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2 periodo - Pensamento Pedagógico Brasileiro

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Introdução ao Pensamento 
Pedagógico Brasileiro 
Odesenvolvimento do pensamento pedagógico brasileiro é marcado por 
diversos elementos: elementos presentes em todas a história brasileira, 
influências históricas no sistema educacional atual, transformações sociais 
e políticas sofridas ao longo da história, influências de correntes teóricas 
oriundas de outros países, desenvolvimento e aprimoramento de 
metodologias e técnicas de investigação social e do avanço do modelo de 
sociedade sustentado na produção industrial. 
 
Por ser fruto de um movimento histórico, o Pensamento Pedagógico 
Brasileiro se sustenta em alguns elementos: 
 
 Contextualizar a criação de um sistema educacional em um país que 
estava iniciando sua trajetória após o “descobrimento” 
 Compreender a evolução do sistema educacional ao longo da história 
brasileira 
 Compreender as todas as influências sofridas ao longo da história (religiosa, 
política, econômica, cultural, científica e social) 
 Construir instrumentos que possibilitem a compreensão da educação 
brasileira atual a partir do mapeamento da história da educação brasileira. 
 
A História do Brasil e o Pensamento Pedagógico Brasileiro 
A história exerce um papel de grande relevância para qualquer análise 
social, política ou cultural de um país, assim, é impossível dissociar a 
história brasileira da história do pensamento pedagógico brasileiro. Desde 
o desenvolvimento da dialética em Hegel no século XIX, analisar o 
movimento histórico tornou-se essencial para qualquer tipo de tentativa de 
compreensão dos diversos fenômenos que impactaram a vida humana ao 
longo da história, e não seria diferente com a educação. O Pensamento 
Pedagógico Brasileiro atual é derivado de todos os acontecimentos que 
marcaram a história brasileira, sendo necessário identificar, caracterizar, 
contextualizar, compreender e analisar de maneira crítica cada um dos 
acontecimentos que influenciaram no desenvolvimento da educação ao 
longo da história. Assim, nesta disciplina buscaremos compreender cada 
momento histórico que faz parte da trajetória do Brasil desde a chegada 
dos portugueses no ano de 1550, sem descartar que os povos nativos já 
dispunham de sistemas educacionais que auxiliavam a sua organização 
social (conforme destacado por Florestan Fernandes na sua brilhante 
obra Notas sobre a educação na sociedade tupinambá). 
 
Períodos da História Brasileira 
É essencial conhecer e compreender todos os movimentos históricos que 
impactaram no desenvolvimento do Brasil desde a chegada dos 
portugueses no ano de 1500, assim, abordaremos cada um dos seguintes 
momentos da história brasileira (e as suas respectivas relações com o 
desenvolvimento da educação): 
 
 Período Colonial (1500 – 1822) – período que compreende a época que o 
Brasil era uma colônia (portanto sem autonomia) e seguia as normas 
ditadas por Portugal. 
 
 Período Imperial (1822 -1889) – período que compreende o hiato entre a 
independência brasileira e a Proclamação da República. Neste período, o 
Brasil constituiu uma monarquia independente, entretanto derivada da 
monarquia portuguesa (uma ramificação da família real portuguesa 
continuou no comando do Brasil). 
 
 Período Republicano (1889 – atual) – período que compreende do 
momento da Proclamação da República até os dias atuais. 
 
Período Republicano 
 República Velha 
 Era Vargas 
 República Populista 
 Ditadura militar 
 Nova República 
 
Correntes de pensamento que impactaram o desenvolvimento do 
Pensamento Pedagógico Brasileiro 
A educação brasileira foi “impactada” por diversas propostas pedagógicas 
e correntes de pensamento ao longo da sua história, sendo que as 
principais foram: 
 
 Educação Jesuíta 
 Iluminismo 
 Positivismo 
 Liberalismo 
 Escola Nova 
 Teoria Crítica da Sociedade – Marxismo 
 
Por fim, abordaremos cada um dos objetivos do Pensamento Pedagógico 
Brasileiro, sendo que os principais são: 
 
 Compreender a Educação Brasileira em diversos contextos e cenários 
 Compreender a “evolução histórica” da Educação Brasileira 
 Relacionar as heranças históricas com os elementos presentes no cenário 
educacional atual 
 Identificar as lacunas existentes no sistema educacional atual 
 Apresentar propostas para resolução dos problemas existentes no cenário 
educacional atual. 
 
 
Atividade extra 
Assistir o vídeo Diálogo Sem Fronteira - Sociedade, História e Educação no 
Brasil - Dermeval Saviani 
Link da Atividade: https://www.youtube.com/watch?v=O1tpIpAOZos 
 
https://www.youtube.com/watch?v=O1tpIpAOZos
 
Referência Bibliográfica 
TERRA, Márcia de Lima Elias (org). História da Educação. Biblioteca 
Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. 
RAMOS, Fábio Pestana; MORAIS, Marcus Vinícius. Eles formaram o 
Brasil. São Paulo: Contexto, 2010. 
FLORESTAN, Fernandes: O Brasil de Florestan. Belo Horizonte. 
Autêntica Editora, 2018. 
SITKOSKI, Jaime José. Paulo Freire & a Educação. Belo Horizonte: 
Autêntica Editora, 2010. 
Educação no Período 
Colonial 
Brasil Colônia 
Em 22 de abril de 1500 o Brasil foi descoberto pelo navegador português 
Pedro Álvares Cabral. 
Não. 
Não foi em 22 de abril de 1500. Foi antes, em duas hipóteses, pelo menos: 
1498, pelo português Duarte Pacheco Pereira. Ou, em janeiro de 1500, pelo 
espanhol Vicente Yañez Pinzón (mais bem documentada do que a de 
Duarte Pereira). E por que estudamos essa história de Cabral? Porque, na 
época, tanto Pacheco quanto Pinzón estavam testando os limites impostos 
pelo Tratado de Tordesilhas, de 1494, assinado por Portugal e Espanha, 
dividindo entre si as terras descobertas e a descobrir. Ambos queriam saber 
de que terras o “outro lado” iria tomar posse. Coisas da geopolítica 
renascentista – que era extremamente competitiva. Cabral tomou posse 
oficialmente. E isso foi de extrema importância, pois a partir daí Portugal 
poderia explorar as riquezas das terras tomadas, sem contestação de 
qualquer outro Estado europeu (ainda que alguns, com o passar do tempo, 
tentassem pegar algum pedaço de Brasil para outras coroas, como fizeram 
os holandeses). 
Não, Pedro Álvares Cabral não era um navegador, no sentido estrito do 
termo (alguém que sabe pilotar um navio); era um chefe militar, da mais alta 
confiança do rei. Quem guiou os navios de sua frota foram, esses sim, 
navegadores de altas competência, qualidade e experiência: Bartolomeu 
Dias, Diogo Dias e Nicolau Coelho. 
Não, o que foi descoberto em 1500 não foi o Brasil, mas a Ilha de Vera 
Cruz. Renomeada, posteriormente, como Terra de Santa Cruz. Também 
foram registradas as “opções” Terra dos Papagaios (1501) e Terra do 
Brasil (1505); e o nome Brasil, embora já conhecido como sendo o da 
árvore que era usada para produzir tintura vermelha (o pau-brasil), só 
apareceu para nomear esta nossa terra em 1527. Terra, aliás, que já tinha 
nome: para os indígenas da nação tupi, era Pindorama (algo como Terra 
das Palmeiras). 
E, não nos iludamos: não tínhamos, a princípio, importância maior para a 
metrópole portuguesa. Bons, mesmo, eram os caminhos da Ásia (Índia, 
China, Japão e outros territórios do sudeste asiático), uma vez que rendiam 
enormes lucros (lembra-se dos tais comércios de especiarias? Pois, era 
isso). Somente depois que ficou claro que, com um pouco mais de desleixo, 
Portugal teria perdido todo esse território para, em primeiro lugar, a França. 
Então, com a primeira em 1530, começaram as patrulhas costeiras, a fim 
de tentar manter a soberania lusitana por aqui. E, no decorrer de todo um 
processo, agora sim, colonizador, foram sendo construídos fortes, 
povoados e entrepostos (nos quais eram armazenadas as toras de pau-
brasil, aguardando o transporte para a Europa). Alguma coisa, entretanto, 
não estava funcionando: como trazer os nativos para a esfera de influência 
do reino português? Aí,a partir de 1549, eles entraram em cena: os jesuítas. 
 
Ordem Jesuíta 
O nome oficial da ordem jesuíta é Companhia de Jesus. 
Não companhia no sentido de ser companheiro, estar próximo; a 
companhia, nesse caso, está no sentido militar do termo, como quando se 
fala em Companhia Motorizada ou Companhia de Artilharia. A razão está 
no fato de que seu fundador, Ignácio de Loyola, era um nobre – ou seja, 
alguém que se preparou a vida toda para a guerra. Todavia, gravemente 
ferido em batalha, precisou retirar-se do cenário bélico e dar um outro rumo 
à vida. Foi então que, lendo a respeito das vidas dos santos católicos, 
decidiu-se pela vida religiosa. Com mais meia dúzia de seguidores, fundou 
a Companhia de Jesus em 1534 e o Papa Paulo III, em 1540, deu a 
autorização da Igreja para que a Ordem funcionasse. 
Estávamos em pleno processo de Contrarreforma e uma Ordem como a 
jesuítica vinha muito a calhar. Contrarreforma? Sim, foi a resposta de Roma 
à Reforma Protestante, iniciada pelo (ex) monge agostiniano Martinho 
Lutero, em Württemberg (hoje na Alemanha), em 1517. O catolicismo 
precisava de uma força extra e contar com uma organização com 
características fortemente guerreiras pareceu uma boa ideia. Os jesuítas, 
autodenominados “soldados de Cristo”, colocavam-se como 
disseminadores dos princípios cristãos; suas duas maiores atividades eram 
a catequese e a educação. Por essa razão, numa Europa que se expandia 
em imensos impérios coloniais, era grande a necessidade de missionários. 
Atenção, entretanto: não se trata de mero fervor religioso. Na verdade, é 
uma questão cultural. Estávamos em uma época de estreita ligação 
Estado-Igreja. Assim, em lugar de se forçar uma organização política, 
dentro da qual um povo deveria aceitar a existência de um rei ou imperador 
que se localizava do outro lado do Mundo; soberano este que não dispunha 
de forças armadas suficientes para fazer sentir seu poder a todos os seus 
súditos. Seria, então, muito mais fácil e seguro demonstrar que o remoto 
monarca estava intimamente ligado a um Deus que, esse sim, era 
onipresente (e, precisando, onisciente e onipotente). 
E, obviamente, para a Igreja, angariar mais almas para sua fé era, nada 
mais nada menos que sua função na Terra (e nem estou falando que ter 
poder terreno também não seria algo a se desprezar). Eis a imensa 
importância dessa união entre o Rei e Deus. Foi (e tem sido) assim nos 
Impérios Coloniais. Não foi diferente no Brasil. 
 
