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Análise Sensorial Profa. Dra Camila Lucena Profa. Dra. Luiza Antoniazzi Definição De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1993): “a análise sensorial é uma “disciplina da Ciência usada para evocar, medir, analisar e interpretar as reações às características dos alimentos e materiais tal como são percebidas pelos sentidos da visão, olfato, paladar, tato e audição” Essas características, também chamadas de atributos sensoriais, tendem a ser percebidas: aparência, aroma, consistência e sabor Todos os sentidos são utilizados durante o processo e determinam a qualidade da sensação que o alimento provoca Definição Resultado da interação entre indivíduo e alimento As características do alimento, como textura, aroma, cor e sabor, interagem com as condições psicológicas, sociológicas e fisiológicas da pessoa Preparo criterioso das amostras testadas e aplicação adequada Identificar falhas do produto estudado e buscar meios para corrigir, identificar necessidade de mudanças no processo, como alteração de embalagem Histórico Os métodos de degustação foram aplicados pela primeira vez na Europa - controlar a qualidade de cervejarias e destilarias EUA (2ª Guerra) - produzir alimentos de qualidade para soldados - métodos de degustação - análise sensorial como base científica Brasil (1954) - laboratório de degustação da seção de Tecnologia do Instituto Agronômico de Campinas, para avaliar o café 1980 - maior ênfase, quando o Institute of Food Technologists (IFT) organizou seminários sobre o tema Objetivos • Pesquisa e criação de novos produtos • Definição da aceitabilidade pelo consumidor • Monitoramento do mercado com mapa de produto: posição do produto em relação aos seus concorrentes • Reformulação do produto: variações de matéria-prima ou de processamento • Nos estudos de tempo de vida útil do produto • Detecção de contaminantes estranhos ao produto • Especificações e controle da qualidade • Controle de produto acabado: verificar possíveis perdas na qualidade sensorial do produto devido ao armazenamento Propriedades Sensoriais A nossa “máquina” de análise sensorial é composta pelos nossos sistemas sensoriais Esses sistemas avaliam as propriedades sensoriais: • Cor • Odor • Gosto • Textura • Som Sentidos na Alimentação VISÃO É um dos fatores mais importantes avaliados pelo consumidor – primeiro contato - primeiras impressões • Cor (tonalidade, luminosidade, saturação, uniformidade) • Tamanho/formato • Brilho/opacidade • Consistência/espessura • Grau de efervescência • Integridade/ Defeitos (manchas, pontos pretos)/ Granulometria Induzem o consumidor a esperar certo sabor correspondente, além de preparar os demais órgãos sensoriais para as suas percepções • Sentidos na Alimentação ODOR - propriedade sensorial perceptível pelo órgão olfativo quando certas substâncias voláteis são aspiradas (ABNT, 1993) Essas substâncias, em diferentes concentrações, estimulam diferentes receptores de acordo com seus valores de limiar específicos AROMA - propriedade de perceber as substâncias aromáticas de um alimento depois de colocá-lo na boca, via retronasal - essencial para compor o sabor dos alimentos OLFATO - um dos sentidos químicos, assim como o paladar - entendidos como separados e distintos, têm uma ligação íntima Sentidos na Alimentação SABOR Identificação através das papilas gustativas As pessoas apresentam sensibilidades diferentes umas das outras em relação ao gosto. E assim como o odor, o paladar pode ser desenvolvido com treino Duas características devem ser levadas em consideração: • tempo de percepção - tempo para ser percebida pelo paladar • sabor residual - permanece na boca algum tempo após deglutição Sentidos na Alimentação TATO Apura informações sobre textura, forma, peso, temperatura e consistência de um produto alimentício A textura se manifesta quando o alimento sofre uma deformação e, é através dessa interferência na integridade do alimento que se pode ter noção da resistência, coesividade, fibrosidade, granulosidade, aspereza e crocância Para alimentos líquidos, tal deformação se chama fluidez; para alimentos semissólidos ao invés de textura, denomina-se consistência Sentidos na Alimentação AUDIÇÃO Produz informações durante manipulação do produto, a mordida e durante a mastigação e deglutição Sons característicos, que são reconhecidos pela experiência prévia do consumidor quando são consumidos ou preparados Associado principalmente à textura do alimento A alta dureza e baixa coesividade do alimento aumenta a percepção da fraturabilidade relacionada com a crocância, o som emitido no ato da quebra ou mastigação e é um exemplo da interação audição-tato Etapas para Análise Sensorial Para alcançar o objetivo específico, são elaborados métodos de avaliação diferenciados - obtenção de respostas mais adequadas ao perfil pesquisado do produto Esses métodos apresentam características que se moldam com o objetivo da análise O resultado, que deve ser expresso de forma específica