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Linguística Pragmática, Análise do Discurso e Filosofia da Linguagem

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Linguística: Pragmática, Análise do Discurso e Filosofia da Linguagem
Implicatura convencional e implicatura conversacional
Sendo a comunicação a base da vida em sociedade, e o desenvolvimento humano e o avanço das civilizações dependentes principalmente da utilização da linguagem, é que podemos concluir que linguagem e sociedade relacionam-se intimamente, de modo que uma não existe sem a outra. Por isso, ao ser realizada a leitura de um texto, é fato que de alguma forma ele remeta a ideia de algo que já foi lido anteriormente, e que isso que já foi lido torna, de alguma forma, possível a relação entre o que está sendo lido com o que já foi lido. No entanto, quando se pensa em textos, deve-se pensar imediatamente em quem redigiu esse texto e principalmente com que intenção e/ou objetivo esse texto foi construído, afinal textos não se auto escrevem, mas são escritos, portanto, de acordo com o contexto, o suporte e o público alvo ao qual o texto se dirige, existem várias intenções e/ou interpretações acerca do que foi dito.
De acordo com Fiorin (2007), o ponto de partida da Pragmática foram os trabalhos dos filósofos da linguagem, particularmente John Austin e Paul Grice. O primeiro diz que a linguagem não tem uma função descritiva, mas uma função de agir, já que ao falar, o homem realiza atos. Grice mostra que a linguagem natural comunica mais do que aquilo que se significa num enunciado, pois, quando se fala, comunicam-se também conteúdos implícitos. Deste modo, de uma maneira tradicional, conceitua-se Pragmática como “o estudo do uso linguístico” (Levinson, 2007, p. 06) ou ainda também, que Pragmático é o estudo da relação entre a estrutura da linguagem e seu uso, o que fora deixado de lado pelas correntes anteriores da Linguística, que criaram outros objetos teóricos. O estudo do uso é absolutamente necessário, pois há palavras e frases cuja interpretação só pode ocorrer na situação concreta de fala. Por outro lado, é necessário também estudar o uso, porque na troca verbal comunicamos muito mais do que as palavras significam. Assim, após vários estudos e leituras acerca das tentativas de definições da pragmática, compreendemos como conceito de pragmática a ciência que estuda o significado das palavras e dos enunciados dentro de um determinado contexto, extrapolando o sentido literal dos enunciados e demonstrando o que se encontra implícito na comunicação.
Austin e Grice foram os precursores dos primeiros trabalhos relacionados à ciência da Pragmática. Austin (1965) proporcionou uma nova concepção à Linguística, mostrando por meio da sua teoria, a visão performativa da linguagem, ou seja, a capacidade do homem em realizar ações por meio dos atos de fala. Já Grice (1975) revelou que a comunicação natural pode informar conteúdos implícitos, capazes de provocar a violação de uma de suas máximas conversacionais que regem o princípio da cooperação.
 Observando que existe uma divergência frequente entre a significação das frases e o sentido do enunciado e que, portanto, certos enunciados comunicam muito mais do que os elementos que o compõem, Grice formula a noção de implicatura, que são inferências que se extraem dos enunciados. Ele não usa o termo implicação, porque a noção de implicatura é mais ampla do que a de implicação, já que esta só pode ser provocada por uma expressão linguística, enquanto aquela pode ser suscitada por expressões linguísticas e pelo contexto ou pelos conhecimentos prévios do falante.
Levinson (2007) nos diz que Grice começa por distinguir dois tipos de implicaturas: as desencadeadas por uma expressão linguística, as implicaturas convencionais, e as provocadas por princípios gerais ligados à comunicação, as implicaturas conversacionais. A distinção entre implicaturas convencionais e conversacionais parece bastante clara: aquela é provocada por uma expressão linguística e esta é suscitada pelo contexto. Wilson (2009), fala que, refletindo sobre este segundo tipo de implicatura, Grice criou o princípio de cooperação e as máximas conversacionais. Para ele, nem sempre o que se diz corresponde à realidade ou é realmente aquilo que se quer dizer, donde a importância de se recorrer, nestes casos, ao contexto comunicativo: o significado é obtido, então, por meio de uma implicatura, isto é, do resultado da adesão ao princípio de cooperação que guiaria a interação verbal (linguística) entre os indivíduos.
 O princípio de cooperação é elaborado com base em uma fórmula geral e é assim posto: faça a sua contribuição no momento exigido, visando aos propósitos comuns e imediatos, de forma consequente em relação aos compromissos conversacionais estabelecidos. Assim, de acordo com os estudos de Grice do princípio de cooperação resultam quatro máximas:
A classe das implicitações/implicaturas integra duas subclasses: as implicaturas convencionais e as implicaturas não convencionais. As implicaturas convencionais são as inferíveis através de palavras ou de sequências de palavras. (O termo convencional refere, especificamente, aquilo que tem realização linguística.)
Ex.: Surpreende-me que o Zé Tinoco seja astronauta.
Implicatura convencional: O Zé Tinoco é astronauta.
Do lado das implicaturas não convencionais consideram-se duas grandes categorias: as implicaturas conversacionais e as implicaturas não conversacionais.
O princípio da cooperação estipula que o interlocutor é cooperativo na troca verbal no sentido em que a sua contribuição na conversação deve corresponder àquilo que dele se exige em função da direção que a conversação tomar e em função da finalidade comunicativa tacitamente assumida entre o dois interlocutores.
