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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
ALDCELLY MONTENEGRO PEREIRA LOPES 
 
 
 
 
OS DIREITOS DA POPULAÇÃO IDOSA E A EFETIVAÇÃO DA 
POLÍTICA E SISTEMA DE PROTEÇÃO: a realidade do município de 
Natal/RN. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL / RN 
2013.1 
ALDCELLY MONTENEGRO PEREIRA LOPES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS DIREITOS DA POPULAÇÃO IDOSA E A EFETIVAÇÃO DA 
POLÍTICA E SISTEMA DE PROTEÇÃO: a realidade do município de 
Natal/RN. 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentada 
ao Curso de graduação em Serviço Social, da 
Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, como requisito parcial para obtenção 
de título de bacharel em Serviço Social. 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: Profa. Ms. Juliana Maria do Nascimento 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL / RN 
2013.1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lopes, Aldcelly Montenegro Pereira. 
 Os direitos da população idosa e a efetivação da política e sistema de 
proteção: a realidade do município de Natal-RN / Aldcelly Montenegro Pereira 
Lopes. – Natal, RN, 2013. 
 
 65 f.: il. 
 
 Orientadora: Profa. Me. Juliana Maria do Nascimento. 
 Monografia (Graduação em Serviço Social) - Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de 
Serviço Social. 
 
 
 1. Serviço Social - Monografia. 2. População idosa - Monografia. 3. 
Violação de direitos - Monografia. 4. Proteção social - Monografia. I. 
Nascimento, Juliana Maria do. II. Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte. III. Título. 
 
 CDU 364-053.9(813.2) 
ALDCELLY MONTENEGRO PEREIRA LOPES 
 
 
 
 
 
 
OS DIREITOS DA POPULAÇÃO IDOSA E A EFETIVAÇÃO DA 
POLÍTICA E SISTEMA DE PROTEÇÃO: a realidade do município de 
Natal/RN. 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentada 
ao Curso de graduação em Serviço Social, da 
Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, como requisito para obtenção de título 
de bacharel em Serviço Social. 
 
 
 
 
 
 
MONOGRAFIA APRESENTADA EM: __/__/2013. 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
Profª. Ms. Juliana Maria do Nascimento (Orientadora) 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
 
 
 
Profª Dra. Iris Maria de Oliveira (Examinadora) 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
 
 
 
Profª Ms. Leidiane Souza de Oliveira (Examinadora) 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus, minha fonte de 
sabedoria e inspiração, pelo qual me deu forças 
para chegar até aqui. 
 Aos meus pais, exemplos de fé e sabedoria por 
ensinarem a acreditar na minha capacidade e 
enxergar o melhor de mim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Em primeiro lugar agradeço a Deus autor da minha vida, fonte de inspiração, 
pelo qual me deu forças para chegar até aqui, por mais uma conquista realizada, 
agradeço pela família maravilhosa que tenho, por todos os esforços que fizeram 
para que eu pudesse estar aqui hoje, pelo apoio constante nas decisões que 
precisei tomar alegrias compartilhadas, dúvidas, erros e acertos, não medindo 
esforços para a realização dos meus sonhos, ela paciência, pelas advertências 
quando necessário, mas tudo isso foi preciso para chegar até á conclusão desta 
etapa, e a novas que virão. 
Quero agradecer também a todos os amigos presentes, por terem me 
compreendido, cada vez que eu parei para pensar se realmente tinha certeza de que 
este era o caminho, por estarem ao meu lado, quando mais precisei, a vocês devo 
amor e respeito. 
Em especial, agradeço: 
A minha mãe Gicelly, grande mulher guerreira, de fé, que esteve presente em 
todo esse processo de aprendizagem, de lutas, dando todo apoio sempre em tudo 
que precisei. 
Ao meu Pai, que é um modelo de vida a ser seguido, mostrando o caminho a 
seguir, aos seus sábios conselhos me passando segurança em todas as decisões 
que precisei tomar. 
Ao meu avô, grande mestre que tive exemplo de vida, ela imensidão que 
representa na minha vida, dedico este trabalho em homenagem a ele, também fruto 
do meu amor. 
Meus sinceros agradecimentos, aos parentes e amigos que de alguma forma 
contribuíram com esse processo de trabalho, especialmente ao meu amigo Junior 
Rodrigues que esteve bem presente em todos os momentos. Aos que souberam 
apoiar e compreender minhas ausências durante mais esta jornada. 
As minhas amigas do coração, Dayane Cristine, Berenice Souto, Iris Cabral 
entre outras com quem dividi as angústias das provas e trabalhos e as alegrias das 
comemorações, pelos momentos divertidos e engraçados, sem os quais os dias não 
teriam sido tão emocionantes. 
A minha Professora Juliana Maria do Nascimento, obrigada, pela paciência 
que teve comigo quando fiquei discutindo sobre esta monografia. 
E por fim, agradeço a Deus pelas oportunidades que me foram oferecidas 
durante o curso da minha vida, por todas as pessoas que colocou em meu caminho, 
pelas alegrias e pelos tropeços, que me fizeram parar e olhar para o alto e 
reconhecer o Seu cuidado e eterno amor por mim. 
A todas essas pessoas, não existem palavras que possam expressar meus 
sentimentos. Somente o meu amor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Com o passar dos anos, as árvores tornam-se 
mais fortes e os rios, mais 
largos. De igual modo, com a idade, os seres 
humanos adquirem uma 
profundidade e amplitude incomensurável de 
experiência e sabedoria. É 
por isso que os idosos deveriam ser não só 
respeitados e reverenciados, 
mas também utilizados como o rico recurso 
que constituem para a 
sociedade”. 
(Kofi Annan) 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O Presente trabalho apresenta o fenômeno do envelhecimento como um processo 
natural do ciclo da vida e da sociedade. Confirma que atualmente no Brasil vem 
surgindo uma mudança significativa em sua estrutura etária, determinada pelas 
alterações da dinâmica demográfica brasileira como: a queda da taxa de 
fecundidade, aumento da expectativa de vida, as descobertas científicas e 
tecnológicas. Como consequência, identifica-se um crescimento populacional do 
segmento idoso e do aumento do número de anos de vida, realidade que impõe hoje 
a pensar e analisar a velhice, não como o fim da vida, mas como uma nova etapa a 
ser vivida. Objetiva analisar e discutir a efetivação da política e sistema de Proteção 
Social ao Idoso no Município de Natal, no que se refere á prestação de serviços na 
perspectiva da Proteção e da garantia dos direitos da pessoa idosa. Pretende 
contribuir na compreensão da situação de violência e violação dos direitos do idoso 
no Município. Analisa a situação do descaso, da exclusão e do preconceito que 
rotulam e dificultam a efetivação de políticas públicas e sociais voltados para esta 
população. Afirma que, no Brasil, houve grandes intervenções na política brasileira; 
avanços e retrocessos no que se refere, de um lado, a implementação das políticas 
neoliberais e, de outro, um processo de lutas e conquistas da população idosa na 
efetivação de leis constitucionais que promovessem a dignidade da pessoa idosa. 
Evidencia estas e outras reflexões a partir de determinantes políticos e conjunturais 
postos pela sociedade brasileira que dificultam o processo de efetivação da Política 
do Idoso. Conclui-se que o contexto apresentado possibilitará maior compreensão 
na analise e reflexão das diversas formas de enfrentamento à violência a partir do 
sistema de Proteção do Idoso no Município de Natal, bem como possibilita 
apreender determinantes históricos que explicam o agravamento da violência na 
sociedade capitalistaparticularmente contra a população idosa. 
 
Palavras- chave: População idosa. Envelhecimento. Violação de direitos.Proteção 
social. 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The Present work presents the phenomenon of the aging as a natural process of the 
cycle of the life and of the society. It confirms that now in Brazil it is appearing a 
significant change in his/her age structure, certain for the alterations of the Brazilian 
demographic dynamics as: the fall of the fecundity tax, increase of the life 
expectation, the scientific and technological discoveries. As consequence, identifies 
a population growth of the senior segment and of the increase of the number of years 
of life, reality that imposes today to think and to analyze the old age, I don't eat the 
end of the life, but as a new stage to be lived. Lens to analyze and to discuss the to 
execute of the politics and system of Social Protection to the Senior in the Municipal 
district of Christmas, in what refers á services rendered in the perspective of the 
Protection and of the warranty of the senior person's rights. He/she intends to 
contribute in the understanding of the violence situation and violation of the senior's 
rights in the Municipal district. He/she analyzes the situation of the disregard, of the 
exclusion and of the prejudice that you/they label and they hinder the to execute of 
public and social politics returned for this population. He/she affirms that, in Brazil, 
there were great interventions in the Brazilian politics; progresses and retreats in 
what refer, on a side, the implementation of the neoliberal politics and, of other, a 
process of fights and conquests of the senior population in the to execute of 
constitutional laws that you/they promoted the senior person's dignity. It evidences 
these and other reflections starting from political and of the situation determinant put 
by the Brazilian society that you/they hinder the process of to execute of the Senior's 
Politics. It is ended that the presented context will make possible larger 
understanding in the it analyzes and reflection in the several to face ways to the 
violence starting from the system of Protection of the Senior in the Municipal district 
of Christmas, as well as it makes possible to apprehend historical determinant that 
explain the aggravation of the violence particularly in the capitalist society against the 
senior population. 
 
