estamos determinados a alcançá-los tudo se torna mais fácil, pois queremos dedicar nosso tempo a este objetivo, mesmo sendo difícil e cansativo, sabemos que todo o esforço vale a pena. Você já parou para sentar e analisar os seus planos e sonhos? E como você pode alcançá-los? Como você está usando o seu tempo para chegar até ele? Quanto tempo você precisará para alcança-lo? Ou se apenas esse sonho é um pensamento que você nunca levou adiante mesmo tendo todas ferramentas disponíveis para começar? Caso ainda não tenha parado para fazer esses questionamentos a si mesmo, esta talvez seja uma boa hora para começar. A diferença determinante entre duas pessoas com uma mesma ideia, ou seja, o que vai decidir aquele que irá ter sucesso ou não, é o tempo. Quem realmente vai usar os seus dias para pôr o planejado em prática. Os que agem e investem seu tempo em algo serão muito mais sucedidos do que os que apenas deixam tudo no papel. Além disso, valorizamos muito mais aquilo que leva mais tempo para conseguir, de fato, não vemos de forma positiva as conquistas que vieram “rápido demais”, como se elas não merecessem ser tão prestigiadas quanto as que levamos anos para conseguir. Consideramos algo que vem rápido demais como “instável”, que pode a qualquer momento ser perdido e buscamos evita-las porque entendemos que tudo é um processo. Com a tamanha importância queo tempo tem sobre nossas vidas, é estranho perceber como é comum deixar ele de lado e desperdiçar grandes quantidades todos os dias como se não houvesse amanhã, como se estivéssemos bebendo de um poço sem fundo. Imagina viver nossas vidas decidindo usar o nosso tempo em coisas que sabemos serem prejudiciais e adiar o tempo todo as coisas que realmente precisamos fazer. Precisamos distribuir o nosso tempo em uma forma melhor, tomar decisões melhores e investir nossos dias em coisas melhores para nós mesmos. Invista seu tempo em construir algo bom para você em seu ambiente de trabalho, faculdade e empreitadas para você e as pessoas ao seu redor, ao invés de gastá-lo com coisas que não deveria estar fazendo. Quanto mais entendemos sua importância, mais experientes ficamos em usá-lo a nosso favor. Tenha controle sobre ele e use-o como uma ferramenta para realizar seus sonhos. CAPÍTULO 1 IDENTIFICANDO O PROBLEMA “Você pode se atrasar, mas o tempo não, e o tempo perdido nunca volta.” ´- Benjamin Franklin Todos nós já deixamos para o último minuto algo que deveríamos ter começado dias antes ou até mesmo meses antes. Sim, você também. Não adianta fingir que não é com você, afinal de contas, está lendo este livro, o que convenhamos já é um ótimo sinal. Apesar de nossos maiores esforços, parece que nós, como humanos, simplesmente somos imunes ao hábito de começar nossas tarefas com antecedência, mesmo sabendo que provavelmente teríamos o privilégio de finalizar tudo que precisamos com sucesso, menos estresse e dores de cabeça. Parece que estamos sempre esperando pelo momento certo para começar algo, e esse momento definitivamente não é agora. Afinal, o que lhe faria sair do conforto da sua casa em um dia de chuva para aquela visita a biblioteca? O que lhe faria parar de assistir vídeos bobos em rede sociais para começar aquele projeto estressante e tedioso da faculdade? Eu respondo... Nada. Nada mais importa para nós além da situação, eu diria até fácil, em que estamos no momento. Notas baixas? Não sabemos o que são; Reclamações do nosso supervisor no trabalho? Podemos lidar com isso em outra hora! Preferimos nos submeter a correrias desnecessárias como a de tentar concluir downloads de diversos artigos online enquanto nos preparamos para sair de casa para conseguir escrever no carro ou ónibus, e se com um pouco de sorte conseguirmos entregar aquele projeto a tempo, começam as rezas para pelo menos uma nota cinco, por favor. Um momento! Aquela famosa desculpa de que “trabalho melhor sob pressão” não convence aqui, afinal, se este fosse o nosso caso, por que então você estaria lendo este livro? Estamos aqui conversando porque você conseguiu dar um pequeno passo, o de admitir e reconhecer que há algo errado. Por tanto, não volte atrás agora, você realmente consegue ser mais produtivo quando submetido a altos níveis de estresse, correria, suor e dores de cabeça? Ou talvez esteja procurando motivos para justificar suas ações? Tenho plena confiança de que, no fundo, você também sabe que está propositalmente adiando suas responsabilidades, talvez até fugindo delas. Não apenas isso, talvez você não satisfeito com as distrações que naturalmente podem surgir, procura por elas você mesmo, como desculpa para não fazer as suas obrigações. Vai me dizer que você ainda não se deu conta que deixar o smartphone do ladinho da sua mesa de estudo é uma péssima ideia... Chances são de que você, como milhões de outras pessoas, prefere deixar tudo para a última hora. Sim, sejamos honestos, na maioria das vezes, você mesmo decide se distrair com as coisas mais banais, na tentativa de adir o máximo possível um dever que você puramente não quer cumprir. “Não é culpa minha!”. Claro que não, como esperar que você siga um plano inicialmente preparado para que tudo ocorresse bem? Imprevistos acontecem, outros problemas surgem, e é sua prioridade dispor sua atenção total a eles. Todo o resto pode esperar. Você consegue escrever artigos em poucas horas, e aquela apresentação para os sócios da empresa nem é tão urgente assim, não é mesmo? Deixa-me adivinhar, você sempre espera pela Segunda-Feira para começar a sua dieta, e utiliza todos os seus esforços e ferramentas para convencer a você mesmo que existe uma lógica válida em começar qualquer plano apenas em uma Segunda-Feira, como se todos os outros dias da semana fossem impróprios e automaticamente significassem um erro no fluxo das suas metas. Começar algo a noite então... Impossível! Não é assim que as coisas devem ser, a noite não é um horário bom para começar nada, apenas descansar. Sinto informar leitor, que a Segunda-Feira é apenas mais um dia como outro qualquer, uma desculpa que você usa talvez a anos para adiar sua reeducação alimentar. Não apenas isso, um dia corresponde ao tempo que a Terra leva para dar uma volta completa sobre si mesma, ela não tem nada a ver com os seus ou meus objetivos. Quantas Segundas-feiras você irá esperar antes de realmente começar a trabalhar para realizar seus sonhos? Parece que a Segunda-feira correta nunca chegará, sempre haverá uma nova semana, sempre haverá horas extras para organizar a casa, ou para começar a procurar por um novo trabalho, você sempre poderá começar a escrever o seu primeiro livro amanhã. A ideia de começar a trabalhar no agora parece assustadora demais. Tudo bem, eu entendo que talvez alguns de nós adiamos tarefas propositalmente, e que talvez para essas pessoas realmente é mais produtivo trabalhar sob pressão. Supondo que você caiu de paraquedas neste livro, e que no fundo você não estava procurando soluções para este problema, proponho um pequeno desafio, na verdade, uma análise. É muito simples, apenas precisa pensar em seus projetos nas últimas semanas na faculdade, escola, trabalho ou até mesmo planos mais pessoais, de longo e curto prazo, desde arrumar seu quarto a começar o seu projeto de conclusão de curso. Pronto? Então vamos lá. Você sempre consegue fazer tudo que previamente havia planejado para a sua pesquisa? Seus artigos sempre são aclamados pela banca acadêmica? Você adiou, porém, conseguiu resultados positivos em sua nova vida fitness? Você conseguiu seguir pelo menos 70% das metas que fez para este ano? Você foi promovido ou ganhou um aumento de salário? Não? Tudo bem, tomar a iniciativa de ler este livro já é um ótimo começo, e muito irá aprender aqui sobre a raiz dos seus problemas. Suas respostas foram sim? Bem, se todos estes questionamentos receberam uma réplica positiva, significa que de alguma forma, você conseguiu atingir bons resultados mesmo na correria. Porém, nada está tão bom que não possa ser melhorado. Se você acha que apenas é produtivo nos últimos momentos de prazo, talvez você nunca tenha se proposto a tentar realizar tudo com mais calma, logo, não conhece outra realidade. Você já tentou fazer essas mesmas atividades com antecedência? Afinal, se você pode conseguir os mesmos resultados sem a fadiga, estresse e muitas vezes cansaço físico e mental que fazer tudo no último momento podem lhe trazer, por que não pelo menos tentar? Caso você seja do time “Eu admito”, estamos no caminho correto. Afinal de contas, todos nós buscamos maneiras mais eficientes de resolver problemas, e reconhecer que os seus são muito mais complexos e longos do que deveriam puramente por decisões tomadas por impulso já é um começo, e provavelmente você poderá se identificar com as situações abordadas neste livro. A primeira delas é que para muitos, a decisão de ignorar sua própria intuição e deixar tudo para depois são sempre seguidas de arrependimento. Você sabe que deveria ter começado sua pesquisa meses atrás e que deixar para a última hora pode afetar gravemente a qualidade do projeto. Agora é tarde demais para tentar melhorá-lo e não há chances do seu orientador