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208100484 dissertacao HISTÓRIA DE PARNAÍBA_pdf

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UFPI – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ 
PRPPG – PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO 
CCHL – CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS 
PPGHB - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DO BRASIL 
MHB – MESTRADO EM HISTÓRIA DO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÉRGIO LUIZ DA SILVA MENDES 
 
 
 
 
 
SEM MEDIR AS PALAVRAS: 
atuações do Jornal Inovação em Parnaíba – PI (1977-1982) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teresina – PI 
2012 
 1 
SÉRGIO LUIZ DA SILVA MENDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEM MEDIR AS PALAVRAS: 
atuações do Jornal Inovação em Parnaíba – PI (1977-1982) 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em 
História do Brasil, do Centro de Ciências Humanas e Letras, da 
Universidade Federal do Piauí, como requisito para a obtenção 
do grau de Mestre em História do Brasil. 
Orientadora: Professora Dra. Claudia Cristina da Silva 
Fontineles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teresina – PI 
2012 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha Catalográfica elaborada pela bibliotecária 
Christiane Maria Montenegro Sá Lins - CRB/3 - 952 
 
M538s 
 
MENDES, Sérgio Luiz da Silva 
 
Sem medir as palavras: atuações do Jornal Inovação em Parnaíba – 
PI (1977-1982)/ Sérgio Luiz da Silva Mendes. – Teresina: Universidade 
Federal do Piauí, 2012. 
 
136f. 
Orientadora: Dra. Claudia Cristina da Silva Fontineles 
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Piauí, Centro de 
Ciências Humanas e Letras, Programa de Pós-graduação em História do 
Brasil. 
 
 1.Imprensa – Piauí – História. I. Fontineles, Claudia Cristina da 
Silva. II. Universidade Federal do Piauí. Centro de Ciências Humanas e 
Letras. Programa de Pós-Graduação em História do Brasil. III. Título. 
 CDD 079.812 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
SÉRGIO LUIZ DA SILVA MENDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEM MEDIR AS PALAVRAS: 
atuações do Jornal Inovação em Parnaíba – PI (1977-1982) 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em 
História do Brasil, do Centro de Ciências Humanas e Letras, da 
Universidade Federal do Piauí, como requisito para a obtenção 
do grau de Mestre em História do Brasil. 
Orientadora: Professora Dra. Claudia Cristina da Silva 
Fontineles. 
 
 
 
 
 
APROVADA EM_____/_____/______ 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
__________________________________________________ 
Profª. Dra. Claudia Cristina da Silva Fontineles – UFPI 
Orientadora 
 
 
__________________________________________________ 
Profº. Dr. Denílson Botelho de Deus – UFPI 
Examinador 
 
 
__________________________________________________ 
Profº Dr. Antonio Paulo de Morais Rezende – UFPE 
Examinador 
 
 
__________________________________________________ 
Profº. Dr. Francisco Alcides do Nascimento – UFPI 
Suplente 
 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha família, Luiz Carlos, Mª da 
Conceição, Wagner Mendes, Marina Sandy e 
Eline Falcão. 
 5 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 Agradecer! Este é o momento em que olhamos para trás e percebemos o quanto nossa 
caminhada foi iluminada por pessoas maravilhosas e que nos ajudaram a nos tornar o que 
somos. Agradecer é lembrar que precisamos constantemente do outro para podermos crescer, 
lutar e vencer. Portanto, este é o momento de lembrarmos das pessoas que ajudaram a 
iluminar o nosso caminho, nos fazendo crescer, nos dando forças para lutar e, principalmente, 
nos dando auxílio para vencer. 
 As primeiras pessoas que gostaria de agradecer, e dizer também que este espaço 
destinado aos agradecimentos é imensamente pequeno para dizer o quanto sou grato a eles, 
são: Maria da Conceição da Silva Mendes (minha querida mãe), mãe, te amo muito, você é a 
pessoa mais especial deste mundo! Luiz Carlos Quaresma Mendes (meu grande pai), meu 
exemplo de ser humano, pai, sou seu fã número um. Wagner José da Silva Mendes (meu 
super-irmão), és um excelente homem, tens o dom de me surpreender. Marina Sandy da Silva 
Mendes (minha doce irmã), teu sorriso encanta minha vida, tua felicidade é contagiante. E 
Eline dos Santos Falcão (minha apaixonada esposa), minha vida agora é também sua, você 
alegra os meus dias, sempre! Vocês são a minha verdadeira família, minha razão de viver. 
Obrigado pela ajuda incondicional que recebi e ainda recebo de todos vocês. 
 Não poderia deixar de lembrar do meu querido professor Frederico Osanan Lima, meu 
grande mestre, você foi decisivo para a minha vitória, obrigado pelas orientações do meu 
projeto e pelo grande apoio no processo de seleção do mestrado. Obrigado também ao 
professor Doutor Francisco de Assis de Sousa Nascimento, você abriu caminho para nós, 
parnaibanos, neste programa de mestrado. Gostaria de agradecer ao meu orientador de 
monografia, do curso de graduação em História, Idelmar Gomes Cavalcante Júnior, camarada 
essa vitória é nossa, obrigado pelas orientações iniciais deste campo do conhecimento que 
tanto nos instiga. Agradeço ao professor Cleto Sandy’s, você também me constituiu enquanto 
historiador. Obrigado a todos os professores do curso de História da UESPI de Parnaíba 
(Quixaba, Ivanilda, Marcos, Elis Regina, Mary Angélica, Joseane Zingleara), sem vocês, com 
certeza eu não estaria realizando este sonho. 
 Um agradecimento especial também para os meus grandes amigos do mestrado e da 
vida: Erasmo Carlos Amorim e Josenias dos Santos Silva. Erasmo e Josenias, obrigado por 
tudo meus camaradas, esse mestrado, sem sombra de dúvidas, não seria possível sem vocês. 
Obrigado pelo apoio, pelas conversas, pelas leituras compartilhadas, pelos favores prestados, 
pela paciência nas horas difíceis, pelo prazer das viagens de ida e volta à Teresina, por serem 
 6 
meus amigos! Não tenho palavras para dizer o quanto vocês foram fundamentais para mim, 
obrigado de coração por estarem comigo este tempo todo. Vencemos! 
 Abraço a todos os demais colegas do mestrado; abraço especial à Dona Eliete, 
obrigado pela sua dedicação ao nosso curso e o carinho especial que tens para com os 
parnaibanos. Obrigado a todos os professores do mestrado, em especial aos professores 
doutores Francisco Alcides do Nascimento, Francisco de Assis Nascimento, Alcília Afonso, 
Edwar de Alencar Castelo Branco, Teresinha Queiroz, Áurea da Paz Pinheiro e Denílson 
Botelho. Além de excelentes profissionais da educação, são formadores e construtores de 
humanidades; o carinho de vocês me tornou mais humano. Professor Francisco Alcides do 
Nascimento e professor Denílson Botelho, muito obrigado pelas intervenções na minha banca 
de qualificação, pelas indicações de leitura, as contribuições de vocês foram de um valor 
inestimável. 
 Gostaria de agradecer a dona Carmen da GEFAPE/SEDUC-PI de Teresina, você foi 
um anjo que apareceu na minha vida, realmente uma pessoa de “luz”. Agradecer também a 
hospitalidade dos meus irmãos Wagner José, Carla Raquel, Julimar Quaresma, Ítalo Cristiano 
e Leydiane Gleice, obrigado por me adotarem durante o tempo que passei em Teresina, valeu 
também pela força que cada um de vocês depositou em mim. Obrigado a todos os meus 
amigos que contribuíram de forma direta ou indireta nesta minha jornada no mestrado. 
 Obrigado também a professora de inglês Pryscila Nascimento, pela ajuda com o meu 
abstract, e aos professores Ciro Neves e Rejane Fontenele de Sousa, pela revisão gramatical 
da minha dissertação. Professores, muito obrigado pela disponibilidade de vocês! Gostaria de 
agradecer aos camaradas Reginaldo Costa e Francisco José Ribeiro pelo inestimável apoio e 
por terem cedido algumas fontes que foram fundamentais para a realização desta pesquisa. 
 E por fim, não poderia deixar de agradecer a minha orientadora e amiga professora 
doutora Claudia Cristina da Silva Fontineles. Obrigado por acreditar no meu trabalho, 
obrigado por aceitar orientar o meu trabalho, obrigado por estar sempre me auxiliando,obrigado pela força, pelos “puxões” de orelha, por estar constantemente enriquecendo minha 
escrita e se alegrar quando percebe que ela (escrita) está melhorando, cresci muito com você, 
tanto como pessoa como historiador, pode ter certeza disto. E aqui peço espaço para agradecer 
também ao professor doutor Marcelo Neto, sua ajuda foi fundamental. Professora Claudia 
Fontineles, obrigado pela paciência e pelo carinho para comigo, mesmo estando muito 
atarefada com questões profissionais e familiares sempre teve tempo para me orientar, para ter 
uma conversa franca sobre minha pesquisa. Serei eternamente grato a você! 
 Obrigado a todos vocês que fazem parte da minha vida pessoal e acadêmica! 
 7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jornalismo, independentemente de qualquer 
definição acadêmica, é uma fascinante batalha 
pela conquista das mentes e corações de seus 
alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes. 
 
