Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA Disciplina ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS Autor: Professor LUIZ A. PEREIRA APRESENTAÇÃO DO AUTOR: Luiz A. Pereira é Biólogo, graduado em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas e Bacharel em Ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Ecologia pela Universidade de Brasília (UnB) e Doutor em Ecologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Foi Biólogo da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA, RJ), além de docente na Universidade Federal de Viçosa (UFV) e na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Veiga de Almeida (UVA) e do Centro Universitário Celso Lisboa (CEUCEL), no Rio de Janeiro. IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA: No desenvolvimento desta disciplina procuraremos mostrar que a ecologia (e a natureza, como um todo) tem leis que precisam ser obedecidas, pois, caso contrário, todo um sistema ecológico será irreversivelmente destruído. Enfatizaremos aqui, também, que a ecologia - ou os sistemas naturais - não tem “receitas de bolo” ou “um mesmo remédio”, serve para qualquer ecossistema estudado. Na ecologia cada caso é um caso e, obrigatoriamente, deve ser estudado individualmente quanto às suas peculiaridades. Leis são feitas para serem obedecidas, não discutidas ou ignoradas. Não sendo obedecidas essas regras, quaisquer medidas mitigadoras ou corretivas não surtirão o efeito desejado. EMENTA: Níveis de Organização Ecológica; A Estrutura e o Funcionamento dos Ecossistemas; As Cadeias e as Teias Alimentares; O Fluxo de Energia e Produtividade; A Ciclagem de Nutrientes; As Relações entre os Seres Vivos; OBJETIVOS: Capacitar o aluno a interpretar a Ecologia em seus conceitos básicos e a reconhecer a importância desta ciência para a manutenção da natureza nos dias atuais. P R O G R A M A A N A L Í T I C O : UNIDADE I - INTRODUÇÃO À ECOLOGIA: I.1- Objetivos; I.2- Histórico; I.3- Objetivos e as Inter-Relações com as outras Ciências; I.4- As Sub-divisões da Ecologia; I.5- Noções e Conceitos Fundamentais da Ecologia; I.6- Exercícios de Fixação; I.7- Resumo; e I.8- Bibliografia Recomendada. UNIDADE II- AS TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA E DA ENERGIA NOS ECOSSISTEMAS: II.1 - Objetivos; II.2 - Introdução; II.3 - As Cadeias e Teias Alimentares; II.4 - Os Ciclos Biogeoquímicos; II.5 - O Fluxo de Energia; II.6 - As Pirâmides Ecológicas; II.8 - Exercícios de Fixação; II.9 - Resumo; e II.10- Bibliografia Recomendada. UNIDADE III- AS RELAÇÕES ECOLÓGICAS COMO FATORES REGULADORES DAS COMUNIDADES: III.1 - Objetivos; III.2 - Introdução; III.3 - A Biodiversidade e a interação dos fatores ecológicos; III.4 - A Classificação dos Fatores Ecológicos; III.5 - Os Fatores Limitantes; III.6 - As Relações Homotípicas; III.7 - As Relações Heterotípicas; III.8 - Exercícios de Fixação; III.9 - Resumo; e III.10- Bibliografia Recomendada. UNIDADE I : INTRODUÇÃO À ECOLOGIA: I.1. Objetivos; I.2- Histórico; I.3- Objetivos e as Inter-relações com as outras Ciências; I.4- As Sub-divisões da Ecologia; I.5- Noções e Conceitos Fundamentais da Ecologia; I.6- Exercícios de Fixação; I.7- Resumo; e I.8- Bibliografia Recomendada. I.1. OBJETIVOS: . Conhecer os conceitos básicos da ecologia; . Reconhecer a importância da manutenção dos ambientes naturais; . Reordenar sua conduta frente aos problemas ambientais atuais; e . Emitir conceitos e opiniões para melhor eficácia das medidas de preservação ambiental. I.2- HISTÓRICO: Ainda que não reconhecida como ciência, o homem já “praticava” a ecologia desde os tempos mais remotos. A prova disso é que, ainda como caçador e coletor, o homem primitivo precisava conhecer os fundamentos básicos da “ecologia” da caça, da pesca e dos vegetais, para melhor sucesso na obtenção desses alimentos. Para a caça, o fundamental era a correta determinação dos hábitos alimentares da presa para, desta forma, dispor cevas ou ceveiros adequados e eficientes (que consiste em dispor o alimento preferido da caça em locais pré-determinados no campo). Vistoriadas regularmente e, após a constatação de estar sendo consumida pelos animais, o caçador armava então a emboscada, geralmente em cima das árvores. Quanto à flora, perguntas práticas precisavam ser rapidamente respondidas, do tipo: É comestível ou é venenosa? Estará sempre disponível ou é esporádica? etc. Tornando-se posteriormente criador e agricultor, o homem melhor garantiu seu sustento, porém com maior obrigatoriedade do conhecimento das “ecologias”, tanto da fauna quanto da flora, agora confinadas em áreas restritas. Aqui também perguntas precisaram ser eficientemente respondidas, como por exemplo: Para se obter sucesso, quais os cuidados básicos que terão de ser implementados, em termos de nutrientes, água e sanidade, nas criações e plantações? Muitos dos grandes homens do chamado “renascimento” biológico, dos séculos 18 e 19, contribuíram ao tema, ainda que a palavra ecologia não fosse ainda usada. Por exemplo, citamos o biólogo holandês Anthon Leeuwenhoeck (mais conhecido como o precursor do microscópio) que, em princípios dos anos 1700, desenvolveu estudos sobre as cadeias de alimentos e a regulação das populações. A palavra ecologia é relativamente recente. Foi proposta pela primeira vez em 1869 pelo também biólogo alemão Ernst Haeckel, utilizando o prefixo grego oikos= casa ou lugar onde se vive + a terminação logus= ciência ou estudo. Ecologia não é uma das chamadas “ciências exatas”, já que trata, todo o tempo, direta ou indiretamente, com a vida. Neste caso, as respostas para questionamentos ecológicos, em quase totalidade, vem acompanhadas das palavras/frases do tipo: tudo indica que...; creio que...; acredita- se que...; possivelmente...; parece que...; etc. A ecologia é também uma ciência em grande parte conceitual, o que pode, às vezes, fazer com que os profissionais das ciências exatas - treinados para obter uma única resposta para cada pergunta – possam sentir-se algo não satisfeitos com as respostas obtidas dos profissionais da área ambiental. Na ecologia arriscamos dizer que, muitas das vezes, 2 + 2 não é igual a 4. Como exemplo de ciência conceitual começamos pela própria definição, qual seja: Ecologia (definição de Dajoz, 2005) “é a ciência que estuda as condições de existência dos seres vivos e as interações de qualquer natureza, existentes entre esses seres vivos e seu meio”; Para Odum (1988) “é o estudo da estrutura e da função da natureza”; Para o Dicionário Webster’s “compreende a totalidade ou o tipo das relações entre os organismos e o seu meio ambiente”. A nossa: “é o estudo das interações dos organismos entre si e dos organismos com o meio ambiente”. Entendeu? Já que sim, para melhor ilustrar o caráter conceitual desta ciência, escreva com as suas próprias palavras mais uma definição para a ciência ecologia. Possivelmente teremos agora uma quinta versão diferente da mesma ciência. Quer um outro exemplo sobre conceituação na ecologia? Utilizaremos então o certamente mais falado no Mundo atual, o conceito de ecossistema. O nosso: “Ecossistema, corresponde a um sistema termodinamicamente em equilíbrio”. Entendeu? Ok. Muito bem, pergunto: Um lago, desde que já tenha alcançado este tal equilíbrio, pode ser considerado um ecossistema? Sim. Acontece que ele está inserido “dentro” de um segmento de mata, que também já alcançou o equilíbrio. Esta mata pode ser considerada como um ecossistema? Sim. E se esta mata estiver dentro da FlorestaAtlântica, esta última é um ecossistema? Sim. Onde afinal ocorrem as “fronteiras” ou “limites” entre um ecossistema e outro? Ou seja, tudo depende de tudo neste imenso e único Ecossistema Terra. Se você não se confundiu, escreva então, agora, a “sua” definição de ecossistema. Comentário: Para ser ecossistema é fundamental que todas as cadeias alimentares existentes nele estejam equilibradas, ou seja: o número de presas suficiente para manter o número dos predadores. Não esqueça que existem as presas das presas e também os predadores dos predadores, etc. Trata-se de um equilíbrio dinâmico, sempre sofrendo ajustes aos abalos externos sofridos. I.3- OBJETIVOS E AS INTER-RELAÇÕES COM AS OUTRAS CIÊNCIAS: Por analogia, o ecólogo está muito associado ao detetive, ou seja, está sempre procurando as causas que originaram aquelas conseqüências (ambientais) visíveis. Aí está, também, a grande diferença entre o conservacionista (que ciente da necessidade da preservação ambiental por questões de sobrevivência, reclama dos impactos sofridos pelo ambiente, geralmente organizando campanhas, mutirões, manifestações etc) e o ecólogo, correspondendo ao cientista que busca as causas que originaram tais conseqüências. Tente você mesmo desenvolver um trabalho de cunho ecológico, como o exemplificado a seguir. Numa parcela representativa de floresta sente-se ao chão. Protegido por roupas adequadas, sem fumar, sem perfumes etc, permaneça em silêncio, o mais imóvel possível. Muito bem, você está em plena atividade de realização de um survey (nome técnico que corresponde às abordagens introdutórias para a coleta de dados, visando futuros programas de pesquisas). Pode ser até que você se sinta um tanto ou quanto ridículo em tal atitude, já que nada “acontece”. Calma!. A condição fundamental para ser um ecólogo é ter paciência, atenção e perseverança. Com o passar do tempo você poderá, gradativamente, ir