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Aula 01 Psicologia e Educação Análise crítica da inserção da Psicologia no campo educacional

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Meta da aula
Tendo finalidade introdutória, esta aula propõe-se a 
discutir a interseção da Psicologia com a Educação de 
uma forma crítica. Pretende-se apresentar ao aluno, a 
partir de uma análise crítica, algumas contribuições da 
Psicologia que dão sustentação ao campo da Educação. 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta 
aula, você seja capaz de:
1. conceituar a Psicologia;
2. relacionar a Psicologia como um dos fundamentos 
 da Educação;
3. identificar algumas das principais teorias que 
 compõem o campo da Psicologia, conforme 
 descritas na literatura específica de um modo geral.
1AULAPsicologia e Educação? Análise crítica da inserção da Psicologia no campo educacional
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Psicologia e Educação | Psicologia e Educação? Análise crítica da inserção da Psicologia 
 no campo educacional
8 CEDERJ
INTRODUÇÃO PsIcOlOgIa E EDUcaÇÃO: Um NOvO camPO DO 
cONhEcImENTO
O termo “psicologia” vem da junção das palavras gregas psyché, alma, e logos, 
palavra, razão ou discurso. Desta forma, no rigor semiológico, a Psicologia seria 
o “discurso sobre a alma”. Na Grécia Clássica, quase todo filósofo interessava-se 
pelos produtos da alma, a razão entre eles. Compreender as paixões humanas 
vem sendo objeto de interesse e estudos da humanidade desde que o homem 
alçou à consciência de sua existência. 
Já o termo educação provém do latim educatione que significa a ação de 
criar (animais), cultivar (plantas); ele diz respeito também aos termos criação 
(de ovelhas, porcos etc.), culturas (como a da cana-de-açúcar etc). No sentido 
figurado, deu origem aos termos educação ou instrução. Originalmente vem 
do verbo educo que tem duas vertentes: 1) educ-are: com os sentidos de: 
a) criar, amamentar; b) educar, instruir, ensinar; c) produzir; 2) educ-ere: 
com os sentidos de: a) levar para fora, fazer sair, tirar de; b) criar, educar; 
c) dar à luz, produzir; d) em sentido figurado, elevar, exaltar; e) esgotar, esvaziar, 
absorver; f) passar o tempo (FARIA, 1967). Diante dessas possibilidades 
de sentidos, não haveria vários modelos de educador?
No correr dos séculos, no contexto dos campos de saberes que se apresen-
taram em decorrência da fundação da ciência moderna, a Psicologia, herdeira 
legítima do campo de pesquisa inaugurado pelo pensamento cartesiano 
(que veremos mais à frente) com o estudo da consciência pela dúvida e pela 
indagação do homem sobre quem é, surgiu para situar a dimensão subjetiva 
no âmago das ocorrências da vida. Não obstante, teve como pretensão 
edificar-se como saber científico, segundo os preceitos da época: observar, 
mensurar, comprovar e repetir, aderindo desse modo ao método das ciências 
exatas que se fundamentava no processo de quantificação e matematização 
dos fenômenos naturais. 
Sem dúvida, as ciências humanas ou ciências do sujeito (FARIAS; DUPRET, 1998) 
adotaram como paradigma os parâmetros de validação das ciências naturais, 
como bem o demonstra a criação por Wilhelm Wundt (WOLMAN, 1970; 
SCHULTZ, 1994), no final do século XIX, do primeiro laboratório de Psicologia 
na cidade de Leipzig. A fundação desse espaço de análise e mensuração 
dos fenômenos psíquicos é tomada equivocadamente como o marco de 
cientificidade da Psicologia. 
 
W i l h e l m W u n d t
Nasceu na Alemanha 
em 16 de agosto de 
1832 e morreu em 31 
de agosto de 1920. 
Foi médico, filósofo 
e psicólogo. Foi 
professor de Filosofia 
da Universidade de 
Leipzig por quarenta e 
cinco anos. Ali fundou 
o primeiro Laboratório 
de Psicologia Experi-
mental em 1879, o que 
rendeu-lhe o título de 
pai da Psicologia 
moderna.
Fonte: http://upload.
wikimedia.org/wikipedia/
commons/1/13/
Wundt.jpg
CEDERJ 9
 
 Não obstante, o acontecimento que funda um campo de saber 
equivale a um corte epistemológico (BACHELARD, 1977), ou seja, 
uma ruptura que indica transformação fundamental, desvinculando 
um saber de seu passado ideológico, marcando o momento em que se 
produz um novo objeto de estudo. Esse novo objeto confere o caráter de 
cientificidade a um dado campo de saber. Eis o tempo, sem retorno, de 
um acontecimento que marca o início da cientificidade de um saber. 
Em certo sentido, no que concerne à Psicologia, ainda não se pode 
afirmar que houve a passagem de um modo de pensar que viesse no lugar 
das concepções de classes e categorizações, baseadas em fundamentos 
do método positivista. Isso quer dizer que “a elaboração de conceitos na 
Psicologia acha-se dominada pelo problema da regularidade, no sentido 
de freqüência” (GARCIA-ROZA, 1972, p. 10). 
Sendo assim, um dos enganos freqüentemente cometidos nessas 
análises é o de supor que a Psicologia teria surgido como ciência a 
partir do momento em que um conjunto de saberes puramente empírico 
recebeu uma quantificação matemática. Desse modo, compreende-se 
que a Psicologia não tenha, no campo dos saberes, um lugar definido, 
circulando desde o interior da cientificidade até o campo de práticas 
ideológicas. Sem dúvida, o momento de corte epistemológico ainda não 
aconteceu no âmbito do saber psicológico. 
No entanto, o esforço dos pioneiros do laboratório de Leipzig teve 
desdobramentos importantes, no século XX, no emprego tecnicista do 
saber psicológico que produziu uma espécie de coisificação do homem 
como objeto analisável, decifrável e previsível. Eis as amarras que marcam 
a presença da Psicologia no campo da Educação, principalmente, pelo uso 
de instrumentos psicométricos considerados procedimentos válidos para 
a decisão sobre o destino de um aprendente numa dada circunstância. 
Assim, tem-se a presença marcante da Psicologia nas práticas 
educativas, mas, sobremodo, retratando a visão de coisificação, além 
de, também, individualizar o processo educativo como uma ocorrência 
localizada apenas no aluno, que poderia encontrar-se afetado pela estrutura 
das relações familiares quando os problemas escolares se evidenciavam. 
No campo da prática educativa, esse tipo de compreensão incidiu 
no processo de disciplinamento do aluno para depois cair numa espécie 
de subjetivismo. Então, temos como conseqüência da presença da 
A palavra 
epistemologia é 
derivada da palavra 
grega epistheme, que 
é o conhecimento 
fundamentado. Pode 
ser contrastada com 
o termo, também 
grego, doxa, que 
é a mera opinião, 
sem compromisso 
com a verdade. 
A epistemologia 
é o estudo do 
processo de criação 
do conhecimento 
científico, considerado 
como verdadeiro.
O termo psicometria – 
do grego psyché, alma, 
e metron, medida, 
medição – indica uma 
área da Psicologia que 
se dedica ao estudo das 
medidas psicológicas, 
utilizando-se, para 
isso, da Estatística. 
O psicólogo 
psicometrista manuseia 
os testes psicológicos 
de acordo com alguns 
critérios básicos 
que são validade, 
fidedignidade e 
padronização. 
Atualmente, no Brasil, 
os testes psicológicos 
passam por periódicas 
avaliações feitas pelo 
Conselho Federal 
de Psicologia.
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Psicologia e Educação | Psicologia e Educação? Análise crítica da inserção da Psicologia 
 no campo educacional
10 CEDERJ
Psicologia na Educação duas amarras: a instauração de procedimentos 
disciplinares e o subjetivismo, como resultados da leitura sobre a conduta 
e suas causas.
