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1 Modelo de Segurança da Norma Brasileira de Projeto de Estruturas de Madeira GRUPO INTERDISCIPLINAR DE ESTUDOS DA MADEIRA-GIEM UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC Prof. Dra. Ângela do Valle Departamento de Engenharia Civil Florianópolis, SC 2015 2 Segurança de uma Estrutura O conceito de segurança de uma estrutura é a capacidade que ela apresenta de suportar as diversas ações que vierem a solicitá-la durante a sua vida útil, continuando a satisfazer as condições funcionais a que se destinava por ocasião de sua construção (ZAGOTTIS, 1981). 3 NBR7190:1997: Norma de projeto de estruturas de madeira Método dos Estados Limites: Quando uma estrutura deixa de preencher qualquer uma das finalidades de sua construção, diz-se que ela atingiu um estado limite ou que ela atingiu a ruína. • Estados Limites Últimos • Estados Limites de Utilização 4 NBR7190:1997: Norma de projeto de estruturas de madeira Os Estados Limites Últimos são aqueles correspondentes ao esgotamento da capacidade portante da estrutura: 1) perda de estabilidade do equilíbrio de uma parte ou do conjunto da estrutura, considerando esta semelhante a um corpo rígido; 2) ruptura de seções críticas da estrutura; 3) colapso da estrutura, ou seja, transformação da estrutura original em uma estrutura parcial ou totalmente hipostática, por plastificação; 4) perda de estabilidade do equilíbrio de uma parte ou do conjunto da estrutura por deformação; 5) deterioração por efeito de fadiga; 6) deformações elásticas ou plásticas, deformação lenta (fluência) e trincas que provoquem uma mudança de geometria que exija uma substituição da estrutura. O estado limite último também pode ser atingido devido à sensibilidade da estrutura aos efeitos de repetição das ações, do fogo, de uma explosão etc. 5 NBR7190:1997: Norma de projeto de estruturas de madeira Os Estados Limites de Utilização são aqueles correspondentes a exigências funcionais e de durabilidade da estrutura, podendo ser originados, em geral, por um ou vários dos seguintes fenômenos: 1) deformações excessivas para uma utilização normal da estrutura; 2) deslocamentos excessivos sem perda do equilíbrio; 3) vibrações excessivas. 6 Direções principais na madeira Fonte:BIBLIOTECA PROFESIONAL EPS (1977) apud MARAGNO (2004) 7 Resistências a serem consideradas no projeto f : resistência da madeira acompanhada de índices: primeiro índice w (wood) índice seguinte indica a solicitação: c (compressão), t (tração), v (cisalhamento), M (flexão) e e (embutimento) índices após a vírgula indicam o ângulo entre a solicitação e as fibras: 0 (paralela), 90 (normal ) ou (inclinada) Exemplo: fwc,90 notação para a resistência da madeira na compressão normal às fibras. 8 NBR7190:1997: Valores representativos das propriedades do material pelo modelo semiprobabilista valor médio: fm valor característico: fk f k,inf tem 5% de probabilidade de não ser atingido pelos elementos de um dado lote de material; f k,sup tem 5% de probabilidade de ser ultrapassado pelos elementos de um dado lote de material. Revista Engenharia, n.605, pp. 88 -93, SP, 2011, http://issuu.com/www.viapapel.com.br/docs/605s 9 NBR7190:1997: Valores representativos das propriedades do material pelo modelo semiprobabilista valor médio: fm valor característico: fk f k,inf tem 5% de probabilidade de não ser atingido pelos elementos de um dado lote de material; f k,sup tem 5% de probabilidade de ser ultrapassado pelos elementos de um dado lote de material. Para resistência e rigidez, usa-se, de modo geral, o f k,inf. A obtenção da resistência característica fk com base no valor médio fm pode ser feita a partir de uma distribuição de probabilidades do tipo normal, com coeficientes de variação , pelas relações: Resistência a esforços normais (compressão, tração e embutimento): =18% Resistência a esforços tangenciais (cisalhamento): =28% sendo fm,12 o valor médio da resistência com a umidade padrão de 12%. 