Clóvis Rossi 
 8 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
Figura 1 – Legenda: Homenagem à mãe piauiense......................................................... 90 
Figura 2 – Legenda: Praça da Graça com destaque para o Coreto (centro) e Catedral (ao 
fundo), março de 1950....................................................................................................... 98 
Figura 3 – Legenda: Praça da Graça em reforma durante a década de 1970....................99 
Figura 4 – Legenda: charge sobre a P.M.P................................................................. ...105 
Figura 5 – Legenda: a pirâmide da Praça da Graça........................................................106 
Figura 6 – Legenda: tapumes ao fundo, final dos anos 1970 .........................................107 
Figura 7 – Legenda: capa da 20º edição do Jornal Inovação .................................... .....117 
Figura 8 – Legenda: estação espacial americana Skylab........................................... .....118 
Figura 9 – Legenda: capa do jornal O DIA de 2/3 de setembro de 1979 .......................121 
Figura 10 – Legenda: construção do Lago da Praça da Graça, final dos anos 1979 ......123 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
LISTA DE SIGLAS 
 
AABB – Associação Atlética Banco do Brasil 
AI – Ato Institucional 
ARENA – Aliança Renovadora Nacional 
BEP – Banco do Estado do Piauí 
CA – Centro Acadêmico 
CPDOC – Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil 
CPF – Cadastro de Pessoas Físicas 
DCE – Diretório Central dos Estudantes 
DS’s – Diretórios Setoriais 
EMBRATUR – Empresa Brasileira de Turismo 
FSESP – Fundação Serviço Saúde Pública 
GEG – Grupo de Estudos Gerais 
IHGGP – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba 
INPS – Instituto Nacional de Previdência Social 
MDB – Movimento Democrático Brasileiro 
ME – Movimento Estudantil 
NASA – National Aeronautics and Space Administration 
PDC – Partido Democrata Cristão 
PIB – Produto Interno Bruto 
PIN – Política de Integração Nacional 
PMP – Prefeitura Municipal de Parnaíba 
PSD – Partido Social Democrático 
PTB – Partido Trabalhista Brasileiro 
RFFSA – Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima 
RU – Restaurante Universitário 
SESI – Serviço Social da Indústria 
PIN – Política de Integração Nacional 
UDN – União Democrática Nacional 
UESPI – Universidade Estadual do Piauí 
UFPI – Universidade Federal do Piauí 
UNE – União Nacional dos Estudantes 
 
 10 
RESUMO 
 
 
O Brasil, na década de 1970 e início da década de 1980, foi palco de grande agitação política, 
época em que o país foi governado pelos militares e as liberdades democráticas e de expressão 
foram em grande medida suprimidas. Neste contexto, emergiram diversos veículos de 
contestação aos vários problemas enfrentados pela população brasileira, tanto no campo 
político quanto no social. Dentre as formas de contestação podemos destacar a imprensa 
alternativa tida como um dos principais espaços de luta política do país. No Piauí, este 
fenômeno também foi observado. A imprensa alternativa se fez atuante tanto na capital como 
em outros municípios do Estado. Desta maneira, a presente pesquisa teve como objetivo 
principal investigar o Jornal Inovação em Parnaíba-PI durante os anos de 1977 a 1982. Este 
periódico, tido como marginal e alternativo, foi atuante em Parnaíba desde sua emergência 
(1977) até sua extinção (1988), mas foi durante o período da administração do prefeito João 
Batista Ferreira da Silva (1977-1982) que ganhou notoriedade na cidade devido à publicação 
de várias matérias denunciando problemas enfrentados por Parnaíba, tanto no campo da 
política quanto no social, sendo destaque a luta imprimida pelos jornalistas do Inovação 
contra a reforma da Praça da Graça, decretada pelo citado prefeito no final da década de 1970. 
Para a realização da pesquisa foram fundamentais as fontes hemerográficas, as fontes orais e 
as interlocuções teóricas com autores como Michel de Certeau, Roger Chartier, Bernardo 
Kucinski, dentre outros. 
 
 
PALAVRAS-CHAVES: História. Imprensa Alternativa. Parnaíba (PI). Jornal Inovação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
ABSTRACT 
 
 
Brazil, in the 1970s and early 1980s, was the stage of considerable political unrest, a time 
when the country was ruled by the military and democratic freedoms and expression were 
largely suppressed. In this context, several medium emerged to challenge the various 
problems faced by the Brazilian population, both in politics and in social fields. Among the 
forms of contestation alternative press can be highlight as one of the main spaces of political 
struggle in the country. In Piauí, this phenomenon was noticed too. Alternative press became 
active in both the capital and in other municipalities of the state. Thus, this study aimed to 
investigate ‘Jornal Inovação’ in Parnaíba-PI during the years 1977 to 1982. This newspaper, 
considered as marginal and alternative, was active in Parnaíba since its emergence (1977) to 
its extinction (1988), but it was during the administration of the mayor João Batista Ferreira 
da Silva (1977-1982) that it gained notoriety in the city due to the publication of various items 
exposing many problems faced by Parnaíba, both in politics and in social fields, being 
highlighted the journalists of ‘Inovação’ fight against the renovation of ‘Praça da Graça’, 
enacted by the mentioned mayor in the late 1970s. Written resources, oral sources and 
theoretical dialogues with authors such as Michel de Certeau, Roger Chartier, Bernardo 
Kucinski, among others were fundamental for the research. 
 
KEYWORDS: History. Alternative Press. Parnaíba (PI). Jornal Inovação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12 
 
 
2 O BRASIL NOS TEMPOS DA DITADURA E A IMPRENSA ALTERNATIVA NOS 
ANOS 1970 ........................................................................................................................... 18 
 
 
2.1 A imprensa alternativa brasileira nos tempos da ditadura ....................................... 34 
 
 
3 ESPAÇO DE LUTA POLÍTICA: as críticas do Jornal Inovação direcionadas à 
administração da cidade de Parnaíba (1977-1982)................................................................ 52 
 
 
3.1 Artefatos de corte: o papel das poesias e artigos no Inovação ...................................... 70 
 
 
3.2 A marretada é nossa: o Inovação e o cotidiano de Parnaíba......................................... 80 
 
 
4 ESCRITA E CONTESTAÇÃO: os jornalistas do Inovação e a reforma da Praça da Graça
............................................................................................................................................... 93 
 
 
4.1 PRAÇA DA GRAÇA: lugar de memória ......................................................................93 
 
 
4.2 A reforma da Praça da Graça sob o prisma do Inovação.......................................... 103 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 126 
 
 
REFERÊNCIAS E FONTES.............................................................................................. 131 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
 
Lembro que ainda não tinha terminado de cursar a minha graduação em História pela 
Universidade Estadual do Piauí – UESPI de Parnaíba quando fui convidado, pelo meu 
professor Frederico Osanan, a participar de um Encontro de História e Cinema que seria 
realizado na cidade de Picos-PI no final do ano de 2008. Eu não teria que me preocupar com 
nada, iria participar como monitor de minicurso, todas as despesas pagas pela organização do 
evento, ainda ganharia certificado. Dessa forma, aceitei o convite. O encontro foi excelente, 
ganhei experiência e aprendi muito sobre História e Cinema, mas o que gostaria de relatar não 
é especificamente sobre esse encontro de História e sim sobre a viagem como um todo, as 
discussões no meio da estrada, principalmente durante a viagem de volta, pois dela nasceria o 
embrião da minha pesquisa de mestrado. 
 Nessa viagem que realizamos de Parnaíba a Picos foram apenas três pessoas no carro: 
professor Frederico Osanan, Sandrilene Borges (amiga do curso de História) e eu. Em meio a 
discussões sobre aula, história, cidades, viagens e músicas, o professor Frederico perguntou se 
nós não estaríamos interessados em fazer um artigo em parceria com ele. O artigo versaria 
sobre a destruição e a queima dos tapumes que encobriam a destruída Praça da Graça no ano 
de 1979. Ao explicar sobre o evento, que teria marcado considerável parcela da sociedade 
parnaibana durante o final dos anos 1970, o professor sugeriu que nós procurássemos 
entrevistar algumas pessoas que teriam participado desta destruição dos tapumes naquele ano 
e forneceu nomes que seriam acessíveis para conceder entrevistas, falou também sobre o 
Jornal Inovação, um periódico que teria acompanhado este evento. Naquele momento eu 
fiquei muito curioso e surpreso, pois se tratava de um acontecimento que teria marcado a 
história de Parnaíba e até aquele instante eu nunca tinha ouvido falar sobre nada parecido. 
 No fim da viagem agradecemos por tudo e nos despedimos já cientes de que no dia 
seguinte sairíamos a campo para fazer o levantamento das fontes. Nunca chegamos a produzir 
esse artigo juntos, não por falta de fontes ou por falta de orientação, mas é que o tempo e 
outros compromissos se encarregaram de nos dispersar e de nos diluir em outros projetos, 
outras realizações. O certo é que Sandrilene conseguiu encontrar um dos fundadores e 
produtores do Jornal Inovação, Francisco José Ribeiro, que além de conceder entrevistas 
sobre o evento da Praça da Graça ainda disponibilizou para ela todos os exemplares do 
referido jornal. 
 14 
 De posse dessas fontes, comecei a preparar um projeto para dar início à escrita da 
minha monografia que seria apresentada no final do curso de História. O tema eu já tinha 
pronto em mente, já sabia o que deveria investigar e estudar: a derrubada e a queima dos 
tapumes da Praça da Graça em Parnaíba no ano de 1979. Em meio a esse tempo participei do 
processo de seleção para o mestrado em História do Brasil, ofertado pela Universidade 
Federal do Piauí – UFPI, no final de 2009, e consegui lograr êxito antes de terminar o curso 
de História na UESPI. Portanto, tive que adiantar minha escrita da monografia para terminar o 
curso antes do tempo pré-estabelecido (2010.1), senão perderia a chance de ingressar no 
mestrado. Dessa forma, minha pesquisa teve que ser acelerada e não saiu da maneira como 
estava planejando. 
Iniciado o mestrado, após as disciplinas, discussões com minha orientadora, professora 
Dra. Claudia Fontineles, e o contato com as fontes, meu projeto inicial sofreu alterações e o 
foco da minha pesquisa passou a ser o Inovação. Isso porque as matérias veiculadas nesse 
jornal apresentavam-se mais interessantes, mais instigantes, mais chamativas do que o próprio 
evento de destruição e queima dos tapumes da Praça da Graça. Ao abrir uma página desse 
periódico, por exemplo, você poderia deparar-se com as seguintes frases escritas em letras 
garrafais: “PARNAÍBA É ATUALMENTE A CIDADE MAIS SUJA E MALTRATADA DO 
NORDESTE BRASILEIRO”1, “PARNAÍBA CIDADE SUJA PREFEITO OTÁRIO”2. 
Então desloquei meu olhar do evento de destruição dos tapumes na Praça da Graça 
porque entendi que havia outros pontos que poderiam ser explorados e investigados. Dessa 
forma, comecei a minha dissertação fazendo um exercício de escrita, relatando sobre as 
matérias veiculadas no Inovação, mas às vezes sem problematizá-las. Foi então que minha 
orientadora alertou-me sobre o perigo da narrativa histórica sem questionamentos, algo que a 
Escola dos Annales já combatia no ano de 1929. 
Retomei meu exercício de escrita, problematizando meu objeto de estudo, dialogando 
com os referenciais teóricos sugeridos pela minha orientadora e, dessa forma, a dissertação foi 
se desenvolvendo. Durante este processo inicial de produção foi de fundamental importância 
o diálogo com o livro organizado por Daniel Aarão Reis, Marcelo Ridenti e Rodrigo Patto Sá 
Motta3, o qual me possibilitou uma maior compreensão do contexto histórico no qual o Brasil 
estava imerso durante a década de 1970. E é preciso salientar que nós, historiadores, segundo 
o historiador Rogério Forastieri da Silva, trabalhamos com “uma das dimensões fundamentais 
 