No tocante ao processo disciplinar, o alvo era a normatização 
e, para consegui-la, a Psicologia Escolar encarregava-se de apontar os 
alunos necessitados de ajustes para promover a esperada adequação 
necessária. Para realizar esse empreendimento, era utilizada a mensuraçãode fenômenos de cunho psicológico e em seguida era prescrita toda uma 
série de tratamentos clínicos especializados com o objetivo de corrigir 
os possíveis desvios nos aprendentes estigmatizados como portadores de 
distúrbios de comportamento e de aprendizagem. Assim, alimentava-se 
ilusoriamente a possibilidade de decifrar o mundo psíquico daquele 
que está em posição de aprender para que, em seguida, tivesse lugar o 
processo de correção psicológica. 
No tocante ao subjetivismo, historicamente surgido após a prática 
disciplinar e de correção, temos a apresentação de um movimento crítico, 
mas só aparentemente, ao conservadorismo na Educação, visto que o 
papel da Psicologia continuou sendo o mesmo: decifrar o aluno. Tal idéia 
sustentava-se na necessidade de entender subjetivamente o aprendente 
para ensiná-lo em melhores condições. Assim, temos a prática pautada 
no pressuposto que se configurou numa máxima absoluta e suficiente que 
ditava as coordenadas de como o ensino deveria se processar, conforme 
veremos adiante. 
Atendem ao Objetivo 1
1. O que significa a palavra “Psicologia”? 
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2. Qual era o objetivo da Psicologia Escolar? 
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ATIVIDADES
CEDERJ 11
Respostas comentadas
1. Etimologicamente, a palavra Psicologia significa “discurso sobre 
a alma”. Corresponde a uma disciplina do campo das ciências 
humanas composta por um conjunto de teorias que buscam explicar, 
entender, predizer, modificar, relacionar as manifestações do psiquismo 
humano.
2. A Psicologia Escolar buscava adaptar o aprendente aos métodos 
utilizados no processo de aprendizagem, utilizando-se, para isso, a 
mensuração de fenômenos de cunho psicológico para prescrever os 
procedimentos necessários. Geralmente, eram tratamentos clínicos que 
tinham por objetivo corrigir os possíveis distúrbios de comportamento 
e de aprendizagem, visando à correção psicológica. 
as DImENsõEs hIsTóRIcas DO DIálOgO ENTRE a 
PsIcOlOgIa E a EDUcaÇÃO
Ao longo do século XX, as relações entre o saber psicológico e 
o campo das práticas educativas tornaram-se cada vez mais estreitas. 
Mas nem todos os psicólogos que pensam a prática educativa têm as 
mesmas opiniões. Aliás, existem discrepâncias profundas em relação à 
possibilidade de utilização e aplicação do conhecimento psicológico para 
explicar a dinâmica do ato educativo. Essas discrepâncias têm gerado 
diversas vertentes nas concepções que se referem ao diálogo entre a 
Psicologia e a Educação, assumindo posições teóricas extremas. Por um 
lado, existem defensores de que a relação entre ambos os campos de 
práticas sociais teorizadas consiste na utilização dos resultados oriundos 
das diversas áreas da Psicologia que explicam aspectos da constituição 
psíquica e da constituição do sujeito, relevantes para o processo educativo 
e para o ensino. Nesse caso, a interseção desses campos de saber não 
pode ser compreendida como um âmbito específico de conhecimento, 
mas sim como a Educação sendo o campo prático de aplicação da 
Psicologia. Por outro lado, existem aqueles que advogam que o diálogo 
entre esses campos não pode se restringir à situação de aplicação do 
saber psicológico aos fenômenos educativos. Nesse sentido, a finalidade 
da Psicologia, voltada para o processo de transmissão de saber e de 
construção do conhecimento, consiste na criação de um conhecimento 
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Psicologia e Educação | Psicologia e Educação? Análise crítica da inserção da Psicologia 
 no campo educacional
12 CEDERJ
específico, utilizando, para tanto, os princípios e as explicações fornecidas 
pela Psicologia como instrumentos de indagação e de análise. Assim, esse 
diálogo adquire o estatuto de uma problemática epistemológica, sendo 
um campo de saber crítico, estruturado numa área que compreende a 
dinâmica dos processos psíquicos e a internalização de limites referidos 
às restrições decorrentes do ato educativo. 
As oscilações que ocorrem no campo da Psicologia em função de 
suas heranças filosóficas, refletem-se, sistematicamente, no campo da 
Educação, principalmente se considerarmos as duas correntes estruturadas 
em torno da definição circunscrita no objetivo da Psicologia:
a) explicações teóricas de fenômenos empíricos que se valem do 
modelo das ciências naturais como padrão, detendo-se no estudo dos 
processos sensoriais e atividade reflexa;
b) discussões de natureza filosófica que se preocupavam com o 
estudo do psiquismo, pensado como equivalente à consciência. 
Obviamente, cada linha de raciocínio traçada na Psicologia 
repercutiu de forma diferenciada na Educação, mas na perspectiva de que 
o campo das práticas educativas se constitui como o espaço privilegiado 
de aplicação do saber psicológico. Sendo assim, a Psicologia é definida 
como disciplina responsável pelas explicações de questões originadas 
no cotidiano da sala de aula. O resultado de tal empreendimento fez 
com que a Psicologia fosse considerada como o discurso competente, 
que apenas validaria posições ideológicas na Educação, vinculadas 
a um “poderoso instrumento de julgamento e de discriminação” 
(VASCONCELOS; VALSINER, 1995, p. 11). Assim, a partir dessa 
forma de entendimento formou-se uma corrente de opinião que resultava 
num tipo de funcionamento quando questões da prática educativa se 
evidenciavam. Quer dizer: quanto maior fosse a dificuldade encontrada 
na prática pedagógica, tanto menor seria a busca, nesse mesmo campo 
de prática, para decifrar os significados das circunstâncias encontradas, 
uma vez que havia a expectativa de que a Psicologia fornecesse as 
soluções para os significados das situações difíceis. Nesse sentido, 
a pedagogia permitiu que a Psicologia invadisse a sala de aula, destituindo 
o professor da posição de saber e colocando-o no lugar de incapaz de 
buscar soluções próprias. 
CEDERJ 13
Sendo assim, a Psicologia, ao invés de contribuir significativamente 
no andamento das questões no campo da prática educativa, tornou-se um 
grande empecilho à evolução do conhecimento e à reflexão mais clara de 
seu objeto de estudo. Em certo sentido, houve uma submissão da prática 
educativa aos princípios psicológicos, mas sem uma reflexão crítica, 
o que acabou implicando o surgimento de práticas educacionais tecni-
cistas com conseqüências graves para a prática pedagógica, ocasionando 
a desvinculação dessas práticas das necessidades educacionais. 
ATIVIDADES
Atendem ao Objetivo 2
3. Quais limitações a Psicologia impôs à prática educativa? 
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4. Que reflexos da Filosofia sobre a Psicologia influenciam o campo 
da Educação? 
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Respostas comentadas
3. Os saberes psicológicos não digeridos, apenas reproduzidos sem 
análise crítica e tomados como verdades absolutas, acabaram por 
impedir que pais e mestres aceitassem e valorizassem o conhecimento 
oriundo de suas próprias experiências, cimentados às teorias. A teoria 
é fundamental por nos poupar trabalho de partir do zero. Contudo, 
deverá estar sempre aberta a modificações caso a prática demonstre 
o contrário ou traga novos achados.
4. Entre esses reflexos, destacam-se as explicações teóricas de 
fenômenos empíricos que se valem do modelo das ciências naturais 
como padrão, detendo-se no estudo dos processos sensoriais e atividade 
reflexa, e as discussões de natureza filosófica que se preocupam com o 
estudo do psiquismo, pensado como equivalente à consciência. 