lhe conceder mais tempo. O que fazer nessa situação? Culpar o seu cachorro de estimação e jurar que ele destruiu o seu trabalho perfeito que certamente receberia um 10 e implorar por mais tempo para refazê-lo ou aprendercom a situação e tentar evitá-la no futuro? Mesmo com situações semelhantes a essa que mais parecem ter saído direto dos nossos piores pesadelos, o medo parece não ser forte o suficiente para lhe fazer estudar com antecedência. Ciente do erro, você insiste em tentar convencer a si mesmo que dará tempo e você entregará tudo sem maiores problemas. Até tudo dar errado. Após mais uma Segunda-Feira ter passado, você lamenta não ter começado a dieta na semana anterior, e apenas ter visitado a academia quinze dos trinta dias que pagou. Melhor ainda, como “falhou” na sua dieta na Terça-Feira ou qualquer outro dia da semana, você obviamente agora deverá esperar até a próxima Segunda-Feira, porque novamente, não se pode começar nada no meio da semana. Você lamenta, se arrepende, se frustra, compra aquele pote de sorvete favorito para se sentir melhor, e repete tudo na semana seguinte. Da lamentação, passa para a raiva e sentimento de culpa. Você se cobra por continuar delongando seus afazeres mesmo sabendo das consequências negativas, planeja tudo novamente para a semana seguinte, sem realmente entender a raiz dos problemas. Não se pode esperar resultados diferentes agindo da mesma forma repetidamente. Sem um entendimento mais profundo do que nos faz agir desta maneira, apenas se frustrará novamente na semana seguinte. Mas como entender e se livrar desse hábito tão prejudicial? Há várias hipóteses válidas sobre os motivos que nos levam a agir dessa forma, algo tão complicado que resiste a maioria das nossas tentativas de mudar, nos prendendo em um ciclo vicioso de culpa e repetição de erro. Alguns podem tentar argumentar que se trata apenas da famosa preguiça, acredito, porém, que um preguiçoso não gostaria de lidar repetidamente com a grande carga de afazeres para serem resolvidos em pouco tempo que o adiamento por causar. Ao contrário da preguiça, que representa apatia e aquela vontade de não fazer nada, neste caso você ativamente decide fazer outra coisa, tudo além do que você realmente deveria estar fazendo. Vamos então, considerar a preguiça oficialmente inocente por enquanto. Outro famoso suspeito que podemos tentar acusar é a falta de planejamento, e embora ela também possa prejudicar seus planos e seja essencial para o sucesso dos mesmos, talvez ele não seja ainda o principal responsável por seus problemas, afinal de contas, você pode até planejar seu esboço com metas diárias, o problema começa quando você não consegue seguir esse planejamento. Logo, vamos considerar a falta de planejamento também inocente. Mas não esqueça dela, ela será parte importante em alguns capítulos. Bom, sendo assim, então quem, ou melhor, o que é responsável por todo esse estresse ao qual somos submetidos quando deixamos para começar nossos estudos na noite anterior a uma prova? Ou a carga de adrenalina que recebemos quando optamos por começar a fazer nossas malas para trinta dias de viagem poucas horas antes do voo? Quem nunca, naquele conforto único que só nossa própria cama pode proporcionar, decidiu continuar embaixo das cobertas na noite de sexta-feira ao invés de estar na academia, mesmo que essa mesma academia custe um valor salgado para o nosso bolso no fim do mês? Por que continuamos a tomar decisões que sabemos não ser as ideais a longo prazo? Nos capítulos seguintes, iremos abordar todos os aspectos do hábito que está prejudicando os seus negócios, planos e projetos. Discutir maneiras e ferramentas para combatê-lo de forma efetiva e simples, sem que seu corpo resmungue um não e retorne à estaca zero. Vamos começar a entender melhor o vilão da sua eficiência, de forma que, ao final desta leitura consiga identificar possíveis comportamentos de auto sabotagem e retomar o controle do seu dia-a-dia. Eu lhes apresento, a procrastinação. CAPÍTULO 2 AKRASIA “Meu conselho é jamais deixar para amanha o que pode ser feito hoje. Procrastinação é o ladrão do tempo”. - Charles Dickens Nós sempre queremos mais. Encontrar uma única pessoa que esteja completamente satisfeita em todos os aspectos que envolvem sua vida como relacionamentos, trabalhos, hobbies, vida social, estudos, planos e cuidado pessoal parece ser uma missão impossível. Mesmo aqueles que ao nossos olhos aparentemente possuem tudo que precisam ainda acumulam objetivos, planos e sonhos, e para os casos mais extremos, a vida que levam hoje é completamente diferente da que gostariam de ter. Dentre os mais variados possíveis motivos para essa constante insatisfação com nossas vidas está o que trabalharemos neste livro, a procrastinação, quando tudo está a um passo do nosso alcance, mas estamos ocupados demais deixando para depois. Não há muito sentindo em reclamar da sua situação atual quando não se adota nenhuma decisão para tentar mudá-la. A verdade é apenas uma, suas notas não vão subir de um básico cinco para dez magicamente, e os quilinhos a mais também não vão desaparecer da noite para o dia. Grande parte das nossas insatisfações são consequências das ações que tomamos, ou até mesmo, daquelas que não tomamos. Diariamente somos bombardeados de opções e questionamentos pequenos que podem causar um grande impacto no futuro. E não é um futuro muito distante! O simples hábito de começar a fazer seu trabalho poucas horas antes do fim do expediente já te coloca atrás dos outros funcionários que passam o dia de trabalho sendo produtivos. Quando esse ato ocasional vira um hábito, pode influenciar sua carreira como um todo, lhe tornando um mal profissional ou estudante. Ninguém quer ser deixado para trás não é mesmo? Somos naturalmente competitivos e não conseguimos evitar aquele “poderia ser eu” pensamento ao ver o colega ganhando uma superpromoção. Realmente, poderia e deveria ser você! Mas, você decidiu que passar o dia inteiro navegando nas redes sociais era mais importante. Não estou, no entanto, implicando que deve trabalhar horas extras, ou puxar o saco do seu chefe para conseguir um aumento. Estamos falando de obrigações básicas. Entenda que, você deve passar as horas de trabalho... Trabalhando! Não é um bônus ou um extra, é fazer o que está sendo pago para fazer naquele horário, ou no fim das contas terá que passar suas noites correndo para finalizar projetos, ao invés de estar descansando ou aproveitando um bom jantar com os amigos. Fora do ambiente de trabalho tudo funciona basicamente da mesma forma. Quanto mais você adiar aquela organização bastante necessária no seu apartamento, mais dor de cabeça terá quando for tentar limpar uma grande quantidade de cômodos em um só dia. Eu sei que você odeia organizar a casa, e que por mais que você tente começar, não consegue evitar adiar até o último segundo, quando já não há mais para onde correr. Se esse é seu caso, não se preocupe, não há nada de estranho com você, você só tem que notar a presença de um certo comportamento, que está o impedindo de começar seus afazeres, mesmo sabendo da urgência dos mesmos. Especificamente, como nós podemos descrever esse comportamento? Quando começamos a abdicar propositalmente das nossas responsabilidades? A resposta é a muito, muito tempo. Seres humanos estão procrastinando a séculos. A conduta é tão antiga que filósofos da Grécia Antiga como Sócrates e Aristóteles decidiram em uma palavra que representasse essa ação: Akrasia. A palavra que soa estranho aos nossos ouvidos, para eles, significava “O ator de agir contra o seu melhor julgamento”. Confuso? Basicamente é o ato de fazer algo, mesmo quando você está ciente de que essa não é a melhor opção. Ou mais comumente no nosso caso, optar por não fazer algo, mesmo quando estamos cientes que deveríamos fazê-las para o nosso próprio bem-estar. É quando você decide ir ao cinema, mesmo sabendo que poderia estar começando sua pesquisa acadêmica, ou quando decide assistir mais um episódio da sua série de TV favorita, mesmo sabendo que precisa responder e-mails importantes. Exibir comportamento de Akrasia significa perder controle, o que filósofos chamam de “fraqueza de vontade”. O indivíduoque apresentasse esse hábito era chamado na Grécia antiga de “Akrates”, ou seja, não possuíam “Kratos”. Calma, não precisa se desesperar e abandonar esta leitura devido a quantidade de palavras novas e um pouco estranhas. Apenas compreenda este conceito: Akrates, uma pessoa que não possui Kratos, é uma pessoa que perdeu uma batalha consigo mesma. Mas como exatamente alguém pode perder para si mesmo? O conceito original de Akrasia é bastante amplo e se refere ao ato de decidir fazer algo mesmo sabendo que não é a escolha adequada, podendo ser aplicado a inúmeras situações e sendo frequentemente ligado a falta de autocontrole. Quando optamos por comprar a peça de roupa mais cara mesmo sabendo que a diferença de qualidade para a opção mais barata é mínima, nosso comportamento pode ser definido como Akrasia. Nesse caso, o problema não é possuir um mau julgamento do que é correto ou errado, você está completamente ciente da diferença