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HISTÓRIA E MEMÓRIA DO ENSINO NORMAL EM PARNAÍBA

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HISTÓRIA E MEMÓRIA DO ENSINO NORMAL EM PARNAÍBA
MEIRELES, Ísis (1); RODRIGUES, M. S. M. (2) 
1. Universidade Federal do Piauí – UFPI. PPHGB/UFPI
Rua Alayde Marques nº 967, ap 08, Ininga, Teresina- PI
isismeireles@ufpi.edu.br
2. Universidade Federal do Piauí – UFPI. PPGED/UFPI
Rua Riachuelo, 586. Centro, Parnaíba-PI
Socorro_cnsg@hotmail.com
RESUMO
No presente trabalho pretende-se analisar o caminho percorrido na formação dos professores parnaibanos 
reconstituindo, por meio da historiografia, o processo de criação das escolas normais que se dedicaram a 
formar esses profissionais disseminadores do saber. A Escola Normal em sua singularidade é uma agência 
de transformação, responsável pela transmissão do saber e das normas e técnicas da formação de 
professores. Diante da nova realidade, o Brasil recebeu uma injeção de desenvolvimento na tentativa de 
modernizar as antiquadas estruturas coloniais. A institucionalização foi de grande importância para a Escola 
Normal, uma vez que a formação do professor encontra-se fortemente articulada com suas práticas 
profissionais.
Palavras-chave: Escola Normal. Formação de Professores. Parnaíba. Educação. Ensino.
II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades 
Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013
INTRODUÇÃO
Para compreender os problemas inerentes relacionadas à formação de docentes, é 
imprescindível a realização de uma releitura da história das escolas normais que por sua 
vez, deve partir de questionamentos que direcionem os caminhos para a compreensão das 
contradições dos discursos e dos posicionamentos de quem escreveu esta história. 
No presente trabalho pretende-se analisar o caminho percorrido na formação dos 
professores parnaibanos a partir do conhecimento do processo de formação dos docentes 
piauienses e brasileiros de forma mais abrangente, reconstituindo por meio da historiografia 
o processo de criação das escolas normais que se dedicaram a formar esses profissionais 
disseminadores do saber.
Reconstruir o passado educacional pode corroborar para aprimorar os atos do 
presente, ajudando a planejar o futuro uma vez que “é a partir dos textos escritos no 
passado, ou memorizados no presente, que procuramos descobrir o que se passou,dando 
forma a fragmentos dispersos que restaram, buscando seus possíveis sentidos” (Jenkins, 
2007, p. 10).
Buscou-se realizar um trabalho de reconstrução da história da educação, memória 
historiográfica do ensino normal brasileiro, piauiense e parnaibana, através dos fragmentos 
encontrados nas leituras. A realização desse estudo partiu das várias leituras efetuadas 
dentro de cada segmento estudado. 
Sobre a historiografia brasileira trabalhou-se com: Dias (2008), Mendonça (2005), 
Veiga(2007) e Villela (2000 e 2008). Na historiografia piauiense teve-se como referencia: 
Brito (1996), Costa Filho (2006), Ferro (1996), Lopes (1996 e 2008), Pinheiro (2007) e 
Soares (2004) e na historiografia parnaibana optou-se por dialogar com: Mendes (2001 e 
2007), Silva (1985), Silva (2007), Oliveira (1993).
O ENSINO NORMAL NO BRASIL 
Pelo Ato Adicional à Constituição em 1934, a cidade do Rio de Janeiro é 
desmembrada da Província Fluminense transformando-se em Município e ampliando sua 
autonomia administrativa. Nesse momento desponta “a preocupação de incutir normas” 
(Villela, 2008, p. 30), ou seja, nasce o estabelecimento de regras que motivarão a 
institucionalização das escolas normais em todo o país, buscando uniformizar, qualificar e 
profissionalizar a atividade docente. A falta de preparo dos professores era citada como uma 
das causas dos problemas sociais existentes. “Tal instituição, pelo seu potencial 
organizativo e civilizatório, foi imaginada como uma das principais alavancas da expansão e 
consolidação da supremacia daquele segmento da classe senhorial que chegara ao poder” 
(Vilella, 2008, p. 31).
