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1. Introdução São direitos associados à cidadania, sendo direitos de 1ª dimensão. A democracia é um regime político que se contrapõe ao regime ditatorial e que tem base popular, ou seja, seu fundamento é que o poder emana do povo. Ela reside na soberania popular, expressada através dos direitos políticos. Existem 3 tipos de democracia: • Direta : Não há representação • Representativa : Se revela apenas por meio dos representantes do povo • Semidireta/Semi-indireta/Participativa : Reúne elementos de ambas Contida no parágrafo único do art. 1º da CF/88. O sufrágio é o direito subjetivo político que permite que o cidadão participe da formação da vontade nacional, sendo a essência dos direitos políticos. Não se resume no direito de votar e de ser eleito, todas as manifestações do cidadão são manifestações do sufrágio, como a participação em plebiscitos, referendos, a proposição de uma ação popular, etc. O sufrágio, no Brasil, já foi: • Censitário : Discrimina as pessoas em razão de sua renda • Capacitário : Discrimina as pessoas por sua suposta falta de “capacidade intelectual” Ex.: Mulheres e analfabetos • Universal : Não há discriminações negativas nem preconceitos (Art. 14, caput) A CF estabelece regras em razão da proporcionalidade e da razoabilidade 2. Direitos Políticos Positivos Ativos Os direitos políticos são adquiridos no Brasil por meio do alistamento eleitoral, que pode ser facultativo ou obrigatório. Art. 1º Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Existem também aqueles que estão proibidos de alistar-se. Estrangeiros em geral não podem exercer direitos políticos no Brasil, a exceção do português equiparado devidamente equiparado politicamente, cidadão estrangeiro, conforme o art. 12, §5º, da CRFB/88. Além dele, o militar que está cumprindo o serviço militar obrigatório não pode se alistar; no entanto, o militar de carreira poderá realizar o alistamento. As intervenções ativas diretas são aquelas que podem ser realizadas por quem possui o título de eleitor. A primeira manifestação é a iniciativa popular, que permite a apresentação de projetos de leis populares, conforme o art. 61, §2º e o art. 13 da Lei 9.709/98, sendo que esta última afirma que tal projeto só pode possuir um único tema e não poderá ser rejeitado por vício de forma, cabendo aos legisladores ajustarem os equívocos. A tramitação inicia-se na Câmara dos Deputados. Não existe possibilidade de, por iniciativa popular, ocorrer a apresentação de projeto de emenda constitucional, só podendo ser de lei ordinária ou complementar. Também é possível a iniciativa popular no âmbito dos Estados, sendo o artigo 27, §4º, que será tratada por lei. Ou seja, é preciso que se crie uma norma estabelecendo a possibilidade de apresentação de projeto de lei pelo povo. Por fim, no plano dos municípios, o artigo 29, XIII, estabelece o requisito de 5% do eleitorado para que seja apresentado o projeto de lei de iniciativa popular. Art. 14. §1º O alistamento eleitoral e o voto são: –I obrigatórios para os maiores de dezoito anos; –II facultativos para: a) os analfabetos; b) os maiores de setenta anos; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. Art. 14. §2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. Art. 27. §4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual. A participação em plebiscitos e referendos se encontra no art. 2º da Lei 9.709/98, podendo ser convocados para tratar de matéria constitucional, legislativa ou administrativa. O plebiscito é convocado anteriormente ao ato do poder público, cabendo ao povo aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido; já o referendo é convocado após ato administrativo ou legislativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição. O seu cabimento encontra-se no art. 3º da Lei. Existem alguns plebiscitos previstos na Constituição, a exemplo dos previstos nos §§3º e 4º do artigo 18, que preveem a sua realização na criação de novos Estados e Municípios. No plano federal, os plebiscitos e referendos são convocados, segundo o art. 49, XV, pelo congresso nacional por meio de decreto legislativo. Outra manifestação é a ação popular visto que, segundo o art. 1ª, §3º da Lei 4.717/65, só poderá ser proposta pelo cidadão. É também um remédio constitucional. Por fim, o voto é uma importante intervenção popular, protegido como cláusula pétrea devido a sua importância para a democracia. Conforme o art. 60, §4º, II, ele é direto, secreto, universal e periódico, sendo que a sua obrigatoriedade não é cláusula pétrea e pode ser objeto de emenda constitucional. Previsto no artigo 14 da Lei 1.079/50, aquele que apresenta acusação por crime de responsabilidade contra o Presidente da República na Câmara dos Deputados é o cidadão. 