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1 
 
INDICADORES SOCIAIS: INSTRUMENTO PARA ACOMPANHAMENTO ÀS 
FAMÍLIAS ASSISTIDAS NOS CRAS DE POÇOS DE CALDAS - MG 
 
PENHA, Cintia Bernardes. 
 
Eixo Temático: 09 - Gestão Pública e Desenvolvimento Social: Construindo Indicadores 
 
RESUMO 
O presente trabalho objetiva mostrar a importância da criação de um instrumental que 
contemple indicadores sociais básicos que uma família precisa para ter seus mínimos sociais 
garantidos, bem como ser um instrumento norteador para acompanhamento familiar que é 
realizado pelos trabalhadores dos Centros de Referência de Assistência Social, de Poços de 
Caldas-MG. Objetiva também contar um pouco da experiência que um grupo de técnicos da 
Secretaria Municipal de Promoção Social, teve ao criar este instrumental. A metodologia de 
pesquisa utilizada foi estudo de caso, aplicado um questionário elaborado com perguntas 
estruturadas e teve relato da experiência do pesquisador enquanto participante do grupo. O 
resultado alcançado foi à criação de um instrumental (Matriz Demanda de Proteção Social), 
que dará subsídio teórico, técnico e operativo na Gestão da Política Pública de Assistência 
Social, no que tange ao acompanhamento das famílias em situação e risco e ou 
vulnerabilidade social. 
 
Palavras-Chave: Assistência Social, indicadores sociais. Famílias, vulnerabilidade social, 
acompanhamento familiar. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 A partir da Constituição Federal e da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), a 
política de assistência social passou a ser respeitada como uma política de proteção social, 
passando a fazer parte do tripé da seguridade social (Saúde, Assistência Social e Previdência 
Social), bem como se configura como mecanismo de garantia de um padrão básico de 
inclusão social às pessoas que dela necessitam. Nesse sentido, ela passou a ser compreendida 
como direito do cidadão e dever do Estado. Sua definição pode ser encontrada no primeiro 
artigo da LOAS, LEI Nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. 
2 
 
A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade 
Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um 
conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o 
atendimento às necessidades básicas. (LOAS, BRASIL, 1993). 
 
 No entanto, no segundo artigo da LOAS, a política traz seus objetivos e, percebe-se, 
que aqueles mais significativos estão voltados para a proteção à família, à maternidade, à 
infância, à adolescência e à velhice. Assim, entendemos que é a política de assistência social 
irá assegurar à família em seus diferentes ciclos etários, provisão de uma vida digna, com 
segurança de sobrevivência, autonomia e empoderamento político e social. A família, então, 
passou a ser a centralidade da política de assistência social. Uma das ações dessa política está 
voltada para o acompanhamento das famílias que vivem em situação de vulnerabilidade 
social. Este é realizado pelo Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família, PAIF. O 
mesmo está preconizado na Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais de 2009: 
O Serviço de Proteção e Atendimento Integral á Família – PAIF - consiste no 
trabalho com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função 
protetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover seu acesso e 
usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. 
(TIPIFICACAÇÃO NACIONAL DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS, 
Resolução Nº 109 de 11 de novembro de 2009). 
 
 O PAIF é executado, obrigatoriamente, dentro dos Centros de Referência de 
Assistência Social - CRAS. Este, por sua vez, é uma unidade pública socioassistencial que 
possui uma equipe de trabalhadores responsáveis pela execução do PAIF, de serviços e 
projetos de proteção social básica e pela gestão articulada no território de abrangência, sempre 
sob orientação do gestor municipal. 
Uma das grandes dificuldades em planejar um método de acompanhamento familiar é 
a disposição de um instrumental que contemple as vulnerabilidades da família que se pretende 
acompanhar. Através deste instrumento teriam-se informações precisas que auxiliariam no 
planejamento de ações voltadas para proporcionar o combate às vulnerabilidades levantadas, 
bem como propiciar o provimento dos mínimos sociais à família. 
 Atualmente, o município de Poços de Caldas, possui 05 (quatro) Centros de 
Referência de Assistência Social - CRAS, um em cada região da cidade (Central, Oeste, Leste 
I, Leste II e Sul) e um CRAS volante que atende as famílias da zona rural. 
 Nesse contexto, o objetivo geral deste relato de experiência é mostrar a importância 
de um instrumental que contemple indicadores sociais básicos que uma família precisa para 
ter seus mínimos sociais garantidos, bem como ser um instrumento norteador para 
acompanhamento familiar. O técnico que acompanhará as famílias terá condições de planejar, 
3 
 
