Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
História moderna: da formação do sist. Internac. Aula 5: O Oriente Médio Apresentação Nesta aula, veremos sobre a expansão chinesa e a conquista do Tibet, e o Japão durante o Período Edo, entre os séculos XVIII e XIX. Compararemos os dois modelos administrativos e as razões pelo desenvolvimento do Japão, que culminou com a Revolução Meiji no século XIX, estabelecendo as bases do Japão contemporâneo. Objetivo Relacionar argumentos que permitam comparar os Estados modernos europeus e orientais; Identi�car os fatores que levaram a decadência do Império Chinês; Reconhecer a importância da Revolução Meiji para a modernização do Japão. Introdução Quando falamos sobre História Moderna, imediatamente nos vem à mente a ascensão dos reis absolutistas europeus e a formação dos Estados Nacionais, cuja melhor tradução é a emblemática imagem de Luis XIV, o rei sol, que governou a França entre os séculos XVII e XVIII e a quem é atribuída a famosa frase “O Estado sou eu”, que transmite a síntese perfeita do absolutismo em seu apogeu. Esta representação do poder real, cercado de luxo e ostentação, é encontrada em inúmeros livros didáticos, pois demonstra com clareza a conjuntura e o espírito da Europa de seu tempo. Mas, se a ilustração de Luis XIV nos é extremamente familiar, o mesmo não ocorre quando pensamos a Idade Moderna fora do contexto europeu. Rei Luis XIV. Que imagens temos do Oriente? O que sabemos deste enorme continente, a não ser que nele encontravam-se as cobiçadas especiarias europeias? Mesmo agora, em pleno século XXI, muito ainda há que ser estudado sobre o contexto oriental, na antiguidade e na Idade Moderna. Se hoje os olhos do mundo contemporâneo se voltam para a China com admiração pelo seu progresso econômico, nem sempre os reinos orientais foram encarados com essa mesma perspectiva. Na historiogra�a ocidental, há um claro predomínio das teorias elaboradas na Europa, mais notadamente na Inglaterra e na França. Esta última assumiu, durante décadas, o sentido de civilização a ser seguido e copiado em diversas partes do mundo, sobretudo na América. Mas o Oriente sempre atraiu os olhares curiosos dos europeus. Um exemplo disto é a jornada do veneziano Marco Polo, no século XII. Polo teria vivido na corte de Kublai Khan, um dos mais poderosos imperadores de seu tempo e, ao regressar para a Europa, descrevera as maravilhas e os mistérios orientais. Essas narrativas faziam parte do imaginário medieval que foi legado à mentalidade moderna. Mercado medieval. Para melhor compreendermos a história do Oriente, é necessário vermos alguns pontos teóricos que nos ajudam a embasar nosso conhecimento. Ao entendermos a história como um processo, abre-se um novo campo para o estudo, a história comparada. Histórias conectadas Isso quer dizer que podemos e devemos entender a história oriental e a ocidental interligadas entre si, sem que isso signi�que uma esteja submetida à outra. Utilizamos para isso o conceito de histórias conectadas , conforme citado pela historiadora Maria Ligia Coelho Prado. O Oriente não é apenas adjacente à Europa; é também o lugar das maiores, mais ricas e mais antigas colônias europeias, a fonte de suas civilizações e línguas, seu rival cultural e uma de suas imagens mais profundas e mais recorrentes do Outro. Além disso, o Oriente ajudou a de�nir a Europa (ou o Ocidente) com sua imagem, ideia, personalidade, experiência contrastante. SAID, 2007. 1 Princesa Kaneko Higashi-fushimi com roupas ocidentais Marco Polo Qin Shihuang, primeiro imperador da China (Fonte: Wikipedia) Niccolò e Matteo Polo partindo de Constantinopla em direção ao Oriente em 1259 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon173/aula5.html De modo geral, o que os historiadores contemporâneos questionam é a própria visão de Oriente, construída pelos europeus ao longo de sua história. Ainda que o continente asiático tenha suas próprias especi�cidades e dinâmicas de funcionamento, ele tem sido analisado a partir das categorias mentais europeias. Um dos maiores estudiosos sobre o tema foi Edward Said, que discute a construção do orientalismo a partir do olhar etnocêntrico europeu. Para Said, o Oriente constitui a imagem privilegiada do outro, segundo o qual a Europa rea�rma sua própria identidade. Essa perspectiva etnocêntrica – falamos sobre etnocentrismo quando estudamos a chegada dos europeus no continente americano, lembra? – acabou por construir uma visão