Key-words: Elderly population. Aging. Violation of rights. Violence. Social Protection. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
 
ACP – Associação Cearense de Proteção ao Idoso 
ANG – Associação Nacional de Gerontologia 
API - Atenção a Pessoa Idosa 
BPC - Benefício da Prestação Continuada 
CAP - Caixa de Aposentadoria e Pensão 
CEI - Conselho Estadual do Idoso 
CF – Constituição Federal 
CNA - Confederação Nacional dos Aposentados 
CNDI – Conselho Nacional dos Direitos do Idoso 
CODIMM - Coordenadoria da Defesa de Direitos das Mulheres e Minorias 
FNDAS - Fundo Nacional da Assistência Social 
IAPAS – Instituto de Apoio Operacional e Assistencial 
IAPs - Instituto de Aposentadoria e Pensões 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
ILPI – Instituto de Longa Permanência para Idosos 
INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social 
INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social 
IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas 
LBA – Legião Brasileira de Assistência 
LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social 
LOPS - Lei Orgânica da Previdência Social 
OMS – Organização Mundial de Saúde 
ONG – Organização Não - Governamental 
PNI – Política Nacional do Idoso 
SBGG – Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia 
SEDH – Secretaria Especial de Direitos Humanos 
SEMTAS - Secretária Municipal de Trabalho e Assistência Social 
SESC – Serviço Social do Comércio 
SINPAS - Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social 
SUS – Sistema Único de Saúde. 
 
10 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 11 
2 OS DETERMINANTES HISTÓRICO-SOCIAIS E CULTURAIS QUE INFLUENCIAM 
NOS PROCESSOS DE VIOLÊNCIA E VIOLAÇÃO DE DIREITOS DA POPULAÇÃO 
IDOSA NO BRASIL. ........................................................................................................ 17 
2.1 ENVELHECIMENTO E CULTURA NA SOCIEDADE BRASILEIRA: VIOLÊNCIA E 
NEGAÇÃO DE IDENTIDADE. ......................................................................................................17 
2.2 A LUTA DA POPULAÇÃO IDOSA POR DIREITOS NA SOCIEDADE CAPITALISTA: 
AVANÇOS E RETROCESSOS. ...................................................................................................24 
3 OS DIREITOS DA POPULAÇÃO IDOSA E A EFETIVAÇÃO DA POLÍTICA E 
SISTEMA DE PROTEÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE. ............................................ 31 
3.1 CONQUISTAS E LIMITES NA GARANTIA E EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS DOS 
IDOSOS NO CONTEXTO NEOLIBERAL. ..................................................................................31 
4 A EFETIVAÇÃO DA POLÍTICA E O SISTEMA DE PROTEÇÃO NO MUNICÍPIO DE 
NATAL/RN. ..................................................................................................................... 45 
4.1 OS ÓRGÃOS DE PREVENÇÃO, PROTEÇÃO E ATENÇÃO EM NATAL/RN: 
CONDIÇÕES DE EFETIVAÇÃO DA POLÍTICA DO IDOSO. .................................................45 
4.2 O COMBATE Á VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA: UMA REALIDADE 
OCULTA. .........................................................................................................................................53 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 57 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 60 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho apresenta como objeto de análise a realidade de 
violência vivenciada pela população idosa no Brasil e, mais particularmente, no 
Estado do Rio Grande do Norte. Tem como objetivo apreender o movimento societal 
propulsor das desigualdades e recusa da diversidade, desvelar a realidade da 
violação dos direitos das pessoas idosas bem como o tratamento que o Estado tem 
dado a este segmento via Políticas Públicas. A perspectiva de regressão de direitos 
vai retomar no contexto histórico do Brasil, contextualizando com vários fatores 
determinantes que implicam no desenvolvimento de políticas sociais no nordeste, 
especificamente no Município de Natal, pelo qual têm tornado uma sociedade 
brasileira ainda tão desigual. Trata-se, portanto, de apreender as possibilidades 
objetivas de efetivação das políticas direcionadas a pessoa idosa, visando a 
contribuir para o fortalecimento do sistema de proteção social a pessoa idosa. 
O despertar de interesse para essa temática se deu em função da experiência 
de estágio curricular que realizou-se na Secretária Municipal de Trabalho e 
Assistência Social (SEMTAS), no âmbito do SOS Idoso. 
O SOS Idoso é uma rede nacional de proteção social para a pessoa Idosa. 
Esse programa atende vários Estados, o Programa SOS Idoso é um canal de 
recebimento de denúncias, através do Disque Denúncia 0800 084 1021, no qual são 
averiguadas situações de violência e violação de direitos contra a pessoa idosa. No 
município do Natal tem como missão efetivar o amplo atendimento ao idoso em 
condição de risco ou de vulnerabilidade tanto pelo ciclo de vida, quanto pelas 
situações de violação de direitos que vivencia, na perspectiva de reconstrução do 
vinculo familiar ou da sua inclusão na rede de proteção social direcionada á pessoa 
idosa. Esse trabalho surgiu em 2003, buscando assegurar a qualidade de vida e 
bem-estar da pessoa idosa. O SOS Idoso é uma rede que também vincula-se com o 
Ministério Público, Promotoriado Idoso, delegacias, entres outros órgãos públicos.O 
programa promove o apoio às famílias na tarefa de cuidar, garantir a dignidade da 
pessoa humana, no intuito de garantir a autonomia no suprimento de suas 
necessidades físicas e psicológicas e manutenção dos proventos. 
12 
 
Objetiva garantir a proteção à pessoa idosa, na perspectiva da efetivação de 
seus direitos sociais, sua inclusão na rede de proteção social direcionada à pessoa 
idosa, bem como a reconstituição do vínculo familiar e/ou comunitário (GOMES et 
al., 2009.) 
Através do programa social SOS Idoso é feito uma realização de visitas 
domiciliares, atendimentos individuais e familiares, assistência psicossocial, 
orientações e encaminhamentos e palestras educativas para os idosos. O 
profissional faz a escuta, acolhe as informações do denunciador, articula com os 
serviços socioassistenciais, interinstitucional, com o sistema de garantia de direitos, 
atividades de convívio e de organização da vida cotidiana. 
O tratar dessas questões vêm sendo realizado pela SEMTAS, que, 
especificamente através do programa SOS Idoso, recebe ocorrências diariamente 
através do disque denuncia, onde são notificadas e averiguadas os mais diversos 
tipos de violação e violência contra a pessoa idosa, como maus tratos, negligência, 
auto-negligência, desvio de proventos, violência física, verbal, psicológica, dentre 
outras. Muitos desses indivíduos desconhecem os serviços de assistência e 
proteção contra a violência, por isso, hesitam em denunciar seus agressores. 
 
O presente estudo é de natureza qualitativa, bibliográfica, do tipo descritivo e 
documental. O método de investigação será pautado no método critico-dialético, 
articulando com determinações societárias que nos permite analisar o movimento da 
sociedade como ela nos apresenta, Nesse processo procura-se apreender um 
processo investigativo no cotidiano da vida social e politica do idoso, em como 
desvelar as intenções e características do Sistema de proteção Social do Idoso e a 
efetivação da politica social no Município de Natal. 
O processo de envelhecimento se dá por uma serie de características, uma 
delas se dá pelas mudanças físicas, psíquicas e sociais que acontecem de forma 
particular em cada individuo. É entendido como parte integrante e fundamental no 
curso de vida de cada individuo. Entendemos, no entanto, que “envelhecer” além de 
ser um processo natural, é um processo que precisa ser estudado, analisado e 
pesquisado de forma critica para que possamos encará-lo da melhor forma possível 
(MARTINS, 2011). 
13 
 
O envelhecimento além de ser um processo natural e dinâmico, também é um 
processo natural e social marcado pelas condições de vida que o individuo 
enfrentam ao longo da sua vida. O país esta mais velho e precisa se planejar para 
atender essa população.O desafio tem sido dada na medida de como a sociedade 
enfrenta essas diferentes realidades,é o idoso deficiente,impossibilitado para o 
exercício de suas atividades,o idoso eficiente para o trabalho que consegue atender 
as demandas do mercado de trabalho,aos dependentes que não conseguem realizar 
suas tarefas necessárias para sua sobrevivência,entre outros fatores é importante 
repensar nesse movimento dialético que encontra a realidade do idoso em sua 
contexto social e em sua totalidade. 
 
É nítido e comprovado por pesquisas que a população idosa tem tido um 
celebre crescimento de larga escala. As modificações do modelo familiar, dos novos 
papéis do homem e da mulher na sociedade deram outro norte, as exigências de 
novos direitos dentre outros aspectos. A família moderna sofreu profundas 
mudanças pela industrialização e pela urbanização. Em nossa sociedade capitalista, 
culturalmente quem “envelhece” convive com uma espécie de “apartheid social”, 
pois condicionados a viverem um tipo de margem da sociedade, os idosos 
costumam ser considerados caretas, ultrapassados, inúteis e absoletos, como afirma 
Goldman (2007). 
Essa contradição é agravada por fatores culturais que idolatram o 
moderno, o novo, o jovem e ridicularizam o antigo e o velho. Assim o 
idoso se depara com problemas de rejeição da auto-imagem e tende 
a assumir como verdadeiros os valores da sociedade que o 
marginaliza. Dessa forma a marginalização do idoso se processa 
socialmente e é muitas vezes, assumida pelo próprio idoso, que não 
tendo condições de superar as dificuldades naturais do 
envelhecimento, se deixa conduzir, por padrões preconceituosos que 
o colocam á margem da sociedade. (GOLDMAN, 2007, p.123). 
 
