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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 EDUCAÇÃO, CULTURA E SOCIEDADE: A FORMAÇÃO DO SER ........... 3 3 CULTURA BRASILEIRA: DA DIVERSIDADE À DESIGUALDADE ............ 5 3.1 Formação e diversidade cultural da população brasileira..................... 7 3.2 Preconceito cultural no Brasil ............................................................... 8 4 DIFERENÇA ENTRE DIVERSIDADE CULTURAL E DESIGUALDADE SOCIAL 9 5 DIVERSIDADE CULTURAL: O QUE É E DIVISÃO NO BRASIL! ............... 9 6 DIVERSIDADE CULTURAL NO BRASIL .................................................. 11 7 A IMPORTÂNCIA DA CULTURA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM 14 7.1 A relação cultura e educação ............................................................. 16 8 CULTURA ................................................................................................. 19 9 A IMPORTÂNCIA DA CULTURA PARA A SOCIEDADE .......................... 22 10 INDIVÍDUO, CULTURA E SOCIEDADE ................................................ 23 11 CULTURA E SOCIEDADE DE MASSA ................................................. 27 12 ESCOLA, SOCIEDADE E CULTURA .................................................... 29 13 EDUCAÇÃO - PROCESSO SOCIAL ..................................................... 33 14 CONCEITO DE “CULTURA” EM FOCO ................................................ 34 15 A IMPORTÂNCIA DA CULTURA AFRICANA NA FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA E SUA INSERÇÃO NO CURRÍCULO ESCOLAR ......... 36 16 FORMAÇÃO CULTURAL BRASILEIRA ................................................ 38 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 42 18 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 43 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 EDUCAÇÃO, CULTURA E SOCIEDADE: A FORMAÇÃO DO SER A educação é um ato ético-político e repleto de intencionalidade, sendo assim, não há concepção de educação dissociada de projeto de sociedade. Por isso, que a educação não se faz de forma neutra, ausente da cultura. Sendo assim, devemos educar para transformar o mundo em que vivemos e nós mesmos. Porém, a escola tradicional configurada nas políticas de currículos enraizada na sociedade contemporânea é a de concepção positivista neoliberal entendida como aquela que está voltada para o mercado capitalista. Os seus conteúdos escolares são organizados de maneira linear, hierárquica e, previamente determinado por bimestre, série, disciplina. Nesta visão conservadora, a educação na maioria das vezes é planejada de cima para baixo, de forma burocrática e uniforme, desconectada da realidade social dos educandos. Algumas vezes no processo educativo ficamos preocupados em promover uma educação voltada para os conteúdos e não dando a devida atenção a formação integral dos educandos. Temas centrais que estão relacionados à vida cotidiana como a ética, o cuidado com a vida, o desenvolvimento sustentável, uma educação que promova a justiça social é apresentada de forma secundária na prática educativa. Desta forma, cabem as seguintes perguntas que tipo de cidadão queremos formar? A concepção de educação atual está voltada para qual modelo de sociedade? As políticas neoliberais? Ou a formação integral humana? Na escola, um dos elementos essenciais para concretização de tal formação é o currículo, nesse sentido é necessário, compreender que a cultura constitui como matéria-prima deste, entendendo por cultura como toda forma de conhecimento construído pela humanidade e transmitido historicamente. Para que a escola tenha sentido para o aluno devemos integrar no currículo a cultura dos educandos, seu conhecimento, valores, crenças acerca do mundo que os rodeiam. Não devendo este estar desconectado, alheio da realidade destes sujeitos é fundamental que a cultura, o conhecimento os saberes da sua comunidade estejam presente na sala de aula, devendo haver uma relação orgânica e de autenticidade entre o currículo e a realidade, devendo o mesmo estar impregnado com esta cultura. O conhecimento construído no processo educativo deve ser construído para que o educando entenda o estar sendo no mundo em que ele está inserido de forma 4 crítica, entender que ele e a sociedade é modificável, somos seres em construção, portanto, inacabados, podendo nos reelaborar no mundo e construir novas realidades mais justas e sustentáveis, contribuindo desta formação de uma para uma sociedade sadia. Não adianta formamos seres humanos preenchidos com informações, se não valorizamos sua cultura como parte de sua formação, devemos problematizar a realidade para transformá-la. Ao enfatizar a importância da dimensão de conteúdo no currículo escolar não estamos querendo dizer que o conhecimento, a informação, seja menos importante, mas sim que é necessário procurar outra forma de ensiná-lo e que tenha significado para os alunos. Nesta perspectiva, como educadores no processo de construção do conhecimento e formação do ser, devemos criar as condições didáticas e metodológicas para que haja envolvimento dos educandos com práticas significativas, relacionadas à sua vivência para que atuem como protagonistas na construção do saber, sendo agentes transformadores dos espaços educativos e da sociedade. A escola que se deseja hoje deve estar pautada na lógica de um espaço ideal para a construção de uma nova sociedade, promovendo desta forma a formação de indivíduos democráticos, justos, éticos, solidários, autônomos, competentes, participativo, dialógicos, sujeitos do processo educativo e da própria história, com valores que contribuem para formação da subjetividade destes sujeitos e a sua relação com o mundo. Exemplificando três destes princípios na prática, a solidariedade, democracia e ética, aprendemos a ser solidário quando sensibilizamos com a causa do outro e procuramos uma forma de ajudá-lo, ou seja, com atitudes e ações de solidariedade. Não tem sentido apenas aprender conceitos sem exercitar, devemos colocá-los em práticas. Não podemos nos render a um ensino técnico e instrumental, que transforma as pessoas em objetos, coisas. Na perspectiva Freiriana, educar exige corporeificação das palavras, como exemplo, os valores devem ter sentido práticos, não adianta dizer que sou um educador democrático se não abro espaço para o aluno expressar-se, agir democraticamente é pensar certo, agir certo, este é o terceiro, os princípios da educação, a eticidade. Temos que ter coerência entre a educação que queremos e a forma como concretizamos esta educação. Mesmo que o educador ainda não tenha adquirido essa personalidade democrática durante seu processo de formação 5 humana. Nesse sentido, é necessária uma formação continuadaque provoque mudanças profundas nas condutas políticas dos professores de hoje. Fonte:www.ipccbraganca.com A questão singular é que ninguém escapa da educação. O ser humano é um ser educável, porém, ele deve ser educado por inteiro. Mas, o ato educativo não se dá por transferência de saber de forma verbalística, como quer a escola desidratada da cultura humana, por isso, a escola precisa ser pensada como espaço de irradiação da cultura democrática e do conhecimento estruturado. Logo, pensar a educação de outra forma, destituída de sua historicidade, não passa de mascaramento do real. Para isso, devemos romper com as visões tradicionais, funcionalistas ou sistêmico- mecanicistas da escola, superando a visão desta como um depósito do saber, e possibilitando uma formação crítica reflexiva que contribua para a formação integral. 3 CULTURA BRASILEIRA: DA DIVERSIDADE À DESIGUALDADE A cultura brasileira é diversificada, o que não exclui a evidente desigualdade social. A desigualdade social, uma característica marcante de nosso país, é atestada 6 pela evidente hegemonia de uma classe social nos processos de divisão social do trabalho e de divisão da renda, além de fatores como o acesso à saúde, educação, saneamento e segurança. Apesar de vasta e ampla, a cultura brasileira torna-se símbolo de status para as elites, que selecionam arbitrariamente aquilo que deve ou não ser consumido, relegando o que não foi selecionado para o limbo da produção cultural. Ademais, a nossa rica cultura popular faz contraste ao nosso povo, desprovido, muitas vezes, de insumos básicos para a sobrevivência. É comum escutarmos que o Brasil é um país miscigenado, de cultura vasta e crenças religiosas sincréticas. De fato, a formação étnica do povo brasileiro ocorreu, primeiramente, com a miscigenação entre povos africanos, portugueses (que já tinham em sua linhagem traços de miscigenação entre povos diversos do continente europeu) e indígenas. Ao longo do tempo decorrido, desde o início da república, o Brasil recebeu imigrantes italianos, japoneses, alemães e de outros países sul-americanos. Isso somente atesta que, tomando o significado de cultura por uma concepção geral que envolve os hábitos, costumes, a culinária, as crenças e o modo de vida geral de um povo, o Brasil é realmente vasto. Porém, essa concepção diversa da cultura brasileira pode resultar em um olhar equivocado quanto à não existência de mazelas sociais, como a desigualdade social, o elitismo cultural e o racismo. Gilberto Freyre, em Casa Grande e Senzala, aponta sua análise sobre a sociedade colonial brasileira para um rumo, no mínimo, estranho: ele fala de uma relação harmônica entre negros e brancos no Brasil Colonial, o que parece ser um eufemismo que relativiza o que realmente aconteceu – a dominação pura e simples de brancos contra negros. A miscigenação que Freyre utiliza como dado para atestar a sua teoria nada mais foi que fruto de abusos sexuais e estupros de homens brancos contra as suas escravas e contra as mulheres indígenas. Quando se relativiza a dominação branca durante o período colonial, tende-se a apoiar um racismo estrutural que perdura até hoje. 7 O elitismo cultural (que apesar de toda a vastidão cultural brasileira, existe por aqui) também é fator estruturante para a manutenção das desigualdades sociais que privilegiam etnias, classes sociais e regiões. Durante muito tempo, a Antropologia formulou teorias que tentaram justificar a existência de culturas superiores e inferiores, de acordo com o desenvolvimento fenotípico dos povos que criaram essas culturas. Uma dessas teorias é o darwinismo social, que passou a ser questionado por Franz Boas, no fim do século XIX, e somente caiu de vez a partir do estruturalismo de Claude Lévi-Strauss. 