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História Medieval II Nome da Disciplina: História Medieval II Natureza: Obrigatória Cursista: Lucinéia Nunes Pereira Polo: Águas Lindas de Goiás Tutor: Railton César/ Priscilla Bonfim Turma: B Atividade: Questionário Dissertativo 01. Explique os conflitos travados entre o entre o Papa e o imperador no mundo medieval. (2,5) Após a morte de Silvestre II (1003), o papado não faz boa figura. Caiu nas mãos dos senhores do Lácio e depois de 1146, nas mãos dos imperadores germânicos. Mas recuperou-se em seguida, melhor ainda, libertou também toda a Igreja do poder senhoral laico. E ao nome de Gregório VII (1073-1085) que se liga a Reforma Gregoriana, que constitui apenas o aspecto mais exterior do grande movimento da Igreja rumo ás suas raízes. Tratava-se de restaurar a autonomia e o poder da classe dos sacerdotes em face da classe dos guerreiros. A Igreja teve que se renovar e dar contornos a si própria, de onde a luta contra a sinomia e a lenta instauração do celibato clerical. De onde a tentativa de independência do papado ao reservar a eleição do pontífice aos cardeais (decreto de Nicolau II em 1059). De onde, sobretudo, os esforços para subtrair o clero do domínio da aristocracia laica, para retirar do imperador e, por isso, dos senhores a nomeação e investidura dos bispos e, para ao mesmo tempo, submeter o poder temporal ao poder espiritual. Gregório II pareceu ter vencido por ocasião da humilhação do Imperador Henrique IV em Canossa (1077). Mas o penitente imperial teve em seguida sua revanche. Urbano II, mais prudente, aprofundou a obra e recorreu ao expediente da Cruzada com o fim de atrair para si a autoridade sobre a Cristandade. Em 1122 chegou-se a um compromisso em Worms: o imperador reservou ao papa a investidura pelo báculo e pelo anel, prometeu respeitar a liberdade das eleições e consagrações, mas conservou a investidura pelo centro do poder temporal dos bispados. A luta reacendeu sob outras formas com Frederico I Barba Ruiva (1152-1190) e atingiu o clímax na primeira metade do século 13 com Frederico II. Ao final, o papado pareceu definitivamente vitorioso. Frederico morreu em 1250, deixando o império exposto á anarquia do Grande Interregno (1250-1273). Mas ao combater um ídolo de pés de barro, um poder anacrônico como o do imperador, o papa negligenciou – chegando por vezes a favorecer – a emergência de um novo tipo de poder: o dos reis. O conflito entre o mais poderoso deles: Filipe, o Belo rei da França e o papa Bonifácio VIII, terminou com a humilhação do pontífice, esbofeteado vem Agnani ( 1303) e exilado, e com o “cativeiro” do papado em Avinhão (1305-176). Na primeira metade do século 14, o confronto entre o papa João XXII e o Imperador Luís da Baviera será apenas uma sobrevivência que permitirá aos partidários de Luís, sobretudo á Marsílio de Padna em seu Defensor Pacis (1324) definir um novo modelo de Cristandade na qual os poderes espiritual e temporal estavam nitidamente separados. Com ele, a laicização desembocou na ideologia política. Diante do último grande partidário da confusão dos poderes, o último grande homem da Idade Média – a qual resumiu em sua obra genial –morreu em 1324, com o olhar voltado para o passado. 02. Quais foram os fenômenos e acontecimentos que marcaram a crise da cristandade no final do século XIII e início do século XIV? (2,5) A imigração do campo para as cidades ocorridas entre os séculos 10 e 14 foi um dos fenômenos maiores da Cristandade. Dos diversos elementos humanos por ela recebidos a cidade criou uma sociedade nova. Sem dúvida esta sociedade pertence também ao mundo feudal, que se costuma imaginar como um ambiente quase que exclusivamente rural. Sem dúvida, a sociedade urbana é minoria num mundo que pertence ainda rural. Porém, conseguirá substituir as diretrizes vindas do campo por impulsos próprios. A Igreja não se