1 INOVAÇÃO, Ano II, nº17, abr. 1979, p. 09. 
2 INOVAÇÃO, Ano II, nº25, dez. 1979, p. 11. 
3 REIS, Aarão Reis, RIDENTI, Marcelo, MOTTA, Rodrigo Patto Sá (orgs.). O golpe e a ditadura militar: 
quarenta anos depois (1964-2004). Bauru, SP: EDUSC, 2004. 
 15 
da existência humana: a temporalidade. [...]. [...] é preciso mostrar que existe um nexo entre 
evento e estrutura.”4. Neste caso, apresentar o Inovação imerso nas questões que norteavam o 
cenário nacional, principalmente no que diz respeito às lutas políticas e sociais. 
Dessa forma, tentei perceber se o Jornal Inovação destoava ou não de seu tempo, pois 
surgiu dentro da sociedade parnaibana no final da década de 1970, período em que o Brasil foi 
palco da ditadura militar. Nesse contexto, emergem em todo o país formas de contestação aos 
problemas enfrentados pela população brasileira, no que diz respeito principalmente aos 
campos da política e do social. E dentro destas várias formas de contestação está a imprensa 
alternativa. Esse tipo de imprensa foi, segundo Kucinski5, uma das principais formas de luta 
política encontradas pelos mais variados setores da sociedade brasileira no período em que as 
liberdades de pensamento e expressão eram quase que completamente inexistentes e a questão 
era então investigar se o Inovação, enquanto produto jornalístico, enquadrava-se dentro dessa 
vertente midiática. Passamos à difícil tarefa de analisá-lo, tentando responder a esse 
questionamento, a priori levantado. 
 A nossa pesquisa, portanto, procurou dar visibilidade ao jornal (mimeografado) da 
cidade de Parnaíba, intitulado de Inovação, durante os anos de 1977 até 1982, período esse 
que contempla a administração do então prefeito da cidade: João Batista Ferreira da Silva, 
candidato eleito pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Esse jornal surgiu em 
dezembro de 1977, idealizado por dois jovens parnaibanos – Reginaldo Costa e Francisco 
José Ribeiro – e circulou até o ano de 1992. Mas, segundo a literatura existente6 que trata 
sobre esse jornal, é durante os anos da administração do prefeito Batista Silva que esse 
periódico vai ter um papel fundamental dentro da cidade de Parnaíba, pois será um veículo de 
comunicação que irá atacar veementemente a administração do citadogestor, denunciando as 
mazelas sociais, os desmandos administrativos e o descaso da administração municipal para 
com os problemas de ordem político-social-econômico e cultural da cidade de Parnaíba. 
 No primeiro capítulo, apresentamos alguns acontecimentos que marcaram o Brasil 
durante a década de 1970 e o início da década de 1980, tais como os governos militares e 
alguns de seus desdobramentos, ou seja, o “milagre Econômico” e suas contradições, a 
 
4 Entrevista realizada por Eleonora de Lucena, publicada na Folha de S. Paulo, domingo, 10 de julho de 2011. 
(Caderno Ilustríssima). 
5 KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e Revolucionários: nos tempos da imprensa alternativa. 2ª edição revista e 
ampliada. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003. 
6 Para mais detalhes, ver: CANDEIRA FILHO, Alcenor. Seleta em verso e prosa. Parnaíba, PI: Sieart, 2010; 
CARVALHO, Elmar. Jornal Inovação: um depoimento. In: ADRIÃO NETO, et al (org). A Poesia Parnaibana. 
Teresina: FUNDEC/COMEPI, 2001; MASCARENHAS, Fábio Nadson Bezerra. Inovadores parnaibanos: a 
produção do jornal Inovação em Parnaíba de 1977 a 1982. 2009, 116f. dissertação (mestrado em História do 
Brasil) – Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, PI, 2009. 
 16 
repressão à liberdade de pensamento e expressão, a “distensão lenta e gradual”. Neste 
contexto, fizeram-se atuantes os movimentos estudantis, os filmes marginais e a imprensa 
alternativa como alguns dos elementos de contestação aos diversos problemas relacionados à 
sociedade, à política e à economia do país. A discussão sobre esses acontecimentos serviram 
de referência para situar o meu objeto de estudo no cenário nacional. E, como o Inovação é 
tido como um jornal alternativo, fez-se necessário questionar e investigar o que foi essa 
imprensa alternativa, o que ela representou para a sociedade brasileira daquele período, quais 
suas principais características, como ela atuou, dentre outras questões. Essa parte tem como 
finalidade básica responder a um questionamento fundamental de nossa pesquisa: o Inovação 
foi um jornal alternativo? Ou seja, ele (Inovação) apresentou características da imprensa 
alternativa de grande visibilidade no país como os jornais O Pasquim e Opinião? 
 No segundo capítulo tratamos exclusivamente do Jornal Inovação, focando e 
investigando as matérias que versavam sobre a cidade de Parnaíba durante os anos de 1977 a 
1982. Portanto, o objetivo principal desse capítulo foi investigar como o Jornal Inovação 
representou a cidade de Parnaíba durante os anos de 1977 a 1982, anos estes que 
corresponderam ao período de administração do então prefeito João Batista Ferreira da Silva, 
que foi eleito pelo partido emedebista parnaibano. Ao mesmo tempo, investigamos por que 
esse periódico tomou um posicionamento de ataque à administração do referido gestor. O 
recorte temporal justifica-se na medida em que é neste período que o Jornal Inovação vai 
ganhar grande evidência e destaque na cidade de Parnaíba e em outros lugares do Piauí e do 
Brasil, justamente por combater veementemente o então prefeito da cidade. Ainda no segundo 
capítulo procuramos analisar as poesias, charges, matérias e artigos veiculados em suas 
páginas a fim de compreender para que direção elas apontavam, ou seja, o que o Inovação 
escrevia sobre Parnaíba, como ele a apresentava, como estava a cidade naquele período? 
 Ao analisarmos as primeiras matérias veiculadas no Inovação, percebemos que o 
mesmo posicionava-se a favor do partido emedebista parnaibano, porém o jornal acaba se 
tornando o maior opositor de um político desta agremiação partidária, o que é um caso 
bastante interessante. Portanto, esse capítulo também procurou responder aos seguintes 
questionamentos: por que o Inovação tornou-se um dos principais opositores do Batista Silva, 
prefeito de Parnaíba durante os anos de 1977 a 1982, eleito pelo partido emedebista 
parnaibano, se os integrantes do jornal eram favoráveis aos ideais deste partido? Em que 
momento acontece a ruptura entre os jornalistas do Inovação e o prefeito da cidade? O que 
motivaria esta ruptura? 
 17 
 No terceiro e último capítulo o nosso principal objetivo foi investigar o 
posicionamento do Jornal Inovação com relação à reforma da Praça da Graça, decretada pelo 
prefeito Batista Silva. Apropriamo-nos7 de um artigo do professor Alcenor Candeira Filho, 
intitulado de O produto cultural alternativo dos anos 70 em Parnaíba, inserido em seu livro 
Seleta em Verso e Prosa, no qual o autor afirmou que João Batista Ferreira da Silva foi o 
político mais visado pelo Jornal Inovação, por conta dessa reforma. Na ocasião, a arquitetura 
da Praça da Graça foi totalmente modificada. Nesse caso, as perguntas que surgiram foram: A 
afirmação do professor Alcenor Candeira Filho tem fundamento? Por que este evento ganhou 
tanta repercussão nas páginas do Inovação? Como se posicionaram os jornalistas do Inovação 
com relação a esta reforma? Como a noticiavam? Teria sido a reforma da Praça da Graça o 
principal motivo que levaria os jornalistas do Inovação a criticar a administração do prefeito? 
 A reforma do local foi decretada no ano de 1978 e, ainda nesse ano, os trabalhos de 
reforma foram iniciados, porém já se passara quase um ano e o local que antes era um dos 
espaços mais festejados e praticados8 pelos cidadãos parnaibanos, agora se tornara um não-
lugar9. A insatisfação, pelo que podemos perceber através da literatura existente sobre esse 
episódio, é quase geral entre os parnaibanos. E o Jornal Inovação, segundo Alcenor Candeira 
Filho, “desempenhou um papel dos mais significativos, seja pelas graves denúncias 
apresentadas, seja pelo incondicional apoio dado às manifestações populares que 
determinaram o incêndio dos tapumes que cercavam o principal logradouro da cidade”.10 
 Para a construção desta dissertação foram utilizados como fontes o próprio Jornal 
Inovação, os Jornais Folha do Litoral, Norte do Piauí e O Dia. Além desses, exploramos 
imagens, poesias, artigos, revistas e outras fontes escritas que trataram sobre os temas 
abordados em nossa pesquisa. Fizemos uso também da metodologia da História Oral através 
da modalidade de história temática, tentando extrair dos entrevistados subsídios que 
 