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Psicologia e Educação | Psicologia e Educação? Análise crítica da inserção da Psicologia 
 no campo educacional
14 CEDERJ
 Os PERíODOs DO DIálOgO ENTRE a PsIcOlOgIa E a 
EDUcaÇÃO
a contribuição da Psicologia filosófica
A história do relacionamento entre esses dois campos de saber 
confunde-se, nas suas origens, com a história do surgimento do saber 
psicológico a partir da criação do laboratório de Psicologia Experimental 
e com a evolução do pensamento sobre a prática educativa. Até o final 
do século XIX, não havia fronteiras nítidas, sendo que as relações entre 
a Psicologia e a Educação eram mediadas por premissas estabelecidas no 
campo da Filosofia. Assim, temos as influências do saber psicológico, de 
cunho filosófico, nas explicações das ocorrências no âmbito da prática 
educativa, como bem ilustra a teoria das faculdades mentais em suas três 
grandes áreas: intuição, volição e emoção. 
Essa teoria parte da premissa de que o conhecimento consiste na 
investigação da verdade por meio da compreensão dos nexos existentes 
entre os acontecimentos temporais. Remonta assim à teoria platônica 
que postulava a correspondência entre pensamento e realidade a partir 
do entendimento acerca da existência de um mundo divino onde se 
encontravam as idéias perfeitas. No modo de entendimento aristotélico, 
observa-se uma mudança: o conhecimento se origina nas evidências 
oferecidas pelos sentidos, no processo de aprendizagem que decorre 
das leis de associação, interferindo o papel da memória, bem como a 
influência da experiência sobre o ato de conhecer: a sensação, a memória e 
a imaginação são identificadas como funções cognitivas que representam 
a possibilidade de ação do homem. 
O modo de explicação aristotélico perdura até o século XVII, 
quando pensadores, como Bacon, Descartes e Locke (veja os verbetes), 
realizaram novos estudos sobre o conhecimento em duas vertentes: o 
empirismo e o racionalismo. Nas explicações de cunho empirista, postulava-se 
que as sensações são a fonte de conhecimento. Daí a importância 
dos sentidos e do papel da experiência como fonte de conhecimento. 
Nas explicações de cunho racionalista, desacreditavam-se os sentidos 
como fontes fidedignas em que apoiar o conhecimento, já que eles 
podem apenas fornecer uma visão confusa e provisória da verdade. 
Apostava-se na razão, da qual se originaria todo o conhecimento pro-
veniente de princípios irrecusáveis (LALANDE, 1992).
em p i r i s m o
Doutrina que reconhece a 
experiência como única fonte 
válida de conhecimento, em 
oposição à crença racionalista, 
que se baseia, em grande medida, 
na razão. Para o empirismo, 
nenhuma certeza é possível, ne-
nhuma verdade é absoluta, já 
que não existem idéias inatas e o 
pensamento só existe como fruto 
da experiência sensível. Defende 
o conhecimento da razão, da 
verdade e das idéias racionais 
por meio da experiência. A partir 
da criação da ciência moderna 
por Francis Bacon, o maior 
representante do empirismo na 
modernidade foi John Locke. 
Francis Bacon nasceu em Londres, 
em 22 de janeiro de 1561, e 
faleceu na mesma cidade em 9 
de abril de 1626. Foi eminente 
político, filósofo e ensaísta. 
Como filósofo, destacou-se 
com uma obra em que exalta 
a ciência como benéfica para o 
homem. Em suas investigações, 
ocupou-se especialmente com a 
metodologia científica e com o 
empirismo. É reconhecido por 
muitos como o fundador da 
ciência moderna. Também inglês, 
John Locke nasceu na Inglaterra 
em 29 de agosto de 1632 e lá 
faleceu em 28 de outubro de 
1704. Estudou medicina, ciências 
naturais e Filosofia em Oxford, 
debruçando-se principalmente 
sobre as obras de Bacon e 
Descartes. É considerado o 
representante principal do 
empirismo na Inglaterra. Propôs 
que a experiência é a fonte do 
conhecimento, que depois se 
desenvolve por esforço da razão.
Figura 1.1: Francis Bacon. 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:Frans_Hals_-_Portret_van_
Ren%C3%A9_Descartes.jpg
CEDERJ 15
 
ra c i o n a l i s m o 
Doutrina que afirma que tudo que existe tem uma causa inteligível, mesmo que 
não possa ser demonstrada de fato, como a origem do Universo. Privilegia a 
razão em detrimento da experiência do mundo sensível como via de acesso ao 
conhecimento. É baseada nos princípios da busca da certeza e da demonstração, 
sustentados por um conhecimento a priori, ou seja, conhecimentos que não vêm 
da experiência e são elaborados somente pela razão. Seu representante maior na 
modernidade foi René Descartes. Nascido em 31 de março de 1596, em La Haye 
en Touraine, na França, e falecido em 11 de fevereiro de 1650, em Estocolmo, 
na Suécia, Descartes foi um grande filósofo, cientista e matemático. Reconhecido 
por muitos como “o fundador da Filosofia moderna” e “pai da matemática 
moderna”, é considerado um dos pensadores mais importantes e influentes da 
História do Pensamento Ocidental.
No entender de Locke (WOLMAN, 1970), o psiquismo seria o 
equivalente a um mapa plano, uma espécie de folha em branco, que recebe 
as impressões provenientes do meio que chegam aos sentidos e que geram, 
com a ajuda da atividade reflexiva, todo o conhecimento. Esse princípio 
serviu de base para a explicação da dinâmica psíquica a partir da teoria 
das faculdades mentais formulada nos seguintes postulados:
• A realidade pode ser reduzida a algumas estruturas primordiais 
que podem ser identificadas pela observação e são estas estruturas 
constituintes do conhecimento verdadeiro da realidade. Podem ser 
descritas como uma linguagem simbólica. Considerando essa visão, a tarefa 
do aprendente, cujo psiquismo possui a capacidade de manipular sím- 
bolos e de realizar operações com esses símbolos de maneira adequada, 
consiste em apreender essas representações simbólicas que descrevem as 
estruturas da realidade.
• Os alunos são bem diferentes entre si na capacidade de utilizar 
esses símbolos, o que deve ser tomado como parâmetro para explicar os 
diferentes ritmos, tempos e rendimentos no processo de aprendizagem.
• O projeto político-pedagógico é formado por um conjunto de 
representações simbólicas da realidade, organizado de maneira lógica e 
ordenado no sentido de facilitar a sua captação pelos aprendentes.
• A teoria das faculdades mentais oferece justificativas para a 
utilização do método da disciplina formal, ou seja, a prática pedagógica 
deve exercitar tais faculdades nos aprendentes. Por esse motivo, a esco- 
la deve selecionar e dar prioridade aos conteúdos que contribuam para o 
desenvolvimento da atenção, da concentração, do raciocínio, da memória 
ou de quaisquer outras faculdades que se deseje suadinâmica. 
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Psicologia e Educação | Psicologia e Educação? Análise crítica da inserção da Psicologia 
 no campo educacional
16 CEDERJ
 
 Desse modo, a influência da Psicologia filosófica constata-se 
principalmente no pensamento de herbart, sem dúvida “o autor mais 
influente na teoria educativa do século XIX, para quem, a Educação é 
a aplicação prática da Filosofia” (SALVADOR, 1999, p. 20). Isso se for 
considerado que a Filosofia moral tem a responsabilidade de estabelecer 
os objetivos da Educação e do ensino, cabendo à Psicologia proporcionar 
os meios necessários para atingir esses objetivos. Nesse contexto, 
temos uma Psicologia constituída como método de análise reflexiva 
que contribuiu para a explicação da aprendizagem a partir das leis da 
associação propostas por Locke e das teorias das faculdades mentais. Essa 
explicação partia do pressuposto de que o psiquismo tem a capacidade 
de conservar as imagens recebidas, organizá-las com objetivo de serem 
utilizadas posteriormente no processo de aprendizagem, visto que as 
idéias e imagens formam uma massa de representações que exercem 
uma influência considerável nas experiências subseqüentes quanto maior 
for o nível de conscientização produzido. Um de seus maiores críticos 
foi o educador estadunidense, John deWey, para quem o aluno tinha 
iniciativa, originalidade e ação cooperativa, quando permitido. Dewey 
considerava a criança “(...) um ser vivo de funções ativas e especiais que 
se desenvolvem pela redireção e combinação em que entram quando se 
põem em contacto ativo com o seu ambiente” (DEWEY, 1959, p. 77). 
