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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIGRAN CAPITAL HANIÉLY MAGALHÃES MANCILHA DOS SANTOS RGM; 181.090 AS QUATROS HIPÓTESES DE RESTRIÇÕES À AUTONOMIA PRIVADA NO CONTRATO DE COMPRA E VENDA E SUAS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS Campo Grande 2020 COMPRA E VENDA ENTRE ASCENDENTE E DESCENDENTE Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.” A disposição legal visa proteger o núcleo familiar e a legítima dos herdeiros necessários. Na compra e venda é necessária a concordância porque não será submetida à colação. A venda de ascendente para descendente sem o consentimento dos demais descendentes e do cônjuge é anulável. Trata-se, pois, de defeito do negócio que não pode ser declarado de ofício de pelo juiz. “Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.” O STJ, ao interpretar o art. 496 entende que a alienação de bens de ascendente a descendente, sem o consentimento dos demais, é ato jurídico anulável, cujo reconhecimento exige: 1) a iniciativa da parte interessada; 2) a ocorrência do fato jurídico, qual seja, a venda inquinada de inválida; 3) a existência de relação de ascendência e descendência entre vendedor e comprador; 4) a falta de consentimento de outros descendentes; e 5) a comprovação de simulação com o objetivo de dissimular doação ou pagamento de preço inferior ao valor de mercado – REsp 1679501/GO, DJe 13/03/2020, posição também adotada no REsp 476557/PR, DJ 22/03/04; 6) quanto ao item anterior (5), acrescentou-se que alternativamente, deveria-se realizar a demonstração de prejuízo. COMPRA E VENDA ENTRE CÔNJUGES "Art. 499, CC – É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão." Os cônjuges não podem vender um para o outro, bens da comunhão. Caso isso ocorra o ato é considerado inexistente, sendo, portanto, um “nada” jurídico, pois mesmo havendo a prática de atos materiais a propriedade não é transmitida, visto que, ninguém pode comprar algo que já lhe pertence. Em contrapartida, bens fora da comunhão podem ser comprados e vendidos entre eles, porque operam efeitos jurídicos. Dessa forma, o patrimônio comum não pode ser vendido um para o outro, mas se a coisa pertencer ao patrimônio particular, tecnicamente pode ser vendido para o cônjuge. As cláusulas de um contrato não podem ser ilegais, imorais nem impossíveis. E quando nos referimos a ser ilegal, não significa apenas infringir a Lei, mas também as hipóteses de tentativa de burla-la. Quando os indivíduos se casam e escolhem o regime, tecnicamente ele (regime) é imutável (salvo, por ação judicial com motivo justificável em casos excepcionais), neste contexto, evidentemente não poderíamos utilizar o contrato para burlar a Lei, por exemplo, alterando o regime. VENDA DE BENS EM CONDOMÍNIO PRO INDIVISO Dispõe o artigo 166 que será nulo o negócio jurídico, dentre outras hipóteses, quando for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto, for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade, e quando a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. A princípio, entendemos que o negócio jurídico seria nulo enquanto o condômino preterido não tomasse conhecimento do negócio jurídico realizado. Anulável pelo prazo de 180 dias, a contar da ciência pelo condômino preterido na venda realizada. Válido, se decorridos 180 dias da ciência do negócio jurídico pelo condômino preterido, o mesmo não exercer seu direito de preferência mediante depósito do preço, de acordo com o artigo 504 do Novo Código Civil. Há que se separar a escritura pública do negócio jurídico. A escritura de compra e venda lavrada pelo notário seria perfeitamente válida, eis que o objeto da compra e venda seria lícito, possível e determinável. Também não seria nula por falta de alguma solenidade que a lei considere essencial à sua validade, eis que a escritura pública a ser lavrada é a essência da validade do negócio jurídico a ser juridicamente formalizado pelas partes, e ainda pelo fato de a lei não o declarar nulo taxativamente, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. A escritura seria válida, mas o negócio jurídico seria anulável. Embora revogável, enquanto o evento não se der, o titular desse domínio condicionado poderá exercer todos os seus direitos. Com a realização desse evento cessa o direito do proprietário condicional, passando para aquele em cujo benefício se operou a resolução A conclusão a que se chega, portanto, é a de que, ao alienar a coisa, sem dar prévio conhecimento aos demais consortes, celebra, o alienante, uma venda resolúvel, ou seja, sujeita a determinada condição, que é o ajuizamento da ação da preferência pelos demais. Se o conhecimento for dado, ou se do fato o condômino restante tiver ciência, não ajuizada a tempo e hora a citada ação, a venda se materializa em todos os seus termos de direito, passando de resolúvel a efetiva. Desde, porém, que seja a ação de prelação ajuizada, por certo que aquela compra e venda não é apenas ineficaz, ela se torna nula, perde todas as suas características, devendo o adquirente voltar-se contra o alienante para buscar eventuais direitos, a menos, evidentemente, que tenha tido ciência inequívoca do estado de condomínio do imóvel, e tenha colaborado para a frustrada venda. O artigo 1.360 estabelece que "Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, que a tiver adquirido por título anterior à sua resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele cuja propriedade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor". COMPRA E VENDA DE BENS A ADMINISTRAR Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública: I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração; II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta; III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade; IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados. Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito. Ao curador cabem os cuidados com a pessoa e os bens do curatelado e a administração dos bens das pessoas sujeitas à curatela, inclusive a alienação desses bens, sempre em proveito do curatelado, sob a tutela do juiz e sob as vistas do Ministério Público. O curador deve anualmente prestar contas em juízo, e a venda de qualquer bem deve ser precedida de pedido e autorização judicial, devendo ser, após, juntados os documentos que comprovem o destino das verbas arrecadadas com a venda. A tutela é deferida em consequência da perda ou suspensão do poder familiar, falecimento ou desconhecimento da origem familiar, assim entregando a terceiro, o tutor, alguns dos deveres da entidade familiar, isto é, os deveres concernentes a proteção dos interesses do menor, quanto a educação, dignidade e segurança, por exemplo. Assim, o legislador estabelece, por exemplo, em seu art. 1.746 do CC, que tendo bens o menorserá sustentando e educado as custas desse, sendo arbitrado pelo juiz as quantias que lhe pareçam necessárias a esses sustento, considerando o rendimento desses bens, e assim garantindo o uso adequado do patrimônio do tutelado. Os tutores não podem conservar em seu poder o dinheiro dos tutelados excedente ao necessário para as despensas com sustento, educação e administração dos bens, bem como se estiverem em estabelecimento bancário oficial, não poderão retirar a não ser mediante ordem ou autorização do juiz. Ademais, há entendimento de que em caso de patrimônio substancial há a possibilidade de prestação de caução pelo tutor quando o patrimônio do menor tiver valor considerável, como forma de garantia do tutelado e de seus interesses.
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