em conjunto com a família um plano de ação cujo irá focar, isto é, trabalhar aquelas 
vulnerabilidades específicas apresentadas no instrumental, contribuindo assim, para uma ação 
mais especifica e efetiva, em busca de uma melhor qualidade de vida à família. 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
Indicador Social 
 De acordo com Jannuzzi (2002, p5), o Indicador Social é uma medida em geral 
quantitativa, dotada de significado social substantivo, utilizado para substituir, quantificar ou 
operacionalizar um conceito social abstrato. O autor relata que o indicador social é um recurso 
metodológico, empiricamente referido, que informa algo sobre o aspecto da realidade social 
ou sobre mudanças que estão ocorrendo. Indicadores tem a finalidade de subsidiar as 
atividades de planejamento público e formulação de políticas sociais nas diferentes esferas de 
governo, bem como possibilita aprofundamento sobre as mudanças sociais e os determinantes 
dos diferentes fenômenos sociais. 
 Jannuzzi (2002, p7) afirma ainda que a seleção de indicadores é uma tarefa delicada, 
pois não existe uma teoria formal que permita orientá-la com estrita objetividade. Assim, é 
preciso garantir que existe, de fato, uma relação recíproca entre indicando (conceito) e os 
indicadores propostos. 
 No entanto, percebe-se que os indicadores são elementos utilizados para medir 
informações quantitativas e qualitativas coletadas durante e/ou após a implementação de uma 
ação, projeto ou programa, visando medir resultados e efeitos de sua implantação. Assim, a 
construção de uma planilha que contemple vulnerabilidades de uma pessoa e/ou família, tem a 
possibilidade de contribuir para a elaboração de um plano. 
 Para falarmos sobre vulnerabilidades, é preciso conceituá-la: 
(...) o conceito de vulnerabilidade social requer olhares para múltiplos planos, e, em 
especial, para estruturas sociais vulnerabilizantes. De tal modo, quando se fala em 
vulnerabilidade social, é relevante que se compreenda que essa é o estado no qual 
grupos ou indivíduos se encontram, destituídos de capacidade para ter acesso aos 
equipamentos e oportunidades sociais, econômicas e culturais oferecidos pelo 
Estado, mercado e sociedade. (PADOIN, VIRGOLIN,2010, p.01). 
 
 Todavia, a vulnerabilidade social, apresenta várias expressões da questão social que 
um indivíduo ou família encontra-se naquele momento. Para diminuir essas vulnerabilidades 
sociais, a política pública de assistência social desenvolve serviços, programa e projetos que 
auxiliam as famílias na sua emancipação enquanto cidadãs de direitos. 
4 
 
 
Assistência Social e o trabalho com família 
 
 A assistência social é uma política pública de direito a quem dela necessitar. E 
segundo Mioto: 
Quando se assume a assistência social como direito de cidadania, considera-se, por 
um lado, que o acesso dos indivíduos à assistência social não está prioritariamente 
vinculado às condições de sua família, mas à sua própria condição.Por outro, se 
desvincula da idéia de falência da família na provisão de bem-estar. Então é quando 
a política é pensada no sentido de “socializar antecipadamente os custos enfrentados 
pela família, sem esperar que a sua capacidade se esgote (MIOTO, 2013, p7e8). 
 
 Com isso, a assistência social como política de proteção social configura-se como 
mecanismo de garantia de um padrão básico de inclusão social. E para isso uma das funções é 
o acompanhamento de pessoas e ou famílias que vivem em situação de vulnerabilidade e ou 
risco social. Nesse sentido, Di Giovani: 
... entende-se por Proteção Social as formas “institucionalizadas que as sociedades 
constituem para proteger parte ou o conjunto de seus membros. Tais sistemas 
decorrem de certas vicissitudes da vida natural ou social, tais como a velhice, a 
doença, o infortúnio, as privações (…) neste conceito tanto as formas seletivas de 
distribuição de bens materiais (como a comida e o dinheiro), quanto os bens 
culturais (como os saberes), que permitirão a sobrevivência e a integração, sob 
várias formas na vida social. Ainda, os princípios reguladores e as normas que, com 
intuito de proteção, fazem parte da vida das coletividades”. Desse modo, a 
assistência social configura-se como possibilidade de reconhecimento público da 
legitimidade das demandas de seus usuários e espaço de ampliação de seu 
protagonismo. (DI GIOVANI, 1998 apud BRASIL, 2004, p.31). 
 