Catequese e Educação 
Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549, com Tomé de Souza, primeiro 
Governador Geral. Eram seis, liderados pelo Padre Manoel da Nóbrega. 
Apesar dos esforços dos portugueses, não havia jeito de se fazerem 
entender pelos nativos, tirando aquelas pequenas comunicações 
cotidianas; nada que sustentasse um discurso. E Portugal tinha um 
invejável corpo de intérpretes (o negócio das Grandes Navegações era 
levado muito a sério pelos lusos). Durante alguns anos tentaram os jesuítas 
de Nóbrega, sem resultado. Então, este dirigiu um pedido a seus 
superiores, pedindo um linguista. 
Foi assim que, em 1553 chegou ao país o jovem José de Anchieta. 
Estruturou a língua tupi nos moldes do latim – e conseguiu produzir uma 
gramática geral do idioma e um dicionário tupi-português. Os jesuítas 
também eram famosos por seus processos catequéticos bastante 
eficientes. Como funcionava isso? 
Vejamos o caso do Brasil: observaram que os índios utilizavam, tanto em 
suas festas quanto em seus rituais religiosos, teatro e música, com 
decoração muito colorida, com flores, penas e tinturas vegetais. Que 
fizeram os padres? Teatro, música, cenografia muito colorida, com flores, 
penas e tinturas vegetais! Essas peças constituem o que se chama de 
“teatro catequético”, teatro com finalidade de converter à fé católica. Eram 
momentos de grande festa, música, cantoria, a história sendo 
desenvolvida, com a presença de anjos, santos e... demônios! Sim, o Mal 
tinha que estar presente, para demonstrar como ele deveria e poderia ser 
derrotado. O texto era em português e/ou espanhol (os dois idiomas não 
eram tão diferentes à época), com citações bíblicas no obrigatório latim e 
falas de demônios em tupi. Não, nada de preconceito. As falas demoníacas 
diziam, em geral, que estavam prontos para pegar os que se afastassem 
dos ensinamentos dos padres e levar para o inferno (versão tupi). O Deus 
cristão não precisava ser chamado de Jeová. Num primeiro momento, o 
nome mais fácil, para que se entendesse de quem se estava falando, era 
Tupã, divindade suprema tupi. 
E a catequese não funcionava apenas para converter nativos; também era 
importante fazer com que os europeus e descendentes permanecessem 
cristãos. Vejamos com cuidado: um branco se encontrava, de repente, num 
lugar muito quente, com rios em abundância, nos quais os locais se 
banhavam várias vezes por dia; logo passavam a usar pouca roupa e a 
andar descalços (muito mais prático do que usar as botas ruins que tinham); 
o sexo era muito presente, sem nenhum padre para controlar (ou 
insuficientes para uma vigilância mais efetiva). 
A catequese era, sim, algo necessário, pela vontade de Deus... e a 
tranquilidade del Rey! 
 
Legado Jesuíta 
Os jesuítas vieram para cá dentro do contexto da colonização. O Superior 
Geral da Companhia de Jesus, lá na Europa, era tão poderoso que era 
chamado de “Papa Negro” (pela cor de suas vestes). E isso, obviamente, 
envolve poder político – não sem conflitos. 
Os padres estavam aqui no Brasil, sim, para colaborar com o projeto 
colonial; entretanto, não eram funcionários da coroa portuguesa, não 
deviam obediência a ela, mas à Igreja. Por essa razão, começaram os 
conflitos, em especial pela interferência dos religiosos na política de 
escravização de indígenas, base da economia de exploração. 
As animosidades cresceram com o tempo: se na segunda metade do 
século 16, no primeiro momento de uma colonização de maior 
abrangência, o trabalho catequético fosse extremamente bem vindo, ao 
longo do século 17 as relações começam a se deteriorar, uma vez que os 
conflitos cotidianos envolviam, por exemplo, o acolhimento de indígenas 
fugitivos nos aldeamentos jesuíticos chamados missões (na área de 
colonização espanhola eram as reducciones) – e as missões, utilizando 
trabalho colaborativo indígena, em lugar do trabalho escravo das 
propriedades comuns, acabavam por se tornarem mais prósperas; levando 
os desentendimentos, no clímax, à expulsão dos jesuítas de todo território 
português, por ordem do Marquês de Pombal, Secretário de Estado do rei 
D. José I, em 1759. 
Toda essa situação implicou um profundo impacto na educação em todo o 
império português, seja na Metrópole, seja nas colônias. Mas, esse é um 
assunto que veremos em outro momento. Por hora, basta nos lembrarmos 
de que, com o passar do tempo, as diferenças cessaram, os jesuítas 
acabaram por ser admitidos novamente por aqui, onde são referência no 
ensino de alta qualidade. 
 
 
Atividade extra 
Nome da atividade: A Missão, de Roland Joffé 
Link para assistir a atividade: https://www.youtube.com/watch?v=Itx-
7uMy3zc 
 
 
Referência Bibliográfica 
FERREIRA JÚNIOR, A. Apresentação. Em Aberto. v.21, n. 78 Brasília: 
2007.p.7-10. 
FERREIRA JÚNIOR, A.; BITTAR, M. Casas de bê-á-bá e colégios 
jesuíticos no Brasil do século 16. Em aberto.v. 21, n. 78. Brasília: 2007. 
p. 33-58. 
PAIVA, J. M. Educação jesuítica no Brasil colonial. In: LOPES, E.M.T.; 
FARIA FILHO, L. M.; VEIGA, C. G. (Org.). 500 anos de educação no Brasil. 
2° ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 43-60. 
VEIGA, C. G. História da educação. São Paulo: Ática, 2007. 
https://www.youtube.com/watch?v=Itx-7uMy3zc
https://www.youtube.com/watch?v=Itx-7uMy3zc
Influências do 
Renascimento e do 
Iluminismo 
Renascimento(s) 
Acostumamo-nos a chamar esse determinado período histórico no 
singular, cobrindo um espaçode tempo que engloba os séculos 15 e 16 e 
que se estendeu pela Europa Ocidental. Em nome do rigor científico – a 
que essa época mostrou-se tão cara – vamos estabelecer a verdade 
histórica. Na verdade tivemos mais de uma forma de Renascimento, em 
períodos e lugares diferentes. 
Suas primeiras manifestações, que abriram o campo para a isntalação do 
movimento ckmo um todo, começaram a acontecer no século anterior, sob 
o nome de Humanismo. Seu berço, como ocorrerá com a Renascença 
propriamente dita, foi a Península Itálica. Desde o século 13 diversas 
comunidades da Península mostraram que entendiam muito bem de 
comércio, indo buscar nos confins da Ásia o que faltava aos europeus, 
particularmente as famosas especiarias (como o cravo-da-índia, a canela-
da-china, a noz-moscada etc.), que não eram encaradas como temperos 
(tal como fazemos hoje), mas como importantíssimos conservantes – o que 
garantia o abastecimento para os meses de inverno. Evidentemente essas 
mercadorias já eram conhecidas desde a Antiguidade e, de alguma forma, 
chegavam à despensa e à mesa de europeus. O que vai, paulatinamente, 
se modificando é o aspecto profissional desse comércio, com 
abastecimento regular e melhor distribuição, facilitando as coisas para 
todos. Os bons resultados dessas empreitadas comerciais, realizadas por 
uma burguesia ascendente já vinham acontecendo há tempos, o que 
propicia uma atividade intelectual mais elevada, própria de quem não está 
pressionado pela sobrevivência. É, então que surgem Petrarcca, Dante, 
Bocaccio e outros, escritores num primeiro momento, que vão colocando 
as questões humanas no centro do pensamento – coisa que não acontecia 
desde a civilização greco-romana: essa a gênese do Humanismo. 
E é aí que reside a causa principal do Renascimento, essa prosperidade 
econômica, a princípio na Península Itálica, depois em toda a Europa 
Ocidental. Em 1453 o último polo de resistência cristã na Ásia, 
Constantinopla, cai nas mãos dos turcos, que fecham os caminhos do 
Oriente. Donos de seculares rotas de comércio, os italianos (observação: o 
termo italianos, bem como a Itália, não existiam; chamo-os assim para 
termos uma localização tradicional em mente), sem penetrar no outro 
continente, souberam como manter contatos importantes e garantiram para 
si o monopólio comercial com os asiáricos. Como toda a Europa precisava 
dos produtos importados, isso significou montanhas de dinheiro entrando 
na Itália. 
Foi assim que o Humanismo teve “caixa” para fazer renascer a cultura 
greco-romana, enterrando a Idade Média. A valorização do Homem e da 
natureza passou a ocupar o lugar do divino e do sobrenatural da Idade 
Média; a essa oposição chamamos antropocentrismo X teocentrismo (a 
partir dos termos gregos Ântropos = Homem e Theo = Deus). Isso permitiu 
a ressurreição dos conceitos e técnicas artísticos baseados na arte greco-
romana; entraram em cena a racionalidade e o rigor científico. Daí 
Michelangelo, Rafael, Donatello, Botticelli e, claro, Leonardo – que encarna 
a ideia do Universalismo: o Homem deve desenvolver ao máximo seus 
potenciais. 
As principais nações européias buscaram mudanças em seus rumos, de 
modo a livrá-las da dependência dos italianos e, ao mesmo tempo, que as 
fizessem prosperar. Assim, acontecem o Grandes 
Descobrimentos espanhóis e portugueses (século 15); a Reforma 
Protestante (século 16) entre alemães, flamengos e holandeses (que vai 
abrir caminho, num outro momento, para o surgimento do Capitalismo); e 
começam-se a construir os impérios coloniais de ingleses e franceses 
(séculos 16 e 17). Como dito no início, momentos diversos, locais diversos, 
causas diversas. Tudo isso se traduz em muita riqueza nova, com notável 
desenvolvimento no campo das artes, da literatura e das ciências, 
superando a herança clássica (Grécia e Roma). 
 