se sentindo cada vez mais integrado, aceitando e sendo “aceito”, por aquele sistema ecológico. A rotina daquele ecossistema irá, pouco a pouco, voltando à normalidade, mostrando-se. Suponhamos então que, à sua frente, passe uma fileira de formigas. Certamente, teríamos uma série de questões investigativas. O Quê passou? Pergunta a ser respondida por um biólogo, por tratar-se de um sistema vivo, etc, etc... (não ecólogo). Quem passou? Resposta a ser dada por um taxonomista (não ecólogo), considerando tratar-se de um Insecta, Hymenoptera, de tal gênero e de tal espécie. Onde passou? Aqui, uma análise do substrato físico e das condições abióticas etc., respondida por geólogos e geógrafos (não ecólogos). Como passou? Respondida por anatomistas, fisiologistas etc, descrevendo os movimentos apresentados etc (não ecólogos). Quanto passou? Ou seja, a estimativa do número de insetos envolvidos naquela atividade etc., respondida por estatísticos (não ecólogos). Qual direção vieram e qual direção tomaram? Respondida também por outros profissionais (não ecólogos). E, finalmente, Por Quê? Certamente respondida pelos ecólogos. A ecologia é, portanto, a ciência que tenta responder os Por Quês. À partir do instante em que você procurar responder tal pergunta, automaticamente já estará “fazendo” ecologia. Quanto às inter-relações, a ecologia, todo o tempo, utiliza as demais ciências como instrumentos de trabalho. Não se faz ecologia sozinho e sim sempre agregado a uma equipe multidisciplinar. É praticamente impossível se ter o domínio necessário, em todas as demais ciências, para os trabalhos ecológicos. É muito comum o ecólogo ir desenvolvendo seus projetos trabalhando com morfotipos, ou seja com nomes (letras, números ou apelidos) de animais e plantas provisórios, enquanto os taxonomistas (vegetais e animais), em seus respectivos laboratórios, fazem a correta identificação científica. É de suma importância a competência desses outros profissionais da sua equipe, já que identificações erradas fornecerão, por conseguinte, trabalhos ecológicos sem nenhuma validade científica. I.4- AS SUB-DIVISÕES DA ECOLOGIA: A Ecologia pode ser sub-dividida em: Auto-Ecologia, Sinecologia e Dinâmica de Populações A Auto-Ecologia (proposta por Schroter em 1896, auto = mesmo, próprio), se ocupa do estudo do organismo ou de uma espécie individualmente com o seu meio. Por exemplo o estudo do rato-dágua (Nectomys squamipes), no Parque Nacional de Brasília, ou o estudo do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) na Reserva Biológica Nacional de Poço das Antas (RJ). Na Auto-Ecologia desprezam-se as interações dessa espécie com as outras, mas com este enfoque, freqüentemente, ganha-se na precisão ou na profundidade das informações ecológicas obtidas. A Sinecologia (proposta também por Schroter, em 1902, synes = diversos), analisa as relações entre os indivíduos pertencentes a diversas espécies (como um todo ou como unidade de trabalho) e o seu meio. Por exemplo, o estudo da comunidade de roedores (formada por várias espécies, cada qual com a sua população) do Parque Nacional de Brasília, ou o estudo da comunidade de primatas (formado pelas espécies: mico-leão dourado (L. rosalia), macaco-prego (Cebus apella); e bugio (Alopata fusca), da Reserva Biológica de Poço das Antas. Na Sinecologia (também chamada de biocenologia, biocenótica ou biossociologia) a unidade metodológica empregada é a comunidade e não uma única população, como é o caso da Auto- Ecologia. Tanto a Auto quanto a Sine apresentam vantagens e desvantagens. Na Auto-Ecologia: Vantagem: poderá ir muito mais a fundo na obtenção de informações ecológicas específicas sobre aquela determinada espécie, já que toda metodologia de trabalho foi montada para tal; Desvantagem: pouca profundidade nas informações ecológicas das demais espécies daquele macrohabitat (animal ou vegetal). Na Sinecologia: Vantagem: citando-se, como exemplo, a possibilidade de avaliação da importância ou o envolvimento ecológico da comunidade de primatas, como um todo, na Reserva de Poço das Antas, para a manutenção do metabolismo daquele ecossistema. Pode-se avaliar, também, as relações predador-presa, como disseminadores de sementes, no envolvimento com zoonoses (doença infecciosa transmissível sob condições naturais entre animais e o homem), dentre outras implicações. Desvantagem: apenas informações ecológicas superficiais de cada espécie integrante seriam obtidas através da metodologia empregada, considerando que, como já dito, a unidade de trabalho foi a comunidade. A opção caberá ao ecólogo, considerando-se que, obrigatoriamente, antes de todo e qualquer estudo, é fundamental discutir-se exaustivamente, com todos os demais profissionais envolvidos, a metodologia adotada. Não se esqueça: a rotina de campo nada mais é do que uma “receita de bolo” repetida no campo. Se depois de pronto descobre-se que no dito bolo faltou, por exemplo, o fermento, todo ele irá para o lixo. Pense bem nisso! Não é raro vermos pesquisas inteiras serem descartadas, sem possibilidade de análises acuradas, simplesmente por terem empregado metodologias erradas, inadequadas ou incompletas. A Dinâmica de Populações ou Demoecologia (proposta pelo alemão Schwertfeger, em 1902) descreve as variações na abundância das diversas espécies e procura as causas dessas variações. A diferença básica das duas anteriores é que na Dinâmica de Populações leva-se fundamentalmente em questão o fator tempo. Na Dinâmica de Pops são usados gráficos, geralmente de doze meses (compreendendo as quatro estações), onde analisa-se as flutuações daquela população. Quando diretamente associadas às estações do anosão ditas flutuações sazonais, quando não, são chamadas de flutuações não- sazonais ou, mais comumente, de flutuações azonais. Geralmente as sazonais são as mais comuns na natureza. Comparativamente, a Dinâmica de Pops é a abordagem mais comum encontrada na bibliografia ecológica, já que é capaz de mostrar o “desenvolvimento” daquela população durante todo o ano. Nesses gráficos pode-se também inserir: as curvas das presas e dos predadores dessa espécie; os fatores ambientais, como temperaturas máxima, média e mínima diárias, a pluviosidade, a umidade relativa do ar, dentre outros parâmetros. Acredita-se que essas flutuações apresentadas, por exemplo durante o ano de 2006, sejam idênticas àquelas apresentadas nos anos anteriores e nos anos futuros, para aquela determinada espécie. Isso é interpretado como ano típico. Porém, flutuações bem diferentes também poderão ser obtidas. Neste último caso, são classificados como ano atípico para a espécie. Note-se aqui, mesmo nos chamados anos típicos, que trata-se apenas do “design” geral do gráfico final obtido e não exatamente dos valores específicos encontrados em cada uma das flutuações, entendendo que nenhum ano é exatamente idêntico ao anterior e será exatamente igual aos anos posteriores. Esta é mais uma das variáveis que, como já descrito, torna a ecologia uma ciência não exata. I.5- NOÇÕES E CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ECOLOGIA: BIOSFERA - Entendido como toda e qualquer região do planeta capaz de abrigar vida. Mesmo que naquele determinado instante de observação não ocorra ali vida, porém reúna as condições mínimas para tal existência, aquela área deverá ser incluída na Biosfera. BIOMA - Um tipo grande de comunidade ecológica, formado por ecossistemas. Por exemplo, taiga, tundra, florestas temperadas, mata amazônica etc. HABITAT - Local onde vive o ser vivo. O Habitat pode ser dividido em: Macrohabitat - Geralmente caracterizado pelas características físicas, topográficas ou, mais comumente, da vegetação dominante. Neste último caso, denominada por fitofisionomia. Exemplos de Macrohabitats: capinzal, capoeira, mata secundária, mata primária, etc. Por mais “homogênea” que possa parecer a composição de um determinado macrohabitat, ele certamente apresenta características menores, ou peculiaridades próprias em seu interior, ou seja: possui inúmeros microhabitats. Microhabitat - corresponde às características existentes dentro de um dado macrohabitat. Como exemplo citamos um capinzal, que numa análise mais detalhada, certamente mostrará segmentos mais ou menos densos de capim gordura (Melinis minutiflora), outros com capim- colonião (Imperata brasiliensis), outros mais arenosos, ou alagados, ou pedregosos, etc. Todas essas características ou categorias de microhabitats são importantes para a distribuição da flora e da fauna naquele dado macrohabitat. Ao analisarmos as categorias de microhabitats, dentro de um macrohabitat qualquer, poderemos fazê-lo sob um dos seguintes pontos de referência: Heterogeneidade - corresponde a distribuição dos microhabitats existentes dentro de um dado macrohabitat ao nível horizontal (tipo “colcha de retalhos”). Complexidade - corresponde a distribuição dos microhabitats existentes dentro de um dado macrohabitat ao nível vertical (por exemplo: a estratificação existente dentro de uma floresta). Exercício: Um grupo de ecólogos resolve avaliar o “Uso Ecológico do Espaço” num dado macrohabitat. Cada pesquisador estuda uma espécie diferente. Para a equipe encontram-se à disposição um balão dirigível e uma pilha de banquinhos. Pergunta-se: Por quê alguns pesquisadores irão para o balão enquanto outros irão pegar um dos bancos? Compare com a sua resposta Irão para o balão os pesquisadores das espécies de hábitos terrestres (avaliação dos microhabitats ao nível de heterogeneidade), enquanto que os demais pesquisam espécies escansoriais, ou seja, exploram os microhabitats disponíveis ao nível vertical, fazendo o uso ecológico do espaço, naquele dado macrohabitat, na forma tridimensional. Outro exercício: Como devem ser as avaliações dos microhabitats preferidos para as espécies de hábitos: 1 - Fossoriais? 