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My arquivo Livro- DINAMICAS INTERPESSOAIS VISAO INTERDISCIPLINAR

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Dinâmicas Interpessoais: 
Visão Interdisciplinar
Dinâmicas Interpessoais: 
Visão Interdisciplinar
Organizado por Universidade Luterana do Brasil
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
Canoas, RS
2015
Conselho Editorial EAD
Andréa de Azevedo Eick
Ângela da Rocha Rolla
Astomiro Romais
Claudiane Ramos Furtado
Dóris Gedrat
Honor de Almeida Neto
Maria Cleidia Klein Oliveira
Maria Lizete Schneider
Luiz Carlos Specht Filho
Vinicius Martins Flores
Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. 
Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores 
a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da 
ULBRA.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei 
nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.
Dados técnicos do livro
Diagramação: Marcelo Ferreira
Revisão: Marcela Machado
Apresentação
Prezado(a) aluno(a),
É um grande prazer tê-lo(a) em nossa disciplina. Esperamos que 
você possa obter um grande aproveitamento da mesma ao longo deste 
semestre letivo, e que perceba as suas contribuições para a sua formação 
profissional.
A disciplina de Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar possui 
como ementa:
Estudo do indivíduo numa perspectiva interdisciplinar a partir do estu-
do e sistematização de habilidades interpessoais adequadas a contextos 
sociais e organizacionais, tendo como foco a aceitação da diversidade e o 
pleno desenvolvimento da cidadania.
O objetivo geral da disciplina é:
Refletir criticamente sobre o indivíduo em interação e os fenômenos 
relacionados às relações interpessoais, a partir de uma visão interdiscipli-
nar, abordando os elementos constitutivos das habilidades interpessoais no 
contexto social e organizacional com vistas ao desenvolvimento da cida-
dania.
Iremos explorar no presente livro os principais temas relativos às rela-
ções interpessoais, de forma a possibilitar o desenvolvimento de habilida-
des sociais importantes para o seu trabalho enquanto educador e gestor 
de pessoas.
No primeiro capítulo buscamos apresentar a importância de uma atitu-
de interdisciplinar para uma melhor compreensão dos fenômenos relativos 
às relações interpessoais.
Apresentação v
A questão da subjetividade inerente a cada pessoa em particular, a 
partir da sua interação consigo mesma, bem como a importância de uma 
relação intrapessoal saudável é discutida no segundo capítulo.
No terceiro capítulo são discutidos alguns aspectos básicos das rela-
ções humanas, como o grupo, sua constituição,tipos, fases e funções.
A motivação humana é o tema de estudo do quarto capítulo, onde são 
apresentadas as principais teorias motivacionais e suas implicações para 
as relações humanas.
A comunicação interpessoal e as possibilidades de melhoria do proces-
so comunicativo são apresentadas no capítulo cinco, onde iremos perceber 
que a comunicação é inerente a todos os aspectos das relações humanas.
No sexto capítulo são apresentados os diferentes estilos de liderança e 
a influência dos líderes sobre os liderados, bem como os diferentes papéis 
que as pessoas ocupam dentro dos grupos, sem descuidar da questão do 
poder.
Por meio das temáticas tratadas no capítulo sete buscamos apresentar 
alguns elementos importantes para que se possa assegurar a expressão da 
diversidade e da alteridade nas dinâmicas interpessoais, em especial no 
ambiente escolar.
O tema das habilidades sociais é contemplado no capítulo oito, onde 
se apresenta uma proposta para o desenvolvimento de habilidades intra e 
interpessoais.
No capítulo nove buscamos apresentar aspectos teóricos da investiga-
ção sócio-grupal, bem como as possibilidades de aplicação desta prática.
Finalmente, no décimo e último capítulo é abordada a utilização das 
dinâmicas de grupo como estratégia para abordagem de temas a serem 
trabalhados junto aos grupos, de forma a articular de forma teórico-prática 
os estudos desenvolvidos anteriormente.
vi Apresentação
Estas são as principais temáticas a serem trabalhadas nesta disciplina, 
buscando compreender como o indivíduo se comporta em interação con-
sigo e com os demais, colhendo desta análise elementos para uma leitura 
das dinâmicas interpessoais que permita vislumbrar possibilidades de inter-
venções educativas.
Desejamos que você tenha um excelente semestre letivo.
 1 A Contribuição da Interdisciplinaridade para o Estudo das 
Relações Humanas ...............................................................1
 2 Relacionamento Intrapessoal e Subjetividade – 
O Indivíduo em Interação Consigo Mesmo ..........................17
 3 Relações Humanas: Base para a Vida em Sociedade ...........40
 4 Motivação: O Motor que Rege as Ações Humanas ...............58
 5 Comunicação: Instrumento Básico de Interação ..................77
 6 Líder(es) e Liderado(s): A Questão dos Papéis nas 
Relações .............................................................................95
 7 Diversidade e Alteridade: Desafios da 
Contemporaneidade .........................................................112
 8 Desenvolvimento de Habilidades Sociais ...........................131
 9 A Técnica Sociométrica e seu Emprego na Escola e na 
Empresa ...........................................................................149
 10 Dinâmicas para Intervenção Grupal ..................................174
Sumário
Capítulo 1
A Contribuição da 
Interdisciplinaridade 
para o Estudo das 
Relações Humanas1
A Contribuição da Interdisciplinaridade para...
1 Graduada em Pedagogia, Especialista em Administração e Formação de Recur-
sos Humanos, Mestre em Educação. Professora da ULBRA Canoas/RS.
Maria Cleidia Klein Oliveira1
2 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
Introdução
Para que possamos conhecer e analisar os diversos aspectos 
relacionados às dinâmicas interpessoais é preciso compreen-
der primeiramente que não há uma ciência que dê conta da 
multiplicidade destes fenômenos. O homem é um ser bioló-
gico, psicológico, social, filosófico e antropológico. Por esses 
motivos, somente por meio da adoção de uma atitude inter-
disciplinar poderemos nos aproximar das diversas interfaces 
presentes nas relações grupais. Neste capítulo iremos explorar 
os conceitos basilares que envolvem a disciplina, como rela-
ções humanas, dinâmicas interpessoais e interdisciplinaridade. 
Também buscaremos compreender a importância da adoção 
de uma atitude interdisciplinar na abordagem das relações hu-
manas.
1.1 Base conceitual
Nosso estudo sobre dinâmicas interpessoais se nutre de dife-
rentes ciências, que se intercomunicam e correlacionam, cons-
tituindo uma abordagem interdisciplinar do tema.
Para que possamos situar nossa discussão, vamos explicitar 
primeiramente alguns conceitos, de forma que você possa ir se 
apropriando da linguagem e do seu significado.
Capítulo 1 A Contribuição da Interdisciplinaridade para... 3
1.1.1 Dinâmicas Interpessoais
Inicialmente, precisamos conceituar dinâmicas interpesso-
ais. Se buscarmos o significado das palavras, vamos com-
preender que dinâmica, na Física, se refere ao “Estudo das 
forças ou do movimento quantitativo dos corpos”. Pode sig-
nificar também “Conjunto de forças que visam o desenvolvi-
mento ou o progresso de algo”. Ou, na música, onde sig-
nifica a “Relação entre os níveis de intensidade dos sons.” 
(http://www.priberam.pt/dlpo/dinamica). A Psicologia Social 
define a dinâmica inerente ao funcionamento dos grupos 
como “um conjunto de leis do comportamento do grupo do 
ponto de vista dos objetivos reais e específicos desse grupo”. 
(http://www.dicio.com.br/dinamica/). Já o termo interpessoal 
“se refere ao relacionamento entre duas ou mais pessoas; que 
se efetiva ou pode ocorrer entre duas pessoas ou mais pessoas: 
relação interpessoal.” (http://www.dicio.com.br/interpessoal/). 
Assim, podemos compreender dinâmica interpessoal como o 
movimento inerente às relações que ocorrem entre as pessoas. 
Neste contexto,utilizaremos os termos dinâmicas interpessoais 
e relações humanas como sinônimos, entendendo as suas di-
mensões relacionais dentro de um amplo leque de possibilida-
des, as quais serão exploradas ao longo deste livro.
O próximo passo para nossa caminhada é buscarmos 
compreender o significado de Interdisciplinaridade.
1.1.2 Interdisciplinaridade
Partindo da etimologia da palavra disciplina, temos discere, do 
latim, que quer dizer aprender e seu derivado, discipulus, que 
4 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
significa aquele que aprende. Essa origem dá conta da relação 
da disciplina com o aprendizado e com o sujeito que aprende. 
No entanto ainda não permite uma definição clara do termo.
No campo da ciência, disciplina é um conjunto de conhe-
cimentos sobre um determinado objeto ou matéria, que pos-
sui um método próprio de pesquisa. Assim, temos os diversos 
campos do conhecimento constituídos em disciplinas. Aqui, a 
disciplina apresenta-se independente, com uma metodologia 
própria, dotada de autonomia e identidade. Este termo pode 
ser exemplificado nas diferentes matérias com as quais você se 
deparou desde o início de sua formação escolar, como Ciên-
cias, Matemática, História e assim por diante.
A interdisciplinaridade, por sua vez, é uma interação exis-
tente entre uma ou mais disciplinas. Ou seja, só é possível 
pensar em interdisciplinaridade quando se busca compreen-
der o objeto de estudo por meio de diferentes perspectivas 
de análise, buscando uma relação entre as mesmas. Para 
Japiassú (1976, p. 74): “A interdisciplinaridade caracteriza-se 
pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau 
de integração real das disciplinas no interior de um mesmo pro-
jeto de pesquisa.” E este esforço de integração busca superar 
esta visão fragmentária.
Antes que um “slogan”, é uma relação de reciprocidade, 
de mutualidade, que pressupõe uma atitude diferente a 
ser assumida frente ao problema do conhecimento, ou 
seja, é a substituição de uma concepção fragmentária 
para unitária do ser humano. (FAZENDA, 2002, p. 8)
Capítulo 1 A Contribuição da Interdisciplinaridade para... 5
O que caracteriza a interdisciplinaridade é a conexão, a 
reciprocidade, a troca entre as disciplinas. Nesta ótica, quan-
do duas ou mais ciências mobilizam seus diferentes saberes e 
métodos em torno de um objeto de estudo em comum, temos 
a interdisciplinaridade. Assim, quando a Psicologia e a Socio-
logia, por exemplo, unem esforços e compartilham metodolo-
gias de estudo, temos importantes contribuições constituídas 
pela Psicologia Social. Quando o Direito se debruça sobre as 
questões ambientais temos o Direito Ambiental. E assim por 
diante.