equivocada na qual o Oriente é descrito como exótico ou misterioso, sem que tenha sido compreendido, de fato. Atenção Partindo destes pressupostos, veremos a expansão e a consolidação dos impérios chinês e japonês, entendo a história oriental e ocidental como conectada. Nas aulas anteriores, abordamos os Estados europeus e americanos e, na disciplina de Moderna I, vimos acerca da fragmentação e formação do Império Chinês. Veremos agora como esse império se expande, bem como seu declínio. O apogeu do Império Chinês O apogeu do Império Chinês ocorreu durante a Dinastia Ming, que governou a China entre os séculos XIV e XVII. Os grandes símbolos chineses, como a Muralha da China e a Cidade Proibida foram construídos durante o governo Ming. Durante o último período desse governo, a China passou por uma crise agrária, provocada, sobretudo, pelas condições climáticas desfavoráveis. Os problemas no campo deram início à fome que aliada à cobrança de impostos por parte do Estado, provocou uma enorme insatisfação na população chinesa. O governo Ming mostrava claros sinais de declínio e era vulnerável, sobretudo, nas fronteiras, onde estava sujeito a diversas invasões. A China sob a Dinastia Ming, em 1580. (Fonte: Wikipedia). O início da última Dinastia chinesa - Qing Em meados do século XVII, os manchus, que habitavam a região da Manchúria, no Nordeste chinês, invadiram a China e tomaram o poder, inaugurando uma nova dinastia, a última que a China conheceria, a Dinastia Qing, governando do século XVII até o século XX, quando o império foi derrubado e a república estabelecida. Assim como havia sido ocorrido durante a Dinastia Ming, a �gura do imperador era sagrada. Seu poder remete ao dos reis absolutos europeus, tendo o poder decisório de�nitivo nas questões políticas e religiosas. Entretanto, na prática, esse poder acabava por ser limitado pelos funcionários do Estado, que geriam as decisões administrativas. O Estado chinês era extremamente complexo e possuía diversos ministérios. Embora todas as instâncias estivessem submetidas ao imperador, esses funcionários possuíam enorme poder político e grande in�uência no governo. A relação da China com o Tibet durante a dinastia Qing Primeiro Imperador da dinastia Qing Bandeira da dinastia Qing Armadura Qing O imperador Qianlong na armadura cerimonial a cavalo. Pu Yi ou PU-Yi, também chamado de Aising-Gioro, Aixinjueluo Puyi ou Henry Aisin Gioro Pu Yi foi o 12º imperador da dinastia Qing e último imperador da China, de 1908 a 1912, quando foi forçado a abdicar. CHINA O poder não era, necessariamente, hereditário, nem seguia aos direitos de primogenitura, recorrentes na Europa. O imperador podia escolher seu sucessor entre seus �lhos ou entre um parente, sempre do sexo masculino. Os Qing montaram um extenso aparato burocrático e administrativo. Embora esse sistema tenha funcionado por algum tempo, a crescente corrupção pode ser considerada um dos fatores fundamentais para o declínio desse império durante o século XVIII. Sob essa dinastia, a China conheceu uma enorme expansão territorial englobando a Manchúria, a Mongólia e o Tibet. TIBET O caso do Tibet é particularmente interessante, em especial pelas condições atuais do país. Em 1950, o Tibet foi invadido pela China, durante o governo comunista de Mao Tse Tung. O líder político do país era também o líder religioso, o Dalai Lama, que foi expulso pelas forças chinesas e que permanece, até nossos dias, exiladopolítico. Essa demonstração de força e autoritarismo do Estado comunista, em uma manobra que custou a vida de milhares de tibetanos, provoca protestos no mundo inteiro, clamando pela liberdade do país e pelo retorno do Dalai Lama ao seu lugar de direito. A presença chinesa no Tibet não é uma novidade, embora o caráter violento que ela assumiu, no século XX, não tenha tido precedente. Desde sua história mais remota, o Tibet adotou o budismo como religião e tornou-se um Estado no qual o líder politico, o Dalai Lama, acumulava as funções administrativas e espirituais e, de acordo com a �loso�a budista, era a reencarnação de Buda. Saiba mais Segundo a antropóloga Ana Cristina Lopes Nina, em sua obra Ventos da Impermanência, acerca da tomada de poder pelos Qing e suas relações com o Tibet, ela explicita que um dos fatores fundamentais para o sucesso da invasão e a deposição dos Ming se deve ao fato dos manchus terem prometido que respeitariam as diferenças religiosas chinesas e, que no caso do Tibet, essa promessa teria