7 Entendemos o conceito de apropriação a partir da obra de Roger Chartier o qual afirma que: “visa uma história 
social dos usos e das interpretações, relacionadas às suas determinações fundamentais e inscritos nas práticas 
específicas que os produzem.” (CHARTIER, 2002, p. 68). Portanto, em toda a dissertação quando utilizarmos 
este conceito, estaremos sob a luz de Roger Chartier. Para maiores esclarecimentos, ver: CHARTIER, Roger. À 
beira da falésia: a história entre certezas e inquietude. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2002. 
8 O conceito “praticante” é utilizado a partir da obra de Michel de Certeau, em que o sujeito constrói suas ações 
cotidianamente; o sujeito ordinário que utiliza os espaços públicos ao seu bel prazer. Durante todo o texto, 
quando esta palavra for empregada estamos nos referindo ao conceito de Certeau. Para maiores 
aprofundamentos, ver: CERTEAU, Michel de. A invenção do Cotidiano: 1. Artes de fazer. 9 ed. Rio de Janeiro: 
Vozes, 1994, p. 21. 
9 O conceito de “não-lugar” é utilizado a partir da obra de Marc Augé, em que o autor afirma se tratar de um 
espaço que não é nem definido como identitário e muito menos relacional e histórico, ou seja, um lugar que não 
guarda em sim nenhum significado. Durante o texto, quando esta expressão for utilizada, estaremos nos 
referindo como não-lugar sob o prisma de Marc Augé. Para maiores aprofundamentos, ver: AUGÉ, Marc. Não-
lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. 6ª Ed. Campinas, SP: Papirus, 1994. 
10 CANDEIRA FILHO, 2010, p. 81. 
 18 
tornassem nossa pesquisa mais consistente.Para o diálogo com as fontes foi fundamental a 
interlocução com os autores Michel de Certau, Roger Chartier, Marc Augé, Bernardo 
Kucinski, Pierre Nora, Tânia Regina de Luca, Maria Paula Nascimento, Claudia Fontineles, 
Francisco Alcides do Nascimento, dentre outros. 
 A construção desta dissertação leva em seu bojo toda uma inquietação que tive ao 
longo deste mestrado, quando comecei a rever meus posicionamentos acerca do Jornal 
Inovação. Esta pesquisa também nos possibilitou dar uma maior visibilidade à cidade de 
Parnaíba (PI) durante os anos de 1970 e 1980, o que é bastante satisfatório a nosso ver, pois as 
cidades são temas, atualmente, muito recorrentes na pesquisa histórica. Além da cidade, a 
nossa imersão no Jornal Inovação revelou ser esse um objeto de pesquisa muito instigante, 
um objeto repleto de possibilidades, direcionando-nos a discussões particularmente 
interessantes acerca da imprensa alternativa a qual se apresentou à sociedade brasileira como 
um dos principais espaços de luta política do país. 
Por fim, através das páginas do Jornal Inovação pudemos analisar como seus 
jornalistas representaram Parnaíba e seus habitantes, seus problemas tanto no campo político 
quanto no campo cultural e social, fazendo surgir assim, em nossa pesquisa, um “retrato” 
desta cidade em pleno período da ditadura militar no Brasil. Mas também, é preciso salientar 
que a Parnaíba que será apresentada neste trabalho é uma cidade gestada pelos artigos e pelas 
poesias publicados no Jornal Inovação. Não se trata, pois, de uma verdade inquestionável, um 
relato fiel ou a verdadeira imagem da cidade, mas apenas uma construção possível da mesma 
com base num dos discursos que incidiram sobre ela. Esta representação envolve percepção, 
reconhecimento e identificação que tentamos extrair dos editores, escritores e das pessoas 
envolvidas diretamente neste jornal. Uma jornada difícil, mas que nos propomos a realizar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
2 O BRASIL NOS TEMPOS DA DITADURA E A IMPRENSA ALTERNATIVA NOS 
ANOS 1970 
 
Um período muito conturbado e bastante significativo da História do Brasil, no que diz 
respeito aos movimentos sociais (com destaque para a juventude), foram as décadas de 1970 e 
1980. Estes anos foram marcados pela ditadura militar, período “agitado”, em que o Brasil 
viveu um governo autoritário. É nessa época também, mais precisamente no final da década 
de setenta, que emergem com maior força no cenário brasileiro os movimentos sociais 
contrários ao sistema político vigente e os movimentos alternativos ligados às minorias 
(políticas e numéricas). 
Esta temporalidade foi marcada, para muitos dos que a viveram, pela censura e 
também pela criatividade no campo das artes. E, sobre este período, muito ainda pode ser 
estudado e escrito, pois segundo a historiadora Paula Nascimento: 
 
[...] existe um período ainda pouco explorado pela literatura e pela 
historiografia: o período pós-luta armada, os anos da “distensão” e do 
processo de abertura política, que marcaram as décadas de 1970-80. Um 
período em que os movimentos sociais e políticos disputaram com o regime 
todos os espaços possíveis de ação política legal.11 
 
 A década de 1970, tomando como base os estudos realizados por Paula Araujo,12 foi 
um período em que a política tanto no Brasil como no mundo estava se reinventando, a 
própria política estava passando por uma revolução conceitual. 
As mudanças que estavam se processando na década de 1970 era em grande medida, 
reflexo de alguns eventos que ocorreram na década anterior como a rebelião de Maio de 1968 
em Paris e a Revolução Cultural Chinesa. Neste período, é importante ressaltar, várias partes 
do mundo passavam por modificações nos mais diversos campos do social, do econômico, do 
político e do cultural. Entravam em cena novos atores sociais, novas problemáticas. O próprio 
campo do saber historiográfico estava sofrendo mudanças, devido justamente, aos 
acontecimentos que afloraram no final da década de 1960 no mundo como um todo. 
Estes acontecimentos operaram transformações significativas na forma de perceber a 
política, os quais se refletiram em outros lugares do mundo. No Brasil, estes eventos se 
fizeram sentir nas formas de contestar, tanto o governo militar que se instalara no país durante 
 
11 ARAUJO, Maria Paula Nascimento. A utopia fragmentada: as novas esquerdas no Brasil e no mundo na 
década de 1970. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2000, p. 15. 
12 ARAUJO, 2000. 
 20 
a década de 1960, quanto os governos locais que se inseriram neste período. Evidência disto 
foi a proliferação de jornais alternativos que emergiram em quase todo o território nacional e 
lançaram em suas páginas as angústias e inquietações de uma parcela da sociedade brasileira 
descontente com os eventos que marcaram esta época, tais como a repressão, a censura, a 
falta de participação política, os desmandos administrativos, os vários problemas de ordem 
social (segurança, educação, saúde etc.), dentre outros. 
Neste sentido, refletimos sobre alguns eventos que fizeram parte da história do Brasil 
durante os anos do governo militar (1964-1984), principalmente o aparecimento da imprensa 
alternativa brasileira que foi, segundo Kucinski,13 um dos principais espaços de luta política 
do país, no intuito de situarmos nosso objeto de estudo14 no cenário nacional. 
Dessa forma, se faz necessário discutirmos sobre a política brasileira para analisarmos 
os seus desdobramentos na realidade nacional e, no início dos anos de 1970 já podemos 
destacar o governo de Emilio Garrastazu Médici, o qual havia tomado posse da presidência 
em outubro de 1969. Segundo Skidmore, Médici “era apenas um soldado profissional, que se 
opôs categoricamente à escolha do seu nome para a chefia do governo e que só cedeu por 
razões de dever militar.”15 E sob sua presidência, o Brasil vivia momentos de euforia 
econômica uma vez que, com a ajuda de Delfim Neto (ministro da Fazenda), João Paulo dos 
Reis Veloso (ministro do Planejamento), dentre outros, o país conseguiu manter a inflação 
sob controle, da mesma forma a sua dívida externa e tinha cumprido nos prazos os projetos 
governamentais.16 Além disso, “o governo foi de relativa calma. Não houve marchas 
estudantis, piquetes de trabalhadores em greve, nem comícios com a costumada oratória 
demagógica.”17 
Segundo Thomas Skidmore,18 a aparente tranquilidade que o país vislumbrava no 
início da década de 1970 era fruto de um governo que manteve, e em grande medida 
aumentou, a repressão e a censura já antes instalada pelo ex-presidente Costa e Silva (1967-
1969). Os estudantes sofreram com expulsões, torturas e prisões, práticas constantes no 
 
13 KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e Revolucionários: nos tempos da imprensa alternativa. 2ª edição revista 
e ampliada. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003. 
14 Nosso objeto de estudo é o Jornal Inovação que foi um jornal mimeografado que surgiu no final da década de 
1970 em Parnaíba, tendo a sua frente jovens piauienses, principalmente parnaibanos. Este jornal era tido, pelos 
seus próprios idealizadores – Francisco José Ribeiro e Reginaldo Ferreira da Costa – como marginal e 
alternativo. Portanto, a discussão sobre a imprensa é necessária para analisarmos se o Inovação fez parte desta 
vertente midiática. 
15 SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Castelo a Tancredo. Tradução Mario Salviano Silva. Rio de Janeiro: Paz e 
Terra, 1988, p. 211. 
16 Idem, p. 212. 
17 Idem, p. 214. 
18 SKIDMORE, 1988. 
 21 
interior das universidades as quais fizeram calar este segmento da sociedade que em tempos 
pretéritos encabeçavam grandes movimentos contra o governo militar que emergiu no Brasil 
durante a década de 1960. 
Outros segmentos que também sofreram com a repressão e a censura foram as 
guerrilhas, políticosemedebistas e principalmente a mídia (jornais, programas de rádio e 
televisão) - pois os meios de comunicação funcionavam como uma espécie de campo de 
batalha para os censores da situação. Toda e qualquer manifestação contrária à ordem vigente 
era sinônimo de perigo, portanto, impedir a circulação de palavras consideradas perigosas 
veiculadas em jornais na forma de artigos, charges e cartuns, além de evitar as ideias tidas 
como subversivas propagadas nas músicas de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, 
Chico Buarque de Holanda, Raul Seixas, dentre outros, era de extrema importância para 
garantir a manutenção da segurança nacional e controlar comportamentos.19 
Toda essa repressão, marca do governo militar desde sua implantação, era 
relativamente amenizada, segundo Skindmore, no início dos anos 1970, pela euforia da 
conquista do tricampeonato mundial pela seleção brasileira e principalmente pelo crescimento 
econômico o qual “apresentava a mais alta taxa sustentada desde os anos 1950. O PIB subiu à 
média anual de 10,9 por cento ao ano. [...]. A inflação ficou na média de 17 por cento [...]. 
Quanto às reservas, subiram de US$ 656 milhões em 1969 para US$ 6,417 bilhões em 
1973.”20 Esse cenário positivo da economia brasileira se devia ao aumento da arrecadação 
tributária, ao aumento das exportações21 e ao crescimento industrial, principalmente do setor 
automobilístico. Dessa forma, o governo militar, no início dos anos setenta, adquiria certa 
simpatia da população brasileira, sobretudo das classes sociais com alto poder aquisitivo. 
Mas é preciso relativizarmos este “cenário positivo”, pois se a economia havia 
crescido no início da década de 1970, era devido a um grande arrocho salarial e a outras 
medidas tomadas pelo governo as quais desfavoreciam grande parcela da população 
brasileira. Em História do Brasil recente (1964-1992)22, Sonia Regina de Mendonça e 
Virgínia Maria Fontes descrevem de forma interessante os contrastes da economia brasileira 
 