 
A população vem crescendo em grande escala. Hoje o envelhecimento da 
população tem sido um reflexo da realidade social. Estatísticas apontam para esta 
realidade como também revelam a necessidade que as políticas públicas e sociais 
devam ser executadas e que atendam a esta população que, de alguma forma, 
contribuiu ao longo de sua vida para a construção de uma sociedade visando uma 
14 
 
maior compreensão das relações sociais na efetivação dos espaços de cidadania. 
Nessa perspectiva, a Política Nacional do Idoso, de 1994, surge com o objetivo de 
arcar com condições para promover com a longevidade e com a qualidade de vida, 
desenvolvendo programas que deem conta desses desafios que a população idosa 
possa trazer. 
 No que se refere à questão dos direitos da pessoa idosa e sua violação, 
constituem fenômenos que, analisados sob uma perspectiva de totalidade, são 
considerados partes integrantes de um processo histórico e contemporâneo de 
desigualdade social, marcado pela regressão de direitos no contexto contraditório da 
sociabilidade capitalista ao longo de todo o contexto histórico (SANTOS; OLIVEIRA, 
2010). 
A Lei é um instrumento sem duvida muito importante para a prevenção e 
combate á violência contra o Idoso. A Lei 10.741/03 dispõe o Estatuto do Idoso bem 
como a Política Nacional do Idoso regulamentada pela Lei 8.842/94 respalda sobre 
sua relevância na sociedade, uma conquista de suma importância no que se refere à 
conquista dos idosos como sujeitos de direitos. 
Os idosos apesar de toda desigualdade social por sua vez estão ganhando 
cada vez mais seu espaço no que diz respeito ao reconhecimento como categoria 
de direitos e da cidadania por uma boa qualidade de vida. Obviamente, que irá 
repercutir de acordo com a classe social que o individuo (a pessoa idosa) se insere 
na sociedade brasileira. Esses direitos devem ser concretizados a partir das políticas 
sociais na área da saúde, da promoção, da assistência social, educação, trabalho, 
esporte, lazer, previdência social, habitação, urbanismo entre outros. 
É objetivo deste trabalho analisar a efetivação da Política de Proteção ao 
Idoso no Município de Natal, a partir dos determinantes sócio-políticos e conjunturais 
postos pela sociedade contemporânea. Desta forma, apresentam-se os seguintes 
objetivos específicos: apreender os determinantes histórico-sociais que explicam os 
agravamentos da violência na sociedade capitalista, particularmente contra a 
População Idosa; analisar o sistema de proteção ao Idoso no Município de Natal, a 
partir de seus órgãos de prevenção, proteção e traçando o perfil desta população, 
como também trataremos o combate á violência contra a pessoa idosa diante de 
uma realidade oculta. 
15 
 
Durante o desenvolvimento do trabalho buscaremos respaldo no Estatuto do 
Idoso em 2003, o qual percorreu por uma longa trajetória de lutas que resultou em 
mais de 20 anos, para ser aprovado e entrar em vigor. O Estatuto vem tratar dos 
direitos fundamentais como a vida, liberdade, respeito, dignidade, alimentos, direito 
á saúde, dando proteção ao idoso, contra o abandono, negligência, dentre outros. 
O Estatuto do Idoso em 2003 veio para ampliar os direitos dos cidadãos com 
mais de 60 anos, tendo em vista a articulação com a Lei 8.842 da Política Nacional 
do Idoso, de 4 de janeiro de 1994, que trata no art.3: 
 
 [...] é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder 
Publico assegurar o idoso, com absoluta prioridade e efetivação do 
direito á vida, á saúde, á alimentação, á educação, á cultura, ao 
esporte, ao lazer, ao trabalho, á cidadania, á liberdade, á dignidade, 
ao respeito e á convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 1994, 
p.1). 
 
A ideologia dominante com seu modelo capitalista desvaloriza o idoso, sua 
importância e seu significado para sociedade. 
 De acordo com Peixoto (2007) os idosos na sociedade capitalista passam a 
ser considerados “velhos improdutivos”, pois o trabalho é considerado ate hoje como 
algo produtivo na sociedade. O idoso por uma questão de lógica também poderia ter 
seu lugar de destaque na sociedade, por seu saber acumulado, porém em uma 
sociedade centrada no jovem, a força que representa o ser velho já não atende as 
perspectivas de mercado. O autor afirma que “[...] a representação social da velhice 
é, assim, bastante marcada pela inserção do individuo no processo de produção” 
(PEIXOTO, 2007, p. 25). Dessa forma, entende-se a velhice dos trabalhadores como 
vinculada à inutilidade e à incapacidade de produzir. 
A sociedade é a mesma que mantém e reproduz a idéia de que a pessoa vale 
o quanto produz e o quanto ganha e, por isso, os mais velhos, estando fora do 
mercado de trabalho e, quase sempre, ganhando uma pequena aposentadoria 
podem ser descartados e considerados inúteis. No contexto sociopolítico neoliberal 
é necessário intervir na realidade social em que os idosos se encontram, valorizando 
seu lugar na sociedade de forma a desenvolver estratégias de melhores condições 
16 
 
de vida nesta conjuntura neoliberal e garantir seus direitos como sujeitos de direitos. 
Há uma importância de buscar caminhos para que essa população tenha acesso às 
informações necessárias sobre as leis e seu estatuto para reivindicar do Estado e da 
sociedade sobre seus direitos. 
Esta monografia apresenta a seguinte estrutura: a sessão segunda irá 
apresentar os determinantes histórico-sociais e culturais que influenciam até hoje, os 
processos de violência e violação de direitos da população idosa no Brasil, levando-
se em consideração o contexto do envelhecimento e a cultura na sociedade 
brasileira, que ao longo do tempo vem agravando os processos de violência e a 
negação de identidade, assim como, far-se-á também uma análise da luta da 
população idosa por direitos na sociedade capitalista. 
Em seguida, na terceira sessão, discorreremos acerca dos direitos da 
população idosa e a efetivação da política, assim como do sistema de proteção na 
contemporaneidade, onde será explicitada uma apreciação das conquistas e limites 
da efetivação dos direitos dos idosos no contexto neoliberal. 
Na quarta sessão analisaremos a efetivação da política e o sistema de 
proteção no Município de Natal/RN, identificando os órgãos de prevenção, proteção 
e atenção do referido município, sobre as condições de efetivação da política do 
idoso; e o combate à violência contra o idoso. A quinta sessão tratará das 
considerações finais e sugestões desta pesquisa. 
 
 
 
 
 
17 
 
2 OS DETERMINANTES HISTÓRICO-SOCIAIS E CULTURAIS QUE 
INFLUENCIAM NOS PROCESSOS DE VIOLÊNCIA E VIOLAÇÃO DE DIREITOS 
DA POPULAÇÃO IDOSA NO BRASIL. 
 
2.1 ENVELHECIMENTO E CULTURA NA SOCIEDADE BRASILEIRA: VIOLÊNCIA E 
NEGAÇÃO DE IDENTIDADE. 
Tratar do processo de envelhecimento tem sido um grande desafio para a 
sociedade brasileira na medida em que a população idosa tem sofrido grandes 
repercussões nos processos de envelhecimento e longevidade. O processo de 
envelhecimento é natural do ciclo da vida, e diante dessa nova estrutura etária 
percebemos a velhice não como o fim da vida, mas uma nova etapa da população 
idosa.A sociedade brasileira vem sofrendo profundas transformações no que se 
refere á composição etária de sua população. O envelhecimento da população 
deixou de ser uma preocupação individual, e passou a ser uma tarefa do Estado, 
promover o bem - estar dos idosos. Com o aumento da População Idosa foi imposto 
novos desafios á sociedade brasileira. 
O envelhecimento da população tem sido um reflexo da expectativa de vida, 
de uma pessoa que passa dos 60 anos sendo esta considerada idosa. Essa 
população vem crescendo em grande escala, estatísticas apontam para esta 
realidade como também revela a necessidade de que Políticas Públicas e Sociais 
devem ser executadas e atendam as demandas desse segmento. No documentário 
apresentado pela TV câmara a Dr. Ana Amélia Camarano, pesquisadora do Instituto 
de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), aponta que o brasileiro idoso hoje se 
encontra em diferentes realidades: a professora aposentada que cuida dos bisnetos, 
o vendedor ambulante que nunca pagou o INSS, o idoso sem família, o aposentado 
que voltou para universidade, o portador de Alzheimer que conta com o apoio da 
família. 
Esses são alguns personagens que compõem um retrato bastante humano do 
desafio de envelhecer no Brasil. Sobre isso, Bolsanello (1986) fala que: 
18 
 
Falar de envelhecimento é discorrer sobre a idéia de vida, uma vez 
que envelhecemos a partir de nosso nascimento, sendo este um 
curso natural da nossa vida. Todos nos envelhecemos, com ou sem 
atividades, independente da idade, contudo, não devemos esquecer 
a necessidade de qualidade de vida nesse contexto. (BOLSANELLO, 
1986, p.762). 
 