Renascença e Educação 
Uma marca importante do Renascimento foi a reforma no modo de pensar 
o ensino. Enquanto a Idade Média, na tradição escolástica das 
universidades medievais, focava sua atenção na formação de profissionais, 
como médicos, juristas e teólogos (os doutores) a educação renascentista 
buscou voltar-se para a prática, com estudos pré-profissionais, 
pretendendo chegar no tal Universalismo, acima mencionado. 
Entendendo o ser humano como dotado de infinita capacidade 
intelectual, buscar o conhecimento era essencial para o desenvolvimento 
dessa imensa capacidade. Assim, com base numa sólida formação 
humanista, o Homem Renascentista estaria apto tanto a escrever e falar 
com eloquência e sabedoria, quanto dominar artes e ciências. Estamos 
falando de alguém que tanto poderia ser um dirigente público, quanto um 
professor, um artista ou um botânico. 
Para atingir tão ambiciosos ideais, concentravam-se nos Studia 
humanitatis (que estão na origem do que hoje conhecemos 
como Humanidades), que tomavam emprestado ao medieval Trivium (trio 
das artes liberais: gramática, retórica e lógica). Desse extraíam a lógica e 
somavam filosofia, idioma grego e poesia, esta alçada a condição de 
disciplina mais importante – e essa última informação nos dá uma boa ideia 
acerca da abrangência e profundidade desses Studia humanitatis. Isso vai 
levar a uma reforma no ensino universitário; porém, mais importante, é a 
criação de colégios, os quais ofereciam estudos preparatórios do que se 
desenvolveria na Academia. 
Apenas para registro, alguns desses importantes colégios foram: Deventer 
na Holanda, São Paulo de Londres, Corpus Christi College em Oxford, o 
Colégio de Louvéne (cujo ensino era trilíngue: latim, grego e hebraico), 
o Collège de France, o Real Colégio das Artes e 
Humanidades em Coimbra, Colégio de Guyenne em Bordeaux e Colégio 
de Santa Bárbara em Paris. 
Nunca será demais lembrar, para além do que foi dito aqui, da importância 
da invenção, por Johannes Gutemberg, da prensa de tipos móveis, por 
volta de 1455. Isso deu um incrível estímulo à divulgação do conhecimento, 
a princípio em toda a Europa e, depois, no Mundo. Mencionemos, a título 
de ilustração, que Leon Battista Alberti escreveu, entre 1437 e 1441, 
uma Grammatica della língua toscana, para demonstrar que o toscano 
(base do atual italiano) tinha tanta estrutura (e importância, como ciência) 
quanto o latim. Foi a primeira gramática de língua românica (ou seja, 
derivada do latim). E, entre 1437 e 1586, foram escritas gramáticas de 
francês, português, espanhol, holandês, alemão e inglês. As primeiras! E 
que, com o advento da prensa de Gutemberg, puderam ser copiadas e 
distribuídas muito mais fácil e rapidamente, além de terem preços muito 
mais acessíveis. 
 
Século das Luzes 
Quase como consequência lógica do Renascimento, o século 18 viu surgir 
um ideário que se estendeu por praticamente toda a Europa e suas 
colônias: era o Século das 
Luzes (ou Iluminismo, Enlightenment, Lumières, Aufklärung e Ilustración – 
em português/italiano, inglês, francês, alemão e castelhano, 
respectivamente). Para buscar uma definição, vamos recorrer a um dos 
maiores nomes do período, Immanuel Kant, ao responder, exatamente, à 
questão “o que é o Iluminismo?” 
“O Iluminismo significa o abandono pelo Homem, de una infância mental da qual 
ele mesmo é culpado. Infância é a incapacidade de usar a própria razão sem a 
condução de outra pessoa. Esta infantilidade é culpável quando sua causa não 
é a falta de inteligência, mas a falta de decisão ou de valor para pensar sem ajuda 
alheia. 
Sapere aude (Atreva-se a saber!). Eis aqui o lema do Iluminismo”. 
 
Embora apontado como um fenômeno do século 18, admitamos que 
a Revolução Científica, umbilicalmente ligada à Renascença, possa 
guardar as raízes das Luzes. Notemos que, em favor dessa tese, 
importantes nomes da ciência, como Galileu, Newton, Bacon e Descartes 
foram bastante atuantes no século 17. Da mesma forma, propostas como 
o a arte neoclássica e o liberalismoeconômico, ambas do século 19, são 
decorrência natural do Iluminismo. 
Com a grande comunicação de ideias científicas, proporcionada pela 
prensa, os reflexos de sua produção logo se fizeram sentir na vida cotidiana 
– fenômeno que costumamos chamar de Primeira Revolução Industrial. 
Avanços científicos e prosperidade econômica fazem fervilhar as ideias. 
São desse período, além do já citado Kant, o Dicionário Filosófico, de 
Voltaire; O contrato social, de Rousseau; A riqueza das nações, de Adam 
Smith; O espírito das leis, de Montesquieu. Culminando essa produção está 
a Enciclopedia, de Diderot e D’Alembert. E ideias que não interferem na 
realidade são vazias: fruto dessa expansão do pensamento são a 
Independência dos Estados Unidos, a Revolução Francesa... e a 
Inconfidência Mineira. 
 
Ciência como norma 
O pensamento iluminista marca o auge do racionalismo que tem sua 
origem na antiga Grécia. E, com ele, a ideia de que, de posse do 
conhecimento o Homem pode dominar o Mundo. Esse princípio está na 
base da cultura capitalista – afinal, se eu não souber o que é isso (planta, 
minério, bicho etc.), como vou explorar economicamente? Para isso 
valoriza-se o ensino em todos os níveis. Também é o campo de domínio 
da ideia burguesa de que o Homem pode contruir a si mesmo – é a ideia 
do self made man (homem feito por si mesmo). E, de fato, embora haja 
notícias de pessoas que, dotadas somente de tino comercial, por exempo, 
ficam milionárias; são casos isolados, porém. O mais correto é permitir às 
pessoas o desenvolvimento de seus talentos naturais em instituções de 
ensino adequadas. 
Dentre as principais características do Iluminismo e que vão aparecer no 
campo do ensino, podemos destacar a razão, que será a responsável pela 
aquisição de conhecimento; a investigação, o questionamento, para 
incrementar o conhecimento da sociedade como um todo, incluindo política, 
economia e ciências que começavam a se desenvolver; a postura crítica 
diante do absolutismo monárquico e das vantagens injustas da nobreza e 
da igreja; a defesa da liberdade e da igualdade de todos perante a lei. 
Desses princípios surge, em 1787, na Prússia (hoje Alemanha) de 
Frederico II, a escola pública e obrigatória para todas as crianças de cinco 
a catorze anos. Os bons resultados fizeram com que outros países, como 
Inglaterra e França imitassem a iniciativa. Pode-se dizer que esse foi o início 
de uma das mais importantes revoluções no campo da Educação em todos 
os tempos. 
Para nós, brasileiros, o Iluminismo surge com a figura do primeiro-ministro 
português, Marquês de Pombal. Em 1759, concordando com a retirada da 
Igreja do campo da educação, expulsou a Ordem Jesuíta do território 
português. Porém, o tiro saiu pela culatra: de imediato, cerca de 20 mil 
jovens viram-se privados do ensino – e o Estado não tinha condições de 
provê-lo de uma hora para outra. A instrução superior (Universidade de 
Coimbra à frente) foi reestruturada e teve melhorias, embora o número de 
alunos caísse bastante, pois as escolas de acesso eram jesuítas e foram 
fechadas. No mesmo ano da expulsão, 1759, foi criada a Aula de Comércio, 
o primeiro curso com matiz técnico-profissional a ensinar Contabilidade no 
Mundo. 
Na tentativa de substituir o ensino jesuíta, foram criadas as Aulas Régias, 
ensino público e laico, como o restante da Europa vinha fazendo, com aulas 
de Gramática Latina, Grego e Retórica. Mais tarde, em 1770, entraram no 
currículo Filosofia Moral e Racional, Economia Política, Desenho e Figura, 
Língua Inglesa e Língua Francesa. O plano é bom; porém, a escassez de 
instalações e professores o torna quase letra morta. 
 
 
Atividade extra 
Documentário: Galileu Galilei - Gênios da Ciência(Legendado) 
Link para assistir a 
atividade: https://www.youtube.com/watch?v=mLQ6ptlofGs 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=mLQ6ptlofGs
Referência Bibliográfica 
AZEVEDO, F. de. A cultura brasileira. 4. Ed. Brasília: Ed. Da UnB, 1963. 
GOMBRICH, E. H. A história da arte. 16. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. 
GONÇALVES, N. G. Constituição histórica da educação no Brasil. 1. 
Ed. Curitiba: 2012 
HAUSER, Arnold. História Social da literatura e da arte. São Paulo: 
Mestre Jou, 1982, Vols.2. 
VEIGA, C. G. História da educação. São Paulo: Ática, 2007. 
WÖLFFLIN, Heinrich. Conceitos fundamentais da história da arte. São 
Paulo: Martins Fontes, 1984 
Reformas Pombalinas 
As reformas pombalinas iniciaram um novo momento na educação 
brasileira, tendo em vista que possibilitaram o início da ruptura com os 
modelos educacionais marcados pelo domínio da religiosidade na vida 
social dos indivíduos. No caso brasileiro, é necessário destacar que por ser 
colônia de Portugal as decisões de mudanças na organização do sistema 
educacional eram tomadas pela metrópole, assim, perceberemos que as 
reformas pombalinas tinham como objetivo reformar o sistema educacional 
de todo reino português, incluindo o Estado Português e os seus territórios 
no mundo. 
 
As reformas pombalinas receberam este nome por conta de terem sido 
lideradas por Marquês de Pombal, que foi um ilustre nobre e político 
português do século XVIII. Destaca-se que Marquês de Pombal era o título 
de nobreza de Sebastião José de Carvalho e Melo, que foi: 
 
 Primeiro-Ministro / Secretário de Estado do Reino de Portugal (1750 – 
1777) 
 Defensor do movimento iluminista em Portugal 
 Idealizador e responsável pela implementação de Reformas Iluministas no 
Reino de Portugal, sendo que as reformas propostas pelo Marquês de 
Pombal atingiram diversas áreas da sociedade, inclusive a área 
educacional. 
 As propostas apresentadas pelo Marquês de Pombal pregavam a ruptura 
com a estrutura arcaica que marcava o Reino de Portugal, buscando atingir 
elementos já presentes em outros países da Europa (que eram marcados 
pela modernização). 
 