de valores e qualidade dos produtos, e entende que a melhor opção seria adquirir a peça mais barata. Todo o planejamento é feito de forma harmonizada e você tem todas as informações que precisa para tomar a melhor decisão. Porém, há uma falha no momento de executar o que foi planejamento, você acaba pagando mais caro e não entende exatamente o que te levou a essa decisão. Assim, você acabou de perder uma batalha contra o seu impulso de compra. Não entendeu? Atente-se a este exemplo: Não há nenhum fumante que não saiba os malefícios do cigarro. Todos estão a par das consequências que anos de fumo provocam à saúde. Muitos inclusive, aconselham outras pessoas a não fumar, informam sobre os perigos do vício e procuram evitar que outros sigam seus passos. Sabemos que existem vários empecilhos e dificuldades que acompanham a decisão de largar o fumo, preciso que foquem essencialmente no conceito principal da situação, no ato de fazer algo que você sabe não ser “bom” ou o ideal, de tomar decisões que podem prejudicar o nosso próprio bem estar a longo prazo, a prática de ignorar tudo que sabemos e seguir apenas um impulso de momento. Falta de controle, lembra? Jogar precauções, consequências e basicamente a razão pela janela propositalmente priorizando escolhas que são tecnicamente prejudiciais pode parecer um conceito difícil de se acostumar. Pensamos em como alguém pode se auto sabotar? Simplesmente não faz sentido, é um comportamento fora do esperado. Alguns filósofos inclusive, argumentam que no fim das contas, é improvável uma pessoa decidir ativamente por fazer algo que prejudique a si mesmo, nosso instinto de autoproteção seria forte demais. Mas espera aí! Nós sabemos que estas escolhas de fato acontecem, nós mesmos as praticamos diariamente. Você facilmente conseguiria recordar situações semelhantes no seu dia a dia, seja ele acadêmico, de trabalho ou pessoal. Sendo assim, como é possível que elas não existam? Estaríamos na verdade, buscando motivos e justificativas para disfarçar a nossa própria irresponsabilidade e fraqueza de vontade? Qual seria o mecanismo que explica o porquê tomamos decisões erradas e bobas? Por ser algo tão fora da linha quem nós deveríamos seguir, obviamente, não somos os primeiros a estranhar esse conceito. Há vários possíveis fatores que podem ser discutidos na tentativa de procurar soluções ou justificativas para a Akrasia, como os diversos motivos e gatilhos mentais de recompensa e consequência que podem-nos transformar em uma pessoa Akrates. Mas calma, um passo de cada vez. CAPÍTULO 3 CONSEQUÊNCIAS DA PROCRASTINAÇÃO “Nada é tão cansativo quanto o peso de uma tarefa inacabada”. - William James Todos nós já tivemos problemas com a procrastinação em algum momento de nossas vidas. Alguns mais do que outros, verdade, mas todos nós já adiamos ao máximo que podíamos uma tarefa que simplesmente não queríamos fazer, ou talvez porque possuímos coisas demais na nossa cabeça, não sabemos por onde começar, o que priorizar e acabamos não fazendo nada. Outras vezes nós mesmos procuramos distrações, só para depois argumentar que não tivemos tempo e que nossas vidas são tão ocupadas e cheia de afazeres que não dá para dar conta de tudo ao mesmo tempo. Sabemos que é bastante difícil levar uma vida sem absolutamente nenhuma procrastinação e que todos nós eventualmente iremos procrastinar. No entanto, estamos falando de pessoas que permitem que esse comportamento se torne um hábito diário, alguns inclusive procrastinam várias tarefas no mesmo dia, de forma que essas decisões afetam pontos importantes de nossas carreiras. Se trata daquele momento onde notamos que poderíamos ser um escritor melhor se parássemos de procrastinar, que seriamos um professor melhor se preparássemos o material das aulas com antecedência, que provavelmente já estaríamos notando um tanquinho se apenas tivéssemos começado a academia meses atrás. Cansados, finalmente decidimos fazer algo a respeito. Se você chegou até aqui é porque provavelmente entende que poderia ser um profissional melhor se parasse de procrastinar, talvez conseguiria aquele aumento que tanto almeja; Dinheiro suficiente para fazer aquela viagem dos sonhos no fim do ano, trocar de carro, comprar livros novos e quem sabe até adquirir um novo apartamento. Tudo se resume a eficiência, e a procrastinação pode acabar se tornando uma grande inimiga das suas conquistas. Talvez, quem sabe, você apenas esteja cansado das cargas de estresse e preocupação que procrastinar lhe causa. Talvez o seu corpo e principalmente a sua mente estejam pedindo uma pausa da correria. Engana-se quem pensa que procrastinar não é um problema tão grande assim, que não afeta nossa saúde e bem-estar de forma significativa. Você e eu sabemos bem que isso não é verdade, e que postergar afazeres pode ter um peso gigantesco em todos os aspectos de nossas vidas. Procrastinar pode causar em suas maiores vítimas problemas de ansiedade e fadiga. O esgotamento que fazer tudo em cima da hora causa pode aumentar riscos de problemas de saúde em pessoas suscetíveis. Você se alimenta mal, para de fazer exercícios físicos, está sempre ocupado demais para ir ao médico fazer um check up e devido ao estresse sua imunidade pode cair bastante. Você se encontra não conseguindo passar um dia inteiro sem dores de cabeça e não entende o que está acontecendo. Talvez você esteja maltratando seu próprio corpo sem se dar conta. Toda essa adrenalina pode ser a causa das suas noites de sono mal dormidas, deixando você exausto física e mentalmente. Esse cansaço afeta diretamente o nosso humor e podemos acabar descontando nossas frustrações em amigos e familiares, prejudicando nossos relacionamentos. Quem nunca acabou sendo um pouco mais ríspido com colegas de trabalho depois de ter virado a noite tentando terminar um relatório do qual você já tinha conhecimento da necessidade a semanas? No fim das contas seus amigos não têm culpa, é você quem está tomando essas decisões. Procrastinadores perdem bastante tempo. Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas adiar começar aquele curso profissionalizante por meses e meses lhe faz perder uma quantidade absurda de tempo precioso. Quando se der conta, anos já se passaram e você não começou nenhum dos planos que tinha planejando para “daqui a 2 meses”. Quem nunca fez mil e uma promessas no começo do ano, planos, metas que você jurou que alcançaria, mas acabou adiando por meses. Ano após ano você continua listando as mesmas metas porque não consegue realmente pôr em prática nada do que planejou. Sua autoestima também sofrera com os seus hábitos. Talvez você saiba disso, procrastinadores podem e na maioria das vezes são perfeccionistas e cobram bastante de si mesmos. No fim das contas, é difícil manter o nosso ego quando vemos todos ao nosso redor aproveitando todas essas incríveis oportunidades enquanto continuamos presos no mesmo lugar. Não avançamos em nenhum aspecto de nossas vidas e começamos a nos considerar perdedores e questionar se talvez somos apenas incapazes. A baixa autoestima também pode afetar suasdecisões. No meio da correria para entregar aquela pesquisa que você realizou em duas horas seus critérios e padrões caem bruscamente. De repente aquela nota oito que você queria tanto pode facilmente se tornar um cinco, e você está de acordo com essa possibilidade. Como está sob imensa pressão, você é mais suscetível a fazer escolhas ruins. Perder dinheiro. Com certeza essa frase é suficiente pra assustar qualquer pessoa. Procrastinar pode lhe fazer perder dinheiro. Você deixa para pagar suas contas no dia do vencimento todo mês, um imprevisto acontece e você não consegue realizar esse pagamento e agora terá que pagar juros. Mesmo já possuindo o valor do pagamento, você adia o quanto pode, como se estivesse esperando a dívida magicamente desaparecer. Procrastinar também pode lhe custar aquela promoção que tanto queria desde o momento quer foi contratado. Você não só perderá o prestigio e a satisfação de subir de cargos como aquele bom aumento de salário que viria com ele. Se identificou com tudo listado neste capítulo? Não perca as esperanças, parar de procrastinar é possível e não significa que você é preguiçoso ou incapaz. É apenas um hábito, e todo hábito pode ser eliminado ou transformado. Obviamente, seria ótimo se pudéssemos apertar um botão nas nossas cabeças e acordar na manhã seguinte livres da procrastinação, isso, no entanto, provavelmente não irá acontecer. Para a maioria dos procrastinadores o processo é lento, mas pequenas mudanças diárias já podem significar uma grande diferença. Primeiro, você precisa entender por que nós procrastinamos. CAPÍTULO 4 POR QUE PROCRASTINAMOS? “O que pode ser feito em qualquer momento não será feito em momento algum”. – Provérbio Escocês Nós agora entendemos e conseguimos identificar a raiz do nosso problema, procrastinamos. Também descobrimos o que exatamente é a procrastinação, e apesar de saber que entender o conceito é essencial, ainda podem restar algumas dúvidas, sendo a mais essencial “por que nós procrastinamos”. Agora que um pequeno passo já foi dado precisamos entender o que nos leva a agir