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TRAB DE CONCLUSÃO DE CURSO RAYNNA - BIOMEDICINA

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19
UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO
GRADUAÇÃO EM BIOMEDICINA
Raynna Stephany Boscatti Silva
DOENÇA MENTAL E A DEPENDÊNCIA QUÍMICA COMO COMORBIDADES
São Paulo
2020
Universidade de Santo Amaro
Raynna Stephany Boscatti Silva
DOENÇA MENTAL E A DEPENDÊNCIA QUÍMICA COMO COMORBIDADES
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Biomedicina da Universidade de Santo Amaro, como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em biomedicina. Orientadora Profª. Drª. Annielle Mendes Brito da Silva. 
São Paulo
2020
Ficha catalográfica
Raynna Stephany Boscatti Silva
DOENÇA MENTAL E A DEPENDÊNCIA QUÍMICA COMO COMORBIDADES
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Biomedicina da Universidade de Santo Amaro, como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em biomedicina. Orientado pela Profª. Drª. Annielle Mendes Brito da Silva.
São Paulo, ______ de _________________ de 2020
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
 (
Conceito final:
) Prof. Drª. Annielle Mendes Brito da Silva
______________________________________
Prof. Me. Maria Fernanda Salomão Azevedo
______________________________________
 Prof. Dr. Lucas Melo Neves
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus por me capacitar e me fazer seguir todos os dias, agradeço minha mãe por me dar a vida e me mostrar o caminho que deve ser seguido, e que o mundo precisa de pessoas que façam a diferença!
Agradeço ao meu pai que sempre incentivou meus estudos que junto com minha mãe lutaram para me fazer estar aqui hoje, e que apesar de infelizmente não me poder ver hoje sei que estaria imensamente orgulhoso. 
Agradecimento mais que especial ao meu filho Miguel que já no primeiro semestre esteve comigo internamente e posteriormente continuou me dando forças e motivos para nunca desistir, apesar de dias, semanas, meses e considero até anos sem dormir por uma noite completa. Mas hoje faço jus a todo esse esforço, buscando um futuro melhor para ele. 
Grata a todos os amigos e familiares que com carinho e compreensão entenderam todas as ausências. 
Agradecimentos especiais a todos os professores que durante a graduação nos transmitiram seus conhecimentos não apenas acadêmicos e nos fazendo evoluir não somente como profissionais, mas como seres humanos. 
Agradeço à minha excelentíssima orientadora que sempre se pôs disponível e que com paciência me orientou, auxiliou e direcionou. 
“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”
Nelson Mandela 
RESUMO
Os transtornos mentais vêm se tornando cada vez mais evidentes e são considerados também um problema parta a saúde pública, estando entre as dez doenças que geram maior incapacidade de trabalho e de contribuição para a sociedade. Aproximadamente 53% dos transtornos depressivos, de ansiedade, transtornos de humor, esquizofrenia, afetivo-bipolar, transtornos alimentares, psicóticos, entre outros, têm como causa o uso, abuso e dependência de drogas depressoras, estimulantes, perturbadoras e alucinógenas do sistema nervoso central (SNC). Devido à importância deste conteúdo para a sociedade, que produz altos custos na saúde, problemas sociais e econômicos, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão literária com a finalidade de evidenciar a relação das drogas no sistema nervoso com a geração de transtornos, principalmente ligados sistema de recompensa do sistema nervoso. Relatamos aqui também o papel do Sistema único de saúde (SUS) nestes casos, por meio de seus equipamentos de atenção psicossocial especializados em linhas de cuidado pala jovens, adultos, crianças e adolescentes. 
Palavras chave: substâncias psicoativas, transtornos mentais, saúde pública.