3.1 Formação e diversidade cultural da população brasileira O território brasileiro era habitado, até 1500, pelos povos nativos, chamados pelos europeus de índios. Porém, não havia apenas uma tribo ou uma vertente cultural indígena nas terras que os povos Tupi chamavam de Pindorama: eram quatro agrupamentos linguísticos diferentes (Tupi-Guarani, Jê, Caribe e Aruaque). Esses grupos étnicos eram divididos em milhares de tribos, essas divididas em aldeias. Cada tribo possuía seus costumes. Com a captura e escravização dos povos africanos, pudemos observar uma vastidão cultural semelhante à dos povos indígenas, pois não havia uma só tribo de onde os portugueses capturavam os africanos ou uma só cultura africana. Os povos africanos eram vastos, divididos em várias tribos e de várias origens étnicas diferentes, o que conferiu à formação cultural afro-brasileira uma vastidão e amplitude tão diversa quanto à indígena. A vinda de povos brancos, de origem europeia, para o Brasil, tanto portugueses (que por si só já tinham uma origem poliétnica) como a vinda de italianos e alemães, contribuiu para a miscigenação de nosso povo. No Brasil, surgiu uma cultura ímpar, fruto da forte miscigenação, que resultou em produtos culturais populares sem igual no mundo. Há também em nossa terra e na formação de nosso povo o sincretismo religioso devido à mistura de crenças, o que resultou, por exemplo, no surgimento de uma religião genuinamente brasileira: a umbanda, que mistura elementos do candomblé e do kardecismo. 8 3.2 Preconceito cultural no Brasil Desde o início da colonização, um elitismo cultural reina no Brasil, pois os portugueses viam a si mesmos como superiores e os povos nativos como inferiores. O trecho transcrito a seguir atesta essa visão etnocêntrica: “A língua deste gentio toda pela costa é uma, carece de três letras, não se acha nela f, nem l, nem r, coisa digna de espanto, porque assim não têm fé, nem lei, nem rei, e desta maneira vivem sem justiça e desordenadamente. ” (Apud PORFÍRIO F. 2019) Mais tarde, quando os africanos começaram a ser escravizados por povos europeus, a escravidão assentava-se, igualmente, em um etnocentrismo racista e em um elitismo cultural: os europeus, brancos, julgavam-se superiores aos africanos por seus fenótipos e por suas características culturais que, no julgamento dos próprios europeus, eram superiores. Os europeus tinham um sistema político governamental e com formação estatal, dominavam a pólvora e a escrita, além de terem moeda e iniciarem o capitalismo mercantilista. Os povos do Sul desenvolveram-se de maneira diferente. Com exceção de alguns povos mesoamericanos, nativos da África e da América viviam em contato com a natureza e não estabeleciam relações comerciais nem centralização de poder. O modo de vida dos nativos africanos e americanos era autossuficiente, e a sua cultura tinha ganhado contornos diferentes da cultura europeia. A justificação do domínio pela cultura é um forte elemento do preconceito cultural no Brasil. Hoje, podemos falar da existência de um elitismo que culmina na discriminação daquelas pessoas marginalizadas (que estão à margem da sociedade, devido à exclusão social) e em um racismo estrutural. O racismo estrutural, muito forte no Brasil, é um tipo de racismo velado e indireto. Ele pode ser manifestado por meio de dados socioeconômicos. Esse tipo de racismo arrasta-se sorrateiramente desde a abolição da escravidão, que deu a liberdade por direito aos negros escravizados, mas não deu suporte educacional, econômico e de assistência básica para que aquela população pudesse organizar a sua vida. Teorias que apontam para uma democracia racial, como a de Gilberto Freyre, somente reforçaram a ideia de que estava tudo bem, quando não estava. 9 Por não possuir um regime de apartheid, como houve nos Estados Unidos, o brasileiro médio (em especial a população branca) cresceu acreditando que havia oportunidades iguais para negros, brancos e indígenas, quando, na verdade, nunca houve, e quemsofre com isso diariamente são os negros de classe baixa. Esses aspectos atestam que existe uma direta relação entre desigualdade social e diversidade cultural. 4 DIFERENÇA ENTRE DIVERSIDADE CULTURAL E DESIGUALDADE SOCIAL Em termos de estrita interpretação, diversidade cultural e desigualdade social são completamente diferentes. Desigualdade social faz referência à diferença entre as classes sociais e aos rendimentos de cada classe. Diversidade cultural faz referência à vasta quantidade de culturas diferentes existentes em um nosso território. No Brasil, a associação entre os termos “desigualdade social” e “diversidade cultural” é possível, pois apesar de nossa diversa formação cultural, a exclusão social apresenta-se como um fator de exclusão que se manifesta, majoritariamente, por meio da diferença entre as diversas culturas que formam a população brasileira. 5 DIVERSIDADE CULTURAL: O QUE É E DIVISÃO NO BRASIL! O Brasil é um país que apresenta dimensões continentais e, por isso, possui uma extensa diversidade cultural. Desde a colonização pelos portugueses e a chegada dos escravos africanos, nossa terra sempre foi destino de muitos imigrantes. Assim, as colônias japonesas, alemãs, italianas e povos de outras nacionalidades são responsáveis diretos pela mistura presente na formação de nossa cultura. Portanto, a diversidade cultural é um conceito bastante importante e que indica a junção de determinado número de culturas vivendo em um mesmo espaço geográfico. Todo esse conhecimento deve ser problematizado e analisado para que seja possível a construção de um mundo mais igualitário e com respeito às diferenças. Como o próprio nome indica, diversidade cultural é um conjunto de diferenças vividas por um amplo número de pessoas, que podem estar em um mesmo país ou em uma única cidade e, ainda assim, manter características, crenças religiosas e costumes sociais completamente diferentes entre si. 10 A diversidade está presente em toda e qualquer sociedade humana, uma vez que é mundialmente reconhecida a capacidade do indivíduo de se inventar, reinventar e de construir a própria identidade diariamente, em um processo que demanda influências mútuas com outros membros da sociedade ou de grupos distintos, que sejam adeptos a outras culturas. Fonte: Fonte: artes2010blog.blogspot.com Cultura é um conceito amplo e complexo, utilizado para resumir tudo o que determinada sociedade ou povo produz. Desta forma, línguas, religiões, ritos diversos, músicas, danças, comidas, costumes sociais, tradições — até mesmo em relação a casamento, nascimento ou morte — fazem parte do que se convencionou chamar de cultura. É muito comum haver um mal-entendido quando se fala sobre este assunto. Não é difícil encontrar grupos, geralmente mais elitizados, que acreditam deter o monopólio da cultura, subestimando, assim, o estilo de vida ou costumes sociais de minorias divergentes. No entanto, cultura é muito mais do que uma batalha de gostos e preferências. Cultura é toda a produção de uma sociedade, independentemente de uma parte dela gostar ou não do que é produzido. Sendo assim, ela deixa de ser uma escolha arbitrária de determinados grupos sociais e passa a ser um todo maior e mais inclusivo. (Apud SILVA J. P. R. 2017) 11 Portanto, a diversidade cultural é o todo que permite e incentiva as diferenças dentro de uma mesma sociedade, que propõe um papel democratizante, de fato, para que todos possam ter seus espaços de direito dentro de um grupo ou de um país. A globalização e a cultura A globalização é o fenômeno que faz com que pessoas de diferentes locais do mundo possam se comunicar umas com as outras, como se estivessem em um mesmo ambiente. É uma rede que diminui distâncias geográficas e permite, por exemplo, que uma pessoa que mora no Japão converse com outra que mora no Brasil sem que seja necessário um esforço maior que alguns cliques, aumentando, assim, as trocas culturais. Desta forma, uma das discussões sobre cultura, identidade e sociedade que está em constante debate é a forma como a globalização interfere no conceito de cultura e na identidade de cada pessoa. A identidade é tudo o que constitui o indivíduo, o que ele é, sente, vê, deseja, enfim, tudo o que o indivíduo conhece. A globalização, portanto, torna os gostos mais plurais, diversos e descentralizados, superando as barreiras geográficas. Por exemplo, um brasileiro pode se sentir mais à vontade com a cultura japonesa, preferindo animes a filmes nacionais, ou pode preferir o estilo de roupas e cabelos dos habitantes de uma pequena cidade na Suécia. A globalização permite ao indivíduo uma liberdade maior de escolhas. Com estas mudanças, o mundo torna-se um espaço ainda mais inclusivo, mais diverso, com tolerância aos variados tipos de identidade e de cultura. A diversidade cultural precisa, portanto, dar conta de todas as pessoas e não apenas de determinados grupos. 