Agora vamos tentar compreender como se pode caracte-
rizar uma visão interdisciplinar no estudo das dinâmicas inter-
pessoais.
1.1.3 Atitude interdisciplinar
O estudo das dinâmicas interpessoais pressupõe uma visão 
sistêmica, integrada e conjunta. Existe uma série de fatores 
que intervêm nas relações entre as pessoas e que precisam ser 
considerados na análise dos fenômenos. Uma única ciência 
não consegue analisar e explicar as complexas relações que se 
estabelecem nas interações humanas. Assim, nosso estudo irá 
buscar o auxílio de diversas ciências, dentre elas:
 Â A Psicologia: busca explicar o comportamento do indi-
víduo, a constituição da sua personalidade, sua percep-
ção e as suas relações com o meio físico e social;
 Â A Antropologia: tem como foco a constituição do ser 
humano, da cultura, a apropriação desta pelo homem e 
a sua influência na vida social;
6 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
 Â A Sociologia: estuda a constituição das sociedades hu-
manas, sua evolução e desenvolvimento;
 Â A Pedagogia: investiga as formas de apropriação do co-
nhecimento e os meios utilizados pelo homem para de-
codificar e apreender o mundo que o rodeia, buscando 
maximizar suas potencialidades;
 Â A Administração: estuda formas de aplicação prática de 
princípios de gestão de pessoas, processos e recursos 
organizacionais, a fim de atingir metas predefinidas;
 Â A Filosofia: reflete sobre a gênese da existência, buscan-
do encontrar significados através da elaboração de múl-
tiplas hipóteses, num esforço de responder a questões 
básicas para o ser humano.
Rogério Lopes/ULBRA
Figura 1 Principais ciências que contribuem para o estudo das relações 
humanas.
Capítulo 1 A Contribuição da Interdisciplinaridade para... 7
Cabe ressaltar que o caráter interdisciplinar pressupõe a 
integração real de diversas disciplinas, buscando, sobretudo, 
uma relação de reciprocidade entre estas. Não se reduz, por-
tanto, a uma explicação do fenômeno segundo esta ou aque-
la ciência. Busca, de forma proposital, um olhar que permita 
uma interação entre as diversas abordagens, metodologias e 
conceitos. Segundo Osório (2003), o fundamento da interdis-
ciplinaridade é o fato de que, por meio da articulação e da 
integração de diferentes áreas de competência, podemos ob-
ter resultados potencialmente melhores. “A interdisciplinarida-
de apoia-se no elemento ‘conexão’ entre as disciplinas e seus 
postulantes e é, portanto, intrinsecamente uma prática grupal.” 
(p. 83). E vai além nesta reflexão:
Para que se efetive, há necessidade não só do intercâm-
bio de conhecimentos acumulados e em transformação 
pelas distintas disciplinas, mas de uma atitude interdisci-
plinar interna, ou seja, da disponibilidade de pensar-se 
‘em leque’, e ‘não em funil’, de predispor-se a ser fertili-
zado pelas ideias e posturas alheias, de mediar, em seu 
próprio aparelho mental, conflitos entre o conhecimento 
adquirido e o que não se possui, mas que insiste em se 
fazer presente através dos saberes contíguos. (OSÓRIO, 
2003, p. 83-84)
Nesta ótica, percebe-se a inevitável necessidade de aber-
tura para a escuta, para o exercício de empatia, da troca e da 
receptividade para o novo.
E como se constrói esta postura interdisciplinar?
A primeira condição de efetivação da interdisciplinarida-
de é o desenvolvimento de sensibilidade, neste sentido 
8 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
tornando-se particularmente necessária uma formação 
adequada que pressuponha um treino na arte de enten-
der e esperar, um desenvolvimento do sentido da criação 
e da imaginação. (FAZENDA, 2002, p. 8)
A atitude interdisciplinar exige que se abra mão de uma 
forma fragmentada de ver o mundo. Isso implica em perceber 
que todas as ciências são igualmente importantes, e que nossa 
visão precisa ser ampliada para um domínio mais complexo, 
onde as respostas exatas, predefinidas, as “verdades”, têm 
uma existência muito breve.
Somente na intersubjetividade, num regime de coproprie-
dade, de interação, é possível o diálogo, única condição de 
possibilidade da interdisciplinaridade. Assim sendo, pressu-
põe uma atitude engajada, um comprometimento pessoal. 
(FAZENDA, 2002, p. 8)
Rogério Lopes/ULBRA
Figura 2 Síntese da atitude interdisciplinar.
Capítulo 1 A Contribuição da Interdisciplinaridade para... 9
Saber-se inacabado e estar receptivo ao novo e ao desco-
nhecido, com a mente aberta e o espírito crítico, impregna-
do no desejo de aprender e de construir novas possibilida-
des de resposta; esta é a síntese da atitude interdisciplinar.
1.2 Um breve exercício de reflexão 
interdisciplinar
Para que possamos compreender um pouco melhor o que es-
tamos dizendo, vamos analisar algumas situações cotidianas 
de relações interpessoais:
Situação 1
Maria é supervisora de um departamento de vendas. Recebeu 
a reclamação de um cliente, cujo pedido não foi entregue. Ao 
verificar o que ocorreu, percebeu que o endereço na nota de 
entrega havia sido anotado de forma incorreta. Imediatamente 
chamou a vendedora, Sônia, e disse, aos berros: – Como é 
possível que você nunca faça nada certo? O cliente está furio-
so enquanto o seu produto é enviado para o endereço errado! 
Vou descontar a taxa de entrega do seu salário!
Situação 2
Jorge e Lia namoramhá dois anos. Há seis meses Jorge perce-
beu que não está mais apaixonado por Lia. No entanto, cada 
vez que pensa em falar com ela sobre seu desejo de romper a 
relação, fica extremamente ansioso e acaba deixando de lado.
10 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
Situação 3
Roberto está há cinco minutos procurando uma vaga para es-
tacionar no shopping, que está bastante lotado, quando um 
jovem dirigindo um carro conversível passa ao seu lado e es-
taciona na vaga para deficientes. Ele fica furioso e começa a 
buzinar, mas em seguida vê o jovem saindo do carro e reti-
rando do porta-malas a cadeira de rodas do seu pai, que está 
sentado no banco do carona.
O que as situações apresentadas possuem em comum? 
São circunstâncias que envolvem relações entre as pessoas, 
sejam elas de convívio casual, duradouro, de relação de su-
bordinação, de afetividade, ocorridas em um encontro fortuito, 
de uma vivência diária ou esporádica. Ou seja, são relações 
humanas, e estão sujeitas a uma série de fatores que podem 
afetar como elas se processam e os resultados daí advindos.
Podemos inicialmente estabelecer alguns juízos de valor a 
priori, nos quais podemos fazer algumas afirmações, do tipo:
 Â Maria é uma pessoa estúpida!
 Â Sonia é uma pessoa desatenta!
 Â Jorge é um covarde!
 Â Lia é uma pobre coitada!
 Â Roberto é insensível!
Provavelmente você é capaz de admitir que alguns des-
tes pensamentos passaram pela sua cabeça. Sim, pela sua 
Capítulo 1 A Contribuição da Interdisciplinaridade para... 11
e pela cabeça das demais pessoas também. Nós temos a 
tendência de julgar os fatos a partir de um número limitado 
de informações. E por que isso acontece? Porque estamos 
avaliando a superfície. É preciso ir mais fundo, conhecer 
mais variáveis de cada situação antes de se emitir um juízo 
de valor.
As pessoas apreendem a realidade de diferentes formas, a 
partir da interação pessoal, que é influenciada por inúmeros 
fatores, os quais não ficam explicitados a partir de seus com-
portamentos, pois estes expressam apenas uma pequena par-
cela da sua subjetividade. Há uma metáfora muito interessan-
te para ilustrar esta concepção, conhecida como iceberg do 
comportamento humano (figura 3). Como todos sabemos, um 
iceberg possui basicamente três características: 1. constitui-
-se de um imenso bloco de gelo; 2. apresenta uma pequena 
camada visível na superfície; 3. grande parte do que ele é em 
sua constituição encontra-se submersa, que é o que lhe for-
nece a base e a estrutura. A exemplo do iceberg, as pessoas 
expressam em seus comportamentos (a superfície) uma série 
de fatores que influenciam e orientam estes comportamentos, 
mas que não ficam visíveis (a parte submersa). São os seus 
medos, as suas experiências, os seus valores, os seus senti-
mentos, as suas crenças, as suas emoções, a sua autoestima, 
as suas preocupações, seus preconceitos, sua cultura, dentre 
outros.
12 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
Rogério Lopes/ULBRA
Figura 3 Iceberg do comportamento.
Nesta análise mais aprofundada, é bem provável que nos 
depararemos com inúmeras questões que podem nos oportu-
nizar uma leitura da situação em função de variáveis que até 
então passaram de forma despercebida inicialmente.
Então poderíamos indagar:
 Â Quais as experiências de vida das personagens envolvi-
das nas situações descritas?
 Â Como foram educadas?
 Â Em que meio cresceram e desenvolveram seus valores?
 Â Qual a herança cultural que receberam?
 Â Como encaram sua responsabilidade frente às demais 
pessoas?
 Â Qual o seu nível de autoaceitação e de autoestima?
Capítulo 1 A Contribuição da Interdisciplinaridade para... 13
 Â Como convivem com as frustrações?
 Â Qual o seu nível de assertividade?
 Â Como foi desenvolvida sua competência comunicacio-
nal?
 Â Qual(is) o(s) seu(s) estilo(s) de liderança?
 Â Que papéis ocupam nos grupos dos quais fazem parte?
 Â O que as motiva a agir desta maneira?
 Â De que forma aprenderam as lições que a vida lhes en-
sinou?
Enfim, há uma série de fatores que podem ser levados em 
conta, e que não reparamos no dia a dia. E a visão que busca-
mos é de abertura, de flexibilidade, de busca de entendimento, 
de aceitação e, principalmente, de aprendizado.
