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Gratuidade de justiça e assistência jurídica^

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MAYARA CRUZ
 RIO DE JANEIRO, 2020
GRATUIDADE DE JUSTIÇA E ASSISTENCIA JUDICIÁRIA GRATUITA NA ESFERA TRABALHISTA
Para darmos início, precisamos entender o que ocorre um significado e uma distinção entre gratuidade de justiça e assistência judiciária gratuita, ainda que possuam beneficiários finas em condições semelhantes. Para ingressar no jurídico, não é gratuito, tendo assim as diversas custas judiciais, temos a taxa judiciária, custas finais, honorários de sucumbências, honorários do advogado contrato e assim outras despesas que dependem do caso. Logo, com o investimento que uma ação pode demandar, certas figuras foram criadas, como a da justiça gratuita e da assistência judiciária gratuita, com o fim de garantir o direito constitucional de acesso à justiça. Diante disto, ambos os benefícios citados acima, estão resguardados àqueles financeiramente vulneráveis, ou seja, a população que não possui verba e assim não pode arcar com os valores de um processo judicial.
GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Podemos entender que justiça gratuita é o direito à gratuidade das taxas judiciárias, custas, emolumentos, despesas com editais, honorários de perito e etc., ou seja, não terá a parte um advogado fornecido pelo Estado, mas não pagará as despesas do processo. A gratuidade da justiça é uma importante possibilidade para as pessoas que são hipossuficientes terem acesso ao judiciário, visando assim a diminuição da desigualdade de condições decorrentes do contexto social e garantir seu acesso ao judiciário, pois sendo um sistema para todos, o mesmo não é sem custos, seja para obter defesa ou para dar início a um processo. A gratuidade de justiça está destacada do Art.98 ao Art.102 Novo CPC. Sendo assim, cabe ao juiz decidir caso a caso se concede ou não esse direito. Em vista do Art.98, os estrangeiros residentes no Brasil têm direito à justiça gratuita, empresas e entidades sem fins lucrativos também podem usufruir do benefício, como prevê a súmula 481/STJ 
Como ocorre o processo de justiça gratuita?
O processo de gratuidade de justiça ocorre quando a parte necessitada solicitar o benefício da justiça gratuita, esse beneficio deverá ser requerido ao juiz, que ingressará em juiz com uma ação ou responder a um processo. O pedido é simples e deverá ser feito na petição inicial quando se ingressar com a ação, devendo constar neste pedido que a parte não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem assim prejudicar seu próprio sustento ou de sua família. Com base nas provas de insuficiência que a parte deverá apresentar (recibo de pagamento, declaração de IRF, comprovação de desemprego e etc.) o juiz assim decidirá se o pedido será concedido ou não a parte interessada. Embora seja costumeiro o pedido já na petição inicial tal benefício poderá ser feito em qualquer fase do processo, como, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso e até mesmo durante a execução da sentença, de acordo com o Art.99 do Código de Processo Civil. Pois o legislador entende que a necessidade da gratuidade pode acontecer no decorrer do processo judicial. 
De acordo com a lei, o juiz somente poderá indeferir o pedido, se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade. Ao tratar desse assunto, o novo CPC traz extenso rol de despesas inseridas na gratuidade de justiça. O do Artigo 98 CPC tem nove incisos que elencam as principais despesas e custas processuais, sendo estas: 
“§ 1° A gratuidade de justiça compreende:
I - As taxas ou custas judiciais;
II - Os selos postais;
III - As despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros meios;
IV – A indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador salário integral, como se em serviço estivesse;
V - As despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames considerados essenciais;
VI - Os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de documento redigido em língua estrangeira;
VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução;
VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório;
IX - Os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido.”
Quem tem direito ao benefício?
Qualquer pessoa necessitada residente no Brasil, que vá em juízo entrar com uma ação ou para se defender, valendo lembrar que os residentes no Brasil também têm direito a justiça gratuita. Diante disse cabe citar que conforme a Súmula STJ 481, também pode-se obter o benefício s empresas e entidades sem fins lucrativos: “Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.”
Através de pesquisas, pode-se perceber que até a chegada da Lei 13.467/2017, a concessão do benefício da justiça gratuita, no processo do trabalho, estava apenas prevista no § 3° do Art.790 da CLT, que contemplava duas hipóteses de concessão, a requerimento ou de ofício: a receber salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, que era uma presunção legal de veracidade do estado de pobreza, ou, declarar, sob as penas da lei, que não possui condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. Importante ressaltar que de acordo com o Art.1° da Lei.7.115/83, “quando firmada por pessoa natural, a declaração de pobreza era presumida verdadeira, de modo que bastava que a parte juntasse declaração de pobreza, senda essa para produzir seus efeitos, precisa ser assinada pela própria parte ou por advogado com poderes específicos para tanto, de acordo com o Art.105 do Código de Processo Civil de 2015.
Após a Reforma Trabalhista, inclui-se no Art.790 o § 4° da CLT, tendo assim mudanças, onde ocorre à impossibilidade de concessão, de ofício, do benefício da justiça gratuita àqueles que recebem salário superior a 40%, já que a possibilidade de concessão está prevista no Art. § 3°, que após a Reforma Trabalhista, a hipótese contemplada era receber salário igual ou inferior a 40% no limite máximo, porém diante o novo artigo, na hipótese da parte receber salário superior a 40%, a concessão do benefício da justiça gratuita está condicionado ao seu requerimento, sendo vedada, portanto, a sua concessão de ofício pelo Magistrado. A parte que recebe o salário superior a 40%, terá que comprovar mediante documentos seus gastos mensais e que mesmo recebendo salário superior a 40%, mão possui condições de pagar às custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família.