6 DIVERSIDADE CULTURAL NO BRASIL O Brasil é um dos países com maior influência estrangeira, uma vez que, além dos nativos que já viviam aqui, recebeu colonizadores europeus e ainda escravos e imigrantes de diversos outros países. E, é claro, cada uma dessas pessoas possuíam 12 seus próprios costumes e estilo de vida. Ou seja, o nosso país é um grande exemplo de diversidade cultural. Infelizmente, até hoje a diversidade cultural não implica em respeito ao próximo. No entanto, reconhecer as diferenças é o primeiro passo para a diminuição de problemas estruturais de intolerância, desrespeito e aversão ao que não é semelhante. No Brasil, cada região tem uma predominância cultural própria, o que acaba por fazer com que determinadas as características sejam mais comuns em um espaço geográfico, ainda que cada parte pertença a um grupo maior, que é o país. Região Norte Com uma região equivalente a quase 50% de todo o território nacional, o Norte do Brasil abriga grandes tesouros — a Floresta Amazônica e o Rio Amazonas são os principais. Enquanto uma é conhecida por ser a maior floresta tropical do planeta, o outro recebe o título de rio mais extenso do mundo. Diante de toda essa extensão territorial, já seria de se imaginar a cultura riquíssima e a diversidade da região. Todos estes elementos contribuíram para fazer do Norte uma mistura de povos, baseando-se principalmente pelos povos indígenas. Dentre as principais características culturais, podemos destacar os festivais e a sua culinária. O Festival de Parintins, no estado do Amazonas e a Festa do Círio de Nazaré, em Belém do Pará são conhecidos no mundo todo e estão sempre em evidência nesse canto do país. Ainda, a culinária típica desta região se baseia em alimentos como a mandioca, o tucupi, o jambu, a carne de sol, o pirarucu e diversos outros tipos de pratos. Região Nordeste Essa região comporta cerca de 60% dos estados litorâneos do país e está fortemente ligada a fatos históricos, afinal, foi nela que os primeiros colonizadores portugueses desembarcaram em terras brasileiras. Por conta disso, os estados nordestinos ainda conservam um estilo colonial e atraem milhões de turistas todos os anos. 13 A Literatura de Cordel é uma grande característica cultural compartilhada no Nordeste, assim como a especialização do artesanato feito com rendas. Além disso, alimentos como o acarajé, vatapá, caruru e broa de milho são bastantes típicos da região. Ainda, essa região ainda conserva eventos culturais que remontam o Brasil Colônia, como as religiões afro-brasileiras, a capoeira e as festas juninas. Região Centro-Oeste Formada pelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal, a região centro-oeste é muito lembrada por suas manifestações culturais representadas pelas festas, pela música e também pelo artesanato ligado a culturas de algunspovos indígenas. A Festa do Divino e a Festa de São Benedito são duas das mais famosas festas dos estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, assim como a galinhada com pequi, a sopa paraguaia, a guariroba e o arroz boliviano são algumas das comidas representativas da região. Região Sudeste O sudeste brasileiro é conhecido por ser uma das regiões mais ricas e densamente habitadas. Formada pelos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, o Sudeste é composto pela mistura de diversos grupos, especialmente pelos povos europeus, africanos e indígenas. Assim como nas demais áreas, o Sudeste é famoso por sua culinária, música, dança, festivais religiosos e folclóricos — especialmente fora dos grandes centros urbanos. Festividades de santos padroeiros e demais eventos de cunho religioso estão sempre presentes na região. Ademais, gêneros musicais como o samba, a bossa-nova e o funk estão inseridos no DNA do povo sudestino. Região Sul Por fim, a região sul do Brasil é marcada por eventos culturais fortemente ligados aos imigrantes europeus que se instalaram neste canto do país. Formado pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, essa região foi 14 originalmente habitada por índios, e, posteriormente teve a chegada dos escravos africanos com a vinda de colonizadores portugueses e espanhóis. Os sulistas possuem uma manifestação cultural repleta de tradições vindas junto com os alemães, italianos, japoneses e demais povos da Europa Central e Oriental. O clima frio favoreceu o estabelecimento destes grupos no país e, por isso, a região possui uma arquitetura muito semelhante aos países europeus. Além das tradições de família, essa região do país produz eventos como a Oktoberfest e a Festa da Uva. A diversidade cultural é algo que faz parte da natureza humana, que celebra as diferenças e faz com que o respeito e a curiosidade sejam desenvolvidos. Sendo assim, o conceito deve ser sempre trabalhado a fim de que o mundo possa se tornar um lugar mais igualitário e seguro para todas as manifestações de identidade. 7 A IMPORTÂNCIA DA CULTURA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Durante as últimas décadas vem se discutindo a incorporação da cultura no processo de ensino-aprendizagem, alguns educadores e movimentos sociais, lutam para que suas culturas sejam legitimadas como essências e coparticipante no processo de ensino, com relação à temática BOURDIEU afirma que "a cultura é o conteúdo substancial da educação, sua fonte e sua justificação última [...] uma não pode ser pensada sem a outra", embasados na ideia de que a cultura é um elemento que nutre todo o processo educacional e que tem um papel de suma importância na formação de um indivíduo crítico e socializado esses movimento reivindicam a inclusão da cultura no currículo escolar. O reconhecimento da multiculturalidade da sociedade leva a constatação da diversidade de raízes culturais que fazem parte de um contexto educativo como uma sala de aula. Nesse sentido, autores como Candau (2000; 2002), Forquin (1993), entre outros autores, que enfatizam a relação existente entre escola e cultura, nos instiga a buscar uma melhor compreensão acerca da importância da cultura no processo de aprendizagem e nas práticas pedagógicas. Deste modo uma educação multicultural tem despertado uma série de discussões entre os mais conceituados autores e pesquisadores. Que buscam questionar a incorporação de pressupostos curriculares cooperativos para que assim 15 o ambiente escolar se torne favorável aos alunos de todos os grupos sociais, étnicos e culturais. Fonte: g1.globo.com A escola é defendida como uma entidade socializadora que deve incorporar as diversas culturas, afim de que haja um ambiente sociável onde todos possam manifestar seus ideais sem medo de serem tachados como antiéticos e serem discriminados pela cultura que estes manifestam ou pertencem. Neste contexto, após uma análise da discussão, pôde-se constatar que existem opiniões diversas a respeito da incorporação da cultura no processo de aprendizagem, alguns educadores relutam em usar a cultura como conteúdos em suas aulas, surgem então alguns questionamentos a serem respondidos entre os quais: a cultura é mesmo importante no processo de aprendizagem? O que ela tem a oferecer neste processo de conhecimento? Os educadores consideram a cultura como aliada no processo de aprendizagem? Este artigo tem como objetivo, verificar a importância que a cultura tem no processo de ensino aprendizagem, averiguar os pontos positivos que a cultura tem a oferecer a ao processo educacional, e conscientizar educadores e educandos da importância da cultura no processo de aprendizagem. 16 Num primeiro momento o artigo fundamenta-se em uma pesquisa bibliográfica destinada a focalizar as considerações sobre a importância da cultura no processo de ensino-aprendizagem que antecede a investigação de campo que está sendo realizada em uma escola de ensino fundamental com professores das disciplinas relacionadas ao tema que posteriormente fornecerá dados para formulação de uma compreensão do problema proposto. 