Neste exercício de entendimento percebemos que as dife-
rentes ciências se combinam e se integram, oferecendo-nos 
um novo panorama de análise das relações, que não se esgo-
tam em um comportamento evidenciado, mas que contextuali-
zam este comportamento em função de variáveis que explicam 
as múltiplas conexões existentes entre o que o indivíduo é na 
extensão de sua subjetividade e o que ele expressa em um de-
terminado momento.
Os capítulos seguintes irão trazer mais elementos para que 
esta postura possa ser desenvolvida e utilizada ao longo de 
suas experiências relacionais.
14 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
Recapitulando
As dinâmicas interpessoais ou relações humanas dizem res-
peito ao movimento de interação entre as pessoas, o qual é 
constituído de inúmeros aspectos cuja análise não cabe numa 
abordagem disciplinar. Diferentes ciências contribuem para a 
compreensão dos fenômenos relacionados às relações huma-
nas, como a Psicologia, a Antropologia, a Sociologia, a Pe-
dagogia, a Administração e a Filosofia. Disciplina diz respeito 
a uma área do conhecimento, que contempla uma visão es-
pecífica. Já interdisciplinaridade expressa uma associação de 
diferentes áreas do conhecimento em torno de um objeto, com 
intercâmbio de conceitos e metodologias, objetivando cons-
truir um novo conhecimento. Atitude interdisciplinar implica 
em uma abertura para o conhecimento, em flexibilidade para 
explorar novos conceitos, superar formas fragmentadas de ver 
o mundo e aceitar a brevidade das verdades absolutas. As 
situações cotidianas podem e devem ser vistas sob múltiplos 
aspectos, pois as leituras imediatas estão sujeitas a enganos 
e superficialidades. Uma forma de ilustrar este conceito é a 
imagem do iceberg. A exemplo do iceberg, o comportamento 
é o que está acima da superfície, a parte visível. Submersa está 
a base do iceberg, constituída de um imenso bloco de gelo, 
à qual correspondem os aspectos que orientam o comporta-
mento das pessoas, como as experiências, crenças, valores, 
autoestima, preocupações, emoções e medos. Para se com-
preender este comportamento de forma mais abrangente é 
preciso voltar-se para os aspectos que podem tê-lo originado, 
não visíveis à primeira vista, e que constituem a subjetividade 
dos indivíduos.
Capítulo 1 A Contribuição da Interdisciplinaridade para... 15
Referências
FAZENDA, Ivani C. A. Integração e interdisciplinaridade no 
ensino brasileiro: efetividade ou ideologia? 5. ed. São 
Paulo: Loyola, 2002.
JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do sa-
ber. Rio: Imago Editora Ltda., 1976.
OSÓRIO, Luiz Carlos. Psicologia grupal: uma nova disciplina 
para o advento de uma nova era. Porto Alegre: ARTMED, 
2003.
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2015, 
http://www.priberam.pt/dlpo/dinamica [consultado em 
04-06-2015].
Dicio dicionário online de português, 2009-2015, http://www.
dicio.com.br/dinamica/. [consultado em 04-06-2015].
Dicio dicionário online de português, 2009-2015, http://www.
dicio.com.br/interpessoal/. [consultado em 04-06-2015].
Atividades
Assinale V para as afirmativas verdadeiras ou F para as falsas:
 1) ( ) A interdisciplinaridade é uma forma de perceber os 
fenômenos de forma fragmentada, articulando diferentes 
áreas do conhecimento.
16 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
 2) ( ) Atitude interdisciplinar implica em perceber os fenôme-
nos de uma forma articulada, fragmentando os diferentes 
tipos de conhecimento.
 3) ( ) São necessárias diferentes ciências para compreender 
os fenômenos relacionados às dinâmicas interpessoais.
 4) Existem diversos conceitos muito utilizados na atualidade, 
como multidisciplinaridade e transdisciplinaridade.Pesqui-
se os significados destes termos, estabelecendo a sua dis-
tinção de interdisciplinaridade.
 5) Cite dois exemplos de estudos que constituam esforços in-
terdisciplinares no campo da educação.
Marlene Machado de Ávila1
Capítulo 2
Relacionamento 
Intrapessoal e 
Subjetividade – O 
Indivíduo em Interação 
Consigo Mesmo1
Relacionamento Intrapessoal e Subjetividade...
1 Graduada em Psicologia e em Pedagogia, Especialista em Supervisão Escolar, 
Mestre em Psicologia Social e da Personalidade. Professora aposentada no Ensino 
Fundamental pela PMPA, Professora da ULBRA Canoas, São Jerônimo e Guaíba no 
curso de Psicologia e na Pedagogia em EAD. Experiência em Psicoterapia Humanis-
ta e em facilitação de grupo.
18 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
Introdução
No presente capítulo será abordado o tema referente ao re-
lacionamento intrapessoal e a subjetividade do sujeito, isto 
é, a relação do indivíduo em interação consigo mesmo. Para 
tal enfoca-se o autoconceito, a inteligência emocional de 
Goleman, a inteligência intrapessoal das inteligências múlti-
plas de Gardner, com a habilidade e comunicação intrapes-
soal, finalizando com uma reflexão de como desenvolver esse 
tipo de inteligência para viver mais integrado consigo e com os 
demais na relação interpessoal.
2.1 Do autorreconhecimento ao 
autoconceito
Kail (2004) refere que, segundo Willian James, filósofo e psi-
cólogo do século XIX, a crença dos pesquisadores modernos 
é de que tudo começa pelo autorreconhecimento, base do 
autoconceito, que ocorre aproximadamente aos dois anos de 
idade, momento em que a criança toma consciência de sua 
existência. Com início na primeira infância e gradativamente 
se construindo de forma mais complexa, o autoconceito diz 
respeito à forma em que a pessoa se percebe como indivíduo 
único, suas atitudes, comportamentos, valores, forma de pen-
sar e agir.
Ele começa a ser formado na interação com as outras pes-
soas, desde as primeiras experiências do bebê, sendo uma das 
mais significativas para a criança a de ser aceita e amada. 
Capítulo 2 Relacionamento Intrapessoal e Subjetividade... 19
Para conseguir a satisfação dessa necessidade, a criança vai 
estruturando a sua percepção de si mesma e do mundo, con-
forme vai se relacionando com as pessoas que lhe são signifi-
cativas, geralmente os pais (TAMBARA; FREIRE, 2007).
Quando a criança não supriu essa necessidade de ser 
aceita e amada na relação com a mãe, ela pode atualizar seu 
autoconceito, ao ser plenamente aceita e amada por outra 
pessoa significativa para ela (ROGERS, 2009). Nesse caso o 
professor pode cumprir esse papel, pois é uma pessoa signifi-
cativa para o aluno.
O autoconceito para Rosemberg (2009) também vai se 
alterando ao longo da vida, em decorrência das mudanças 
sociais e da definição de novos papéis. E na busca de chegar 
mais próximo de ser ele mesmo, o indivíduo ainda enfrenta 
hoje uma estrutura social em franca mudança e instabilidade. 
A família, a escola e todos os demais órgãos socializadores 
continuam no firme propósito de manterem os padrões tradi-
cionais de conduta. No entanto as estruturas familiares, assim 
como o papel da mulher e do homem passaram a ser ques-
tionados, e o indivíduo busca uma nova forma de adequação.
Não é só a mulher que não cabe mais em seu antigo papel, 
precisando redimensioná-lo. O homem também busca uma 
nova identificação com os padrões atuais. A família se reestru-
tura em uma nova forma de se relacionar, envolvendo também 
o papel dos filhos. Todas essas mudanças provocam uma nova 
forma de relacionamento intrapessoal para cada um dos indi-
víduos envolvidos, segundo a mesma autora. E para o sucesso 
desse relacionamento se investe na inteligência intrapessoal.
20 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
2.2 Passeando pela Inteligência 
Intrapessoal de Gardner
A inteligência intrapessoal, um sétimo tipo de inteligên-
cia, é uma capacidade correlativa, voltada para dentro. 
É a capacidade de formar um modelo acurado e verídico 
de si mesmo e de utilizar esse modelo para operar efeti-
vamente na vida. (GARDNER, 1995, b, p. 15)
Gardner (1995, a) revolucionou o conceito de inteligência 
na década de 1980, ao desenvolver sua teoria das inteligên-
cias múltiplas, que considera as diversas habilidades dos indi-
víduos, entre elas a inteligência intrapessoal, que define como 
o tipo de inteligência na qual a pessoa possui a habilidade 
para ter acesso aos próprios sentimentos e emoções, sendo 
capaz de administrá-los de forma positiva. Além de reconhecer 
sua própria inteligência, suas habilidades, seus desejos, suas 
necessidades, bem como suas ideias e sonhos, sabe admi-
nistrá-los, de forma a resolver situações da vida diária, das 
relações e do trabalho.
As pessoas possuem níveis de desenvolvimento diferentes 
em cada uma de suas habilidades. Podemos ter uma ou mais 
habilidades bem desenvolvidas ou menos desenvolvidas. O 
importante é que podemos trabalhar em prol do desenvolvi-
mento da habilidade que desejamos (GARDNER, 1995, b).
Ainda segundo o mesmo autor, a pessoa com inteligên-
cia intrapessoal tem um bom autoconhecimento, isto é, uma 
percepção real de si mesma, e consequentemente uma boa 
relação consigo mesma e com os demais. Sendo esta uma 
Capítulo 2 Relacionamento Intrapessoal e Subjetividade... 21
condição fundamental para uma boa liderança. Pode ser 
exemplificado por Jesus, Mandela, Rogers, Freud, entre outros.
Essa inteligência permite que o indivíduo compreenda a 
si mesmo, podendo trabalhar-se, adquirindo um autoconhe-
cimento e autoestima ideais para orientar o próprio compor-
tamento. Tendo essa consciência dos seus estados de humor, 
intenções, motivações, temperamento e de seus desejos, cer-
tamente terá a capacidade de controlar os próprios impulsos 
instintivos. Isso ocorre pelo seu profundo autoentendimento 
e absoluto autocontrole, fruto de uma autoestima adequada 
e de uma inteligência emocional, pois essa pessoa tem uma 
imagem precisa de si mesma, incluindo suas próprias forças e 
limitações (GARDNER, 1995, a).