ABSTRACT
Mental disorders are becoming more and more evident and are also considered a problem in public health, being among the ten diseases that generate greater work incapacity and contribution to society. Approximately 53% of depressive disorders, anxiety disorders, mood disorders, schizophrenia, affective-bipolar disorders, eating disorders, psychotic disorders, among others, are caused by the use, abuse and dependence on depressing drugs, stimulants, disturbing and hallucinogenic of the central nervous system (CNS). Due to the importance of this content to society, which produces high costs in health, social and economic problems, the present work aimed to carry out a literary review with the purpose of highlighting the relationship of drugs in the nervous system with the generation of disorders, mainly linked to the nervous system reward. We also report here the role of the Brazilian Unified Health System (SUS) in these cases, through its psychosocial care equipment specialized in lines of care for young people, adults, children and adolescents.
Keywords: Psychoactive substances, mental disorders, public health.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SNC 		Sistema Nervoso Central 
LSD		Diemetila do Ácido Lisérgico
RAPS 	Rede de Atenção Psicossocial 
CAPS		Centro de Atenção Psicossocial
CAPS – ad	Centro de Atenção Psicossocial Relacionadas ao Uso de Álcool e Outras Drogas 
CAPS – i 	Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil 
TMC 		Transtorno Mental Comum 
OMS 		Organização Mundial da Saúde 
SPA		Substâncias Psicoativas
TDAH		Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
GABA		Ácido Gama-Aminobutírico
Ca+		Íon de Cálcio 
K+		Íon De Potássio
AMP		Monofosfato de Adenosina 
MDMA	3,4 – Metilenodroximetanfetamina 
THC		Tetrahidrocanabinol 
CID		Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 
DSM		Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais
TUSs		Transtornos por Uso de Substâncias 
TPB		Transtorno de Personalidade Borderline
TPAS		Transtorno de Personalidade Antissocial
AOS		Associação Entre Doenças Mentais o Uso de Álcool e Outras Substâncias Psicotrópicas
TAB		Transtorno Afetivo Bipolar 
TAG		Transtorno Ansiedade Generalizada 
TEPT		Estresse Pós Traumático
TP		Transtorno Pânico
FS		Fobia Social
TA 		Transtorno de Ansiedade
ATV		Área Tegmental Ventral
DA		Dopamina
UBS		Unidade Básica de Saúde
PSF		Programa Saúde da Família
CRAS		Centro De Referência de Assistência Social
PAIUAD	Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas
HIV		Vírus da Imunodeficiência Humana
TCI		Terapia Comunitária Integrativa
PNPIC	Política Nacional das Práticas Integrativas e Complementares 
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	11
2.	JUSTIFICATIVA	12
3.	OBJETIVOS	13
3.1.	OBJETIVO GERAL	13
3.2.	OBJETIVOS ESPECÍFICOS	13
4.	METODOLOGIA	14
5.	REVISÃO LITERÁRIA	15
5.1.	Substâncias Psicoativas	15
5.1.1.	Classificação das Drogas Psicotrópicas e seus efeitos no Sistema Nervoso Central	16
5.1.1.1 Drogas Depressoras do SNC	16
5.1.1.2. Drogas Estimulantes do SNC	18
5.1.1.3. Drogas Alucinógenas do SNC	20
5.2.	Distúrbios Mentais	21
5.2.1.	Síndrome de Abstinência e Dependência	23
5.2.2.	Principais Transtornos Psiquiátricos Relacionados ao Uso de Substâncias	24
5.3.	A Relação entre o uso de Substâncias e os Transtornos Mentais	28
5.3.1.	Sistema Cerebral de Recompensa	29
5.4.	Impacto Causado à Sociedade	30
5.4.1.	Atenção Básica de Saúde	31
5.4.2.	Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)	34
6.	DISCUSSÃO	36
7.	CONCLUSÃO	38
8. REFERÊNCIAS	39
INTRODUÇÃO
De maneira generalizada, as drogas consideradas substâncias psicoativas são aquelas utilizadas para produzir alterações nas sensações, no grau de consciência ou no estado emocional, de forma intencional ou não1. Abrangendo drogas como álcool, tabaco, cannabis, cocaína, crack (variação da cocaína), ecstasy, lança perfume, e drogas de uso medicinal também, como benzodiazepínicos e outros2, 3.