A defesa desta posição serviu de base para a criação do conceito de Escola 
Ativa (que será explicada em capítulos posteriores), contrapondo-se à 
idéia herbartiana de um aluno passivo no processo de aprendizagem.
Para Ghiraldelli (2000), Herbart e Dewey foram responsáveis 
por duas das maiores revoluções no âmbito da teoria educacional: em 
Herbart, a emergência da mente, em Dewey, a emergência da democracia. 
A terceira delas, de acordo com o autor, seria a de Paulo Freire, pela 
emergência do oprimido. 
Jo h a n n F. 
he r b a rt 
Nasceu em 
Oldenburgo, na 
Alemanha, em maio 
de 1776, vindo a 
falecer em agosto 
de 1841. Trouxe 
grandes contribuições 
para a pedagogia, 
emprestando 
rigor e uma certa 
cientificidade ao 
seu método. Foi 
o precursor de 
uma Psicologia 
experimental aplicada 
à pedagogia, além de 
o primeiro a elaborar 
uma pedagogia que 
pretendia ser uma 
ciência da Educação. 
John deWey 
Nasceu em 20 de 
outubro de 1859, em 
Vermont, nos Estados 
Unidos, e faleceu em 
1o de junho de 1952. 
Filósofo, psicólogo, 
crítico social, ativista 
político e reformador 
educacional, Dewey 
ficou conhecido como 
um dos fundadores 
da escola filosófica 
do pragmatismo. 
Para ele, a chave do 
desenvolvimento 
intelectual era a 
escolarização.
CEDERJ 17
ATIVIDADES
Atendem ao Objetivo 3
5. Para Locke, o que é o psiquismo?
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6. Considerando os trechos de textos a seguir, responda: a) No que consiste 
o início do processo de ensino-aprendizagem para cada um dos autores 
mencionados?; b) qual a importância da escolarização para Dewey?; 
c) Qual a principal crítica de John Dewey à teoria herbartiana?
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Para Dewey, a chave do desenvolvimento intelectual, e conseqüentemente 
do progresso social, era a escolarização, sobretudo numa época em que 
as influências educacionais de outras instituições (o lar, a igreja, etc.) 
decresciam tão drasticamente. Dewey destacou a natureza moral e social 
da escola e acreditava que esta poderia servir como uma “comunidade 
em miniatura, uma sociedade embrionária”, particularmente uma 
sociedade que dinamizava ativamente o crescimento da democracia que 
havia sido minimizado pela sociedade urbano-industrial. (...) Assim, não 
só a escolarização universal era crucial na rápida transformação social, 
como também a “nova Educação” era vital, uma Educação que era 
guiada pela perspectiva de que a escola é a vida e não uma preparação 
para a vida. Desta forma, a melhor preparação para a democracia 
consistia em proporcionar oportunidades aos[às] estudantes (e também 
aos[às] professores[as]), por forma a engajarem-se ativamente na vida 
democrática (TEITELBAUM; APPLE, 2001, p. 198). 
O processo de ensino-aprendizagem, para Herbart, começa com a 
preparação, que consiste na atividade que o professor desenvolve 
recordando ao aluno o assunto anteriormente ensinado ou algo que o 
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Psicologia e Educação | Psicologia e Educação? Análise crítica da inserção da Psicologia 
 no campo educacional
18 CEDERJ
aluno já sabe. Dewey, por sua vez, não vê necessidade de tal procedimento, 
pois acredita que o processo de ensino-aprendizagem tem início quando, 
pela atividade dos estudantes, eles se defrontam com dificuldades e 
problemas, tendo então o interesse aguçado (GHIRALDELLI, 2000).
A crítica de Dewey a Herbart recai sobre a omissão do aspecto ativo 
da aprendizagem da criança. Dewey discordava da forma exagerada de 
conceber a influência da matéria apresentada do exterior sobre a formação 
do espírito, já que considerava a criança “(...) um ser vivo de funções ativas 
e especiais que se desenvolvem pela redireção e combinação em que 
entram quando se põem em contacto ativo com o seu ambiente (DEWEY, 
1959, p. 7, apud CARVALHO, 2002, p. 53).
Respostas comentadas
5. Para Locke, o psiquismo seria o equivalente a uma folha em branco, 
livre para receber as impressões provenientes do meio. Estas chegam aos 
sentidos e geram, com a ajuda da atividade reflexiva, todo o conhecimento. 
Esse princípio serviu de base para a explicação da dinâmica psíquica a 
partir da teoria das faculdades mentais e seus postulados:
6. Ao considerar os textos, as respostas serão:
a) Para Herbart, o início de um o processo de ensino-aprendizagem consiste 
em relembrar ao aluno um assunto ou tema que ele já saiba, enquanto para 
Dewey tal procedimento é desnecessário pois os alunos colocarão questões 
e isso permitirá ao professor rever os pontos problemáticos do ensino. 
b) A escolarização era, para Dewey, a chave do desenvolvimento intelectual 
e conseqüentemente do progresso social, uma vez que a escola, em suanatureza moral e social, poderia servir como modelo da comunidade, 
proporcionando acesso à democracia.
c) A principal crítica de John Dewey à teoria herbartiana, mesmo 
considerando a grande contribuição de Herbart para a compreensão 
dos processos psicológicos em ação em um educando e sua influência 
no processo de aprendizagem, recai contra a pretensão de controle absoluto 
dos processos mentais do aluno. Ele argumenta que Herbart não valoriza 
a ação do próprio aluno no processo, sua capacidade reflexiva, que acaba 
conduzindo a uma auto-educação.
O sURgImENTO Da cIENTIFIcIDaDE Na PsIcOlOgIa
Nas duas últimas décadas do século XIX, pela influência do 
advento da ciência moderna em que o mundo deixa de ser referido pelas 
qualidades para ser expresso em termos de quantificação, a Psicologia 
CEDERJ 19
 
 centra-se na grande preocupação de se estabelecer como disciplina 
científica separada do âmbito das especulações filosóficas. Para tanto, seria 
preciso produzir um “sujeito distinto de toda forma de individualidade 
empírica” (MILNER, 1996, p. 28). Assim, há uma mudança de foco 
na Psicologia e o surgimento de uma tendência que pretendia fundar 
esse campo de saber em termos de cientificidade. Para isso, recorreu-se 
ao método experimental das ciências naturais, acreditando ser esse o 
caminho de desligamento da Filosofia. Sua intenção com esse empenho 
era transformar-se numa disciplina científica autônoma. 
A partir desse movimento, surgem os trabalhos que pretendiam 
demonstrar a cientificidade da Psicologia a partir de investigações para 
mensurar as diferenças individuais desenvolvidas por James mcKeen 
cattell, que influenciou o uso de testes no estudo dos processos mentais 
(SCHULTZ; SCHULTZ, 1994, p. 184). Paralelamente, William James, 
considerado por muitos como o primeiro grande psicólogo estaduni-
dense, ocupa-se de questões psicológicas, desenvolvendo estudos para 
estabelecer as bases da Psicologia funcional, idéia que foi trabalhada no 
campo das práticas educativas por claparède, pioneiro no entendimento 
e na criação de uma Psicologia da criança. Ainda nesse contexto, stanley 
hall, fundador do American Journal of Psychology, centrou seus estudos 
no campo da Psicologia educacional, defendendo a idéia de que a 
ontogênese é a recapitulação da Filogênese. Por isso, o desenvolvimento 
infantil deve ser considerado em termos das necessidades da criança 
como um ponto de partida para a Educação. 
on t o g ê n e s e e 
F i l o g ê n e s e 
 A ontogênese 
descreve a origem e o 
desenvolvimento de 
um indivíduo, indo 
da fecundação até a 
assunção de sua forma 
definitiva na idade 
adulta. Já a filogênese 
trata da origem e 
do desenvolvimento 
de uma espécie. 