2.3 A Inteligência Emocional de Goleman
...a raiz do altruísmo está na empatia, a capacidade de 
identificar as emoções nos outros; sem a noção do que 
o outro necessita ou de seu desespero, o envolvimento é 
impossível. (GOLEMAN, 2012, p. 12)
Inteligência emocional, de acordo Goleman (2012), é a 
capacidade que o ser humano tem de identificar seus próprios 
sentimentos e o das outras pessoas, bem como a capacidade 
de se motivar e de gerir bem as suas emoções e as emoções 
de seus relacionamentos. É a capacidade de autoconsciência, 
controle de impulsos, aceitação das angústias, persistência, 
empatia e habilidade social. Esse tipo de inteligência é a gran-
de responsável pelo sucesso e pelo insucesso das pessoas.
22 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
Goleman, PhD pela Universidade de Harvard, participou 
de pesquisas e defendeu tese sobre a Inteligência Emocional, 
pois considera a emoção como fator primordial no proces-
so da Inteligência. Sua tese está baseada numa síntese origi-
nal, feita a partir de pesquisas e recentes descobertas sobre 
o funcionamento do cérebro. Ele mostra como a inteligência 
emocional pode ser alimentada e fortalecida em todos nós, 
principalmente na infância, período no qual toda a estrutura 
neurológica encontra-se em formação (GOLEMAN, 2012).
O mesmo autor, utilizando inovadoras pesquisas cerebrais 
e comportamentais, mostra porque pessoas de QI alto fracas-
sam e outras, cujo QI é mais modesto, apresentam uma traje-
tória de vida de sucesso, comprovando que o QI de uma pes-
soa não é garantia de sucesso e felicidade. E vai mais além, 
derrubando o mito de que a inteligência seria determinada 
pela genética, ao contrário do saber científico que dominou 
o mundo ocidental nos últimos séculos. Para o cientista, a in-
teligência está ligada à forma como negociamos as nossas 
emoções. Portanto, desenvolver a inteligência emocionalé 
potencializar os resultados, tanto na vida profissional quanto 
pessoal. A inteligência emocional é requisito para um bom 
relacionamento intrapessoal.
2.4 Mas como se dá o relacionamento 
intrapessoal?
É possível imaginar o indivíduo se relacionando consigo mes-
mo? E por que é importante se relacionar consigo mesmo? É 
Capítulo 2 Relacionamento Intrapessoal e Subjetividade... 23
possível e necessário que ocorra esse relacionamento intra-
pessoal, pois a pessoa com bom relacionamento intrapessoal 
está em harmonia consigo mesmo e com os demais. Ela está 
atenta ao seu movimento interno, sabe silenciar e se escutar, 
consequentemente vai saber escutar o outro. E essa é a base 
para que ocorra um relacionamento intrapessoal de forma sa-
tisfatória.
É dessa forma que o indivíduo conhece as suas capacida-
des, habilidades e aprende a usá-las da melhor maneira pos-
sível. Ao se relacionar consigo mesmo, passa a conhecer me-
lhor a sua essência, aprendendo a controlar suas emoções, a 
administrar seus sentimentos, a lidar com seus projetos. Assim 
pode construir um modelo de si mesmo e tem a capacidade 
de utilizar este modelo a seu favor na tomada de decisões. O 
indivíduo que tem um bom relacionamento intrapessoal tem a 
capacidade de compreender a si mesmo, de ter um modelo 
útil e eficaz de si, incluindo os próprios desejos, medos e capa-
cidades de empregar esta informação com eficiência na regu-
lação da própria vida. O autoconhecimento nos dá a clareza 
de nossos objetivos, daquilo que realmente é mais importante 
para nós, pois, uma vez que estamos em sintonia conosco, 
estamos em condições de fazermos as melhores escolhas e de 
tomarmos as melhores decisões (MEDEIROS, 2013).
Como exemplo temos os professores que enfrentam, mui-
tas vezes, em seu dia a dia de trabalho na escola, com seus 
alunos e colegas, momentos de estresse e tensão, pois lidam 
com diversos tipos de pessoas de temperamentos diferentes e 
capacidades diferentes. Especialmente nessas horas precisam 
estar bem emocionalmente, conhecer seus limites e suas rea-
24 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
ções, para evitar atitudes impulsivas, conseguindo lidar com 
essas situações da melhor forma possível para obterem me-
lhores resultados.
Em suma, poderíamos dizer que o relacionamento intrapes-
soal é a capacidade de integração do autoconhecimento, au-
todomínio, autoafirmação e automotivação. Quanto mais a 
pessoa se conhece, maior será a sua autoestima, seu controle 
de impulsos e, consequentemente, melhores condições terá de 
um adequado relacionamento intrapessoal. Podemos incluir 
nesta categoria os pacifistas, os bons terapeutas e sem dúvida 
os bons professores.
Esses professores com bom relacionamento intrapessoal 
apresentam melhores qualidades na relação com seus alunos, 
melhores condições de dar limites com afetividade e certamen-
te elevar o nível do ensino e da aprendizagem, diminuindo a 
repetência e a evasão, fazendo do espaço escolar um ambien-
te agradável aos alunos e a si próprio, pois apresentam plenas 
condições para um bom relacionamento interpessoal.
2.5 E o relacionamento interpessoal do 
professor?
Se o professor tem bom relacionamento intrapessoal, será pos-
sível estabelecer um bom relacionamento com seus alunos e 
com a comunidade escolar?
Alguns professores apresentam essa competência, pois 
aprenderam a distinguir os seus sentimentos dos sentimentos 
das outras pessoas, como intenções, motivações, estados de 
Capítulo 2 Relacionamento Intrapessoal e Subjetividade... 25
ânimo, buscando reagir em função destes sentimentos. Esta 
capacidade permite a descentralização do professor para inte-
ragir com seus alunos. Mostra a capacidade do professor para 
entender as intenções, as motivações e os desejos alheios e, 
em consequência, sua capacidade para trabalhar eficazmente 
com seus alunos e seus colegas.
Quanto maior a sua capacidade de expor e respeitar as 
opiniões de seus alunos e de seus colegas, tanto maior serão 
as suas habilidades de relacionamento interpessoal, funda-
mental para o convívio escolar.
A postura carinhosa e compreensiva do professor ajuda a 
ampliar a liberdade de expressão de seus alunos. A conduta de 
aceitação e respeito que o professor tem por seus alunos propi-
cia com que eles experimentem respeito e aceitação por si mes-
mos, dessa forma facilita também o processo de aprendizagem.
Bons professores ensinam pelo exemplo com sua postura fren-
te à turma, para o desenvolvimento de um relacionamento saudá-
vel em sala de aula, frutificando para além dos muros da escola, 
incluindo o relacionamento virtual, pois acreditam na formação 
geral do aluno, trabalhando, dessa forma, valores éticos, como o 
respeito ao próximo, sigilo e privacidade. Esses professores apre-
sentam uma grande habilidade intrapessoal e interpessoal.
2.6 Analisando a habilidade intrapessoal 
do professor
Um professor com um bom autoconhecimento e uma boa au-
toestima possui a habilidade de controlar e administrar suas 
26 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
emoções e sentimentos. Ele reconhece suas habilidades, ne-
cessidades, desejos, bem como suas dificuldades.
Esse professor tem a capacidade para formular uma ima-
gem precisa de si mesmo, incluindo seus pontos fortes e fracos, 
bem como a habilidade para se guiar por essa imagem resul-
tando em um funcionamento ideal com seus alunos, tornan-
do-se um verdadeiro educador. Ele se comunica em primeiro 
lugar consigo mesmo, entrando em contato com seus senti-
mentos e, ao reconhecer suas emoções, consegue exteriorizar 
tanto pela fala quanto pelos gestos e expressões corporais, 
que ficam evidentes aos seus alunos.
Tal habilidade permite ao educador desfrutar de uma con-
gruência entre o que ele pensa, sente e suas ações. Ele põe 
em ordem suas emoções e reflete aos seus alunos um estado 
de paz e harmonia, desencadeando a habilidade interpessoal.
2.7 Falando em habilidade interpessoal 
do professor
A competência que alguns professores têm de se relaciona-
rem bem com seus alunos é uma habilidade necessária para 
entender e responder adequadamente aos diversos tipos de 
conflitos inerentes à sala de aula. É evidente o desenvolvi-
mento da habilidade interpessoal do professor ao reconhe-
cer, analisar e distinguir os seus sentimentos dos sentimentos 
Capítulo 2 Relacionamento Intrapessoal e Subjetividade... 27
de seus alunos, quando esses apresentam atitudes muitas 
das vezes agressivas, como pertencentes ao aluno e não ao 
professor, sendo capaz de controlar sua reação em função 
destes sentimentos. A habilidade do professor mostra que ele 
está conseguindo não tomar para si sentimentos e atitudes 
dos alunos, que nada tem a ver com a pessoa do professor, 
mesmo que assim o pareça. Essa compreensão lhe confere a 
habilidade de trabalhar eficazmente com os alunos e com a 
equipe de professores.
O ideal seria que essas relações interpessoais professor-
-aluno e professor-professor se desenvolvessem a partir do que 
Buber (2004) chama de relação “EU-TU” ou “dialógica”, que 
caracteriza um novo tipo de relação entre as pessoas para 
o diálogo, sendo uma relação de proximidade, uma relação 
existencial, que difere da relação “EU-ISSO”, ou “EU-ELE”, ou 
“EU-ELA”, por ser uma relação objetivante.
Bons professores apresentam um autoconhecimento, asso-
ciado ao conhecimento de seus alunos e uma relação EU-TU, 
bem como uma grande empatia, que segundo Rogers (2009) 
é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de ver com 
o referencial do outro, sem perder de vista o seu próprio refe-
rencial.
Com essa habilidade interpessoal o professor consegue de-
senvolver em sua turma relacionamentos produtivos, harmo-
niosos e prazerosos, pois se instaura uma boa comunicação 
intra e interpessoal.
28 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
2.8 Mas como se dá a comunicação 
intrapessoal?
Na comunicação humana, podemos observar que existem dois 
momentos distintos e ao mesmotempo com uma sincronia en-
tre o que é pensado e o que é falado, isto é, a comunicação 
se dá de forma intrapessoal e interpessoal. 