2 - Terrestres? 3 - Escansoriais? 4 - Arbóreas ou arborícolas? 5 – Marinhas? NICHO ECOLÓGICO - Descrito pelo inglês Charles Elton, em 1927, corresponde ao papel desempenhado pela espécie dentro da comunidade. Em outras palavras, o nicho ecológico representa as respostas a essas questões: Como e onde a espécie se alimenta? Por quem ela é predada? Quem e como ela preda? Como e onde ela se abriga? Como e onde ela se reproduz? Etc. Ou seja, cada espécie tem o seu nicho ecológico. São pré-requisitos básicos, ou exigências da espécie, para poder ocupar aquele determinado ecossistema. É fundamental que todos esses requisitos estejam lá disponíveis, para que ela possa então se estabelecer. Duas espécies de mesmo nicho ecológico não podem ocorrer no mesmo ecossistema. Se assim for uma delas, a menos apta, deverá ser expulsa ou extinta daquele ecossistema. Isso é chamado, em ecologia, de Princípio de Exclusão Competitiva. Em qualquer espécie, a todo momento, alguns indivíduos estão migrando. Essas migrações são feitas, geralmente, por: indivíduos “errantes” ou os excedentes nas populações que já alcançaram o limite máximo de recursos disponíveis; por indivíduos que foram expulsos dos seus territórios, por causas variadas; ou ainda, acidentalmente, pela ação do vento, pelas correntes marinhas, por catástrofes naturais, etc. Quando realizada com sucesso, as migrações desses indivíduos são importantes para a expansão da distribuição geográfica daquela espécie. Ao “chegar” a uma nova região, o imigrante já traz consigo as suas exigências ecológicas, que, obrigatoriamente, terão que ser atendidas. Imaginemos as possíveis situações que uma determinada espécie imigrante, recém-chegada num dado macrohabitat, poderá encontrar: Situação 1 - A região alcançada não apresenta o nicho ecológico da espécie. Provavelmente a migração desse indivíduo continuará para outras regiões, não se fixando a espécie naquele ambiente. Neste caso, não deverá haver danos ecológico-ambientais. Situação 2 - A região alcançada apresenta o nicho somente em determinadas épocas do ano. Como alternativa para este caso, se a espécie imigrante apresentar uma mobilidade eficaz, ela poderá ocupar essa nova área somente nas épocas favoráveis, emigrando, sazonalmente, para outras mais favoráveis. Exemplos: inúmeras espécies de aves, como as cegonhas, que migram sazonalmente da Europa para a África; ou as baleias-jubarte, que migram da Antártica para o arquipélago de Abrolhos na época reprodutiva. Deverão ocorrer, nestes casos, alterações ecológico- ambientais na nova região. Situação 3 - A região alcançada apresenta o nicho completamente desocupado. Neste caso geralmente ocorre uma explosão populacional, considerando que a imigrante não traz consigo os respectivos predadores, aliando-se à inexistência de outras espécies, para a competição inter-específica. Deverão ocorrer alterações ecológico-ambientais consideráveis nessa nova região. Situação 4 - A região alcançada apresenta o nicho parcialmente ocupado por outra espécie. Teoricamente é possível a nova ocupação, como o exemplo citado por Dajoz (2005), para as aves cormorão-negro (Phalacrocorax carbo) e cormorão-com-poupa (P. aristoteles), que nidificam juntas nas mesmas falésias da Inglaterra, na mesma época e vão pescar nas mesmas águas. Porém não há competição por alimentação, porque as presas não são as mesmas: P. carbo mergulha nas profundidades e se alimenta de animais bênticos, peixes chatos e camarões; enquanto que P.aristoteles mergulha nas águas rasas, alimentando-se de crupeídeos e lúcios pequenos. Ainda assim, deverão ocorrer alterações ecológico-ambientais na região. Situação 5 - A região alcançada apresenta o nicho ocupado por outra espécie (nativa) mais apta na exploração do que pela espécie imigrante. Teoricamente, neste caso, deverá ocorrer a exclusão competitiva da espécie recém-chegada, ou, como migrante, ela continuará seu deslocamento para outras regiões mais favoráveis. Sob o ponto de vista ecológico-ambiental os danos esperados serão mínimos. Situação 6 - A região alcançada apresenta o nicho ocupado por outra espécie menos apta na exploração dos recursos do que pela espécie imigrante. Possivelmente deverá ocorrer aqui a extinção da espécie nativa (exclusão competitiva). Geralmente, como conseqüência secundária, ocorre uma explosão populacional na espécie exótica. Trata-se de um verdadeiro desastre ecológico-ambiental, onde medidas urgentes precisam ser tomadas para a não completa extinção da espécie nativa, dentre outras alterações ambientais. Situação 7 - A região alcançada apresenta o nicho completamente desocupado, porém a imigrante é uma espécie peri-domiciliar ou sinantrópica. Considerando que as ditas espécies exóticas preferem conviver como comensais do homem nas cidades, raramente se deslocando para as áreas silvestres, os danos ecológico-ambientais geralmente são mínimos. É o que ocorre com o pombo (Columba livia), o camundongo doméstico (Mus musculus), o rato-de-telhado (Rattus rattus), a ratazana (R. norvegicus), as baratas (Periplaneta americana e Blatella germanica) e o pardal (Passer domesticus), dentre outras. POPULAÇÕES - Conceitualmente, população - como uma unidade que se auto-controla e ajusta - não se originou do estudo de animais ou vegetais. Esses grupos só posteriormente foram considerados populações. O conceito surgiu quando o homem quis controlar o número de membros de sua sociedade, com o objetivo de organizá-la. O grego Platão (cerca de 428 - 348 AC) descreveu, em suas “leis”, a maneira segundo a qual sua sociedade (cidade-estado) deveria ser mantida e estabelecida. Suas idéias já demonstravam que ele identificou muitas das características de uma população: ...”em primeiro lugar, o número de cidadãos tem que ser determinado ... e as terras e casas terão que ser por nós repartidas, da melhor maneira possível. O número de cidadãos só pode ser calculado satisfatoriamente em relação ao território e estados vizinhos. O território deve ser suficiente para manter um certo número de habitantes num meio de vida moderado ... mais que isso não é necessário ... “. Nesta declaração Platão descreve: 1) uma população como uma unidade estrutural; 2) os indivíduos são as unidades da população e 3) estão limitados a uma área geográfica específica, que é o seu território. Platão, a seguir, sugere como uma grande “cidade-estado” deveria ser: “O número de nossos cidadãos será 5040 ... e para que essa distribuição possa ser mantida, eles precisam considerar que o número atual de famílias deveria ser mantido e nunca aumentado ou diminuído”. Embora Platão não tenha explicado porque considerou 5040 cidadãos como o número apropriado para a “cidade-estado”, está claro que ele acreditava que a população deveria manter esse tamanho. Também reconheceu que uma população deveria ser mantida estável pelo controle dos fatores que determinam seu aumento e diminuição. Para manter sua população ideal em exatamente 5040 indivíduos, Platão sugeriu a decretação de certas “Leis de Herança”, casamento e adoção. Reconheceu que as leis não seriam suficientes para controlar o tamanho da população, e por isso sugeriu procedimentos como: a) aumentar os nascimentos por recompensa; b) diminuir os nascimentos por proibição e c) enviar indivíduos para a colonização de outras áreas, retirando-os daquela população. A nós, particularmente, interessa apenas a origem da teoria de população. As idéias de Platão são especulações “arrojadas” mas não ciência. Faltou-lhe um componente científico básico, que é a “confirmação pela observação e experimentação”. Platão não contou nenhuma população nem testou qualquer de suas “leis”, contudo suas “especulações” foram valiosas, pois criaram novas idéias sobre as populações. Idéias que permitiram, a outros cientistas, desenvolvê-las e incorporá-las à ciência. O inglês Thomas Robert Malthus (1798) abordou, pela primeira vez cientificamente, o problema da população. Malthus foi educado para ser pastor e tinha um grande interesse pelas condições sociais de sua época: • Poderia o homem melhorar o seu tipo de vida? • É necessário que o homem esteja sempre sujeito a guerras, doenças, pobreza e fome? • Haverá possibilidade de uma vida melhor ? Para responder a essas questões, Malthus desenvolveu uma teoria sobre os fatores que regulam o tamanho de uma população humana. Ele partiu de duas suposições básicas: 1. O alimento é necessário para a vida do homem e 2. O homem alimentado continuará a reproduzir-se. Com elas elaborou a seguinte teoria: “... suponham, então, corretos esses meus postulados (suposições): a) digo que a capacidade de crescimento da população é indefinidamente maior do que a capacidade da terra de produzir o alimento necessário para a subsistência do homem; o alimento aumenta apenas em progressão aritmética. Alguns cálculos simples mostrarão a imensidade da primeira força em comparação à segunda. b) pela lei da nossa natureza, que faz com que o alimento seja necessário