3. Direitos Políticos Positivos Passivos São representados pelas condições de elegibilidade (para que o cidadão possa concorrer a cargo eletivo), previstas no art. 14, §3º, e são cumulativos. Art. 1º §3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda. Art. 14. §3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: –I a nacionalidade brasileira; –II o pleno exercício dos direitos políticos; –III o alistamento eleitoral; –IV o domicílio eleitoral na circunscrição; –V a filiação partidária; Tanto os brasileiros natos quando os naturalizados poderão concorrer a cargos eletivos, lembrando que, segundo o art. 12, §3º, existem cargos reservados a brasileiros natos. Além disso, a Constituição exige que o candidato esteja no pleno exercício dos direitos políticos, conforme o artigo 15. Para concorrer nas eleições, é necessário também o alistamento eleitoral. Nem todos que –podem votar poderão ser votados a exemplo do analfabeto ou de cargos com exigência mínima –de idade , mas todos aqueles que possuem capacidade eleitoral passiva possuem a capacidade eleitoral ativa. Se exige o domicílio eleitoral na circunscrição perante a qual o indivíduo quer se candidatar e, segundo a lei das eleições, deve ser o do indivíduo a pelo menos 6 meses. Este mesmo requisito de tempo é aplicado ao deferimento da filiação partidária, conforme estabelece o art. 9º da Lei 9.504/97. Não se admite no Brasil a candidatura avulsa, de candidato não filiado a nenhum partido. O último requisito diz respeito à idade mínima para diversos cargos. Tal requisito deve ser comprovado no ato da posse, com exceção dos 18 anos para vereador, que necessita ser provada no registro da candidatura. 4. Direitos Políticos Negativos São as restrições que a pessoa sofre em relação aos seus direitos políticos, sendo as inelegibilidades e a perda e suspensão dos direitos. As inelegibilidades afetam os direitos políticos passivos, impedindo a pessoa de ser eleita, enquanto a perda e suspensão afetam os direitos ativos e passivos. 4..1. Inelegibilidades O entendimento majoritário é que as inelegibilidades absolutas estão previstas em rol taxativo constitucional, no art. 14, §4º, não podendo ser ampliadas por legislação Art. 14. §3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: –VI a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice- Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador. –infraconstitucional. São os inalistáveis estrangeiros (exceto o português equiparado) e –conscritos e os analfabetos. As hipóteses das inelegibilidades relativas podem ser estabelecidas e ampliadas por Lei Complementar, conforme o §9º do art. 14, existindo até lei específica para isso, a Lei Complementar64/90. É proibido um terceiro mandato consecutivo pelo chefe do Executivo no poder, mas pode concorrer novamente e ser eleito desde que após a “quebra” da consecutividade. Frise-se que não há essa vedação para o Legislativo, sendo possíveis sucessivas reeleições nos cargos de vereador, deputado e senador. Vice: Ser Presidente é diferente de substituir o Presidente em situações esporádicas. Por isso, nesse último caso, o Vice pode concorrer à Presidência. Em caso de sucessão, finalizar o que falta conta como um mandato. Destaque-se também que não é possível, pela terceira vez consecutiva, um membro do mesmo grupo familiar concorrer a cargo eletivo para prefeito no mesmo município. O STF estabeleceu no RE 637.485 que não é possível a figura do “prefeito itinerante”, também conhecido como “prefeito profissional”, ou seja, prefeito reeleito não pode concorrer a cargo de prefeito em outro município. Tal visão também se aplicaria ao cargo de Governador, embora isso não costume ocorrer. Trata da desincompatibilização, impondo que os titulares de cargos do Executivo, caso queiram concorrer a outros cargos eletivos, precisam renunciar ao cargo de origem. É claro que, para a reeleição, não há a necessidade de desincompatibilização; e esta não se aplica aos legisladores. Art. 14 §5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente. Art. 14 §6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. Este artigo define a inelegibilidade reflexa, buscando evitar a formação de grupos hegemônicos familiares no poder, o que comprometeria a democracia. Tal instituto está associado a familiares de titulares de cargos do Executivo, membros do legislativo não geram a inelegibilidade reflexa aos seus parentes. A família abrange o cônjuge/companheiro, parentes