dessa forma, visto que o conceito da procrastinação e Akrasia parecem difíceis de digerir, por que faríamos tudo isso conosco? Quem faria, por vontade própria, escolhas ruins para sua vida profissional e acadêmica? O que nos levaria a esse comportamento? Muitos podem acreditar que é apenas preguiça, descaso e talvez até uma falta de senso de responsabilidade. Seria simples, confesso, se pudéssemos resumir todos os nossos problemas a preguiça, a verdade é muito mais complexa e envolve as raízes do comportamento humano sobre determinadas influências, nossas reações, como nos sentimos, nossos medos e nossos receios. Com um pouco de ajuda, podemos começar a entender nossos motivos e porque a procrastinação consegue atingir tantos de nós. � QUANDO NÃO ESTAMOS MOTIVADOS Motivação. Precisamos estar dispostos a agir em prol dos nossos objetivos, e a motivação é o nosso principal combustível para que os projetos saiam do papel. Quando estamos animados sobre algo como um evento, ocasião ou objetivo, tudo irá fluir mais facilmente. A expectativa nos influencia a querer fazer algo a respeito agora, pois quando fazemos algo relacionado ao nosso objetivo temos a falsa sensação de que já estamos vivendo aquilo que sonhamos. O problema é que o que decidimos fazer, muitas vezes, não é relevante para a realização do projeto em si, e sim apenas algo que nos faz sentir dessa forma. Quem nunca decidiu levar uma vida mais ativa e decidiu ir ao Shopping mais próximo comprar vestimentas adequadas para exercícios físicos quando deveríamos, na verdade, assinar o plano da academia? Da mesma forma, comprar mais frutas e verduras nos impõe a sensação de que já estamos nos alimentando melhor. Todas essas ações são frutos da nossa motivação, a todo o vapor, nos incentivando a agir agora. Após assistir um incrível documentário sobre negócios online e ler dez diferentes artigos sobre empreendedorismo estamos mergulhados em estímulos e energia para finalmente começamos a nossa Start Up; após uma conversa muito agradável com amigos bem-sucedidos nos sentimos prontos para dar a volta por cima nos nossos estudos, aumentar nossas médias, nos destacar na multidão. Seremos referência de excelência em qualquer coisa que fizermos; seria realmente uma pena se a nossa motivação acabasse... Sim! Motivação acaba... Rápido. Aquela onda de adrenalina que nos passa a impressão que conseguimos realizar todos os nossos maiores sonhos apenas se colocarmos a nossa mente e dedicação em nossas metas passa muito rápido. Logo somos bombardeados com a realidade, e ela envolve todos os passos burocráticos e difíceis que acompanham literalmente qualquer coisa que nós decidimos fazer. A energia esgotou, e você agora está desmotivado(a) e apático(a). Aqueles assuntos que faziam seu coração palpitar apenas alguns dias atrás agora são chatos e cansativos, você então finalmente os guarda em uma pequena gaveta do consciente... para depois. � QUANDO ESTAMOS COM MEDO Medo. Sim, esta palavra assim, única, pode explicar por que procrastinamos. Bem, pelo menos uma das possíveis respostas aceitadas por pessoas no mundo inteiro. Temos medo! Medo de falhar, medo de não sermos bons o suficiente. Engajar em atividades que são importantes nos apavoram, não sabemos por onde começar, como terminar, nos estressamos por que colocamos grande pressão em nós mesmo, sofremos com ansiedade, por antecipação. Você já notou como é “mais fácil” para nós resolvermos coisas que não consideramos tão importantes assim? Não pensamos muito sobre elas e com calma finalizamos uma a uma, sem maiores problemas e dores de cabeça. As vezes nem nos damos conta que já está tudo resolvido, parece fácil demais... Ou talvez o fato de não a consideramos tão importantes nos faz relaxar. Calmos e mais racionais e lógicos, conseguimos finalizar tudo com muito mais facilidade. Ao depositarmos maior importância em certas atividades ficamos com tanto medo de falhar, que não temos coragem de começar. A ideia de fracassarmos em algo que é tão importante para nós é muito mais intimidante do que simplesmente não começar, travamos. Caso você já possua um histórico de falhas nesta atividade... Aí é que tudo piora. Você já fez o download de vários tutoriais de Francês e tentou engajar em um hábito de estudo diário diversas vezes, e falhou. Agora, você se recorda da má experiência, e praticamente se convence de que também não irá conseguir dessa vez. “Ué, se não vamos conseguir mesmo... por que tentar?” Sentimos medo para nos proteger. Ele serve para nos avisar do perigo a tempo de agirmos para escapar de qualquer situação que possa nos machucar. A partir do momento que você acredita que uma ação irá genuinamente falhar, seu cérebro fará de tudo para te convencer a não o fazer para preservar o seu bem-estar. Não somos, pelo menos a maioria de nós, masoquistas. Jamais decidiremos fazer algo propositalmente que sabemos que não vai dar certo, que é errado. O medo te impede de correr riscos, quando nada podemos conquistar sem sair da nossa zona de conforto. � QUANDO NÃO NOS SENTIMOS CONFIANTES Talvez para você não seja medo. Você não teme desvios no caminho e adora correr riscos, ama se aventurar e tentar coisas novas. No entanto, claramente algo ainda te impede de dar o primeiro passo em busca dos seus objetivos. Você não acredita que possui o conhecimento necessário para resolver a situação. Enquanto o medo de falhar discutido no tópico anterior se refere ao produto final e sua qualidade ou efetividade, aqui, você não sabe nem por onde começar. Ou talvez, pelo menos você se convenceu que não. Aqui, não é sobre seu livro que tanto sonhou em publicar ser ruim, difícil de ler, de péssima qualidade; mas sim, sobre você não saber como e por onde deve começar. Quando você não dispõe confiança em suas habilidades tende a evitar projetos em que seja necessário usá-las! Naturalmente não gostamos de realizar tarefasque consideramos difíceis e desconfortáveis, e muito do nosso desconforto quanto a um projeto está relacionado a termos confiança que sabemos ou não, de fato, fazê-los. O motivo para você procrastinar o início do seu projeto de conclusão de curso é a insegurança de não conseguir sair do lugar. Às vezes, pode até tentar começar, decido(a) a finalizar pelo menos a introdução; Depois de escrever quinze versões diferentes da primeira frase você finalmente desiste e decide aposentar o computador pela noite, você não se acha capaz de avançar em suas próprias metas. Admitir dificuldade em alguma habilidade necessária ao seu dia a dia significa reconhecer que você pode e deve melhorar. Você está ciente que uma hora ou outra não terá outra escolha a não ser finalmente começar o seu projeto de conclusão, e que sentir dificuldades no desenvolvimento dele significa ter ainda mais trabalho para tentar adquirir um conhecimento que você já deveria possuir. Mais trabalho? Escrever uma monografia por si só já é bastante trabalho, e saber que precisaremos aplicar ainda mais tempo e dedicação do que o esperado nos frustra. Decidimos então, lidar com esse problema depois. � INCONSISTÊNCIA TEMPORAL Peço que não se assustem, mas talvez seja preciso misturar um pouco de ciência ao nosso debate. Não é nenhum bicho de sete cabeças, prometo. Se trata de algo chamado “Time Inconsistency” e ela pode ser uma das explicações para todos os seus questionamentos. Time Inconsistency, no português “Inconsistência Temporal” é um dos temas de estudo da Psicologia comportamental, ou Behaviorismo, e é um dos possíveis culpados mais frequentemente citados por diversos autores como motivo para agirmos contra o nosso julgamento. Ela se refere a nossa tendência de valorizarmos recompensas mais imediatas comparado a recompensas futuras. Para entender esse conceito preciso que imagine duas versões de você mesmo, duas personas. Vamos lá, eles serão quem você é agora e quem você almeja ser, ou seja, como você se vê agora e como você se vê daqui a um intervalo de tempo. Todo e qualquer plano que você faz para o futuro como perder peso, escrever um livro, melhorar suas notas, ser mais organizado, não acumular dividas, etc... São planos que você faz para a sua versão futura, aquela que você quer ser. Funciona como se você estivesse fazendo planos para você no futuro, são metas a médio e longo prazo. Quando você planeja qualquer coisa que levará mais tempo para ser alcançado. Lembre-se, você está fazendo planos para o seu futuro eu, e não para quem você é agora. A inconsistência Temporal mostra que conseguimos entender muito melhor o valor das nossas ações quando pensamos no nosso “futuro eu”. Pensa da seguinte forma: Nós sabemos que para ter uma média oito no fim do semestre precisamos melhorar nossa vida acadêmica agora, e que essa decisão é extremamente importante para atingir o resultado que queremos. Da mesma forma, sabemos que para conseguirmos publicar um livro de trezentas páginas em seis meses, precisamos começar a escreve-lo agora, é imprescindível que comecemos, afinal, não se escreve um livro em apenas algumas horas. Conseguiu acompanhar? Até aqui o que você precisa saber é que os planos que fazemos são para quem nós queremos ser, e não para quem somos