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Prof. MSc. Marcos Barbosa Silva Jr PLS (2020.3) HIDROLOGIA APLICADA Universidade de Pernambuco Escola Politécnica de Pernambuco Departamento de Engenharia Civil REGULARIZAÇÃO DE VAZÃO Baseado nas aulas da Profª Simone Rosa da Silva A variabilidade temporal da precipitação e, consequentemente, da vazão dos rios frequentemente origina situações de déficit hídrico, quando a vazão dos rios é inferior à necessária para atender determinado uso. Em outras situações ocorre o contrário, ou seja, há excesso de vazão. Regularização A solução encontrada para reduzir a variabilidade temporal da vazão é a regularização através da utilização de um ou mais reservatórios. Os reservatórios têm por objetivo acumular parte das águas disponíveis nos períodos chuvosos para compensar as deficiências nos períodos de estiagem, exercendo um efeito regularizador das vazões naturais. Itaipu Usina de Xingó vertedor casa de força Um reservatório pode ser descrito por seus níveis e volumes característicos: • Nível mínimo operacional • Nível máximo operacional • Volume máximo • Volume morto • Volume útil Volume morto nível mínimo operacional O Volume Morto é a parcela de volume do reservatório que não está disponível para uso. Corresponde ao volume de água no reservatório quando o nível é igual ao mínimo operacional. Abaixo deste nível as tomadas de água para as turbinas de uma usina hidrelétrica não funcionam, seja porque começam a engolir ar além de água, o que provoca cavitação nas turbinas (diminuindo sua vida útil), ou porque o controle de vazão e pressão sobre a turbina começa a ficar muito instável. Volume morto Volume morto nível mínimo operacional nível máximo operacional Volume útil O nível máximo operacional corresponde à cota máxima permitida para operações normais no reservatório. Níveis superiores ao nível máximo operacional podem ocorrer em situações extraordinárias, mas comprometem a segurança da barragem. O nível máximo operacional define o volume máximo do reservatório. Nível máximo operacional Volume morto nível mínimo operacional nível máximo operacional Volume útil nível máximo maximorum A diferença entre o volume máximo de um reservatório e o volume morto é o volume útil, ou seja, a parcela do volume que pode ser efetivamente utilizada para regularização de vazão. Volume útil Reservatório Os reservatórios tem por objetivo acumular parte das águas disponíveis nos períodos chuvosos para compensar as deficiências nos períodos de estiagem, exercendo um efeito regularizador das vazões naturais. Em geral, os reservatórios são formados por meio de barragens implantadas nos cursos d‘água. Suas características físicas, especialmente a capacidade de armazenamento, dependem das características topográficas do vale em que estão inseridos. 0 100 200 300 400 500 600 700 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Cota (m WGS84) V o lu m e ( H m 3 ) o u Á re a ( k m 2 ) Volume Hm3 Área (km2) Relação Cota - Área - Volume Cota (m) Área (km2) Volume (hm³) 772,00 0,00 0,00 775,00 0,94 0,94 780,00 2,39 8,97 785,00 4,71 26,40 790,00 8,15 58,16 795,00 12,84 110,19 800,00 19,88 191,30 805,00 29,70 314,39 810,00 43,58 496,50 815,00 58,01 749,62 820,00 74,23 1.079,39 825,00 92,29 1.494,88 830,00 113,89 2.009,38 835,00 139,59 2.642,00 840,00 164,59 3.401,09 845,00 191,44 4.289,81 Curva Cota - Área - Volume Outras características importantes são as estruturas de saída de água, eclusas para navegação, escadas de peixes, tomadas de água para irrigação ou para abastecimento, e eventuais estruturas de aproveitamento para lazer e recreação. Outras Características Eclusa da Barragem de Sobradinho Os vertedores são o principal tipo de estrutura de saída de água. Destinam-se a liberar o excesso de água que não pode