para a vida humana, o efeito dessas duas forças desiguais deve ser mantido constante; c) isso implica num controle operando firme e constantemente sobre a população, para evitar a dificuldade de subsistência; essa dificuldade deverá ocorrer algum dia e, com certeza, será mantida duramente por uma grande parte da humanidade; d) essa desigualdade natural entre as duas forças (crescimento da população e produção da terra) é a grande lei da natureza, que precisando manter seus efeitos constantes, constitui-se pois na grande dificuldade, que me parece insuperável, para a perfeição da sociedade; todos os outros argumentos são secundários, em comparação a esse; e) conseqüentemente, se essas premissas são corretas, o argumento é conclusivo contra a perfeição da humanidade. Nessas poucas linhas Malthus expressou uma teoria científica de maneira clara e simples. A Malthus estas provas da “luta pela vida” pareceram convincentes: “o tamanho da população depende do alimento e o seu crescimento é controlado pela fome e doenças”. Por isso,Thomas R. Malthus é considerado o pai dos estudos demográficos. O título completo da 1ª edição da obra foi: “ Ensaio sobre a Lei da População e os seus Efeitos sobre o Aperfeiçoamento Futuro da Sociedade, com Observações sobre as Especulações de Mr. Godwin, Mr. Condorcet e Outros Autores” (citando também dois grandes filósofos da época). Portanto, população é o conjunto de indivíduos da mesma espécie que ocorrem em uma determinada área e interagem entre si. As populações (e não os indivíduos) possuem atributos ou parâmetros, quais sejam, dentre outros: densidade (nº de indivíduos / unidade de área); tamanho (nº total de indivíduos); expectativa de vida (tempo médio de cada uma das gerações); razão de sobrevivência (levando-se aí, em consideração, cada estação do ano); razão sexual (ou a proporção entre o número de machos e o número de fêmeas). Cada espécie possui uma capacidade própria de aumentar numericamente. Esta capacidade denomina-se Potencial Biótico (PB) (Chapman, 1928). Sob condições favoráveis os organismos se multiplicam muito rapidamente;por exemplo, um único casal de pássaros, onde a fêmea produza de 5 a 6 ovos/ano, ao final de 15 anos teria produzido 10 milhões de descendentes. Numa outra pesquisa sobre a ratazana (Rattus norvegicus) nos EUA, estimando-se apenas três acasalamentos / ano, com uma média de 10 crias/parição, em 3 anos, calcula-se que um casal daria uma descendência de mais de 20 milhões de roedores. Quanto às moscas das frutas (Drosophila melanogaster), apenas um único casal, em condições ótimas, seria capaz de produzir 3 368 x 1052 descendentes em um ano. A bactéria Escherichia coli, dividindo-se a cada 20 minutos, em apenas 36 horas cobriria toda a superfície do planeta com uma camada contínua. Em contrapartida, as populações de grous (Grous americana) possuem um Potencial Biótico extremamente baixo; seus indivíduos produzem somente um ou dois filhotes a cada 2 anos. Porém, na natureza, esses valores citados não são rigorosamente observadas, isto porque, opondo-se aos efeitos do PB, há a chamada Resistência Ambiental (RA), da qual todas as populações são dependentes (vide Figura 1). A resistência do ambiente corresponde ao conjunto de fatores físicos, químicos e bióticos que atuam em sentido contrário ao PB da espécie. São exemplos de RA: a limitação do suprimento alimentar; a competição; a pressão predatória; a ação dos parasitas; as condições físico-químicas do ambiente; dentre outras. O Crescimento Real (CR) é o observado. Um aumento constante seria realmente observado se não atuasse a RA. À medida que o número de organismos da população se aproxima do limite máximo que aquele ambiente pode suportar, haverá, por decorrência, um aumento proporcional da RA. Ao ser atingido esse limite máximo de indivíduos - que aquele habitat é capaz de suportar dessa espécie, ou Capacidade Suporte (CS) - a população tenderá a um equilíbrio dinâmico, isto é, o número de imigrantes e/ou dos descendentes que sobrevivem e alcançam a maturidade sexual (integrando portanto a parte ativa da população) corresponde, aproximadamente, ao número de indivíduos que morrem e/ou emigram dessa mesma população. Figura 1- Modelo de crescimento populacional. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL - Corresponde ao padrão de distribuição dos indivíduos nas populações. Cada população apresenta um dos seguintes três padrões de distribuição espacial (vide Figura 2). Figura 2 – Padrões básicos de distribuição espacial. Distribuição Uniforme (ou Homogênea) - é a distribuição na qual cada indivíduo mantém uma distância regular para cada um dos seus vizinhos mais próximos. È o tipo de distribuição mais rara na natureza, onde, obrigatoriamente, o meio será homogêneo; Distribuição ao Acaso (ou Aleatória) - é aquela onde os indivíduos apresentam-se dispersos, aleatoriamente, no habitat. Ocorre também nos meios homogêneos. Por exemplo, insetos que atacam sacas de farinha; e Distribuição Contagiosa - é o tipo de distribuição onde os indivíduos apresentam tendência ao gregarismo. É o tipo mais comum na natureza. Ocorre principalmente nos meios heterogêneos. ESPAÇO DOMICILIAR (ou Home Range, para os autores de língua inglêsa) - em português, apresenta como sinônimos espaço vital, área domiciliar, área vital e área de vida, dentre diversos outros. Corresponde à área em que o indivíduo normalmente transita para a obtenção de recursos, não área defendida. É comum a ocorrência de superposições parciais entre vários Espaços Domiciliares (ED), do mesmo ou entre sexos diferentes. As dimensões do ED estão diretamente correlacionadas à disponibilidade de recursos naquele habitat, ou seja, pelo menos teoricamente, quando durante o ano as dimensões se contraem é porque há mais recursos, enquanto que nos ED mais extensos os recursos encontram-se mais escassos. Lembre-se da Lei do custo x benefício. A obtenção de energia nos meios naturais é custosa e, portanto, deve ser economizada. Para quê transitar, ou expor-se à ação predatória desnecessariamente, quando os recursos já foram obtidos. TERRITÓRIO - é a área defendida pelo indivíduo, pelo casal, ou pelo grupo familiar, dependendo, naturalmente, da espécie pesquisada. Idêntico ao ED, as dimensões do território (sempre localizado no interior do ED) também poderão variar em dimensões através das estações do ano. Dimensões maiores tanto podem ocorrer nas épocas desfavoráveis de recursos quanto na estação reprodutiva, já que os recursos tem valor estratégico para a sobrevivência da prole. Afinal onde termina o Espaço Domiciliar e começa, no seu interior, o Território? Resposta: Quando o indivíduo passar a defendê-lo. Por exemplo o cão (Canis familiaris), que conhece bem todo o “seu” quarteirão (ED), já que utiliza a urina e o bolo fecal para marcar a sua presença junto aos demais e ter melhor orientação. Quando sente-se ameaçado, normalmente foge para o portão de casa (início do território), onde torna-se bem mais feroz. Se o cão também for agressivo na rua, longe de casa, esteja certo que aquela área também é integrante do território dele. COMUNIDADE BIÓTICA - é o conjunto de populações de várias espécies diferentes, interagindo e vivendo numa mesma região. O tipo de biodiversidade existente certamente contribui para a estabilidade daquela comunidade. Quando citamos uma Comunidade Biótica estável, associada aos Fatores Abióticos, nos referimos a um Ecossistema. ECOSSISTEMA - proposto pelo biólogo britânico A. G. Tansley, em 1935, corresponde a um sistema termodinamicamente em equilíbrio. O ecossistema é a unidade funcional básica em ecologia, formado pelos seguintes componentes: Fatores abióticos (ou biótopo) - compreendendo os fatores químicos (que incluem os elementos inorgânicos básicos como carbono, oxigênio, fósforo, magnésio etc e compostos, como a água, o gás carbônico e outros, produzidos pela atividade dos seres vivos ou decorrentes de suas mortes) e os fatores físicos naturais (como umidade, ventos, correntes marinhas e a radiação solar, que se decompõe em calor (influindo na temperatura) e luz; Fatores bióticos (comunidades bióticas ou biocenose) - compreendendo todos os seres vivos. O ecossistema pode ser representado por um lago, uma floresta, um rio, um pântano, um deserto, uma montanha etc, do pequeno ao grande porte e do terrestre ao aquático. Até mesmo um aquário, desde que ecologicamente equilibrado, pode vir a se tornar um ecossistema. Ainda que cada ecossistema possua atributos e peculiaridades próprias, existem neles características funcionais e estruturais que são comuns a todos. De modo geral os estudos dos ecossistemas podem ser enfocados no fluxo de energia e nos ciclos de matéria neles ocorrentes. Cabe aqui uma distinção: “ Todo ecossistema é um tipo de macrohabitat, porém nem todo macrohabitat é um ecossistema, ou seja: já tenha alcançado o grau de maturidade ou equilíbrio necessário entre todos o seus componentes ecológicos.” (Princípio de Homeostasia) No ecossistema, os fatores abióticos tanto interferem quanto são interferidos pela biocenose que lá ocorre. O meio abiótico seleciona a biocenose que poderá ali se instalar, enquanto que, por sua vez, as particularidades da biocenose certamente irão influenciar os fatores abióticos. Há também a constante interação e influência do meio abiótico com ele mesmo. Para o equilíbrio termodinâmico é fundamental a estabilidade desses componentes abióticos. Tudo isso se aplica às interferências mútuas dentro da própria biocenose (relações homotípicas e heterotípicas dos seres vivos, que veremos mais adiante). A Biosfera, como um todo, é formadapor diversos Biomas, cada um com inúmeros Ecossistemas, compostos pelos Fatores Abióticos + as Comunidades Bióticas (em equilíbrio dinâmico), cada uma delas com incontáveis Populações, sendo cada população formada por uma única Espécie, que pode ser definida como o conjunto de indivíduos que, reproduzindo-se sob condições naturais, obtêm descendentes férteis. EXERCÍCIOS DE FIXAÇAO: Para as questões de 01 a 06, analise se cada assertiva está certa ou errada. Justifique também cada uma das respostas: 01) “A ação modificadora do homem sobre o ambiente é sempre benéfica, pois aumenta não somente suas chances de sobrevivência como também as de muitas outras espécies”. 