agora. Que quando analisamos nossas possibilidades e opções pensando nessa futura versão de nós mesmos conseguimos valorizar muito mais as ações que precisamos aplicar para atingir nossos objetivos. O nosso “futuro eu” entende o valor de recompensas de longo prazo e o trabalho que deve ser dedicado a conquistar tudo que planejamos, mas o nosso eu de agora... Não. Nosso “futuro eu” consegue fazer quantos planos e metas ele quiser, para que essas metas virem realidade só existe um caminho... O nosso “eu do presente” precisa agir. E é aqui que tudo fica mais complicado para nós meros mortais imperfeitos. Nós sabemos que na hora de tomar decisões, apenas nós mesmos, agora, no presente momento podemos decidir e agir sobre algo. Tudo que o nosso “futuro eu” pode fazer é planejar, e infelizmente, ele é extremamente dependente de quem somos agora. O gatilho mental que complica todo o nosso poder de fazer a escolha certa é esse: Nós apenas pensamos no agora. O mecanismo funciona da seguinte forma, quando você planeja perder cinco quilos em três meses, na verdade você está planejando estar cinco quilos mais magro(a) em três meses. Esta pessoa com cinco quilos a menos é uma versão futura de você mesmo, no entanto, quando você decide não aceitar aquele bolo de chocolate que seu colega de trabalho lhe ofereceu, você está tomando uma decisão para o seu agora. Desta forma é simples de entender que, apesar de querermos certo resultado no futuro, precisamos agir agora, e o nosso “eu de agora” não quer se preocupar com planos futuros. Mas por que o nosso agora quer tanto boicotar os nossos planos? Ambas as versões sabem que melhorar suas notas é algo importante. A diferença está em como reagimos a recompensas de curto e longo prazo. Nosso agora adora recompensas imediatas, e não tem tempo para ficar imaginando ou sonhando com algo que ainda vai demorar meses para chegar. Estamos muito mais preocupados em ser feliz agora, estar confortável agora, sentir o sabor do chocolate agora, e isso pesa mais do que qualquer recompensa de longo prazo. Essa diferença de interesse faz com que vivamos em combate com nós mesmos, e somos obrigados a voltar ao autocontrole do qual nos referimos anteriormente. O seu futuro quer uma nota melhor, mas o seu agora quer assistir aquele filme aclamado que ganhou o Oscar do ano. O seu futuro pode até querer começar o seu próprio negócio, mas o seu agora se sente mais confortável usando o tempo livre no fim de semana para aquela cervejinha com os amigos. Aprender um novo idioma vai ter que esperar, o seu agora prefere ouvir o álbum novo do seu artista favorito. E ai de quem tentar te aconselhar a abaixar o volume do som, o álbum é a sua prioridade e todo o resto automaticamente se torna algo para depois. Entendemos que nós priorizamos as recompensas imediatas e que elas vão influenciar completamente as nossas decisões diárias. Mas e as consequências? Como elas irão afetar as nossas decisões? Ninguém quer ser punido, não é mesmo? A linha de raciocínio para ambos é muito similar. Nós estamos cientes das consequências de nossos atos, e mais uma vez priorizamos as consequências a curto prazo comparado as de longo prazo. Nós sabemos que jovens adultos e adultos com dietas pobres em nutrientes e ricas em gorduras saturadas assim como um elevado consumo de açúcar podem nos deixar bastante doentes no futuro, como diabéticos e com sobrepeso. Mas veja bem! Acabamos de citar a palavra chave de todo o motivo pelo qual procrastinamos a nossa mudança alimentar. “Pode nos deixar bastantes doentes... No futuro” Esse futuro não nos interessa agora, assim como qualquer outra consequência de longo prazo. Todos nós sabemos da importância de salvar aquele dinheiro todo mês para uma aposentadoria mais tranquila e confortável. “Pelo amor de Deus! Eu tenho apenas 25 anos!” Se aposentar está a anos de distância para muitos de nós, logo, ela está no fim da nossa lista de prioridades. É muito mais fácil para nós, jovens e adultos, valorizarmos mais aquela viagem para a mesma cidade que já visitamos outras dez vezes, por que não? A inconsistência temporal é uma das razões que lhe faz desistir de planos para os quais você estava totalmente animado horas antes. Quem nunca marcou aquela baladinha com os amigos para o fim de semana, mas acabou inventando as desculpas mais tolas para cancelar tudo porque você só conseguia pensar em ficar embaixo das cobertas dormindo? Descansar neste caso é muito mais atrativo para você no momento do que dirigir para o outro lado da cidade. Naquele momento você odeia baladas; precisa guardar dinheiro de todo jeito; acha que está até começando a sentir um pouco de dor de cabeça. Você sabe que não quer sair de casa e tenta se convencer de que estaé a melhor decisão, que é a decisão correta. � QUANDO NÃO GOSTAMOS DO QUE FAZEMOS Já tentou fazer algo que você não gosta? Pois é, não é das coisas mais fáceis de se acostumar. Inevitavelmente tentamos ficar o mais longe possível das tarefas tediosas que mais nos oferecem tédio do que prazer. Se você não tem medo de tentar coisas novas, não acredita que o problema está em sua determinação ou não se identificou com a teoria da Inconsistência Temporal, talvez lhe falte amar o que faz. Tudo bem, sei que é difícil amar ir ao banco resolver aquelas pendências burocráticas. Não somos de ferro. Quero que pense em objetivos maiores, na sua carreira, nos seus planos, sonhos. Será que eles realmente representam seus maiores desejos? Talvez você não ame tanto aquele livro de 150 páginas que está tentando ler a seis meses; talvez você não goste tanto assim de fazer exercícios físicos, talvez você está bem com os quilinhos a mais, talvez, no fundo, você sabe que odeia todo o processo envolto na criação da sua empresa. Sabemos que é impossível gostar de tudo. Sempre haverá coisas que lhe causarão arrepios só de imaginar, faz parte de ser adulto e a vida não é feita apenas de coisas prazerosas. Todos nós simplesmente amamos pagar contas, principalmente quando elas estão recheadas de juros, não é mesmo? Óbvio que não, mas precisamos paga-las do mesmo jeito e sabemos de sua importância. Parte de ser alguém responsável é lidar com as tarefas que nós não gostamos de fazer. Até porque, se pudéssemos escolher trabalhar apenas naquilo que gostamos, ou pagar apenas as contas que achamos que devemos, todos nós viveríamos em caos. Tudo que você precisa aprender é como passar por cima da barreira do “não estou afim” e pôr em prática ações que resolvam problemas. Se você acredita que não há chances para mudar, que já passou do limite de salvação e que está destinado a continuar procrastinando, de uma chance a você mesmo. Procrastinar é um hábito e todo hábito pode ser modificado ou eliminado, lembra? Você pode aprender a parar de procrastinar. CAPÍTULO 5 A LINHA DA PROCRASTINAÇÃO & CICLO DE CONTATO “Se adiar tudo até que se sinta preparado nunca irá realizar nada”. - Norman Vincent Peale O ciclo de contato se refere ao ciclo que iniciamos quando começamos algo e a necessidade que sentimos para finalizá-lo. Para algumas pessoas, ele é chamado de Ciclo de Gestalt ou ciclo de experiência; Independentemente de como você o chame, este ciclo poderia ser descrito como a imagem do processo que deveríamos seguir para completar tarefas com sucesso, e é nele que falhamos quando procrastinamos. Este ciclo possui várias etapas que devem ser seguidas corretamente e completadas para que o nosso processo de troca de experiências ocorra. Apesar de existir diversas diferentes interpretações e conceitos de uso, vamos usar neste livro o modelo utilizado por Joseph Zinker, terapeuta altamente responsável pelo crescimento da teoria de Gestalt. O ciclo de contato possui quatro diferentes fases e em cada uma destas fases agimos de forma diferente. Completar todas as fases com sucesso seria o ideal para nós, por exemplo, não procrastinarmos. Tudo funciona assim: � PRÉ CONTATO OU SENSAÇÃO Na fase de pré contato nós recebemos algum estimulo externo que nos faz sentir algo. É uma sensação ou animação a respeito de algo que desperta nosso interesse e capta a nossa atenção. Tratamos o nosso próprio corpo aqui como fundo, um quadro em branco que recebe uma onda de impulsos que nos permite notar algo, nos faz consciente de alguma situação. Apesar deste conceito talvez parecer vago demais para você, as possibilidades de exemplo para esta fase são inúmeras para se listar. Exemplo de situações caraterizadas pelo pré contato: � Quando notamos a urgência de uma situação; � Quando ficamos animados com uma viagem; � Quando nos animamos ao saber que iremos encontrar alguém que gostamos; � Quando nosso coração bate mais forte ao ver alguém que nos interessa; � Quando percebemos que uma data importante está chegando. Esta fase se refere exclusivamente a nossa percepção a um incitamento causado por algo ou alguém, estamos apenas reagindo a algo e não agindo para algo. Para ficar ainda mais fácil, essa fase seria quando você se torna ciente de um trabalho que precisa ser realizado. � INICIO DO CONTATO A segunda fase se caracteriza em uma fase ativa, onde decidimos agir para resolver algo, ou resolver uma situação que