No decurso da interação, o locutor observa as seguintes máximas conversacionais:
— máxima de quantidade (requer que o interlocutor não diga nem mais nem menos informação do que a necessária para uma dada finalidade comunicativa);
— máxima da qualidade (requer do locutor que nunca afirme aquilo que crê que é falso e para o qual lhe faltam provas);
— máxima da relação (requer do locutor que a sua participação seja pertinente);
— máxima da maneira/modo (requer do locutor que participe na conversação com uma elocução ordenada, evitando ser ambíguo, prolixo ou obscuro).
Ex.: Tenho seis filhos.
Implicatura conversacional: «O Zé Tinoco tem apenas seis filhos» (apesar de, tendo nove filhos, o Zé Tinoco poder dizer que tem seis, dado que nove inclui seis). O interlocutor do Zé Tinoco retira esta implicatura («tem apenas seis filhos») porque parte do princípio de que o Zé respeita a máxima da quantidade.
As implicaturas não conversacionais resultam da combinação do sentido das palavras com o conhecimento do contexto situacional e têm fundamento estético, social ou moral. Grice dá como exemplo de máxima não conversacional a máxima de cortesia. 
Segundo Fiorin muitas críticas foram feitas às concepções de Grice. Alguns autores dizem que ele tem uma concepção idealista da comunicação humana e, por conseguinte, da sociedade, porque imagina a troca verbal como um evento harmonioso, ignorando os antagonismos, os litígios, as discórdias e as oposições que caracterizam tantos atos de comunicação. Por outro lado, diz-se que Grice é normativo, que ele pretende ditar regras para a comunicação humana. Nenhuma das duas críticas procede. As máximas conversacionais não são um corpo de princípios a ser seguido na comunicação, mas uma teoria de interpretação dos enunciados, já que Grice não ignora a existência dos conflitos na troca verbal.
Não e observam, na literatura sócio-pragmática, estudos que identifiquem ou estabeleçam divergências teórico-metodológicas sobre o fenômeno. Ora os estudos se limitam a descrever instâncias de ocorrência da indeterminação, ora se ocupam de defender a centralidade do fenômeno no discurso, ora se restringem a estabelecer oposições a um campo externo às abordagens discursivas. Neste último caso, localizamos especificamente o estudo de Green (1996), que discute "ambigüidade pragmática" em função do conceito de "ambigüidade semântica", não se referindoà polêmicas entre as abordagens sócio-pragmáticas.
A literatura vem demonstrando a centralidade da indeterminação no âmbito dos estudos discursivos. Podemos afirmar que a indeterminação se apresenta como um problema teórico relevante, por revelar processos inerentes à interação, ao discurso ou ao uso da língua. Portanto, neste artigo, buscamos dimensionar a indeterminação como um objeto das tradições de análise do discurso, identificando oposições teórico-metodológicas em seu tratamento.
Quanto às motivações da indeterminação, demonstramos que a pragmática de Grice e Searle abrem a possibilidade de considerar apenas a natureza indireta do discurso como pertinente ao objeto indeterminação. Por não possibilitar investigar o significado discursivo relativo à negociação dos diversos contextos interacionais, nem o próprio processo de enquadrar a experiência, as teorias de Grice e Searle resumem-se a estudar a indeterminação gerada pelas dificuldades de interpretação das pistas indiretas de significação. Assim, são excluídos, como motivações da indeterminação, o caráter negociado e o caráter metafórico do discurso, indicados pela perspectiva sócio interacional.
Quanto ao escopo de fenômenos relacionados à indeterminação, consideramos os conceitos de "mal-entendido" e de "duplo vínculo". Definimos o mal-entendido em termos de uma disjunção e o duplo vínculo em termos de uma conjunção. Demonstramos que estes dois conceitos expressam diferentes visões do fenômeno: o mal-entendido relaciona-se à visão apriorística e resolutiva do contexto, à perspectiva harmoniosa de comunicação e à noção de significado como uma entidade estável. O duplo vínculo aponta para uma noção complexa (e paradoxal) de contexto, para a não necessidade de uma comunicação harmoniosa e para a noção de significado como construção interacional. Por definição, portanto, as teorias de Grice e Searle necessariamente desconsideram o duplo vínculo como um fenômeno discursivo.
Contudo, apesar destas observações, consideramos que a categoria enquadre possibilita uma análise mais precisa da indeterminação como um fenômeno discursivo do que o conceito de "intenção" proposto por Searle e os "princípios de cooperação" propugnados por Grice. Ou seja, a perspectiva de que o contexto, a comunicação e o significado estão sujeitos à vulnerabilidade e à negociação coloca a indeterminação como inerente aos processos de construção de significados e à própria constituição do discurso. Deve-se registrar que há efetivamente divergências entre as abordagens sócio pragmáticas de análise do discurso, identificadas por Schiffrin (1994), no tocante, entre outros aspectos, às noções de contexto e comunicação. É de se supor, portanto, que tais divergências tragam implicações na abordagem da indeterminação do significado.
REFERÊNCIAS
BROWNE, Christian. Disponível em: <http://comicshagar.blogspot.com.br/> Acesso em: 05 out, 2020.
FRASES Famosas. < Disponível em: www.frasesfamosas.com.br > Acesso em: 05 out. 2020.
FERRAREZI JUNIOR, Celso. Semântica para a educação básica. São Paulo: Parábola, 2008.
FIORIN, José L. Introdução à linguística. 5ª ed. São Paulo: Contexto, 2007.
LEVINSON, Stephen C. Pragmática. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
QUINO. Disponível em: < http://clubdamafalda.blogspot.com> Acesso em: 05 out, 2020.
http://revistaeduca.unir.br/: Acesso em 05 de ou, 2020.
 https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/7612: Acesso em 05 de ou, 2020.

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