02) “Os inseticidas devem ser sempre usados no controle das pragas, pois só atuam sobre as espécies parasitas”. 03) “A cobertura vegetal funciona como receptor e acumulador de água da chuva, evitando assim a ação erosiva no solo”. 04) “Os fatores abióticos interferem nos fatores bióticos de um ecossistema”. 05) “O ecossistema compõe-se da associação da comunidade biótica com os fatores abióticos”. 06) “O ecossistema é mais estável quando possui uma grande extensão territorial”. 07) Numa pesquisa, por quê é importante se conhecer o tipo de distribuição espacial da população no ambiente? 08) De que forma uma espécie exótica introduzida pelo homem, numa determinada área natural, pode alterar o equilíbrio homeostático das populações animais aí existentes? Cite também exemplos conhecidos dessa situação. 09) Um desflorestamento significa muito mais que derrubar árvores ou modificar a paisagem. Por quê? 10) Cite e discuta os principais aspectos decorrentes da drenagem de pântanos numa dada região. RESUMO: Vimos neste capítulo que: • A ecologia assume importância cada vez maior na atualidade, já que é uma das ciências que tem a seu cargo a sobrevivência da vida no Planeta; • Ainda que não reconhecida como ciência, o homem pré-histórico já praticava a ecologia, tão necessária para a sua própria sobrevivência; • A natureza, como um todo, tem leis que têm de ser obedecidas, caso contrário todo um sistema ecológico, por maior ou mais sofisticado que seja, poderá irremediavelmente destruído; • Na ecologia cada caso é um caso e que deve, obrigatoriamente, ser estudado individualmente, considerando-se suas respectivas peculiaridades. • Não existem “receitas” que sirvam para qualquer ecossistema estudado; • Dentre outras ações o Conservacionista difere do Ecólogo, considerando que o segundo, atua sempre à procura das causas que originaram aquelas conseqüências ambientais visíveis. A ecologia é, portanto, a ciência que tenta responder os por quês? • A Ecologia pode ser sub-dividida em Auto-ecologia, Sinecologia e Dinâmica de Populações. • Toda população apresenta na sua dinâmica flutuações, sejam essas sazonais ou azonais; • Todo ecossistema corresponde a um tipo de macrohabitat, porém nem todo macrohabitat pode ter alcançado o status de ecossistema; • Para a maximização na ocupação do uso ecológico do espaço disponível, os seres vivos distribuem-se nos habitats em diferentes estratos; • As avaliações das ocupações dos microhabitats disponíveis podem ser realizadas ao nível de heterogeneidade ou ao nível de complexidade; • Duas espécies não podem ocupar o mesmo nicho ecológico no mesmo macrohabitat. Isso certamente desencadearia o princípio de exclusão competitiva; • Diversos distúrbios ambientais podem ocorrer quando da introdução de uma espécie exótica num macrohabitat qualquer; • O nível de abordagem população é o mais recomendado nos estudos biocenóticos, já que mostram maior nível de detalhamento e acurácia nos resultados obtidos; • Há três padrões básicos de distribuição espacial das populações naturais; • Nenhum animal vagueia ao acaso no espaço, cada um tem a área onde normalmente transita para a obtenção de recursos, que corresponde ao seu espaço domiciliar” ; e • Territórios são áreas defendidas, normalmente com um alto custo energético. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA: DAJOZ, R., - Princípios de Ecologia. Editora Artmed, 7ª ed.: 520 pp, 2005. GASTON, J.K.,- Biodiversity: A Biology of Number and Difference. The Blackwell Science, 1998. LAURENCE, W. F., BIERREGAARD, Jr, - Tropical Forest Remmants: Ecology Management And Conservation of Fragmented Communities. The University of Chicago Press, 2000. MARGALEF, R., - Ecologia. Ediciones Ômega, Barcelona, Espanha: 951 pp, 2002. MASON, C. F., - Decomposição. Ed. Universidade de São Paulo– Edusp, São Paulo, 2002. ODUM, E.P., - Ecologia. Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro: 201 pp, 1988. PHILLIPSON, J., - Ecologia Energética. Ed. Universidade de São Paulo - Edusp, São Paulo, 1999. PIANKA, E.R., - Ecología Evolutiva. Ed Ômega, Barcelona, Espanha, 2002. RICKLEFS, R.E.,- A Economia da Natureza. Ed. Guanabara Koogan, RJ: 470pp, 2004. WILSON, E.O., (org.) - A Biodiversidade. Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2002. UNIDADE II : AS TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA E DA ENERGIA NOS ECOSSISTEMAS: II.1- Objetivos; II.2- Introdução; II.3- As Cadeias e Teias Alimentares; II.4- Os Ciclos Biogeoquímicos; II.5- O Fluxo de Energia; II.6- As Pirâmides Ecológicas; II.7- Exercícios de Fixação; II.8- Resumo; e II.9- Bibliografia Recomendada. OBJETIVOS: . Reconhecer a importância da manutenção dos ciclos da matéria e dos fluxos de energia para o equilíbrio da natureza. . Interpretar as cadeias e teias alimentares em seus conceitos básicos; . Analisar a dinâmica dos ecossistemas, quanto aos ciclos da matéria e fluxos de energia; e . Avaliar os problemas ambientais, com a abrangência de suas relações tróficas e componentes. INTRODUÇÃO: Todo ser vivo necessita de energia, para as chamadas despesas energéticas, utilizadas em seu crescimento, para a produção de gametas sexuais (óvulos e espermatozóides), para a locomoção ou, simplesmente, para a sua própria manutenção (como por exemplo para a renovação das células, a síntese de substâncias para as reações celulares etc). A energia é definida como a capacidade de realizar trabalho. Este trabalho, quando desenvolvido, libera para o meio ambiente energia sob a forma de calor. A caloria (cal) ou a quilocaloria (Kcal, sendo 1 Kcal = 1000 cal) corresponde a unidade básica de medida dentro dos ecossistemas. Na ecologia, o fluxo de energia pode ser abordado sob um dos seguintes aspectos: (a) quando este fluxo atravessa uma dada população; (b) um determinado nível trófico; ou (c) um ecossistema por inteiro. A matéria pode ser entendida como tudo aquilo que possui massa e ocupa um lugar no espaço. A unidade fundamental da matéria é o átomo. Em resumo: a energia flui, atravessa unidirecionalmente as cadeias alimentares e os ecossistemas, enquanto que a matéria circula (nos chamados ciclos biogeoquímicos ou Lei de Lavoisier “Na natureza nada se perde nada se cria, tudo se transforma”). AS CADEIAS E AS TEIAS ALIMENTARES: Sabidamente os cereais são utilizados como fonte alimentar de inúmeros organismos, como por exemplo os camundongos, que fazem parte da dieta alimentar de gambás, que alimentam cobras que, por sua vez, são o alimento dos gaviões. Esta ordem seqüencial chama-se cadeia alimentar. As cadeias de alimentos são formadas por elos ou níveis tróficos, que agrupam, em cada um deles, organismos de mesmas preferências alimentares, porém de variadas espécies. Note-se que esta organização é feita através de funções alimentares e não pelo tipo das espécies. Ou seja: nas comunidades diz-se que os organismos pertencem ao mesmo nível trófico quando obtêm o seualimento através do mesmo número de “passos”, à partir do primeiro nível da cadeia. As cadeias alimentares podem ser classificadas em 2 tipos básicos (vide fig.2.1): Tipo I- Aquelas que tem como base os vegetais (produtores); e Tipo II- Aquelas que tem como base a matéria orgânica morta (M.O.M.) Figura 2.1- Os dois tipos básicos de cadeias alimentares. Tipo I- cadeia alimentar característica dos ambientes onde há luz solar; e Tipo II- cadeia alimentar característica dos meios cavernícolas e abissais, locais onde não há organismos fotossintetizantes em decorrência da inexistência da luz solar. Cadeia Alimentar do Tipo I: Nesse tipo de cadeia os organismos produtores são representados pelos vegetais clorofilados que, através do processo de fotossíntese (do grego photos = luz + synthesis = composição) elaboram matéria orgânica a partir de substâncias inorgânicas simples, como água e dióxido de carbono, em presença da energia solar. A fotossíntese, numa forma simplificada, pode ser representada como mostra a figura 2.2. Figura 2.2 - Equação geral da fotossíntese. Exemplos típicos de organismos fotossintetizantes (ou produtores) são as árvores, algas dos rios e oceanos, gramíneas etc. É necessário ressaltar que nem todos os organismos são produtores, como, por exemplo, os cogumelos, pois neles não está presente o pigmento clorofila. As bactérias purpúreas, que possuem pigmentos carotenóides, assimilam também o CO2 através da energia solar, porém este processo somente ocorrerá em presença de compostos orgânicos, originalmente já formados pela fotossíntese. Há também, entre