 E este trabalho com a família (plano de ação - acompanhamento) é realizado no 
equipamento Centro de Referência de Assistência Social - CRAS, por meio do Serviço de 
Proteção e Atendimento Integral à Família - PAIF, que consiste no trabalho social com 
famílias, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias, 
prevenir a ruptura de vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na 
melhoria da qualidade de vida: 
Vivemos uma época como nenhuma outra, em que a mais naturalizada de todas as 
esferas sociais, a família, além de sofrer importantes abalos internos tem sido alvo 
de marcantes interferências externas. Estas dificultam sustentar a ideologia que 
associa a família à ideia de natureza, ao evidenciarem que os acontecimentos a ela 
ligados vão além de respostas biológicas universais às necessidades humanas, mas 
configuram diferentes respostas sociais e culturais, disponíveis a homens e mulheres 
em contextos históricos específicos (SARTI, 2005. p.21). 
 
 Logo, o trabalho com família requer considerar algumas dimensões que ultrapassam as 
teorias, como por exemplo o sofrimento da família, suas potencialidades, suas 
5 
 
impossibilidades que não os permitem serem livres para exercerem seus direitos enquanto 
cidadãos, bem como ter acesso aos mínimos sociais. Para que o profissional construa junto 
com a família um plano de ação que irá sanar ou diminuir as vulnerabilidades apresentadas, é 
preciso que o técnico conheça com propriedade a organização da família. Para Mioto (2008, 
p. 134), independente das formas que assume, "a família ainda é o espaço privilegiado na 
história da humanidade onde aprendemos a ser e a conviver". A autora ainda acrescenta: 
É preciso reconhecer a família como um espaço complexo, que se constrói e 
reconstrói histórica e cotidianamente por meio das relações e negociações que se 
estabelecem entre seus membros, entre seus membros e outras esferas da sociedade e 
entre ela e outras esferas da sociedade, tais como Estado, trabalho e mercado. 
Reconhece-se que, além de sua capacidade de produção de subjetividades, ela 
também é uma unidade de cuidado e de redistribuição interna de recursos. Tem um 
papel importante na estruturação da sociedade em seus aspectos sociais, políticos e 
econômicos e, portanto, não á apenas uma construção privada, mas também pública. 
(MIOTO, 2008, p. 3). 
 
 Levantada essa necessidade, é importante ressaltar aqui, que a atual gestão da 
Secretaria Municipal de Promoção Social de Poços de Caldas, tem grande preocupação 
quanto ao trabalho que é executado com as famílias nos CRAS. Através desses espaços, um 
grupo de trabalhadores criou um sistema que conseguiu acoplar vários indicadores sociais e 
que passou a ser instrumento de elaboração do plano de ação, para acompanhamento familiar. 
 
Relato da experiência do pesquisador 
 
 Em junho de 2013, a Secretaria Municipal de Promoção Social de Poços de Caldas 
iniciou um Seminário com o objetivo de discutir conceitos, métodos e práticas voltados à 
política pública de assistência social. Os profissionais que participaram desse seminário eram 
trabalhadores dos CRAS, CREAS, gestão e instituições socioassistenciais. A quantidade de 
pessoas participantes do seminário era de aproximadamente 40 pessoas. 
 A forma utilizada para estudo dos conceitos, métodos e prática, foi a criação de 
Grupos de Trabalho, com as seguintes temáticas: Indicadores de Vulnerabilidade Social; 
Conceito de Família; Conceito de Pobreza, Vulnerabilidade e Empoderamento; O trabalho 
com Famílias; Construção de Metodologia Acompanhamento Familiar e Construção de 
Metodologia para Grupos Operativos (para público específico - medidas protetivas às famílias 
e ou responsáveis de criança, adolescente e idoso). 
 Com base nos temas levantados, os trabalhadores se dividiram nos grupos de trabalho, 
a partir de suas escolhas. Cada trabalhador teve oportunidade e liberdade de escolher em qual 
grupo de trabalho iria se inserir. Os grupos de trabalho se reuniram de fevereiro a novembro 
6 
 