7.1 A relação cultura e educação A cultura faz parte do nosso íntimo, somos criadores e propagadores da cultura, de forma que a manifestamos de diversas maneiras. Mas o que é cultura e qual a sua relação com a educação? Candau (2003) afirma que cultura é um fenômeno plural, multiforme que não é estático, mas que está em constante transformação, envolvendo um processo de criar e recriar. Ou seja, a cultura é por sua vez um componente ativo na vida do ser humano e manifesta-se nos atos mais corriqueiros da conduta do indivíduo e, não há indivíduo que não possua cultura, pelo contrário cada um é criador e propagador de cultura. Darcy Ribeiro (1972): afirma que: "[...] cultura é a herança social de uma comunidade humana, representada pelo acervo coparticipado de modos padronizados de adaptação à natureza para o provimento da subsistência, de normas e instituições reguladoras das reações sociais e de corpos de saber, de valores e de crenças com que explicam sua experiência, exprimem sua criatividade artística e se motivam para ação". (Apud SILVA J. P. R. 2017) Darcy Ribeiro converge na ideia de que embora a cultura seja um produto da ação humana ela é regulada pelas instituições de modo que se lapida a ideia a ser manifestada segundo os interesses ou valores de crenças de determinado grupo social, a cultura para Darcy também é uma herança que se resume em um conjunto de saberes que são perpassados através das gerações, saberes estes manifestados e experimentados pelo ancestrais. Quando se trata de cultura e educação, podemos dizer que são estes fenômenos intrinsecamente ligados, a cultura e a educação, juntas tornam-se elementos socializadores, capazes de modificar a forma de pensar dos educandos e dos educadores; quando adotamos a cultura como uma aliada no processo de ensino- aprendizagem estamos permitindo que cada indivíduo que frequenta o ambiente escolar se sinta participante do processo educacional, pois ele nota que seu modo de 17 ser e vestir não é mais visto como "antiético" ou "imoral", mas sim uma forma de este se socializar com os demais colegas, alguns autores defendem a ideia de a educação não pode sobreviver sem a cultura e nem a cultura sem a educação. Candau (2003, pag.160) afirma que: "A escola é, sem dúvida, uma instituição cultural. Portanto, as relações entre escola e cultura não podem ser concebidas como entre dois polos independentes, mas sim como universos entrelaçados, como uma teia tecida no cotidiano e com fios e nós profundamente articulados." Para Vera Candau as escolas além de ser uma instituição educacional, ela também é uma instituição cultural, onde dentro delas estão inseridos diversosgrupos sociais que não devem ser ignorados pelos educadores muito menos pela escola, mas sim valorizados, através de discussões e feiras, para que as culturas não tradicionais possam ser conhecidas e reconhecidos quanto a suas ideologias e formas de ser. Trindade (2003) apud Ferreira (2005 pag.1) converge nesta posição: "[...] A questão que se coloca é a importância de se entender a relação cultura e educação. De um lado está a educação e do outro a ideia de cultura como lugar, a fonte de que se nutre o processo educacional para formar pessoas, para formar consciência". Para Trindade a cultura tem um importante papel no processo de aprendizagem, pois é ela é que nutre todo processo educacional, na missão de forma indivíduo crítico e conhecedor de sua origem cultural, daí a necessidade de se discutir as culturas diversas na sala de aula. Embora a escola seja palco dessas multiculturalidade ela vem encontrando várias dificuldades em interagir suas práticas educativas mais comuns com a diversidade cultural vivenciada pelos alunos, isso por que os conteúdos selecionados e trabalhados pela escola não tem nenhuma relação com o universo cultural ou com essa multiculturalidade vivenciada pelos educandos, a cultura que os alunos conhecem são apenas os folclores ou seja a cultura chamada tradicional, não se discute a cultura existe na sala de aula, apenas dá-se ênfase as culturas distantes da realidade do aluno. Diante dessa problemática Candau e Anhorn (2000, p.2) afirmam que "hoje se faz cada vez mais urgente a incorporação da dimensão cultural na prática pedagógica". Candau defende uma abordagem pedagógica pautada numa perspectiva de educação multicultural, ou seja, dever-se-ia incluir essa discussão no currículo escolar e por certo nos projetos da escola. 18 A escola deveria seguir o papel de intermediador entre as diferentes culturas jovens, permitindo o debate entre elas e por certo a valorização delas através dos eventos escolares ou outros meios pedagógicos. Candau e Anhorn (2000) afirmam que: "[...] um currículo multicultural coloca aos professores o desafio de encontrar estratégias e recursos didáticos para que os conteúdos advindos de variadas culturas sejam utilizados como veículo para: introduzir ou exemplificar conceitos relativos a uma ou outra disciplina; ajudar os alunos a compreender e investigar como os referenciais teóricos de sua disciplina implicam na construção de determinados conhecimentos; facilitar o aproveitamento dos alunos pertencentes a diferentes grupos sociais; estimular a autoestima de grupos sociais minoritários ou excluídos; educar para o respeito ao plural, ao diferente, para o exercício da democracia, enfatizando ações e discursos que problematizem e enfraqueçam manifestações racistas, discriminatórias, opressoras e autoritárias, existentes em nossa nossas práticas sociais cotidianas". A partir disso, pode-se concluir que a inclusão de currículo multicultural no ambiente escolar, não só possibilita o conhecimento de outras culturas, mas também auxilia no processo de ensino-aprendizagem na medida em que os professores utilizem da cultura dos alunos em suas aulas e em projetos da escola, quando há essa interação e interesse do professor em conhecer e por certo valorizar as demais culturas ocorre o processo de socialização, onde cada cultura passa a ser entendida e vista não mas com um olhar pejorativo, proporcionando a partir daí um ambiente escolar, mas agradável e por certo uma nova perspectiva na forma de aprender. Embora seja defendida essa aliança entre educação e cultura não se deve esquecer o professor neste processo, deve ser analisado se este está preparado para lidar com essa multicultulidade do ambiente escolar com relação ao fato Candau (2003, pag. 157) afirma "Será necessário que o docente se disponha e se capacite a reformular o currículo e a prática docente com base nas perspectivas, necessidades e identidades de classes e grupos subalternizados". É certo que a construção de um novo currículo com base essa multiculturalidade não será tarefa fácil para o professor, pois isto requererá uma nova postura, novos saberes, novos objetivos, novas estratégias e por certos novos assuntos. 19 É possível sim a incorporação da cultura no processo de aprendizagem, mas desde que haja meios, ideias e preparo do corpo docente para lidar com este novo desafio. A cultura sem dúvida deve estar presente no ambiente escolar, pois ela também faz parte do processo de ensino aprendizagem, ela nutre, socializa e fornece ideias para um aprendizado, mas eficiente, como afirma Vygotsky. "A cultura cria formas especiais de comportamento, muda o funcionamento da mente, constrói andares novos no sistema de desenvolvimento do comportamento humano... 8 CULTURA Cultura é um termo complexo e de grande importância para as ciências humanas em geral. Sua etimologia vem do latim culturae, que significa “ato de plantar e cultivar”. Aos poucos, acabou adquirindo também o sentido de cultivo de conhecimentos. A noção moderna de cultura foi sintetizada pela primeira vez pelo inglês Edward Tylor, conceituando-a como um complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos por uma pessoa como membro de uma sociedade. Nesse sentido, podemos dizer que a cultura engloba os modos comuns e aprendidos de viver, transmitidos pelos indivíduos e grupos em sociedade. Para além de um conjunto de práticas artísticas, tradições ou crenças religiosas, devemos compreender a cultura como uma dimensão da vida cotidiana de determinada sociedade. Uma característica da cultura é que ela é indissociável da realidade social. A cultura está presente sempre que os seres humanos se organizam em sociedade. A cultura é uma construção histórica e produto coletivo da vida humana. Isso quer dizer que falar em cultura implica necessariamente se referir a um processo social concreto. Costumes, tradições, manifestações culturais e folclóricas como festas, danças, cantigas, lendas, etc. só fazem sentido enquanto parte de uma cultura específica; ou seja, as manifestações culturais não podem ser compreendidas fora da realidade e história da sociedade a qual pertencem. 20 Fonte: wilsonquinteiro.blogspot.com Outra característica da cultura é o seu aspecto dinâmico. Por isso é mais pertinente pensá-la como um processo e não como algo estagnado no tempo. Isso fica claro no mundo globalizado, marcado por rápidas transformações tecnológicas, pelo constante contato entre as culturas e disseminação de padrões culturais pelos meios de comunicação de massa. Porém, mesmo quando se fala de sociedades tradicionais, não quer dizer que elas não se modifiquem. Todo aspecto de determinada cultura tem a sua própria dinâmica, pois não existe nenhuma sociedade humana que esteja isenta de transformações com o tempo e contato com outras culturas. A cultura de determinada sociedade é passada de uma geração a outra através da educação, manifestações artísticas e outras formas de transmissão de conhecimento. O comportamento dos indivíduos vai depender desse aprendizado cultural. Portanto, um menino e uma menina agem diferentemente não por causa de 21 seus hormônios, mas devido à educação diferenciada que recebem. É por isso também que maneiras de falar, se vestir, se alimentar, se comportar, etc. de um povo específico pode ser tão estranho aos olhos de outros povos. O que é repugnante para indivíduos de uma sociedade, pode ser desejável em outra. Mais ainda: em uma mesma sociedade, o que era impensável no século passado pode se tornar comum hoje em dia e vice-versa. As sociedades humanas historicamente desenvolveram formas diferentes de se organizar, de relacionar internamente, com outros grupos sociais e com o meio ambiente.Sociedades distintas vão necessariamente originar culturas diferentes, ou seja, diferentes formas de ver o mundo e orientar a atividade social. (Apud GUERRA L. A. 2014) É por isso que existem tantas diferenças culturais, mesmo sendo todos pertencentes à mesma espécie humana. As diferenças culturais não podem ser explicadas em termos de diferenças geográficas ou biológicas. No passado, explicações baseadas no determinismo geográfico ou genético contribuíram para reforçar o racismo e preconceitos, além de terem servido como justificativa para a dominação de uns povos sobre outros. No século XIX, alguns autores