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EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS Priscila K. dos Santos Elisângela R. dos Santos Hervaldira B. de Oliveira A ação docente e discente na educação a distância: uma realidade, muitos desafios Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Apreender a ação docente e discente na EaD. Analisar a realidade acerca da atuação docente e discente na EaD. Reconhecer os desa� os que permeiam a atuação docente e discente na EaD. Introdução Neste capítulo, você vai estudar sobre a realidade e os inúmeros desafios existentes na ação docente e discente da educação a distância. Você vai apreender a ação docente e discente na Educação a distância (EaD), também analisará a realidade acerca da atuação docente e discente na EaD e reconhecer os desafios que permeiam estas atuações neste tipo de ensino. A ação docente e discente Na educação a distância (EaD), o docente assume o papel de mediador no processo de formação humana e profi ssional em um trabalho de interlocução que tem a ver com respeito, cordialidade, seriedade, capacidade de escuta, organização, compromisso, ética, conhecimento prévio, conhecimento global e a lembrança permanente de que é um humano intermediando humanos na diversidade e idiossincrasias que se apresentam e é por intermédio desse espaço que o indivíduo cria sua identidade eletrônica de modo a ser reconhecido por U4_C13_ Educação e tecnologias.indd 152 17/07/2017 15:05:28 suas ideias e manifestações. Cabe ao docente motivar o estudante para que este não se sinta desamparado, traçando estratégias para dinamizar a aprendizagem numa turma de estudantes online. A ação do docente na educação a distância deve estar voltada para o edu- car transdisciplinar, perpassando e ultrapassando o campo interdisciplinar, propiciando modos de compartilhar saberes, reconhecendo os diferentes níveis de realidade, ultrapassando o território científico, criando espaços de diálogos multirreferenciais com as diversas culturas e com a vida de cada grupo humano, abrindo possibilidades de visões plurais a respeito de um fenômeno ou conceito ou a respeito da complexidade do próprio cotidiano (MORIN; LE MOIGNE, 1999). Assim, ampliando o aprender à noção do conhecimento pelo conhecimento, mas primando pela metacognição a fim de atingir a aprendizagem significativa por parte dos estudantes e de si próprio. O professor é como um “animador” da rede de aprendizagem, que se constitui a partir da interação por meio de tecnologias de comunicação que possibilitam que grupos de pessoas movidas por um objetivo comum aprendam juntas no horário-local-ritmo mais adequado para elas. Mas como estabelecer uma comunicação eficiente com os estudantes para garantir um maior com- prometimento e autonomia nos seus estudos? (Figura 1). Nesse sentido e considerando o contexto anteriormente citado, as ações do docente devem estar voltadas para: Observar Estimular Mediar Criar pontes Orientar Refletir sobre o fazer Figura 1. Atuação docente. 153A ação docente e discente na educação a distância U4_C13_ Educação e tecnologias.indd 153 17/07/2017 15:05:29 Espera-se do discente que durante o curso sejam desenvolvidas algumas competências primordiais para construírem a aprendizagem a distância: Capacidade de síntese – vislumbrando a cognição e a metacognição, primeiramente pessoal, com o intuito de transcender um conteúdo específico para a interconexão com outros conteúdos. Capacidade de articulação – complementando a noção de síntese a fim de unir conteúdos distintos e também os participantes do grupo, fazendo valer a dimensão da cooperação. Pesquisador – investigador de novas possibilidades, buscando sempre novidades para enriquecer o ambiente de aprendizagem, vislumbrando a aprendizagem significativa. Proatividade – associada a dimensão da autonomia, antecipando-se em certa medida as ações dos docentes, apresentando novas informações e materiais, trabalhando em prol da construção do seu conhecimento, mas também dos demais estudantes e, assim, sentir-se parte importante e fundamental no ambiente de aprendizagem. Feedback – visando a mudança de estado do sujeito, sendo de crítica ou de estímulo sobre a aprendizagem e diluindo as distinções formais entre emissor e receptor, estando ciente de que é uma conduta de comunicação e de interação humana com vista a significância desses atos. Aprender e reaprender – disposição para ir além, estando aberto a aprender com os docentes e os demais estudantes e com suas buscas pessoais em nome da aprendizagem coletiva. Refletindo sobre e durante a sua ação no intuito de avaliar