sido cumprida. O �m da Dinastia Qing e a queda do Império Chinês – Fatores determinantes Durante o século XVII, o catolicismo europeu passa a exercer uma in�uência signi�cativa na China e também no Tibet. Isso se deveu as missões jesuíticas, que disseminaram parte do conhecimento europeu da época entre o governo chinês que, em troca, tolerava o culto ao cristianismo. Contudo, cisões dentro da própria igreja católica e con�itos entre as ordens religiosas �zeram com que, no século XVIII, o cristianismo fosse banido do país. Tela retratando a Rebelião Taiping Durante a Dinastia Qing, o Dalai Lama tornou-se o conselheiro espiritual do imperador e, embora houvesse representantes do governo chinês na administração tibetana, aos quais o Dalai Lama deveria se reportar. O cristianismo está intimamente ligado ao declínio do Império Qing. Além da corrupção do aparelho de Estado, em 1851, estourou a Rebelião Taiping, de caráter religioso. O con�ito começou em Guangxi, uma província chinesa, liderado por um grupo que pregava o cristianismo e tinha como objetivo derrubar as religiões dominantes, o confucionismo e o budismo. O Estado reprimiu a rebelião com uma enorme violência, em um con�ito que durou até 1864 e deixou milhares de mortos. O prejuízo causado por essa crise foi imenso, não só do ponto de vista �nanceiro, mas também politico, pois o Império Chinês mostrara uma face autoritária denunciando sua fragilidade política. Outras derrotas da Dinastia Qing Juncos chineses sob bombardeio britânico na Segunda Batalha de Chuenpee, 7 de janeiro de 1841 (Fonte: Shutterstock). A derrota chinesa implicou no pagamento de uma indenização aos ingleses, além da concessão de portos que seriam administrados pelos britânicos. Mas a maior perda foi territorial, com a cessão de Hong Kong para a Inglaterra, conforme estabelecido no Tratado de Nanquim, assinado em 1842. 2 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon173/aula5.html O último golpe Assinatura do Tratado de Nanquim. A Dinastia Qing já havia conhecido a derrota em outro con�ito, a Guerra do Ópio, travada contra o Reino Unido. Desde o século XVII, a Companhia Britânica das Índias Ocidentais, que havia sido criada por comerciantes ingleses, tinha a permissão da Coroa Britânica para realizar o comércio colonial. Um dos principais produtos da Companhia era o comércio de chá, do qual a China era uma grande produtora. As relações econômicas entre o império britânico e chinês eram recorrentes, mas, em 1839, a China negou-se a permitir o livre comércio do ópio aos britânicos, provocando uma reação imediata do Estado inglês. Guerra dos Boxers (Fonte: Shutterstock). A incapacidade de conter a corrupção, as perdas �nanceiras e retomar a administração efetiva do império corroía o Estado. O último grande golpe foi a Guerra dos Boxers, de caráter nacionalista, que estourou em 1899. Os boxers protestavam contra o cristianismo e reivindicavam uma diminuição do comércio e da interferência estrangeira no país. Oito nações diferentes se envolveram no con�ito: Japão, Império Alemão, Áustria-Hungria, Itália, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia. A história da China está intrinsecamente ligada à história do Japão. A China exerceu não só uma in�uência cultural sobre o Japão, mas também os dois impérios tiveram, ao longo de suas trajetórias, diversas disputas territoriais. Entretanto, por se tratar de uma ilha, o Japão manteve sua cultura milenar bastante preservada das interferências estrangeiras. Japão - Xogun ou shogun Manimoto no Yoritomo foi o primeiro Shogun ou Xogun do shogunato Kamakura do Japão (Fonte: Wikipedia) Sun Yat-sen (Fonte: Shutterstock). A derrota dos boxers marcou o crescente declínio dos Qing além do aumento da interferência estrangeira no país, que durou até 1912, quando um golpe liderado por Sun Yat-sen extinguiu a monarquia e estabeleceu a República da China. A formação das classes sociais, no Japão, remete ao século III, no chamado Período Yayoi. A cultura do arroz e a posse de terras promoveram a ascensão de uma aristocracia de caráter militar que daria origem a um dos maiores símbolos da história japonesa, os samurais. Durante o período medieval, no século XII, o imperador, preocupado com os con�itos que se espalhavam pelo reino, concedeu a Minamoto no Yoritomo o título de xogum . Os samurais eram guerreiros habilidosos e serviam a um senhor feudal, chamado de daimyo. Suas relações políticas são muito parecidas com os vínculos de suserania e vassalagem que caracterizavam a Idade Média na Europa. O Samurai fornecia proteção às propriedades da aristocracia e em troca recebia terras e grãos. Durante a Idade Moderna, no chamado Período Edo , os samurais se tornaram uma classe e ascenderam politicamente durante o último xogunato, chamado de Tokugawa. Esse xogunato, chamado de Tokugawa. Esse xogunato, estabelecido em 1603, durou até a restauração Meji, em 1868. Samurais. (Fonte: Wikipedia). 