De acordo com Mendonça (2005) a criação da primeira Escola Normal na cidade de 
Niterói, Estado do Rio de Janeiro, em 1834, aconteceu neste contexto de mudanças 
organizadas por um grupo político que importou da França todas as características 
metodológicas e se esqueceu de adaptá-las à realidade brasileira. Assim, surgem as 
primeiras escolas normais no Brasil: em 1834, no Rio de Janeiro; em 1836, na Bahia; em 
1837, em Mato Grosso;e, em 1843, em São Paulo.
Em 04 de abril de 1835 é sancionada a Lei nº 10 que trata da criação da Escola 
Normal na Província do Rio de Janeiro, na cidade de Niterói, objetivando preparar de forma 
adequada o docente para trabalhar nas “escolas de primeiras letras”. Nesse sentido 
Mendonça comenta: 
A Escola Normal foi fundada no Brasil para cumprir a função de 
formadora de docentes para o ensino primário. Porém, os docentes, 
através de conteúdos e ações, deveriam colaborar para classificar e 
hierarquizar a sociedade além de também contribuir para solucionar 
problemas de ordem social, sem gerar custos ao Estado e sem 
romper com a ideia colonialista e patriarcal que caracterizava todas 
as relações sociais econômicas e políticas do Brasil. (2005, p. 49)
A Lei de criação da Escola Normal estabelecia algumas exigências para integrar o 
quadro de professores tais como “ser cidadão brasileiro, maior de dezoito anos, com boa 
morigeração; e saber ler e escrever.” (Vilella. 2008. p. 32). Observa-se claramente no texto 
da Lei o rigor moral exigido e que a nacionalidade e a idade eram critérios excludentes, 
preocupação esta com a posição ideológica dos futuros disseminadores do saber. Também 
se percebe que a intenção maior não era a instrução, visto a exigência do nível mínimo de 
conhecimento, comprovado pela precariedade dos programas e propostas pedagógicas.O 
currículo das escolas primárias não se diferenciava, a não ser pela metodologia, pois, aos 
futuros mestres era cobrado também, o conhecimento do método lancasteriano como definia 
a Lei, além da formação moral e religiosa, o que nos leva a conclusão que a intenção maior 
dos governantes era o do controle e da disciplina e não a instrução em si. (Villela, 2008) 
De acordo com Villela “o método lancasteriano procurava desenvolver principalmente 
os hábitos disciplinares de hierarquia e ordem, exercia um controle pela suavidade, uma 
vigilância sem punição física” (2000, p. 108). No entanto, observou-se que esse método não 
se adequava à realidade brasileira, pois o número de matriculas era pequeno e o custo 
muito grande. 
Como a formação para a profissão não despertou o interesse dos jovens, o governo 
distribuiu bolsas de estudo objetivando custear os estudos de rapazes carentes. Quem 
determinava se o aluno-mestre estava pronto ou não era o diretor, esse, único professor 
existente nas escolas(Villela, 2008).Situação essa muito criticada pelos governantes que 
optavam por uma formação ainda mais rápida que dois ou três anos, embora ineficiente 
(Mendonça, 2005).
Nesse momento observa-se que a Escola Normal não conseguia cumprir a função 
para a qual fora criada, se encontrava com grandes problemas quanto à contratação de 
professores primários pela falta de interesse no magistério. Dez anos passaram-se e o 
panorama educacional não sofreu alteração nenhuma, o que leva a escola normal a fechar 
suas portas, ficando desativada por mais de uma década (Villela, 2008).
Dias (2008) destaca que a razão principal para que tantas escolas normais passassem 
por longos períodos de extinção era a precariedade na estrutura organizacional, além de 
possuir apenas um professor para todas as disciplinas do curso, sendo tão deficiente quanto 
às escolas primárias.