A partir da literatura biomédica a combinação entre o consumo considerado problemático de drogas e transtornos psiquiátricos podem ser considerados comorbidades, devido à relação etiológica entre duas ou mais doenças2. Um estudo publicado em 2017 diz que nos últimos 3 anos a média de 243 milhões de pessoas com idade entre 15 e 64 anosutilizaram drogas ilícitas, com isso, uma em cada 200 pessoas da população adulta mundial é usuária regular de drogas ou tem transtornos associados ao uso/dependência de drogas, totalizando 27 milhões de pessoas3.
Em sua maioria as pessoas desenvolvem um Transtorno Mental Comum (TMC) que consiste em sintomas sentidos por pelo menos durante 7 dias, e apresentam irritação, fobia, ansiedade, dificuldade de concentração, problemas para conciliar o sono, preocupação excessiva pela saúde, obsessões, compulsões e humor depressivo3. 53,3% dos transtornos mentais e de comportamento são decorrentes do uso de substâncias psicoativas4.
Contudo, comportamentos violentos e criminais, como violência de trânsito e violência familiar, principalmente entre indivíduos com histórico de agressividade e/ou com complicações médicas e psiquiátricas estão frequentemente interligados ao o uso e abuso de substâncias. Esses fatores mencionados, deixam explícito um grave problema de saúde pública em praticamente todos os países do mundo5.
Os distúrbios neuropsiquiátricos são a principal causa de incapacidade de trabalho no mundo, as condições neuropsiquiátricas foram responsáveis por 21,5% dos casos de afastamentos por incapacidade, gerando imensos custos sociais e econômicos6.
Dentre os transtornos que ocorrem mais comumente estão: transtorno de ansiedade, esquizofrenia, transtorno de personalidade antissocial, transtornos do humor, transtorno depressivo, entre outros3,6.
JUSTIFICATIVA 
Os distúrbios neuropsiquiátricos são a principal causa de incapacidade no mundo. 6 No Brasil, os transtornos mentais são a terceira principal causa de afastamento do trabalho e benefícios por incapacidade e isso por si só já gera imensos custos sociais, além disso, o uso e abuso de substâncias psicoativas e psicotrópicas estão altamente ligadas a comportamentos agressivos, violentos e criminais, também há um alto índice de acidentes de trânsito ocasionados por esse uso5,6. 
A violência familiar/doméstica também é influenciada pelos efeitos da droga, que consequentemente ocasiona mais gastos com segurança (devido a criminalidade) e gastos com saúde tratamentos, medicamentos e outros, para as vítimas6.
O dano que essas substâncias fazem à mente, ao sistema nervoso central do indivíduo é o vilão de diversos transtornos como a depressão, ansiedade, psicose, transtornos obsessivo-compulsivo, esquizofrenia entre outros7. Confirmado em estudos, que o usuário muitas vezes comete furtos e roubos para sustentar seus vícios8, contudo além na penalidade da área jurídica, cabe à área da saúde buscar formas de sanar essa problemática global. 
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Demonstrar como o uso de substâncias psicoativas têm relação com distúrbios e transtornos psiquiátricos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
· Identificar os psicotrópicos mais utilizados, explicitando os transtornos mentais em decorrência do uso e abuso destes.
· Evidenciar os transtornos mentais de maior prevalência, interpretando a sua relação com a utilização de drogas que agem sobre o sistema nervoso central.
· Entender sobre o tratamento e atenção realizados pelo sistema único de saúde brasileiro aos pacientes dependentes químicos e aos portadores de doença mental.
METODOLOGIA
A presente monografia foi realizada por meio de uma revisão de literatura de característica narrativa, utilizando materiais científicos que retratem a ligação entre do uso de substâncias psicoativas e os transtornos mentais, além do impacto ao sistema nervoso central, passando pela intervenção e tratamento dos pacientes dependentes e/ou em casos de doenças mentais. 