3 4 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon173/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon173/aula5.html Japão - O império diante do Shogunato Tokugawa Yoshinobu, o último xogun. É importante lembrar que o imperador jamais deixou de existir. O Japão possuía um imperador, uma corte e diversos senhores de terras. Por direito, o imperador teria supremacia sobre os xoguns, mas na prática, não era o que acontecia. Cronistas estrangeiros, quando visitavam o Japão, constatavam o poder �gurativo que detinha o governante e prestavam suas homenagens ao xogum, a quem consideravam o líder de fato. Politicamente, os Tokugawa procuraram manter os senhores de terras sob o mais rígido controle. Enquanto concederam terras e bens para o imperador, de quem seriam, a princípio, vassalos, estabeleceram diversas leis para os daimyos, já que essa classe era a principal ameaça ao seu poder. Por seu caráter militar, o Japão promoveu diversas tentativas expansionistas, investindo contra a Coreia e contra territórios chineses. Durante o último xogunato, o cristianismo foi banido e a religião foi mantida sob severa vigilância. O Sistema do Shogunato O sistema de xogunato era tradicional e fechado e manteve o Japão preso a um sistema feudal que já havia sido extinto na maior parte dos países. Sua base econômica era agrária e seu principal produto o cultivo de arroz. No século XIX, o mundo é sacudido por uma revolução que começara um século antes, na Inglaterra, a Revolução Industrial. A partir do século XIX o modelo de sistema produtivo inglês se espalha por outros países como Estados Unidos e França e a busca por novos mercados tanto consumidores quanto fornecedores de matéria-prima tem início. Nesse contexto, o Oriente não poderia se manter alheio e embora o xogunato tenha tentado manter seu isolamento, as pressões internacionais e as constantes ameaças de invasão forçaram o Japão a abrir-se para o mercado exterior. Fonte:Wikipedia. Saiba mais Embora seu governo tenha durado 200 anos, o xogunato Tokugawa jamais repudiou a autoridade do imperador e, em 1868, o último xogum restaura os poderes imperiais, dando origem à chamada restauração Meiji, marcando o início do Japão moderno. Japão – Período Meiji Mutsuhito O Período Meiji teve apenas um imperador, Mutsuhito, que assumiu o governo aos 16 anos e reinou até sua morte, em 1912. Por ser o único imperador dessa era, é comumente conhecido apenas como Imperador Meiji. Seu governo durou pouco mais de 4 décadas, mas as transformações realizadas inseririam o Japão no sistema capitalista e permitiram que o país se tornasse a potência industrial mais importante da Ásia do início do século XX. O novo imperador reformou profundamente todas as áreas fundamentais do Estado, realizando um projeto de reforma agraria e acabando com os privilégios pessoais dos antigos senhores feudais. Também extinguiu a classe samurai e, a exemplo do Ocidente, adotou um modelo de exército nacional. A principal característica da Era Meiji, ao reformular a economia e intensi�car as relações econômicas internacionais foi o chamado processo de ocidentalização. Japão – A repercussão de sua ocidentalização A ocidentalização japonesa sofreu críticas ferrenhas e também um apoio fervoroso, por diferentes críticos do regime. Por um lado, a rapidez com que as mudanças foram implementadas fez com que uma parte importante da tradição japonesa fosse legada ao esquecimento, tendo sido recuperada somente séculos depois. Um exemplo disso ocorre com relação aos samurais. Durante séculos, estes guerreiros seguiram um rígido código de conduta além de serem estimulados a se aperfeiçoar intelectual e �sicamente. Sede Central Marunouchi para o zaibatsu Mitsubishi, pré-1923. (Fonte: Wikipedia). Esse código, conhecido como Bushido, levou a so�sticação da classe samurai, que dominava não só técnicas de batalha e manejo de armas diversas como espada e arco & �echa, mas também fez surgir uma classe letrada e intelectualmente signi�cativa. Além disso, no Período