Nessa primeira fase de sua existência, a escola normal contribui para a educação 
brasileira e entra para história da educação como a instituição que deu início,no Brasil, à 
formação do professorado fluminense estabelecendo a diferença entre “os antigos mestre-
escolas sem formação e os novos professores primários” (Villela, 2008, p.34).
Em 1847 ocorreu uma reforma na instrução pública na província cuja ideia principal 
era aumentar o número de escolas, desconsiderando a necessidade de qualificar. 
Assim,“dividiram-se as escolas em dois grupos: de 1ª classe e de 2ª classe. Estas, com 
padrão mais elevado, teriam professores formados enquanto que as primeiras funcionariam 
com adjuntos”(Villela, 2008, p. 34).
De acordo com Mendonça (2005) os “professores adjuntos” era a solução encontrada 
para o problema da falta de professores formados. Esse novo método chamado de “método 
austríaco-holandês” consistia em trabalhar com aprendizes no lugar de professores. 
Observa-se então que nesse momento a profissão de docente foi mal remunerada e tratada 
como sinônimo de desprestígio social.
Diante do estado em que a educação encontrava-se e da nova conjuntura econômica, 
política e social que se implantava fez-se necessário um repensar educacional. A educação 
passou a ser vista como trampolim para progresso. Em 1859 uma lei provincial autorizou a 
recriação da Escola Normal de Niterói. 
Nessa perspectiva foi inaugurada em 1862 a 2ª fase da Escola Normal da 
Província.Surge nesse momento as primeiras mulheres que começam a interessar-se pela 
profissão e passam a frequentar a Escola Normal. 
Em 1868 é nomeado para o cargo de Diretor da Escola o bacharel José Carlos de 
Alambary Luz e com ele uma fase de modernização que perdurou até 1876, quando o 
mesmo pediu demissão. O novo diretor acreditava que a verdadeira missão do professor era 
elevar o nível intelectual das nações e para realização desse feito necessitava contar com 
professores qualificados. Nada conseguiu junto à província que melhorasse de imediato a 
educação.Começou então a mudar seu discurso e a apresentar o problema educacional por 
outro ângulo: o econômico. Tarefa difícil de ser cumprida: sensibilizar os educadores da 
necessidade de uma educação de qualidade. Ao final de oito anos de gestão conseguiu o 
feito de transformar a Escola Normal em Escola Modelo e que a mesma funcionasse em 
dois prédios vizinhos, uma para os homens e outra para as mulheres. 
No final do Império advieram importantes alterações na legislação das escolas 
normais por meio do decreto de 19 de abril de 1879, a chamada reforma Leôncio de 
Carvalho, que segundo Veiga “tiveram como causa entre outras, o acúmulo de 
conhecimento e a circulação de informações por meio de periódicos nacionais e 
estrangeiros” (2007, p. 167).
Praticamente, as Escolas Normais só se desenvolveram no início da República, 
apesar de todos os problemas enfrentados como: a utilização do professor leigo, a falta de 
professores qualificados, as precárias condições do ensino e a ausência de espaço físico 
entre outros problemas.Frente ao processo de expansão, remodelação e reformas que 
aconteceram nesse período, novas exigências à formação do professor aparecem e com 
eles a necessidade de repensar o ensino.
O ENSINO NORMAL NO PIAUÍ
Em 2010 a Escola Normal completou um século de existência no Estado do Piauí. 
Cem anos desde aquele dia em que o então governador Antonino Freire e o Secretário de 
Estado do Governo Dr. Mathias Olympio assinaram a Lei nº 548 de 30 de março, 
reformando a Instrução Pública que pelo Decreto de 19 de abril do mesmo ano determinou 
que o “ensino ministrado pelo Estado seria leigo, gratuito e dividido em primário, normal, 
profissional e secundário” (Soares, 2004, p. 56). Era mais uma das tentativas de 
implantação do Ensino Normal no Piauí. De acordo com Lopes “a Escola Normal surgiu, 
então, como desejo de superação daquele que, na concepção de seus membros, era o 
maior empecilho para a ação eficaz da educação: o professorado” (2000, p.107).