O Brasil vem sofrendo uma forte transição demográfica, passando por um 
processo de envelhecimento populacional conhecido como fenômeno da 
longevidade. Longevidade significa vida longa, relacionado a uma boa expectativa 
de vida. O país esta envelhecendo e por outro lado vieram às transformações 
advindas do avanço tecnológico e com ele o alargamento da expectativa de vida e 
qualidade de vida para a população idosa. 
O crescente envelhecimento populacional que vem ocorrendo tanto no âmbito 
mundial, quanto no Brasil, essa mudança no perfil demográfico no País vem 
trazendo um aumento da população de idosos no Brasil. O fenômeno da 
longevidade é um tema presente na atualidade, que vem despertando maior 
interesse social e científico a partir da década de 1990. 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Terra/IBGE, 2012/2011. 1 
 
 
1 Informações referenciadas nas pesquisas do IBGE, 2011.Documento eletrônico não paginado. 
Figura 1 – Gráfico da População Idosa no Brasil. 
19 
 
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
na Figura 1, aponta que nos anos 40, o Brasil apresentava um padrão demográfico 
instável, onde os níveis de fecundidade e mortalidade mantinham em níveis 
elevados. 
A composição da estrutura familiar era caracterizada por uma família 
numérica, típica de uma sociedade agrária e de uma sociedade que sofria 
precariamente pela situação caótica do desemprego, processo de urbanização e ao 
mesmo tempo da industrialização fluxo migratório contribuiu para uma urbanização 
descontrolada e concentrada em um processo longo. Nos anos 60 percebemos 
mudanças nos papeis familiares modificando a dada complexidade por fatores 
socioculturais da época. 
Percebe-se que as taxas de crescimento da população brasileira sofre um 
grande declínio as taxas de fecundidade. A fecundidade no Brasil foi diminuindo com 
a circulação dos métodos anticoncepcionais, participação da mulher no mercado de 
trabalho, a mulher começa a garantir novas concepções de planejamento no mundo 
familiar, introdução de novos valores familiares, há uma nova questão social na 
dinâmica da sociedade diminuindo o número de filhos por casal e havendo um forte 
aumento de intervalos por numero de nascimento entre outros fatores. 
Essa nova estrutura traz uma nova realidade, o Estado passa a se preocupar 
e investir em Políticas Sociais em massa, organizado por uma rede de Proteção 
básica e proteçãosocial. Essas transformações estão relacionadas à mudança 
estrutural da sociedade essa mudança reflete diretamente na família e todas as 
formas de relações sociais. A transformação no padrão demográfico ocorria com a 
mudança da estrutura etária, com isso diminuía o crescimento da população de 
crianças e adultos, dando espaço para evasão o novo grupo etário, uma nova 
população ativa, a população idosa. 
O gráfico também apresenta particularidades no processo de envelhecimento, 
o cenário mostra um aumento elevado no número de idosos, a estimativa no ano de 
2050, representa uma média de 30% da população. O ato de envelhecer é um 
processo proveniente da própria vida. 
 O envelhecimento da População esta diretamente associado ao aumento da 
expectativa de vida das pessoas que por sua vez se relaciona com as conquistas e 
20 
 
avanços científicos e tecnológicos, neste caso voltados para os avanços da 
medicina, medicamentos, equipamentos e tratamentos que interferiram na qualidade 
de vida e, portanto na longevidade da população, repercutindo na qualidade de vida 
do cidadão brasileiro. A medida em que a sociedade muda há uma necessidade de 
implementar políticas que atendam essa demanda, para que possa acompanhar 
toda essas mudanças estruturais e relacionadas á pessoa idosa. 
Para Neri (1999, p.121), “o envelhecimento possui uma dimensão existencial 2 
(grifo nosso) e se modifica com a relação do homem e o tempo, com o mundo e sua 
própria história, revestindo-se não só de características biopsiquicas como também 
sociais e culturais”. 
A velhice pode ser bem sucedida na maneira como o individuo conduz a sua 
vida, fatores sociais, físicos e psicológicos contribuem para esta fase da vida. A 
maioria das pessoas se mantém fixadas na realidade de que os valores da 
juventude são bem mais prazerosos, e nessa fase muitas vezes não consegue 
enxergar a beleza dos anos vividos, das experiências acumuladas em seu histórico 
de vida. Portanto, o envelhecimento tem dimensão existencial porque modifica a 
relação do homem com a natureza, com o tempo de vida, em um espaço social e 
sua própria história pelo qual constitui não só características biopsiquicas, como 
também sociais e culturais. 
 
O modo de envelhecer varia de como é o curso de vida de cada pessoa, 
grupo etário e condições de vida. Envelhecer ocorre de maneira diferente em cada 
pessoa, pois depende de seu ritmo, época de vida, condições socioeconômicas e 
nível cultural entre outros fatores, não caracterizando um período só de perdas e 
limitações, mas um estado de espírito que decorre da maneira como a sociedade e o 
próprio individuo encara (NERI; CACHIONI, 1999). 
 
2 A dimensão existencial se vincula não apenas, à sobrevivência biológica, a automanutenção 
financeira, ao exercício dos direitos sociais, culturais e econômicos, como também a integridade 
psíquica e ao bem-estar psicológico da pessoa natural, bem assim ao direito do individuo de escolher 
e realizar atividades (inclusive concretizar metas) que dão sentido a sua vida. Daí se denota a 
situação existencial humana (ou seja, “conjunto de relações nas quais o ente humano existente se 
encontra no mundo e com os outros”, pessoas e coisas) e o direito mínimo existencial (direito ao 
“necessário á existência digna”). (ABBAGNANO, 2006). 
 
21 
 
Na verdade, não existe idade certa para estabelecer se uma pessoa é velha 
ou não, mas é possível estabelecer conceitos universais, para determinar um ponto 
a partir do qual as pessoas envelhecem. Isso porque a questão da velhice, ou 
melhor, das velhices, possui inúmeras conotações, sejam elas políticas, sociais, 
culturais e ideológicas. Não há uma idade universalmente aceita como o limiar da 
velhice. As opiniões divergem de acordo com a classe socioeconômica e o nível 
cultural. Morhy (1999) considera que envelhecer pode ser conceituado como: 
O processo de acumular experiências e enriquecer a vida por meios 
de conhecimento e habilidades físicas. Essa sabedoria adquirida 
proporciona o potencial para tomar decisões razoáveis e benéficas a 
respeito de nós mesmos. O grau de independência que dispomos na 
vida esta diretamente relacionado à atividade maior ou menor em 
nosso corpo mente e espírito [...] o envelhecimento pode ser definido 
como uma serie de processos que ocorrem nos organismos vivos, 
com o passar do tempo leva a perda da adaptabilidade, a alteração 
funcional e, eventualmente a extinção.(MORHY, 1999, p. 26). 
 
Os conceitos e denominações da velhice nada mais são do que resultado da 
construção social dada por uma sociedade, com valores e princípios próprios, por 
questões multifacetadas e por vezes contraditórias. 
Essa contradição está representada no fato de que, no momento 
contemporânea, ao mesmo tempo em que a sociedade potencializa a longevidade, a 
expectativa de vida, ela nega aos idosos o seu valor e sua importância. 
 
Para Papaléo Netto (2002, p. 10 apud RODRIGUES et al., 2006, p. 2), o 
conceito tradicional de velhice é tido como: 
O envelhecimento (processo), a velhice (fase da vida) e o velho ou 
idoso (resultado final) constituem um conjunto cujos componentes 
estão intimamente relacionados. [...] o envelhecimento é conceituado 
como um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações 
morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam 
perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, 
ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos 
patológicos que terminam por levá-lo à morte. [...] Às manifestações 
somáticas da velhice, que é a última fase do ciclo da vida, as quais 
são caracterizadas por redução da capacidade funcional, calvície e 
redução da capacidade de trabalho e da resistência, entre outras, 
associam-se a perda dos papéis sociais, solidão e perdas 
psicológicas, motoras e afetivas. 
22 
 
 
O envelhecimento ao mesmo tempo em que é uma conquista nos dias atuais 
é um forte desafio no que pode representar uma consequência nos efeitos da 
passagem do tempo, das condições biológicas, envolvendo fatores psicossociais e 
psicossomáticos. É por isso que o envelhecimento tem dimensão existencial porque 
modifica a relação do homem com o tempo, com o mundo e sua própria história, 
constituindo características biopsiquicas, como também sociais e culturais. 
A velhice passou a ocupar um lugar marginalizado pelo fato dos idosos já 
terem realizado seus “potenciais evolutivos”, já terem trabalhado e contribuído, 
dando tudo o que tinham para oferecer, perdendo assim o seu “valor social”. Isso é 
mais evidente, principalmente, nas sociedades ocidentais contemporâneas, nas 
quais o indivíduo é medido por sua produtividade, o seu valor como ser social é 
medido pelo seu trabalho. 
O ser velho tem sido representado com um conjunto de atribuições e 
transformações negativas que estão ligadas ao conceito tradicional de velhice. Na 
sociedade capitalista, o envelhecimento é marcado exclusivamente por valores 
negativos, o envelhecer é visto como algo indesejável e causador de sofrimento. Ao 
passo que a juventude é fortemente exaltada, a velhice é excluída e estigmatizada. 
Exemplo disso é o fato de que, no capitalismo, o velho perde seu poder como 
produtor de bens e riqueza, em consequência, seu valor social. 
A sociedade é a mesma que mantém e reproduz a idéia de que a pessoa vale 
o quanto produz e o quanto ganha, e por isso, os mais velhos, estão fora do 
mercado de trabalho, e quase sempre, vem ganhando uma pequena aposentadoria 
que podem ser descartados, e considerados inúteis. 
A maioria dos jovens mantém a idéia estigmatizados idoso impregnado os 
valores fixos na juventude uma grande fase da vida, enquanto ser idoso. Como 
afirma Peixoto (2007), ao relatar que: 
[...] a representação social da velhice é, assim, bastante marcada 
pela inserção do individuo no processo de produção.Dessa forma, 
entende-se a velhice dos trabalhadores como vinculada à inutilidade 
e à incapacidade de produzir.” [...] (PEIXOTO, 2007, p. 25). 
23 
 
 
Vivemos numa sociedade de consumo, onde o novo é privilegiado e 
valorizado, em detrimento do velho. Nesta desigual realidade capitalista, o velho 
passa a ser ultrapassado, descartado, ou é caracterizado como fora de moda. Essa 
contradição é agravada por fatores culturais que idolatram o moderno, o novo, o 
jovem e ridicularizam o antigo e o velho. 
Assim o idoso se depara com problemas de rejeição da auto-imagem e tende 
a assumir como verdadeiros os valores da sociedade que o marginaliza. Dessa 
forma a marginalização do idoso se processa socialmente e é muitas vezes, 
assumida pelo próprio idoso, que não tendo condições de superar as dificuldades 
naturais do envelhecimento, se deixa conduzir, por padrões preconceituosos que o 
colocam á margem da sociedade (GOLDMAN, 2007). 
Marilena Chauí (1999) diz que: 
[...] a sociedade brasileira é marcada pela estrutura hierárquica do 
espaço social que determina a forma de uma sociedade fortemente 
verticalizada em todos os aspectos: nela as relações sociais e 
intersubjetivas são sempre realizadas como relação superior, que 
manda e um inferior que obedece [...] o outro jamais é conhecido 
como sujeito, nem como sujeitos de direitos jamais é reconhecido 
como subjetividade nem como alteridade. (CHAUÍ, 2000, p. 89). 
 