A comunicação intrapessoal é a linguagem para um só, 
na qual a fala torna-se pensamento. Essa comunicação está 
intimamente relacionada às ideias, aos sentimentos e aos de-
sejos. É o momento em que a pessoa escuta a sua voz interior, 
faz um diálogo consigo mesma. É exatamente esta voz interior, 
este diálogo que realizamos conosco, que denominamos de 
intrapessoal, pois ocorre dentro da pessoa. A comunicação 
intrapessoal é aquela mensagem que circula no nosso interior, 
na nossa mente, são nossos próprios pensamentos. Antes de 
estabelecermos uma relação interpessoal, isto é, antes de fa-
larmos, essa comunição já ocorreu dentro de nós em forma de 
pensamento, inclusive de como iremos exprimir essa mensa-
gem. A maneira como percebemos, recebemos e processamos 
mentalmente uma informação influenciará na nossa interação 
com as outras pessoas nas diferentes situações do cotidiano, 
precedendo a comunicação interpessoal e as nossas expres-
sões (MEDEIROS, 2013). A imagem que o professor comunica 
aos seus alunos é uma consequência do que ele é, do que está 
buscando, do que quer para si e para os seus alunos. E pouco 
a pouco vamos formando também nossa subjetividade.
Capítulo 2 Relacionamento Intrapessoal e Subjetividade... 29
2.9 Como assim subjetividade?
A psicologia diferencial vem nos revelar que somos únicos e 
individuais, pois cada um é diferente, sendo que ninguém é 
igual a ninguém. Somos seres únicos em nossa maneira de 
ser, de pensar, de sentir e de agir, conforme Justo (1997). Esse 
modo de ser único e individual é denominado pela psicologia 
social de subjetividade, que é o mundo interno do indivíduo, 
que vai se construindo a partir das nossas vivências na vida so-
cial e cultural. Ao mesmo tempo em que nos faz únicos, pode 
nos igualar na medida em que os elementos que constituem 
a subjetividade são vividos no campo comum da objetividade 
social, pois a subjetividade sofre a influência da cultura, da 
educação, da religião e das experiências adquiridas (VALA, 
2013). Dessa forma, a subjetividade do professor é construída 
pela sua história de vida, suas experiências e vivências, seus 
conhecimentos e novos aprendizados, tornando-o único em 
seu mundo interno, capaz de interagir consigo mesmo e com 
seus alunos de forma impar e com a possibilidade de desen-
volver cada vez mais seu relacionamento intrapessoal.
2.10 E como desenvolver o 
relacionamento intrapessoal?
Oráculo de DELPHOS: “Conhece-te a ti mesmo”.
Professor, você já parou para pensar como desenvolver o 
seu relacionamento intrapessoal? Vamos refletir juntos?
30 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
Eu estou feliz? Estou em paz?
Eu lido bem comigo mesmo, ou eu tenho dificuldade de me 
relacionar comigo mesmo?
Eu tenho dificuldade de entrar em contato com os meus 
próprios pensamentos e sentimentos?
Eu tenho dificuldade de lidar com o silêncio ou de ficar 
sozinho?
E agora?
Eu quero me conhecer melhor? Eu quero lidar melhor com 
os meus próprios sentimentos e emoções? Eu quero saber con-
trolar os meus impulsos? Eu quero serenar o meu coração? Eu 
quero me desenvolver?
Então vamos passo a passo rumo ao autoconhecimento:
1º Passo: Abra-se ao autoconhecimento!
É preciso estar aberto a essa experiência! É pela busca do 
autoconhecimento que chegaremos à maturidade emocional 
e ao desenvolvimento do relacionamento intrapessoal. É im-
portante saber que nunca conseguiremos nos conhecer total-
mente, mas quanto mais claras estiverem para nós as nossas 
qualidades e defeitos, isto é, os nossos pontos fortes e fracos, 
mais facilmente poderemos ir melhorando nosso relaciona-
mento intrapessoal.
Capítulo 2 Relacionamento Intrapessoal e Subjetividade... 31
2º Passo: Mude o mundo à sua volta!
Você olha para as pessoas de seu convívio: seus colegas, alu-
nos e familiares, e gostaria de mudá-los. Então comece por 
mudar a si mesmo. Ninguém consegue mudar o outro. Con-
tudo, quando você se modifica você terá outro olhar e outra 
forma de sentir e de se relacionar com os demais. Ah! E assim 
certamente provocará mudanças nas pessoas de suas relações.
3º Passo: Não se boicote!
A sobrecarga, devido às inúmeras atividades que envolvem a 
vida dos professores, os impedem muitas das vezes, de refleti-
rem sobre si mesmo. E o que deveria ocorrer gradativamente 
a cada dia, acaba sendo adiado. Dessa forma os professores 
se privam de obterem melhores desempenhos e realizações em 
sua vida profissional e pessoal. As emoções são acumuladas 
durante anos. Só que a vida dá o troco! Pois o comportamento 
é influenciado e resultante daquilo que está adormecido. Não 
adie mais essa reflexão!
4º Passo: Enfrente o processo!
Quando estamos no processo de autoconhecimento alguns 
sentimentos despertados pelos nossos conflitos internos, como 
dúvidas, anseios, temores e incertezas, fazem parte do pro-
cesso de crescimento e não devem ser temidos, pois crescer 
dói, mas é libertador, em contrapartida, não crescer dói mais 
ainda e é aprisionador. Lembre o quanto deve ser doído para a 
borboleta sair do casulo, mas ela só terá asas fortes e poderá 
32 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
voar se passar por esse momento tão doloroso, mas necessá-
rio para sua transformação.
5º Passo: Olhe-se no espelho interior!
No processo de autoconhecimento começamos a nos aproxi-
mar da consciência de como realmente somos. Muitas vezes 
idealizamos ser o que não somos, mas temos o potencial ne-
cessário para nos desenvolvermos. Vá em frente, pois só pode-
mos mudar em nós aquilo que conhecemos.
6º Passo: Escute a sua voz interior!
Preste atenção ao que o seu organismo está dizendo! Ele pode 
estar dando sinais de: fome, sono, sede, dor, raiva, frustração, 
medo, tristeza, impaciência, ansiedade, angústia, depressão 
e muito mais. Abra o olho ou o ouvido interior, pois os seus 
alunos e os seus colegas percebem o seu grito de insatisfa-
ção. E você não pode negar, porque fica evidente no humor, 
nas atitudes, no tom de voz, na postura física ou nas doenças 
oportunas ou mesmo no seu descontrole frente à turma.
7º Passo: Aceite seus sentimentos!
Ao admitirmos pra nós mesmos nossos sentimentos que nos in-
quietam, já não precisamos mais fazer uma força mental para 
tentar inutilmente escondê-los de nós mesmos, pois é uma luta 
inglória! Examine-os, converse com eles, se aceite, pois esse é 
o caminho para a mudança.
Capítulo 2 Relacionamento Intrapessoal e Subjetividade... 33
8º Passo: Examine as reações dos outros!
O outro é um espelho! Observe a reação de seus colegas, 
alunos e familiares quando estão na sua presença. Que rea-
ção você está provocando neles? Seus alunos se acalmam ou 
se agitam? Seus colegas o escutam ou vão saindo à francesa? 
Você desperta sorrisos ou tristeza? Observe as fisionomias e se 
pergunte o que você está oferecendo às pessoas. E acredite! É 
isso que você está oferecendo em primeiro lugar a você mes-
mo! Tenha coragem e examine o que está acontecendo com 
você e não com o outro. O outro só foi o espelho!
9º Passo: Examine as suas reações!
Eu no outro ou o outro em mim? A psicanálise chama de pro-
jeção esse mecanismo de defesa inconsciente que nos leva a 
enxergar no outro as características ou particularidades que 
não suportamos em nós mesmos. Portanto vamos examinar em 
nós o que enxergamos no outro, bem como a nossa reação!
10º Passo: Aceite feedbacks!
Crie um ambiente de confiança e abertura com seus alunos 
e colegas para que a cultura da transparência e cooperação 
possa se estabelecer. Escute e analise todo feedback que lhe 
for dado. Pense se faz sentido, procure entender o que está 
sendo dito, não se defenda e peça maiores detalhes se pre-
cisar. Para aceitá-lo é necessário se distanciar do orgulho, da 
vaidade e da onipotência.
34 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
11º Passo: Reavalie suasatitudes!
Repense cada dia sobre suas atitudes em sala de aula, no 
grupo de trabalho, na família e se pergunte: Essa atitude foi 
necessária? Poderia ter resolvido de outra forma? Atingi os 
resultados esperados?
12º Passo: Não tome para si o que é do outro!
Se pergunte sempre frente a uma atitude agressiva de seu alu-
no ou de seu colega: Isso é meu ou é do outro? Se for do ou-
tro, você não precisa se ofender, nem se alterar. Dessa forma 
terá melhores condições de compreender e auxiliar.
Recapitulando
O processo de autoconhecimento não é uma teoria, muito 
menos uma receita. É necessário empenhar muito esforço e 
vigilância nessa busca. É solitário e individual, pois cada um 
terá que buscar o seu caminho. Podemos optar por psicotera-
pia individual ou de grupo, participar de grupos de qualquer 
natureza, meditar, nos autoanalisar, recorrer à ajuda de ami-
gos, colegas, familiares, alunos, para nos apontarem aquilo 
que estamos nos propondo a mudar.
Esse caminho se faz ao caminhar. Os resultados começam 
a aparecer gradativamente, momento em que vamos mudan-
do a percepção em relação aos fatos, nossos sentimentos vão 
se transformando e consequentemente é expresso no nosso 
comportamento. Portanto não desanime com as dores de rom-
Capítulo 2 Relacionamento Intrapessoal e Subjetividade... 35
per com o velho e conhecido padrão de funcionamento para 
abrir as asas e voar! O autoconhecimento não tem fim!
E ao desenvolvermos nosso autoconhecimento, elevamos 
a qualidade de nosso relacionamento intrapessoal, vivendo de 
forma mais plena e satisfatória. Agora podemos também nos 
relacionar com o outro de um modo mais maduro, mais ético, 
mais saudável e produtivo, assunto a ser abordado no próximo 
capítulo.
Referências
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GARDNER, Howard. Inteligências: Múltiplas perspectivas. 
Porto Alegre: MCGRAW HILL ARTMED, 1995, a.
________. Inteligências Múltiplas: A teoria na prática. 
Porto Alegre: Artes Médicas, 1995, b.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revo-
lucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de 
Janeiro: Objetiva, 2012.
JUSTO, Henrique. Você também é diferente: psicologia 
diferencial. Petrópolis: Vozes, 1997.