Uma das medidas adotadas pelo Reino Português foi a criação de 
mecanismos que permitissem o controle da educação pelo Estado, 
afastando os grupos religiosos do controle educacional em todos os 
territórios sob o controle português da época. Assim, os Jesuítas, que 
mantinham um certo controle sobre o sistema educacional da época, foram 
expulsos de todos os territórios portugueses no mundo. 
No ano de 1759 os jesuítas foram expulsos de todos os territórios do Reino 
de Portugal, sendo necessário destacar que o Reino português teve 
conflitos históricos com a Companhia de Jesus – os jesuítas e os 
portugueses sempre tiveram objetivos divergentes nas colônias – inclusive 
no Brasil, tendo em vista que o poder dos jesuítas sempre incomodou os 
portugueses nas colônias, principalmente na atuação na Educação. 
 
Com a mudança de paradigma, e com o avanço do iluminismo e da ciência 
moderna, o controle do sistema educacional passou a ser visto como 
fundamental para o Estado Português, portanto, não era mais interessante 
que as ordens religiosas mantivessem seu domínio sobre o sistema 
educacional em qualquer território do Reino Português. 
 
Conforme já apresentado, as reformas pombalinas se sustentaram em um 
conjunto de medidas de ordem política e social, visando romper com o 
passado arcaico que marcou a Europa nos séculos anteriores. Assim, as 
Reformas Pombalinas extrapolaram o ambiente educacional, moldando as 
bases para uma nova organização política no Reino Português. Dentre os 
elementos de reorganização do domínio português no Brasil, que 
edificaram as Reformas Política, Educacional e Social, podemos destacar: 
 
 A extinção das capitanias hereditárias, e o domínio do Estado sobre todas 
as terras; 
 A elevação do Brasil a vice-reino de Portugal, que buscou edificar uma 
estrutura política moderna no Brasil, permitindo inclusive atividades 
econômicas que antes eram proibidas; 
 A conversão do Rio de Janeiro como nova capital da colônia – em 
substituição a Salvador; 
 A expulsãodos jesuítas e a consequente a criação de um modelo 
educacional público controlado por normas do Estado; 
 A escola passou a ser organizada para satisfazer os interesses do Estado 
(interesses políticos, comerciais e sociais); 
 Instituição de aulas voltadas para atividades profissionais, como, por 
exemplo a implementação das aulas de comércio; 
 Instituição de aulas de gramática latina, de grego e de retórica e realização 
de concurso para escolha de professores para ministrarem as aulas régias. 
 
Em uma perspectiva histórica, as reformas pombalinas deixaram diversas 
marcas e herança para a Educação Contemporânea, dentre elas podemos 
destacar: 
 
 A introdução do pensamento de “Ensino Laico no Brasil”, sob o comando 
do Estado. 
 A implementação de ideais iluministas, que sustentaram diversos 
movimentos de independência no continente americano (inclusive no 
Brasil). 
 Dificuldade na implementação das políticas públicas de educação adotadas 
nas Reformas Pombalinas, gerando um ambiente de desorganização no 
cenário educacional. Apenas em 1776 foi implementado um sistema 
educacional sistematizado sob o comando do Estado. 
 
 
Atividade extra 
Leitura do texto A educação brasileira no período pombalino: uma análise 
histórica das reformas pombalinas do ensino disponível no 
link https://www.scielo.br/j/ep/a/7bgbrBdvs3tHHHFg36c6Z9B/?lang=pt 
 
 
Referência Bibliográfica 
TERRA, Márcia de Lima Elias (org). História da Educação. Biblioteca 
Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. 
https://www.scielo.br/j/ep/a/7bgbrBdvs3tHHHFg36c6Z9B/?lang=pt
RAMOS, Fábio Pestana; MORAIS, Marcus Vinícius. Eles formaram o 
Brasil. São Paulo: Contexto, 2010. 
FLORESTAN, Fernandes. O Brasil de Florestan. Belo Horizonte: 
Autêntica Editora, 2018. 
SITKOSKI, Jaime José. Paulo Freire & a Educação. Belo Horizonte: 
Autêntica Editora, 2010. 
Educação no Período 
Imperial 
Ahistória brasileira é marcada por diversos momentos distintos, mas que 
representam a perpetuação de um modo de vida e uma forma similar de 
organização política. A independência brasileira de 1822 ficou marcada 
como um processo de continuidade das relações sociais, econômicas e, de 
certa forma, políticas do período colonial brasileiro, tendo em vista que após 
tornar-se independente de Portugal o Brasil continuou sendo governado 
pela mesma família real da qual tinha se separado. Em 1822 o Brasil torna-
se uma monarquia independente, mas continua a ser uma monarquia – fato 
atípico para os processos de independência das colônias europeias no 
mundo, destacando que o Brasil foi um país escravocrata em grande parte 
do Período Imperial. 
 
Período do Brasil Império (1822 -1889) 
É importante destacar que após a chegada da Família Real, em 1808, o 
Brasil apresentou um desenvolvimento cultural considerável, mas o direito 
à educação permanecia restrito a alguns grupos sociais. Assim, o objetivo 
fundamental da educação no Período Imperial era a formação das classes 
dirigentes. 
 
O primeiro método de ensino no Brasil Império foi o Método Lancaster ou 
“ensino mútuo” (1823) que se sustentava em processo de “monitoria, ou 
seja, após passar por um treinamento, um aluno ficaria responsável por 
“ensinar” um grupo de cerca de dez alunos, diminuindo, portanto, a 
necessidade de um número maior de professores (grande lacuna do 
sistema educacional daquele período histórico). Destaca-se que, o ensino 
superior era a preocupação exclusiva do Império, em detrimento de outros 
níveis de ensino e a educação tinha um caráter classista, ficando a classe 
pobre relegada a segundo plano, enquanto a classe dominante expandia 
cada vez mais seus privilégios. 
 
Constituição do Brasil Império - 1824 
Logo após a independência brasileira, no dia 07 de setembro de 1822, 
buscou-se elaborar um conjunto de normas legais que atendesse às novas 
necessidades do Brasil enquanto nação soberana, assim, foi outorgada a 
primeira Constituição Brasileira em 1824 pelo Imperador D. Pedro I. No 
âmbito educacional, a Constituição Brasileira de 1824 garantia apenas em 
seu Art. 179 “a instrução primária e gratuita a todos os cidadãos”. Seria um 
princípio de abertura republicana no cenário educacional brasileiro (com 
uma educação pública, laica, gratuita para todos)? No Art. 06 da Carta 
Magna não deixou dúvidas sobre quem estaria excluído do acesso 
educacional: 
 
Art. 6. São Cidadãos Brasileiros 
I. Os que no Brasil tiverem nascido, quer sejam ingênuos, ou libertos, ainda 
que o pai seja estrangeiro, uma vez que este não resida por serviço de 
sua nação. 
Assim, a Carta Magna não garantia a todos os brasileiros o acesso à 
educação primária, posto que os negros e escravos alforriados não eram 
considerados cidadãos naquela época. 
 
Lei Educacional do Brasil Império – 1827 
Logo após a outorga da Constituição de 1824 iniciaram-se os debates 
sobre a necessidade de uma legislação educacional que desse conta das 
demandas da educação brasileira, tendo em vista que os códigos legais 
que vigoravam no Brasil eram originários das reformas pombalinas, ou seja, 
ainda eram traços do período colonial brasileiro. A primeira grande Lei 
Educacional do Brasil foi outorgada em 1827, e tal legislação determinava 
que nas “escolas de primeiras letras” do Império os homens e as mulheres 
estudassem separados e tivessem currículos diferentes, por exemplo: 
 
 Em matemática, as mulheres tinham menos lições do que os homens. 
Enquanto eles aprendem adição, subtração, multiplicação, divisão, 
números decimais, frações, proporções e geometria, elas não podiam ver 
nada além das quatro operações básicas. 
 Nas aulas de português e religião, por outro lado, o conteúdo era o mesmo 
para homens e mulheres. 
 
Entretanto, é necessário ressaltar que a Lei Educacional do Brasil de 1827 
tratou dos mais diversos assuntos, como os elementos vinculados à(ao): 
 
 Descentralização do ensino 
 Remuneração dos professores 
 Ensino mútuo 
 Currículo mínimo 
 Exame de admissão de professores 
 Escolas das meninas. 
Portanto, percebemos que diversos elementos presentes no cenário 
educacional atual possuem raízes no sistema educacional proposto na 
primeira legislação educacional do período imperial brasileiro, destacando 
a relação dos seguintes elementos 
 
 
 
Atividade extra 
Assistir o vídeo “No Império chega o Ensino Secundário” 
Link da Atividade: https://www.youtube.com/watch?v=mNMvgOHkDPA 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=mNMvgOHkDPA
Referência Bibliográfica 
TERRA, Márcia de Lima Elias (org). História da Educação. Biblioteca 
Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. 
RAMOS, Fábio Pestana; MORAIS, Marcus Vinícius. Eles formaram o 
Brasil. São Paulo: Contexto, 2010. 
FLORESTAN, Fernandes: O Brasil de Florestan. Belo Horizonte: 
Autêntica Editora, 2018. 
SITKOSKI, Jaime José. Paulo Freire & a Educação. Belo Horizonte: 
Autêntica Editora, 2010. 
Movimentos Liberais e 
Positivismo na Educação 
Brasileira 
OLiberalismo e o Positivismo impactaram de maneira significativa o 
processo de formação educacional em todo o mundo, e não seria diferente 
que tais impactos ocorressem no Brasil. Os movimentos liberais são 
característicos de processos de ruptura com amarras do passado 
absolutista, tanto nas esferas política e econômica como na concepção de 
liberdades individuais e coletivas. A visão liberal de mundo consiste em 
enxergar que todos os seres humanos são dotados de capacidades para o 
trabalho e intelectuais e que todos possuem direitos naturais. Neste 
cenário, diversos processos políticos ao longo da história resultaram de 
movimentos liberais, como, por exemplo, 
 
 Revoluções Inglesas: Puritana (1640) e Gloriosa (1688) – revoluções que 
resultaram na queda do regime absolutista na Inglaterra e ascensão da 
Monarquia Constitucional (separaçãode Reinado e Governo). Foi 
essencial para o desenvolvimento das bases que edificaram a revolução 
industrial e o desenvolvimento do capitalismo. 
 Revolução Francesa (1789) – movimento liberal que derrubou a monarquia 
absolutista na França, dando início a um conjunto de reformas políticas que 
edificaram o modelo atual de Estado. Foi justamente neste contexto que 
Educação Liberal desenvolveu as suas primeiras bases. Marquês de 
Condorcet (1743-1794) idealizou um modelo de escola que fosse 
sustentada em igualdade de acesso ao sistema educacional para homens 
e mulheres, liberdade de pensamento e de convicções e ensino Laico. O 
modelo idealizado por Marquês de Condorcet ficou conhecido como 
Educação Liberal. 
 Independência dos Estados Unidos da América (1776) – fato que marcou 
o início da queda dos sistemas colônias na América, sendo que a 
Independência dos EUA influenciou o desenvolvimento de movimentos 
liberais em todo o continente americano. 
 Revolução do Porto (1820) – revolução liberal que não aceitava as 
determinações do poder monárquico de Portugal a partir do Brasil. 
Proporcionou o desenvolvimento de ideais que resultaram no 
enfraquecimento da monarquia portuguesa. 
 