 Nesse contexto Oliveira (2007, p. 4) relata que a cultura brasileira caracteriza-
se por ser “[...] do atraso e a formação social brasileira são perpassadas por 
relações que privilegiam o favor, o clientelismo, o paternalismo e a privatização do 
público. 
Falar de cultura política no campo da política social considera-se por um lado 
traços conservadores, autoritáritarismo na formação social, cultural e economia 
brasileira de políticas sociais enquanto direito do cidadão e dever do Estado, pois a 
Política Social é criada a partir do contexto das relações sociais numa sociedade 
que expressa uma diversidade de antagonismos nas praticas de grupos sociais. 
 
 A cultura é uma dimensão fundamental de hegemonia, nela se concentram 
as forças sociais, o bloco de poder constituído por uma classe. Essa cultura tem a 
capacidade de controlar e produzir mudanças na sociedade tendo em vista na 
sociedade de classes (IANI, 1996). Percebemos que a maioria dos idosos sente 
24 
 
dificuldades de inserção; é importante avaliar que as diferenças sociais, étnicas e 
culturais influenciam na dinâmica do idoso na sociedade e esta idéia conduz a 
refletir sobre estes desafios de modo a trabalhar com este idoso e resgatar seu 
papel político e social como cidadão de direitos. 
2.2 A LUTA DA POPULAÇÃO IDOSA POR DIREITOS NA SOCIEDADE 
CAPITALISTA: AVANÇOS E RETROCESSOS. 
 
O propósito deste subitem é discutir sobre a efetivação das Políticas e o 
sistema de proteção social destinada ao idoso. Cada sociedade numa determinada 
época, tinha uma forma de tratar e definir o idoso. Neste sentido fica evidente a 
impossibilidade de pensarmos sobre o que significa “ser velho” fora de um contexto 
histórico, já que a velhice toma contornos diferenciados de acordo com o lugar, a 
cultura, e a forma como as pessoas se organizam. O cenário dos anos 30 emerge 
em meio a uma forte turbulência sofrendo reflexos do avanço do capitalismo, que se 
expandia no setor industrial. As políticas de proteção social no Brasil surgiram a 
partir de sua organização,quando veio para enfrentar a questão social tal como era 
na República Velha, configurando uma política social de cunho clientelista, 
corporativista, que compõe o cenário da década de 1930. 
A República Velha (1889 – 1930) foi caracterizada pelo revezamento na 
presidência da República entre os estados de Minas Gerais e São Paulo, chamado 
de política do café com leite. Um governo marcado pelo autoritarismo e pela 
tendência centralizadora dos interesses do Estado. A década de 20 foi denunciada 
por fortes manifestações no que diz respeito ao contexto das oligarquias. Política 
marcada fortemente pelo coronelismo troca de favores, e clientelismo, nessa época 
a população estava em fase de transição, as cidades em modernização devidas o 
crescente êxodo e migração para as zonas urbanas. 
A história dos idosos no Brasil evolui a partir da perspectiva da caridade, da 
filantropia. A proteção social era voltada para o atendimento de certas situações de 
pobreza. A origem da proteção social baseava-se no modelo da família. A proteção 
dos indivíduos contra as adversidades da vida cabia aos familiares mais jovens à 
aptidão para o trabalho cuidar dos idosos e incapacitados. Contudo, nem todas as 
25 
 
pessoas podiam contar com a proteção familiar para seu amparo em momentos de 
necessidade. Então surgiu a intervenção do Estado de forma mais concreta. 
Inicialmente o Estado adota algumas medidas isoladas e restritas a algumas 
categorias profissionais urbanas e cria, em 1923, a Caixa de Aposentadoria e 
Pensão (CAP) dos ferroviários, a qual foi o embrião de toda a política de previdência 
social e eixo dorsal da futura política de seguridade social. No período Republicano, 
a constituição de 1891 foi a primeira a conter a expressão “aposentadoria” que era 
concedida aos funcionários públicos em casos de invalidez. Com um tempo as 
caixas de aposentadoria são transformadas para IAPs (Instituto de Aposentadoria e 
Pensões), passando a abranger categorias profissionais não só a empresas. 
As mudanças políticas e econômicas estavam ocorrendo no Brasil, dentro de 
uma ordem capitalista, desenvolvimento no setor industrial, o surgimento das greves 
trabalhistas era tratada de forma reivindicatória e insatisfação dos trabalhadores que 
determinavam uma proposta para o Estado, para melhores condições de trabalho 
nas indústrias. 
O desenvolvimento industrial do país sentia-se prejudicado com as agitações 
dos trabalhadores, portanto para acalmar os ânimos foi criada a Lei Eloy Chaves 
(Decreto nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923), pois garante sob a forma de lei alguns 
direitos aos trabalhadores em contrapartida o empresariado adquira desta 
resignação e maior produtividade no trabalho. Esta política de seguro social defendia 
a prestação gratuita de assistência médica curativa, fornecimento de medicamentos, 
concessão de aposentadoria por tempo de serviço, velhice, invalidez, pensões para 
dependentes dos empregados e auxilio federal. A Lei Eloy Chaves, Decreto 
Legislativo nº 4.682, de 24/01/1923, foi uma conquista dos trabalhadores e à 
primeira norma a instituir no país a previdência social, com a criação das Caixas de 
Aposentadoria e Pensão (CAP) para os ferroviários. As caixas de aposentadoria e 
Pensões vieram com a finalidade de prestar benefícios (aposentadorias e pensões) 
e assistência médica. 
A Previdência Social, foi um marco histórico nesse período como Político 
Social, teve sua evolução no Brasil, marcada ao longo do século XX, tendo como 
contexto e motor as grandes transformações sociais, políticas, econômicas e 
26 
 
institucionais, e como forma de assegurar a reprodução da força de trabalho para a 
manutenção do capitalismo, que garantia o bem-estar do trabalhador. 
O novo modelo de sociedade amplia as contradições dentro de um sistema de 
lutas e reivindicações da classe trabalhadora por melhores condições de vida, a 
carga do horário de trabalho, férias remuneradas, descanso semanal e melhores 
condições de trabalho, que o Estado reconhece as reivindicações advindas dos 
trabalhadores. 
O perfil das políticas sociais no período de 1937 a 1945 foi marcado pelos 
traços do autoritarismo, e centralizado pela atuação burocrática, o poder central e 
eram compostos por traços paternalistas baseado na legislação trabalhista numa 
estrutura altamente burocrática e corporativista para a classe trabalhadora. Na 
Constituição de 1937 já havia algumindicio de proteção à velhice, estabelecendo o 
seguro de velhice para o trabalhador. Os direitos da pessoa idosa, Constituição 
Federal em 1934 alcançou grandes conquistas, no artigo 121, trata dessa questão, 
principalmente voltado à lógica do direito trabalhista em formato de uma previdência 
social “a favor da velhice”. Uma preocupação recorrente da industrialização e 
urbanização que criou péssimas condições de trabalhos para a classe trabalhadora, 
pessoas impróprias como ex-trabalhadores que se tornavam idosos para o trabalho 
fabril e que não tinha condições nem meios de se sustentar. 
Nas Constituições de 1946, em seu artigo 157, fala da Previdência “contra as 
consequências da velhice”, e de 1967, da previdência social “nos casos de velhice” 
no artigo 158. Vale salientar que nessas Constituições havia uma preocupação 
moral com a formação da ordem e preservação da raça (FALEIROS, 2007). 
No Brasil, e em alguns outros países, surgiram também as santas casas de 
misericórdia que foi de grande importância no auxilio com a população idosa. Essas 
instituições foram fundadas a partir de uma necessidade emergencial para dar 
assistência aos idosos marginalizados e excluídos pela sociedade. O surgimento de 
instituições para idosos não é recente. No Brasil, já havia índice de idosos que 
sofriam violação de direitos por parte a família, maus tratos, toda forma de 
negligência, marginalização e, devido a isso, muitas vezes se submetiam a 
convivência fora do âmbito familiar. 
27 
 