de 2013. No final de novembro de 2013, foi apresentado o resultado final de cada grupo de 
trabalho. Meu interesse foi pelo tema Indicadores Sociais. Éramos cinco colegas, 02 
assistentes sociais, 02 psicólogos e um pedagogo. O processo foi gerido de forma 
participativa e operativa, em que a tarefa principal se constituiu na criação de uma Matriz de 
Vulnerabilidade, que objetivou a caracterização das famílias que iriam ser priorizadas pelo 
acompanhamento familiar nos serviços de ponta. 
Nossos encontros foram uma vez por semana, nos meses de março e abril. Nos meses 
de maio e junho, passamos a nos reunir a cada quinze dias. Em julho, demos uma pausa. 
Agosto, setembro e outubro, voltamos a nos reunir a cada quinze dias. Com isso no final de 
outubro já estávamos com nosso "produto" pronto. 
 Nos primeiros encontros, o grupo discutiu o conceito de indicadores sociais, sua 
relevância, seus objetivos e também fontes de onde encontrar indicadores sociais. O grupo 
teve como fonte bibliográfica norteadora o artigo: "EL EMPODERAMIENTO DE LAS 
FAMILIAS DE EXTREMA POBREZA A TRAVES DEL PROGRAMA PUENTE", do professor 
Luciano Tomassini e a aluna María Isabel Alvarez, da Universidade de Consepción, no Chile. 
Este artigo apresenta relatos do "Programa Puentes". O Programa Ponte é um programa de 
política social destinada à extrema pobreza, que começou no Chile, em 2002, pela vontade do 
governo. Ele foi elaborado em primeiro lugar para melhorar a qualidade de vida de seus 
beneficiários e de outra forma promover a sua autonomia ou auto valencia. Outra fonte 
utilizada foi o artigo de Jannuzzi, "Considerações sobre o uso, mau uso e abuso dos 
indicadores sociais na formulação e avaliação de políticas públicas municipais". 
 Por meio desses levantamentos de dados, nos demais encontros, o grupo iniciou um 
estudo sobre os mínimos sociais: o que são esses mínimos sociais e no que eles são 
referenciados. O grupo chegou à conclusão que os mínimos sociais são garantias que 
asseguram as necessidades básicas de uma pessoa e/ou família que se apresenta em 
vulnerabilidade social. Essas necessidades estão baseadas na alimentação, moradia, higiene, 
educação, saúde, trabalho, renda e também no processo do perfil familiar, como por exemplo, 
relações afetivas, relações com a comunidade, entre outros. 
 Após esse conceito de mínimos sociais, o grupo de trabalho levantou 05 (cinco) 
dimensões importantespara apresentar, para que a partir delas fossem desenvolvidos, de 
forma organizada, os indicadores. As dimensões foram: Perfil Familiar, Educação, Saúde, 
Habitação, Trabalho e Renda. Esse foi o momento mais tenso do grupo, pois levantar 
indicadores gerou grande discussão e desgastes. Afinal, como eleger o indicador social mais 
relevante para cada item? A concepção de vulnerabilidade foi estabelecida pelo grupo dentro 
7 
 