Valores do Liberalismo: 
 Liberdade de todos os indivíduos de ações, pensamentos e convicções. 
 Igualdade plena entre todos os indivíduos 
 Garantia plena dos Direitos Individuais (direitos políticos, direitos sociais, 
direitos civis e direitos humanos) 
 Pedagogia Liberal: percepção liberal de que a escola tem a função de 
preparar os indivíduos para desempenhar papéis sociais, baseadas nas 
aptidões individuais. 
 
Positivismo e Ciência Moderna 
A Ciência Moderna é sustentada na articulação da observação, 
experimentação e instrumentos técnicos, já o Positivismo sustenta-se na 
concepção de que a explicação de todos os fenômenos deve partir do 
conhecimento científico, refutando qualquer explicação metafísica, sendo 
que o principal idealizador do positivismo foi Auguste Comte (1798 – 1857) 
– principal pensador do Positivismo no Século XIX e idealizador do lema 
Ordem e Progresso, que inclusive foi incorporado à bandeira brasileira após 
a Proclamação da República. Na Escola Positivista os estudos científicos 
terão plena prioridade sobre os estudos literários e a educação terá por 
objetivo principal promover o altruísmo e repreender o egoísmo. 
 
Positivismo no Brasil – Proclamação da República de 1889 
As ideias positivistas começaram a prosperar no Brasil na segunda metade 
do século XIX, levando inclusive ao fortalecimento dos movimentos 
republicanos, que pregavam o fim da monarquia e a implementação 
imediata da República. O pensamento positivista era de que se a 
monarquia era a forma de governo própria do estado teológico, o estado 
positivo ‘pacífico e industrial’ deveria ser republicano e tecnocrata. Assim, o 
Brasil fortaleceu, ao mesmo tempo, o seu sistema embrionário de produção 
industrial e os movimentos pela Proclamação da República. 
 
Liberalismo no Brasil 
Se o liberalismo é concebido como sinônimo de liberdade e de 
descentralização política, não podemos falar de liberalismo no Brasil antes 
da Proclamação da República em 1889. A Proclamação da República foi 
o ponto de partida para as reformas liberais que atingiram a educação 
brasileira no final do século XIX e início do século XX. 
 
 
Atividade extra 
Assistir o vídeo “Educação pra que? – A Escola Prussiana” 
Link da 
Atividade: https://www.youtube.com/watch?v=my5BFpVxZXY&t=10s 
 
 
Referência Bibliográfica 
TERRA, Márcia de Lima Elias (org). História da Educação. Biblioteca 
Universitária Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. 
RAMOS, Fábio Pestana; MORAIS, Marcus Vinícius. Eles formaram o 
Brasil. São Paulo: Contexto, 2010. 
FLORESTAN, Fernandes: O Brasil de Florestan. Belo 
Horizonte:Autêntica Editora, 2018. 
SITKOSKI, Jaime José. Paulo Freire & a Educação. Belo Horizonte: 
Autêntica Editora, 2010. 
A República Velha e a 
Educação Brasileira 
https://www.youtube.com/watch?v=my5BFpVxZXY&t=10s
República: teoria e prática 
Em 15 de Novembro de 1889 o Brasil deixou de ser uma Monarquia 
constitucional e passou a ser uma República. Embora isso pareça estar de 
acordo com os mais evidentes avanços políticos do final do século 19 
(afinal, a ideia de República pareceria ser bem mais moderna que a de 
Monarquia), a coisa não foi bem assim. Entretanto, como é o caso de nossa 
História, já nem há espanto possível. A frase de D. João VI, dita ao filho, 
Pedro de Alcântara (depois, Pedro I) soa como uma maldição: “se o Brasil 
tiver que se tornar independente de Portugal, que seja tu quem o faça”. Em 
nosso país, de tempos em tempos, é preciso um gesto revolucionário para 
que as coisas fiquem como sempre. E o mesmo ocorreu, obviamente, com 
a dita Proclamação da República. 
Seria motivo de anedota o fato de o Marechal Deodoro da Fonseca, que 
proclamou a República, ser monarquista, além de amigo do imperador, D. 
Pedro II. Pena que seja verdade – e que não tenha a menor graça. A 
República, para nós, veio como uma reação da classe dominante – 
importante: NUNCA confundir “classe dominante” com “governo”; este é 
deferência daquela – ao fim da escravatura. 
Deodoro não queria, o povo nem sabia o que estava acontecendo, a família 
real fora pega de surpresa. E, embora os ideais republicanos sejam da mais 
alta qualidade, e estivessem presentes nas intenções de parte dos 
revoltosos, esses ideais não eram o pensamento dominante para a maior 
parte da oficialidade ou do poder econômico. Afinal, do modelo republicano 
derivariam ideias como democracia, voto direto e secreto, educação laica e 
para todos, estado laico, tripartição efetiva dos poderes, justiça social, fim 
dos privilégios de classe – para citar apenas alguns. 
Não foi isso que se viu, entretanto. 
 
Choque de Realidade 
Poderíamos eleger vários pontos para começar. Por exemplo, o fim da 
escravidão não foi alvo de um planejamento, o que gerou uma 
desigualdade absurdamente gritante e que dura até hoje, passados mais 
de 120 anos. 
Evidentemente, após o 13 de maio de 1888 houve muita comemoração; 
liberdade, venha como for, deve ser comemorada, mesmo. Entretanto, 
passada a euforia inicial, veio a questão: o que fazer com as centenas de 
milhares de pessoas (algo em torno de 700 mil) que se viram, 
repentinamente, sem qualquer perspectiva de sustento, moradia etc. 
Muitos grupos de ex-escravizados, por exemplo, não queriam viver 
próximos às fazendas de onde foram libertos, dirigindo-se para outras 
localidades ou, mesmo, para as cidades. Os salários oferecidos (quando 
havia salários) eram baixíssimos. As levas de migrantes estavam chegando 
da Europa (e, depois, da Ásia), disputando lugar com os libertos. Não havia 
qualquer perspectiva de reforma agrária, o que ocuparia uma boa parte 
daquela imensa força de trabalho. E, quem estivesse na rua sem trabalho 
podia ser – e era, é claro, - preso por vadiagem. Porém, esse era apenas 
um de nossos problemas 
Como dito acima, a República veio para mudar uma situação, sem que a 
situação fosse, de fato, mudada. Era, como sempre, um re-arranjo dos 
grupos que disputavam o poder (todos dentro da mesma classe social). 
 
Projeto de Educação 
Todavia, alguma coisa foi pensada para prover nossa gente com 
Educação. Assim como a própria República, a educação recebeu forte 
influência da doutrina positivista, do filósofo francês Auguste Comte. A 
primeira reforma educacional republicana se deu por decisão de Benjamin 
Constant, Ministro da Instrução Pública, Correios e Telégrafos – foi a 
primeira vez que o ensino brasileiro atingia o status de ministério. 
Como é base do positivismo, sejamos práticos – o que se deu pela 
importância dedicada às disciplinas como matemática e física, em 
detrimento das ligadas às áreas humanas, como defendido no tempo doimpério. O problema é que, com a falta crônica de recursos e professores, 
a Constituição Republicana de 1891 deixava para o governo federal apenas 
a Educação no Distrito Federal; aos governos estaduais recomendava-se 
que administrasse o ensino em seus territórios e, aos mais pobres, que 
dividissem a carga entre seus municípios- tão ou mais pobres. Com a 
contrariedade da elite (o que incluía a Igreja), o projeto não foi muito além; 
porém, iniciou a discussão acerca do tema educação. 
E, dessas discussões, surgiram propostas, como a adotada pelo governo 
paulista (implementada entre 1982 e 1896), a dos grupos escolares: um 
prédio, várias salas, com os alunos divididos por séries e idades. Essa 
prática foi a estrutura da escola pública brasileira até a segunda metade do 
século 20. Surgiu a necessidade de direção, cargo ocupado por homens a 
partir de 1894; professoras eram mulheres, por aceitarem salários mais 
baixos e – importante notar – ser uma função feminina socialmente aceita. 
 