nos interessou. Se atente ao fato de que essa fase não se refere a resolver os problemas em si, mas ao processo de decidir agir a respeito de algo e dar continuidade ao processo que foi iniciado na fase de pré contato. Dando continuidade aos exemplos dados, esta seria a situação do ciclo: � Decidir fazer algo para resolver a situação; � Decidir comprar passagens para que a viagem aconteça; � Decidir ir ao encontro desta pessoa; � Decidir se declarar para quem amamos; � Decidir começar o projeto que devemos entregar. É nesta fase que as falhas principais ocorrem. Quando não conseguimos seguir adiante com esta fase, as coisas que começamos não podem ser finalizadas, continuam abertas, como negócios inacabados. Esta situação nos incomoda bastante, na maioria das vezes, nos incomoda muito mais do que o desconforto que trabalhar em algo que não gostamos pode nos trazer. Nesta fase, seria como você decidir começar a trabalhar no projeto que precisa realizar. � ÚLTIMO CONTATO A terceira etapa do ciclo se refere a ação em si, quando realmente agimos para que o que planejamos se torne realidade. É quando nos movemos, e saímos do estado estático que nos encontrávamos. Esta fase é importante por que liga você a aquilo que planejou, ou aquilo que lhe despertou interesse. Nesta fase, toda a sua atenção é voltada na ação que está realizando e não há dúvidas ou questionamentos. Ainda seguindo os exemplos que estamos usando, esta seria a configuração atual: � Buscar resolver a situação que lhe deixou aflito (a); � Realizar a viagem; � Encontrar esta pessoa; � Concluir a declaração para a pessoa amada; � Começar a escrever ou pesquisar o projeto. Esta fase nem sempre será confortável, afinal de contas, nem sempre agir em prol de algo que devemos realizar é algo extremamente prazeroso. No entanto, essa fase do ciclo é muito mais satisfatória do que não estar nela. É muito comum que pessoas que procrastinem e parem na fase 2 do ciclo, se sintam extremamente desconfortáveis e aflitos. Logo, não importa o qual ruim essa fase possa lhe parecer, evitá-la, muitas vezes, se mostrar ser muito pior. Aqui, você ligaria o seu computador e começaria a pesquisa. � PÓS CONTATO Na fase de Pós contanto, finalizamos a ação que começamos. É fechar ou concluir aquilo que você começou, de forma que essa troca vira uma experiencia que será armazenada no seu cérebro; algo que seria adicionado a uma grande biblioteca de momentos e realizações que inclusive, serviram de referências para ciclos futuros. E é por isso que é tão importante passar por todo o ciclo por mais difícil e complexo que ele pareça. Durante essa fase, há uma retração. Você para de agir e sente-se satisfeito. Você fechou um ciclo e viveu algo que queria ou que precisava viver. Nesta fase, não há estresse, apenas aquele suspiro de alivio que damos após conseguir entregar algo com um deadline apertado, ou quando chegamos em nossa casa após suar na academia; ou aquela sensação de esperança que sentimentos após assinar nossos primeiros contratos. É a melhor parte do ciclo, porque nos sentimentos realizados e prontos para mais ciclos, mais tarefas, mais aventuras. � CICLOS INCOMPLETOS A realização destes ciclos é de extrema importância. Veja bem leitor, acumular ciclos “incompletos” em sua galeria, ou seja, em sua mente e tempo pode ter diversas consequências. Imagine aquele papeis que você precisa assinar no trabalho, todos os dias cerca de cinco diferentes papeis chegam até você. Cada um desses papeispossui temas diferentes, são sobre coisas diferentes e possuem diferentes datas de entrega. Você então, lê todos, mas decide não começar a assiná-los pois sabe que é um trabalho tedioso, longo e simplesmente lhe aparenta ser uma tarefa desgastante demais para agora. Como são apenas cinco documentos você deixa para depois. O problema é que como sabemos, todos os dias você receberá novos documentos, com novos temas e novos prazos. Apenas após dias acumulando ciclos incompletos você sente certa urgência em resolver suas pendências e se depara com uma bola de neve de projetos que você mesmo acumulou. Quando decide então, finalmente começar a assinar os papeis, o fato de ter muito mais do que os primeiros cinco que chegaram é ainda mais um motivo para você desanimar e não querer começar. Quando tomar essa decisão eis a questão: por onde começo? O acumulo de tantas coisas que demandam a sua atenção ao mesmo tempo dificulta ainda mais a tarefa de escolher ou priorizar as mais importantes. Não apenas isso, sabemos que temos coisas “inacabadas” e não conseguimos relaxar. Quando você procrastina sabe o que está fazendo, e nem por um momento se esquece das coisas que tem que fazer. Você está a todo tempo ciente daquela tarefa, pensando nela, contemplando começá-la e por todos os motivos que citamos em Por que procrastinamos, você não consegue transformar essa energia em ações. Viver preocupado não é uma das melhores experiências, e é assim que vive um procrastinador, constantemente pensando nas coisas que não fez; em prazos, datas, na gritaria do chefe, quem sabe até na demissão caso falhe em suas tarefas básicas. Ocupados com as coisas pendentes, não estamos abertos a novas experiências voluntárias. É quando dizemos aos amigos que não podemos ir para a balada porque “temos que terminar algo” e acabamos passando a noite encarando a tela do computador sem digitar uma simples letra. CAPÍTULO 6 PRAZO X SEM PRAZO “Procrastinação é a assassina da oportunidade”. - Victor Kiam Procrastinar é uma ação. Um hábito. Ela é consequência; uma reação; talvez até uma defesa que criamos para evitar algo que para nós é desconfortável. Seja por medo de falhar ou porque você odeia aquela tarefa que tem que ser finalizada para ontem, você procura qualquer distração para tirar a sua mente do dever do qual está fugindo. Como discutimos anteriormente, procrastinar está longe de ser apenas preguiça, e envolve vários mecanismos diferentes no nosso cérebro como ansiedade, mecanismos de recompensa, etc... Com quase todas as definições fora do nosso caminho, está na hora de finalmente, listar ferramentas e gatilhos mentais que podem nos ajudar a começar a fazer tudo que precisamos e queremos agora, nesse momento. Deixar as coisas para depois é apenas uma decisão. Porém, para que este capitulo e os seguintes sejam mais didáticos e leves, a partir de agora, trataremos a procrastinação em duas diferentes categorias, elas são: � A procrastinação das metas que possuem prazo � A procrastinação das metas que não possuem prazo Essas duas categorias são de extrema importância a partir deste momento, pois elas nos ajudarão a classificar os nossos objetivos, e implementar as ações mais adequadas para cada situação. Sei que já deve estar exausto(a) de definições, mas me perdoe enquanto escrevo o conceito de cada uma dessas categorias e o que elas significam na prática. � COM PRAZO Uma tarefa ou afazer com prazo, como o nome já diz, é aquele projeto que tem uma data especifica de entrega, um vencimento. Você precisa entregar ou finalizar ele em determinado dia e hora. Este tipo de projeto é muito mais comum no nosso dia a dia, lidamos com ele na nossa vida acadêmica, no nosso trabalho, e a maior parte das nossas tarefas diárias também possuem prazos. Você tem uma data especifica para defender o seu TCC; o semestre da faculdade tem data para acabar e você precisa entregar e finalizar seus trabalhos acadêmicos até lá; a prova tão difícil que toda a sua turma está morrendo de medo de fazer também tem uma data. Mesmo saindo da vida acadêmica, colocamos prazos para quase tudo que fazemos e tudo que nos rodeia de forma involuntária ou essas datas são impostas para todos nós. A fatura do cartão de crédito chega no nosso endereço em uma data exata e também tem data de vencimento. Se não pagamos a tempo, seremos multados com taxas de juros absurdamente altas por atraso. Basicamente, se trata de tudo aquilo que não é opção, e sim obrigação. Você tem que fazer todos os seus pagamentos, caso não pretenda ter jantares a luz de velas quando cancelaram a sua energia, e aposto que também não está animado(a) com a possibilidade de ouvir um sermão do seu chefe sobre o relatório que você deveria ter entregue dois dias atrás. Para esse tipo de tarefa nós somos cobrados constantemente, seja por uma pessoa real de carne e osso, ou pela situação em si. � SEM PRAZO Os nossos projetos sem prazo podem ser definidos como os nossos desejos. São aquelas coisas que pretendemos fazer, temos vontade, são planos ao invés de projetos definidos. Seriam eles aquele sonho de viajar duas vezes ao ano, ou o objetivo de aumentar nossas notas, ou o desejo de começar o próprio negócio, adquirir um imóvel, mudar de cidade. São aquelas coisas que queremos fazer, mas não definimos nenhum prazo especifico para elas. Esses objetivos são tão importantes para nós quanto aqueles que possuem um prazo delimitado, mas por não termos uma data especifica para a entrega, sentimos mais liberdade quanto a esses projetos, o que nos dá muito mais espaço para procrastinar. Essas atividades sem prazo são as que mais sofrem com a nossa procrastinação. Na verdade, as que causam danos mais