enganou nesse aspecto. No século 12 ainda é a voz dos monges, de um Pedro, o Venerável de Cluny, sobretudo de um São Bernardo, de Cister, que mostra o caminho á Cristandade. Ainda é São Bernardo que vai pregar a cruzada em Vezelay, cidade híbrida e cidade nova em torno de seu mosteiro, e tenta inutilmente arrastar o grupo de estudantes de Paris das seduções urbanas para reconduzi-los ao deserto, á escola do claustro. No século 13 os lideres espirituais dominicanos e francianos – se instalam nas cidades e das catedrais de suas igrejas e das universidades governam suas almas. No campo, durante a Alta Idade Média, a propriedade, mesmo que comportasse certa especialização técnica artesanal concentrava todas as funções da produção. Uma etapa intermediária encontrava-se talvez nos países eslavos – notadamente na Polônia e na Boêmia - onde se vê entre os séculos X e XIII os grandes proprietários distribuírem em suas aldeias particulares diversos especialistas: ferreiros, ceramistas, carpinteiros. Ao lado desses grandes fenômenos de conjuntos, diversos acontecimentos anunciaram a crise da Cristandade. No último terço do século XIV, uma série de greves, de motins e revoltas urbanas eclodiu, sobretudo, em Flandres (em Bruges, Douai, Tournai, Provins, Rouen, Caen, Orleans e Baziers em 1280; Toulouse em 1288; Reims em 1292 e Paris, em 1306). Em 1284, as abóbadas da catedral de Beavais, erguidas até a altura de quarenta e oito metros, desmoronam. Os canteiros de obras das catedrais interrompem seus trabalhos em Narbonne no ano de 1286, em Colônia no ano de 1322 e Siena atingirá o limite de suas possibilidades no ano de 1326. Começa a desvalorização da moeda – as mutações monetárias. Sem dúvida, esses sintomas da crise manifestam-se nos setores mais frágeis da economia nas cidades, onde a economia têxtil desenvolverá atrelada e a mercê de um enfraquecimento da clientela rica, para quem produzia e exportava; na construção, onde os enormes meios para construir custavam cada vez mais na medida em que a mão de obra, as matérias primas e os capitais estavam sendo empregados em outros setores mais lucrativos, no domínio da economia monetária. A crise aparece em sua amplitude quando atinge o nível essencial da economia rural. Em 1315-117 uma série de intempéries provoca mais colheitas, a alta dos preços, a volta da fome generalizada – praticamente desaparecida do Ocidente ou pelo menos do Extremo Ocidente no século XIII. Em Bruges, de trinta e cinco mil pessoas, duas mil morreram de fome. A partir de 1348, a Peste Negra faz cair brutalmente a curva demográfica, já em inflexão e transforma a crise em catástrofe. A diminuição da renda feudal, as perturbações devidas ao emprego crescente das moedas nos pagamentos dos rendimentos senhoriais devidos pelos camponeses colocaram em causa os fundamentos de poder dos senhores feudais. Ao serem atacados pela crise recorreram a solução mais fácil encontrada, por todas as classes dominantes ameaçadas: a guerra. O exemplo mais notável é a Guerra dos Cem Anos, na qual a nobreza inglesa e francesa procuraram encontrar a solução para suas dificuldades. Ela favoreceu a evolução anterior em direção á centralização estatal. Preparou a monarquia francesa de Carlos VII e Luís XI, a realeza inglesa dos Tudor, a unificação espanhola sob os reis católicos, o advento um pouco por toda a parte, mas especialmente na Itália, suscitou novas clientelas, burguesas principalmente, para produtos e para uma arte que tendem para a fabricação em rede – o que, no domínio intelectual – será possível graças á imprensa – mas que em termos de qualidade ainda muito honrosa na média, correspondem a uma alta do nível de vida de novas camadas oficiais, a uma elevação do nível de vida e do bom gosto, ao avanço das preocupações cientificas á descoberta e ao esforço para dominar a terra inteira.
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