conforme o teste aplicado Amostras preparadas previamente Métodos para Análise Sensorial Existem vários métodos selecionados conforme o objetivo da análise Os métodos podem ser divididos em quatro grandes grupos: • Métodos afetivos • Métodos de diferença ou discriminativos • Métodos analíticos ou descritivos • Métodos de sensibilidade Métodos Afetivos Manifestação subjetiva do produto testado - variabilidade nos resultados O mínimo usual são 30 juízes, contudo quando se deseja detectar pequenas diferenças recomendam-se 50 a 100 indivíduos Teste de preferência: qual amostra é preferida em detrimento de outra São necessárias equipes grandes para se obter uma diferença estatisticamente significativa Teste de aceitação: desejo de adquirir um produto Varia com os padrões de vida e base cultural e demonstra a reação do consumidor diante de vários aspectos como o preço do produto Testes de escala: hedônica facial e hedônica verbal Escala hedônica facial – análise sensorial realizada por crianças Escala hedônica verbal- mede graus de satisfação Escala estruturada: todos os graus aparecem Escala não estruturada: somente uma linha sem pontos marcados, que expressam o máximo e o mínimo de intensidade dos parâmetros testados Escala Hedônica Facial Escala Hedônica Verbal Estruturada Escala Hedônica Verbal Não Estruturada Métodos Discriminativos Indicam existência ou não de diferença entre amostras - objetivos e podem ser empregados em controle de qualidade, desenvolvimento de novos produtos e para testar a precisão e a confiabilidade dos provadores Teste pareado: comparação e detecção de diferenças entre pares de amostras Mínimo, 7 juízes treinados/experientes ou 20 juízes treinados ou 30 juízes não treinados A principal vantagem é a simplicidade e menor fadiga Teste duo-trio: três amostras – uma é a referência, e as outras duas são codificadas aleatoriamente Objetivo é identificar a amostra semelhante à referência - podem ser apresentadas juntamente, porém a referência deve ser provada primeiramente - não ultrapassar quatro tríades É recomendado quando a amostra de referência é bem conhecida dos provadores - controle de qualidade de bebidas alcoólicas Teste de ordenação: apresentação simultânea de amostras que devem ser arranjadas em ordem de acordo com preferência ou intensidade da característica analisada 3 a 10 amostras, dependendo das condições dos juízes, podendo ser maior quanto maior o treinamento e experiência Simplicidade, facilidade de interpretação e aplicação - utilizado para avaliar um grande número de amostras ao mesmo tempo Teste por comparação múltipla: uma amostra padrão e várias outras codificadas, totalizando mais de três amostras Objetivo é comparar com amostra padrão Não usar número muito grande de amostras - fadiga sensorial, especialmente quando o atributo analisado é sabor Teste triangular: apresentação simultânea, de duas amostras iguais e uma diferenteObjetivo é identificar amostra diferente Número pequeno de juízes e para selecionar e treinar provadores As amostras devem ser homogêneas e não induzirem facilmente à fadiga e adaptação sensorial Teste Triangular Métodos Descritivos Descrevem e quantificam as informações a respeito da característica que está sendo avaliada Teste de amostra única: analisa um tipo de alimento de cada vez - apresentadas várias amostras, porém gradualmente A avaliação pode obedecer a uma escala numérica pré-estabelecida, ou indicar a presença ou ausência, bem como a intensidade de determinado atributo - juízes treinados e experientes Testes de duração: medem a intensidade e variações dos atributos Pode ser feita com uma amostra padrão e um questionário em escala para expressar a intensidade da propriedade analisada e em seguida, o mesmo é feito para as demais amostras - principais características testadas: odor, aroma e sabor Perfil de características (quantitativa): avalia, através de pontuação, a aparência, cor, odor, sabor e textura de um produto Perfil sensorial de um produto ou dos componentes sensoriais de seus ingredientes - mais de cinco juízes treinados e experientes Recomendado para o desenvolvimento de novos produtos, para controle de qualidade, para correlacionar dados sensoriais e instrumentais, além de ser excelente treinamento para juízes Métodos de Sensibilidade Avaliam a sensibilidade do juiz ao sabor Testes de sensibilidade (“threshold”): “limite mínimo detectável de concentração de uma substância” Capacidade dos provadores em utilizar os sentidos do olfato e do gosto para distinguir características específicas - ferramenta para seleção e treinamento de juízes: Limite absoluto: sensibilidade na detecção de gostos primários, através da prova de soluções em ordem crescente de concentração Limite de reconhecimento: concentração na qual um sabor pode ser reconhecido - maior do que a concentração do limite absoluto Limite de diferença: limite mínimo de alteração detectável na concentração de uma substância TEIXEIRA (2009)
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