Para o desenvolvimento dessa revisão foram selecionados artigos com publicados entre 2015 até 2020, abrangendo os temas abordados nesta realização. Para a busca, utilizaram-se as plataformas SCIELO (Scientific Electronic Library Online), LILACS, PUBMED e Google Acadêmico. Foram os termos “substâncias psicoativas”, “drogas psicotrópicas”, “transtornos mentais”, sendo estes correlacionados entre si e com os termos “saúde pública”, “assistência ao dependente químico”, “tratamento” e “fisiopatologia”. 
Foram também utilizados livros textos para embasamento das informações adquirida, da atualidade e mais antigos que discorressem sobre a DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais) edições IV e V e sobre o CID – 10 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). 
REVISÃO LITERÁRIA
Substâncias Psicoativas
Segundo a organização mundial de saúde (OMS), “droga é qualquer substância que, introduzida no organismo, interfere no seu funcionamento”. Portanto, maconha, aspirina, antibiótico, álcool, cocaína, tabaco, LSD, lança perfume e até um café estão referenciados como drogas, pois independentemente de a ação ser benéfica ou prejudicial à saúde todas causam alterações no organismo9.
Entretanto, substâncias psicoativas (SPA) ou psicotrópicas são aquelas que causam maior efeito ao sistema nervoso central (SNC), ao serem utilizadas penetram na corrente sanguínea e se dispõem até o cérebro, consequentemente causando maiores danos ao usuário, como alteração de equilíbrio e comportamento. Contudo, são substâncias que podem determinar dependência física e psíquica8.
Os danos dessas substâncias podem ser crônicos, que ocorre após um tempo de uso moderado da droga, ou pode ser aguda, por exemplo, uma overdose devido ao uso excessivo de uma só vez. As duas formas são fatais e extremamente prejudiciais à manutenção e ao funcionamento do organismo do usuário8.
Não obstante, o consumo de drogas pode se iniciar de muitas formas, apenas por lazer (recreativa), ao se reunir com amigos em festas, pode ser usada como válvula de escape por problemas em algum âmbito da vida, como disfunções familiares, profissional, pressão social, religião, identidade (quando não aceita a si mesmo), financeira, vulnerabilidade (pessoas em situação de rua) e outras questões10.
Pode ser utilizada para aumentar o rendimento de estudos ou ficar mais tempo trabalhando (ex. caminhoneiros). E até mesmo para amenizar sintomas de alguma doença pré-existente, como a depressão, Transtorno de Déficit de Atenção9. 
A problematização é a precocidade da experimentação de SPA no Brasil, a grande maioria inicia o consumo entre 12 e 15 anos de idade, frequentemente pelo álcool, tabaco ou maconha, com o desejo de acabar com a dor que está sentido, na maioria das vezes, ou por status e diversão11.
As drogas psicotrópicas ilícitas causam 0,8% dos problemas de saúde mundiais enquanto as drogas lícitas (álcool e tabaco) são responsáveis por 8,1 no total8. Para ocorrer a ação dessas drogas elas atuam nos canais iônicos, receptores, enzimas e proteínas transportadoras agindo no sistema nervoso central12.
A presença de transtornos psiquiátricos aumenta as chances de os indivíduos tornarem-se dependentes se expostos ao uso (como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade – TDAH). A dependência de drogas é uma doença crônica. Mesmo se submetido a tratamento, o indivíduo tende a apresentar recaídas13.
Classificação das Drogas Psicotrópicas e seus efeitos no Sistema Nervoso Central
5.1.1.1 Drogas Depressoras do SNC
Etanol é encontrado em todas as bebidas alcóolicas. Essa droga não causa dependência de forma igualitária a todos os usuários, precisa haver susceptibilidade e vulnerabilidade à dependência a partir de condições biológicas, psicológicas, sociais e ambientais. As enzimas que metabolizam a substância no organismo se diferenciam de indivíduo para indivíduo, ocorrendo a vulnerabilidade biológica. O seu consumo excessivo leva a rubor facial, náuseas e hipotensão9. 