estabeleciam hierarquias entre todas as culturas humanas, defendendo uma escala evolutiva de linha única entre elas. Nessa concepção, todas as culturas teriam que passar pelas mesmas etapas, desde um estágio primitivo até as civilizações mais evoluídas que seriam as nações da Europa ocidental. Essa visão etnocêntrica servia aos interesses dos países europeus em legitimar seu expansionismo e colonização a partir de uma suposta superioridade cultural. Tais concepções evolucionistas foram atacadas com o argumento de que a classificação das sociedades em escalas hierarquizadas era impossível, já que cada cultura tem a sua própria verdade. Concluiu-se então que não existe relação necessária entre características físicas de grupos humanos e suas formas culturais. A diversidade das culturas existentes corresponde à variedade da história humana. Cada realidade cultural tem sua lógica interna, que faz sentido para os indivíduos que nela vivem, pois é resultado de sua história e se relaciona com as condições materiais de sua existência. A partir da compreensão da variedade de procedimentos culturais dentro dos contextos em que são produzidos, o estudo das culturas contribui para erradicar preconceitos e fomentar o respeito à diversidade cultural. https://www.infoescola.com/sociologia/preconceito/ 22 As diferenças culturais não existem apenas entre as sociedades, mas também dentro de uma mesma sociedade. Basta pensarmos na sociedade brasileira, nos diferentes sotaques, classes sociais, etnias, gênero, religiões, gerações, escolarização, origens, etc. É importante levar em conta a diversidade cultural interna à nossa própria sociedade, para compreendermos melhor o país em que vivemos. No atual mundo globalizado, o estudo da cultura assume características peculiares, devido ao desenvolvimento da indústria cultural e de novas tecnologias de informação e conhecimento. Por um lado, vivemos um aumento enorme do intercâmbio de conhecimento e de informação entre diferentes sociedades em todo o planeta; por outro, este é um processo desigual que pode modificar maneiras tradicionais de viver, produzir e se identificar culturalmente. 9 A IMPORTÂNCIA DA CULTURA PARA A SOCIEDADE A cultura possui objetos ou símbolos que fazem parte do seu contexto, em ideias que regula o comportamento, em formas de religiosidade entre outras. Os aspectos constroem a realidade social que dividi por aqueles que integram os dando forma a relação e que estabelece valores e normas. Algumas normas que são dadas como valores, possuem grandes variações sobre as diferentes culturas que podem ser observadas. Em alguns tipos de culturas, como no Japão, o valor da educação é tão importante, que falhar em um exame escolar, é ser visto como tremenda vergonha para a família do estudante (RODRIGUES, 2015). Assim, a cultura sofre constantes mudanças de acordo com os integrantes vividos nos acontecimentos. De modo que, os valores que possuíam força no passado se enfraquecem no novo contexto vivido pelas novas gerações, a depender das novas necessidades que surgem no mundo social. De acordo com Oliveira (2003) existem alguns tipos de culturas, sendo a primeira cultura de massa, a segunda é a cultura erudita e a terceira e última é a cultura popular. Em se tratando de cultura, é preciso considerar o termo indústria cultural. Esse é o termo usado para designar um determinado tipo de cultura, a partir da lógica da produção industrial. Com isso passou a produzir arte com a finalidade de obter lucros. As culturas tradicionais também são muito importantes para expor os costumes às crenças e apresentar para os turistas o tipo de tradição que determinada https://www.infoescola.com/geografia/globalizacao/ 23 comunidade tem; é uma forma de se apresentar e mostrar sua história de forma que impressione; o que não pode, é que determinada comunidade se deixe, ser influenciada em outras formas de aprendizagem e acabe esquecendo suas origens e costumes tradicionais. A cultura diverge de conceito a partir do público que a caracteriza. Porém, entende-se que cultura é algo criado, mas que deve nascer de forma natural ou planejada, junto da sociedade. A identidade regional representada através de manifestações culturais é também uma forma de valorização cultural de um povo. Quanto mais carente culturalmente, as pessoas tende a se deixar influenciar pelas culturas de dominação e alienação. Concluímos assim, que a cultura tradicional é muito importante para expor os costumes, as crenças, e apresentar para os turistas o tipo de tradição que aquela comunidade tem de se apresentar e mostra sua história de forma que impressione o espectador, o que não pode é que uma determinada comunidade deixa ser influenciada em outras formas de aprendizagem e acaba esquecendo suas origens e costumes tradicionais. Entender o conceito de cultura relacionado à faixa etária de idade e as condições econômicas sociais é importante para compreender com mais detalhes o que é cultura e a sua importância. 10 INDIVÍDUO, CULTURA E SOCIEDADE Já está comprovado por estudos científicos, que existe uma organização social entre os animais, não apenas entre os mamíferos superiores, mas também entre os insetos como: formigas, cupins, abelhas, etc. Entre esses insetos existe algo que podemos chamar de “hierarquia social” ou “poder político”, “divisão de trabalho” etc. A questão é; Qual a diferença entre a “sociedade” desses animais e a sociedade do homem? Quando comparamos as “sociedades” animais constatamos em seu comportamento certa padronização parecida com algumas padronizações entre os seres humanos, ou seja, ambos apresentam formas regulares de ação diante de determinadas situações. Se observarmos os insetos como abelhas e formigas constatarão que ambos apresentam comportamentos constantes, enquanto, obviamente os padrões de 24 comportamentos humanos assim como suas formas de organização social, são extremamente mutáveis tanto no tempo como no espaço. As pessoas apresentam comportamentos diferentes de acordo com o lugar onde vivem (país estado, região) e também não se comportam mais hoje como se comportavam a cinco ou dez anos atrás. A diferença é que as formas de comportamento dos animais irracionais e insetos são transmitidas geneticamente, ou seja, decorrem da natureza, enquanto os padrões de comportamento do homem são artificiais, criados pelo próprio homem. Como já foi provado que as abelhas se comunicam através de uma espécie de “dança” durante o voo, esse comportamento, assim como outros não foram inventados por elas, mas fazem parte de seu organismo, pois resultam de impulsos inatos, já nascem com elas assim como todas as outras espécies animais. Isto não significa que os animais não humanos sejam incapazes de aprender, mas, significa que eles apresentam um comportamento fortemente padronizado pela herança biológica enquanto o comportamento humano é acima de tudo padronizado pela aprendizagem através da comunicação simbólica. Apesar de a espécie humana ser dotada de certas características orgânicas que só ela possui, estas não são suficientes para o desenvolvimento da sua personalidade e do comportamento na sua formasocial. Essas características servem para dar ao indivíduo condições necessárias ao desenvolvimento próprio do homem se associar a outros e viver em grupo, mas não basta para que o homem desenvolva sua sociedade; quer dizer sem elas o homem não se torna social, mas elas não são suficientes porque a forma típica de sociabilidade do homem não é uma consequência direta das peculiaridades do seu organismo como os animais não humanos. Isso significa que é necessário um organismo normal como condição do desenvolvimento da sociabilidade do homem e que sem essa condição, a aprendizagem através da comunicação simbólica se processará de modo deficiente, ou seja, as deficiências orgânicas congênitas, dependendo do seu tipo me grau, impede o desenvolvimento da capacidade humana de conviver em sociedade. Apesar de possuir características orgânicas normais, isso ainda não é o suficiente para tornar o homem social, pois ele não nasce social, ele adquire comportamentos tipicamente humanos através da socialização. 