Em 1960, foi criado o Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Foi 
editada a Lei nº 3.807, de 26/08/1960, Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), 
cujo projeto tramitou desde 1947, sendo considerada uma das normas 
previdenciárias mais importantes da época. Caracterizou-se pela fase da 
uniformização da previdência social. Com a concessão dos benefícios dos diversos 
institutos existentes na época, ampliou vários benefícios sociais, tais como: auxílio-
natalidade, o auxílio-funeral, e o auxílio-reclusão e assistência social o estatuto do 
trabalhador rural, foi implementada a Lei regulamentada pelo nº 4.214, de 
02/03/1963, criando Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL). 
Na década de 1960 surgem varias organizações não governamentais que se 
dispuseram para o trabalho em prol da população idosa. Destaca-se nesse período 
a criação da Sociedade Brasileira de Gerontologia e Geriatria (SBGG). Ela foi 
fundada em 16 de maio de 1961, na cidade do Rio de Janeiro, por um grupo de 
profissionais cuja visão e sensibilidade foram traços marcantes, o diferencial no 
campo da ciência da época. Eles percebem em um futuro que o Brasil não se 
tornaria um País tão jovem isso precisava preparar o jovem, e por isso precisava 
preparar-se tecnicamente e cientificamente para enfrentar o desafio de garantir a 
qualidade de vida dos idosos. A associação tem como objetivo de agregar médicos e 
outros profissionais que se interessam pela geriatria e gerontologia estimulando e 
apoiando o desenvolvimento na área do envelhecimento. A qualidade de vida do 
idoso se processa não tão somente com a saúde física, emocional, mas social que 
reflete na conjuntura do idoso. O idoso muitas vezes não aceita o processo de 
envelhecimento é um processo contínuo e nem sempre a família também 
compreendo, o velho tende a ter comportamentos diferentes, começam a sentir 
dificuldades de enfrentamento com a realidade social. 
Hoje em dia em alguns países os médicos geriatras acompanham pacientes 
idosos em suas residências juntamente com o serviço social com o objetivo de 
acompanhar todo o histórico do paciente na dinâmica de conhecer a realidade da 
família (abandono, maus-tratos, negligência). 
A velhice em um aspecto social tem representado na nossa sociedade um 
processo de negação, pois dentro do ambiente social é notório o descaso, a 
exclusão e o preconceito. Estes rotulam e dificultam qualquer trabalho que venha 
28 
 
beneficiar este segmento, portanto há uma necessidade de politizar-la e criar um 
novo lugar do idoso pelo pleno exercício da cidadania. Para Silva (2003): 
[...] a condição do velho na atualidade não tem revelado grandes 
alterações dos tempos remotos”. Mesmo com a evolução tecnológica 
e social, muitos problemas ainda são encontrados quando se trata do 
envelhecimento, pois não há inovações, mas disparidades 
marcantes. [...] a urbanização e a industrialização acentuaram as 
desigualdades que, associadas aos preconceitos e estigmas, vêm 
demonstrando que as experiências acumuladas durante a vida não 
estão sendo aceitas pelos mais jovens. (SILVA, 2003, p. 110). 
 
Assim, mesmo vivenciando inovações, nos mais distintos campos, o idoso 
enfrenta problemas sociais graves. “No Brasil, como em outros países em 
desenvolvimento, a questão do envelhecimento populacional soma-se a uma ampla 
lista de questões sociais não resolvidas, tais como a pobreza e a exclusão” 
(CAMARANO, 2004, p. 254). 
Ainda em 1960 a Associação Nacional de Gerontologia (ANG) recomenda a 
formação de uma comissão com o objetivo especifico de estudar e definir a estrutura 
do CNDI. A comissão deveria ser integrada por profissionais na área de gerontologia 
parcial e da geriatra, elementos que representam a constituição de vários ministérios 
nas áreas de saúde, trabalho e previdência, ação social, educação, ANG, SBGG, 
Serviço Nacional do Comércio (SESC), Conselho Estadual de Idosos (CEI), e 
Confederação Nacional dos Aposentados (CNA) (PRADO, 2006). 
A gerontologia é um campo que veio estudar a interdisciplinaridade que 
investiga os fenômenos fisiológicos, psicológicos e sociais relacionados com o 
envelhecimento do ser humano. A gerontologia difere da geriatria na medida em que 
esta última é o ramo da medicina associado ao estudo, prevenção e tratamento das 
doenças e da incapacidade em idades avançadas. 
 
O CNI (Conselho Nacional do Idoso) tinha como finalidade elaborar as 
diretrizes para implementar a Política Nacional do Idoso. A CNDI(Conferência 
Nacional do Idoso) tinha como objetivo de promover a cooperação entre os governos 
de União, dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municipais atendendo os direitos 
do idoso e da sociedade civil, promover a parceria com organismos governamentais 
e não governamentais, estabelecendo metas, com as demandas alcançadas, 
29 
 
promover pesquisas, realização de estudos, debates sobre a aplicação e os 
resultados estratégicos alcançados pelos programas e projetos de atendimento ao 
Idoso, desenvolvidos pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, ampliando 
também a participação e o controle por intermédio da rede nacional dos órgãos 
colegiados no âmbito regional, estadual, municipal e territorial fortalecendo o 
atendimento dos direitos do Idoso. 
Uma problemática constante que interfere na vida do idoso é em relação ao 
envelhecimento, representado por alguns um problema social não equacionado, 
refletir sobre essa questão é de suma importância, mesmo diante de algumas 
circunstâncias impostas pela ótica cronológica do tempo, das dificuldades de realizar 
tarefas, das impossibilidades, e incapacidades impostas pelo mundo do trabalho não 
torna o idoso um sujeito excluso da sociedade. O preconceito esta na 
marginalização social, portanto os principais movimentos retratam uma luta voltada 
para os direitos de dignidade, respeito e melhores condições de vida. 
 
Em 1963 o SESC, São Paulo iniciou uma série de ações com um grupo de 
aposentados do comércio e da área de prestação de serviços. A proposta pretendia 
incentivar a convivência para prevenir e evitar o descaso dessas pessoas. Essa 
ação se estendeu a grupos de aposentados, também outras categorias profissionais 
ampliando o publico e as demandas. Também foram criadas escolas para a terceira 
idade, uma proposta socioeducativa para os idosos. O SESC fez presente em todo o 
Estado interior e capital, como trabalho com osidosos. Aprendendo a conviver com 
a diversidade e os diferentes tipos de velhice. O crescimento do numero de idosos 
forçou a reflexão sobre as condições de vida desta população. 
 Segundo Paz (2001), antes da criação da referida lei, alguns conselhos já 
vinham sendo criados em todo o Brasil, como é o caso de São Paulo, instituído em 
1987, Rio Grande do Sul, em 1988 Santa Catarina em 1990 e Sergipe, em 1991. 
Os conselhos são instâncias democráticas que visam promover e executar 
ações sociais públicas e fiscalizar direitos em todos os níveis governamentais. A lei, 
no entanto foi objeto de veto por parte do ex-presidente Itamar Franco, houve uma 
série de manifestações do movimento social contra o veto. 
30 
 
A CNDI além de ter como objetivo de elaborar diretrizes para implementar a 
política do Idoso também promovia a realização de estudos, debates e pesquisas 
sobre a aplicação e os resultados estratégicas alcançadas pelos programas e 
projetos de atendimento ao idoso, desenvolvidos pela Secretaria Especial dos 
Direitos Humanos, ampliar também a participação e controle social por intermédio da 
rede nacional de órgãos colegiados no âmbito regional, estadual, municipal e 
territorial, fortalecendo o atendimento dos direitos do idoso. 
Em 1969, a Legião Brasileira de Assistência (LBA) é transformada em 
fundação e vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência Social, tendo sua 
estrutura ampliada e passando a contar com novos projetos e programas. 
Depois da segunda guerra mundial o conceito de qualidade de vida tornou 
mais latente no que se refere às condições de vida da população idosa. No Brasil 
ate 1960, com o crescimento da população idosa, veio uma forte expectativa de vida 
devido às baixas taxas de mortalidade e taxas de fecundidade. Hoje um dos maiores 
desafios da velhice é a negação de nossa sociedade em que sua maioria construa 
uma velhice digna, e recuperem as deficiências e incapacidade que ainda 
permanecem latentes. 
A nossa sociedade se caracteriza por uma cultura política autoritária que 
perdura até os dias de hoje. Portanto temos de levar em conta a dificuldade de 
modificar a falta de autonomia que se impregna na cultura sócio-política brasileira, 
nossa formação histórica ainda continua reprodutora de relações sociais que limitam 
o indivíduo a uma cidadania passiva. 
Portanto no inicio da década de 70 verifica-se uma forte articulação dos 
movimentos sociais na busca por direitos mais consolidados e veremos adiante, 
avanço nas políticas públicas sociais no que diz respeito à pessoa idosa. Agora em 
diante vamos apresentar a articulação dos movimentos sociais que ocasionaram 
mudanças e conquistas na década de 1980, como a Constituição Federal, Política 
Nacional do Idoso, Estatuto do Idoso entre outras ferramentas importantes para o 
bem estar e qualidade de vida para a População Idosa. 
 
31 
 
3 OS DIREITOS DA POPULAÇÃO IDOSA E A EFETIVAÇÃO DA POLÍTICA E 
SISTEMA DE PROTEÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE. 
 
 3.1 CONQUISTAS E LIMITES NA GARANTIA E EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS 
DOS IDOSOS NO CONTEXTO NEOLIBERAL. 
 