KAIL, Robert V. A criança. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
MEDEIROS, Roberta. Comunicação Intra e Interpesso-
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ROGERS, Carl Ransom. Tornar-se pessoa. São Paulo: Martins 
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ROSEMBERG, Raquel Lea. Terapia para agora. In: ROGERS, 
Carl Ransom & ROSENERG, Raquel Lea. A pessoa como 
centro. São Paulo: EPU, 2009.
TAMBARA, Newton & FREIRE, Elizabeth. Terapia Centrada 
na Cliente: Teoria e Prática: Um caminho sem volta... 
Porto alegre: DELPHOS, 2007.
VALA, Jorge. Psicologia Social. Lisboa: F. CALOUSTE, 2013.
Atividades
Marque a alternativa que melhor responde as questões:
 1) O relacionamento que o indivíduo estabelece consigo 
mesmo, pela meditação, escuta interior, diálogo interno e 
pensamento é chamado de:
a) Inteligência Emocional
b) Inteligência Interpessoal
c) Inteligência Intrapessoal
d) Relacionamento Interpessoal
e) Relacionamento Intrapessoal
Capítulo 2 Relacionamento Intrapessoal e Subjetividade... 37
 2) Gardner desenvolveu a teoria das inteligências múltiplas, 
que considera as diversas habilidades dos indivíduos, entre 
elas a inteligência intrapessoal, que define como o tipo de 
inteligência na qual a pessoa possui a habilidade para ter 
acesso aos próprios sentimentos e emoções, bem como 
lidar com os mesmos de forma positiva.
 De acordo com essa teoria seria correto afirmar que o pro-
fessor com inteligência intrapessoal é capaz de:
I) não reconhecer sua própria inteligência e suas habili-
dades.
II) reconhecer seus desejos e suas necessidades.
III) liderar com maior facilidade seus alunos e colegas.
IV) aceitar e compreender melhor seus alunos e colegas.
V) ter uma boa autoestima e reconhecer as limitações dos 
outros.
Está correto o que se afirma em:
a) I, II e III.
b) II, III e IV.
c) III, IV e V.
d) II, III, IV e V.
e) Todas.
 3) A psicologia social denomina de subjetividade o nosso 
modo de ser único e individual, que é esse nosso mundo 
38 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
interno. Ele vai se construindo a partir das nossas vivências 
na vida social e cultural, vividos no campo da subjetivida-
de social.
Portanto, a subjetividade do professor:
I) sofre a influência das relações na escola e da forma-
ção acadêmica.
II) é construída pela sua história de vida, suas experiên-
cias e vivências.
III) não sofre influência de novos conhecimentos e apren-
dizados.
IV) o faz único e ao mesmo tempo o iguala, pela subjeti-
vidade social.
Está correto o que se afirma em:
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I, II e IV.
d) II, III e IV.
e) Todas.
 4) Coloque V para as assertivas verdadeiras e F para as fal-
sas, no que se refere ao processo de desenvolvimento do 
autoconhecimento do professor:
( ) Pelo autoconhecimento o professor não pode chegar à 
maturidade emocional e ao desenvolvimento do rela-
cionamento intrapessoal.
Capítulo 2 Relacionamento Intrapessoal e Subjetividade... 39
( ) Quando o professor se modifica, consegue provocar 
mudanças em seus alunos.
( ) Aceitar os próprios sentimentos é o caminho para a 
mudança do professor.
( ) O professor terá melhores condições de compreender 
e auxiliar seus alunos, quando não se ofender com as 
dificuldades deles.
Leia com atenção e responda a questão a seguir:
 5) Quando a criança não supriu a necessidade de ser aceita 
e amada na relação com a mãe, ela pode atualizar seu 
autoconceito, ao ser plenamente aceita e amada por outra 
pessoa significativa para ela (ROGERS, 2009).
 Tomando como base a posição de Rogers referida acima, 
como o professor pode cumprir esse papel, sendo uma 
pessoa significativa para o aluno?
Maria Cleidia Klein Oliveira1
Capítulo 3
Relações Humanas: 
Base para a Vida em 
Sociedade1
1 Pedagoga, Especialista em Administração e Formação de Recursos Humanos, 
Mestre em educação. Professora da ULBRA Canoas/RS.
Capítulo 3 Relações Humanas: Base para a Vida em Sociedade 41
Introdução
Somos pessoas em interação, vivemos de forma interdepen-
dente, sem possibilidade de nos furtarmos à necessária con-
vivência com as demais pessoas que estão ao nosso redor. A 
partir do momento em que nascemos, passamos a compor um 
pequeno grupo social – a família, e, à medida que crescemos, 
vamos ocupando espaço em outros grupos e formando nossa 
rede de relações sociais. O presente capítulo aborda como se 
manifestam as relações entre as pessoas, como se constituem 
os diferentes espaços sociais dos quais fazemos parte e as im-
plicações destas interações em nossa vida cotidiana.
3.1 Pessoa é relação
Guareschi, analisando o conceito de pessoa segundo 
Agostinho de Hipona, nos ensina que, para este, “pessoa é 
relação, isto é, alguém que é um, que constitui uma unidade, 
mas ao mesmo tempo não pode ‘ser’ em completude sem os 
‘outros’; para ‘ser’ ele necessita intrinsecamente dos outros.” 
(GUARESCHI, 1998, p. 153).
Temos assim dois aspectos indissociáveis no entendimento 
das relações: primeiro, que são constituídas por indivíduos, 
que são únicos em si, singulares; segundo, que as relações 
só se dão no encontro de pessoas, ou seja, de singularidades, 
de individualidades. Este juízo expressa uma premissa básica: 
relação existe a partir do ‘eu’ e do ‘outro’, em um intercâmbio 
inevitável e interminável.
42 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
Por outro lado, pode-se abordar o imperativo das relações. 
“O ‘relacionar-se com’ é uma necessidade humana.” (PETRY, 
2000, p. 137). O homem necessita do contato com o outro, é 
nesse encontro que a vida acontece e que a personalidade se 
constitui. “O homem se constrói na relação com o outro,sua 
identidade é formada nessa relação.” (GUARESCHI, 1998, 
p. 154).
A definição de relação pode dar-se a partir da ideia de 
vínculo, de ligação, mas também, e fundamentalmente, de re-
ciprocidade. Relacionar-se implica, então, um ato de troca, de 
permuta, e a moeda a ser utilizada depende do contexto, dos 
objetivos e dos sujeitos-em-relação. A relação implica, portan-
to, uma atitude de barganha entre pelo menos dois sujeitos, 
onde há um objeto de troca – ideias, conhecimentos, afeição, 
obediência etc., – e que se efetiva de forma mais ou menos 
complexa, pela via da comunicação, o que possibilita uma 
imensa riqueza de significados e benefícios recíprocos.
Mas estamos falando de relações humanas. Logo, os sujei-
tos são humanos, são homens e mulheres, seres em processo 
de constante melhoria, que buscam a realização pessoal e co-
letiva por seu próprio esforço e por intermédio do(s) outro(s). 
Assim, homem e sociedade são interdependentes: o indivíduo 
precisa do coletivo, sem o qual não realiza e não se realiza; 
o coletivo, por sua vez, se faz da multiplicidade de indivíduos 
que interagem, que se organizam, que trabalham e que fazem 
evoluir toda a humanidade. Guareschi vai mais adiante na 
exploração deste tema:
Capítulo 3 Relações Humanas: Base para a Vida em Sociedade 43
Falar de relações é falar de incompletudes, e pensar em 
algo aberto, em algo que pode ser ampliado ou trans-
formado. Nesse sentido, uma análise dos grupos, ou da 
sociedade, a partir do conceito de relação, é sempre 
uma análise aberta, uma análise que deixa espaço para 
mudanças, uma análise que implica relatividade, que 
apenas feita, já pode estar se transformando. As relações 
são como as ondas do mar, em contínuo movimento, em 
contínua mutação. (1998, p. 151)
Sabemos que as relações humanas iniciam no útero ma-
terno. É quando estabelecemos os primeiros contatos e expe-
rimentamos as primeiras sensações, cujos registros contribuem 
para a formação das nossas características individuais. Após o 
nascimento, surgem diversas outras possibilidades de relacio-
namento, que vão sendo incorporadas ao nosso cotidiano e 
forjando-nos enquanto sujeitos em relação.
Como já vimos, a expressão relações humanas indica o es-
paço de inter-relação entre pessoas, e pode dar-se através de 
um convívio fortuito e casual (filas, pontos de ônibus, sessão 
de cinema etc.), ou de uma convivência prolongada junto a 
um mesmo grupo (família, amigos, trabalho etc.).
A figura a seguir explicita a íntima dependência existente 
entre o relacionamento intrapessoal, já estudado no capítulo 
anterior, e o relacionamento interpessoal. Nesta ilustração, ve-
mos que a relação do indivíduo consigo mesmo afeta ao mes-
mo tempo em que é afetada pelas relações que ele desenvolve 
com os demais.
44 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
Figura 1 Relacionamento inter e intrapessoal.
Em muitos casos, não escolhemos as pessoas com as quais 
iremos nos relacionar. Isso possibilita uma série infinita de 
combinações e encontros, para os quais nem sempre estamos 
adequadamente preparados.
O ponto de partida para um bom relacionamento é a per-
cepção das regras que norteiam as relações nos grupos dos 
quais fazemos parte, pois elas nos indicarão os direitos, de-
veres, limites e possibilidades adequados a cada situação. As 
relações se efetivam de forma harmônica quando os membros 
em interação conhecem e aplicam as regras vigentes no gru-
po.
Capítulo 3 Relações Humanas: Base para a Vida em Sociedade 45
3.2 As relações dentro dos grupos
Segundo Pichon-Rivière (1992):
Grupo é um conjunto de pessoas que, ligadas por cons-
tantes de tempo e espaço e articuladas por sua mútua 
representação interna, se propõem de forma explícita e 
implícita a uma tarefa, que constitui sua finalidade, inte-
ratuando através de complexos mecanismos de assunção 
e atribuição de papéis.
Para Osório, grupo ou sistema humano é “todo aquele 
conjunto de pessoas capazes de se reconhecerem em sua sin-
gularidade e que estão exercendo uma ação interativa com 
objetivos compartilhados”. (2003, p. 57). Simplificando, pode-
-se definir grupo como sendo um conjunto de pessoas reunidas 
para realizar objetivos específicos, estabelecendo relações de 
interdependência e criando uma identidade própria. O objeti-
vo em comum é o elo que orienta a formação dos grupos.