os produtores, as bactérias quimiossintetizantes, que obtêm energia através da oxidação de compostos inorgânicos simples. Esses organismos são conhecidos como organismos quimio-autótrofos ou organismos quimiossintetizantes. Os consumidores, ao contrário dos produtores, não possuem a faculdade de sintetizar quimicamente moléculas para utilizá-las na sua própria alimentação. Eles usam os compostos orgânicos já elaborados pelos produtores, degradando-os em moléculas menores e incorporando-os à sua biomassa. Energia luminosa ↯ ⇡ 6 CO2 + 6 H20 C6 H12 O6 + 6 O2 Os animais herbívoros situam-se no segundo nível trófico desta cadeia de alimentos, sendo então denominados consumidores primários ou consumidores de primeira ordem. Os organismos carnívoros, predadores de outros animais, são chamados de consumidores de segunda ordem ou secundários; consumidores de terceira ordem ou terciários etc, dependendo, naturalmente, dos organismos dos quais se alimentam. As cadeias do Tipo I podem diferir muito umas das outras, podendo mesmo desenvolver-se várias delas simultaneamente num único ecossistema. Na maioria das vezes essas cadeias são formadas por poucos níveis tróficos (geralmente 4), devido, principalmente, à permanente perda de energia. As cadeias tróficas apresentam um início e um fim. Em seu termo final encontram-se, geralmente, microorganismos (cogumelos saprófitas, diversas espécies de bactérias e levêdos), que atuam nas carcaças e nos excrementos (MOM) degradando-os, pouco a pouco, em matéria inorgânica, garantindo, assim, o retorno dos elementos ao solo, onde somente nesta forma inorgânica poderão ser novamente assimilados pelos produtores, dando início a outro ciclo. Os organismos que transformam a matéria orgânica em inorgânica são denominados, em Ecologia, de organismos decompositores, decomponedores ou bio-redutores. Cadeia Alimentar do Tipo II O segundo tipo básico de cadeia alimentar inicia-se pela matéria orgânica morta (MOM), em lugar dos produtores. Aqui os consumidores primários encontram-se representados pelos seres consumidores de detritos ou detritívoros. Uma diferença importante entre os dois tipos de cadeia alimentar consiste no fato de que, no primeiro caso apresentado, ocorre uma transformação de matéria orgânica em inorgânica pelos seres decompositores e, posteriormente, de inorgânica em orgânica pelos produtores. No segundo processo não ocorrem tais transformações, desempenhando aqui os seres detritívoros a função de utilizar, diretamente, a matéria orgânica morta, passando-a posteriormente para os demais níveis tróficos da cadeia. O nível trófico dos detritívoros comporta organismos dos mais variados grupos sistemáticos, tais como inúmeras espécies de invertebrados, diversas espécies de bactérias e protozoas, que vivem na serrapilheira dos solos. A cadeia alimentar do Tipo II é particularmente característica da zona afótica (a = negação + fótica = luz) dos ecossistemas aquáticos e dos ecossistemas cavernícolas, ambientes onde os organismos fotossintetizantes não conseguem subsistir devido à ausência total da luz solar. A cadeia do Tipo II é característica porém não exclusiva destes meios, já que, freqüentemente, elas ocorrem juntas nos demais tipos de ecossistemas. Citamos, por exemplo, uma floresta onde, além da existência das cadeias tróficas com base nos vegetais fotossintéticos (Tipo I), encontramos também cadeias com base na matéria orgânica morta (Tipo II), atuando ao nível do solo, local onde são encontrados como detritívoros minúsculos invertebrados (mesofauna do solo); minhocas, formigas, e besouros (macrofauna do solo), todos alimentando-se das camadas (serrapilheira) de folhas mortas (MOM). Um exemplo de cadeia alimentar (do Tipo II) extremamente simples foi descrito por Ferri (1974), no nordeste do Brasil, na região das caatingas. Lá são encontradas árvores conhecidas como “barrigudas” (gênero Ceiba spp, família Bombacaceae), com enormes ninhos de até 1 metro de diâmetro em seus galhos, feitos de gravetos entrelaçados. Esses ninhos pertencem a uma ave chamada vulgarmente de “casaco-de-couro” (Psedoseisura cristata, Família: Dendrocolaptidae). Esta ave tem o comportamento de defecar no interior do seu próprio ninho. Suas fezes atraem baratinhas, que vão até ali à sua procura. Por conseguinte a ave preda essas baratinhas, fechando-se assim esse pequeno ciclo. Comumente, nos meios naturais, inúmeros carnívoros podem se alimentar de diferentes herbívoros, que consomem diferentes vegetais, assim como, em muitos casos, um determinado organismo (que atue em duas ou mais cadeias alimentares justapostas) pode pertencer a níveis tróficos diferentes (vide figuras 2.3, 2.4, 2.5 e 2.6). Portanto, as interações alimentares existentes na natureza apresentam-se, em realidade, de uma forma extremamente complexa, onde várias cadeias alimentares se entrecruzam e se interdependem, formando as redes ou as teias alimentares. Figura 2.3- Representação esquemática de uma rede alimentar formada por 4 cadeias alimentares justapostas. Cadeia (a) (..................); Cadeia (b) (---------------); Cadeia (c) (_ . _ . _ . _); e Cadeia (d) (+ + + + + +). Cadeia D-(+ + + + +). Note-se que a cobra representa um consumidor de segunda ordem na Cadeia B e, ao mesmo tempo, consumidor de terceira ordem na Cadeia C. O falcão, consumidor de segunda ordem na Cadeia A, consumidor de terceira ordem nas cadeias B e D e consumidor de quarta ordem na Cadeia C. Figura 2.4- Representa a dieta alimentar do guaxinim americano (Gênero Procyon) durante o outono e o inverno (Fonte: Hamilton,W.J., American Mammals, 1939). Figura 2.5- Representação da dieta alimentar da coruja (Tyto alba tuidara) no Estado do Piauí, Brasil, através da análise das peças ósseas presentes nos bolos de regurgitação (Fonte: Vizoto, L.D., Rodrigues,V., e Dumbra, A.J., 1980).Figura 2.6- Principais parcelas alimentares da raposa Vulpes vulpes silacea e da geneta Genetta genetta na região da Tapada do Mafra, Portugal (Fonte: Magalhães,C.M., 1974). OS CICLOS BIOGEOQUÍMICOS Os elementos químicos são retirados do ambiente pelos organismos vivos e retornam para o ambiente através de circuitos naturais, os chamados ciclos biogeoquímicos. Podemos agrupar os ciclos biogeoquímicos em dois tipos básicos: Os Ciclos Gasosos- que tem a atmosfera como seu principal reservatório (por exemplo, o nitrogênio e o oxigênio); e Os Ciclos Sedimentares- que são encontrados na natureza no estado sólido, em sedimentos (por exemplo, o cálcio, o fósforo, o enxofre, etc). O Ciclo da água Acredita-se que a água tenha sido originada no nosso planeta durante o período pré-cambriano (4,5 bilhões de anos atrás), através da gradativa cristalização do magma granítico, que corresponde às rochas em fusão existentes ainda hoje no centro da Terra. A água, nos seus vários estados, encontra-se sempre presente em todo o planeta. Não somente nos ecossistemas aquáticos, mas também no solo, no ar (sob a forma de vapor) e em todos os seres vivos, onde representa, como no homem, cerca de 70% do peso corporal. O volume total da água na Terra permanece constante, existindo sob as formas, sólida, líquida e como vapor, sendo estimado em torno de 1,5 bilhão de quilômetros cúbicos. Os oceanos constituem cerca de 97% de toda a água do planeta, sendo considerados os seus grandes reservatórios naturais. Dos 3% restantes, aproximadamente 2,25% estão localizados nas calotas polares e nas geleiras (na forma sólida), enquanto 0,75% é encontrado como água subterrânea, em lagos, rios e, também, na atmosfera, como vapor d’água. A água na natureza (vide Figura 2.7) obedece a um ciclo que, resumidamente, pode ser descrito da seguinte forma: o vapor d’água entra na atmosfera principalmente pela evaporação dos oceanos, grandes lagos, rios e pela evapotranspiração da cobertura vegetal; sob a forma de precipitações (chuva, neve, granizo etc) ela retorna à superfície da Terra. Essa precipitação poderá ocorrer na mesma região onde se deu a evaporação ou a milhares de quilômetros de distância, em decorrência da circulação geral da atmosfera. Parte dessa água é rapidamente re-evaporada, sendo que, do restante, uma parte é absorvida pelo solo (onde alimentará o lençol freático) e a outra alcança os cursos d’água, retornando aos oceanos de onde se evapora. Figura 2.7- Ciclo da água na natureza: nota-se no esquema que a relação existente entre o volume de água precipitada e de água evaporada está representada pelo número de setas. Supõe-se que a água juvenil substitua, na natureza, os átomos de H constantemente perdidos para o espaço (de Mizuguchi et al., 1982). O ciclo do oxigênio A constituição da atmosfera primitiva da Terra era bem diversa da atmosfera atual. Nela não existiu oxigênio livre na forma de O2 e sim hidrogênio (H), hélio (He), metano (CH4), amônia (NH3), gás carbônico (CO2), monóxido de carbono (CO) e água (H2O), o que ficou comprovado pela análise espectroscópica das atmosferas de outros planetas do nosso sistema solar, já que a teoria aceita, modernamente, é a de que todos esses astros originaram-se simultaneamente, a partir da condensação de uma poeira cósmica de composição semelhante. Somente a partir dos dois últimos bilhões de anos é que o oxigênio livre se tornou presente na Terra, como nos mostra a primeira prova de sua existência nas camadas de óxido de ferro em depósitos geológicos datados dessa época (vide Figura 2.8). Figura 