Decadência do Modelo 
O momento em que se vivia a Belle Époque (em francês, Bela Época, que 
pega os últimos 20 anos do século 19 e termina com a Primeira Grande 
Guerra) até, pelo menos, 1929, foi marcante para todo o Mundo: divisão da 
África entre as potências européias, Holocausto Armênio, Primeira Guerra 
Mundial, Revolução Russa, Quebra da Bolsa de Nova Iorque, ascensão do 
fascismo na Itália – para citar apenas alguns eventos de maior 
envergadura. Desde o fim dos anos 1870 as ciências e as artes 
experimentaram verdadeiras revoluções: psicanálise, radioatividade, 
impressionismo, cubismo, dadá, expressionismo, radiofonía, cinema, 
futurismo e inúmeros etcéteras. 
Já, entre nós, a arte não sofreu nenhuma modificação digna de nota 
(mesmo a Semana de Arte Moderna de 1922 ficou restrita à elite 
intelectualizada); o rádio era para ricos, cinema era puro entretenimento – 
onde havia. Tivemos movimentações político-militares, como sempre, com 
destaque para a campanha de Canudos, a Guerra do Contestado e o 
Cangaço. Houve, ainda, o Tenentismo (que desaguou na Coluna Prestes) 
e vigorava a Política do Café-com-Leite – esses dois itens terão lugar de 
estudo mais para frente. 
Aquilo que chamamos de “República Velha” durou de 1889 a 1930– que 
estava bem longe de ser uma democracia plena. 
Por exemplo, mulheres, analfabetos e militares estavam impedidos de 
votar. Isso reduzia bem o que entendemos como eleitorado, não? 
Se esse era o estado de coisas na República Velha, por que não mudar? 
Porque não havia mobilização popular suficiente para modificar essa 
situação. Ou seja, qualquer alteração neste quadro deveria partir, mais uma 
vez, dos próprios arranjos e rearranjos intestinos da mesma elite que 
conduzia esses processos sociais. 
Para isso acontecer, alguém exagerou na sensação de poder; na sua 
condição de ser intocável, incontestável. Foi rompido o acordo da Política 
do Café-com-Leite. 
O candidato da oposição não se conformou. Seu nome era Getúlio Vargas. 
E isso é tema para outra história. 
 
 
Atividade extra 
Nome da atividade: História do Brasil – República Velha – com Boris Fausto 
Link para assistir a atividade: https://www.youtube.com/watch?v=U5L6-
3OHcaE 
 
 
Referências Bibliográficas 
https://www.youtube.com/watch?v=U5L6-3OHcaE
https://www.youtube.com/watch?v=U5L6-3OHcaE
AZEVEDO, F. de. A cultura brasileira. 4. Ed. Brasília: Ed. Da UnB, 1963. 
VEIGA, C. G. História da educação. São Paulo: Ática, 2007. 
GONÇALVES, N. G. Constituição histórica da educação no Brasil. 1. 
Ed. Curitiba: 2012. 
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete 
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Dicionário Interativo da 
Educação Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix, 2001. Disponível 
em: <https://www.educabrasil.com.br/manifesto-dos-pioneiros-da-
educacao-nova/>. Acesso em: 22 de mai. 2019. 
A Industrialização e a 
Educação 
Asociedade moderna é marcada pelo elevado desenvolvimento industrial, 
e tal fato é um elemento central para a compreensão do modo de vida, das 
relações sociais estabelecidas na sociedade, do tipo de trabalho utilizado 
na sociedade e também pela organização do sistema educacional da 
sociedade contemporânea. Neste sentido, é necessário compreender 
como o processo de sistematização do sistema industrial moderno se 
consolidou ao longo dos últimos séculos, tendo como referência o processo 
de industrialização brasileiro. 
 
https://www.educabrasil.com.br/manifesto-dos-pioneiros-da-educacao-nova/
https://www.educabrasil.com.br/manifesto-dos-pioneiros-da-educacao-nova/
A Revolução Industrial e o Novo Trabalho 
Revolução Industrial - transformação do sistema de produção de 
mercadorias, aumentando a produtividade e gerando “especialização do 
trabalho”. Entre os séculos XVII e XIX, a sociedade passou por diversas 
transformações sociais rápidas e intensas, que foram originadas por 
diversos acontecimentos de ordem produtiva e econômica (classificados 
posteriormente como Revolução Industrial). O desenvolvimento de 
equipamentos tecnológicos alterou toda a forma de relacionamento, 
existente até então, entre os indivíduos, sendo que a produção deixou de 
ser realizada de maneira artesanal e passou a ser realizada de maneira 
organizada e padronizada, principalmente, com o desenvolvimento de 
máquinas e novos métodos produtivos. A sociedade passou a se organizar 
a partir da nova modalidade produtiva, ou seja, a revolução industrial mudou 
completamente a forma de organização existente até então na sociedade. 
 
Nova forma de trabalho na Sociedade Industrial: o trabalho assalariado 
passou a ser o modelo de trabalho industrial, sustentando a construção de 
uma nova forma de organização social: divisão da sociedade em classes 
sociais derivadas da posição dos indivíduos no meio produtivo (a classe 
burguesa é a proprietária do meio de produção e o proletariado é a classe 
trabalhadora). No trabalho assalariado, o trabalhador passa a receber um 
determinado valor pela sua força de trabalho, sendo que tal valor é 
estabelecido em um acordo com dono do meio produtivo (futuros 
proprietários dos produtos a serem produzidos pelo trabalhador). 
 
Qualificação dos Trabalhadores 
Na sociedade industrial o sistema educacional passou a ser organizado 
para a qualificação de trabalhadores, sendo que alguns elementos são 
essenciais para a consolidação deste processo: 
 O letramento e a preparação para a execução de funções nas fábricas se 
tornaram fundamentais para a sociedade industrial. 
 O Estado tornou-se o responsável pela organização do sistema 
educacional, criando mecanismos de padronização e de controle. 
 O avanço da sociedade industrial passou a determinar as diretrizes 
educacionais a serem implementadas pelo Estado. 
 
Industrialização no Brasil 
O Brasil é um país tardio historicamente, ou seja, os acontecimentos 
históricos tendem a ser retardados na sociedade brasileira em comparação 
com outros países. Assim, a industrialização brasileira ocorreu de maneira 
tardia, sendo indiciada apenas a partir do final do século XIX e início do 
século XX. 
 
Períodos das Industrialização Brasileira: 
 Período de Proibição (1785 – 1808): como colônia de Portugal, o Brasil foi 
proibido de desenvolver qualquer atividade industrial. 
 Período de “Implantação” (1808 – 1930): após a chegada da família real 
portuguesa ao Brasil no ano de 1808 – a família real portuguesa se 
transferiu para o Brasil por conta do cerco napoleônico na Europa – o Brasil 
foi autorizado a desenvolver projetos para se tornar industrial, e tais projetos 
passaram a ser implementados, de fato, a partir do final do século XIX. 
 Período de Revolução Industrial (1930 – 1956): A intensificação das 
atividades industriais no Brasil só ocorreu a partir da década de 1930, dando 
início de fato à chamada Revolução Industrial Brasileira. 
 Períodode Internacionalização (1956 – atualidade): a partir da década de 
1950 o Brasil passou a receber as fábricas das grandes empresas 
internacionais, articulando o sistema produtivo brasileiro com o sistema 
produtivo internacional. 
 
Escola Moderna – Conflitos de modelos: 
 Escola Tradicional: aceitação e incorporação dos pressupostos da 
sociedade industrial - sustentadas em organização, ordenação, disciplina e 
controle; 
 Escola Crítica: formação para o rompimento das relações de poder que 
permeiam o sistema educacional; 
 Escola Pós-Crítica: valorização da diversidade cultural e construção de 
mecanismos de inclusão de todas as perspectivas culturais na escola. 
 
 
Atividade extra 
Leitura do Texto A industrialização da educação e as suas repercussões 
nas artes visuais 
Link da 
Atividade https://www.researchgate.net/publication/282283612_A_industri
alizacao_da_educacao_e_as_suas_repercussoes_nas_artes_visuais 
 
 
Referência Bibliográfica 
TERRA, Márcia de Lima Elias (org). História da Educação. Biblioteca 
Universitaria Pearson. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. 
RAMOS, Fábio Pestana; MORAIS, Marcus Vinícius. Eles formaram o 
Brasil. São Paulo: Contexto, 2010. 
FLORESTAN, Fernandes: O Brasil de Florestan. Belo Horizonte: 
Autêntica Editora, 2018. 
https://www.researchgate.net/publication/282283612_A_industrializacao_da_educacao_e_as_suas_repercussoes_nas_artes_visuais
https://www.researchgate.net/publication/282283612_A_industrializacao_da_educacao_e_as_suas_repercussoes_nas_artes_visuais
SITKOSKI, Jaime José. Paulo Freire & a Educação. Belo Horizonte: 
Autêntica Editora, 2010. 
A Era Vargas e as Políticas 
Educacionais 
Política do Café-com-Leite 
Desde 1889 vigorava no país um regime político que, depois, os livros de 
História vão chamar de “República Velha” – que estava bem longe de ser 
uma democracia plena, como já dissemos em outro momento. 
Por exemplo (e isso era um de seus maiores problemas), o voto não era 
secreto. O eleitor, no dia da eleição, chegava no posto de votação e 
entregava um envelope, já com as cédulas preenchidas; em alguns lugares 
ele, eleitor, dizia, em voz alta, qual era seu voto, para que o mesário 
preenchesse a cédula! Já dá para imaginar que os poderosos faziam o que 
queriam com os votos dos eleitores; ai de quem votasse contra o “coronel” 
local. 
Os dois Estados mais ricos do Brasil eram São Paulo, grande produtor de 
café, e Minas Gerais, grande produtor de leite. Havia um acordo entre eles: 
a cada eleição presidencial seus candidatos alternavam-se; era a Política 
do Café-com-Leite. Isso ocorreu até a eleição de 1930, quando o presidente 
Washington Luís (fluminense de nascimento, mas eleito por indicação de 
São Paulo) rompeu o acordo, impondo o paulista Júlio Prestes. Ele foi eleito. 
Veremos os desdobramentos disso mais adiante, nesta mesma aula. 
 