Durante muito tempo 
acreditou-se que a 
ontogênese repetia 
a filogênese, isto é, 
cada indivíduo repete 
na história de seu 
desenvolvimento 
particular toda 
a história do 
desenvolvimento de 
sua espécie, postulado 
do biólogo alemão 
Haeckel. Esta teoria 
perdeu sua força a 
partir das teorias da 
evolução de Charles 
Darwin e da genética 
de Gregor Mendel.
James mcKeen cattell 
Nasceu em Easton, na Pensilvânia, nos Estados Unidos, em 25 de maio de 
1860, e faleceu em Lancaster, no mesmo estado, em 20 de janeiro de 1944. 
Sob a influência de Galton, estudou as diferenças individuais e cunhou 
o termo “testes mentais”. Foi um dos mais ferrenhos defensores da 
Psicologia como ciência, tendo fundado e dirigido por mais de meio século 
uma das mais importantes revistas científicas da área, a Science.
Fonte: http://www.ubishops.ca/ccc/div/soc/psy/verpaelst/
WEB%20PAGE%20FOLDER/Pictures/JamesMcKeenCattell.jpg
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Psicologia e Educação | Psicologia e Educação? Análise crítica da inserção da Psicologia 
 no campo educacional
20 CEDERJ
 
 
Em certo sentido, nesse período, a teoria da prática educativa 
encontrava-se praticamente fundamentada na tese de que o desenvol- 
vimento deve ser o ponto de partida. Com isso, a Psicologia afastou-se 
do pensamento filosófico, num movimento em defesa de cientificidade 
que foi bem reforçado nas primeiras décadas do século XX, pela 
implantação da escolarização generalizada e obrigatória. Com a 
separação da Filosofia, todos os olhares dirigem-se à Psicologia, campo 
de saber onde são depositadas as maiores expectativas para a elaboração 
de uma teoria sobre a prática educativa de fundamento científico que 
permite melhorar o ensino e intervir nos problemas que surgem no 
processo de construção do conhecimento e de transmissão do saber. 
Eis o surgimento da área de estudos, denominada de Psicologia da 
Educação, que requisitará especialistas na área. 
édouard claparède
Médico e psicólogo suíço interessado no desenvolvimento infantil, nasceu em Genebra em 24 de 
março de 1873, e morreu na mesma cidade, em 29 de setembro de 1940. Defendia uma abordagem 
funcionalista da Psicologia e teve em Jean Piaget um dos seus mais conhecidos discípulos. Propunha 
que a Educação gravitasse em torno do aluno e não do professor, que o ensino se baseasse acima de 
tudo no conhecimento das crianças.
granville stanley hall
Psicólogo e professor, nasceu em 
Massachussets, nos Estados Unidos, em 1o de 
fevereiro de 1844 e faleceu em 24 de abril de 
1924, no mesmo estado. Estudou na Alemanha 
com Wundt. Fundou, em 1887, o American 
Journal of Psychology, a primeira revista 
psicológica publicada nos Estados Unidos. 
Em 1910, convidou Sigmund Freud e Carl Jung 
para as famosas palestras na comemoração de 
fundação da Clark University.
Fonte: http://www.muskingum.edu/~psych/psycweb/
history/hall.htm
 
William James
Filósofo e psicólogo norte-americano, nasceu em Nova Iorque, em 11 
de janeiro de 1842, e faleceu em Nova Hampshire, em 26 de agosto 
de 1910. Fundamentou os aspectos pragmáticos do behaviorismo e 
foi precursor da Psicologia funcional. De interesses múltiplos, James 
chegou a fazer uma expedição ao Brasil em 1865, em viagem pelo rio 
Amazonas, em assistência a um zoólogo. 
Fonte: http://www.des.emory.edu/mfp/follow.html
Figura 1.2: Stanley Hall entre Freud e Jung em 1910.
CEDERJ 21
 
A partir daí, configurou-se na Psicologia científica uma área 
de interesse e questionamento acerca da prática educativa, apoiada 
em pesquisas sobre aprendizagem, avaliação do comportamento, 
instrumentos de mensuração psicológica e problemáticas no campo 
da Educação. Acreditava-se estar diante de um campo profícuo para a 
Educação, surgindo, como já apontamos, a necessidade de um especialista 
que fizesse a mediação entre a ciência proposta pela Psicologia e a arte do 
ensinar, o que fez com que a sala de aula fosse considerada como o espaço 
de estudo dos problemas escolares com a ajuda do método experimental. 
Não obstante, o empreendimento da Psicologia da Educação tinha como 
suporte o referencial da Psicologia sobre o funcionamento psíquico para 
utilizar e aplicar na Educação os conhecimentos relevantes, oriundos 
das pesquisas desenvolvidas sobre as diferenças individuais, a análise 
dos processos de aprendizagem e o desenvolvimento, no solo de uma 
cientificidade recém-nascida na Psicologia. 
Nesse modo de pensar, encontramos os trabalhos de alFred 
binet, pedagogo e psicólogo francês, acerca da mensuração de traços 
psicológicos sem a necessidade da utilização de correlações com os 
fenômenos psíquicos, conforme se fazia no laboratório de Leipzig, nos 
estudos de tempo de reação. De seus estudos, resultou uma escala de 
inteligência que foi utilizada por quase um século. Este foi o ponto de 
partida para os estudos sobre a Educação especial, no sentido deque o 
instrumento recém-criado permitia distinguir, com o menor erro possível, 
os atrasos escolares atribuídos a um déficit intelectual que seria provocado 
por fatores ambientais ou por uma escolarização prévia deficiente.
Esse instrumento de avaliação das capacidades cognitivas concebe 
o desenvolvimento intelectual como o resultado da aquisição progressiva 
de mecanismos intelectuais básicos. Certamente, a criança com atraso 
não adquire os mecanismos adequados à sua idade cronológica. Sendo 
assim, na comparação da idade mental com a idade cronológica, a 
escala quantifica os anos de avanço ou de atraso no desenvolvimento 
intelectual. Eis o passo para o aparecimento do conceito de quo- 
ciente intelectual como o resultado da razão entre idade mental e idade 
cronológica, proporcionando uma medida única de inteligência. A partir 
daí, seguiram-se os trabalhos dedicados à construção de instrumentos de 
medida objetiva dos traços de personalidade e de rendimento escolar. 
alFred binet 
Psicólogo francês, 
autodidata, foi 
o primeiro a 
desenvolver um 
teste psicológico de 
capacidade mental, 
que deu origem 
aos perfis de idade 
mental. Nasceu em 8 
de julho de 1857, em 
Nice, e faleceu em 28 
de outubro de 1911.
Fonte: http//:www. 
http://allpsych.com/
biographies/binet.html
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A partir dessas investigações em laboratórios, surge o conceito 
de aprendizagem, baseado na seqüência de leis de associação. Esta é 
a primeira tentativa realizada por thorndiKe, pioneiro no estudo da 
aprendizagem, em aproximar a Psicologia da Educação da lei do efeito, 
segundo a qual as condutas posteriores satisfazem o impulso, positivo ou 
negativo, de evitar um perigo. Ao contrário, as condutas que impedem 
a satisfação de uma necessidade ou que intimidam o organismo não 
são aprendidas. São essas considerações teóricas que fundamentam a 
Psicologia condutista ou comportamentalista de Watson a sKinner. 
edWard lee 
thorndiKe 
Nasceu em 31 de 
agosto de 1874 e 
faleceu em 9 de agosto 
de 1949. Forneceu 
as bases para o 
behaviorismo de 
Skinner, sendo um dos 
pesquisadores mais 
importantes no campo 
da Psicologia animal, 
estabeleceu os modos 
como os organismos 
estabelecem 
associações entre as 
diversas situações e as 
respostas possíveis.
