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Prof. MSc. Marcos Barbosa Silva Jr PLS (2020.3) HIDROLOGIA APLICADA Universidade de Pernambuco Escola Politécnica de Pernambuco Departamento de Engenharia Civil MÉTODO SCS Baseado nas aulas da Profª Simone Rosa da Silva Como estimar chuva “efetiva” • A parcela da chuva que se transforma em escoamento superficial é chamada chuva efetiva. • Um dos métodos mais simples e mais utilizados para estimar o volume de escoamento superficial resultante de um evento de chuva é o método desenvolvido pelo National Resources Conservatoin Center dos EUA (antigo Soil Conservation Service – SCS). Método do Soil Conservation Service - SCS Para uma dada chuva, obtém escoamento, considerando um parâmetro (CN) ( ) ( )SIaP IaP Q 2 +− − = 254 CN 25400 S −= IaP 0Q = IaP 5 S Ia = quando quando Q = escoamento em mm P = chuva acumulada em mm Ia = Perdas iniciais S = parâmetro de armazenamento Valores de CN: Método SCS • Simples • Valores de CN tabelados para diversos tipos de solos e usos do solo • Utilizado principalmente para projeto em locais sem dados de vazão • Usar com chuvas de projeto (eventos relativamente simples e de curta duração) Método SCS GRUPOS HIDROLÓGICOS DE SOLOS Grupo A – Solos arenosos profundos; tem alta capacidade de infiltração e geram pequenos escoamentos; Grupo B – Solos franco arenosos pouco profundos; tem menor capacidade de infiltração e geram maiores escoamentos do que o solo A; Grupo C – Solos franco argilosos; tem menor capacidade de infiltração e geram maiores escoamento do que A e B. Grupo D – Solos argilosos expansivos; tem baixa capacidade de infiltração e geram grandes escoamentos. Efeito de CN 40 55 75 A bacia tem solos do tipo B e está coberta por florestas. Conforme a tabela anterior o valor do parâmetro CN é 63 para esta combinação. A partir deste valor de CN obtém-se o valor de S: Exemplo Qual é a lâmina escoada superficialmente durante um evento de chuva de precipitação total P=70 mm numa bacia do tipo B e com cobertura de floretas? mm 2,149254 CN 25400 S =−= A partir do valor de S obtém-se o valor de Ia= 29,8. Como P > Ia, o escoamento superficial é dado por: mm 5,8 )SIaP( )IaP( Q 2 = +− − = Portanto, a chuva de 70 mm provoca um escoamento de 8,5 mm. Perdas iniciais = 0,2 . S 254 CN 25400 S −= Método do SCS CN tabelado de acordo com tipo de solo e características da superfície 254 CN 25400 S −= Perdas iniciais = 0,2 . S Superfície Solo A Solo B Solo C Solo D Florestas 25 55 70 77 Zonas industriais 81 88 91 93 Zonas comerciais 89 92 94 95 Estacionam entos 98 98 98 98 Telhados 98 98 98 98 Plantações 67 77 83 87 Exemplo de tabela: Tipos de solos do SCS: A – arenosos e profundos B – menos arenosos ou profundos C – argilosos D – muito argilosos e rasos Método do SCS Método SCS Valores CN (condição II – 13 mm <P5dias < 53mm): Uso do solo Superfície A B C D Solo lavrado Com sulcos retilíneos 77 86 91 94 Em fileiras retas 70 80 87 90 Plantações regulares Em curva de nível 67 77 83 87 Terraceado em nível 64 76 84 88 Em fileiras retas 64 76 84 88 Plantações de cereais Em curva de nível 62 74 82 85 Terraceado em nível 60 71 79 82 Em fileiras retas 62 75 83 87 Plantações de legumes ou cultivados Em curva de nível 60 72 81 84 Terraceado em nível 57 70 78 89 Pobres 68 79 86 89 Normais 49 69 79 94 Boas 39 61 74 80 Uso do solo Superfície A B C D Pastagens Pobres, em curva de nível 47 67 81 88 Normais, em curva de nível 25 59 75 83 Boas, em curva de nível 6 35 70 79 Esparsas, de baixa transpiração 45 66 77 83 Normais 36 60 73 79 Densas, de alta transpiração 25 55 70 77 Chácaras Estradas de Terra Normais 56 75 86 91 Más 72 82 87 89 De superfície dura 74 84 90 92 Florestas Muito esparsas, baixa transpiração 56 75 86 91 Esparsas 46 68 78 84 Densas, alta transpiração 26 52 62 69 Normais 36 60 70 76 Valores CN (condição II – 13mm <P5dias < 53mm): Método SCS Condições de umidade do solo – Umidade antecedente do solo • Condição I (seca: P5dias < 13 mm) • Condição II (normal: 13 < P5dias < 53 mm) • Condição III (úmida: P5dias > 53 mm) )(058,010 )(2,4 )( IICN IICN ICN − = )(13,010 )(23 )( IICN IICN IIICN + = Método SCS para eventos complexos Mais do que um intervalo de tempo com chuva: • Chuva acumulada x escoamento acumulado • Chuva incremental x escoamento incremental Exemplo • Qual é o escoamento superficial gerado pelo evento de chuva dado na tabela abaixo numa bacia com CN = 80? Tempo (min) Chuva (mm) 10 5.0 20 7.0 30 9.0 40 8.0 50 4.0 60 2.0 Chuva (mm) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 10 20 30 40 50 60 Chuva (mm) Solução • A solução é obtida acumulando a chuva até o final de cada intervalo de tempo. • Depois é calculado o escoamento acumulado. • Depois são calculados os escoamentos incrementais. ( ) S8,0P S2,0P Q 2 + − = Tempo (min) Chuva (mm) Chuva acumulada (mm) Escoamento acumulado (mm) Infiltração acumulada (mm) Escoamento (mm) Infiltração (mm) 10 5.0 5.0 0.0 5.0 0.0 5.0 20 7.0 12.0 0.0 12.0 0.0 7.0 30 9.0 21.0 1.0 20.0 1.0 8.0 40 8.0 29.0 3.3 25.7 2.4 5.6 50 4.0 33.0 4.9 28.1 1.6 2.4 60 2.0 35.0 5.8 29.2 0.9 1.1 CN = 80 S = 63,7 0,2 S = 12,7 Q = escoamento acumulado (mm) P = precipitação acumulada (mm) Equação válida para P > 0,2 S Quando P < 0,2 S ; Q = 0 Exemplo Método do SCS ( ) ( )SIaP IaP Q 2 +− − = Chuva acumulada 0 10 20 30 40 50 10 20 30 40 50 60 Chuva, escoamento e infiltração acumulada 0 10 20 30 40 50 10 20 30 40 50 60 Chuva, escoamento e infiltração 0 2 4 6 8 10 12 14 10 20 30 40 50 60 Chuva 0 5 10 15 20 25 30 10 20 30 40 50 60 Exemplo SCS Exercício SCS • Qual é o escoamento superficial gerado pelo evento de chuva dado na tabela abaixo numa bacia com campos e solos arenosos? Tempo (min) Chuva (mm) 10 8.0 20 17.0 30 11.0 40 15.0 50 4.0 60 2.0 Passo 0: estimar CN • Com CN estimar S • Com S estimar Ia CN = 65 = 136,77 mm Ia = 27,35 254 CN 25400 S −= 5 S Ia = Passo 1: Chuva acumulada Tempo (min) Chuva (mm) Chuva acumulada (mm) 10 8.0 20 17.0 30 11.0 40 15.0 50 4.0 60 2.0 Passo 2: Chuva acumulada maior que Ia? ( ) S8,0P S2,0P Q 2 + − = Sim, use: Não, então Q = 0 para calcular escoamento acumulado, onde P é a precipitação acumulada. Passo 3: Calcular escoamento incremental • Escoamento incremental é o escoamento acumulado até o fim do intervalo k menos o escoamento acumulado até o fim do intervalo k-1. Exemplo Chuva, escoamento e infiltração 0 2 4 6 8 10 12 14 10 20 30 40 50 60 Chuva, escoamento e infiltração 0 2 4 6 8 10 12 14 10 20 30 40 50 60 CN = 80 CN = 90 Efeito do CN • Bacia com 30 % de área urbana densa (CN = 95) e 70 % de área rural, com pastagens, cultivos e florestas (CN = 78) ruralurbanomedio CN70,0CN30,0CN += 1,83CNmedio = CN composto Analisar o efeito da urbanização • O exemplo a seguir mostra como é possível usar o cálculo do escoamento pelo método SCS para avaliar o efeito hidrológico da urbanização de uma bacia. – situação original: 30% urbana; 70% rural – situação modificada: 100% urbana • Bacia com 30 % de área urbana densa (CN = 95) e 70 % de área rural, com pastagens, cultivos e florestas (CN = 78) Chuva, escoamento e infiltração 0 2 4 6 8 10 12 14 10 20 30 40 50 60 Chuva acumulada = 35 mm Chuva efetiva = 8 mm Infiltração = 27 mm Exemplo SCS • Bacia com 100 % de área urbana densa (CN = 95) e 0 % de área rural, com pastagens, cultivos e florestas (CN = 78) Chuva acumulada = 35 mm Chuva efetiva = 22,9 mm Infiltração = 12,1 mm Chuva, escoamento e infiltração 0 2 4 6 8 10 12 14 10 20 30 40 50 60 Quase 3 vezes mais escoamento! Exemplo SCS cenário futuro Q Dt DQ pós-urbanização pré-urbanização t Agra, 2002 Efeito da urbanização • Transformação da chuva efetiva em vazão • ohistograma tempo área e o hidrograma unitário • Modelo SCS é simplificado – Diferentes usuários chegarão a resultados diferentes dependendo do CN adotado – Bacias pequenas – Se possível, verificar em locais com dados e para eventos simples Considerações finais
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