a sua atuação, tentar melhorar o que é necessário e dar seguimento ao que está sendo positivo. Flexibilidade – para ouvir a opinião dos demais estudantes e aprender com elas. Estar aberto às críticas e disposto a trabalhar colaborativa- mente com seus colegas. A realidade da atuação docente e discente na EaD A ação docente e discente na EaD é complexa, pois requer muita disciplina e autonomia, mais ainda, requer que esses sujeitos sejam capazes de aprender coletivamente. Para o discente, a realidade é de uma dedicação constante e um envolvimento, por vezes, maior que na educação presencial. Educação e tecnologias 154 U4_C13_ Educação e tecnologias.indd 154 17/07/2017 15:05:29 O discente que estuda à distância necessita estar atento às informações e buscar as informações constantemente, principalmente no que tange a prazos, normas e organização. Não que o estudante presente não tenha essas mesmas responsabilidades, mas o estudante na EaD precisa estar atento aos registros e às mensagens recebidas, pois esse é o principal meio de comunicação entre professores e estudantes a distância. A EaD requer estudantes flexíveis, que possuam capacidade de síntese e de articulação, que sejam pesquisadores, proativos e que forneçam feedback das atividades, porém, este é o discente ideal na educação a distância. A realidade, por vezes, é bastante distinta. Vemos estudantes que esperam que as informações cheguem até ele, quase que como um receituário. Além disso, o discente da EaD muitas vezes não percebe a importância de um domínio mínimo do uso da Internet e do computador para o desenvolvimento das atividades de seu curso. A realidade de discentes e docentes de cursos a distância passa, também, pelo bom gerenciamento do tempo, pois o ritmo de um curso online é diferente do curso presencial. Na EaD, em geral, os cursos e/ou conteúdos são divididos em semanas ou unidades de conhecimento que devem ser desenvolvidas em determinado período, tendo em vista que essas unidades de conhecimento necessitam de leituras, participação em atividades e interação com os colegas e professor. Portanto, EaD exige organização do tempo, tanto para docentes, quanto para discentes. De acordo com Moore e Kearsley (2011, p. 187): Os hábitos e aptidões de estudos dos alunos determinam, em grande parte, o sucesso nas aulas on-line, e este é um fator que podem controlar. Os alunos que planejam seu tempo de estudo e estabelecem horários para concluir o curso têm maior possibilidade de obter sucesso na educação a distância. Adiar é o inimigo número um da educação a distância – quando se atrasam em suas tarefas, fica muito difícil acompanhar. E salientam outra questão importante ao destacarem que os estudantes de cursos a distância são pessoas com emprego, família e obrigações sociais, sendo que para eles existe um custo que vai além de financeiro ao realizar um curso educacional. Nesse sentido, a educação a distância é alternativa para muitas pessoas que não possuem tempo hábil ou estrutura familiar que permita a presença física e regular em uma instituição de ensino superior. 155A ação docente e discente na educação a distância U4_C13_ Educação e tecnologias.indd 155 17/07/2017 15:05:29 Em relação a organização do tempo, é papel do docente sinalizaraos estu- dantes a melhor maneira de fazê-lo. Por exemplo, caso a atividade seja leitura de texto e participação em um fórum de discussão, o docente pode instruir o estudante a entrar no site do curso apenas para ler a informação, sair e passar um tempo refletindo sobre o conteúdo para, somente depois, retornar ao site para inserir sua participação no fórum. Tais dicas podem parecer óbvias, porém essa atitude do docente pode livrar o estudante da sobrecarga de informação e reduzir a ansiedade em relação à participação nas atividades propostas. Com relação a especificidade da atuação docente e discente na EaD, Bia- giotti aponta que: [...] a capacitação do professor para atuar online, é ainda mais abrangente. Ele necessita de algumas especificidades, dentre as quais destaco: a identificação das características da educação à distância (EAD), o histórico da EAD, os fundamentos epistemológicos, os aspectos tecnológicos, o papel do professor e do aluno, o planejamento didático, a gestão do sistema, as estratégias de interações, a avaliação em EAD, a questão da propriedade intelectual, a preparação do material didático (textos e imagens), as tecnologias de suporte, ferramentas de autoria e o ambiente virtual em que será desenvolvido o curso. (BIAGIOTTI, 2004, p. 5) Vale ressaltar que a EaD prescinde de momentos nos quais as pessoas