Cabe frisar que, ocorrendo má-fé no pedido de atendimento jurídico gratuito, o beneficiário está sujeito à condenação ao pagamento de multas que podem chegar até dez vezes o valor das despesas devidas, de acordo com o parágrafo único do Art.100 do Código de Processo Civil (CPC). E para fechar, é importante destacar ainda, que, de acordo com o Art.98, § 4°, do Código de Processo Civil/2015. “A concessão de gratuidade de justiça não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as multas processuais que lhe sejam impostas”, ou seja, multa por litigância de má-fé não é isentada ao beneficiário da justiça gratuita. 
OBS: caso não haja acolhimento do pedido de Justiça gratuita feito por da declaração de hipossuficiência ou, ainda, caso haja acolhimento de um pedido para reverter esse benefício, o recurso cabível é o agravo de instrumento, de acordo com o Art.1.015, V, do NCPC. 
A parte beneficiada perdendo a causa ao final do processo, ela nãoestá livre do pagamento de despesas e honorários de sucumbência, podendo ser executada a qualquer momento em um prazo de até cinco anos, insto desde que fique demonstrado que a condição de hipossuficiência foi superada, de acordo com o Art.98°, §2 e §3 do Código de Processo Civil.
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
A assistência judiciária fundamenta-se no Art.5°, inciso LXXIV, da Constituição Federal, onde diz que “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovem insuficiência de recursos”
Segundo Ruy Pereira Barbosa, a “assistência jurídica significa não só a assistência judiciária que consiste em atos de estar em juízo onde vem a justiça gratuita, mas também a pré -judiciária e a extrajudicial ou extrajudiciária. A assistência jurídica compreende o universo, isto é, o gênero”
Entende-se assim que assistência jurídica é uma organização do Estado, que tem por finalidade a indicação de advogado ao indivíduo que pretende abrir uma ação e não tem condições financeiras de contratar um advogado particular.
A assistência jurídica gratuita pode ser pleiteada a qualquer tempo, podendo ser formulado no curso da ação, não a suspendendo, onde o juiz irá analisar, concedendo ou não o benefício de assistência, desde que comprovada a condição de hipossuficiência, para ocorrer essa afirmação o suficiente é a confirmação do estado de pobreza em uma petição inicial, alegando que não poderá arcar com as custas do processo. De acordo com o Art.4° da Lei 1060/50, “A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar às custas do processo e os honorários do advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
O trabalhador devera ter uma comprovação econômica, que será comprovada por atestado fornecido pela autoridade local do Ministério do Trabalho e Previdência Social, caso não haja autoridade no loca, o atestado deverá ser expedido pelo Delegado de Polícia, onde resida o empregado, de acordo com o Art.4°, § 3º da Lei 1.060/50 “A apresentação da carteira de trabalho e previdência social, devidamente legalizada, onde o juiz verificará a necessidade da parte.” Caso o pedido seja deferido, o juiz estipula um prazo de dois dias úteis para que o advogado fiquei ciente do patrocínio da causa do necessitado, assim concedido o benefício da assistência jurídica os personagens estão designado todos os atos do processo até a decisão final do litígio deverão ser acompanhadas todas as fases.
De acordo com o Art. 10. “São individuais e concedidos em cada caso ocorrente os benefícios de assistência judiciária, que se não transmitem ao cessionário de direito e se extinguem pela morte do beneficiário, podendo, entretanto, ser concedidos aos herdeiros que continuarem a demanda e que necessitarem de tais favores, na forma estabelecida nesta Lei.”
Nos Estados onde a defensoria não tiver organizada, os serviços deverão ser prestados por advogados contratados e conveniados, sendo esses particulares e os órgãos públicos deverão pagar pelo serviço prestado. Caso ocorra danos para pessoa carente pelos serviços não prestados pela assistência jurídica, está terá direito a pedir indenização do órgão público que deixou de cumpri sua função. Os necessitados dessa ação, são as pessoas sem condições financeiras para arcar com as despejas, pois as mesmas não podem se prejudicar no sustento da sua família, que se entende por: moradia, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e etc.
Conclui-se que, para todos terem o mesmo direito ao acesso á justiça, para lutarem pelos seus direitos, independente se for rico ou pobre, se tiver condições financeiras ou não, foram criadas as duas formas de ajuda para começar uma “luta” na justiça. As duas formas são diferentes, mas com o mesmo propósito de resultado, pois ao ingressar na justiça e arcar com seus custos não é de graça e assim se tem um valor, onde nem todos podem arcar financeiramente, logo se tem essas figuras, justiça gratuita e assistência judiciaria, afim de garantir o direito de todos. 
https://mapajuridico.wordpress.com/2015/03/09/e-desnecessario-renovar-o-pedido-de-justica-gratuita-em-cada-instancia/
https://www.cnj.jus.br/cnj-servico-quem-tem-direito-a-justica-gratuita/
http://www.editoramagister.com/noticia_23518838_LITIGANCIA_DE_MA_FE_NAO_E_INCOMPATIVEL_COM_JUSTICA_GRATUITA.aspx
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/diferenca-entre-gratuidade-judiciaria-ou-justica-gratuita-e-assistencia-juridica-gratuita/
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11707350/artigo-4-da-lei-n-1060-de-05-de-fevereiro-de-1950

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