19 Em Parnaíba, por exemplo, esse fenômeno pode ser observado quando os jornalistas do Inovação sofreram, 
segundo informações retiradas do próprio Jornal Inovação, perseguições políticas. Iremos explorar este assunto 
nos capítulos seguintes desta dissertação. 
20 SKIDMORE, 1988, p. 276. 
21 Para Skidmore: O êxito do Brasil na área das exportações tinha várias explicações. Seus termos de intercâmbio 
melhoraram substancialmente de 1971 a 1973 e para isso foi decisivo o aumento de 137 por cento no preço 
internacional médio da soja, de 1972 a 1973, produto que o Brasil só começara a exportar no final da década de 
1960. Por outro lado, o Brasil diversificou bastante a sua pauta de exportações, procurando imprimir mais ênfase 
nos produtos industriais. (1988, p. 279) 
22 MENDONÇA, Sonia Regina de; FONTES, Virginia Maria. História do Brasil recente: 1964-1992. São 
Paulo: Ática, 2006. 
 22 
durante o chamado “Milagre Econômico”. Para as autoras, este crescimento econômico só foi 
possível por conta da “[...] erosão dos salários reais e da qualidade de vida dos 
trabalhadores.”23 Ou seja, a população teve que pagar um alto “preço social” para que este 
“milagre econômico” viesse a acontecer. Ainda, segundo Mendonça e Fontes, “o processo de 
acumulação ancorava-se num setor de bens de capital predominantemente vinculado ao 
Estado.”24 Na realidade, a acumulação de capitais estava beneficiando as grandes empresas 
oligopolistas multinacionais produtoras de bens duráveis, enquanto que as pequenas e médias 
empresas brasileiras estavam abrindo falência devido ao aumento da carga tributária 
estipulado pelo governo.25 O “milagre econômico” também alterou a estrutura da renda 
brasileira, visto que: 
 
A estrutura da renda no Brasil já era concentrada na década de 60, com os 
20% mais ricos apropriando-se de 54% da renda nacional. Sua ampliação foi 
de tal ordem que em 1970 esses mesmos 20% participaram com 62% da 
renda total, passando ainda, em 1976, para 67% da renda nacional. De forma 
inversa os 50% mais pobres da população diminuíram sua participação de 
17,7% em 1960 para 11,8% da renda total em 1976 [...].26 
 
 Como podemos observar, a relativa tranquilidade na economia nacional a qual 
Skindmore se referia, escondia a real situação em que estava imersa a grande massa de 
trabalhadores brasileiros que viam seus salários diminuírem e consequentemente sua 
participação na economia também. E da mesma forma como essas autoras compreenderam 
este “milagre econômico”, o autor Francisco Carlos Teixeira da Silva27 também afirma que o 
modelo econômico implantado pelos militares no início da ditadura “[...], embora tivesse 
conseguido deter a inflação [...] e retomar o crescimento econômico, custara, até então, a 
ampliação da pobreza [...].”28 O início dos anos setenta, então, mascarava atrás do “milagre 
econômico” a face da dura realidade econômica das classes menos favorecidas. Não bastasse 
isso, a população brasileira sofria ainda com a meningite, aumento do número de acidentes de 
 
23 MENDONÇA, 2006, p. 28. 
24 MENDONÇA, 2006, p. 31. 
25 MENDONÇA, 2006, p. 30-31. 
26 MENDONÇA, 2006, p. 32. 
27 SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. A modernização autoritária: do golpe militar à redemocratização 
1964/1984. in.: LINHARES, Maria Yedda (org.). História Geral do Brasil. 9º Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
1990. 
28 SILVA, 1990, p. 370. 
 23 
trabalho, repressão violenta, baixa qualidade no serviço público de saúde, má remuneração e 
consequente má alimentação.29 
 Já no governo de Ernesto Geisel (1974-1979), militar renomado nascido no Rio 
Grande do Sul, o Brasil assistiu ao início da chamada “distensão lenta e gradual”, em outras 
palavras, vimos à política caminhando para uma abertura democrática, devido uma das bases 
que sustentava o governo militar estar em franco declínio: o “milagre econômico”. O caso é 
que algumas medidas deveriam ser tomadas como restabelecer o próprio crescimento 
econômico, a independência do judiciário, a liberdade de imprensa e de expressão, o habeas-
corpus, liberdade de organização e apoio de ideias políticas, fim do bipartidarismo para que 
esta abertura lenta e gradual pudesse existir e, na realidade foram tomando corpo nos anos do 
governo Geisel e seu sucessor João Batista Figueiredo (1979-1984). Segundo Mendonça e 
Fontes, o período de governo destes últimos militares “[...], corresponderiam ao 
estabelecimento de estruturas mais permanentes e flexíveis de poder, consubstanciadas na 
política de ‘distensão’.”30 
 A historiadora piauiense Teresinha Queiroz também constrói uma narrativa sobre esta 
temporalidade abordada, e faz com que percebamos como este período é rico em 
eventualidades, as quais marcaram toda uma sociedade e imprimiram mudanças que até hoje 
são temas de estudos e inquietações. Segundo ela, 
 
A história brasileira do século passado, vista do final da década de 1970 até 
meados da década de 1980, tanto num ângulo geral quanto em suas 
particularidades, é de uma extraordinária riqueza de nuances e de grande 
velocidade de transformação, sendo os anos compreendidos entre 1978 e 
1985 absolutamente representativos quanto às mudanças do cenário político. 
Das promessas de abertura do regime ao movimento “diretas já”, a presença 
e a consistência das aspirações e da ação populares denotam aquela mudança 
e dão o diapasão das novas regras que se insinuam no ordenamento político 
do país.31 
 
 Através da narrativa de Queiroz, fica patente que se trata de um período em que se 
processavam transformações principalmente no que diz respeito à política e aos movimentos 
 
29 MENDONÇA, 2006, p. 68-69. Em Parnaíba, se formos observar o número de pessoas internadas na Santa 
Casa de Misericórdia nos anos 1970 e início dos 1980, notaremos uma crescente. Em 1979 tivemos um totalde 
4.608 pessoas internadas. (ALMANAQUE DA PARNAÍBA, 1979, p. 310). Em 1980 o total foi de 5.227 
pessoas internadas. (ALMANAQUE DA PARNAÍBA, 1980, p. 292). E, em 1981 o total foi de 6.171 pessoas 
internadas. (ALMANAQUE DA PARNAÍBA, 1981, p. 330). Não podemos afirmar se o número está relacionado 
ou não aos casos de meningite, mas são dados sobre a saúde pública do município que, de certa forma, 
preocupam e denotam estar em consonância com o aumento dos números nacionais no caso de problemas 
relacionados à saúde. 
30 MENDONÇA, 2006, p. 42. 
31 QUEIROZ, Teresinha de Jesus Mesquita. Do singular ao plural. Recife: Edições Bagaço, 2006, p. 203. 
 24 
sociais. O próprio momento político do Brasil, o qual vivia sob as “rédeas” do regime militar, 
propiciava o cenário perfeito para inquietações, conspirações populares e esperança de novos 
sistemas políticos vingarem em detrimento do sistema presente. Foi uma época também, 
segundo afirmou Teresinha Queiroz em artigo intitulado Política e cultura no jornal 
Inovação,32 em que grande parcela dos sujeitos desejava participar da vida política, intervir de 
alguma forma para a melhoria de suas vidas. 
De uma forma mais específica, ao tomar como fonte o Jornal Inovação, Teresinha 
Queiroz relata outros fatos que fizeram parte deste contexto conferindo mais elementos a esse 
tempo que marcou a sociedade brasileira. 
 