25 Na sociologia, socialização não significa como s usa em outros contextos, distribuição igualitária de bens e serviços; mas significam transmissão e assimilação de padrões de comportamento, normas, valores e crenças, assim como o desenvolvimento de atitudes e sentimentos coletivos pela comunicação simbólica. Assim sendo, socialização é o mesmo que aprendizagem no sentido mais amplo dessa expressão. Fonte: www.slideshare.net A comunicação entre os animais acontece através da linguagem emocional, por isso, são tão limitadas as possibilidades de comunicação entre os animais não humanos. Já comunicação humana se processa através de símbolos, ou seja, segundo Leslie White, símbolo é alguma coisa cujo valor é atribuído pelas pessoas que o usam. Esse antropólogo explica que assim qualquer forma física como objeto material, cor, som cheiro o movimento de um objeto, um gosto está presente em todos os momentos de nossa vida, pois ele não se limita à palavra quer um símbolo por excelência; mas não é a sua única expressão. O símbolo verbal permite ao homem conduzir suas ações conforme as situações, objetos e pessoas fisicamente distantes, de acordo com os acontecimentos passados ou futuros permite a transmissão de conhecimentos, técnicas e ideias em 26 geral; permite enfim elaborar um universo de ideias tão real quanto o ambiente e as pessoas. Por isso é tão rica a possibilidade de comunicação entre os homens. Apesar de a socialização ser mais intima durante a infância e a adolescência, ela é um processo permanente porque os indivíduos precisam adaptar a novas situações sociais e essas adaptações acontecem através da aprendizagem de novos modos de agir e mesmo de pensar; afinal todas as sociedades estão sempre se transformando, mudando os padrões de organização. Sejam transformações mais lentas como as sociedades indígenas, ou, mais rápidas como as sociedades tipo urbano/industrial, qualquer que seja o tipo de sociedade, está sempre em mudança e isso requer do indivíduo, a assimilação de novos padrões de comportamento desenvolvidos na sociedade, para que ele possa se adaptar às transformações do seu ambiente social. A socialização, seja primaria ou secundária que dá ao indivíduo padrões de comportamento básicos para uma vida normal na sua sociedade ou padrões de comportamento especiais para posições e situações sociais, é ela um processo que não apenas integra o indivíduo na sociedade como também para os sistemas sociais. Segundo Kingsley Davis, esses padrões de comportamento animal são denominados sociedades de sistemas biossociais; as formas de organização das relações sociais entre os homens, por serem baseadas em padrões artificiais, são classificadas como sistema cultural. No sentido sociológico, cultura não é o mesmo significado da linguagem do senso comum. Essa apresenta vários significados como por ex: diz que “Fulano tem cultura” ou então como tipo de realização humana pela arte, a ciência, a filosofia; na linguagem cotidiana, essa palavra tem muitos sentidos. Já na sociologia, ela não se limita a essas acepções, mas é tudo o que resulta da criação humana; e tanto compreende ideias como artefatos. Segundo Edward B. Taylor, cultura é “um todo complexo que abarca conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e outras capacidades adquiridas pelo homem como integrante da sociedade em que vive”. Todos os homens possuem cultura pelo fato de estar vivendo em sociedade; participando de alguma cultura. Numa sociedade complexa, mais viável são as subculturas não regionais, como as subculturas etárias, profissionais, religiosas, etc. 27 Os indivíduos que participam de formas semelhantes de perceber e enfrentar situações sociais em virtude de alguma profissão, não é confinado a um mesmo espaço geográfico. Pertencer a uma determinada classe social, não significa ter uma determinada renda familiar, exercer algum tipo de profissão e ter certo grau de escolaridade, mas significa também participar de certas crenças, possuírem valores morais e mesmo estéticos ter determinadas aspirações, perceber a existência (de certo modo), pois as classes sociais tendem a possuir modos próprios de vida, ou seja, subculturas correspondentes. Ao conjunto dos valores, das crenças, das atitudes, dos sentimentos, dos motivos, das normas e dos padrões de comportamentos partilhados por todos os adultos socializados podemos chamar de núcleo de integração cultural ou, cultura dominante. 11 CULTURA E SOCIEDADE DE MASSA Uma sociedade complexa do tipo urbano industrial, atualmente é a chamada cultura de massa. Segundo a definição de JU. W. Bennet e Melvin Tumim, a cultura de massa é aquela arte da cultura total de uma sociedade composta de padrões de comportamento e de pensamento “comum `as subculturas de uma sociedade heterogênea” (natureza diferente) sendo a sua divulgação resultante da ação da indústria cultural, notadamente dos meios de comunicação de massa. Os padrões de cultura de massa são partilhados por todos ou pela maioria dos indivíduos, independentemente do nível de renda, grau de instrução, do tipo de ocupação ou localização especial. Sendo comum à maioria dos indivíduos em uma sociedade diversificada os padrões da cultura de massa, não se confundem com os padrões universais da cultura ou cultura dominante, pelo fato desses derivarem da tradição; enquanto a cultura de massa é um produto da indústria cultural. Portanto, essa não possui o mesmo grau de estabilidade da cultura dominante que diz respeito principalmente ao idioma dos valores morais e ao sentimento coletivo de participação de uma tradição histórica, pois, a cultura de massa se refere os aspectos superficiais de lazer, de gosto artístico e do vestuário. 28 A indústria cultural está frequentemente “fabricando” modas no campo da música através de novos ritmos, mas não altera os padrões resultantes entre nós da fusão de padrões europeus com padrões de origem africana. Da mesma forma acontece com o vestuário, que vem mudando constantemente, mas sem alterar os padrões distintivos de vestuário de homem e de mulher. Desse modo a cultura de massa coexiste com a cultura dominante nas sociedades heterogenias sem que a primeira substitua a segunda e dessa forma as duas existem como domínios diversos de experiência cultural. É impossível negar a importância da cultura de massa nas sociedades urbano- industriais atuais como fenômeno procedente somente pela invenção dos meios de comunicação de massa, mas sim porque a cultura de massa passa a ter um lugar importante na experiência cotidiana da maioria dos indivíduos. Outra parte da cultura que merece atenção nas sociedades é chamada cultura popular. Assim como a cultura de massa, esta não se resume a uma única subcultura, mas, pelo contrário não perpassa todasas subculturas. Enquanto a cultura de massa resulta da indústria cultural, a cultura popular está ligada às subculturas nas quais os padrões tradicionais são mais fortes. No Brasil, a cultura popular existe em várias regiões de todo território nacional, portanto, há desse modo uma cultura popular gaúcha, como há uma cultura popular típica da região Norte, bem como uma cultura popular típica nordestina. A cultura popular não se associa apenas a manifestações lúdicas, ou a arte em geral, mas é uma realidade bem mais vasta do que estes campos da vida social incluindo as práticas médicas, assim como a linguagem, os meios de conviver, de ver, e de sentir o mundo. Um equívoco constante em identificar a cultura popular com as criações anônimas do povo, pó ex: lendas, cantigas de roda e de ninar, etc. A cultura popular tanto compreende as invenções anônimas do povo como inclui muitas criações principalmente no campo da arte de autores conhecidos como um autor desconhecido. Como todo fenômeno social, a cultura popular é uma realidade viva, dinâmica em contínua transformação. A cultura popular é feita e refeita a todo o momento graças à criatividade do povo. Embora as expressões da cultura popular sejam mais visíveis nas comunidades rurais mais isoladas, ela está presente também no ambiente urbano, nas grandes 29 metrópoles brasileiras, nas quais são muito fortes ainda as marcas da tradição rural, apesar da influência da cultura da massa. 12 ESCOLA, SOCIEDADE E CULTURA A educação foi instituída socialmente no intento de formar indivíduos preparados para o convívio social. Disso se infere a estreita relação que há entre educação e sociedade que permanecem em um constante processo de interatividade e troca. O ser humano possui uma natureza social e, embora se possam identificar diferentes correntes ou tendências epistêmicas, é de entendimento geral que a sociabilidade humana constitui um paradigma fundamental. As observações clássicas acerca dessa sociabilidade e a centralidade a ela conferida, nos estudos das diferentes ciências humanas, provam que a identidade humana somente é reconhecida e estabelecida ante um grupo. Em outras palavras, o ser humano só se faz como tal diante de outro, com o qual estabelece mecanismos diversos de interação constante. É essa interação, na origem entre indivíduos, no final entre grupos e sociedades inteiras, que define outra das características humanas fundamentais, qual seja, a da vida social. A educação exerce profunda influência na forma como se constrói a sociabilização do homem. A necessidade da vida social, isto é, da organização social do homem, tem por base a capacidade humana de conhecer, de construir a compreensão sobre os meios e os processos fundamentais para a organização e a facilitação do ato de viver, afirma Ferreira (2001). Desde os primórdios das cavernas, o homem percebeu que ao agir sozinho perante as forças da natureza, não conseguiria ir muito longe. (Apud SANTOS A. M. 2013) Assim, surgiram os bandos e os clãs, a partir da percepção natural da necessidade do uso da força coletiva, única maneira que pudesse assegurar a proteção de cada um dos reptos imposto pelo meio ambiente. Na medida em que os desafios eram superados, reforçava-se a necessidade de organizar-se socialmente, convivendo em grupo e desenvolvendo os processos organizadores que agregavam os grupos em torno das facilidades conquistadas para o viver cotidiano. A capacidade de conhecer desenvolveu a vida social, e essa vida grupal, por sua vez, ampliou o próprio conhecimento humano, evidenciando a constante interatividade entre desenvolvimento do conhecimento e sociedade. Esse processo civilizador estendeu- 30 se por todos os milênios, chegando à sociedade atual, com uma organização social extremamente complexa, formada de diferentes formações sociais. As pessoas possuem características em comunhão, ou seja, necessidades de que precisam ser satisfeitas constituem-se em “condicio sine quan non” de sobrevivência e de ajustamento à condição de ser social. Como aponta Pessoa (2001), entre as inúmeras necessidades sociais, algumas são consideradas universais, sendo compartilhadas pelas pessoas de todas as sociedades. Essas necessidades, como por exemplo, a de alimentação, precisam