desastrosos para procrastinadores. Por que? Bom, se não tivéssemos um chefe esbravejando em nossos ouvidos, com certeza nos sentiríamos mais tranquilos para fazer nossas obrigações apenas horas depois do combinado, ou talvez até nem as fazer. Quando há inúmeras oportunidades para o “amanha”, procrastinadores irão usufruir de todas elas. Funciona basicamente da seguinte forma: Estes dois tipos de atividades são iguais até um determinado momento, até que se separam em pontos essenciais. Ambas as tarefas são importantes para nós, são nossas prioridades e sabemos que temos que realizá-las, que a finalização delas nos daria grande satisfação. Como procrastinadores natos, nós adiamos ambos os tipos de tarefa, e sofremos todas as consequências dessa decisão. Nos sentimentos frustrados, estressados, com altos níveis de ansiedade, e até a maior parte do tempo que temos disponível, isso nos impede de agir. É quando, a partir daí tudo muda. Na nossa tarefa com prazo, o peso da data de entrega ou de finalização, em algum momento, falará mais alto. Lembre-se que para essa categoria nós não temos escolha. Ou você faz o seu TCC ou você reprova em seu projeto de conclusão e terá que repetir o semestre. Esse medo, esse desespero, neste momento, quando faltam duas horas para o fim do prazo, lhe fazem agir. É como se o seu senso de preservação te desse um empurro e gritasse aos seus ouvidos que você tem que entregar... Algo. Pelo menos um rascunho. Pelo menos um artigo mal feito e cheio de erros ortográficos, mas você simplesmente não pode decidir não entregar esse projeto, essa não é uma das opções, ela não existe. Esse desespero combinado a uma onda de adrenalina percorrendo o seu corpo lhe dá forças para de alguma forma terminar de escrever a quantidade mínima de páginas, talvez fazer uma capa às pressas em um programa gratuito de edição de imagens, o importante é entregar. É finalizar aquilo que você se propôs a fazer. Este tipo de tarefa só te dá essa única opção. O projeto sem prazo, no entanto... te dá opções demais. Você não se sente pressionado a fazê-los pois não há um vencimento, não há uma data, você não precisa prestar contas a ninguém a não ser você mesmo. Se essa tarefa te causa desconforto de alguma forma ou te força a sair da sua zona de conforto, você pode adiá-la infinitamente.O problema fica ainda maior porque dessa forma, anos e anos podem passar e você não fez nada daquilo que queria anos atrás. Anos podem se passar e fases importantes da sua vida passarão com eles, sem você ter feito nada do que queria ter realizado em cada fase. A viagem dos sonhos que você quer fazer com destino a África desde os seus vinte e cinco anos; O sonho de dar o pontapé naquela Startup que salvaria sua situação financeira que você planeja a mais de cinco anos; Fazer a sua segunda graduação no curso que você sempre amou; Quem sabe até comprar um imóvel, ou criar uma família. Sonhos que você sempre pode deixar para depois até que simplesmente não possa mais. Veja bem, não estou lhe aconselhando a se jogar em seus planos mais loucos com a cara e a coragem, sem nenhum planejamento e apenas torcer para que de alguma forma der certo. Estamos falando da linha tênue entre não estarmos genuinamente preparados para algo, ou usar essa desculpa para não fazer aquilo que devemos ou queremos, porque nos assusta. Estes, no fim das contas, são os sonhos que mais nos frustram, porque sentimos que perdemos grandes oportunidades e que agora é tarde demais para correr atrás do prejuízo. Você agora tem uma família e filhos pequenos e não pode se ausentar por tanto tempo para sua viagem à África, muito menos tem tempo para fazer outra graduação, pagar as contas é mais importante. Aquela Startup que parecia ser uma ideia genial já não aparenta mais ser um bom plano. O comércio mudou, os negócios mudaram e o timing já não funciona mais. Apesar de ambos os tipos de atividades nos deixarem extremamente frustrados as consequências para ambos são diferentes em grau de gravidade a longo prazo. Enquanto umas podem prejudicar o seu semestre na faculdade, outras podem prejudicar todo o planejamento da sua vida. Sim, isso mesmo, de toda a sua vida. Todos os planos para o seu futuro daqui a dez anos dependem do que você faz agora. E procrastinar esses planos parece a receita perfeita para se transformar em sua pessoa confusa e frustrada daqui a dez anos. A procrastinação dos objetivos sem prazo nos faz carregar uma carga muito maior de culpa, porque sabemos que os únicos responsáveis por não termos conseguido fazer algo somos nós mesmos. Não temos ninguém mais para culpar; não temos como jogar a responsabilidade para os nossos sócios, ou para o nosso chefe. A realização desses objetos dependia exclusivamente de nós mesmos, e esse pensamento para muitos é simplesmente assustador pois não queremos ser aquela pessoa em anos cheias de arrependimentos. “Para onde foram todos os anos?”; “A vida passa muito rápido”. Como essas duas categorias possuem consequências distintas os métodos usados para ambas também serão diferentes. Levando em consideração também que combater procrastinações com prazo são, se é que podemos chamar assim, um pouco mais fácil comparado as procrastinações sem prazo. Essas requerem muito mais energia e muito mais dedicação daqueles que se dispõem a começar a trabalhar em seus objetivos e realizá-los agora, não depois. CAPÍTULO 7 COMO PARAR DE PROCRASTINAR “Procrastinação, é sempre sombra de dúvida, nossa forma favorita de auto sabotagem”. Alyce P. Cornyn-Selby Já chega de conceitos, prometo. Vamos parar de procrastinar. Nos seguintes tópicos abordaremos inicialmente três diferentes métodos que lhe ajudarão a diminuir consideravelmente seu hábito de procrastinador. No primeiro tópico trataremos do PLANEJAMENTO. Esse fator é de extrema importância para garantir que você saiba exatamente o que precisa fazer a curto e longo prazo, esta etapa evita sustos e surpresas, aquela situação de nos darmos conta de uma tarefa 24 horas antes do prazo. O segundo tópico abordado se refere ao famoso sistema de RECOMPENSA, e como elas podem ser suas melhores aliadas para ser produtivo. Para esta etapa, nós falaremos em como “enganar” o nosso cérebro a sentir vontade de fazer tarefas árduas que normalmente evitaríamos no nosso dia-a-dia. No terceiro tópico deste capítulo trataremos da PUNIÇÃO, e como ela pode condicionar o seu comportamento para não procrastinar mais. Aqui nós ensinaremos nossas mentes a reconhecer que a consequência da procrastinação tem afetos imediatos e não a longo prazo. Pronto(a) para começar a mudar o hábito de procrastinar e tomar as rédeas dos seus projetos e da sua vida? Vamos lá! � COM PLANEJAMENTO Como primeiro tópico abordado o planejamento tem papel fundamental em tudo que faremos. O primeiro passo para a organização de seus projetos e afazeres é decidir as etapas que você precisa completar para finalizar tudo com calma e qualidade. O planejamento permite que você minimize as chances de erros e imprevistos, e o que nós estamos tentando fazer é justamente prevenir os erros no nosso processo não é mesmo? Se você não possui um calendário, pare tudo que está fazendo e corra para a loja de conveniência mais próxima. Você precisa ter um calendário de tamanho razoável a sua disposição. É nele que você vai organizar todas as suas metas e objetivos, sem exceções. Por mais que você possua calendários no seu smartphone, compre um calendário físico para deixar na sua mesa de estudos ou home office. Caso não goste de escrever a mão, vale a pena a busca por aplicativos de calendário para computares ou notebooks. De preferência, algum modelo que possa ser instalado no seu papel de parede do computador. Isso mesmo! O importante é que o calendário esteja a todo momento visível para você e de fácil acesso. Agora que você já tem seu calendário em mãos ou no seu computador, o próximo passo é anotar as suas tarefas. Sim! Pode parecer um passo talvez até bobo, mas muitos de nós frequentemente perdemos a noção de quanto trabalho realmente temos para fazer quando não colocamos tudo no papel. Separe alguns minutos do seu dia para fazer uma lista de todos os afazeres, objetivos e planos que você possui. Nesta fase, não importa se o prazo de entrega é para ontem ou se o projeto é para daqui a dois anos, apenas anote tudo que você quer realizar, todas as coisas que você tem que fazer. Com a sua lista, que imagino estar gigantesca a este ponto, você irá agora categorizar os seus planos! Todos os itens que você listou agora serão segregados em três grandes categorias: � Planos de curto prazo � Planos de médio prazo � Planos de longo prazo (Ou planos sem prazo) Ué? Mas nós não já falamos de prazos? Exatamente. Lembra quando falamos que os prazos, de certa forma, ajudam a evitar a procrastinação, visto que ao nos aproximarmos da entrega entramos em estado de desespero e agimos? Pois bem, isso não quer dizer, é claro, que quero que vivam em estresse e desespero, um passo de cada vez. Inicialmente, essas categorias nos ajudam a ter uma noção melhor de quando temos que finalizar algo e nos ajuda a ser mais organizados. Com o uso dessas categorias, conseguimos