A Escola Normal no Piauí vivenciou três tentativas de implantação: a primeira em 
1864, quando então era presidente da Província Franklin Américo de Meneses Doria que 
promove uma reforma de ensino. Nesse momento as escolas são reclassificadas de acordo 
com o conteúdo a ser ensinado;continuam divididas pelo sexo de professores e alunos, ou 
seja, nesse momento é proposto “a criação de duas Escolas Normais: uma para cada sexo, 
ou de acordo com as finanças provinciais, uma primeira para o sexo masculino”(Lopes, 
2008, p.107).
Assim, nasce à primeira Escola Normal Piauiense por meio da Resolução nº 565, 
assinada em 05 de agosto de 1864, na capital da Província, Piauí, no entanto essa escola 
seria em regime de externato, mista e paga. Talvez por essas características e localização a 
população do Piauí não se sentiu atraída. A parcela masculina da elite poderia procurar 
instrução em outras cidades,não optando pelo ofício de professor. Quanto ao grupo 
composto pelas mulheres, estas, ainda não haviam despertado para a escolaridade, por 
conta da estrutura social, patriarcal e rural da sociedade.Lopes comenta que “assim, essa 
Escola Normal funcionou quase sem alunado interessado em realizar a sua completa 
escolarização, apesar do relativo sucesso da matrícula inicial” (2008, p. 110).
Em 1868, é elaborado o princípio da proposta para criação dessa Escola Normal, 
efetivando-se como curso anexo ao Liceu e não com uma escola independente, não 
existindo professores específicos para a formação normalista. “[...] esse novo ensino normal 
teve curta existência sendo extinto por resolução em1874” (Brito, 1996, p. 34).
Nova tentativa de implantação do Ensino Normal na Província do Piauí acontece em 
1882,com a Resolução nº 1062 que faz ressurgir a antiga Escola Normal. O Colégio passou 
a funcionar no prédio do Liceu de forma autônoma em relação ao mesmo. Em 1884, novo 
processo educacional é implantado na escola, mas logo é encerrado. Lopes afirma que essa 
nova escola “teve como parâmetro a experiência francesa proporcionada por Guizot e seu 
projeto de reformulação do ensino elementar, de 1833 [...]” (2008, p. 113). 
Como a Escola Normal Oficial não aconteceu, um grupo de intelectuais constituiu uma 
sociedade e criou a Escola Normal Livre em 1909. Em 15 de maio de 1910, no governo de 
Antonino Freire, a Escola Normal é autorizada a reiniciar suas atividades. 
Brito (1996) em seu livro História da Educação no Piauí: Enfoque Normativo, Estrutura 
Organizacional, Processo de privilegia três aspectos do Piauí: o normativo, onde apresenta 
as legislações básicas do ensino; o organizacional, que enfatiza os aspectos administrativos 
e didáticos, assim como a estrutura curricular e o de sistematização, que acompanha a 
evolução do processo desde a implantação do ensino. Encontra-se dividida em Período de 
Implantação (1733-1845) quando se verifica as primeiras tentativas de organização de um 
estabelecimento de Ensino na Província do Piauí, Período de Estruturação (1846- 1910), 
período em que ocorrem as três tentativas de implantação da Escola Normal no Piauí; 
Período de Consolidação(1910-1961) que inicia-se com a implantação da Lei que rege a 
estrutura administrativa didática e disciplinar até meados de 1961 quando é promulgada a 
Lei de Diretrizes Bases da Educação e para finalizar o Período de Sistematização (1962 
- ...),que se inicia com o advento da Lei 4.024 de 20/12/1961 e se estende até os nossos 
dias. Apresenta um quadro completo de nossa evolução educacional, desde os primeiros 
atos oficiais até os dias atuais. 