ser satisfeitas para que as pessoas tenham uma existência normal no seu ambiente social. No intento de satisfazer qualquer uma das necessidades universais, os indivíduos seguem certos comportamentos padronizados e compartilhados pelos membros da sociedade. A guisa de resultado da organização social, emerge a caracterização da sociedade humana por meio da cultura. À luz do magistério da lavra de Ferreira (2001), todo o processo civilizatório somente poderia ocorrer em pugilo, em sociedade e seu produto recebe a denominação de cultura. Ao conhecer, registrar, compartilhar o produto de sua atividade pensante, o homem cria a cultura. Para o autor citado, existe um longo fio processual que foi tecido pela capacidade cognitiva humana ao longo da História, a unir, em uma totalidade cheia de sentido, as naves espaciais controladas por redes computacionais à primeira roda que girou sob as mãos de um homem das cavernas. O homem é, acima de tudo, um ser social que no exercício dessa sua característica, desenvolve sua cultura, os padrões e as formações sociais. Assim, a cultura está situada entre os elementos que o ser humano adquire na vida social, visto que não a recebe por meio da herança genética. A cultura é conceituada por Pessoa (2001), como o complexo que inclui os padrões de comportamento, as ideias e os objetos, tendo objetividade, ou seja, não existe em si mesma e não é um mero produto da imaginação humana. Ao transmitir o conhecimento do acervo cultural, a geração mais velha acaba por exercer um certo poder coercitivo, uma vez que existe uma pressão social sobre a geração mais jovem para que adquira a cultura. Nas sociedades, o processo de interiorizar a cultura alcança alguns objetivos. Em primeiro lugar, mantém a unidade social, condição necessária para a sua sobrevivência, pois essa unidade se deve em grande parte à cultura comum peculiar a cada sociedade. Em segundo lugar, por meio da transmissão da experiência social 31 se garante à sociedade a sua continuidade social, ou seja, a sua unidade social na perspectiva do tempo. Cada geração atua como elemento de ligação entre a geração anterior e a futura geração. Em terceiro lugar, ao se transmitir a cultura, contribui-se para a evolução social à medida que se adapta a pessoa social às mudanças socioculturais, tornando-a aberta a essas transformações. Fonte: artes2010blog.blogspot.com Nesse sentido, Swift (1977) afirma que a cultura não é somente alguma coisa que o homem faz, mas também, algo que o faz. A cultura estabelece essencialmente modelos de conduta, ou seja, padrões de comportamento assimilados pelas formações sociais. Uma formação social compreende um conjunto de padrões de comportamento compartilhados pela sociedade e orientados para a satisfação das necessidades do grupo. Dessa forma, é possível inferir-se, em consonância com o magistério da lavra de Pessoa (2001), que as informações sociais principais se referem aos padrões de comportamento, orientando as pessoas na satisfação das suas necessidades sociais básicas. As principais formações sociais são: (a) familiar, a educativa; (b) econômica; (c) política; (d) religiosa; e 32 (e) a recreativa. Dentro do âmbito social, essas instituições citadas, entre outras secundárias, não podem ser entendidas como atuando de modo isolado, mas, ao contrário, elas são interinfluentes. A instituição não se reduz aos indivíduos: ultrapassa a simples reunião de pessoas, possibilitando uma interação. Por conseguinte, tendo em vista a formação escolar, é possívelobservar que a mesma exerce influência sobre as demais e, ao mesmo tempo, recebe delas muita influência. Para Pessoa (2001), a escola representa uma instituição social de importância fundamental na convivência do homem em sociedade, por conta da sua crescente influência na socialização das novas gerações. O processo de integração entre as diversas instituições dentro de um determinado sistema social é denominado de rede institucional da sociedade. Outro aspecto que pode ser ressaltado, em relação às instituições sociais, refere-se ao fato de que essas instituições não possuem o mesmo ritmo de mudança social. A título de exemplo, pode-se tomar as instituições religiosas, as quais se modificam através de um processo muito lento, já as formações econômicas, em virtude das inovações tecnológicas, possuem um ritmo da modificação social muito rápido. Isso acaba por provocar uma defasagem sociocultural que equivale à diferença do avanço nesse nível entre duas formações. A condição humana é caracterizada pela capacidade de conhecer, de construir a compreensão sobre os meios e os processos essenciais para a organização e a facilitação do ato de viver. O conhecimento constitui um produto da atividade consciente do pensamento que determina a natureza social do ser humano e o condiciona a sua história e a sua cultura. É uma necessidade humana das mais importantes, compreender a forma como se dá o conhecimento, pois, é através dessa compreensão que a sociedade humana tem a possibilidade de avançar em seu processo de civilização. Para que essa compreensão seja viável, de acordo com Ferreira (2001), faz-se necessário o questionamento permanente acerca da natureza das forças cognitivas humanas, sobre o próprio conhecimento e o processo através do qual o ser humano constrói o pensar. À medida que desvenda o processo mediante o qual obtém o conhecimento do mundo, o homem percebe a si mesmo como ente integrado na realidade. 33 13 EDUCAÇÃO - PROCESSO SOCIAL A educação, em derradeira instância, compreende uma ação exercida, ou seja, uma atividade desenvolvida no meio social, através da qual a geração adulta pretende transmitir o seu patrimônio cultural, a sua herança social às gerações mais jovens. Ela se deve ao fato de que em cada organismo são considerados dois seres: um individual e outro social. O ser individual é aquele dado por meio da herança biológica fornecida pelos próprios pais, por meio do processo de hereditariedade. O ser social, por sua vez, é formado de um sistema de ideias, sentimentos, hábitos dos grupos sociais de que cada organismo faz parte e ao qual se integra, especialmente, através do processo educacional. Os seres humanos não nascem sociabilizados, mas ao longo de suas vidas, principalmente, por meio do processo de educação, vai aprendendo a interagir socialmente (OLIVEIRA, 1990). À medida que o tempo passa, em decorrência do progresso tecnológico, muitos traços culturais são acrescidos à cultura e alguns podem cair em desuso, por se tornarem ultrapassados. A cultura de um povo não permanece sempre igual. Ela é modificada com o tempo, através das transformações que as novas gerações vão efetuando. A educação exerce função socializadora, ao formar em cada um, um ser social. Exerce, também, a função de controle social ao ajustar os educandos aos padrões culturais vigentes, aos modelos de comportamento social, tornando-os capazes de se integrar na sociedade de uma forma adequada ao desenvolvimento da cultura, podendo ser conservadora ou inovadora. A educação é, assim, ainda uma técnica social, podendo ser utilizada como fator conservador, mantendo, pois, a ordem social, como fator construtivo de transformação consciente e intencional da ordem social vigente, ou seja, como fator de mudança social. Em outras palavras, a educação é utilizada como técnica social, isto é, como método de influenciar o comportamento humano, de forma que esse se enquadre nos padrões vigentes de interação e organização sociais. Em suma, a educação exerce um papel mediador que tem reflexos profundos no meio social, é importante ater-se à forma como se desenvolve a educação e quais os conteúdos nela são repassados. Por ser um processo social, o que deve determinar a organização da educação e a construção do seu currículo é o objetivo de interferência na prática, com a finalidade de atuar na sua transformação, o que 34 significa dizer que, de modo geral, todos os conteúdos devem estar voltados para a apropriação crítica da realidade, possibilitando a superação da dicotomia entre sala de aula e mundo social. Em última análise, a educação é um processo social que tem a finalidade de suscitar e desenvolver as potencialidades do indivíduo. A educação não se limita a desenvolver a natureza biológica e psíquica, o “eu” individual do homem, afirma Oliveira (1990). A educação cria um ser novo – o ser social -, permitindo-lhe o desenvolvimento das qualidades físicas, intelectuais e morais, formando um ser humano completo, apto ao convívio social. 