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Aula 11 Prof. Riyuzo Ikeda Júnior Os regimes autocráticos de governo 1 Objetivos 1 - apontar as características que definem um governo como autocrático, em contraposição aos regimes democráticos; 2 - diferenciar os tipos autocráticos referenciais (o autoritário e o totalitário), sem deixar de analisar possível relação com as doutrinas socialistas e comunistas; 3 - apontar as características de alguns tipos específicos de totalitarismo vivenciados no decorrer do Século XX. 2 Estrutura da Aula 1. Características que definem um governo como autocrático; 2. Tipos autocráticos referenciais (autoritário e o totalitário) e suas características; 3. O totalitarismo e sua concretização no âmbito histórico. 3 Os regimes Autocráticos Definição: concentração de poder nas mãos de um único, mas necessariamente apenas uma pessoa. “O importante é que este detentor do poder possua competência para emanar decisões políticas fundamentais e também para executá-las, já que este homem ou grupo dirigente monopoliza o exercício do poder político em nome de um direito próprio.” 4 Bandeira da URSS. Bandeira da China. Bandeira da Coréia do Norte. Os regimes Autocráticos 5 Características dos regimes autocráticos tem por base: (i) obediência e (ii) ordem. “Ordem emitida pelo detentor do poder e a obediência prestada, tanto pelos destinatários do Poder, como também por todos os órgãos do Estado, pois a subordinação de todas as funções estatais ao poder central é da essência do regime.” Os regimes Autocráticos 6 Não há mecanismos de defesa da sociedade contra arbítrios do Estado e nem de controle do poder. Formas de acesso ao poder: são variadas as formas, desde a violência (revolução, golpe de Estado, insurreição) como também de forma pacífica (divindade, razão de Estado, ideologia messiânica, tradição, ou mesmo o carisma do detentor do poder). Os regimes Autocráticos 7 Exemplos históricos de regimes autocráticos: oligarquia senatorial romana, a monarquia absoluta, o cesarismo napoleônico. Cícero denuncia Catilina. Afresco que representa o senado romano reunido na Cúria Hostília. Palazzo Madama, Roma Luís XIV, por Hyacinthe Rigaud, 1701. Napoleão Bonaparte, por Jacques-Louis David, 1812. Os regimes Autocráticos 8 Outros exemplos de regimes autocráticos: Varguismo no Brasil, regime Franquista na Espanha, o Salazarismo em Portugal, os neopresidencialismos na América Latina, os regimes marxistas da Europa do Leste e Ásia, o regime de Nasser no Egito, a experiência de Mustafá Kemal Atartük na Turquia, e regime fascista na Itália, o nazismo na Alemanha, o stalinismo na União Soviética Mustafá Kemal Atatürk, 1º presidente da Turquia. Antônio de Oliveira Salazar, ditador de Portugal (1932-1968). Gamal Abdel Nasser, presidente do Egito (1956-1970). Os regimes Autocráticos 9 Os regimes autocráticos tem duas formas de identificação: (i) autoritário e (ii) totalitarista. Franquismo foi a base do regime de Francisco Franco, general espanhol que governou o país entre 1939-1975. Seu governo teve o apoio explícito da Igreja Católica e tinha como discurso o combate ao comunismo e repressão aos opositores. Os regimes Autoritários 10 Tais regimes não baseiam-se em questões ideológicas, podendo até mesmo dar certa liberdade privada aos cidadãos (religiões e escolhas econômicas, por exemplo). a) o detentor do poder não pretende impor qualquer coincidência entre sociedade e Estado-Administração e; b) consequentemente, o papel da ideologia oficial é (no máximo) limitado, pois na maior parte das vezes (como nas típicas autocracias do Terceiro Mundo), este papel nem sequer existe. Os regimes Autoritários 11 Mas o que é Terceiro Mundo? O 1º, 2º e 3º mundos durante a Guerra Fria. Os regimes Autoritários 12 Dois tipos comuns de regimes autoritários: a) as autocracias tradicionais (também denominadas por “monarquias feudais”), de que são modelos algumas monarquias do mundo árabe. Nestas, os soberanos hereditários concentram os poderes militares e civis e a classe governante se recruta entre a aristocracia de sangue ou de função; b) as ditaduras militares, muito tradicional até os anos 80 na América Latina, mas ainda muito usual na África e Médio Oriente. São sistemas autoritários em que as forças armadas exercem diretamente o poder político (o chamado “pretorianismo” ou “militarismo governante”), ou funcionam como garantidores para o exercício do poder por um civil (o chamado “pretorianismo arbitral”). Os regimes Autoritários 13 O autoritarismo presidencialista se identificava (predominantemente no século passado) como sendo: conservador e de direita na América Latina e Central e de esquerda ou marxista no Oriente Médio e África. Geralmente o Presidente é também o Chefe das Forças Armadas. Na contemporaneidade há o aditivo do sectarismo religioso, principalmente nas repúblicas islâmicas. Os regimes Autoritários 14 O salazarismo e o franquismo mantiveram, entre as décadas de 1930 e 1970, regimes autoritários embasados um conservadorismo centralizador ao lado de um liberalismo descentralizador. Ambos eram regimes carismáticos e vinculados à autoridade pessoal. Os regimes Totalitários 15 Tal regime busca regular de todas as formas a vida do cidadão através do Estado. O controle ideológico é a base desse regime. “Ideologia – conjunto de ideias, princípios e valores que refletem uma determinada visão de mundo, orientando uma forma de ação, sobretudo uma prática política. Tem por objetivo justificar o domínio exercido e manter coesa a