necessitam estudar “sozinhas” em suas casas ou fora da instituição de ensino, assim, o tempo e o ritmo de cada participante é diferente. Sendo essa uma característica importante do trabalho docente: estar atento aos diferentes rit- mos e aos estímulos necessários para que os estudantes percebam o seu papel fundamental no processo de ensino e aprendizagem e como esse processo é intensificado pelo trabalho colaborativo. Desafios da atuação docente e discente na EaD Um importante desafi o na atuação, tanto de docentes quanto de discentes na educação a distância, é de que os estudantes precisam assumir grande parte da responsabilidade por seu aprendizado, sendo que cabe ao docente trabalhar essa noção de corresponsabilidade com os estudantes. Educação e tecnologias 156 U4_C13_ Educação e tecnologias.indd 156 17/07/2017 15:05:30 Outrossim os desafios relacionados a não transposição da cultura da sala de tradicional para a EaD requerem especial atenção, pois é facilmente perceptí- vel, mesmo em cursos a distância, que os estudantes esperam as informações completas serem passadas por seus professores ao mesmo tempo que também atuam nessa diretiva. Moore e Kearsley (2011) apontam que o docente precisa orientar os estu- dantes a se envolverem nas atividades e ressaltam que, para muitos discentes, esse envolvimento não é intuitivo e por isso enfatizam o papel crucial desses agentes para o processo de ensino e de aprendizagem em EaD. Em EaD, é imprescindível conscientizar o estudante e aconselhá-lo na experiência do aprendizado a distância, o qual vai requerer, além da dedicação, disciplina para o cumprimento das atividades e estabelecimento de metas de aprendizagem, hábitos esses que os estudantes não costumam ter e nem ao menos considerar como sendo suas responsabilidades. Na presencialidade, muitas dessas questões estão “resolvidas” pela cobrança do professor e o cronograma de atividades presencias que, de certo modo, pressiona o estudante a ter um ritmo também dá conta do problema de organização. Na virtualidade, o discente está livre para compor seu ritmo, o que pode ser uma fragilidade se não for bem administrado. Para além dessas questões, faz-se necessário romper as barreiras suplanta- das pelas paredes das salas de aula para dar lugar às infinitas possibilidades ofertadas pela associação do conhecimento teórico produzido em textos e livros impressos e as ferramentas disponíveis na educação virtual. Fazer uso das tecnologias digitais e da educação a distância requer desprender-se daquilo que é conhecimento para dar lugar ao conhecimento que pode ser construído a partir do desconhecido. É preciso trazer a consciência de que, antes de qualquer dado ou conteúdo, cada participante é um indivíduo e como tal, possui características, histórias de vida e desejos distintos. Dessa forma, um olhar mais individualizado pode fazer a diferença nesse novo, ou melhor, nesse diferente jeito de ensinar e aprender. Nesse sentido, García Aretio (2014) ressalta que, em EaD, faz-se necessário manter um contato permanente com o estudante e lhe dedicar especial atenção, não somente em relação ao conteúdo, mas também orientá-lo na resolução de diferentes problemas inerentes de sua vida acadêmica, sendo este um dos grandes desafios da educação a distância e da atuação docente nesse contexto. 157A ação docente e discente na educação a distância U4_C13_ Educação e tecnologias.indd 157 17/07/2017 15:05:30 Para saber mais sobre a organização para estudar a distância, acesse o artigo Como otimizar os estudos, publicado pela ABED – Associação Brasileira de Edu- cação a Distância. Disponível em: https://goo.gl/tgu2yk Educação e tecnologias 158 U4_C13_ Educação e tecnologias.indd 158 17/07/2017 15:05:31 BIAGIOTTI, L. C. M. A preparação para o fazer docente na educação a distância. [2004?]. Disponível em: <http://www.pucsp.br/tead/n2/pdf/artigo6.pdf>. Acesso em: 05 jul. 2017. GARCÍA ARETIO, L. Bases, mediaciones y futuro de la Educación a distancia en la sociedad digital. Madrid: Editorial Síntesis, 2014. MOORE, M.; KEARSLEY, G. Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo: Cengage Learning, 2011. MORIN, E.; LE MOIGNE, J.-L. A inteligência da complexidade. 2. ed. São Paulo: Peiropólis, 1999. 159A ação docente e discente na educação a distância U4_C13_ Educação e tecnologias.indd 159 17/07/2017 15:05:31 Para ver as respostas de todos os exercícios deste livro, acesse o link abaixo ou utilize o código QR ao lado. https://goo.gl/dyFgsA Gabaritos 160 Gabaritos U4_C13_ Educação e tecnologias.indd 160 17/07/2017 15:05:32
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