12,m12,m12,m12,k f.70,0)18,0x645,11(f)645,11(ff 12,m12,m12,m12,k f.54,0)28,0x645,11(f)645,11(ff 10 Caracterização simplificada da resistência da madeira A partir do valor experimental de fco,k , na falta de outros resultados de ensaios, arbitram-se outros valores de resistência: 77,0 ,0 ,0 kt kc f f ktkM ff ,0, 0,1 ,0 ,0 kc ke f f 25,0 ,0 ,90 kc kc f f 15,0 ,0 ,0 kc kv f f 12,0 ,0 ,0 kc kv f f Para coníferas Para folhosas 11 Rigidez ou Módulo de Elasticidade Rigidez na compressão paralela às fibras: Ec0,m Rigidez na compressão normal às fibras: Ec90,m, Relações admitidas pela NBR7190 na falta de valor experimental: Ec90,m = 1/20 Ec0,m; Rigidez na tração paralela às fibras: Et0,m, com Ec0,m = Et0,m ; Rigidez à flexão: EM, para coníferas EM = 0,85 Ec0 e para folhosas EM = 0,90 Ec0 12 NBR7190:1997: Teor de umidade com valor padrão de referência de 12% Modelo para correção da resistência para teor de umidade U% diferente do valor padrão de 12%: f12 = fU% 100 12%U3 1 para U% 20% E12 = EU% 100 12%U2 1 Correção da rigidez para teor de umidade U% diferente do valor padrão de 12%, sendo U% menor ou igual a 20% é dada por: f12 = fU% 100 12%U3 1 para U% 20% 13 NBR7190:1997: Norma de projeto de estruturas de madeira Condição de segurança para os estados limites últimos é: sendo Sd: tensões máximas que aparecem por ocasião da utilização de coeficientes de segurança externos, relativamente aos estados limites últimos. Rd: resistência de cálculo Rk: resistência característica w: coeficiente de ponderação (minoração) das propriedades da madeira, conforme o tipo de solicitação em análise kmod é o coeficiente de modificação que leva em conta as influências não consideradas em w w k moddd R kRS 14 Classes de resistência segundo NBR7190:1997 Classificação da madeira de acordo com Classes de Resistência com o objetivo de padronizar as espécies empregadas no território nacional em categorias. Coníferas (Valores na condição padrão de referência U = 12) Classes fcok (MPa) fvk (MPa) Eco,m (MPa) bas,m (kg/m3) aparente (kg/m3) C 20 C 25 C 30 20 25 30 4 5 6 3 500 8 500 14.500 400 450 500 500 550 600 15 Classes de resistência segundo NBR7190:1997 Classificação da madeira de acordo com Classes de Resistência com o objetivo de padronizar as espécies empregadas no território nacional em categorias. Dicotiledôneas (Valores na condição padrão de referência U = 12) Classes Fcok (MPa) fvk (MPa) Eco,m (MPa) bas,m (kg/m3) aparente (kg/m3) C 20 C 30 C 40 C 60 20 30 40 60 4 5 6 8 9 500 14.500 19.500 24.500 500 650 750 800 650 800 950 1000 (ou Folhosas) 16 NBR7190:1997: valores de resistência de cálculo Resistência de cálculo: sendo: w - coeficiente de minoração das propriedades da madeira Compressão paralela às fibras: wc = 1,4 Tração paralela às fibras: wt = 1,8 Cisalhamento paralelo às fibras: wv = 1,8 kmod - coeficiente de modificação kmod = kmod,1 . kmod,2 . kmod,3 kmod,1 leva em conta os efeitos das cargas repetidas ou da duração do carregamento; kmod,2 considera possíveis variações de resistência ao longo do tempo em função da umidade; kmod,3 cuida de diferenças entre a qualidade da madeira empregada na estrutura e a madeira empregada nos corpos-de-prova w k modd f kf 17 NBR7190:1997: valores de resistênciade cálculo Valores de kmod,1 Classes de Tipos de madeira carregamento Madeira serrada Madeira laminada colada Madeira compensada Madeira recomposta Permanente 0,60 0,30 Longa duração 0,70 0,45 Média duração 0,80 0,65 Curta duração 0,90 0,90 Instantânea 1,10 1,10 Classe de carregamento Ordem de grandeza da duração acumulada da ação característica Permanente - Longa duração mais de 6 meses Média duração 1 semana a 6 meses Curta duração menos de 1 semana Instantânea muito curta 18 NBR7190:1997: valores de resistência de cálculo Valores de kmod,2 Classes de umidade Madeira serrada Madeira laminada colada Madeira compensada Madeira recomposta (1) e (2) (3) e (4) 1,0 0,8 1,0 0,9 Classes de umidade Umidade relativa do ambiente Uamb Umidade de equilíbrio da madeira 1 65% 12% 2 65% < Uamb 75% 15% 3 75% < Uamb 85% 18% 4 Uamb > 85% Durante longos períodos 25% 19 NBR7190:1997: valores de resistência de cálculo Valores de kmod,3 