Fonte: http:
//ww.muskingum.edu/
~psych/psycweb/history/
thorndike.htm
burrhus Frederic sKinner
Psicólogo norte-americano, nasceu na 
Pensilvânia, em 20 de março de 1904, e 
faleceu em Cambridge, em 18 de agosto 
de 1990. Conduziu trabalhos pioneiros 
em Psicologia experimental e foi o criador 
da escola de Psicologia conhecida como 
behaviorismo (de behavior, comportamento) 
ou comportamentalismo, que propõe que o 
comportamento seja explicado por reações 
observáveis e não pelo que se opera no 
interior do organismo, considerado uma 
espécie de “caixa-preta”, não passível de 
mensuração e observação, estando, portanto, 
fora do campo de uma ciência positiva.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:B.F._
Skinner_at_Harvard_circa_1950.jpg
Mas a importância da Psicologia da criança como um núcleo 
da Psicologia da Educação deve-se à aceitação pelos educadores do 
postulado que considera ser indispensável conhecer melhor o aluno 
em termos de suas características individuais e de seu processo de 
desenvolvimento para melhor educá-lo. Em outras palavras, o sucesso 
do processo de aprendizagem estaria na dependência de um conhecimento 
prévio. Eis o espírito com que Claparède, já abordado anteriormente, 
defende tal postulado numa concepção funcional na Psicologia, tentando 
compreender os fenômenos psíquicos do ponto de vista de sua função 
vital e do lugar que ocupam no conjunto da conduta em um dado 
momento. Assim, tem-se a justificativa para “propostas pedagógicas do 
movimento reformador em Educação, conhecido como Escola Nova” 
(SALVADOR, 1999, p. 26).
CEDERJ 23
Essa proposta inovadora centrava-se na idéia de que a base do 
processo educativo não deveria ser a recompensa ou o castigo, mas o 
interesse profundo do aprendente pela matéria ou pelo conteúdo da 
aprendizagem, ou seja, a criança deveria sentir que o trabalho na escola 
é desejável e assim a Educação teria como propósito desenvolver as 
funções intelectuais e morais, abandonando os objetivos voltados para 
a memorização, sem qualquer relação direta com o mundo em que 
vive a criança. Isso quer dizer que a escola torna-se ativa, assumindo a 
obrigação de mobilizar as atividades do aprendente e a tarefa principal do 
ensinante consiste em estimular os interesses da criança e assim desvendar 
as suas inquietações intelectuais, afetivas e morais. Mas para realizar 
tal empreitada, a Educação deveria ser personalizada, focalizando as 
dificuldades e interesses dos aprendentes.
ATIVIDADES
Atendem aos Objetivos 2 e 3
7. Entre os autores abordados, qual deles apóia o conceito de aprendizagem, 
baseado na seqüência de leis de associação?
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8. Que fatores fazem surgir a necessidade de um profissional que se 
interesse pelo campo da Educação?
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Respostas comentadas
7. Thorndike, a partir de investigações em laboratório, aproxima o 
conceito de aprendizagem, baseado na seqüência de leis de associação. 
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Psicologia e Educação | Psicologia e Educação? Análise crítica da inserção da Psicologia 
 no campo educacional
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Esta é a primeira tentativa realizada para aproximar a Psicologia da 
Educação da lei do efeito, segundo a qual as condutas posteriores 
satisfazem o impulso, positivo ou negativo, de evitar um perigo.
8. A partir da instalação da Psicologia científica, isto é, do desenvolvimento de 
pesquisas sobre aprendizagem, avaliação do comportamento, instrumentos 
de mensuração psicológica e problemáticas no campo da Educação. Daí 
surgiu a necessidade de um especialista que fizesse a mediação entre a 
ciência da Psicologia e a arte do ensinar, o que fez com que a sala de aula 
fosse considerada como o espaço de estudo dos problemas escolares com 
a ajuda do método experimental.
a PsIcOlOgIa cOmO TEORIa NUclEaR Da PRáTIca 
EDUcaTIva
No âmbito da prática educativa, as contribuições da Psicologia 
permitiram que a pedagogia tivesse um status científico, visto que as 
pesquisas, nesse campo, adotaram a metodologia própria da Psicologia 
experimental. A área de maior ênfase dos psicólogos da Educação 
foi certamente a construção e aperfeiçoamento de instrumentos demensuração psicológica. Na série das revisões da escala de inteligência 
de Binet, chegou-se com spearman à hipótese de um fator geral, 
Fator “g”, interpretado como a evidência de inteligência geral. Não 
obstante, na área de análise dos processos de aprendizagem e nos estudos 
do desenvolvimento infantil, o progresso é considerável. 
charles edWard 
spearman
Psicólogo inglês, 
nasceu em 10 de 
setembro de 1863 
e faleceu em 7 de 
setembro de 1945. 
Estudou a natureza 
das habilidades 
humanas e criou, 
baseado em medidas 
estatísticas, um 
fator de medição da 
inteligência, o fator 
“g”, dando origem à 
psicometria.
 
Fonte: http://www. 
york.ac.uk/depts/
maths/histstat/people/
spearman.gif
Fator “g”
Correspondente à medida de inteligência geral, habilidade fluida de uma 
variável latente, que determina a variabilidade do quociente intelectual 
ou QI. A teoria sustenta que crianças com altos níveis de “g” assimilam 
com mais facilidade conteúdos em sala de aula, sendo mais propensas ao 
sucesso pessoal e profissional.
Dentro de certa sofisticação de estudos, surgiu a polêmica entre 
aqueles teóricos que estudavam a aprendizagem em laboratório e que 
propunham a transposição para a sala de aula dos resultados encontrados 
na situação experimental e aqueles que a estudavam em situações de sala 
de aula. Estes defendiam a idéia de que somente os resultados obtidos 
diretamente a partir do estudo dos processos de aprendizagem em 
situações reais de sala de aula poderiam ser generalizados. 
CEDERJ 25
 
No que concerne à Psicologia do desenvolvimento infantil, 
o terceiro núcleo básico que configurou a Psicologia da Educação também 
passou por um notável crescimento. Assim, conformaram-se três linhas de 
trabalhos em Psicologia que conheceram significativas transformações:
a) o conceito de medida psicológica foi sendo substituído pelo con- 
ceito de avaliação para se referir ao processo educativo e ao rendimento 
escolar. Isso representou o surgimento de um importante capítulo na 
Psicologia da Educação; 
b) houve também uma aproximação entre a Psicologia da Educação 
e a Psicologia Social, visto que a primeira, orientada para o estudo das 
diferenças individuais, do desenvolvimento infantil e dos processos 
de aprendizagem, pode enriquecer-se claramente com os estudos da 
segunda sobre o funcionamento dos grupos e suas interferências no 
comportamento individual. Eis o que se observa nos trabalhos de 
Kurt leWin sobre o clima social e suas repercussões na aprendizagem. 
O grande destaque de suas contribuições recaiu sobre o trabalho dos 
grupos com os exercícios de dinâmica de grupo para a promoção da 
aprendizagem, sobretudo seus estudos sobre liderança. Assim, temos o 
ponto de partida de uma linha de pesquisa referente aos estilos de ensino 
do professor e da interação educativa e;
c) os novos desenvolvimentos conceituais, no campo da Psicologia 
sobre o comportamento, são bem recebidos no campo da prática 
pedagógica.
Como se sabe, o behaviorismo (veja verbete sobre Skinner) exerceu 
um grande domínio na Psicologia da Educação especialmente pelas 
contribuições dos teóricos, como Hull e Tolman. Por outro lado, Paul 
Guillaume englobou os trabalhos de Lewin para elaborar um conjunto 
de materiais pedagógicos e de propostas didáticas, e a Psicanálise trouxe 
novas temáticas para o campo da Educação, destacando a importância 
da constituição do sujeito pelo complexo de Édipo (conceito que veremos 
nas aulas subseqüentes, sobretudo as de números 6 e 10) e dos processos 
inconscientes na gênese das relações objetais. Além disso, há todo um 
questionamento da relação professor-aluno. 