 O final da década de 1970 foi marcada por profundas mudanças econômicas 
e políticas. Essas demandas são percebidas como problemas sociais, e se tornaram 
suficientemente visíveis à sociedade. Nesse período houve fortes iniciativas em 
relação ao campo político e econômico, pois apontavam enfrentamento da crise 
global que instaurava mundialmente o aprofundamento da exploração da classe 
trabalhadora onde a mesma era submetida ao arrocho salarial, as mais duras 
condições de trabalho e repressão política. Além da crise financeira que o 
capitalismo passava no período. A estratégia era favorecer o desenvolvimento 
econômico, o governo não estava preocupado com a questão social e com isso a 
população sofria com a desregulamentação da força do trabalho, ao invés de trazer 
melhores condições de vida trouxe desigualdades aumentando o desemprego para 
a classe. 
Diante do crescimento da pobreza e das desigualdades sociais no Brasil, a 
assistência social era uma política pública de caráter o clientelista e assistencialista. 
No contexto da ditadura militar há fortes iniciativas do Estado voltados à população 
idosa, os enfrentamentos se davam na área de saúde, da assistência, da 
previdência, na saúde, na área da assistência entre outros segmentos sociais. Os 
idosos recebiam atenção de cunho caritativo de instituições não governamentais, 
tais como entidades religiosas e filantrópicas. 
 Os idosos começaram a se organizarem em associações na década de 1970, 
na tentativa de uma melhor proteção social. Os idosos buscavam a efetivação de 
seus direitos, uma política orientada por padrões de universalidade e justiça capaz 
de devolver à dignidade, a autonomia, a liberdade da população que se 
encontravam em situações de exclusão. As lutas dos movimentos sociais e dos 
vários segmentos insatisfeitos da sociedade fizerem emergir o desejo de cultura 
32 
 
democrática com a participação da população idosa no processo decisório da 
implementação de políticas sociais mais consolidadas já que os cidadãos 
asseguravam direitos com base na cultura dominadora e autoritária. Os movimentos 
sociais fizeram emergir no País a participação no processo decisório de políticas 
sociais. 
Tais lutas asseguraram importantes conquistas no campo da cidadania, 
participação popular, e a democratização do Estado e da sociedade civil. Segundo 
Teixeira (2007) no final da década de 1970 e início da década de 1980, os 
trabalhadores idosos fundaram as Associações de Aposentados e Pensionistas, cuja 
efetivação, como movimento unificado, ocorreu com a criação de federações que se 
uniram, formando, em 1985, a Confederação Brasileira de Aposentados e 
Pensionistas (COBAP) onde reivindicavam o aumento dos valores da aposentadoria, 
pelos direitos sociais e garantia da cidadania. Faleiros (2007) vem tratar que essa 
constituição foi elaborada no processo de transição democrática que rompeu com a 
ditadura militar, configurou um estado de direito, com um sistema de garantias da 
cidadania. O objetivo das manifestações eram abrir possibilidades para estes 
cidadãos idosos enquanto sujeitos para incorporação de uma cultura de direitos. 
A Lei nº 6.179 de 11 de dezembro de 1974, institui amparo social aos idosos 
com mais de 70 anos, incapacitados para o trabalho, que não exerçam atividades 
remuneradas, e que não tenham outro meio que garantam seu sustento, receberá 
um valor equivalente a 50% do salário vigente. O Instituto Nacional da Previdência 
Social foi um programa que se tornou responsável pelo atendimento do idoso. 
Foram criados o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social 
(INAMPS), e o Instituto de Arrecadação da Previdência Social (IAPAS), além de 
integrar os órgãos já existentes. Em 1977 foi criado o Sistema Nacional de 
Previdência e Assistência Social (SINPAS), o programa passou a atender o 
segmento idoso em todo território nacional. 
A prestação da Assistência ás pessoas idosa no Brasil foi uma grande 
conquista e teve inicio a partir da Portaria nº 82, de 4 de julho de 1974, do Ministério 
da Previdência e Assistência Social (MPAS), por intermédio do antigo Instituto 
Nacional da Previdência Social (INPS). De início, tal instituto foi um programa de 
33 
 
Assistência ao Idoso, que consistia o atendimento nos postos previdenciários. O 
movimento dos aposentados e pensionistas em 1985 ganhou grande visibilidade, 
tendo constituído no segundo o maior trabalho durante da Assembleia Nacional 
Constituinte, em 1987- 1988, perdendo somente para os ruralistas. Segundo Haddad 
(2003): 
O movimento dos aposentados ao reagir das formas autoritárias e de 
repressão política, vai além das reivindicações por melhorias de 
proventos, isto é encaminhando propostas que questionavam o novo 
modelo econômico, [...] foi portador de elementosque despertaram 
nos aposentados e pensionistas a consciência de seus direitos e o 
espírito de cidadania. (HADDAD, 2003, p.113). 
 
 A disputa pela Previdência implicava no contexto da privatização adotando 
um modelo que sustentava a política Neoliberal. Nessa conjuntura institucional o 
cidadão torna-se um cliente consumidor na perspectiva empresarial, onde o projeto 
profissional tornava-se um desafio, já que a reforma previdenciária interferia na 
relação do Estado de bem-estar social. O acesso aos benefícios dependia de 
comprovação de pobreza ou falta de sustento que podia ser atestada por autoridade 
administrativa ou judiciária local. Outra vitória no campo da conquista dos direitos se 
deu com a criação do primeiro Conselho Municipal do Idoso em São Paulo em 1989, 
assegurando o processo de participação e lutas, na reivindicação de políticas que 
efetivassem os direitos concedidos a partir da Constituição Federal de 1988. 
A organização e o amadurecimento do movimento ocorreram na medida em 
que se manifestava a crise na previdência com suas reformas. As marcas históricas 
da cultura política autoritária no Brasil são expressas pelo forte idéia do clientelismo 
e o patrimonialismo, ou seja, os acessos aos serviços públicos eram bastante 
defasados, daí a distinção do público e o privado; quando era absorvida a idéia de 
que o público não funcionava. O resultado desse embate tem forte impacto sobre a 
população idosa que conta com as políticas de seguridade para sua sobrevivência. 
Houve uma forte defasagem de proventos dos aposentados e pensionistas, na qual 
o Estado fechava os olhos para a velhice. 
Na situação de pobreza, o Brasil vivia no decorrer dos anos 1980 do ponto de 
vista econômico um dos momentos mais difíceis de sua história, recessão 
34 
 
prolongada, inflação, desemprego. No que se refere ao governo democrático, os 
movimentos sociais contribuíram para um desenvolvimento político e para a 
emancipação social, visto que é o espaço público é o espaço de todos os cidadãos, 
que o direito de participação política, os movimentos sociais era uma forma de 
reivindicação para melhoria para a população na construção de uma sociedade com 
menos injustiças sociais. Portanto a defesa de uma democracia participativa a voz 
as classes oprimidas é uma necessidade do Estado Democrático de Direito. 
A década de 1980 a luta da redemocratização foi um movimento dado pela 
expressão política, que denunciava um processo de barbárie e desrespeito a 
população submetida a maus tratos, torturas, violação de direitos, liberdade de 
expressão. O período da ditadura militar foi marcado pela mobilização de 
organizações populares e outros segmentos da sociedade que se mobilizaram 
contra o agravamento da questão social, a influência era dada por várias entidades 
públicas e políticas, como SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da 
Ciência), a OAB (Ordem dos advogados do Brasil), jornalistas estudantes, 
intelectuais, igreja católica e toda a sociedade civil, que atingiu um processo de 
democratização dando espaço para a entrada de uma nova constituição que 
influenciavam nas políticas sociais do Estado Brasileiro. 
 O contexto dos problemas sociais no âmbito do Estado era apontado como 
causas centrais das profundas crises econômica e social dando ênfase nas 
privatizações um novo cenário marcado pela ofensiva neoliberal. A política brasileira 
estava submetida à crise econômica e um forte agravamento das expressões da 
questão social, elas eram respostas dadas pelo Estado às reivindicações para 
sociedade civil, na tentativa de amenizar e acalmar a população, o Estado transferia 
assim a responsabilidade para o terceiro setor, sociedade civil e outros segmentos 
sociais. Uma política econômica que idealiza a participação do Estado mínimo de 
direitos e menos eficiente na questão de ampliar o bem – estar social da população 
idosa. 
 O mecanismo de terceirização dos serviços públicos para empresas privadas 
ou Organizações Não-Governamentais (ONGs) – visto que o governo via como 
necessário o caráter competitivo na área social – estes passaram a serem 
consideradas mercadorias. Assim, fatalmente o caráter de direito social é perdido, 
35 
 
pois os serviços ficaram disponíveis àqueles que tiverem recursos financeiros ou 
outros equivalentes para adquiri-los. Transfigurasse a noção de direitos sociais para 
a noção de um mercado de políticas sociais (SILVA, 2003). 
Esse modelo tem elementos que colocam em questão o caráter universalista 
das políticas sociais dos campos da saúde e da educação. Na verdade, 
individualizam os direitos sociais e intensifica-se a mercantilização dos serviços, 
transferindo para o mercado a realização dessas necessidades. Ao se compactuar 
de tal modelo, o cidadão deixa de compartilhar direitos iguais e universais, enquanto 
isso, a disponibilidade financeira determina o direito de ter acesso aos serviços 
públicos (FALEIROS, 2004; SILVA, 2003). 
Nesse período de participação da sociedade civil trouxe políticas de 
características universais daí decorre a introdução do conceito de seguridade social, 
a Constituição Federal de 1988 trouxe novas conquistas no âmbito da população 
idosa, na garantia de direitos relativos á Saúde, Previdência e Assistência Social. 
Também teve destaque a intervenção dos movimentos sociais na defesa dos direitos 
dos idosos com a implementação da PNI (Política Nacional do Idoso),em 1994, 
ampliação da cobertura da Previdência Social para os aposentados no valor de um 
salário mínimo, o beneficio de Prestação Continuada (BPC), Lei nº 8.742, de 07 de 
dezembro de 1993 para os idosos e pessoas com deficiência, com uma serie de 
inovações no contexto constitucional, daí após alguns anos surgiu à necessidade de 
uma implementação mais especifica surgindo assim o Estatuto do Idoso, Lei 
10.741/03. O Estatuto veio com grande importância na vizibilização dos direitos 
fundamentais da pessoa idosa. 
A Constituição Federal tem como preceito a saúde pública como direito de 
todos e dever do Estado, a assistência será prestada para quem dela necessitar, 
independente da contribuição a seguridade e no que se refere à Previdência Social, 
exigem a contribuição para que seus segurados e dependentes. Um novo conceito 
de seguridade social foi implementado na política social e isso foi um grande avanço 
dentro da constituição, pois anteriormente as políticas eram caracterizadas não 
como um direito prestado ao cidadão, mas uma benesse, um favor, uma relação 
baseada de modo clientelista e partenalista. 
36 
 