Primeira categoria: (kmod,3 =1,0) é a madeira que passou por classificação visual para garantir a isenção de defeitos e por classificação mecânica para garantir a homogeneidade da rigidez Segunda categoria: demais casos (kmod,3 = 0,8) Para madeira de coníferas, sempre adotar kmod,3 = 0,8 para considerar a presença de nós não detectáveis pela inspeção visual. madeira laminada colada, peça reta: kmod,3 = 1,0 madeira laminada colada, peça curva: kmod,3 = 1 – 2000 t é a espessura da lâmina e r é o menor raio de curvatura das lâminas 2 r t 20 NBR7190:1997: valores de rigidez de cálculo O módulo de elasticidade na direção paralela às fibras deve ser tomado como: Ec0,ef = kmod,1 . kmod,2 . kmod,3 . Ec0,m 21 NBR7190:1997: valores de resistência de cálculo Valores de resistência de cálculo admitidos pela NBR7190:1997, na falta de valores experimentais: Tração paralela às fibras: ft0,d = fc0,d Compressão normal às fibras: fc90,d = 0,25.fc0,d.n 22 Fe d t NBR7190:1997: valores de resistência de cálculo Valores de resistência de cálculo admitidos pela NBR7190:1997, na falta de valores experimentais: Embutimento paralelo às fibras: fe0,d = fc0,d Embutimento normal às fibras: fe90,d = 0,25.fc0,d.e d.t F A F f e e e e 23 NBR7190:1997: valores de resistência de cálculo Valores de resistência de cálculo admitidos pela NBR7190:1997, na falta de valores experimentais: Tração paralela às fibras: ft0,d = fc0,d Compressão normal às fibras: fc90,d = 0,25.fc0,d.n Embutimento paralelo às fibras: fe0,d = fc0,d Embutimento normal às fibras: fe90,d = 0,25.fc0,d.e Cisalhamento paralelo às fibras: fv0,d = 0,12.fc0,d para coníferas fv0,d = 0,10.fc0,d para folhosas 24 NBR7190:1997: Combinações de ações w k moddd R kRS As ações são definidas pela NBR8681/84 como as causas que provocam esforços ou deformações nas estruturas. A natureza e a duração das ações possuem influência relevante na verificação da segurança estrutural. Para elaboração dos projetos, as ações devem ser combinadas com a aplicação de coeficientes, sobre cada uma delas, para levar em consideração a probabilidade de ocorrência simultânea. 25 NBR7190:1997: Combinações de ações As ações podem ser classificadas segundo a duração em três tipos: a)Ações permanentes (g): são aquelas que apresentam pequena variação durante praticamente toda vida da construção. Exemplo: peso próprio; b)Ações variáveis (q): apresentam variação significativa durante a vida da construção. Exemplo: efeito do vento; c)Ações excepcionais: apresentam duração extremamente curta e com baixa probabilidade de ocorrência durante a vida da construção. Exemplo: ventos fortes, abalo sísmico. 26 NBR7190:1997: Combinações de ações FFFF kQjQexcQkgi m gid n j efj i ,,, 1 ,0 1 27 NBR7190:1997: Combinações de ações Estados limites últimos: Combinação última normal FFFF k,Qjk,1QQ m k,gigid n 2j j0 1i ações variáveis principais (Fq1,k) Obs: ações variáveis principais de curta duração devem ser reduzidas por fator de 0,75. ações variáveis secundárias (Fqj,k) que são combinadas com seus valores reduzidos pelo coeficiente 0j, que considera a baixa probabilidade de ocorrência simultânea das ações variáveis. 28 NBR7190:1997: Combinações de ações Ações permanentes de pequena variabilidade: A norma brasileira considera como pequena variabilidade o peso próprio da madeira classificada estruturalmente cuja densidade tenha coeficiente de variação não superior a 10%. Combinações para efeitos(*) desfavoráveis favoráveis Normais g = 1,3 g = 1,0 Especiais ou de Construção g = 1,2 g = 1,0 Excepcionais g = 1,1 g = 1,0 (*) podem ser usados indiferentemente os símbolos g ou G 29 NBR7190:1997: Combinações de ações Ações permanentes de grande variabilidade: para situações nas quais o peso próprio da estrutura não supera 75% da totalidade dos pesos permanentes. Combinações para efeitos desfavoráveis favoráveis Normais g = 1,4 g = 0,9 Especiais ou de Construção g = 1,3 g = 0,9 Excepcionais g = 1,2 g = 0,9 30 NBR7190:1997: Combinações de ações Estados limites últimos: Combinação última normal FFFF k,Qjk,1QQ m k,gigid n 2j j0 1i ações variáveis principais (Fq1,k) ações variáveis secundárias (Fqj,k) que são combinadas com seus valores reduzidos pelo coeficiente 0j, que considera a baixa probabilidade de ocorrência simultânea das ações variáveis. 