Costa Filho(2006) em seu livro A escola do sertão, apresenta um material 
historiográfico que nos permite analisar o sistema oficial de ensino, buscando compreender 
o processo educacional piauiense e o desenvolvimento das formas alternativas de ensino 
que surgiram com o objetivo de atenuaro problema da falta de escolas oficiais. Buscou-se 
compreender as relações sociais e de trabalho estabelecidas no período oitocentista, 
demonstrando que o desenvolvimento urbanista da Província do Piauí definiu-se a partir do 
mundo rural. 
Lopes (1996) em sua dissertação de mestrado intitulada Beneméritas da Instrução:A 
feminização do magistério primário piauiense analisa como o Estado do Piauí e a Escola 
Normal gestaram essa ocupação, no período de 1864 a 1930, como sendo tipicamente 
feminina. Discute as conjecturas sobre o ofício de mestre, tratando das representações 
relativas ao magistério exercido pela mulher.Também em seu artigo Um Viveiro muito 
especial: Escola Normal e profissão docente no Piauí,(2008) publicado no livro As escolas 
normais, o autor analisa inicialmente as tentativas de implantação da Escola Normal no 
século XIX no Piauí frente aos docentes não preparados para o exercício profissional e 
debate também o papel da mulher frente a essa nova realidade e sua inserção no mundo 
social e profissional.
Soares (2004), em seu livro Escola Normal em Teresina: reconstruindo uma memória 
da formação de professores – 1864-2003, busca sistematizar e compreender como se 
constituiu a História da Escola Normal em Teresina, hoje denominada Instituto de Educação 
“Antonino Freire” (IEAF), criada em 1864 e, modificada através de várias legislações. 
O ENSINO NORMAL EM PARNAÍBA
O Intendente municipal na década de 20, preocupado em realizar uma reforma de 
ensino municipal, fato comum por todo Brasil, convida o educador paulista Luis Galhanoni 
para implementar essa reforma juntamente com os professores parnaibanos. Sentia-se falta 
de uma escola para formação de professores eorganizaram-se então para trazer à cidade 
esta instituição, fato que realmente concretizou-se em pouco tempo. Criaram no mesmo ano 
da criação do Ginásio Parnaíba a Escola Normal de Parnaíba.
Assim, surge na cidade o ensino normal ministrado na “Escola Normal de Parnaíba” 
fundada em 11 de julho de 1927, na mesma época do Ginásio Parnaibano, funcionando 
inicialmente no prédio do grupo Escolar Miranda Osório, que encontrava-se recentemente 
construído, “visando à formação de professores para atender ao crescente número de 
escolas que se verificava em 1930, no período do final da década de vinte” (Mendes, 2007, 
p.85).
Essa escola surge no governo de José Narciso da Rocha Filho como resultado dos 
esforços e das lutas de muito professores. Estes se encontravam sob a liderança de José 
Pires de Lima Rebelo, Edison da Paz Cunha e José de Lima Couto, que, iniciou na 
instituição como professor em 1927 e mais tarde, no período de 1949 a 1967, foi nomeado 
como diretor. (Oliveira, 1993).
A escola foi reconhecida e regularizada em 1928, com um currículo de três anos. 
Forma sua primeira turma, em 1932, composta de 11 alunas e 01 aluno, momento 
vivenciado com grandes festividades. 
Na década de 30, o Ginásio Nossa Senhora das Graças, conhecido como “Colégio 
das Irmãs” ampliando suas atividades educacionais passava a trabalhar a modalidade de 
“Ensino Normal” ao criar o “Curso Pedagógico Normal”, para atender às reivindicações das 
famílias parnaibanas e oferecer um curso voltado para as mulheres. O Ensino Normal do 
Colégio das Irmãs iniciou seu funcionamento com 16 alunas1 mais tarde, em 1933, esse 
curso é equiparado à Escola Normal de Teresina (Mendes, 2007).