De acordo com a OMS, o alcoolismo é o consumo excessivo, cujo a dependência é acompanhada de perturbações mentais da saúde física, perturbações de comportamento social e financeiro9. O álcool pode produzir uma variedade de estados psicóticos, incluindo agitação e psicose aguda da intoxicação, psicoses paranoides e o delirium14. 
Na intoxicação aguda por etanol ocorre a incoerência da fala, incoordenaçãomotora, autoconfiança aumentada, humor altamente lábio com euforia e melancolia, agressão e submissão, geralmente ocorre nessa ordem1.
No SNC, o etanol aumenta a atividade dos receptores GABA que desempenham importante ação inibitória sobre as demais vias nervosas1. A partir de uma inibição generalizada no cerebelo promove um aumento do limiar convulsivo, hipnoindução por sua ação sobre neurônios do sistema reticular, relaxamento muscular a partir da contenção das vias motoras e incoordenação decorrente da inibição cerebelar9. A maioria dos dependentes alcóolicos demonstram graus de demência associado ao alargamento ventricular e alguns degeneração cerebelar9.
Opiáceos são extraídos de uma planta chamada de papoula (Papaver somniferum) que gera uma substância branca que ao secar é chamado de ópio. São poderosos agentes analgésicos, porém também são utilizados como drogas e ocasionam uma dependência muito rápida, tem como principais representantes a morfina, a codeína e a heroína 14. 
O ópio pode ser fumado (hábito mais antigo), e suas formas naturais mais conhecidas é a morfina, codeína e heroína (seminatural, pois é uma modificação da morfina). Também há os fabricados em laboratório, chamadas derivadas, meperidina, oxicodona, propoxifeno e a metadona, mais comumente em formato de comprimido e usados como medicamentos9. 
Sendo um depressor também, os opiáceos atuam diminuindo a atividade do SNC, produzindo hipnose e analgesia (aumento de sono e diminuição da dor)14. Eles exercem sua ação ao se ligarem a receptores do sistema límbico, a ligação da morfina gera uma ordem de sinalização celular via ativação da proteína G o que desencadeia uma serie de fechamento de canais de Ca+, redução de produção de AMPs e estímulos ao efluxo de K+ resultando em hiperpolarização celular. Ocorrendo então a redução de excitabilidade neuronal, consequentemente reduzindo a neurotransmissão de impulsos9. 
Solventes ou Inalantes são substâncias altamente voláteis, evaporando rapidamente e sendo facilmente inalados, esta definição é de acordo com a via de administração não pela ação no SNC. Alguns exemplos, esmaltes colas, tintas, gasolina, xilol, tolueno e outros9. 
O efeito dos inalantes é bifásico, pois inicialmente causa excitação e logo em seguida depressão. Ocorre em 4 fases9: 
1ª Fase: efeitos indesejados, tontura, náuseas, espirros perturbações auditivas e visuais, e tosses.
2ª Fase: (depressão inicial) confusão mental, desorientação e etc.
3ª Fase: (depressão média) fala pastosa e perda de reflexos.
4ª Fase: (depressão profunda) inconsciência, convulsões e até morte súbita9. 
Benzodiazepínicos são substâncias que apresentam ação ansiolítica e hipnótica, atuam como calmantes, tranquilizantes e sedativos14. A longo prazo e em altas doses esses medicamentos o usuário pode desenvolver tolerância, dependência e crises de abstinência ao interromper o uso da droga1. Estes atuam no receptor GABAa, que medeiam a transmissão sináptica inibitória em todo o sistema, promovendo o aumento da frequência de abertura dos canais de cloreto com um maior influxo desses íons, hiperpolarizando os neurônios pós sinápticos, inibindo a excitação celular9. Em casos mais complexos pode ocorrer sonolência, confusão, convulsões, coma, hipotensão, depressão respiratória e paradas cardíacas, pode causar sudorese, alucinações e diarreias. Uso a longo prazo gera prejuízos à memória14. 
