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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MBA EM DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL Resenha Crítica de Caso Leonardo Cunha Trabalho da disciplina: Tópicos Especiais em Direito Sucessório Tutor: Prof. Carlos Eduardo Annechino M Miguel Salvador - BA 2020 http://portal.estacio.br/ 2 AS QUESTÕES MÉDICO-LEGAIS E O TESTAMENTO VITAL: O RECONHECIMENTO JUDICIAL DA RESOLUÇÃO CFM Nº 1995/2012 Referência: JÚNIOR, André Luiz S. L; ADAMATTI, Bianka. As Questões Médico - Legais e o Testamento Vital: O Reconhecimento Judicial da Resolução CFM Nº 1995/2012. CONPEDI, 2015. Disponível em: http://www.conpedi.org.br /publicacoes/66fsl345/xxfq3q05/A937N3H4Snf237JR.pdf. Acesso em: 22/04/2020. O artigo em análise tem como núcleo de assunto o estudo jurídico acerca do testamento vital, este, o qual busca através de um documento, anuído, efetivar vontade de um indivíduo na realização de um direito subjetivo em testar futuro incerto a tratamento médico, frente a obstáculos inerentes a sua condição, seja pela redução de capacidade psicomental, ou na sua perda total, é uma preocupação com a vontade do ser, sendo necessário uma avaliação de cada caso, cada indivíduo, desde o momento de sua realização de vontade quando este encontrava-se em prévia capacidade plena, para com uma situação futura em que não se consiga mais expressar sua vontade. Nota-se, que, há uma preocupação, em se produzir a vontade, dado um momento específico, o qual se observa a presença de sofrimento e incapacidade do enfermo, amparado pelo princípio dignidade humana em que se leva em conta a vontade do agente ativo, e um olhar sensível quanto a situação deste indivíduo, em que se pese, um perecer muitas vezes, inevitável, que se vai minando a saúde deste paciente paulatinamente. Existe a questão da terminologia adequada sob a perspectiva do testamento vital em comento, por criar confusão quanto a seu nome com o direito sucessório, aquele testamento vinculado a patrimônio e não ao caso destacado. Tendo por proposição de nomenclatura mais condizente como sendo a de declaração prévia de vontade do paciente terminal, demonstrando ser uma 3 terminologia mais adequada do que a de testamento vital, ou de sua origem inglesa living will. Em relação a autonomia do paciente bem como a ação tomada pelo médico, a própria ética médica e a lei define que qualquer ação tomada em relação ao paciente para a manutenção da vida deverá ser cautelosa, de modo que, qualquer método considerado incisivo à saúde do paciente deve buscar a priori o consentimento do paciente para que se realize, principalmente quando o mesmo ainda está pleno de suas faculdades mentais, destarte, caso o mesmo encontra-se em situação em que não se torne possível a sua pré anuência, o médico é instruído a adotar meios de conduta que se torne efetiva a preservação da vida do paciente. Notifica-se que a legislação adentra a questão do testamento vital na Resolução do Conselho Federal de Medicina de nº 1995/2012, como fundamento principal o respeito a decisão do paciente, bem como, traz, a possibilidade de destacar uma outra pessoa responsável de confiança do paciente, através do mandato duradouro, para que esta tome decisões sobre em seu nome, no momento em que não se pode mais expressar sua vontade, podendo ser confeccionado sem grandes formalidades, bastando manifestar sua vontade comprovadamente por ele atestado. O que haver previsto neste documento, é pautado na primazia da vontade do paciente, de tal modo que o mesmo pode escolher de que forma prosseguir com seu tratamento, mesmo quando de encontro com as recomendações do médico, salvo quando este violar preceitos éticos fundamentais no exercício da medicina. Paradoxalmente observa-se que o MPF já pediu que fosse declarada inconstitucional e ilegal tal resolução, fundamentando que o médico em seu exercício da profissão estaria se utilizando de um poder regulamentar, quando, por esta resolução ainda haver lacunas, os quais, estas, estariam na prática sendo preenchidas pelo entendimento do médico, sendo tal pedido negado, pois, o magistrado entendeu que estaria restrito a atuação médica no caso de impossibilidade de expressão de vontade, não se extrapolando sua decisão para além desta questão, sendo, portanto a resolução legal e com fim em si mesma. 4 Há de se observar em vias praticas em que houve um equilíbrio de princípios, como no caso (Apelação Cível Nº 70054988266, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Irineu Mariani, Julgado em 20/11/2013). (TJ-RS, 2013). Em que, o paciente pode de fato seguindo os princípios da dignidade da pessoa humana e principalmente o da autonomia da vontade, ter feito recusa de procedimento médico que previa o desmembramento de seu pé por recomendação médica, para ampliar sua vida, optou por não realizar o procedimento, com sucesso, e teve respaldo da justiça não ser operado, observa-se, portanto, que se respeitou a vontade do paciente frente a uma possível ortotanásia. Pondo a vontade do indivíduo sob como conduzir a vida, acima do bem jurídico da proteção a vida. Na decisão observa-se chamar atenção que se o procedimento fosse feito sem a anuência do paciente, poderia, inclusive, acarretar em consequências criminais para com o médico, mesmo que este estivesse em posse de boas intenções. Por fim, resta dizer, que, a Medicina conjuntamente com o Direito vem evoluindo de certa forma para que ambos trabalhem próximos, e não em extremos. Dando respaldo na atuação médica ao mesmo tempo em que se preserva princípios norteadores do Direito, como o relatado, o da vontade do paciente. Todavia, há muito o que se discutir acerca de teorias, sejam do momento em que se inicia a vida, seja no momento em que ela é considerada inacessível, pois, tem reflexos em uma cadeia de Direitos, a exemplo o Direito sucessório, em que, segundos, são o bastante para modificar toda uma cadeia de sucessores. Assim, a Medicina caminha sobre seus passos mediante comprovações científicas cada vez mais apuradas para afirmar ou negar diversas teorias da área, enquanto o Direito se utiliza da mesma, seja para criar ou modificar novas normas tuteladoras, acerca de novidades recém descobertas, seja para usar como meio de prova e definir direitos, como por meio do uso das pericias entre outros métodos que são admitidos no Direito.
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