Edo, o título de samurai passou a ser hereditário e por 200 anos se tornou um modo de vida de diversas famílias tradicionais. Quando os samurais foram extintos, parte desta tradição também o foi, embora o bushido ainda seja praticado enquanto �loso�a no Japão. Por outro lado, os atrasos provocados pela manutenção do sistema feudal se �zeram sentir rapidamente. As reformas no sistema educacional, político e econômico eram de caráter urgente e negligenciá-las poderia ter feito com que o Japão jamais conseguisse se recuperar novamente. O momento era propício às reformas, que foram feitas em velocidade recorde. Embora a monarquia existisse ha séculos, somente em 1889 foi promulgada uma constituição, estabelecendo o regime de monarquia constitucional a ser adotado pelo país. Criou-se uma nova moeda, o iene, e estimulou-se a produção industrial, com a criação de estradas e ferrovias que fornecessem infraestrutura para o escoamento de mercadorias. As famílias tradicionais e que tinham posses e investimentos industriais formaram os zaibatsus, conglomerados industriais, como a Mitsubishi, criada em 1870 e que permanece até nossos dias. Esses conglomerados incorporaram as pequenas indústrias japonesas, criando extensos impérios econômicos e proporcionando a rápida industrialização. As reformas do Período Meiji são consideradas como a Revolução Industrial japonesa. Vários estudantes, intelectuais e políticos foram enviados ao Ocidente, em especial Estados Unidos e Inglaterra, para conhecer a aprender sobre o sistema capitalista que o imperador pretendia ver consolidado. A intensa troca de conhecimento permitiu a introdução de inúmeras inovações tecnológicas que bene�ciaram sobretudo a indústria. Mas a modernização teve um preço. Além dos investimentos necessários nas áreas estratégicas, o Estado havia �nanciado indústrias modelo, para estimular o processo de industrialização. A construção civil e o sistema de transportes precisam de minério e energia para serem executados e postos em funcionamento. As reservas nacionais não bastavam e o Japão foi obrigado a invadir outros países, como a Coreia e a Manchúria, não só para garantir sua soberania, mas também para obter recursos, gerando uma série de con�itos internacionais que envolveriam a Rússia, a França e a Alemanha. Quando o Imperador Meiji morreu, em 1912, legou ao seu �lho um país moderno, mas, com muitos problemas �nanceiros, que, a princípio, só podiam ser resolvidos a partir da expansão territorial culminando com a entrada do Japão na Primeira Guerra Mundial, em 1914. A China entra no século XX em decadência política. O Japão ostenta uma enorme reforma econômica lançando as bases de seu modelo industrial e emergindo como potência asiática. Notas Histórias conectadas A expressão histórias conectadas foi proposta por Sanjay Subrahmanyam, historiador indiano radicado na França, que desmonta o que considera ser a “visão tradicional” da historiogra�a europeia sobre o mundo asiático. 1 Enfatiza que a história da Eurásia moderna não pode ser vista como mero produto ou resultado do “comando” da história europeia, sem a qual, supostamente, não existiria. Propõe que ela seja entendida em suas conexões com a Europa e com as outras partes do mundo, sem que se estabeleçam polos, um determinante e outro subordinado”. Hong Kong Hong Kong voltaria a ser parte do território chinês somente em 1997, após diversas negociações diplomáticas. Xogum O Xogum era um chefe militar que estaria, a princípio, subordinado ao imperador. Diferentemente da China, os poderes do imperador do Japão nunca foram absolutos. Quando o primeiro xogum foi estabelecido, iniciou-se o chamado xogunato, que perduraria por séculos. Na prática, era os xoguns que detinham o poder político, pois controlavam o exército e a classe de guerreiros samurais, que serviam a aristocracia. Período Edo 2 3 4 O Período Edo (Yedo ou Yeddo), também conhecido como Período Tokugawa, é um período da história do Japão que foi governado pelos xoguns da família Tokugawa, desde 24 de março de 1603 até 3 de maio de 1868. Referências FALCON, Francisco José Calazans. O Iluminismo. São Paulo: Ática, 1994. PISIER, Evelyne. Histórias das ideias políticas. São Paulo: Manole, 2004. ANDERSON, Perry. Linhagens do estado absolutista. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2004. Próxima aula As mentalidades modernas: o pensamento ilustrado; As teorias do contrato social; A crise do antigo regime. Explore mais
Compartilhar