5.1.1.2. Drogas Estimulantes do SNC 
Cocaína é extraída da planta Erythroxylon coca, muito encontrada na américa do sul. Sua via de administração é a partir da absorção na mucosa do nariz (inalando o pó), pelas mucosas intestinais (quando ingeridas oralmente), ou pelos capilares pulmonares (quando fumada). Porém também pode ser administrado de forma intravenosa (corrente sanguínea). Então a cocaína pode ser transformada em crack e também em merla9. 
Quando a substância se liga ocorre o bloqueio e a inversão da direção dos transportadores de neurotransmissores responsáveis pela captura de dopamina e da norepinefrinas, terminações nervosas potencializam os efeitos periféricos da atividade nervosa simpática e produzindo efeito estimulante psicomotor9. Sua ação pode causar delírios paranoia, pode estar associado à esquizofrenia e também gerar movimentos involuntários. Bloqueia o transporte de monoaminas (dopamina, noradrenalina e serotonina)14. Uso a longo prazo pode prejudicar funções motoras, causar isquemia cerebral, infartos e hemorragias9.
O tabaco é proveniente de uma planta que o nome científico é Nicotiana tabacum da qual é extraída uma substância chamada nicotina. O tabagismo é um grande problema se saúde mundial e é responsável por uma taxa de mortalidade anual de 5,4 milhões de pessoas, no Brasil 200 mil mortes anualmente15. A forma mais comum de consumo é pelos cigarros e demais formas em charutos, cachimbos, cigarrilha, cigarro de palha, rapé, tabaco mascado e narguilé9. O tabagismo está associado a diversas doenças crônicas como neoplasias, doenças cardiovasculares, pulmonares e mais15. 
E de acordo com a CID 10, como a nicotina causar dependência, pode desencadear transtornos mentais e comportamentais, sintomas depressivos, transtornos bipolares, ansiedades, transtorno da personalidade e déficit de atenção15. Como exemplo há alto índice de comorbidade entre uso de tabaco e esquizofrenia14. 
Figura 1. Estruturas do sistema de recompensa cerebral (SRC). Em evidência estão a indicação do córtex pré-frontal, do núcleo accumbens e da área tegmental central. Fonte: https://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com/2013/04/sistema-de-recompensa.html. 
A nicotina ativa os receptores nicotínicos da acetilcolina centrais (agonista do receptor colinérgico nicotínico), periféricos e na junção neuromuscular. A nicotina provoca forte dependência, a “fissura” pelo cigarro está associada à diminuição dos níveis plasmáticos de nicotina. Na área tegmental ventral (Figura 1), são originados os neurônios colinérgicos, eles ativam receptores nicotínicos e muscarínicos de acetilcolina em neurônios dopaminérgicos, essa estimulação dos receptores nicotínicos pela nicotina ativa a via de recompensa encefálica dopaminérgica 9,14.
Anfetaminas são popularmente conhecidas como “rebite”, muito utilizadas entre os motoristas, por estudantes e por pessoas com objetivo de emagrecimento. Esta droga causa insônia, é supressora de apetite, aumenta a concentração, autoconfiança e energia, fica em estado de alerta e euforia, aumenta a frequência cardíaca e respiratória. Podem induzir pânico ou episódios psicóticos.
No SNS a anfetamina aumenta a liberação de dopamina nos terminais nervosos pelo transportador de dopamina, atuam revertendo o mecanismo de recaptura, então o neurotransmissor é liberado na fenda sináptica independentemente de potenciais de ação. São potentes psicotomiméticos e podem intensificar sintomas ou precipitar episódio psicótico em indivíduos vulneráveis, o uso de forma crônica desenvolve psicoses semelhante à esquizofrenia9,14. As anfetaminas são utilizadas clinicamente para tratamento dos sintomas do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)9. 