Esse período manteve ainda um caráter compensatório devido que a política 
brasileira estava ameaçada e submetida à crise econômica, agravamento da 
questão social, apesar de conquistas garantidas na CF. O art.194 da Constituição 
Federal trata sobre a “irredutibilidade do valor dos benefícios a caráter democrático e 
descentralizado da gestão administrativa, com a participação da comunidade, em 
especial dos trabalhadores, empresários e aposentados” (BRASIL, 1988, p. 33). 
Dessa maneira, os objetivos de seguridade social no contexto democrático uma 
nova organização das políticas se concretizam e representam um novo avanço na 
qualidade de vida dos idosos (HADDAD, 2003). 
As políticas sociais entram, neste cenário, caracterizadas como: 
paternalistas geradoras de desequilíbrio, custo excessivo do trabalho, e, de 
preferência, devem ser acessadas via mercado, transformando‐se em serviços 
privados. 
Esse processo é mais intensivo na periferia do capitalismo, 
considerando os caminhos da política econômica e das relações sociais 
delineados no item anterior, bastando observar a “obstacularização” do conceito 
constitucional de seguridade social no Brasil a partir dos anos 90 
(BOSCHETTI, 2003). 
A noção de cidadania surge também fortemente nos anos 80, devido ao 
Estado ditatorial,ressaltando um caráter inovador e estratégico. A concepção de 
cidadania da condição de cidadão do idoso tem se tornado compatível com a 
desigualdade real inerente á sociedade capitalista. Com esse novo cenário 
demográfico impõe novos desafios para a sociedade brasileira, sendo então 
necessário pensar como lidar com essa revolução demográfica. 
A cidadania se dá pela condição social que confere ao individuo, a 
capacidade de usufruir de direitos que lhes permitem participar da vida política e 
social da comunidade pelo qual está inserido. Ser um cidadão com cidadania é estar 
participando a partir do conhecimento dos direitos e deveres, gozando de direitos 
(privilégios garantidos pelo Estado), políticos e sociais, segundo Carolino et al. 
(2011). Ele confirma que: 
 
[...] cidadania é extremamente complexa, uma vez que não se trata 
de um conceito pronto, acabado e universal, mas determinado pelo 
37 
 
fator histórico; variando no tempo e no espaço. Assim, pode-se 
conceituar cidadania diante do momento histórico contextualizado, 
vivido por cada sociedade. Com isso é importante, sobretudo para os 
idosos excluídos da participação política, a luta para garantir 
melhores condições de vida e oportunidades de participar das 
decisões que dizem respeito á vida de toda a sociedade. 
(CAROLINO et al. 2011, p. 3). 
 
Os direitos sociais são reflexos da importância dos direitos políticos, os 
cidadãos idosos são sujeitos políticos que revelam condições de garantir sua 
dignidade, qualidade de vida para promoção de sua cidadania, direitos de escolha 
fundamentais para a conscientização política da classe e da sociedade. 
A Constituição brasileira tem seus princípios fundamentais constitutivos na 
dignidade da pessoa humana, no seu contexto atual o modelo de produção 
capitalista que desvaloriza o idoso, sua experiência, importância e significado para a 
sociedade. Após a publicação da Constituição Brasileira conhecida a constituição 
cidadã houve uma mudança de luta o que retratou muito bem a ampla mobilização 
de aposentados em torno de seus proventos e as tensões que a impulsionavam. O 
movimento dos aposentados foi desencadeado em função do governo, em setembro 
de 1991, ter concedido reajustes diferenciados para aposentados, estipulando 
benefícios superiores. Os aposentados insatisfeitos com a medida governamental 
mobilizaram-se para a conquista de igualdade no reajuste. 
Segundo Alvarenga (2006), demanda a organização e articulação em nível 
nacional, recorrendo aos meios de comunicação para atingir maiores números de 
aposentados e pressionar a vários setores do governo assim como sensibilizar a 
sociedade. A situação dos aposentados brasileiros idosos em sua maioria acabou 
provocando indignação popular e conquistando simpatia para o movimento. Tal 
discussão foi externada ora na situação de pobreza em que vivem os idosos, ora o 
desrespeito em que eram tratados, nos bancos, nos transportes e serviços públicos 
ora na possibilidade do surgimento de novas identidades dos idosos provedores da 
família responsáveis pela sobrevivência de outros. 
Em 1993 foi garantia uma grande conquista, sendo instituído o beneficio de 
Prestação Continuada por meio da Lei Orgânica Lei Orgânica da Assistência Social 
(LOAS), criada pela Lei 8.742 de 07 de dezembro de 1993, cuja operacionalização 
do reconhecimento do direito, normatizado através do Decreto 6.214 de setembro de 
38 
 
2007. Cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social, INSS e seu financiamento ao 
Fundo Nacional da Assistência Social (FNAS). Compreendido como direito do 
cidadão e dever do Estado às pessoas com deficiência e idosas acima de 65 anos 
cuja renda mensal familiar per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo vigente. 
De acordo com o art. 203 da Constituição Federal trata que: 
A assistência social será prestada a quem dela necessitar, 
independente de contribuição à seguridade social, e tem por 
objetivos: I-A proteção à família, á maternidade, á infância, á 
adolescência e a velhice; II- O amparo ás crianças e adolescentes 
carentes; III-A promoção da integração ao trabalho; IV-A habilitação 
e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção 
de sua integração a vida comunitária; V- A garantia de um salário 
mínimo de beneficio mensal a pessoa portadora de deficiência e ao 
idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria 
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a 
lei. (BRASIL, 1988).3 
A assistência social foi inserida na Constituição de 1988 nos art. 203 e 204, 
sendo regulamentada pela Lei orgânica da Assistência Social, para atender 
necessidades básicas dos indivíduos, tais como proteção à família, à infância, à 
adolescência, à maternidade, à velhice e à pessoa portadora de deficiência. Essa 
assistência destina-se aos indivíduos sem condições de prover o próprio sustento de 
forma permanente ou provisória, independente de contribuição à seguridade social 
(TAVARES, 2004; ARAÚJO, 2006; SILVA, 2008). 
Martins (2003, p. 56) define a Assistência Social como: 
Um conjunto de atividades particulares e estatais direcionadas para o 
atendimento dos hipossuficientes, consistindo os bens oferecidos em 
pequenos benefícios em dinheiro, assistência à saúde, fornecimento 
de alimentos e outras pequenas prestações. Não só complementa os 
serviços da Previdência Social, como a amplia, em razão da natureza 
da clientela e das necessidades providas. 
 
A principal característica da assistência social é ser prestada gratuitamente 
aos necessitados. As ações governamentais na área da assistência social serão 
realizadas com os recursos dos orçamentos dos entes federativos e mediante o 
recolhimento das contribuições previstas no art. 195 da Constituição, além de outras 
 
3 Documento eletrônico não paginado. 
39 
 
fontes, observando-se as seguintes diretrizes: “I - descentralização político-
administrativa das ações; II - participação da população.” (CARDONE, 1990, p. 45). 
Geralmente, confundem-se os conceitos, principalmente de Previdência e 
Assistência Social e essa confusão pode ser desfeita, ao se perceber que cada uma 
das áreas da Seguridade Social tem princípios próprios e diferentes objetivos. 
(TAVARES, 2004; SILVA, 2008). 
Entre as atividades da saúde e da assistência social uma grande diferença é 
que a saúde tem o caráter de universalidade mais amplo do que o previsto para a 
assistência social, pois ela visa garantir meios de subsistência às pessoas sem 
condições de suprir o próprio sustento, dando especial atenção às crianças, velhos e 
deficientes, independentemente de contribuição à seguridade social. Todos os 
idosos, sem exceção, têm direito ao SUS. O Sistema único de Saúde foi criado pela 
Constituição Federal de 1988 (art. 198) e regulamentado pelas Leis nº 8.080/90 (Lei 
Orgânica da Saúde) e nº 8.142/90 para que toda a população brasileira tenha 
acesso ao atendimento gratuito e público de saúde. 
A principal forma de assistência social, prevista no art. 203, V da Constituição 
Federal, garante o valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de 
deficiência e ao idoso que comprovem não ter meios de prover a própria 
subsistência, ou tê-la provida por sua família (SILVA, 2008). 
 A Assistência Social é a área de atendimento voltada exclusivamente ás 
camadas pobres e em situação de vulnerabilidade e incapacidade para o provimento 
de sua própria renda, esta possui poder limitado de ampliação da cobertura de 
atendimento em razão, basicamente dos estreitos limites estabelecidos pelos 
critérios de renda familiar que são utilizados como condições de avaliação e 
elegibilidade dos benefícios. Ainda a Política necessita de avanços no que se refere 
a questão da garantia de direitos e a ao posicionamento de corte de renda 
(YAŚODÃ, 2011[?]). 
 A Lei Orgânica da Assistência Social esta relacionada com as

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