A estadualização do Ensino Normal em Parnaíba foi um marco histórico, pois a 
“Escola Normal de Parnaíba” deixa de ser uma instituição privada e ganha o status de 
escola pública, portanto gratuita, garantindo o acesso da clientela menos favorecida a esse 
tipo de instituição. A esse respeito Oliveira comenta:
21 de novembro de 1959 marca uma era promissora para a Escola 
Normal de Parnaíba com a sua oficialização pela Lei 1892, no 
governo de Francisco das Chagas Caldas Rodrigues. Este foi, sem 
dúvida, um grande passo na vida educacional de Parnaíba, rumo à 
democracia com a educação gratuita favorecendo a clientela pobre 
que nação podia pagar escolas.
A Escola normal de Parnaíba passou a denominar-se Escola normal 
Francisco Correia numa justa homenagem ao intelectual, jornalista, 
advogado que sempre soube defender as causas da Educação em 
Parnaíba, além de mestre-escola.
[...]
A Escola normal tornou-se um centro de treinamento e 
aperfeiçoamento de professores no norte do estado, tendo realizado 
vários cursos (1993, p. 22-23).
A partir da década de 30, Ensino Normal em Parnaíba era oferecido: como escola 
mantida pelo Estado na “Escola Normal de Parnaíba” que com a estadualização passa a 
denominar-se de “Escola Normal Francisco Correia”, e pelo Ginásio Nossa Senhora das 
Graças, conhecido como Colégio das Irmãs, localizada ainda hoje na Praça Santo Antonio, 
entidade particular de cunho filantrópico e confessional. 
A Escola Normal Francisco Correia com o auxilio de seu Diretor, José de Lima Couto, 
de seus funcionários, professores e alunos, que sempre lutaram para que a escola 
funcionasse em prédio mais adequado, fato esse que se concretiza no governo de Petrônio 
1 Dados gerais do ginásio nossa senhora das graças – alusivos ao curso pedagógico, 1973, p. 1
Portela, no ano de 1967, ao ser entregue, um prédio recém construído situado na Av. Miguel 
Roda, hoje, Avenida das Normalistas, local onde ainda hoje, funciona a escola.
Ao aposentar-se da direção, o professor José de Lima Couto apresenta ao então 
governador da época Dr. Helvídio Nunes, uma lista tríplice para a escola do novo diretor. 
Dentre os nomes enviados encontrava-se o da professora Maria Cristina de Moraes Souza 
Oliveira, que foi a escolhida pelo governador e muito bem aceita pelo corpo docente e 
discente.
A professora Maria Cristina dirigiu com maestria a escola no período compreendido 
entre 1968 a 1987, quando por motivos políticos é substituída no cargo. No período de sua 
direção a Escola Normal cresceu muito. Nessa época foi instalado o Serviço de Orientação 
Pedagógica por meio de uma equipe especializada, além de um auditório para suas 
apresentações e aplicação de mini-cursos.
Nesse momento a historiografia se faz presente, ao dialogar com os autores 
conhecedores do tema em análise, tais como:Francisco Iweltman Vasconcelos Mendes em 
seus dois livros: Parnaíba Educação e Sociedade: da colonização à primeira república 
(2001) e Parnaíba Educação e Sociedade: da colonização ao fim do Estado Novo (2007) 
trabalha a história da educação parnaibana, discutindo as características da vida econômica 
e social bem como a escassez de recursos. Faz um panorama rápido em cima do perfil 
geográfico e dos antecedentes históricos na busca de compreender melhor a região. 
Trabalha o império, as lutas e a República situando a educação no tempo e no espaço; 
também, analisa o método lancasteriano adotado como correto, observado suas vantagens 
e desvantagens.
Silva (2007) em sua Dissertação de Mestrado denominada À Luz dos Valores 
Religiosos: Escolas confessionais católicas e a escolarização das mulheres piauienses 
(1906 – 1973) realiza um estudo da História da Educação Piauiense abordando 
especificamente a história das instituições confessionais católicas. Discute o processo de 
escolarização das mulheres piauienses nos colégios religiosos além de buscar compreender 
cotidiano desses estabelecimentos de ensino. O foco da pesquisa se deu sobre os Colégios 
administrados pelas irmãs Catarinas, particularmente, o Colégio Sagrado Coração de Jesus 
em Teresina e o Colégio Nossa Senhora das Graças em Parnaíba. Esse estudo procurou 
desvendar a constituição e estruturação dessas escolas destinadas às mulheres no Estado 
do Piauí, além da atuação das mesmas na formação educacional dasociedade.