[...]. Assim, o sugestivo ano de 1977 vai retratado em suas ocorrências mais 
significativas: o Presidente Ernesto Geisel lança o seu Pacote de Abril; o Ato 
Complementar 104 proíbe as lideranças partidárias de se expressarem no 
rádio e na televisão; o Ministro Sílvio Frota, do Exército, é exonerado; 
deputados do MDB são cassados pelo AI-5; Oscar Niemeyer, Darcy Ribeiro 
e cerca de 10.000 brasileiros são considerados politicamente indesejáveis, e 
boa parcela deles está exilada em diversos países europeus e americanos.33 
 
 Os eventos acima mencionados são um relato de algumas medidas tomadas pelo 
governo militar numa tentativa de reprimir os contrários ao regime, mas o que a história nos 
mostra, é que ao invés dessas medidas surtirem o efeito desejado pelas autoridades, 
funcionaram mais como um incentivo a novas formas de resistências ao mesmo. Já que “[...]. 
na contramão dessa organização militar, frações do corpo político, da sociedade civil e da 
Igreja constroem, e com extraordinária habilidade, as mudanças que já advirão, em parte, no 
governo subseqüente de João Batista Figueiredo.”34 
 Como o clima de descontentamento com relação ao governo militar estava 
aumentando a cada ano, começaram a crescer também as formas de contestação a ele. E as 
formas de resistência ao regime militar se davam nos mais diversos campos da vida social, 
nos jornais, na poesia, na música, nos filmes etc. A década de 1970, além de apresentar-se 
como um período politicamente conturbado, cheio de privações com relação à comunicação, 
falta de liberdade de expressão, entre outras coisas, nos mostra também que foi palco do 
movimento contracultural35, movimento este que é revelador de toda criatividade de grande 
parcela da juventude brasileira. No âmbito regional, a juventude piauiense também fez parte 
 
32 QUEIROZ, 2006. 
33 QUEIROZ, 2006, p. 207. 
34 Idem. 
35 Sobre uma melhor compreensão do que seja Movimento Contracultural, ver: CASTELO BRANCO, Edwar de 
Alencar. Todos os dias de Paupéria: Torquato Neto e a invenção da Tropicália. São Paulo: Annablume, 2005a. 
 25 
desse movimento repleto de novas linguagens, novas inquietações, novas formas de ver o 
mundo e de intervir nele como nos mostra Frederico Osanan Lima em sua dissertação de 
mestrado realizada na Universidade Federal do Piauí (UFPI) intitulada Curto-circuitos na 
sociedade disciplinar: Super-8 e contestação juvenil em Teresina.36 
Frederico Osanan Lima faz um estudo sobre as décadas de 1970 e 1980, utilizando 
como fonte de pesquisa, filmes experimentais rodados na cidade de Teresina produzidos em 
câmeras Super-8, em que revela como parcela da juventude piauiense se comportou com 
relação às questões sociais vigentes daquele momento. 
Em certa medida, esse envolvimento da juventude piauiense com as lutas que estavam 
acontecendo a nível nacional e até mesmo o envolvimento com o movimento contracultural, 
se deve por conta do contato com alguns jornais alternativos vindos de fora e também aos 
estudantes piauienses que – em busca de melhores condições de estudos tendo como objetivos 
principais concluir os estudos secundários e ingressarem em universidades de Direito, 
Jornalismo etc., o qual conferia certo tipo de status aos mesmos – se deslocavam para outros 
Estados e ao regressarem, traziam à sua terra natal novas práticas sociais, novas inquietações, 
novas formas de perceber o mundo e a sexualidade. 
 
O deslocamento dos filhos das camadas médias locais aos grandes centros a 
fim de cursar o ensino universitário, prática presente desde as décadas 
anteriores, que no período ora descrito encontra irônico diferencial: se os 
intelectuais das décadas anteriores, após sua estadia sobretudo nas cidades 
de Olinda, Pernambuco, Salvador e, posteriormente, Fortaleza, retornavam 
ilustres profissionais liberais: médicos, advogados, farmacêuticos entre 
outros, na década de 70, com as manifestações culturais e políticas nas 
Universidades, [...] voltariam dispostos a difundir em sua cidade natal as 
novas cores, sons e práticas sexuais que haviam aprendido recentemente nas 
capitais.37 
 
 Esta aproximação com o diferente (outros centros urbanos), em grande medida, foi 
fundamental para que ocorressem mudanças em todos os setores da vida social, pois era uma 
forma de entrarem em contato com novas atitudes, novas práticas sociais, novos conceitos, 
novos modos de se vestir, de falar etc. A juventude piauiense de 1970 realmente estava 
vivendo e passando por um período de profundas mudanças. Também aqui cabe enfatizar que: 
 
 
36 LIMA, Frederico Osanan Amorim. Curto-circuitos na sociedade disciplinar: Super-8 e contestação juvenil 
em Teresina (1972-1985). 2006. 132f. Dissertação (Mestrado em História do Brasil) – Universidade Federal do 
Piauí (UFPI), Teresina, 2006. 
37 MARQUES, Roberto. Modernos marginais: memória da cidade da cultura na década de 70. In: PINHEIRO, 
Áurea da Paz; NASCIMENTO, Francisco Alcides do (org). Cidade: História e Memória. Teresina: EDUFPI, 
2004, p. 406. 
 26 
Além disso, toda a efervescência cultural vivida na década de sessenta com a 
Tropicália, o Cinema Novo, a arte ambiental e as manifestações artísticas 
mais engajadas com os problemas políticos, começava a migrar da região 
Sudeste para o Nordeste, chegando a Teresina em meados da década de 
setenta, possibilitando uma mudança – mesmo que tardia – nos padrões 
comportamentais, nas atitudes e na valoração da arte. As informações 
trazidas pelas novas mídias, pelos jornais e revistas alternativas, nas letras de 
músicas e nos poemas de artistas considerados subversivos, pelos estudantes 
que viajavam para estudar fora e pelos viajantes que transitavam pela cidade, 
tudo isso se apresentava a uma parcela da juventude teresinense da época. 38 
 
 Portanto, além das mudanças ocorridas no campo da política e do social, também 
estavam se processando no Piauí mudanças no campo da cultura. Um exemplo disso é o 
surgimento de filmes produzidos em Teresina com o uso de câmeras Super-839. Esta produção 
fílmica que se utilizava de bitolas domésticas realizada no Piauí durante a década de 1970 foi 
denominada de “marginal” justamente por se tratar de filmes não-comerciais e estarem fora 
dos grandes circuitos dos filmes brasileiros. Porém, longe de ser apenas uma diversão por 
parte dos que os idealizavam, era uma forma de contestação da realidade que os cercava. 
Entre eles podemos citar: O terror da vermelha (filme produzido por Torquato Netoem Teresina no ano de 1972); Davi Vai Guiar (filme de Durvalino Couto Filho, Teresina, 
1972); Coração Materno (filme de Haroldo Barradas, Teresina, 1974); Miss Dora (filme de 
Edmar Oliveira, Teresina, 1974); Porenquanto (filme de Carlos Galvão, Rio de Janeiro em 
1973) e Tupi Niquim (filme de Xico Pereira, RJ, 1974). 
Os filmes produzidos em Super-8 eram de caráter doméstico, mas traduziam, em certa 
medida, os anseios e angústias de uma juventude ligada às questões sociais que eram próprias 
de seu tempo. Em alguns dos filmes podemos observar como a juventude piauiense percebia e 
rebatia as formas estratégicas de captura do social por parte das autoridades governamentais, 
como é o caso do filme Davi Vai Guiar 40. 
 No Davi Vai Guiar, filme produzido por Durvalino Couto Filho, em Teresina, no ano 
de 1972, podemos observar as táticas utilizadas pela juventude para transgredir as normas e os 
padrões de comportamento tidos como “tradicionais”. Entendendo o conceito de tática tal qual 
Michel de Certeau, quando este afirma que: 
 
 
38 LIMA, 2006, p. 36. 
39 Sobre os filmes produzidos em Super-8 durante a década de 1970 ver: MONTEIRO, Jaislan Honório. 
Fotogramas Táticos: o cinema marginal e suas táticas frente às formas dominantes de pensamento. In: 
NASCIMENTO, Francisco Alcides do; VAINFAS, Ronaldo. História e Historiografia. Recife: Bagaço, 2006. 
40 Para uma melhor leitura do filme “Davi Vai Guiar” ver: LIMA, Frederico Osanan Amorim. Curto-circuitos 
na sociedade disciplinar: Super-8 e contestação juvenil em Teresina (1972-1985). 2006. 132f. Dissertação 
(Mestrado em História do Brasil) – Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, 2006. 
 27 
Denomino, ao contrário, “tática” um cálculo que não pode contar com um 
próprio, nem portanto com uma fronteira que distingue o outro como 
totalidade visível. A tática só tem por lugar o do outro. Ela aí se insinua, 
fragmentariamente, sem apreendê-lo por inteiro, sem poder retê-lo à 
distância. Ela não dispõe de base onde capitalizar os seus proveitos, 
preparar suas expansões e assegurar uma independência em face das 
circunstâncias. O “próprio” é uma vitória do lugar sobre o tempo. Ao 
contrário, pelo fato de seu não-lugar, a tática depende do tempo, vigiando 
para “captar no vôo” possibilidades de ganho.41 
 
 Com isso, fica claro que as lutas contra o poder instituído travavam-se nos mais 
diversos lugares, e os filmes “marginais” eram apenas mais um destes veículos de contestação 
social. Esta parcela da juventude contestava em seus filmes a linguagem enquanto instituinte 
da realidade (Terror da Vermelha); contestava também os instrumentos panópticos de 
controle do espaço urbano (Davi Vai Guiar); colocava em evidência a relação familiar 
procurando desconstruir a ideia de amor romântico (Coração Materno); mostrava a 
emergência da erotização do corpo feminino nos espaços públicos (Miss Dora); procurava dar 
visibilidade às diversas localidades da cidade, as subjetividades próprias do ser humano 
(Porenquanto); problematiza a dualidade litoral/sertão, dando a ver as diferenças entre o que é 
centro e o que é periférico (Tupi Niquim). 
 Os filmes “marginais” são fontes que podem ser utilizadas para observarmos alguns 
costumes, comportamentos, os quais eram próprios do período em que foram produzidos, e 
também são registros visuais importantíssimos, pois são representações de uma cidade, no 
caso Teresina, a qual já não é mais a mesma devido às modificações sofridas ao longo dos 
tempos; os filmes são elementos ilustrativos das transformações pelas quais a cidade de 
Teresina estava passando, já que a década de 1970 no Brasil, sob a liderança dos militares, se 
havia adotado como bandeira a palavra “modernização”. E é importante atentarmos para este 
conceito que, segundo Marshall Berman42, trata-se das transformações que um determinado 
espaço sofre em consequência da industrialização, dos novos aparatos e instrumentos 
tecnológicos, das novas descobertas científicas que em grande medida, vão estar a serviço da 
constante destruição do “velho” para implantar/construir o “novo”. Segundo este autor, “no 
século XX, os processos que dão vida a esse turbilhão, mantendo-o num perpétuo estado de 
vir-a-ser, vêm a chamar-se ‘modernização’”43. Neste sentido, foi criado pelos militares um 
planejamento com vistas ao desenvolvimento infra-estrutural do país. Essa era uma das 
 
