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Valorização da cultura

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Consoante a socióloga francesa Simone de Beauvoir, é preciso erguer o povo à altura da 
cultura, e não rebaixar a cultura ao nível do povo. Nessa perspectiva, a etnicidade popular é o 
principal meio de identidade e conhecimento social. O Brasil, apesar da sua extraordinária 
miscigenação, ainda sofre com o preconceito e desvalorização de inúmeros costumes, uma vez 
que escola e sociedade fecham os olhos para o estudo da diversidade nacional. Sendo assim, é 
necessário discutir essa temática para, com isso, gerar uma maior valorização social. 
 Convém ressaltar, a princípio, que a cultura é a base da educação social. Sob essa óptica, seja 
o folclore, sejam as danças populares e a culinária, todas carregam importantes traços do povo 
miscigenado brasileiro. Exemplo disso é o Carimbó, dança que traz consigo mistura africana, 
europeia e nativa, além de muitas outras que, com suas características únicas, formam a 
identidade do país. Nesse sentido, reconhecer que os costumes nacionais não são 
unidimensionais e que precisam ser explorados e respeitados é o primeiro passo para a 
construção de um povo harmonioso. 
 Todavia, cabe salientar que essa valorização se tornou utópica. Diante disso, sabe-se que 
desde o Período Colonial implantou-se no país o eurocêntrismo, sentimento no qual “classifica” 
o europeu como um povo superior aos demais, depreciando qualquer outra etnia. Tal fato, de 
acordo com o pensamento do sociólogo Arthur Schopenhauer, de que os limites do campo de 
visão de uma pessoa determinam seu conhecimento acerca do mundo, ocorre por que a 
educação básica é deficitária e pouco prepara o cidadão no que tange o respeito ao diferente. 
Em decorrência desse descaso público, muitas culturas são totalmente esquecidas ou 
mistificadas – como os indígenas, que geralmente são retratos como povos isolados e únicos, 
quando na verdade há mais de 300 etnias em seu meio -, gerando frustração e intolerância 
social. 
 É fundamental, portanto, reconhecer a mestiçagem pátria e propor medidas capazes de aludir 
à sua valorização. Para tal, cabe ao Ministério da Educação e Cultura, em parceria com 
instituições educativas, promover um projeto de “Cultura nas escolas” no qual, por meio de 
palestras e workshops que envolvam não só os alunos, mas toda sociedade, possam ser 
debatidos com grupos de diferentes etnias sobre a valorização da miscigenação nacional, de 
modo que a população possa conhecer aqueles povos que se tornaram esquecidos devido ao 
etnocentrismo, e com isso possa haver maior altruísmo e valorização social. Aliado a isso, a mídia 
deve, através de novelas e programas interativos, divulgar as diversas culturas brasileira, a fim 
de garantir o maior reconhecimento da sociedade. Dessa forma, poder-se-á erguer o povo à sua 
cultura, como defendido por Simone de Beauvoir.

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