14 CONCEITO DE “CULTURA” EM FOCO A cultura, para os pesquisadores em geral, constitui-se no conceito básico e central de sua ciência. O termo cultura não se restringe à área da Antropologia, porquanto várias outras áreas epistêmicas valem-se dele, em que pesem as nuanças. Muitas vezes, a palavra cultura é empregada para indicar o desenvolvimento do indivíduo por meio da educação, da instrução. Nesse caso, uma pessoa culta seria aquela que adquiriu domínio no campo intelectual ou artístico. Contudo, os pesquisadores não empregam os termos culto ou inculto, de uso popular, e nem fazem juízo de valor sobre esta ou aquela cultura, porquanto não consideram uma superior à outra. Elas apenas são diferentes em nível de tecnologia ou integração de seus elementos. A cultura tem definição ampla. Engloba as maneiras comuns e aprendidas da vida, transmitidos pelos indivíduos e grupos, em sociedade (MARCONI; PRESOTTO, 1987). A cultura, portanto, pode ser analisada, entrementes, sob vários enfoques: ideias; crenças; normas; atitudes; padrões de conduta; abstração do comportamento; instituições; técnicas e artefatos. Por conseguinte, o humano se constitui no ser cultural, ou seja, fazedor de cultura. Pesquisa as culturas no tempo e no espaço, suas origens e desenvolvimento, suas semelhanças e disparidades. Tem enfoque de interesse voltado para o conhecimento do comportamento cultural humano, obtido por aprendizado, considerando-o em todas as suas dimensões. O humano dimana do meio cultural em que se socializou. Ele é um herdeiro de um extenso processo acumulativo, que reflete 35 o conhecimento e a experiência adquiridos pelas abundantes gerações que o antecederam. A manipulação apropriada e criativa desse patrimônio cultural admite as inovações e as invenções. A análise da cultura de uma formação social estabelece uma reconstituição da realidade, que é organizada a partir da consciência que dela têm os portadores da cultura. Sem se fixar, obviamente, aos aspectos conscientes da conduta, é por meio deles, em sua relação com o comportamento evidente, que a cultura pode ser reconstituída (DURHAM, 2004). Importa reconhecer que o conceito foi construído em função de problemas específicos da investigação antropológica, os quais dizem respeito ao estudo dos povos chamados primitivos, isto é, sociedades relativamente indiferenciadas. (Apud SANTOS A. M. 2013 Reina o consenso de que o homem se constitui como um ser social. Ao longo do desenvolvimento das civilizações, o homem sempre procurou organizar-se cada vez mais em sociedade, para garantir sua sobrevivência. Entretanto, o homem não nasce um ser social pronto. Ao contrário, é através da transmissão de padrões de comportamento, da assimilação da cultura, das características da organização humana e da interação com asociedade que o indivíduo se torna um ser social. A sociedade atual em sua complexidade é caracterizada pela presença de diferentes formações sociais cuja função é a de socializar o homem. Essas instituições, embora possuam características peculiares, não existem de forma isolada, mas estabelecem uma relação de troca de influências. Nesse sentido, a instituição educacional que é uma das mais importantes instituições sociais, interage diretamente com a sociedade e suas demais instituições, influenciando e se deixando influenciar pelas mesmas. Assim, evidencia-se a profunda interatividade entre educação e sociedade. A educação só existe para ensinar o homem a conviver socialmente, transmitindo a cultura, os padrões de comportamento, o conhecimento produzido; enfim, ela se constitui em mecanismo de socialização. Entrementes em que a educação socializa o homem, ela exerce o controle social do comportamento humano. A educação, por meio da transmissão do conhecimento, deve exercer o papel social transformador. O processo educativo deve exercer o papel de mediador no âmbito das transformações sociais, possibilitando a assimilação do conhecimento da Educação Patrimonial, preparando o alunado para valorização das elaborações históricas, materiais ou imateriais. 36 15 A IMPORTÂNCIA DA CULTURA AFRICANA NA FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA E SUA INSERÇÃO NO CURRÍCULO ESCOLAR A construção da sociedade brasileira baseou-se na diversidade cultural, precisamente entre povos nativos e colonizadores. Fortemente a presença da cultura africana faz-se necessária para compreender a diversidade étnica do povo brasileiro, suas lutas, crenças, especificidades, remetem-nos a observar as diversas situações que procederam a constituição do nosso povo. “Somos uma cultura sincrética, um povo novo, que apesar de fruto da fusão de matrizes diferenciadas, se comporta como uma só gente, sem se apegar a nenhum passado. ” (O Povo Brasileiro. Baseado na Obra de Darcy Ribeiro, 2000 Cap.1). Esta formação social, particularmente derivada da miscigenação, intensificada nas relações que marcaram os encontros e desencontros dos povos, resultou nas diversas formas de percepção, ou seja, nas ações conjuntas que originou novas culturas e ritos. A complexidade de definir “O que é Cultura? ” Remete-nos a questionar sobre os diversos impactos sociais que surgem ao longo do tempo, formando singularidades, traçando as concepções de mundo e conhecimento histórico. Segundo Macedo (2008, p.91), “cultura não é só arte, cultura são valores, posturas, hábitos, lugares, conhecimentos, técnicas, identidades comuns e diversas, conceitos, saberes e fazeres múltiplos. ”. Por meio desta citação o autor enfatiza que a cultura é algo complexo, de diversas definições, que possuímos ao socializar-se com o outro. Por tanto, é pela diversidade cultural que compõe nosso país, a sociedade brasileira, tendo como observação a peculiaridade manifestada no componente histórico, reconhecendo a atuação social como forma de ressignificar esta existência. Percorrendo sobre o significado de nossa essência, Ribeiro relata que: “Toda a cultura brasileira está impregnada da herança africana. Sua presença fez quase tudo o que aqui se fez”. (O Povo Brasileiro. Baseado na Obra de Darcy Ribeiro, 2000, Cap.3). 37 Fonte: www.geledes.org.br Percebe-se que a importância do legado africano na formação da sociedade brasileira é além do que lhe é conferido. Os hábitos que tornam esta apreensão efetiva, favorecem a expressão do seu modo de ser, ligando possibilidades para integrar-se ao espaço, fato que a convivência entre portugueses, indígenas e negros proporcionou uma nova concepção racial e étnica. Toda a organização, firmou-se de seu conhecimento, fato que colaborou para propagar e difundir sua cultura. Dessa forma, Moura (1992) salienta que: Vindos de várias partes de África, os negros escravos trouxeram as suas diversas matrizes culturais que aqui sobreviveram e serviram como patamares de resistência social ao regime que os oprima e queria transformá- los apenas em máquinas de trabalho. (MOURA, 1992, P.33, m. Apud SILVA, E. A. F. 2019). A opressão dos colonizadores na tentativa de diminuir suas crenças, tornou-se a principal ferramenta para deixar o negro submisso e inferior as circunstâncias naquela época. Portanto esta resistência, fruto de lutas e persistências, não apagaram o legado africano, nem as dimensões que foram atingidas ao longo da história com suas lições. Ainda assim, Oriá salienta: quando se trata de abordar a cultura dessas minorias, ela é vista de forma folclorizada e pitoresca, como mero legado deixado por índios e negros, mas dando-se ao europeu a condição de portador de uma “cultura superior e civilizada. (ORIÁ, 2005, P. 380). 38 O fato de compreender a importância da cultura africana na constituição da sociedade brasileira, não permitiu a evolução dos pensamentos atuais, visto que, a repercussão nas escolas e espaços sociais não procuram enfatizar o legado deixado por esses povos. Ainda é tratada de forma inferior às demais etnias, deixando a impressão de desfavorecidos, indefesos, inúteis, descartáveis. A Cultura Africana inserida no currículo escolar deve-se a um processo construtivo e reflexivo, decorrentes de reflexões e constantes aprendizados que firmem na transformação social, contemplando um avanço significativo ao nortear práticas educativas que promovem a importância de reconhecer-se nos conteúdos apresentados. O estudo sobre a África no sistema escolar busca “revalorizar a história e culturas africanas e afro-brasileiras como forma de construção de uma identidade positiva” (NUNES, Pereira, 2008, p.254). Por meio da Citação de Nunes, é aceitável compreender a importância da revalorização cultural, vivência e o contato com a história, e as habilidades instrutivas no decorrer das ações desenvolvidas. Para a realização desses desenvolvimentos são necessários desafios, suporte para interações e experiências, novas expressões que contribuirão para a formação, equilíbrio e edificação das informações, bem como a valorização da diversidade cultural, rompendo padrões existentes, trazendo novo olhar e temática para abordar acontecimentos e conhecimentos prévios, promovendo assim transformação no olhar educacional e estudantil. 16 FORMAÇÃO CULTURAL BRASILEIRA A formação cultural brasileira caracterizou-se pela mestiçagem racial e pela fusão da cultura europeia com as culturas dos indígenas nativos e dos negros africanos escravizados. Algumas manifestações dessa cultura miscigenada estão na alimentação, nos hábitos cotidianos, no vocabulário e no folclore. A história da formação territorial do Brasil, assim como o processo de colonização, teve como resultado a diversidade cultural, base da formação do povo brasileiro. Todo esse processo se deu por meio da conquista e da ação de muitas pessoas. 39 A formação da cultura brasileira está relacionada ao processo de organização do país como nação, isto é, um conjunto de pessoas que compartilham o mesmo processo histórico, que determina uma forma de viver e de organizar os lugares e as regiões que compõem o território nacional. Essa identidade cultural possibilita a formação da consciência nacional, isto é, o sentimento de fazer parte de um país, além de dar unidade a ele, permitindo a manutenção de suas fronteiras. A cultura indígena Quando os portugueses aqui chegaram, no século XVI, encontraram um panorama étnico bem definido: nações indígenas distribuídas por grande parte do território brasileiro, as quais viviam basicamente da coleta vegetal e animal e desconheciam técnicas de produção agrícola mecanizadas. Desprovidos de anticorpos contra as doenças do colonizador europeu e brutalizados pelas tentativas de escravização, os grupos indígenas
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