41 CERTEAU, 1994, p. 46-47. 
42 BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2007. 
43 BERMAN, 2007, p. 25. 
 28 
estratégias utilizadas pelo governo federal para maquiar a grande repressão imprimida pelos 
mesmos. 
Em torno desta modernização do país foram surgindo alguns slogans, tais como: 
“Brasil, ame-o ou deixe-o” e “Brasil, conte comigo!”, na tentativa de criar em torno do país 
uma unidade nacional, um sentimento de pertencimento e ao mesmo tempo uma identidade, 
que ligariam todos rumo ao progresso da nação. É desta temporalidade que o governo utiliza a 
propaganda da Transamazônica, da conquista do tricampeonato mundial do Brasil e do 
famoso “milagre econômico brasileiro” para passar uma imagem de uma nação vitoriosa, de 
um país que estaria sendo bem administrado pelos militares. Por conta destes fatores é que na 
década de 1970 vai crescer no Brasil a ideia de uma onda modernizadora e, portanto, todos os 
Estados deveriam ser beneficiados com isso. 
A partir desta afirmativa, levantamos a seguinte questão: até que ponto o Piauí seria 
beneficiado com esta modernização propagada pelo governo? E investigando algumas obras 
que versaram sobre esta temporalidade encontramos alguns pontos os quais apresentam 
indícios de modernização da capital. Durante o governo de Alberto Silva44 (1971-1975), por 
exemplo, foram erigidas várias obras no sentido de modernizá-la. Dentro deste contexto é que 
vamos poder vislumbrar a construção de alguns dos grandes símbolos da modernidade desta 
cidade. 
 
A organização espacial da cidade de Teresina com a atuação direta do 
Estado acabou resultando em grandes construções, como pontes, avenidas e 
prédios. Assim, com a interferência do Estado, foi possível para a sociedade 
da época se deslumbrar, por exemplo, com a construção do estádio de 
futebol Albertão, [...]já que as existentes até então não exalavam nenhum ar 
de modernização. Da mesma maneira que era possível observar a 
pavimentação da Avenida Miguel Rosa e o remodelamento da Avenida Frei 
Serafim, atendendo ao crescimento demográfico da cidade e à multiplicação 
dos meios de locomoção, destacadamente os automóveis, que ganhavam 
anúncios nos jornais ao mesmo tempo em que circulavam com uma maior 
intensidade pelo centro e periferia. Do mesmo modo, receber com 
entusiasmo o campus da Universidade Federal do Piauí.45 
 
 A política brasileira nos anos 1970 tinha como palavras de ordem “modernização” e 
“desenvolvimento”, portanto, ao ser nomeado como governador do Estado do Piauí, Alberto 
 
44 Alberto Tavares Silva foi governador do Piauí durante o período de 15/03/1971 a 15/03/1975. Foi Engenheiro; 
prefeito (eleito) de Parnaíba, sua cidade natal, duas vezes. Diretor da Estrada de Ferro Central do Piauí. 
Deputado estadual. Diretor de empresa estatal de energia elétrica em Fortaleza. Presidente da Empresa Brasileira 
de Transportes Urbanos em Brasília. Terceiro governador indicado pela sistema político de março de 1964, eleito 
indiretamente. Informações extraídas do livro: TITO FILHO, José de Arimathéa. Governadores do Piauí. 3ª Ed. 
Artenova, 1978. 
45 LIMA, 2006, p. 39-40. 
 29 
Silva promoveu transformações no Estado para que o mesmo pudesse adquirir status de 
desenvolvido e moderno. Estudo interessante acerca das realizações promovidas pelo então 
governador do Piauí AlbertoSilva foi realizado por Cláudia Fontineles. A autora em artigo 
intitulado Estádio Albertão: entre a memória recitada e o apagamento de rastros46, analisa 
como o governador se utilizou dos seus feitos (principalmente das realizações referentes à 
prática futebolística: Albertão e o time Tiradentes) para permanecer na memória dos 
piauienses como o “fundador da modernização e da auto-estima piauienses.”47 
 Os avanços pelos quais o Piauí estava passando durante a década de 1970 estavam 
diretamente ligados, como bem observou Regianny Lima do Monte48, à “Política de 
Integração Nacional (PIN) e a doutrina nacional-estadista, centrados no intervencionismo 
estatal e nos pesados investimentos em infraestrutura.”49 O objetivo principal desta política 
era de certa forma acabar com o desnivelamento econômico entre os Estados brasileiros e, 
nesse caso uma das regiões menos desenvolvidos era o Nordeste o qual passou a receber mais 
atenção do governo federal. 
Dessa forma é que podemos compreender as mudanças que se processaram no Piauí 
durante este período. É nesta época que a capital do estado passa por várias reformas e entre 
elas podemos destacar as reformas do Palácio de Karnak (sede do governo estadual), do 
Teatro 4 de Setembro (principal teatro da cidade), da Praça Pedro II, do Hotel Piauí, da 
Avenida Frei Serafim (principal avenida de Teresina). Para além das reformas temos as 
construções do já citado Estádio Governador Alberto Tavares Silva, do Parque Zoobotânico 
(um local construído para ser mais um lugar de lazer para as famílias teresinenses), da sede 
das Centrais Elétricas do Piauí S/A. 
Segundo dados extraídos do livro Governadores do Piauí, de A. Tito Filho, o Piauí 
ainda assistiria neste período a implantação da reforma do ensino, com a construção de dez 
complexos escolares, o aumento da rede escolar que passaria a ter 700 novas salas de aulas, a 
construções de hospitais, a interiorização da assistência médica e odontológica, a implantação 
da rodovia Transpiauí com 400 quilômetros asfaltados, a criação da Secretaria de Cultura, a 
implantação do turismo com a criação da Empresa Piauiense de Turismo, a construção do 
monumento dos heróis da Batalha do Jenipapo em Campo Maior - com a instituição do 
 
46 FONTINELES, Cláudia Cristina da Silva. Estádio Albertão: entre a memória recitada e o apagamento de 
rastros. In. NASCIMENTO, Francisco Alcides do. (org.). Sentimentos e ressentimentos em cidades 
brasileiras. Teresina: EDUFPI; MA: Ética, 2010. 
47 FONTINELES, 2010, p. 99. 
48 MONTE, Regianny Lima do. Memória e (res)sentimentos em torno do progresso de modernização de Teresina 
durante a década de 1970. in. NASCIMENTO, Francisco Alcides do. (org.). Sentimentos e ressentimentos em 
cidades brasileiras. Teresina: EDUFPI; MA: Ética, 2010. 
49 MONTE, 2010, p. 303. 
 30 
Museu do Jenipapo, a ampliação da rede de energia e de água, a implantação domiciliar da 
rede de esgotos de Teresina, a construção da Ponte Simplício Dias em Parnaíba, a construção 
da Universidade Federal do Piauí, dentre outras realizações50. 
Entre essas construções, a Universidade Federal do Piauí vai se destacar por conta de 
ser a nova difusora de conhecimentos. Agora, além da televisão, dos jornais de circulação 
nacional e do rádio que na época já se faziam presentes nos lares de pequena parcela da 
sociedade piauiense, a UFPI também vai exercer papel fundamental na transmissão de novas 
ideias, novas leituras de mundo que inclusive vão despertar nos estudantes da capital, atitudes 
de contestação em prol do melhoramento do campus e ampliação dos cursos superiores. 
Em 15/03/1975 quem toma posse do governo do Estado do Piauí é Dirceu Mendes 
Arcovede51, que governa até 14/08/1978. Durante o seu governo, o Piauí assiste à construção 
da Colônia de Férias da autarquia em Luís Correia, a construção de estações rodoviárias em 
Floriano e Picos, o capeamento e ampliação do aeroporto de Parnaíba, a implantação de 
energia elétrica em mais de 31 cidades e 35 povoados, a instalação de 05 agências do Banco 
do Estado do Piauí (BEP) em cidades do sul piauiense, a ampliação do sistema de 
abastecimento de água, a construção de quartéis militares em Guadalupe, Corrente e Oeiras. 
Na cidade de Teresina temos a construção do Hospital Geral da Polícia Militar do Piauí, a 
construção do Parque de exposição agropecuária, a construção da Praça Monumento Da Costa 
e Silva, a construção do quartel do Corpo de Bombeiros, dentre outras realizações. O que 
pretendemos apresentar com estes dados é que o Piauí, durante a década de 1970, vai passar 
por grandes transformações que, em certa medida, se refletiram no modo de pensar, sentir e 
agir dos piauienses.52 
Mas esta modernização também foi sentida de outra forma, sobretudo pela população 
carente de Teresina. Enquanto o centro e alguns bairros da cidade melhoravam seus aspectos 
físicos, com ampliação de ruas e avenidas, construção de prédios, passeios públicos, dentre 
outras realizações, várias famílias carentes tiveram suas vidas alteradas. É que quando o 
processo de modernização começou, as famílias carentes que habitavam o centro tiveram que 
ser deslocadas para as periferias da cidade a fim de deixarem o centro da cidade mais atraente 
 
50 Sobre esses dados, ver: TITO FILHO, José de Arimathéa. Governadores do Piauí. 3ª Ed. Artenova, 1978, p. 
61 a 63. 
51 Dirceu Mendes Arcoverde (15/03/1975 a 14/08/1978). Natural de Amarante – PI. Médico; professor da 
Faculdade de medicina da Universidade Federal do Piauí; presidente do Instituto de Assistência Hospitalar; 
presidente da Fundação do Ensino Superior e diretor da Faculdade de Medicina. 
52 Sobre esses dados, ver: TITO FILHO, José de Arimathéa. Governadores do Piauí. 3ª Ed. Artenova, 1978, p. 
63 a 65. 
 31 
e menos dotado de contradições sociais. Esse foi um dos principais reflexos negativos da 
modernização da capital. 
 