Na metade do século XX, o panorama da Psicologia da Educação 
era, além de extremamente complexo, bastante confuso: por um lado, em 
função de protagonizar a tarefa de elaborar uma teoria educativa e de 
Kurt leWin
Psicólogo alemão, 
nasceu em 9 de 
setembro de 1890 e 
faleceu nos Estados 
Unidos em 12 de 
fevereiro de 1947. 
Doutorou-se em 
Psicologia em 1914 
pela Universidade de 
Berlim, tendo sido 
grande estudioso 
da Psicologia dos 
grupos, dedicando 
seus estudos à área da 
motivação humana.
Fonte: http:
//3.bp.blogspot.com/
_T15eRP98f9s/
R7H7FzgwU-I/
AAAAAAAAD2U/
MLPFJG0etEI/s1600/
Kurt_Lewin.jpg
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 no campo educacional
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ATIVIDADES
fundamentar uma prática de ensino que responda aos critérios científicos, 
viu-se obrigada a ampliar os seus conteúdos e o seu foco de atenção para 
além das três áreas mencionadas (o behaviorismo, a Psicologia Social 
e a Psicanálise). Por outro lado, seus limites perfilaram-se como uma 
conseqüência dessa ampliação dos conteúdos e das temáticas estudadas. 
Com isso, torna-se cada vez mais difícil precisar em que consiste a sua 
especificidade em relação às outras áreas da Psicologia e das ciências 
da Educação.
Nesse movimento, a Psicologia da Educação configurou-se 
como um espaço de trabalho e de atuação científica que alimentava 
as contribuições provenientes de todas as áreas da Psicologia com a 
finalidade de contribuir tanto para a criação de uma teoria educativa de 
base científica como para a qualificação do ensino. Quer dizer, tratava-se 
da intenção de aplicação do conhecimento psicológico para melhor 
compreensão, explicação, planejamento e desenvolvimento dos proces-
sos educativos. Não obstante, temos assim uma empreitada que não 
resiste a um tratamento epistemológico crítico. 
Atendem aos Objetivos 2 e 3
9. Qual foi a área de maior interesse dos psicólogos da Educação?
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10. Qual a contribuição da Psicologia social para a Educação? 
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CEDERJ 27
Respostas comentadas
9. A área de maior ênfase dos psicólogos da Educação foi certamente 
a construção e o aperfeiçoamento de instrumentos de mensuração 
psicológica, sobretudo após a descoberta do fator de inteligência geral 
por Spearman. Isto desencadeou uma espécie de febre na criação de 
instrumentos de medida de inteligência, como também de métodos que 
pudessem desenvolvê-la.
10. A Psicologia social enriqueceu o campo da Psicologia da Educação ao 
estabelecer as influências dos grupos sobre o comportamento individual, 
tanto no que diz respeito à construção das diferenças individuais a partir 
da intervenção do grupo familiar, por exemplo, como da importância da 
relação professor-aluno no processo de aprendizagem. Aqui o grande nome 
é o de Kurt Lewin e seus trabalhos sobre o clima social e suas repercussões 
na aprendizagem. A teoria sobre a dinâmica dos grupos, utilizada em 
sala de aula, promove maiorinteração entre seus membros e permite 
que deles se destaque cada um com suas características, possibilitando a 
identificação de lideranças.
mUlTIDIscIPlINaRIDaDE E INTERDIscIPlINaRIDaDE Na 
aPROxImaÇÃO ENTRE a PsIcOlOgIa E a EDUcaÇÃO
A partir da década de 1950, uma série de ocorrências modificou 
substancialmente o panorama da relação entre Psicologia e Educação 
que foram determinantes do futuro do diálogo entre o saber psicológico 
e a prática educativa:
 a) a conscientização crescente das dificuldades de integração 
dos resultados das pesquisas que fomentam a Psicologia da Educação. 
Eis o reflexo do surgimento das teorias explicativas da aprendizagem 
já elaboradas em termo do questionamento da validade para explicar o 
processo educativo;
b) o surgimento de uma série de disciplinas que têm como finalidade 
estudar os fenômenos educativos da mesma forma que se propunha à 
Psicologia da Educação, como a Educação Comparada, a Sociologia 
da Educação, a Tecnologia Educativa e o Planejamento Educativo. 
O aparecimento dessas disciplinas significou o grande questionamento 
ao papel de protagonista, exercido pela Psicologia, na medida em que 
são evidenciadas as insuficiências e as limitações da análise psicológica 
para se chegar a uma compreensão dos processos educativos;
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Psicologia e Educação | Psicologia e Educação? Análise crítica da inserção da Psicologia 
 no campo educacional
28 CEDERJ
c) os acontecimentos políticos, econômicos e sociais que alteraram 
as coordenadas da Educação escolar, como a exacerbada prosperidade 
econômica, a guerra fria entre os Estados Unidos e os países do bloco 
capitalista contra a União Soviética e os países do bloco socialista, 
o impacto da doutrina igualitária em Educação, a crença de que a 
Educação é um instrumento eficaz de mudança e de progresso social e, 
enfim, a ativação de políticas orientadas para a escolarização de toda a 
população infantil. 
No auge do movimento cognitivista, a aprendizagem começa a 
ser examinada como o produto de uma série de mudanças nos estados 
de conhecimento do sujeito que aprende. Isso se deveu ao estudo das 
estruturas de conhecimento mediante o uso de linguagens inspiradas na 
teoria da inteligência artificial, no chamado processamento humano de 
informações que explica a aprendizagem como um processo de aquisição, 
de reestruturação e de mudança das estruturas cognitivas. 
ATIVIDADES
Atendem aos Objetivos 2 e 3
Pode-se afirmar que a operação dos programas de computador – essencialmente 
conjuntos de instruções para trabalhar com símbolos – é semelhante à da 
mente humana. Tanto o computador como a mente recebem e digerem grande 
quantidade de informações (estímulos) do meio ambiente. Eles processam 
essa informação, manipulando-a, armazenando-a, recuperando-a e realizando, 
a partir dela, várias operações. Logo, a programação dos computadores é o 
padrão da concepção cognitiva da capacidade humana de processar informações, 
raciocinar e resolver problemas. É o programa, e não o próprio computador 
(o software, e não o hardware), que serve de explicação às operações mentais. 
Os psicólogos cognitivos não têm interesse em eventuais correlatos fisiológicos 
dos processos mentais, mas na seqüência de manipulação de símbolos que 
subjaz ao pensamento. Seu objetivo é descobrir a “biblioteca de programas que 
o ser humano tem armazenado na memória – programas que permitem que a 
pessoa compreenda e produza sentenças, decore certas experiências e regras 
e resolva novos problemas” (HOWARD, 1983, p. 11, apud SCHULTZ; SCHULTZ, 
1994, p. 409).
A partir do texto anterior e do que foi colocado em nossa aula, responda:
11. Qual o modelo utilizado pela Psicologia Cognitiva na formulação de suas 
teorias?
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CEDERJ 29
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12. Que crítica poderia ser feita a este modelo?
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Respostas comentadas
11. O modelo foi o computacional. Parte-se do princípio de que o pro- 
cesso de aquisição do conhecimento se processe da mesma forma que 
a introdução de informações nos computadores, em seus softwares. 
A concepção da mente humana, baseada no processamento da 
informação, é o fundamento da Psicologia Cognitiva.