até 2º grau, consanguíneos ou por afinidade, abrangendo, portanto, os filhos (biológicos ou adotivos), netos, pais, avós, irmãos, sogros, genro/nora, enteados, padrasto/madrasta e cunhados. Não se incluem no parentesco os tios, sobrinhos e primos. Os membros da família não podem concorrer a cargo eletivo no território que está sob o comando do titular de cargo do Executivo. No Município, a família do prefeito não pode concorrer a prefeito/vice ou vereador naquele município; já no Estado, além daqueles, a família do governador também não pode almejar os cargos de governador/vice, deputado estadual, deputado federal e senador. Por fim, os familiares do presidente da república são completamente inelegíveis. A família do vice só ficará inelegível se o vice substituir o titular do cargo nos 6 meses anteriores ao pleito eleitoral, mesmo que tenha substituído apenas durante um período dentro desses 6 meses. Destaque-se que o instituto da inelegibilidade reflexa não se aplica aquele membro da família que já é titular de cargo eletivo e candidato à reeleição. Também é possível que diversos membros da mesma família concorram originariamente a vários cargos eletivos, sendo possível a reeleição para todos. Esta súmula foi criada para evitar a burla à norma da inelegibilidade reflexa por meio da dissolução fraudulenta da sociedade conjugal. Sendo assim, não se aplica tal entendimento em caso de extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges. Se a renúncia for apresentada no 1º mandato do titular do cargo do Executivo, haverá o afastamento completo da inelegibilidade reflexa e a família poderá concorrer a qualquer Art. 14 §7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. Súmula Vinculante 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal. cargo, inclusive ao antes ocupado pelo renunciante. No entanto, ocorrendo já no 2º mandato, a família não poderá concorrer ao cargo antes ocupado pelo renunciante, mas pode concorrer a outros cargos. Como consequência disso, aquele que se elege no primeiro caso não poderá concorrer à reeleição, pois resultaria no terceiro mandato consecutivo com aquela família no poder. Em caso de desmembramento, como na criação de município novo pelo processo do §4º do art. 18, CF, os parentes do titular de cargo do Executivo do município-mãe não poderão se candidatar a cargos eletivos no município recém-criado, nem o prefeito reeleito a eleição. Aplica-se a mesma regra no caso de desmembramento para criação de novo Estado, conforme §3º do mesmo artigo. 4..2. Perda e Suspensão Primeiramente, deve-se frisar que não é permitida a cassação – – retirada arbitrária de direitos políticos, conforme o art. 15 da CRFB/88. Neste artigo estão as hipóteses de perda, que geram o cancelamento do título de eleitor, e de suspensão, havendo a sua interrupção temporária. Ambos afetam tanto a capacidade de votar quanto a de ser votado. Havendo a perda da nacionalidade, ocorrerá também a perda dos direitos políticos, sendo que o caso deste inciso está disposto no art. 12, §4º, I. Aplica-se também ao caso do inciso II, onde o brasileiro abre mão da nacionalidade brasileira. Esse instituto foi modificado pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, ou seja, agora apenas os menores de 16 anos se encaixam neste inciso, que perde sua aplicabilidade. É um caso de suspensão, aplicando-se no caso de condenação por qualquer infração penal, seja crime doloso, culposo ou até mesmo contravenção. Perceba-se que esta não se aplica aos presos provisórios. Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: –I cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; –II incapacidade civil absoluta; –III condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; Trata da escusa de consciência e é o único inciso que gera alguma polêmica, pois parte da doutrina acredita ser esta uma hipótese de perda de direitos políticos. No entanto, a legislação acaba tendendo à classificá-la como suspensão, a exemplo da Lei 8.239/91, que trata do serviço militar obrigatório e estabelece que, havendo o cumprimento da prestação alternativa, os direitos políticos serão reestabelecidos. É uma situação de suspensão, visto que a própria Constituição a classifica como tal. Além disso, o art. 12 da Lei 8.429/92 estabelece que as sanções aos atos de improbidade, dentre as quais a suspensão de direitos políticos, podem durar entre 3 e 10 anos, conforme a conduta praticada. –IV recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; –V improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
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