visualizar de forma mais clara o que precisamos fazer e quando precisamos fazer. Para deixar a classificação mais clara, o critério que você deverá usar para organizar seus planos são: � Plano de curto prazo = Aqueles projetos que levarão menos tempo para serem realizados. O ideal é que esses planos não possuam um deadline maior a 1 mês. Aqui você colocará planos como: Arrumar o seu quarto; começar a frequentar a academia; organizar os arquivos do seu computador; desfazer as malas de uma viagem; etc. � Plano de médio prazo = Nesta categoria estarão os projetos que levarão um pouco mais de tempo para serem concluídos. Coloque aqui planos que não ultrapassem 3 meses, como: Perder 2kg; finalizar um artigo de pesquisa; concluir 10 aulas de inglês ou do idioma de preferência; etc. � Plano de longo prazo = Sabe aquela viagem dos sonhos que citamos várias vezes neste livro? Ela será classificada aqui. Esses são os projetos que precisarão de mais de 3 meses para serem concluídos, como: Uma viagem; retirar a carteira de motorista; terminar o seu TCC; etc. Nesta categoria também estarão os planos sem prazo, aqueles quevocê quer realizar, mas não escolheu uma data especifica ainda, como a compra de um novo imóvel, por exemplo. É importante lembrar, no entanto, que estes são apenas alguns exemplos e você deverá classificar os seus próprios projetos de acordo os prazos da forma que acha mais adequada. Afinal, todos nós temos planos diferentes, com prazos diferentes e importâncias diferentes. Agora que os seus projetos já estão devidamente classificados, o próximo passo é transformá-los em metas. Basicamente, você vai quebrar grandes projetos em pedaços menores; transformar um grande prazo em vários prazos menores. Isto irá lhe ajudar a manter o fluxo de trabalho muito mais tranquilo e organizado. Se você ainda não entendeu o conceito dos prazos, aqui estão alguns exemplos para cada um dos tipos apresentados. � PLANO DE CURTO PRAZO Você tem uma reunião importante com representantes de alguns clientes e precisa apresentar números dos avanços dos negócios realizados pela sua empresa, assim como dar amostras das ideias que pretendem implementar no futuro. Seu chefe lhe informou desta reunião hoje, e ela acontecerá daqui a exatamente três semanas, o que a configura como um afazer de curto prazo. Suponhamos que você precise apresentar as provas de crescimento ou desenvolvimento de seis diferentes clientes parceiros. Isto significa que você precisa montar uma apresentação e coletar dados e informações destes seis clientes para a reunião que acontece em três semanas. Como um bom procrastinador, em outra situação você ficaria tranquilo com o intervalo de tempo que possui até a data da reunião e deixaria para começar a recolher a papelada na semana em que a reunião está agendada. No entanto, desta vez tentaremos algo diferente. Você sabe que possui dias muito puxados no trabalho e dias mais leves, onde a carga de afazeres é menor. Suas metas então, serão separadas de acordo com esses dias. Como? Neste caso é simples, você tem a papelada de seis clientes e três semanas de prazo. Isto significa que em cada semana, você selecionará dois clientes para serem as metas daquela semana. Nossa situação estará mais ou menos assim: Desta forma, ao invés de acumular tudo que precisa fazer para apenas um dia, esses afazeres serão separados em dias diferentes, em metas menores. O ideal será que os dias escolhidos para a realização do trabalho sejam aqueles em que sabe que possui mais tempo disponível, para que a carga de trabalho não fique grande demais para o espaço de tempo definido. Todas essas datas serão adicionadas em seu calendário que deverá estar bem visível, lembra? Assim você vai saber exatamente os dias em que terá que coletar a papelada. Pessoas habituadas a dividir seus projetos em metas perceberam grande melhoria na organização de seus projetos. Desta forma não há sustos ou correria nas últimas horas. Dias antes da reunião tudo já estará pronto. Quando você já estiver familiarizado com o uso do calendário e da definição de metas, elas podem ficar cada vez mais detalhadas e especificas. Estes dias do nosso exemplo poderiam ser quebrados ainda mais, dividindo o trabalho em mais partes ainda. Tudo depende do seu conhecimento sobre a sua rotina e os dias que achar propícios para dar aquela adiantada em alguns de seus projetos. � PLANO DE LONGO PRAZO Para uma situação de longo prazo, imaginaremos que você está sonhando em fazer uma viagem para a Europa no final deste ano. Você tem trabalhado muito e acha que merece essa recompensa. Sem contar que seus amigos ou familiares sonham em viajar para a Europa a muito tempo e seria a grande realização de um sonho. Suponhamos que você tem exatamente 12 meses de prazo para essa viagem. Nesse tempo você terá que cuidar de todos os tramites e documentos que uma viagem exige, e muito provavelmente eles não serão resolvidos em três semanas como no exemplo anterior. Neste caso você também irá definir metas, só que metas com prazos maiores. O primeiro passo é fazer uma lista de todas as etapas que você precisa concluir para que essa viagem saia do papel. Precisará fazer orçamento, comprar passagens, reservar hotéis, escrever itinerário ou contratar agência de turismo, preparar passaportes, se preparar financeiramente, etc... Uma vez que a lista esteja pronta, você irá definir prazos para os itens. Esse passo é essencial, já que em projetos como esse uma etapa normalmente leva a outra. Não daria para, por exemplo, deixar o cálculo do orçamento como última meta, ela é a primeira coisa que deve ser feita e irá ser fator decisivo para a escolha das passagens, hotéis e tempo de viagem. Segregando um projeto grande e de longo prazo, em pequenas tarefas com prazos menores dificilmente ocorrerá algum erro durante o processo. E mesmo que ocorra, apenas aquela meta sofrerá um atraso, e não o projeto todo. Pense neste processo como tentar alinhar peças de dominó e ter o cuidado de deixar um espaço a cada grupo de 10 peças, para que caso alguma peça caia e derrube a fila de peças, termos a confiança de que apenas 10 peças cairão, e não a linha de dominós inteira. Este método pode e deve ser aplicado em literalmente tudo que rodear a sua vida e seus planos. Seus projetos escolares, seu TCC, o planejamento do seu negócio, planejamento de viagens, de comprar um imóvel, de mudança de cidade, compra de um carro do ano, troca de celular por um smartphone mais moderno... Literalmente tudo pode ser transformado em metas, e essas metas são a garantia de que a linha dos seus objetivos não será derrubada. � COM O SISTEMA DE RECOMPENSA Nós já sabemos que o nosso cérebro prefere recompensas imediatas graças ao capítulo 4. Nós sempre daremos prioridade as ações que nos dão prazer agora, comparado a benefícios de longo prazo, e o nosso cérebro é algo muito difícil de ser mudado. É da nossa natureza tentar nos preservar o máximo possível e evitar problemas. Entenda que, independente do que você faça, seu cérebro sempre tentará lhe convencer a assistir o campeonato de Tênis que está no ar com os seus atletas favoritos se a outra opção for responder e-mails. O que podemos fazer então, para transformar uma desvantagem em vantagem e “enganar” o nosso cérebro para aceitar fazer aquilo que não gostamos ou ainda melhor, fazer com que o nosso cérebro queira realizar essas tarefas? É bastante simples, a partir de agora suas ações não andarão sozinhas. A linha de pensamento funciona assim: Você não irá fazer apenas uma tarefa ruim... ou apenas uma tarefa que lhe proporciona prazer. Agora elas andarão juntas, e você irá realizá-las em conjunto. Uma dependerá da outra. Este método é utilizado para fazer com que as suas recompensas sejam mais imediatas e para que sua mente entenda que, caso realize uma tarefa chata que você realmente não quer fazer, receberá uma recompensa agora, nesse exato momento, e não daqui a seis meses. O processo funciona da seguinte forma: Para cada atividade que você tende a procrastinar, você deverá adicionar uma atividade que você gosta de fazer a ela, e você apenas poderá fazer a atividade boa quando fizer a ruim. Ou seja, cada vez que você lutar contra a vontade de procrastinar e finalizar uma tarefa, você será recompensado imediatamente com algo que lhe proporcione prazer. É imprescritível que a tarefa “agradável” dependa da finalização da sua tarefa “desagradável”. Aqui, você está condicionando o seu cérebro a assimilar atividades que antes você considerava ruins por qualquer um dos motivos citados neste livro a uma atividade prazerosa. Você precisa se privar desta atividade agradável em outros momentos do seu dia a dia. A questão em jogo é que não podemos dar a sua mente a opção de escolher entre uma situação mais fácil e outra mais difícil, pois sabemos que ela sempre optará pela primeira opção. Você deverá seguir exemplos como estes: � Você só deve fazer as unhas quando estiver respondendo seus e-mails; � Você só pode comer seu chocolate favorito quando ler 50 páginas do livro; � Você só pode ir jogar golfe após preparar o material
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