12. A crítica mais radical que os estudos dos psicólogos da cognição 
sofrem diz respeito ao desprezo às questões afetivas e criadoras 
da inteligência humana. Máquinas não sofrem a intervenção de 
lembranças, de afetos e dificilmente permitem o brotar de uma solução 
jamais pensada anteriormente. Embora possa haver semelhanças 
entre o processamento de informações nos computadores e o que 
ocorre no homem – e certamente elas existem tendo em vista 
que o computador é uma criação do próprio homem –, essas 
semelhanças não são suficientes para transferir da máquina para o 
ser humano sua forma de adquirir conhecimento. Há vários fatores 
que interferem tanto na promoção (desejo, incentivo, vaidade etc.) 
como no impedimento (traumas maiores ou menores, sobretudo) da 
aquisição de conhecimentos.
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Psicologia e Educação | Psicologia e Educação? Análise crítica da inserção da Psicologia 
 no campo educacional
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cONclUINDO POR agORa
Para concluir, no sentido de esclarecer algumas questões obscuras no 
encontro da Psicologia com a Educação, faz-se necessário postular que:
a) a idéia de Psicologia definida como ciência do indivíduo marcou 
presença no campo da prática educativa, mas esta visão reducionista 
pouco serviço prestou à Educação, uma vez que, nesse campo, são 
válidas as práticas socialmente constituídas. Enfim, o caráter institucional 
permite alguns tipos de relações que não são possíveis na compreensão 
de uma Psicologia assentada no individual apenas;
b) por outro lado, a Psicologia não pode responder a todas as 
demandas formuladas no campo da Educação, ou seja, a compreensão 
da forma de atuação do sujeito, amparada em suas características 
psicológicas, não é fonte para previsão e determinação de seu 
comportamento futuro e;
c) o conceito de impossibilidade estrutural entre o acoplamento 
desses campos reforça a especificidade da escola em seu aspecto de 
formação do homem, visto que o diálogo possível entre professor e 
aluno, estabelecido na relação pedagógica e ancorado na atividade de 
ensinar e no processo de aprender, é o caminho para que o aprendente 
encontre-se na vida escolar.
A impossibilidade de garantia de um ensino bem-sucedido, 
redundando numa eficaz aprendizagem do aluno, consiste no caráter 
impossível da própria tarefa de educar, como bem ressalta Freud 
(ver Aula 9) ao afirmar que:
Quase parece como se a análisefosse a terceira daquelas profissões 
"impossíveis" quanto às quais de antemão se pode estar seguro de 
chegar a resultados insatisfatórios. As outras duas, conhecidas há muito 
mais tempo, são a Educação e o governo (FREUD, 1976, p. 282).
Mas isso não quer dizer que o ensinar seja em si mesmo impossível. 
Pelo contrário, há um impossível na tarefa de ensinar, ou seja, o processo 
de aprendizagem humano não pode ser previsto no que se refere ao 
sucesso e ao destino que o aprendente dará ao saber que será produzido. 
O processo de aprender, possuidor de um lado avesso ao controle e à 
direção, indica que há algo que escapa àquele que aprende. Trata-se de 
um processo cujos efeitos se tornam acessíveis a posteriori. Assim, é 
preciso que a experiência vivida pelo aluno seja integrada em seu sistema 
CEDERJ 31
e ganhe significação. Com isto, afirmamos ser impossível decifrar aquele 
que está na posição de aprender, bem como explicar a dinâmica de seu 
funcionamento psíquico para que uma dada aprendizagem tenha êxito. 
Isso tem efeitos diretos na escolarização: em primeiro lugar, deve ser 
questionada a hegemonia da Psicologia na Educação. Também devem 
ser questionadas questões sobre metodologia de ensino, sobre o papel do 
professor, sobre o papel do ensino e, enfim, o caráter da aprendizagem. 
Em suma, não há garantias de sucesso na atividade de ensinar e no 
processo de aprender. Mas é preciso reconhecer que o aluno precisa 
ser ajudado pelo professor no trajeto que realiza na escola. Por isso, as 
atividades de ensinar são planejadas, visando atender às dificuldades 
inerentes a esse processo. 
Finalizando, diremos que o encontro de diferentes subjetividades 
propicia uma interação dialógica que supera a assimetria que originou o 
encontro. Esta superação implica a razão e a existência do encontro. No 
caso do ensino, trata-se de o aprendente tomar posse de um saber que o 
diferencia de seu ensinante. Eis o momento em que aquele que pretende 
ensinar se torna desnecessário, marcando o término de uma relação que 
continua em outros horizontes, mas que possibilitou a ambos retirarem 
daí benefícios inegáveis.
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 no campo educacional
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aTIvIDaDEs FINaIs
 Atendem aos Objetivos 1, 2 e 3
1. A seu modo de ver, o que ocorre quando há uma nova descoberta científica 
que abala o conhecimento anterior? 
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2. Quais conseqüências podemos extrair da criação da ciência moderna sobre a 
Psicologia? 
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3. Quais as contribuições principais da Psicologia para a Educação? 
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Respostas comentadas
1. Ocorre um corte epistemológico. Isso indica que houve uma ruptura em relação ao 
que se conhecia antes. Esta transformação fundamental desvincula um saber de seu 
passado e marca a produção de um novo objeto de estudo que não pode ser ignorado 
pelo campo científico.
2. Destaco uma positiva e outra negativa. Tomando as ciências da natureza como modelo, 
verificou-se a introdução, no campo das ciências humanas ou ciências do sujeito, do rigor 
na construção dos conceitos. Isto foi decisivo para a edificação de teorias. Por outro lado, 
esta mesma modificação foi negativa, na medida em que se tentou eliminar a dimensão 
subjetiva no âmago das ocorrências da vida, segundo os preceitos da época: observar, 
mensurar, comprovar e repetir, aderindo desse modo ao método das ciências exatas 
que se fundamentava no processo de quantificação e matematização dos fenômenos 
naturais.
3. Sua resposta poderá destacar, desde a criação de instrumentos de medida até a 
formulação de teorias sobre o processo de aprendizagem, as questões relativas à influência 
dos grupos sobre os sujeitos, até explicações sobre o lugar da aquisição do conhecimento 
para a subjetividade, como o entendimento acerca do desenvolvimento afetivo, cognitivo, 
moral. São inúmeras as contribuições da Psicologia para o campo da Educação.
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INFORmaÇõEs sOBRE as PRóxImas aUlas
Na próxima aula, desenvolveremos uma discussão sobre a concepção inatista 
do homem, subjacente às abordagens do desenvolvimento humano. Nas aulas 
posteriores, abordaremos as concepções ambientalista e sócio-histórica. Nas 
aulas subseqüentes, buscaremos dar um panorama das diversas etapas do 
desenvolvimento humano, da primeira infância à adolescência.
lEITURa REcOmENDaDa
SCHULTZ, Duane P.; SCHULTZ, Sydney E. História da Psicologia moderna. 8. ed. 
rev. e ampl. São Paulo: Thomson, 2005.
R E s U m O
A partir das definições de Psicologia e de Educação, por meio da ênfase às dimen-
sões históricas do diálogo entre as duas áreas, destaca-se a influência de variadas 
contribuições teóricas da Psicologia na prática educativa. Cada uma dessas 
influências parte de uma visão do homem, que reflete a direção empreendida na 
compreensão do sujeito e nos processos referentes à aprendizagem.
Do ponto de vista das disciplinas às quais um educador pode recorrer em busca 
de auxílio em sua tarefa, a Psicologia tem lugar de destaque para o exercício 
da prática educativa. Desde os antigos gregos, passando pelo sonho cientificista 
e chegando às práticas do século XX ao novo século XXI, o que vemos é um 
panorama extremamente complexo e, até mesmo, bastante confuso. Contudo, 
as contribuições do campo da Psicologia trouxeram inúmeras conquistas 
para a compreensão dos fenômenos psicológicos. Além disso, a multidisciplina-
ridade e a interdisciplinaridade entre a Psicologia e a Educação redundaram, 
sobretudo, no benéfico par que compõe o esquema mínimo do processo 
educativo: o sujeito e o outro.
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