ser aproveitado para geração de energia elétrica, abastecimento ou irrigação. Os vertedores são dimensionados para permitir a passagem de uma cheia rara (alto tempo de retorno) com segurança. Vertedores Um vertedor pode ser livre ou controlado por comportas. O tipo mais comum de vertedor apresenta um perfil de rampa, para que a água escoe em alta velocidade, e a jusante do vertedor é construída uma estrutura de dissipação de energia, para evitar a erosão excessiva. Vertedores A vazão de um vertedor livre (não controlado por comportas) é dependente da altura da água sobre a soleira, conforme a figura e a equação ao lado. Q é a vazão do vertedor; L é o comprimento da soleira; h é a altura da lâmina de água sobre a soleira e C é um coeficiente com valores entre 1,4 e 1,8. É importante destacar que a vazão tem uma relação não linear com o nível da água Vazão de Vertedor 2 3 hLCQ = Onde: A é a área da seção transversal do orifício; g é a aceleração da gravidade; h é a altura da água desde a superfície até o centro do orifício e C é um coeficiente empírico com valor próximo a 0,6. Semelhante à equação do vertedor, destaca-se que a vazão de um orifício tem uma relação não linear com o nível da água. hg2ACQ = Descarregadores de fundo podem ser utilizados como estruturas de saída de água de reservatórios, especialmente para atender usos da água existentes a jusante. A equação de vazão de um descarregador de fundo é semelhante à equação de vazão de um orifício, apresentada abaixo: Descarregadores de Fundo O volume útil está diretamente relacionado à capacidade de regularizar a vazão. Se o volume útil é pequeno, o reservatório não consegue regularizar a vazão e a usina é chamada “a fio d’água” Volume útil x Vazão média afluente • Métodos gráficos: Método de Rippl • Simulação: através da equação do balanço hídrico. • Utilizando planilhas eletrônicas e o comando solver Dimensionamento do reservatório • Equação da continuidade QI t S −= Balanço Hídrico de reservatórios • Intervalo de tempo curto: cheias • Intervalo de tempo longo: dimensionamento onde e representam valores médios da vazão afluente e defluente de reservatório ao longo do intervalo de tempo ∆t. __ QI t SS ttt −= −+ Balanço hídrico discretizado _ I _ Q saídasentradasSS ttt −+=+ sujeita às restrições 0 < St+∆t < Vmáx; onde Vmáx é o volume útil do reservatório. tQtIVV tQtIV i1i −=− −= + V = volume (m3) I = vazão afluente ao reservatório (m3/s) Q = vazão defluente do reservatório (m3/s) Q inclui vazão que atende a demanda e vazão vertida. • Balanço Hídrico num reservatório Simulação em planilha Q é considerado igual à demanda • Equação de Balanço Hídrico do reservatório pode ser aplicada recursivamente Simulação em planilha conhecidos • Com a equação recursiva de balanço podem ocorrer duas situações extremas: max1i VV + min1i VV + É necessário verter água A demanda é excessiva ou o volume é insuficiente 1. Estime um valor de Vmax 2. Aplique a equação abaixo para cada mês do período de dados de vazão disponível (é desejável que a série tenha várias décadas). As perdas por evaporação (E) variam com o mês e podem ser estimadas por dados de tanque classe A. A demanda D pode variar com a época do ano. A vazão vertida Qt é diferente de zero apenas quando a equação indica que o volume máximo será superado. ttttttt QEDISS −−−+=+ Dimensionamento de reservatório 3. Em um mês qualquer, se St+t for menor que zero, a demanda Dt deve ser reduzida até que St+t seja igual a zero, e é computada uma falha de entendimento. 