de seu manifesto no campo relacional familiar, sendo composta pela privação, isolamento, 
pobreza e violências egressas do ciclo intergeracional de exclusão social, o qual as famílias 
que necessitam do apoio da assistência social vivenciam no cotidiano. 
 Percebendo o desgaste na discussão, o grupo resolveu dividir as dimensões entre os 
técnicos. Cada técnico ficou responsável por levantar indicadores sociais para cada dimensão 
criada. Alguns indicadores foram corelacionados e extraídos órgãos responsáveis como por 
exemplo: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome - MDS, Instituto de 
pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 
Ministério da Saúde e Ministério da Educação. Mas muitos indicadores foram criados pelos 
próprios técnicos a partir de estudos teóricos e experiências práticas. Os técnicos tiveram 
vinte dias para fazer esse levantamento e após esse tempo, o grupo se reuniu e apresentou um 
levantamento de 143 indicadores socais. Chegou a hora de o grupo selecionar e/ou acoplar 
dois ou mais indicadores. 
 Nesse momento o grupo percebeu que os indicadores repetiam entre as dimensões, o 
que demonstrou a capacidade integrativa do instrumental, o que foi percebido de forma 
positiva pelo grupo. Isso foi motivo de alegria entre os técnicos, demonstrando que ambos 
tinham conseguido coletivamente entender o conceito de indicadores sociais e sua 
importância na construção de um instrumental. O grupo discutiu cada indicador, sua função e 
operação em cada dimensão. Com relação aos que eram parecidos ou contabilizavam a 
mesma vulnerabilidade em mais de um item, foi discutido qual seria o indicador mais amplo e 
adequado para permanecer. 
No final da discussão, o grupo chegou ao total de 47 (quarenta e sete) indicadores 
sociais. Alguns dos indicadores levantados foram: 
-Famílias em situação de violência intrafamiliar e/ou de âmbito doméstico (criança, 
adolescente, mulher, idoso, deficiente); famílias com membros que se encontram em situação 
de morte; famílias em descumprimento das condicionalidades do Programa Bolsa Família; 
-Famílias com um ou mais de seus membros não alfabetizados; famílias não inseridas em 
programas de transferência de renda, que se encontram dentro dos critérios de elegibilidade; 
-Famílias vivendo com renda per capta inferior a R$ 70,00; famílias vivendo em moradias 
ocupadas, cedidas ou alugadas; famílias com um ou mais membros que fazem uso de álcool 
e/ou outras drogas ilícitas. 
 Após o levantamento dos 47 indicadores sociais, o grupo lançou-os na planilha do 
Excel. A próxima etapa foi criar uma descrição do que seria cada indicador, visando construir 
8 
 
uma concepção única para interpretar o dado a ser mensurado. Cada técnico se 
responsabilizou em elaborar a descrição dos indicadores criados. 
Após esta tarefa foi criado para cada indicador uma legenda de gradação (se aplica, 
baixo, médio ou alto), tendo como função ampliar as possibilidades e garantir a capacidade de 
priorização da Matriz e sua funcionalidade, de acordo com os riscos e as orientações para a 
inclusão da família nos diferentes níveis de proteção social. Para isso, o grupo recorreu a 
Tipificação dos Serviços Socioassistencias e outras bibliografias, chegando à conclusão que 
os indicadores que apresentavam violação de direitos, instaladas com baixa capacidade da 
família de garantir sua função protetiva, estariam alocados no índice alto (peso 1,0). O índice 
médio (peso 0,5) apresentava situações constantes e graves, mas havia potencialidades na 
família que contribuiriam para sanar a determinada vulnerabilidade. Já o índice baixo (peso 
0,1) apresentava situações ocasionais, em que a família apresentava vínculo e potencialidades 
de enfrentamento. 
 Assim, a planilha foi estruturada, sendo desenvolvida com fórmulas no Excel que 
proporcionaram uma tabulação dos indicadores sociais, evitando que o técnico realizasse 
somas manuais. A Matriz planificada no Excel ficou autoexplicativa e automatizada. Ao 
preencher os indicadores sociais, observados na família (família inserida no acompanhamento 
familiar - PAIF), a planilha classificava por nível de vulnerabilidade, se a família estava no 
nível, baixo, médio ou alto, nas respectivas dimensões observadas. 
 A partir desta classificação, a Matriz proporciona subsídios para nortear os técnicos da 
assistência social na formulação de um plano de ação, para um acompanhamento mais 
eficiente e eficaz ao combate das vulnerabilidades da família. A partir de publicações do 
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome - MDS, o acompanhamento 
familiar “consiste no desenvolvimento de intervenções realizadas em serviços continuados, 
com objetivos estabelecidos, que possibilitem à família o acesso a um espaço onde possa 
refletir sobre sua realidade, construir novos projetos de vida e transformar suas relações, 
sejam elas familiares ou comunitárias.” (Prontuário do SUAS - MDS 2013.) 
 Após a construção desta planilha, o grupo denominou este instrumental de Matriz de 
Vulnerabilidade. Em seguida, iniciou um processo de capacitação junto aos técnicos dos 
CRAS, CREAS e instituições socioassistencias, para mostrar como utilizar a Matriz e suas 
funcionalidades. 
 A partir de Janeiro de 2014, o instrumental, Matriz de Vulnerabilidade, passou a fazer 
parte do trabalho dos técnicos do CRAS e CREAS. Assim, uma pessoa e/ou família, quando 
inserida no PAIF, imediatamente é aplicado este instrumental. É importante relatar que, desde 
9 
 