Zimmermann (2000, p. 83-84) acrescenta outros elemen-
tos que caracterizam os grupos:
a. O grupo assume uma identidade própria, no sentido 
de que todos os seus membros se comportam como 
um grupo e o grupo todo se comporta como uma in-
dividualidade. Ou seja, um grupo não é o somatório 
das características dos seus membros. Estes, quando 
em interação grupal, formam uma nova entidade, com 
características próprias e diferentes das individuais, 
que passam a normatizar o comportamento grupal;
46 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
b. A formação do grupo deve permitir a comunicação 
em todos os seus níveis. Grupos com muitos membros 
precisam assegurar que a comunicação se efetive, pois 
este é um dos elementos-chave para que o grupo atin-
ja seus objetivos;
c. A atividade grupal deve ser normatizada e os seus in-
divíduos deverão respeitar as regras estabelecidas;
d. A unidade do grupo se manifesta como uma totali-
dade, ou seja, o grupo se organiza a serviço de seus 
membros e seus membros se organizam a serviço do 
grupo. Cada peça é indispensável para a composição 
do quebra-cabeças;
e. A identidade individual deve ser preservada no espa-
ço do grupo. Nesse sentido, apesar da manifestação 
de uma identidade grupal a partir da constituição do 
grupo, não se pode perder de vista que cada indivíduo 
mantém a sua individualidade;
f. É inerente à natureza dos grupos a existência de intera-
ções afetivas de diversas naturezas. Logo, afinidades e 
animosidades são elementos constitutivos da dinâmica 
grupal;
g. Existem nos grupos forças contraditórias em jogo, que 
postulam a sua coesão e a sua desintegração. Estão 
aí contidos os aspectos relativos à valorização dos in-
divíduos no grupo, seu sentimento de pertencimento 
e a capacidade grupal de acolher novos membros e 
assegurar a sua continuidade;
Capítulo 3 Relações Humanas: Base para a Vida em Sociedade 47
h. É inevitável a criação de um campo grupal, onde se 
manifestam os diversos papéis, desejos, fantasias etc.
3.3 Tipos de grupos
O que define a formação de pessoas em uma relação é o 
propósito ou objetivo. Assim, as pessoas se relacionam nor-
malmente em situações similares de busca (pegar o ônibus X, 
fazer o curso Y ou almoçar no restaurante Z), ao que chama-
mos de agrupamento de pessoas, ou, ainda, em situações de 
convivência rotineira em função de objetivos maiores (família, 
escola, trabalho), formando os grupos sociais. Para Zimmer-
mann (2000), os agrupamentos de pessoas possuem interesses 
comuns, enquanto os grupos possuem interesses em comum.
As pessoas podem agrupar-se de duas formas: organiza-
da – quando o grupo é planejado (turma do futebol, grupos 
de jovens, grupos de estudo etc.); ou involuntária – quando 
as pessoas se reúnem casualmente, sem intenção de reunir-se 
naquela formação (crianças num parque, passageiros no pon-
to de ônibus, clientes na fila do banco etc.).
Um grupo social é formado para o aperfeiçoamento pes-
soal de seus membros, constituído por pessoas que se rela-
cionam entre si, mantendo sua individualidade. Nos grupos 
sociais existe interação entre os membros do grupo, de ma-
neira que a ação de um serve de estímulo ao comportamento 
do outro.
48 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
Os grupos podem ser classificados em formais e informais. 
Os grupos formais são aqueles definidos pela estrutura or-
ganizacional, com atribuições de tarefas específicas, relacio-
nadas ao seu trabalho, como equipes de um departamento 
numa organização de trabalho, ou uma turma de alunos em 
uma escola. Já os grupos informais são associações entre as 
pessoas,realizadas por seu interesse pessoal e ou afinidades, 
como membros de um grupo de jovens, de mulheres etc.
Existem diferentes grupos dos quais podemos fazer parte:
 Â Grupo familiar: pais, irmãos, esposos, filhos etc.
 Â Grupo de trabalho: colegas de trabalho, chefias, subor-
dinados.
 Â Grupo esportivo: colegas de futebol, vôlei e outros.
 Â Grupo religioso: comunidade religiosa, grupos de jo-
vens, de casais etc.
 Â Grupo de estudo: colegas de aula, professores, colegas 
de cursos diversos.
 Â Outros: clubes, associações, sociedades etc.
Capítulo 3 Relações Humanas: Base para a Vida em Sociedade 49
Figura 3 Tipos de grupos.
Um aspecto a ser observado é que fazemos parte de inú-
meros grupos ao longo de nossa vida, e que podemos ocu-
par diferentes papéis em cada um deles. Estes papéis estão 
condicionados aos objetivos que constituem o grupo, à sua 
formação e ao espaço que conquistamos em cada um deles.
3.4 Fases do processo de grupo
Segundo Castilho (2004), os grupos vivenciam normalmente 
quatro fases durante seu relacionamento:
 Â Inclusão – É o momento inicial do grupo. Cada partici-
pante deseja sentir-se aceito e respeitado como membro 
do grupo. Esta fase tem duração condicionada ao esta-
50 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
belecimento da confiança. É um período de baixo nível 
de comunicação, caracterizado por silêncio de tensão. 
Predomina o sentimento de baixa produção.
 Â Controle – Fase de imensa dificuldade na comunicação, 
na qual percebe-se certa insensibilidade e inabilidade 
para o relacionamento com o outro. Há uma disputa in-
consciente pela liderança e ocupação de espaços dentro 
do grupo. É possível surgimento de facções e subgrupos 
de coalizões momentâneas, as chamadas “panelinhas”.
 Â Afeição – É o ciclo de maior produtividade e criativi-
dade. O grupo já avançou no estabelecimento da con-
fiança mútua, possui um alto nível de respeito e aceita-
ção dos membros, respeitando as diferenças individuais. 
Torna-se construtivo, interdependente, sinérgico e afeti-
vo entre si.
 Â Separação – Fase terminal do grupo, caracteriza-se 
pela conclusão da tarefa ou afastamento de um mem-
bro. As reações dos participantes estão condicionadas 
ao tipo de interação grupal. Podem ser de hostilidade ou 
de euforia, dependendo dos motivos e condições da se-
paração. As listas de telefones e endereços criadas nesta 
fase negam a morte do grupo.
Não existe um tempo específico para um grupo atingir cada 
fase, assim como nem sempre ela segue na ordem apresenta-
da. Alguns grupos de tarefa podem atingir a fase de afeição 
em poucas horas de convivência, enquanto outros se mantêm 
durante semanas ou meses na fase de controle. O ingresso ou 
afastamento de novos membros ou a introdução de alterações 
Capítulo 3 Relações Humanas: Base para a Vida em Sociedade 51
na tarefa ou nas normas de funcionamento do grupo podem 
fazer com que haja um ir e vir entre as diferentes fases.
3.5 Funções desempenhadas pelos grupos
Os grupos se formam a partir de determinados objetivos, a fim 
de realizar tarefas ou cumprir metas. No entanto, a abrangên-
cia de sua ação é bastante ampla. Segundo Robbins (2005, 
p. 187), as pessoas se agrupam por:
 Â Segurança – o grupo dá coragem e diminui a incerteza. 
Em grupo as pessoas podem fazer coisas que jamais 
ousariam fazer sozinhas.
 Â Autoestima – participando de um grupo, o indivíduo 
tem o sentimento de aceitação, sentindo-se valorizado 
pelos demais e sentindo-se integrante do mesmo.
 Â Associação – a interação com outras pessoas é fonte 
de satisfação pessoal, sendo mais ou menos importan-
te para cada indivíduo, segundo a sua necessidade de 
afiliação.
 Â Poder – a organização sob a forma de grupo geralmen-
te dá a sensação de poder, pois em grupo é possível 
fazer coisas que isoladamente não seria possível.
 Â Alcance de metas – o grupo permite atingir metas pela 
associação de diferentes talentos, conhecimentos ou po-
deres.
52 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
Para Castilho (2004), podem-se analisar as funções de-
sempenhadas pelos grupos sob o enfoque organizacional e 
sob o enfoque individual, destacando a validade do trabalho 
em grupo.
Funções desempenhadas pelos grupos 
em nível da organização
Funções desempenhadas pelos 
grupos em nível da pessoa
Os grupos são uma maneira de se 
executarem tarefas que não poderiam ser 
levadas a cabo por indivíduos trabalhando 
isoladamente;
Os grupos ajudam as pessoas 
a apreenderem o ambiente 
organizacional;
Os grupos possibilitam a maximização dos 
talentos;
Os grupos ajudam as pessoas a 
aprenderem sobre si mesmas;
Os grupos favorecem um maior número 
de diferentes visões quando da análise do 
processo decisório;
Os grupos ajudam as pessoas a 
desenvolverem novas e diferentes 
habilidades;
Os grupos favorecem a obtenção da 
qualidade quando estão centrados no 
conceito de cliente interno e externo;
Os grupos ajudam as pessoas 
a obterem recompensa e 
reconhecimento que não estariam 
disponíveis a elas individualmente;
Os grupos são facilitadores do processo 
de identificação e duplicação do 
comportamento individual dentro de um 
sistema social mais amplo;
Os grupos satisfazem certas 
necessidades importantes da 
pessoa;
Os grupos são forças propulsoras nas 
mudanças organizacionais, ajudando na 
implementação das mesmas;
Os grupos são fontes de 
significado para as pessoas.
Os grupos transmitem aos novos membros 
as crenças e valores que caracterizam 
a cultura da empresa, assegurando a 
estabilidade da organização.
Figura 4 Funções desempenhadas pelos grupos.
Capítulo 3 Relações Humanas: Base para a Vida em Sociedade 53
As diferentes funções dos grupos se caracterizam pela sua 
relação de troca mútua e de participação, as quais são condi-
cionadas pelo seu nível de comunicação e interação:
Aprender a estar e trabalhar em grupo é, sobretudo, 
aprender a conversar, etimologicamente, conversar é 
“mudar juntos” (con + versare). De uma conversa, os 
que dela participam devem sair “transformados”, isto é, 
tanto uns como outros tendo experimentado o enriqueci-
mento com a troca de pontos de vista. (OSÓRIO, 2003, 
p. 137)
Agora que você possui um conceito claro de grupo e sua 
importância no âmbito das relações humanas, poderá com-
preender melhor o seu funcionamento e começar a aprofundar 
os conceitos inerentes à sua dinâmica interna.