2.8- Primeira evidência geológica de oxigênio livre na hidrosfera. Este corte é datado de aproximadamente 2,7 bilhões de anos de idade. Ele é formado por várias camadas alternadas de deposições ricas e pobres em ferro (de Cloud & Gibor in EDUSP, A Biosfera,1974). À medida que o oxigênio surgia ia se transformando em ozônio (O3), sob os efeitos das radiações ultravioletas. A camada de O3 assim formada, funcionando como um filtro, foi gradativamente impedindo a passagem das radiações ultravioletas, tornando-se suficiente para permitir o surgimento e o conseqüente desenvolvimento dos organismos (principalmente os fotossintetizantes) fora dos oceanos primitivos, evento que, numa progressão geométrica, tendeu a aumentar ainda mais a concentração de O2 na atmosfera. Atualmente o oxigênio representa cerca de 21% do total de gases contidos na atmosfera e constitui, também, um importante fator limitante para os organismos, visto que, em altitudes que excedam 4000 metros, o oxigênio torna-se bastante rarefeito. O ciclo do oxigênio apresenta uma grande complexidade pois, além da sua utilização nos processos respiratórios dos seres vivos, esse elemento aparece também unindo-se a hidrogênios (formando moléculas de água) ou a numerosos elementos orgânicos e inorgânicos, como mostra a figura 2.9. Figura 2.9- O ciclo do oxigênio numa forma simplificada. As trajetórias deste elemento são em realidade bem mais complexas, devido às inúmeras combinações químicas realizadas com vários compostos orgânicos e inorgânicos existentes na natureza. (a) dissociação do vapor d’ água pela radiação ultravioleta na atmosfera exterior, fenômeno conhecido por fotólise; (b) oxigênio se transformando em ozônio sob os efeitos das radiações ultravioletas; (c) oxidação de elementos por intemperismo químico, com a formação de óxidos; e (d) formação de CO2 a partir de moléculas de O2 atmosférico, reagindo com o CO de origem vulcânica (de Mizuguchi et al., 1982). O ciclo do carbono Embora o carbono seja encontrado numa grande concentração ao nível dos minerais e rochas, é o gás carbônico (CO2) do ar - e aquele que se encontra dissolvido na água - que assumem a maior importância para a biosfera, o que demonstra que o gás carbônico encontra-se intimamente relacionado com o oxigênio em decorrência da fotossíntese. Com exceção das grandes cidades, a concentração de gás carbônico no ar é, mais ou menos, constante, atingindo a ordem de 320 p.p.m. (partes por milhão). Isto se deve, principalmente, às combustões, fermentações e à respiração dos organismos, que garante, assim, o seu retorno à atmosfera. A circulação do carbono no planeta é extremamente complexa, envolvendo dois ciclos bem distintos, um em terra e outro nos meios aquáticos. Na terra o carbono da atmosfera, sob a forma de gás carbônico, é utilizado pelos vegetais na fotossíntese onde, elaborando glicídios, incorpora o carbono à sua biomassa. Os vegetais, além da liberação de carbono para o ambiente, através dos processos respiratórios, podem, ao morrer, sofrer a ação dos decompositores em suas substâncias orgânicas. Porém, quando servem de fonte alimentar aos animais, fornecem, a estes, os glicídios vegetais, os quais serão metabolizados nos tecidos animais para transformação em energia, liberando o carbono, sob a forma de gás carbônico, de volta para a atmosfera. No animal, durante o seu ciclo vital, algum carbono é eliminado junto com outros produtos residuais do metabolismo, na urina e nas fezes. Estes produtos, bem como aquele retido na biomassa do animal, quando da sua morte, sofrerão a ação dos organismos decompositores, tornando possível a volta do elemento à atmosfera. No ciclo do carbono nos meios aquáticos, o fitoplâncton assimila o CO2 dissolvido na água, liberando oxigênio em solução, como resíduo do processo fotossintético. Os consumidores primários (zooplâncton e algumas espéciesde peixes) consomem o CO2 assimilado na biomassa do fitoplâncton, sob a forma de moléculas orgânicas, utilizando-se também, para respiração, do oxigênio por eles dissolvido na água. Parte do oxigênio não utilizado nos processos respiratórios e parte do gás carbônico produzido podem se dissipar na atmosfera através das superfícies aquáticas. Fitoplâncton (Microalgas) O fitoplâncton é formado por plantas microscópicas que se encontram na coluna de água. Os organismos do fitoplâncton são a base da teia alimentar aquática, servindo de alimento ao zooplâncton, ictioplâncton e outros organismos. São produtores primários (seres autotróficos), que usam a clorofila para converter a energia solar, sais minerais e dióxido de carbono em compostos orgânicos. Por necessitar da energia solar para o seu desenvolvimento, o fitoplâncton vive na zona mais superficial da coluna de água, na zona eufótica. O fitoplâncton engloba vários grupos distintos de organismos. Embora os organismos bem como o meio sejam diferentes, os dois ciclos mostram-se bastante semelhantes; porém, nos oceanos e lagos, muitas vezes o material vegetal morto poderá sofrer um processo muito diferente. Acumulando-se em grandes quantidades no fundo, os componentes vegetais, unindo-se a outros resíduos orgânicos, ficam por longos períodos de tempo afastados dos ecossistemas, transformando-se, gradativamente, em carvão e petróleo. Porém, com a erosão ou a combustão desses combustíveis fósseis, o dióxido de carbono é rapidamente reintegrado à atmosfera, indo posteriormente constituir a biomassa dos vegetais ou será novamente carreado pelos cursos d’ água para os oceanos (vide figura 2.10). Figura 2.10- O ciclo do carbono na natureza. (Fonte: Mizuguchi et al., 1982) O ciclo do nitrogênio Embora o nitrogênio represente aproximadamente 78% dos elementos existentes no ar, a maior parte dos seres vivos não possui a capacidade de utilizá-lo diretamente. Sua assimilação torna-se possível somente quando se apresenta incorporado ou fixado a um composto químico, principalmente aminoácidos e proteínas. A fixação do nitrogênio pode ser realizada por meio de vários processos, alguns deles descritos abaixo. 1. A Ação das Radiações Cósmicas, Relâmpagos, etc., que, momentaneamente, fornecem alta energia para reação do nitrogênio com o oxigênio ou com o hidrogênio da água. Esses fenômenos ionizantes fornecem, para a atmosfera, pequena mas significativa quantidade de nitrogênio fixado; 2. A Fixação por Parte de Alguns Organismos Marinhos, por exemplo algas azul-esverdeadas; 3. A Ação Fixadora dos Microorganismos Terrestres, por exemplo, as bactérias dos gêneros Nitrobacter, Clostridium, Rhizobium, etc. Este terceiro processo corresponde à maior fonte natural de nitrogênio fixado, que pode ser utilizado pelas plantas e, conseqüentemente, pelos animais; 4. A Fixação Industrial, que corresponde a mais uma das intervenções do homem nos ciclos da natureza. Esse método, utilizado industrialmente com a finalidade de produzir fertilizantes para a agricultura, já supera hoje a quantidade que foi fixada por todos os ecossistemas terrestres antes do surgimento da agricultura moderna. Tal como ocorre nos ciclos do carbono, do oxigênio e da água, o ciclo do nitrogênio envolve, também, todas as regiões da biosfera, ocorrendo um ciclo semelhante nos oceanos (vide figura2.11). Figura 2.11 - O ciclo do nitrogênio na natureza. O ciclo do fósforo Na natureza, o ciclo do fósforo mostra-se bem mais simples quando comparado com os outros ciclos já descritos, além de servir como exemplo dos diversos ciclos sedimentares. Seus maiores reservatórios são as rochas e outros depósitos formados durante eras geológicas passadas. Esses reservatórios vão fornecendo, pouco a pouco, esse elemento para os ecossistemas terrestres e aquáticos, onde serão absorvidos pelas plantas para a síntese dos compostos orgânicos. O fósforo, já incorporado à biomassa dos vegetais, passará em seguida para os animais, através das cadeias alimentares, como mostra a figura 2.12. O retorno do fósforo ao meio abiótico ocorrerá através da decomposição dos compostos orgânicos por bactérias fosfatizantes, atuando nas carcaças dos animais e vegetais mortos. Figura 2.12- O ciclo do fósforo na natureza O Fluxo de Energia O Sol, comumente chamado de “bomba de hidrogênio”, tem uma temperatura e composição tais que o hidrogênio (H) se transforma em hélio (He) com enorme liberação de energia sob a forma de ondas eletromagnéticas. A radiação solar compreende uma imensa gama, cada uma das quais (expressa em nanômetros – nm, sendo 1 nm = 10 -7 cm) é caracterizada por seu comprimento de onda. Esse espectro solar vai desde as radiações de onda curta (como os raios gama e x) até as radiações de onda longa, como mostra a figura 2.13. Da energia total da radiação solar que atinge a superfície da Terra, aproximadamente 9% correspondem ao ultravioleta (abaixo de 360 nm), 42% correspondem à luz visível (entre 360 e 760 nm) e os restantes 49% ao infravermelho (acima de 760 nm). Figura 2.13 - Espectro eletromagnético. (a) Esquema representativo das faixas do espectro, desde as radiações de onda curta (raios gama), até as de longos comprimentos; (b) Porção ampliada da luz detectada por nossos olhos e também utilizada para a fotossíntese pelos organismos fotossintetizantes (adaptado de vários autores in Mizuguchi et al.,1980). Em média, a Terra recebe do Sol duas calorias de energia radiante por centímetro quadrado por minuto (cal/cm2/min), o que corresponde a um total aproximado de 11 a 15 x 108 calorias por metro quadrado ao ano. Esta Constante Solar, assim denominada, varia sazonalmente com a latitude devido à órbita da Terra, variando também, num mesmo ponto, ao longo do dia em decorrência do movimento de rotação terrestre (vide figura 2.14). Cerca de 30% da radiação solar que chega à Terra se dispersa no espaço por causa da reflexão das nuvens ou das pequenas partículas existentes em suspensão na atmosfera. Aproximadamente 20% da radiação recebida é absorvida pela atmosfera, principalmente pelo vapor d’água, gás carbônico e pequenas partículas em suspensão, ocorrendo na alta atmosfera uma absorção pelo oxigênio (O2) e ozônio (O3) de cerca de 1 a 3% desta radiação recebida. Portanto, somente 48% da radiação solar total chegam realmente à superfície terrestre, parte da qual é refletida para a atmosfera por superfícies brilhantes, como por exemplo pela areia dos desertos, que refletem 80% da energia recebida. Figura 2.14- A energia radiante na Terra ao meio dia.