Tenentismo e Revolução de 30 
Apesar de nossa República não ter trazido a grande onda de modernidade 
que se via em outros países (curiosamente, nações que nos serviam de 
modelos, como Estados Unidos, França e Inglaterra), não se pode dizer 
que nada mudara. Uma tímida industrialização teve lugar, a partir da 
segunda metade dos anos 1910. Isso vai criar o cenário propício para o 
surgimento de novos atores em cena, como operários e, em contrapartida, 
empresários, que começaram a formar uma burguesia industrial que, com 
o tempo (muito tempo), disputaria lugar com o negócio agroexportador. 
Esse operariado, concentrado nas cidades de maior porte, precisa de 
roupas, comida etc.; assim, comércio e serviços vêm no rastro da atividade 
industrial. E, com essa nova face da economia, aparece uma classe média. 
Esses elementos vão se juntar num caldo de cultura inédito, com outros 
valores sendo agregados à paisagem brasileira. Se a burguesia industrial 
representa um contraponto às oligarquias agrícolas, também é verdade que 
terá seus próprios problemas a resolver: luta por políticas de apoio 
financeiro à indústria, implantação de um sistema eleitoral que a favoreça e 
empregados que pedem ampliação de direitos. Essa última classe de 
problemas, as reivindicações trabalhistas, eram tratadas como "caso de 
polícia". Assim foi com nossa primeira greve, de inspiração anarquista, em 
1917. 
Temos, então, o primeiro movimento político-militar que acabará por 
influenciar os rumos da política: o Tenentismo. Formado pela jovem 
oficialidade do Exército, demonstra preocupação com problemas políticos, 
sociais e econômicos do país, coincidindo com os desejos da classe média 
(da qual, inclusive, eram oriundos muitos dos tenentes): crítica ao sistema 
eleitoral, voto secreto, reformas sociais e econômicas. Esse movimento 
tinha ideologia própria, muito bem aceita no meio militar: a ascensão dos 
militares ao poder, uma vez que os civis eram incapazes de governar e 
solucionar os problemas da pátria. Caso lhe pareça já ter ouvido coisa 
semelhante, aviso que todos os comandantes envolvidos com o Golpe de 
1964 eram tenentes em 1930... 
Ao longo dos anos 1920 o Tenentismo envolveu-se em várias revoltas 
armadas, tentando derrubar governos oligárquicos e chegar ao poder. A 
primeira manifestação armada foi o episódio conhecido como Os 18 do 
Forte Copacabana, em 1922, que foi contra a candidatura do mineiro Artur 
Bernardes (café-com-leite) à presidência. Os rebeldes derrotados (muitos 
foram mortos) por militares fiéis ao governo (que também teve mortes de 
seu lado. A coisa não era brincadeira). Em 1924 houve uma grande rebelião 
tenentista em São Paulo (a cidade chegou a ser bombardeada). Os 
confrontos com as forças legalistas foram violentos e a revolta foi 
sufocada. Os que escaparam foram para o Rio Grande do Sul, onde o 
movimento estava forte. De lá saiu, em 1925, a Coluna Miguel Costa-Luiz 
Carlos Prestes (mais tarde os livros de História vão reduzir o nome para, 
apenas, Coluna Prestes), com centenas de oficiais e soldados. Essa 
Coluna percorreu cerca de 24 mil quilômetros pelo território brasileiro. Após 
anos de marcha e inúmeros confrontos (militares, policiais, paramilitares e 
cangaceiros), acabou por internar-se na Bolívia e terminou em 1927. A 
respeito de enfrentar cangaceiros: o governo estava tão desesperado para 
pôr fim a essa revolta que parecia invencível, que armou e instruiu o bando 
de Lampião para combater a Coluna. Daí termos o registro do Capitão 
Virgulino Ferreira, patente que foi dada ao líder do cangaço. Os tenentes 
farão parte das forças políticas que vão desencadear a Revolução de 1930. 
Não foi só uma súbita questão eleitoral. Em 1929 houve o crack da bolsa 
de valores de Nova York. O Brasil era predominantemente agrícola e vivia 
de exportar produtos primários, especialmente café, e dependia dos 
mercados e empréstimos externos. A crise de 1929 enfraqueceu 
tremendamente as oligarquias agroexportadoras. E, no campo 
estritamente político, o Café azedou o Leite: em 1930, São Paulo e Minas 
Gerais discordaram sobre quem ocuparia a presidência. O presidente 
Washington Luiz impôs a candidatura do paulista Júlio Prestes. Isso levou 
os mineiros a romperem com os paulistas e a apoiar Rio Grande do Sul e 
Paraíba, formando a Aliança Liberal. Júlio Prestes ganhou, mas não levou: 
com apoio dos tenentes, Minas, Paraíba e Rio Grande desencadearam a 
revolta em várias regiões e, diante da possibilidade de uma guerra civil, as 
Forças Armadas depôs Washington Luiz e uma Junta Militar transmite o 
governo a Vargas. 
 
Getúlio Vargas 
Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954), um dos mais controversos e 
importantes personagens da história do Brasil, era advogado e político. Foi 
líder revolucionário, candidato derrotado à presidência da república, 
presidente duas vezes (de forma indireta e direta), implantou no país uma 
legislação que defendeu os trabalhadores e uma ditadura, reprimiu 
movimentos de esquerda e de direita, “namorou”o nazifascismo de 
Alemanha e Itália, mas acabou sendo o único país latino-americano a 
enviar tropas para combater o mesmo nazifascismo na Europa; criou um 
forte esquema de censura e foi grande apreciador de teatro (e ria muito 
quando alguém o imitava e satirizava em cena). A lista de contradições 
parece enorme, não é? Porém, a própria existência de tantas contradições 
talvez tenha sido a responsável por deixar Getúlio com “a cara do Brasil”. E 
era tão popular que, enquanto os personagens da elite o chamavam de “Dr. 
Getúlio”, para o povão era só “Getúlio”, quando não Gegê. Vamos conhecer 
sua trajetória (apenas os momentos mais marcantes, senão teríamos um 
livro imenso aqui!) um pouco melhor. 
Era natural do interior do Rio Grande do Sul, quase na fronteira com a 
Argentina. Filho de família de posses (não riquíssimos), formou-se em 
Direito, ocupou o posto de sargento de infantaria no Exército e iniciou-se 
em política. Como era um hábil articulador, foi subindo de importância entre 
os políticos de seu estado e, logo, começou a ficar conhecido em outros 
pontos do Brasil. 
Essa Revolução de 30 levou Getúlio Vargas à presidência, onde ficaria 
durante quinze anos! Esse longo período pode ser dividido assim: entre 
1930 e 1934 tivemos o chamado Governo Provisório. De 1934 a 1937, 
governou como presidente, eleito pela Assembleia Nacional Constituinte de 
1934 (sim, tínhamos uma constituição novinha!); e, de 1937 a 1945, depois 
de um golpe de Estado e de uma nova constituição (imposta por ele), atuou 
como ditador. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, os 
militares o depuseram e convocaram nova assembleia Constituinte em 
1946 (as Forças Armadas tinham ido lutar contra ditaduras na Europa; não 
fazia sentido voltarem para uma outra ditadura no Brasil...). 
Agora, pasmem: mesmo tendo saído de um governo de quinze anos, 
mesmo tendo passado os últimos oito anos desse período como ditador, 
Getúlio foi eleito senador constituinte pelos estados do Rio Grande do Sul 
e de São Paulo e deputado federal por seis estados, além do Distrito 
Federal: os dois já citados, mais Bahia, Minas Gerais, Paraná e Rio de 
Janeiro. Como?! A legislação eleitoral da época permitia. E, entre 1951 e 
1954, foi presidente eleito democraticamente, por voto secreto. Só que 
nessa segunda presidência as coisas foram muito mais difíceis. Havia um 
sistema partidário mais forte, uma oposição muito mais articulada e com 
lideranças que tinham poder real em mãos, como governadores e 
parlamentares; gente de imprensa escrita e de rádio (e um pouquinho de 
TV, que chegara em 1950). Os ataques eram diários, exigia-se, no mínimo, 
sua renúncia. Importantes setores das Forças Armadas também estavam 
muito bem articulados com diversas lideranças civis. Não se iluda com a 
ideia de “estamos lutando pelo bem do Brasil” – o que todos queriam era o 
poder. 
Em Agosto de 1954, um comunicado das Forças Armadas anuncia a 
retirada do apoio (o que era um claríssimo aviso de golpe de Estado). Na 
madrugada do dia 24, Getúlio cometeu suicídio, com um tiro no coração, 
em seu quarto, no Palácio do Catete, na cidade do Rio de Janeiro, então 
capital federal. Morreu, mas, até hoje, não foi esquecido. Em 15 de 
setembro de 2010, Getúlio Vargas foi inscrito no Livro dos Heróis da Pátria. 
 
Educação na Era Vargas 
Como saldo positivo da Revolução de 1930 havia a intenção de fazer o 
Brasil avançar. Isso incluía obras de infraestrutura, industrialização e apoio 
a uma educação de melhor qualidade. Lembremo-nos que ainda tínhamos 
parâmetros educacionais do século 19, a inovação mais significativa até 
então eram os Grupos Escolares, da última década dos 1900. 
Durante a Era Vargas tivemos alguns avanços bem importantes para a 
Educação, a começar da criação do Ministério da Educação e Saúde 
Pública, que propôs uma Reforma do Ensino Secundário e do Ensino 
Superior (1931), o Manifesto dos Pioneiros pela Educação Nova (1932) e a 
Constituição de 1934. Da Reforma de 31, resultaram debates muito 
importantes. Em dezembro de 1931, Vargas instalou a Conferência 
Nacional de Educação, cuja finalidade era apresentar diretrizes para 
elaboração de um novo projeto voltado para a educação do país. Logo, dois 
grupos que buscavam o poder em todas as instâncias nacionais passaram 
a se enfrentar na Conferência. De um lado a ANL (Aliança Nacional 
Libertadora), liderada por Luiz Carlos Prestes e sob a influência dos 
comunistas e, no outro canto, a AIB (Ação Integralista Brasileira), de 
inspiração fascista, liderada pelo Plínio Salgado, com apoio pela Igreja 
Católica (que era muitíssimo mais conservadora do que hoje). Os 
acalorados debates opunham intelectuais liberais, comunistas e socialistas 
– incluindo alguns importantes batalhadores pela Educação, como Anísio 
Teixeira e Fernando de Azevedo, dentre outros – e os católicos e 
conservadores de diferentes origens ideológicas. Os pontos que 
embasavam as disputas eram: ensino básico universal, gratuito, laico e 
obrigatório e coeducação dos sexos (um mesmo currículo para meninos e 
meninas, em classes mistas ). Como os acordos eram cada vez mais 
difíceis, para não dizer impossíveis, no ano seguinte um grupo de 26 
intelectuais assinou o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, redigido 
por Fernando de Azevedo, e que apresentava princípios liberais no 
programa educacional. Dizia o Manifesto que a causa principal dos 
problemas na educação está na “na falta, em quase todos os planos e 
iniciativas, da determinação dos fins de educação (aspecto filosófico e 
social) e da aplicação (aspecto técnico) dos métodos científicos aos 
problemas de educação. E a tal educação nova a que se referia o 
Manifesto, se propunha “servir não aos interesses de classes, mas aos 
interesses do indivíduo, e que se funda sobre o princípio da vinculação da 
escola com o meio social”. E, resumindo o texto a seus pontos essenciais, 
advogavam uma escola essencialmente pública, única e comum, sem 
privilégios econômicos de uma minoria; formação universitária para todos 
os professores; e um ensino laico, gratuito e obrigatório. Como se vê, vários 
pontos que geraram discórdia na Conferência foram assumidos como 
essenciais para a Educação Nova. Por fim, a Constituição de 1934, 
também adotou princípios importantes: criou o Conselho Nacional de 
Educação; estabeleceu que é competência privativa da União traçar as 
diretrizes e bases gerais da educação nacional; obrigou o Estado a investir 
em Educação; o ensino primário seria gratuito, obrigatório e extensivo a 
adultos; todos têm direito à Educação; ensino religioso seria facultativo; e o 
princípio da liberdade de ensino e garantia de cátedra. 
A política varguista, principalmente durante o Estado Novo, apoiava-se 
fortemente no operariado. E a industrialização precisava de trabalhadores 
com melhor grau de instrução. Gustavo Capanema foi Ministério da 
Educação de Getúlio, entre 1934 e 1945. E, a partir de 1942, implementou 
o que foi chamado de Reforma Capanema, que, com as Leis Orgânicas 
do Ensino, estruturou o ensino industrial, reformou o ensino comercial, criou 
o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, e aprimorou o 
ensino secundário. O impulso dessas reformas subsistiu mesmo durante o 
Governo Provisório (após a queda de Vargas), em 1946. Ali, a Lei Orgânica 
do Ensino Primário deu diretrizes gerais (embora continuasse a ser de 
responsabilidade dos Estados); organizou o ensino primário supletivo, com 
duração de dois anos, destinado a adolescentes a partir dos 13 anos e 
adultos; organizou também o ensino normal e o ensino agrícola e criou o 
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC. 
 