a sua implementação, a matriz já foi revisada por duas vezes. Isso demonstra o 
comprometimento que os técnicos estão tendo em sua utilização e monitoramento de um 
instrumental que encontra-se em avaliação. 
 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 As reflexões teóricas e os relatos de experiência demonstraram que o indicador social 
é medida quantitativa, porém que agrega significados sociais. Logo, ele é um recurso 
metodológico capaz de quantificar aspectos de vulnerabilidades sociais que uma família 
expressa num dado momento. 
 Com isso acoplar indicadores sociais que perpassam dentro dos mínimos sociais que 
uma família precisa para sobreviver foi uma ideia que surgiu de um grupo de trabalhadores da 
Secretaria Municipal de Promoção Social de Poços de Caldas-MG (SMPS). É importante 
ressaltar que este grupo de trabalhadores se formou enquanto grupo de trabalho Indicadores 
Sociais, oriundo de seminários promovidos pela atual gestão. 
 Através do grupo de trabalho Indicadores Sociais, nasceu uma Matriz de 
Vulnerabilidades Sociais, a qual tem servido de instrumento para que o técnico do SUAS, 
mais especificamente os técnicos dos CRAS tenham uma visão geral das vulnerabilidades da 
família. Por meio dessa matriz, o técnico tem subsídios para priorização de casos mais graves 
sobre níveis de complexidade e sobre encaminhamentos para os serviços, programas e 
projetos de retaguarda para o acompanhamento familiar sistemático e contínuo. 
Proporcionado assim uma maior efetividade quanto a minimização das questões sociais 
levantadas na família, fazendo com que a mesma acesse seus mínimos sociais e obtenha uma 
melhor qualidade de vida. 
 A matriz está sendo utilizada pelos profissionais técnicos dos Centros de Referência de 
Assistência Social - CRAS que desenvolvem Serviço de Proteção e Atendimento Integral à 
Família - PAIF. Após a implementação da matriz como instrumental, a mesma já passou por 
duas revisões, inclusiveem seu nome, hoje ela é chamada de Matriz Demanda de Proteção 
Social. Isso demonstra o comprometimento que os técnicos estão tendo na utilização deste 
instrumental e monitoramento de um instrumental que se encontra em avaliação. Como 
sugestão para pesquisa futura, sugere-se a real aplicabilidade e efetividade deste instrumental. 
 
4 REFERÊNCIAS 
 
10 
 
BRASIL (2004). Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política 
Nacional de Assistência Social (PNAS) - Brasília, Secretaria Nacional de Assistência, 2004. 
 
BRASIL, Resolução Nº 109 de 11 de novembro de 2009, Ministério do Desenvolvimento 
Social e Combate à Fome. Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Brasília, 
2009. 
 
BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome. Norma Operacional 
Básica de Recursos Humanos do SUAS – NOB/RH/SUAS. 2006. 
 
BRASIL, Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Prontuário SUAS. 
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Acessado em 10.04.2013 
 
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Bárbara do Oeste: UNIMEP, 2001. Disponível em: 
http://etecagricoladeiguape.com.br/projetousp/Biblioteca/ENEGEP2001_TR21_0672. pdf> 
Acesso em 18 de novembro de 2013. 
 
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em Administração. 2006. Disponível em: 
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Brasília: ENAP, 2002. 
 
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TOMASSINI, L. ÁLVAREZ, M. I. EL EMPODERAMIENTO DE LAS FAMILIAS DE 
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nas dissertações de mestrado em Política e Governo da Universidad de Concepcón, Chile, 
2006.

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