Durante a década de 1970, a medida adotada pela municipalidade com 
relação aos espaços de construções irregulares tinha dupla finalidade: 
propunha a implantação do sistema viário para facilitar o tráfego em alguns 
pontos da cidade, pondo em prática uma série de demolições de barracos, 
com intuito de desobstruir a passagem para a abertura ou ampliação de 
avenidas, ao passo que expulsava a população pobre para periferia da 
cidade.53 
 
 As contradições da modernização não paravam por aí. Estas famílias que foram 
deslocadas para bairros distantes do centro, sofreram com a falta de saneamento básico, 
iluminação, abastecimento de água, falta de transporte público que atendesse a demanda e, 
principalmente, falta de segurança e assistência médica adequadas.54 Ou seja, os benefícios da 
modernização do Estado não chegaram a toda a população piauiense, nem mesmo para a da 
capital do estado, cidade desta unidade da federação que mais recebeu investimentos 
financeiros do governo militar para se tornar moderna e atraente. Em Parnaíba, as 
contradições desta propalada modernização serão discutidas no segundo e terceiro capítulos 
desta dissertação quando tomo o Jornal Inovação como fonte de pesquisa para perceber como 
estava a cidade de Parnaíba durante o final dos anos setenta e início dos anos oitenta. 
 Essas mudanças, tanto em aspectos positivos quanto negativos, que se processaram no 
Piauí e em seus habitantes, se fizeram sentir de maneira diferente em todo o Estado. Um 
exemplo que podemos citar diz respeito ao movimento estudantil. A juventude piauiense, no 
final da década de 1970, começou a reivindicar seus direitos. Portanto, uma das características 
marcantes desta década, e que não pode ser deixada de lado, é justamente os movimentos 
estudantis (ME)55. Estes movimentos surgiram com grande força no mundo como um todo no 
 
53 MONTE, 2009, p. 230. 
54 As contradiçõesdo processo de modernização da capital piauiense foram investigadas e analisadas na 
dissertação de Regianny Lima Monte. Neste trabalho, a autora aponta os reflexos negativos das transformações 
ocorridas em Teresina durante os anos 1970. Para maiores informações, ver: MONTE, Regianny Lima. A cidade 
esquecida: (res) sentimentos e representações dos pobres em Teresina na década de 1970. 2010. 237f. 
Dissertação (Mestrado em História do Brasil), Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, 2010. 
55 Em tese intitulada “Longe demais das capitais? Cultura política, distinção social e Movimento Estudantil no 
Piauí (1935-1984)”, João Junior faz um estudo criterioso, com extensas fontes, acerca do Movimento Estudantil 
piauiense. Sua pesquisa começa analisando como o movimento estudantil brasileiro foi representado pela 
historiografia que se debruçou sobre este tema, passando pela trajetória histórica deste movimento no Piauí, bem 
como a formação de sua identidade nos anos 1970 e 1980. Para maiores informações, ver: VALE JUNIOR, João 
Batista. Longe demais das capitais? Cultura política, distinção social e Movimento Estudantil no Piauí (1935-
1984). 2010. 311f. Tese (Doutorado em História Social), Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, 2010. 
Em dissertação de mestrado, Ana Sudário, realiza uma pesquisa sobre o movimento estudantil (ME) de Teresina 
apresentando as ações de jovens que lutaram por seus direitos, criando departamentos (Centros Acadêmicos – 
 32 
final dos anos sessenta, mas no Piauí, segundo o historiador Fonseca Neto, vieram a emergir 
com mais intensidade apenas no ano de 1979. 
 
Movimento Estudantil (ME) é uma expressão que traduz em tempos mais 
recentes a organização e ação dos estudantes enquanto parcela do povo 
coletivamente atuante. É um movimento social com caráter de massa, com 
forte presença na cena brasileira desde meados do século fluente.56 
 
 Segundo ainda o historiador Fonseca Neto, as ações estudantis sempre estiveram 
presentes no Brasil desde os tempos em que este ainda era dependente de Portugal, seja nos 
movimentos ligados à abolição da escravatura, seja nos movimentos ligados à adoção do 
regime republicano, ou em outros movimentos sociais. Mas é durante o período ditatorial 
encabeçado pelos militares que os movimentos estudantis receberão maior destaque devido a 
sua intensa participação nas lutas e protestos contra o regime militar. 
Neste contexto, o ME já se encontrava institucionalmente legalizado por conta da 
“criação da União Nacional dos Estudantes (UNE) em agosto de 1937, como entidade de 
âmbito federal”.57 Esta foi uma forma de tornar o ME mais organizado e forte no sentido de 
atuar com mais intensidade nas diversas lutas sociais existentes no Brasil. Aliás, o movimento 
estudantil já se apresentava como uma instituição eminentemente de caráter político. No 
Piauí, o movimento estudantil vai se tornar mais atuante após a segunda metade da década de 
1970, quando o Estado já se encontrava beneficiado com a implantação da UFPI. 
Fonseca Neto, ao traçar uma trajetória “evolutiva” do Movimento Estudantil 
piauiense, descreve como o regime militar soube “castrar” os centros representativos dos 
estudantes universitários ao criar DS’s (Diretórios Setoriais) que eram apenas “uma 
representação meramente formal, de pouca importância para os ‘representados’”58, já que 
estes estavam preocupados mais com a promoção de eventos esportivos e sociais do que estar 
presente em algum engajamento político ou de luta. Até mesmo o processo eleitoral era um 
ato meramente formal. Esta pouca participação do ME piauiense está inserido dentro do 
 
Cas) que viabilizaram suas representações e reivindicações. As tensões, contradições e conflitos em torno do 
movimento estudantil teresinense são seus principais focos. Para maiores informações, ver: SUDÁRIO, Ana 
Rosa Sudário. Falas, imagens, escritos e risos: uma história e memória do movimento estudantil universitário 
em Teresina (1979-1984). 2008, 183f. Dissertação (Mestrado em História do Brasil), Universidade Federal do 
Piauí, Teresina, 2008. Sobre a constituição do movimento estudantil brasileiro enquanto categoria histórica, ver: 
CAVALCANTE JUNIOR, Idelmar Gomes. Juventude em movimento: um estudo sobre a constituição do 
Movimento Estudantil como uma categoria histórica. 2007, 136f. Dissertação (Mestrado em História do Brasil), 
Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2007. 
56 FONSECA NETO. Movimento estudantil no Piauí anos 70. In: Cadernos de Teresina, Teresina: FCMC, nº 
18, 1994, p. 50-56. 
57 FONSECA NETO, 1994, p. 50. 
58 FONSECA NETO, 1994, p. 52. 
 33 
contexto de formação da UFPI em Teresina no início da década de 1970, mas que mais tarde, 
mais precisamente no final desta mesma década, irá dar passos significativos com relação à 
participação dos mesmos nas questões ligadas ao melhoramento e ampliação do Campus 
universitário da Universidade Federal do Piauí em Teresina. 
 
Em 1979, o clima no país era de supressão das liberdades civis e repressão 
policial, inclusive nas universidades. Na UFPI, as condições de ensino eram 
péssimas e a instituição estava dissociada da realidade do Estado, sendo 
controlada por políticos subservientes à ditadura militar.59 
 
A juventude estudantil da capital piauiense sofria limitações na sua atuação junto ao 
social por conta das intervenções realizadas pelo governo militar, dessa forma “o Grêmio do 
Liceu (um dos mais reprimidos pelo regime) foi parcialmente reativado, mas totalmente 
submetido à Direção, só podia escolher dirigentes pela via indireta”,60 todos os grêmios foram 
desfigurados, sendo eles transformados em Centros Cívicos, ou seja, mais uma forma de 
intimidar a luta estudantil. 
A reviravolta estudantil universitária, com relação à sua participação nas eleições para 
seus representantes e, por conseguinte ter uma universidade mais livre e democrática ocorreu 
com maior vigor a partir, segundo Fonseca Neto61, da palestra proferida pelo ex-ministro da 
Educação Darcy Ribeiro, o qual chegara a pouco tempo do exílio. Além disso, contribuíram 
também para uma maior mobilização estudantil o GEG (Grupo de Estudos Gerais), o qual foi 
a primeira organização não-oficial realizada por estudantes da UFPI. 
Em 1979, a chapa Travessia (chapa oposta à encabeçada pelos representantes do 
regime oficial) ganhava as eleições para a presidência do DCE (Diretório Central dos 
Estudantes), o qual deixou de ser um órgão manipulado pelas autoridades ligadas ao governo 
militar e passou a ser um DCE-livre, dando margem a representações estudantis mais 
engajadas nas lutas pela melhoria tanto da universidade quanto da sociedade em geral. Ainda 
neste ano, os estudantes piauienses participaram do congresso de Reconstrução da UNE em 
Salvador – BA. O Movimento Estudantil piauiense começava a galgar novas vitórias em prol 
da coletividade, e entre estas temos: congelamento da taxa do RU (Restaurante Universitário); 
criação de uma imprensa universitária livre de censura; direito à meia passagem etc. 
 
59 FONTENELLE, Sérgio. DCE Livre 30 anos. Teresina: Fundação Quixote, CCOM, 2009, p. 05. 
60 FONTENELLE, 2009, p. 53. 
61 FONSECA NETO. Depoimento concedido a Sérgio Luiz da Silva Mendes em 02 de junho de 2009. 
 34 
Parecia mesmo que o ano de 1979 estava mexendo com a juventude piauiense, já que a 
luta pela melhoria das condições de vida, ou seja, as lutas ligadas ao campo do macro62 se 
travavam nos mais variados lugares, e entre eles podemos citar os filmes produzidos em 
bitolas domésticas de câmeras Super-8. Os filmes marginais produzidos no início da década 
de 1970, ligadas às questões comportamentais, às questões do micro, os quais sofriam 
influência da chamada “geração Torquato Neto”63,

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