 
Atividade extra 
Nome da atividade: Getúlio do Brasil, documentário 
Link para assistir a 
atividade: https://www.youtube.com/watch?v=Mcu4MtLtemE 
 
 
Referência Bibliográfica 
CURY, C. R. J. A educação e aprimeira constituinte republicana. In: 
FÁVERO, O. (Org). A educação nas constituintes brasileiras (1823 – 
1988). Campinas: Autores Associados, 2001. P. 69 – 80. 
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete 
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Dicionário Interativo da 
Educação Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix, 2001. Disponível 
em: <https://www.educabrasil.com.br/manifesto-dos-pioneiros-da-
educacao-nova/>. Acesso em: 22 de mai. 2019. 
RIBEIRO, M. L. História da Educação Brasileira. A Organização Escolar. 
Campinas: Autores Associados, 2003. 
https://www.youtube.com/watch?v=Mcu4MtLtemE
https://www.educabrasil.com.br/manifesto-dos-pioneiros-da-educacao-nova/
https://www.educabrasil.com.br/manifesto-dos-pioneiros-da-educacao-nova/
ROMANELLI, O. História da educação no Brasil 1930-73. Petrópolis: 
Vozes, 1978; 
VIEIRA, S, L.; FARIAS, I. M. S. Política educacional no Brasil: introdução 
histórica. Brasília: Líber, 2007. 
Educação Pós Estado Novo 
Constituição e Reconstrução 
A Era Vargas acabou, oficialmente, com sua deposição, em 1945. Porém, 
estamos falando de Getúlio Vargas. Ele não entrou para a nossa História, 
como uma das figuras mais importantes e impactantes de todos os tempos, 
por deixar as coisas acontecerem por obra do acaso. Sentindo que novos 
ventos começavam a soprar (como as mobilizações populares pela entrada 
do Brasil da Segunda Guerra Mundial), o governo começou a preparar uma 
mudança de atitude, em busca de um Estado menos autoritário. Uma das 
iniciativas foi uma campanha de popularização de Vargas, tocada por 
Marcondes Filho, então Ministro do Trabalho, mostrando no programa Hora 
do Brasil (hoje chamada de Voz do Brasil) um Getúlio “pai dos 
trabalhadores”, para ampliar sua base de apoio dentro desta classe. No 
pacote, veio a robusta legislação trabalhista, principalmente com a 
aprovação, em 1943, da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e do 
aumento do salário mínimo; tais estratégias só funcionaram em parte. É 
preciso dizer que a oposição estava cada vez mais forte, também – e cada 
vez mais articulada. Apesar de vigorar forte censura à imprensa e à livre 
manifestação do pensamento (era uma ditadura, lembra-se?) às 
manifestações anti-Vargas sucediam-se, colocando muita gente na rua, 
artigos em jornais, manifestos etc. O presidente prometera uma pauta de 
normalização da política nacional após a guerra, num “ambiente próprio de 
paz e ordem”. 
Dentro dos quadros governamentais as divergências se aprofundaram, 
aliados rompiam com Vargas. A campanha de Marcondes Filho pró-Getúlio 
continuava a todo vapor. Getúlio tentava costurar alianças para lançar-se 
como candidato único numa próxima eleição presidencial. Opositores, 
então, começaram um namoro perigosíssimo, com os militares. E, já em 
1944, o nome do Brigadeiro Eduardo Gomes, um dos heróis sobreviventes 
dos 18 do Forte, começou a surgir e colher apoios entre militares e civis. 
Em 1945, a imprensa, ignorando os censores, publica matérias apontando 
o Brigadeiro como candidato das oposições. Nesse mesmo ano o governo 
institui, por decreto, o Código Eleitoral, marcando eleições para a 
presidência e o parlamento para dezembro deste ano; em maio de 1946, 
aconteceriam as eleições estaduais. Vargas poderia concorrer, devendo se 
desincompatibilizar três meses antes, mas ele declarou não ter interesse 
em permanecer no cargo. 
O general Eurico Gaspar Dutra, Ministro da Guerra de Getúlio, que o 
ajudou a desenhar e a manter o Estado Novo, que na Grande Guerra 
apoiava a aproximação com o Eixo, não com os Aliados, saiu candidato 
pelo PSD – Partido Social Democrático. Vargas, que não se candidatou, 
recomendou ao seu PTB – Partido Trabalhista Brasileiro e demais 
seguidores que votassem em Dutra. Temerosos que o ditador pretendesse 
algum golpe de última hora, o Alto Comando do Exército o depôs, sem 
reação e com plena concordância de Getúlio. Em Janeiro de 1946, Dutra 
assumiu a presidência. Nesse mesmo ano uma Assembleia Constituinte 
nos deu uma nova Carta, para reorganizar o país depois de quinze anos de 
ditadura. Dentre os direitos nela incluídos, temos: todos são iguais perante 
a lei; livre manifestação de ideias e opiniões; fim da censura; liberdade de 
associação (partidos, sindicatos etc.), desde que fossem para objetivos 
lícitos; liberdade de culto, crença, posicionamento político e filosófico; e 
ninguém poderia ser obrigado a fazer ou não fazer algo, senão em virtude 
de lei. Direitos sem os quais não imaginamos viver – mas, que costumam 
ser abolidos em ditaduras. 
 
 
Vargas Democrata 
As dificuldades desse novo governo de Getúlio Vargas começaram bem 
antes da eleição. A própria candidatura foi alvo de vários processos na 
Justiça Eleitoral. Por exemplo, advogados alegaram que seu registro foi 
cancelado. Motivo: Getúlio não cumpriu duas Constituições, a 1891 e 
a 1934, e, portanto, deveria estar sendo julgado por crimes políticos. Só 
para lembrar: a de 1891 (primeira Constituição Republicana) foi 
“descumprida” pela Revolução de 1930; a de 1934, pela instalação do 
Estado Novo. Ou seja, dois fatos que mudaram os rumos da História do 
Brasil (concordemos com eles ou não) foram tratados “tecnicamente” como 
meras infrações à norma constitucional. Outra: em 1947, já na vigência da 
nova Constituição (mas, o desrespeito aos direitos constitucionais são, 
infelizmente, a cara do Brasil), o registro do Partido Comunista (que 
participara da Constituinte!) fora cassado. A alegação: o comunismo é 
contrário a regimes democráticos. Ora, Getúlio também tinha sido, logo... 
Os tribunais, porém, demonstraram algum bom senso e a candidatura foi 
registrada. 
Podemos resumir o clima que esperava Vargas por esse texto do líder da 
UDN, Carlos Lacerda, o qual deu como manchete, em seu jornal Tribuna 
da Imprensa, em 1 de junho de 1950: "O senhor Getúlio Vargas, senador, 
não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. 
Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução 
para impedi-lo de governar" (Você deve ter lido ou ouvido, nos últimos anos, 
frases parecidas. Isso é a política no Brasil). Refletindo sobre nossos 
processos eleitorais, o próprio Getúlio disse: "No Brasil não basta vencer a 
eleição, é preciso ganhar a posse!". 
Sim, Vargas tinha governado sob uma ditadura. Porém, Tancredo Neves 
(o mesmo que foi eleito em 1985 e não chegou a tomar posse, colocando 
José Sarney na presidência...), que foi seu ministro da Justiça, disse (no 
livro Tancredo Fala de Getúlio) que, em seu segundo governo, Getúlio 
"tinha a preocupação de se libertar do ditador", e que disse a Tancredo: "Fui 
ditador porque as contingências do país me levaram à ditadura, mas quero 
ser um presidente constitucional dentro dos parâmetros fixados pela 
Constituição". 
Getúlio tomou posse na presidência da república em 31 de janeiro de 1951, 
no Palácio do Catete, sucedendo ao presidente Dutra. O mandato deveria 
ir até 31 de janeiro de 1956. Seu ministério foi modificado apenas duas 
vezes. Na primeira formação trouxe antigos aliados da Revolução de 1930 
(alguns dos quais tiveram que se reconciliar). 
Seu governo foi tumultuado devido a medidas administrativas que tomou e 
devido às acusações de corrupção que atingiram seu governo (não a ele). 
Um reajuste do salário-mínimo em 100% ocasionou, quase no fim do 
governo, em 1954, um protesto público, em forma de manifesto à nação, 
dos militares (que não recebiam ou pagavam salário mínimo!!) contra o 
governo, o que ocasionou a demissão do Ministro do Trabalho, João 
Goulart. Esse manifesto foi assinado por 79 militares (a maioria coronéis) 
que, na sua grande maioria, eram... ex-tenentes de 1930! 
Dentre as muitas decisões polêmicas desse governo Vargas, tivemos as 
leis que: define crimes contra a economia popular; autoriza o governo 
federal a intervir no domínio

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