31 NBR7190:1997: Combinações de ações As ações variáveis (FQ) podem se apresentar como principais ou secundárias. Combinações ações variáveis em geral incluídas as cargas acidentais móveis efeitos da temperatura Normais Q = 1,4 = 1,2 Especiais ou de Construção Q = 1,2 = 1,0 Excepcionais Q = 1,0 = 0 32 NBR7190:1997: Combinações de ações As ações variáveis secundárias: coeficientes 0 Ações em estruturas correntes 0 1 2 - Variações uniformes de temperatura em relação à média anual local - Pressão dinâmica do vento 0,6 0,5 0,5 0,2 0,3 0 Cargas acidentais dos edifícios 0 1 2 - Locais em que não há predominância de pesos de equipamentos fixos, nem de elevadas concentrações de pessoas - Locais onde há predominância de pesos de equipamentos fixos, ou de elevadas concentrações de pessoas - Bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens 0,4 0,7 0,8 0,3 0,6 0,7 0,2 0,4 0,6 Cargas móveis e seus efeitos dinâmicos 0 1 2 - Pontes de pedestres - Pontes rodoviárias - Pontes ferroviárias (ferrovias não especializadas) 0,4 0,6 0,8 0,3 0,4 0,6 0,2 * 0,2 * 0,4 * * Admite-se 2=0 quando a ação variável principal corresponde a um efeito sísmico 33 NBR7190:1997: Combinações de ações Estados limites de utilização: Combinação de longa duração Esta combinação é utilizada no controle usual de deformações das estruturas. FFF k,Qjj2k,giuti,d n 1j m 1i Estados limites de utilização: Combinação de média duração FFFF k,Qjj2k,giuti,d n 2j k,1Q1 m 1i Esta combinação é utilizada no caso de existirem materiais frágeis não estruturais ligados à estrutura. 34 Exemplo de combinação de ações para estado limite último 1.75m 1.75m 1.95m 1.70m 1.70m 1.70m 1.90m 1.90m 1.70m1.70m 1.70m 1.75 m Dimensões em metros 1 2 3 4 5 1011 12 13 6 7 8 9 14 15 16 A treliça da figura está submetida a carregamentos permanentes e variáveis, causados por sobrecarga e pelo efeito do vento. Uma vez que se conheças os esforços causados por cada tipo de ação, determinar os esforços de cálculo em cada barra para o estado limite último, na situação mais crítica (tração ou compressão axiais). 35 Exemplo de combinação de ações para estado limite último AÇÕES PERMANENTES: Telhas + ripas + caibros + terças + peso próprio da tesoura (Fg) 1 2 3 4 5 10 11 12 13 6 7 8 9 14 15 16 AÇÕES VARIÁVEIS: Sobrecarga de utilização (Fq) 1 2 3 4 5 10 11 12 13 6 7 8 9 14 15 16 1 2 3 4 5 10 11 12 13 6 7 8 9 14 15 16 AÇÕES VARIÁVEIS: Vento sobrepressão (Wp) e Vento sucção (Ws) 36 Exemplo de combinação de ações para estado limite último 1.75m 1.75m 1.95m 1.70m 1.70m 1.70m 1.90m 1.90m 1.70m1.70m 1.70m 1.75 m Dimensões em metros 1 2 3 4 5 10 11 12 13 6 7 8 9 14 15 16 Esforços Solicitantes nas barras da treliça 37 Exemplo de combinação de ações para estado limite último COMBINAÇÃO ÚLTIMA NORMAL PARA VERIFICAÇÃO DE ESTADO LIMITE ÚLTIMO (Ruptura das barras) Em cada barra da tesoura: 1ª Hipótese: Sobrecarga como ação variável principal e Vento sobrepressão como ação variável secundária Nd,1 = γg Ng + γq [ Nq + o Wp ] vento sobrepressão (+) 2ª Hipótese: Vento sobrepressão como ação variável principal e Sobrecarga como ação variável secundária Nd,2 = γg Ng + γq [0,75 *Wp + o Nq ] vento sobrepressão (+) OBS: Quando a ação variável principal for de curta duração (vento) multiplica-se só esta ação por 0,75 3ª Hipótese: Sobrecarga como ação variável principal e vento sucção como ação variável secundária Nd,3 = γg Ng + γq [ Nq - o Ws ] vento sucção (-) 4ª Hipótese: Vento sucção como ação variável principal e Sobrecarga como ação variável secundária Nd,4 = γg Ng + γq [0,75 * - Ws + o Nq ] vento sucção (-) OBS: Quando a ação variável principal for de curta duração (vento) multiplica-se só esta ação por 0,75 Cada barra deve ser verificada para as piores situações (tração e compressão) entre as 4 hipóteses: Nd,1; Nd,2; Nd,3 e Nd,4
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