(Fonte: Kormondy in Mizuguchi et al, 1980) O papel desempenhado pelos produtores num ecossistema é converter a energia radiante em energia química, posto que a energia neles incorporada através dos processos fotossintéticos será usada posteriormente para a síntese de outras biomoléculas, com funções que atendam às suas próprias necessidades nutritivas de desenvolvimento e metabolismo geral. Por isso, os produtores são comumente chamados de seres autotróficos (auto = próprio + trophes = alimento), ou seja: são capazes de sintetizar moléculas orgânicas complexas, à partir de moléculas simples, tipo CO2 e H2O. Energia radiante- A transmissão de energia através do espaço é chamada radiação. Este processo de transmissão do calor não depende da presença de um meio material, podendo ocorrer através do vácuo. A energia solar, por exemplo, chega até nós dessa forma. A energia transmitida deste modo é denominada energia radiantee apresenta-se na forma de ondas eletromagnéticas, assim como as ondas de rádio, as microondas, a luz visível, a radiação ultravioleta (UV), os raios X e os raios gama. Essas formas de energia radiante estão classificadas por ordem de comprimento de onda (ou de freqüência) constituindo o espectro eletromagnético. A transferência de calor por radiação geralmente envolve a faixa do espectro conhecida por infravermelho (IV). Qualquer objeto libera energia radiante. Objetos a uma maior temperatura liberam mais energia radiante que objetos a uma menor temperatura. Energia química- É a energia potencial das ligações químicas entre os átomos. Sua liberação é percebida, por exemplo, numa combustão. A Energia Potencial Química (dos alimentos) é quando nós comemos e não usamos a Energia, ou seja, ela está armazenada (não está em uso), A Energia Química (dos alimentos) é a energia que está em uso, sendo uma parte transformada e a outra sendo liberada para a natureza em forma de calor. De forma oposta, os organismos heterótrofos (heteros = vários + trophes = alimento) satisfazem suas necessidades nutritivas a partir da ingestão de outros organismos, por serem incapazes de realizar a síntese autotrófica. Conseqüentemente, os herbívoros – ou consumidores primários – são organismos heterótrofos, porque dependem, diretamente, da ingestão das moléculas presentes nas plantas (produtores). Os carnívoros – ou consumidores secundários – são também heterótrofos, que obtêm sua energia indiretamente do produtor através da ingestão dos herbívoros. Na relação produtor – consumidor primário – consumidor secundário – etc, está implícito o sentido da passagem de energia na cadeia alimentar; energia que é unidirecional e não cíclica, ou seja: enquanto a matéria circula, a energia flui, através das cadeias alimentares, teias ou redes alimentares e, por conseguinte, por todo o ecossistema. Este fluxo de energia, ao passar de um nível trófico para outro, apresenta uma considerável perda, pois apenas cerca de 10% da energia disponível num dado nível trófico será utilizada pelo nível seguinte. Ocorre também que esta percentagem de energia transmitida é variável, dependendo, naturalmente, dos níveis tróficos considerados. Essa proporção energética denomina-se eficiência ecológica. A taxa de fotossíntese encontra-se intimamente relacionada à intensidade luminosa, desempenhando, esta última, o papel de fator limitante nos seres vivos. Os seres autótrofos podem ser caracterizados em plantas umbrófilas, ou seja: aquelas adaptadas aos ambientes sombrios (por exemplo, samambaias, avencas, comunidades vegetais das partes baixas das florestas, musgos nas fendas das rochas etc) e plantas heliófilas ou “plantas de luz”, que mostram-se freqüentes nas áreas naturais abertas. Os umbrófilos apresentam, por metro quadrado da comunidade, uma maior concentração de clorofila, isto quando comparados àqueles adaptados à luz direta, ou vegetais heliófilos. Essa característica lhes permite captar (e converter em energia química) o maior número possível dos escassos fótons disponíveis no seu ambiente. As Pirâmides Ecológicas Os valores quantitativos das interdependências ecológicas existentes nas cadeias alimentares dos ecossistemas, sejam estes valores relativos ao número de indivíduos, à energia contida em cada nível trófico, ou à biomassa, podem ser representados, graficamente, através da construção de pirâmides ecológicas. Cada degrau - ou nível trófico - apresenta indivíduos de espécies variadas, tendo apenas em comum os mesmos hábitos alimentares. Pirâmides de Números - Representa a quantidade de indivíduos existente dentro de cada nível trófico (vide figura 2.15 a,b,c e d). Geralmente as pirâmides de números apresentam-se com a base maior (figura 2.15a). Isso ocorre quando os produtores são numerosos. Por exemplo os cachorro-do- mato - consumidor secundário - que necessita para a sua alimentação de uma quantidade considerável de pequenos roedores (consumidores primários). Em alguns casos, porém, encontramos pirâmides de números invertidas (figura 2.15d), ou seja, pirâmides cujos ápices apresentam-se bem maiores que a base. A figura 2.15b poderia ser exemplificada por uma árvore (produtor), que suporta inúmeros insetos parasitas (consumidores primários), ou por uma árvore que sustente um grande número de animais herbívoros. A figura 2.15c representa uma cadeia alimentar onde, por exemplo, uma matilha de lobos (consumidores secundários), que caça e se alimenta de presas (consumidores primários) bem maiores que eles em volume (como, por exemplo, um caribú). Figura 2.15- Principais tipos de pirâmides de números encontradas na natureza. Para as explicações veja o texto (mizuguchi et al, 1980). Comparativamente com as demais, atribui-se somente uma importância relativa às pirâmides de números. Isso porque, se por um lado elas nos fornecem a relação de quantas presas são necessárias para a manutenção de um determinado número de predadores num determinado ecossistema, por outro elas não nos permitem comparações entre dois ecossistemas diferentes. Isso com relação ao volume ou peso dos vários organismos envolvidos, ou seja, se uma árvore é igualada com um pé de capim; um veado com um camundongo etc. Pirâmides de Energia Esta representação torna possível a avaliação da quantidade de energia potencial presente nos organismos da cada um dos níveis tróficos da cadeia alimentar. Odum (1988) estimou, em termos teóricos, o rendimento energético para um campo de alfafa de 10 acres de área, servindo de alimento a 4,5 bezerros, os quais são ingeridos durante um ano por uma criança de 12 anos de idade. Este modelo demonstra a existência de uma substancial perda de energia (a qual se dissipa no meio ambiente), quando a mesma é transferida de um nível para outro (vide figura 2.16). É bastante visível a importância do número de níveis tróficos em qualquer cadeia alimentar. Quanto menor o número de níveis tróficos existentes numa cadeia alimentar maior será o seu rendimento energético, pois, em cadeias relativamente longas, a quantidade de energia disponível em cada nível torna-se cada vez menor, dificultando a manutenção de populações de consumidores de quarta ou quinta ordem. Figura 2.16 - Pirâmide de energia num campo de alfafa de 10 acres que serve de alimento a 4,5 bezerros, os quais são ingeridos durante um ano por uma criança de 12 anos de idade (Fonte: Odum,1988). Pirâmides de Biomassa As pirâmides de biomassa (expressas em g ou Kg) representam graficamente a quantidade de “matéria viva” presente em cada um dos níveis tróficos de uma determinada cadeia de alimentos. As pirâmides de biomassa caracterizam-se por apresentar a base maior que o seu ápice (vide figura 2.17). Uma exceção a essa regra geral foi obtida pelo ecólogo francês Pora (1989 in Dajoz, 2005), no Canal da Mancha, onde obteve uma pirâmide de biomassa de base invertida, qual seja: a massa atual de fitoplâncton (produtores primários) menor do que a biomassa do zooplâncton (consumidor primário), porém, como a velocidade de renovação do fitoplâncton é muito mais rápida do que a do zooplâncton, torna-se possível a manutenção alimentar de grande biomassa de zooplâncton por uma menor massa de fitoplâncton. Figura 2.17 - Pirâmide de biomassa num campo de alfafa de 10 acres durante 1 ano. (Fonte: Odum, 1988) EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1) Quais os processos dos organismos autótrofos envolvidos na acumulação de energia?
Compartilhar