Silva (1985) em seu artigo intitulado Escola Normal Francisco Correia publicado no 
Almanarque da Parnaíba de 1985 na60ª edição - fala da trajetória da Escola Normal da sua 
fundação aos dias atuais (até 1985). 
Oliveira (1993) em seu livro Parnaíba, das primeiras escolas aos cursos universitários 
trata sobre a educação parnaibana desde as primeiras escolas primárias de iniciativa 
particular, para um segundo momento quando surgem os grupos escolares à presença do 
majestoso Campus Ministro Reis Veloso da Universidade Federal do Piauí. Ressalta nomes 
e feito importantes na área educacional e levanta quatro questões cruciais na educação do 
futuro. O livro encontra-se dividido em quatro fases: a primeira fase, de 1898 a 1914, a 
segunda de 1915 a 1942, a terceira de 1942 a 1970 e finalmente a última de 1970 aos dias 
atuais. Discute de forma objetiva e clara sobre a educação parnaibana.
CONCLUSÃO
O final do século XIX e início do século XX trouxeram muitas transformações para a 
sociedade brasileira que se encontram diretamente entrelaçadas com o papel que a mulher 
desenvolveu nesse período, quebrando a estrutura patriarcal dominante e implantando uma 
estrutura mais liberal, que lhe permitiu sair à busca de um emprego diferente do 
doméstico.A instituição que avalizou essa transformação foi a Escola Normal.
Mesmo com todas as dificuldades, aberturas e fechamentos pode-se afirmar que a 
primeira escola normal foi um marco importante na formação dos professores no período 
imperial, uma vez que “funcionou como um laboratório de práticas que eram estendidas a 
todo o país” (Villela, 2000, p. 104) e que o ensino normal ficou adormecido durante todo o 
Império, só ganhando notoriedade na Primeira República, tornando-se indiscutível a 
relevância dessa instituição para o país, para o estado e para o município.
Foi pela interferência das Escolas Normais que se definiram os saberes as formas de 
fazer dos futuros professores, além de fornecer o alimento base para diferenciar o professor 
de escola, e o velho mestre-escola. 
Concluí-se corroborando com a informação de o quão foi importante essa 
institucionalização para a Escola Normal, uma vez que a formação do professor encontra-se 
fortemente articulada com suas práticas profissionais, bem como para a mulher que 
consegue quebrar as amarras que as prendiam ao passado e ingressam na vida 
profissional, reescrevendo a história das mulheres.
REFERÊNCIAS
BRITO, Itamar Sousa. História da Educação no Piauí. Teresina: EDUFPI. 1996. 
COSTA, Filho. Alcebíades. A escola do sertão: ensino e sociedade no Piauí, 1850-1889. 
Teresina: Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 2006. 
DIAS, Márcia Hilsdorf. Escola Normal de são Paulo do Império entremetáfora das luzes e a 
história republicana. In: Araújo, José C. S.; FREITAS, Ana Maria G. B. e LOPES, Antônio de 
P. C. (Org.). As escolas normais no Brasil – do Império à República. Campinas, SP: Alínea, 
2008.
FERRO, Maria do Amparo Borges. Educação e Sociedade no Piauí Republicano. Teresina: 
EDUFPI, 1996.
JENKINS, Keith. A Hisória Repensada. Traduzida PR Mário Vilela. E. São Paulo: Contexto, 
2007.
LOPES, Antônio de P. C.Beneméritas da Instrução: A Feminização do Magistério 
Piauiense.Dissertação de mestrado em Sociologia da Universidade Federal do Ceará. 
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