sociedade, apresentando o real como homogêneo, a sociedade como indivisa, de forma a evitar os conflitos típicos de uma sociedade pluralista e exercer a dominação. Segundo Marx, a ideologia é um fenômeno de superestrutura, uma forma de pensamento opaco, que por não revelar as causas reais de certos valores, concepções e práticas sociais, contribui para sua aceitação e reprodução, servindo aos interesses da classe dominante, que aparecem como se fossem interesses da sociedade como um todo.” Os regimes Totalitários 16 Características: a) ideologia oficial que não reconhece validade ao pluralismo, e abrange todos os aspectos da vida do homem. Estado e sociedade são um só corpo. b) existência de partido único de massa como instrumento de domínio guiado por um chefe ou ditador carismático; c) controle policial da população (terror policial), tendo por inimigos não apenas indivíduos, mas grupos em relação aos quais funciona a noção de culpa abstrata (por exemplo, burguês, judeu, agricultor etc.) e não a culpa concreta de cada homem; d) monopolização de todos os meios de informação e das forças armadas (uso de mecanismos de persuasão e força); e) direção centralizada da economia, sob dependência de um corpo burocrático estatal. Os regimes Totalitários 17 Adolf Hitler, chanceler e chefe de Estado da Alemanha (führer), pós-1934, cunhou características totalitárias no dito III Reich. Benito Amilcare Adrea Mussolini, um dos fundadores do fascismo italiano. Foi Primeiro-Ministro e “Il Duce” italiano (1922-1945). Os regimes Totalitários 18 O culto à personalidade é característica marcante dos regimes totalitários. Mao Tsé-Tung, primeiro Presidente da República Popular da China (1954- 1959). Vladimir Ilyich Ulyanov ou Vladimir Lênin, foi o chefe de Estado da República Federativa Socialista Soviética Russa (1918-1924) A Revolução Cultural (1966-1969). A ideologia comunista da URSS. Os regimes Totalitários 19 Outros exemplos de regimes totalitários mais antigos: A Grécia espartana, o despotismo orientale o regime calvinista de Genebra (1555-1564). Pintura em vaso espartano (550- 530 a. C.) Qin Shi Huang Di, primeiro Imperador da China (247-221 a. C.) João Calvino (1504-1564). O Fascismo 20 O fascismo foi fundado sob a imagem de Mussolini na Itália com as seguintes características: antimoderno, militarista, antirracional, antidemocrático, imperialista e anticomunista. É também antiliberal, já que nega a significação dos direitos individuais, esperando que os cidadãos funcionem em uníssono, de maneira corporativa, para a glória do Estado. Por meio do carisma o fascismo buscou angariar a população como massa de manobra para seus fins. O Nazismo 21 Além das características citadas no fascismo o nazismo agregava ainda um nacionalismo exacerbado, racismo e expansionismo militar. Nazi = Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Os símbolos máximos da Alemanha nazista centravam-se na crença de que a suástica vinculava-se a pureza e ao status ariano da população branca alemã – misticismo de Hitler em torno dos símbolos. O Stalinismo 22 Vinculado à figura de Joseph Stalin, Chefe de Estado da URSS (1929-1953). “... stalinismo reproduz e alimenta uma estrutura de pensamento único, típica dos regimes totalitaristas.” Stálin se considerava o único capaz de interpretar o marxismo. Dentre as características destacam-se as seguintes: (a) ditadura unipartidária, (b) centralização das decisões, (c) repressão à opositores, (d) culto à personalidade, (e) propaganda estatal massiva e patriotismo como guia dos trabalhadores, (f) repressão e controle da imprensa não oficial, (g) intervenção máxima na economia e nos meios de produção e militarização da sociedade. O Stalinismo 23 Atualmente a Coréia do Norte segue os parâmetros de um regime stalinista. Kim Jong-um, líder supremo da Coréia do Norte. Joseph Stálin (1878-1953), Chefe de Estado da URSS (1922-1953). O socialismo 24 É uma teoria econômica, social e política que explana o controle popular dos meios de produção e distribuição de bens e serviços. A redução de desigualdades através do acesso de cidadãos à bens e serviços além de igual oportunidade de todos. Socialismo utópico: as classes sociais resistiriam em harmonia e com os interesses comuns de todos sempre acima do lucro (teoria defendida por Robert Owen, Saint- Simon e François-Charles Fourier). O socialismo 25 Um corrente revolucionária defendeu uma mudança mais abrupta entre o atual status social e o socialismo, como foi o caso de: Karl Marx, Friedrich Engels e Vladimir Lenin. Socialismo de mercado ou socialdemocracia? Transição gradual do atual sistema para o socialismo. Neste caso apenas alguns aspectos econômicos estariam sujeitos ao controle popular. A socialdemocracia e o Estado de bem-estar social na Europa Ocidental no pós-II Grande Guerra. O socialismo de mercado chinês pós-1976 (morte de Mao). O comunismo 26 Principais pontos defendidos pela corrente: eliminação das classes sociais, estabelecendo que todas as propriedades devem estar sob o controle do Estado. Apoiam os movimentos revolucionários em outros Estados (principalmente as linhas trotskistas) que tratam de erradicar a opressão capitalista. Bibliografia DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 1995. GÓIS, G. S.; LIMA, M. M. Ciência Política. Rio de Janeiro: Estácio, 2015. STRECK, Lenio Luiz; MORAIS, José Luis Bolzan de. Ciência Política e Teoria Geral do Estado. 3. ed. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2003 27
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