Recapitulando
Relacionar-se é um imperativo da própria existência do ser hu-
mano. Por meio das relações o indivíduo estabelece interações 
interpessoais, o que influencia e também recebe influência de 
sua relação intrapessoal. Relação pressupõe troca, permuta, 
reciprocidade. As relações interpessoais iniciam no útero ma-
terno e se estendem ao longo de toda a vida. Estas relações 
acontecem em muitas ocasiões em contextos grupais, como a 
família, primeiro grupo do qual fazemos parte. Grupo pode 
ser definido como um conjunto de pessoas unidas em torno 
de um objetivo comum, em uma relação de interdependência. 
54 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
Fazemos parte de diferentes grupos, como família, trabalho, 
estudos, religiosos, esportistas, clubes e associações, dentre 
outros. Em um grupo as atividades devem ser normatizadas e 
as regras respeitadas, os indivíduos constituem uma totalida-
de maior do que a soma de seus membros, preservando, no 
entanto, a identidade de cada um, a comunicação deve fluir 
em todos os níveis. Existem no grupo algumas forças contra-
ditórias, que equilibram movimentos de atração e de fuga, ex-
plicitados no campo grupal. Os grupos normalmente passam 
por quatro fases, que se alternam ao longo da existência do 
grupo: inclusão – fase inicial do grupo, onde há um silêncio de 
tensão e baixa comunicação; controle – fase em que os mem-
bros procuram encontrar o seu espaço; afeição – onde há uma 
alta comunicação e produtividade, com criação de subgrupos 
e coalizões; separação – fase em que o grupo se separa de um 
ou mais membros,gerando sentimentos compatíveis com a ex-
periência grupal. As pessoas se agrupam por necessidades de 
autoestima, afeição, alcance de metas, associação, poder e 
segurança. Os grupos exercem diferentes funções ao nível pes-
soal, satisfazendo necessidades individuais dos seus membros 
e também a nível organizacional, possibilitando uma maior 
produtividade e otimização de recursos.
Referências
CASTILHO, Áurea. A dinâmica do trabalho de grupo. 3. ed. 
Rio de Janeiro: Qualitymark Ed., 2004.
Capítulo 3 Relações Humanas: Base para a Vida em Sociedade 55
GUARESCHI, Pedrinho. Alteridade e relação: uma perspectiva 
crítica. In: ARRUDA, Ângela. Representando a alteridade. 
Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
OSÓRIO, Luiz Carlos. Psicologia grupal: uma nova disciplina 
para o advento de uma nova era. Porto Alegre: ARTMED, 
2003.
PETRY, Milene Corrêa. Relação interpessoal professor e aluno: 
uma leitura junguiana. In: MARQUES, Juracy Cunegatto et. 
al. Inter-relações – Temas em processos de grupo, 3. 
Porto Alegre: Faculdade de Psicologia da PUCRS, 2000.
ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. 11. 
ed. São Paulo: Pearson, 2005.
ZIMMERMANN, David. Fundamentos básicos das grupote-
rapias. 2. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2000.
Atividades
 1) Relacione as colunas:
(a) inclusão ( ) fase em que o grupo apresenta alto nível 
de comunicação e produtividade
(b) controle ( ) fase em que há o rompimento do grupo, 
em função do cumprimento da tarefa 
(c) afeição ( ) fase em que há um baixo nível de comu-
nicação e as pessoas estão pouco à vonta-
de
56 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
(d) sepa-
ração
 ( ) fase em que os membros do grupo bus-
cam encontrar o seu espaço e onde pode 
haver a formação de “panelinhas”
 2) Os grupos assumem uma grande importância em nossa 
vida pessoal e profissional. Quanto à sua razão de ser e 
constituição, podemos afirmar que:
I) Um grupo é formado pela soma de seus indivíduos.
II) A identidade grupal normatiza o comportamento das 
pessoas dentro do grupo.
III) A identidade grupal deve sobrepor-se à identidade in-
dividual.
IV) Os grupos possibilitam às pessoas maior projeção in-
dividual.
V) Os grupos são fontes de significado para as pessoas.
Estão corretas as afirmativas:
a) I e II
b) I e III
c) II e IV
d) II e V
e) III e V
 3) Quais dentre as necessidades a seguir as pessoas buscam 
satisfazer nos grupos:
Capítulo 3 Relações Humanas: Base para a Vida em Sociedade 57
a) Segurança e separação
b) Poder e autoestima
c) Separação e alcance de metas
d) Liderança e autoestima
e) Autoestima e individualidade
 4) Reflita sobre os grupos dos quais você faz parte. Procure 
analisar em que fase os mesmos se encontram, indicando 
quais características dos grupos em questão contribuem 
para esta análise.
 5) Comente o significado da frase “a individualidade deve ser 
preservada no grupo”.
Maria Cleidia Klein Oliveira1
Capítulo 4
Motivação: O Motor 
que Rege as Ações 
Humanas1
1 Pedagoga, Especialista em Administração e Formação de Recursos Humanos, 
Mestre em Educação. Professora da ULBRA Canoas/RS.
Capítulo 4 Motivação: O Motor que Rege as Ações Humanas 59
Introdução
Todos os dias bilhões de pessoas se levantam, trabalham, es-
tudam e realizam inúmeras outras tarefas. O que as motiva? 
Por que as pessoas fazem as coisas? Por que algumas estão 
sempre empolgadas, enquanto outras desanimam no primeiro 
obstáculo? O que caracteriza os indivíduos com grande capa-
cidade de superação? Neste capítulo buscaremos compreen-
der algumas teorias motivacionais e de que forma elas influen-
ciam as relações interpessoais.
4.1 Base conceitual
A palavra motivação vem do verbo latino movere e do subs-
tantivo motivum, o que se traduz com a conotação de motivo, 
algo que leva à ação, que impele o indivíduo em busca de 
algo.
Para Reis: “Estar motivado preliminarmente pode ser com-
preendido como o mesmo que ter interesse, entusiasmo, dispor 
de vontade para fazer algo.” (2001, p. 14). Neste sentido: “Diz 
respeito ao direcionamento e à persistência desses motivos em 
torno de objetivos. A motivação implica em considerar também 
os valores individuais e sociais que influenciam o comporta-
mento humano.” (REIS, 2001, p. 17).
Estas definições nos levam a refletir na motivação como um 
fator impulsionador da ação, que faz com que o indivíduo saia 
60 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
de um estado de acomodação e busque encontrar este “algo” 
que pretende atingir.
Robbins define motivação como “o processo responsável 
pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma 
pessoa para o alcance de uma determinada meta” (2006, 
p.132). Neste conceito estão implícitos: a quantidade e quali-
dade do esforço empreendido, a canalização deste esforço e 
o objetivo a ser atingido.
Um dos grandes dilemas da motivação se assenta em iden-
tificar a sua origem: ela é intrínseca ao sujeito (vem de dentro 
dele) ou extrínseca (vem de fatores externos)? A resposta a 
esta questão poderá direcionar o foco de trabalho junto às 
pessoas. Se você acreditar que a motivação se dá por fatores 
externos – salário, por exemplo, – significa que é possível mo-
tivar outras pessoas, por meio de estímulos externos – chama-
dos motivadores. No entanto, se o entendimento for de que 
a motivação é interna, será preciso identificar como ocorre a 
automotivação, pois neste caso somente o indivíduo será ca-
paz de motivar-se. Para Casado: “Por tratar-se de impulso ou 
necessidade, é óbvio que é originada basicamente no interior 
dos indivíduos. Assim, a fala comum: ‘Você tem que motivar 
seus empregados!’ perde seu uso prático, pois sugere algo im-
possível de realizar.” (2002, p. 248).
Como você pode perceber, este entendimento é determi-
nante para a adoção de uma perspectiva frente ao tema. Va-
mos colher mais alguns elementos para esta análise.
Capítulo 4 Motivação: O Motor que Rege as Ações Humanas 61
4.2 Teorias sobre motivação
Existem inúmeras teorias sobre a motivação humana. Iremos 
destacar algumas que, a nosso ver, poderão auxiliá-lo no en-
tendimento dos diversos fatores implicados neste tema. Caso 
queira aprofundar-se neste assunto, você encontrará diversos 
estudos muito interessantes que ilustram e explicam estas teo-
rias.
4.2.1 Hierarquia das necessidades humanas
Um dos precursores dos estudos sobre a motivação humana 
foi Abraham Maslow. Segundo ele, as pessoas se motivam em 
função de necessidades não satisfeitas. Ou seja, o que leva o 
indivíduo à ação é a ausência de algo que cause satisfação de 
uma necessidade. Para Maslow, o homem é um ser em proces-
so constante de busca, e que raramente se satisfaz:
O homem é um animal que deseja e que raramente al-
cança um estado de completa satisfação, exceto durante 
um curto tempo. À medida que satisfaz um desejo, so-
brevém outro que quer ocupar seu lugar. Quando este 
é satisfeito, surge outro ao fundo. É característica do ser 
humano, em toda a sua vida, desejar sempre algo. (Apud 
CASADO, 2002, p. 251)
Como se pode perceber, na concepção de Maslow há uma 
insaciedade natural do homem, que o impele a uma busca 
constante. Maslow organizou as necessidades em uma hierar-
quia, representada em uma pirâmide (figura 1), onde a base 
é formada pelas necessidades mais elementares, ligadas à so-
62 Dinâmicas Interpessoais: Visão Interdisciplinar
brevivência, às quais vão sendo acrescentadas outras, de or-
dem mais elevada. Para o autor, as necessidades superiores da 
pirâmide só se tornam motivadoras quando as necessidades 
anteriores da base foram satisfeitas.
Figura 1 Hierarquia das necessidades humanas de Maslow
Segundo a hierarquia, a base das necessidades humanas 
é de ordem fisiológica: indicam a necessidade de alimentar-
-se, de saciar a sede, de manter-se aquecido, de descanso, 
de sono, de sexo etc. Somente satisfeitas essas necessidades 
é que o homem direciona sua atenção para a satisfação das 
suas necessidades de segurança, a fim de que se

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