4. Calcule a probabilidade de falha dividindo o número de meses com falha pelo número total de meses. Se esta probabilidade for considerada inaceitável, aumente o valor do volume máximo Vmax e reinicie o processo. Dimensionamento de reservatório Um reservatório com volume útil de 500 hectômetros cúbicos (milhões de m3) pode garantir uma vazão regularizada de 55 m3/s, considerando a sequência de vazões de entrada da tabela abaixo? Considereo reservatório inicialmente cheio, a evaporação nula e que cada mês tem 2,592 milhões de segundos. mês Vazão (m3/s) Jan 60 Fev 20 Mar 10 Abr 5 Mai 12 Jun 13 Jul 24 Ago 58 Set 90 Out 102 Nov 120 Dez 78 Exemplo mês Vazão (m3/s) Volume I (hm3) D (hm3) Volume Q (hm3) jan 60 500 156 143 fev 20 mar 10 abr 5 mai 12 jun 13 jul 24 ago 58 set 90 out 102 nov 120 dez 78 St+dt=St+It-Dt = 500 + 156 – 143 = 513 Supondo que não será necessário verter Solução: mês Vazão (m3/s) Volume I (hm3) D (hm3) Volume Q (hm3) jan 60 500 156 143 513 13 fev 20 500 mar 10 abr 5 mai 12 jun 13 jul 24 ago 58 set 90 out 102 nov 120 dez 78 St+dt=St+It-Dt = 500 + 156 – 143 = 513 Supondo que não será necessário verter Volume máximo excedido! É necessário verter 13 hm3 Solução: mês Vazão (m3/s) Volume I (hm3) D (hm3) Volume Q (hm3) jan 60 500 156 143 513 13 fev 20 500 52 143 409 0 mar 10 409 abr 5 mai 12 jun 13 jul 24 ago 58 set 90 out 102 nov 120 dez 78 St+dt=St+It-Dt = 500 + 52 – 143 = 409 Supondo que não será necessário verter Solução: No início do mês de julho o volume calculado é negativo, o que rompe a restrição, portanto o reservatório não é capaz de regularizar a vazão de 55 m3/s. Mês S (hm3) I (hm3) D (hm3) Q (hm3) Jan 500 156 143 13 Fev 500 52 143 0 Mar 409 26 143 0 Abr 293 13 143 0 Mai 163 31 143 0 Jun 52 34 143 0 Jul -57 62 143 0 Solução: • Perdas por evaporação • Demandas variáveis no tempo • Reservatórios de uso múltiplo • Impactos ambientais Complicações O reservatório de Sobradinho tem cerca de 320 km de extensão, com uma superfície de espelho d’água de 4.214 km2 e uma capacidade de armazenamento de 34,1 bilhões de metros cúbicos em sua cota nominal de 392,50 m, constituindo-se no maior lago artificial do mundo. Ele garante, através de uma depleção de até 12 m, juntamente com o reservatório de Três Marias/CEMIG, uma vazão regularizada de 2.060 m3/s nos períodos de estiagem, permitindo a operação de todas as usinas da CHESF situadas ao longo do Rio São Francisco. Sobradinho • Área de reservatório na cota 392,50 m - 4.214 km2 • Volume total do reservatório 34.116 Hm 3 • Volume útil do reservatório 28.669 Hm 3 • Vazão regularizada 2.060 m3/s • Nível máximo maximorum 393,50 m • Nível máximo operativo normal 392,50 m • Nível mínimo operativo normal 380,50 m Sobradinho • Tipo Kaplan • Quantidade6 • Fabricante Leningradsky Metallichesky Zavod (LMZ) • Velocidade nominal 75 rpm • Velocidade de disparo 180 rpm • Engolimento 710 m3/s • Potência nominal 178.000 kW • Altura de queda nominal 27,2 m • Diâmetro do rotor 9,5 m Turbinas Sobradinho eHQP = Exemplo Qual é a perda de energia na usina de Sobradinho devida à evaporação direta do lago? H = 27,2 m e = 0,90 Evaporação direta do lago corresponde a 200 m3/s. Qevap = 200 m 3/s H = 27,2 m e = 0,90 = 1000 kg/m3 . 9,81 N/kg P = 9,81*1000*200*27,2*0,90 P = 48 MW Um reservatório com volume útil de 500 hectômetros cúbicos (milhões de m3) pode garantir uma vazão regularizada de 25 m3/s, considerando a seqüência de vazões de entrada da tabela abaixo? Considere o reservatório inicialmente cheio, a evaporação constante de 200 mm por mês, 200 km² área superficial e que cada mês tem 2,592 milhões de segundos. Exercício Um reservatório com volume útil de 150 hectômetros cúbicos é suficiente para regularizar a vazão de 28 m3/s num rio que apresenta a seqüência de vazões da tabela abaixo para um determinado período crítico? Considere o reservatório inicialmente cheio, 200 km2 de área superficial constante e que cada mês tem 2,592 milhões de segundos. Os dados de evaporação de tanque classe A são dados na tabela. Exercício
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