Êxtase é o nome popular para a 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA), um tipo de anfetamina, derivado sintético da anfetamina, é classificado com um alucinógeno e é administrada por via oral (comprimidos, capsula ou em pó). O aspecto mais importante é que o uso a longo prazo gera efeitos neuropsiquiátricos irreversíveis9. 
Esta substância interfere em diferentes neurotransmissores no SNC, os seus efeitos sobre o humor são mediados por dois neurotransmissores, dopamina e serotonina. Após sua administração também ocorre aumento dos níveis de cortisol no sangue, esta droga inibe os transportadores de monoaminas e bloqueia a recaptura de serotonina9. 
5.1.1.3. Drogas Alucinógenas do SNC
A Maconha é o nome popular para a planta chamada Cannabis sativa, essa planta contém a média de 400 substâncias químicas e a partir disse se destacam ao menos 60 alcalóides (canabióides), que são os responsáveis pelos efeitospsíquicos e são classificados em psicoativos ou não psicoativos. A substância mais abundante, potente e o principal componente psicoativo é o delta-9-tetrahidrocanabinol (9-THC). A via de administração pode ser pelos pulmões (fumando), pela fumaça, ou pelo trato gastrointestinal na ingestão de alimentos via oral9,14.
Em baixas doses pode ocorrer euforia, relaxamento passividade e alteração de percepção. Em altas doses de THC podem desencadear psicoses tóxicas, amnésia, delírios, paranoia, alucinações, despersonalização, desorientação, alteração de humor e sintomas maníacos14.
O THC se liga ao receptor neural para canabinoide pré-sináptico o CB1, o que resulta na liberação do receptor inibitório GABA no hipocampo, amigdala e córtex cerebral. A partir das intoxicações pela maconha pode ocorrer alteração da percepção e do estado psíquico do dependente9.
A dietilamida do ácido lisérgico (LSD) é sintetizada artificialmente, derivada de alcalóides do esporão do centeio (produto do metabolismo de fungos). O uso do LSD produz distorções sensoriais e emocionais, principalmente em função de suas ações serotoninérgicas nas áreas auditivas e visuais do cérebro14. 
Esta substância afeta muitos sítios do SNC e pode atuar no receptor de serotonina pré-sináptico, inibindo a liberação da serotonina e diminuindo sua atividade, o que pode provocar um estado de alerta no SNC. Atuando sobre os sentidos do corpo porém os efeitos visuais são os mais fortes, altera a percepção temporal, ilusões visuais, alucinações, visão desfocada e sinestesias9,14. O usuário pode ter flashbacks e isso é mais grave para os dependentes que tem outros traumas, depressão e que já tentaram suicídio anteriormente, isso o deixa mais susceptível a episódios psicóticos devido ao uso da droga e às tentativas de suicídio, levando – o a morte9. 
Distúrbios Mentais
A cada duas pessoas que procuram tratamento para abuso e dependência de álcool e outras drogas, uma apresentará uma comorbidade psiquiátrica como consequência6. Os transtornos mais comumente associados ao consumo de álcool e drogas são: esquizofrenia, transtornos de humor, transtornos de ansiedade, transtornos alimentares, transtornos de personalidade, transtornos de conduta e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)6. Em transtornos mentais graves (como o transtorno bipolar e a esquizofrenia), mesmo em pequenas doses e de modo casual, o consumo de substâncias psicoativas gera maiores consequências4.
A probabilidade de ocorrer transtornos ou distúrbios devido ao uso de substâncias é pelo risco de dependência. Risco de dependência depende de uma combinação de fatores, como16:
I. Via de administração
II. Velocidade em que a droga atravessa a barreira hemato-encefálica e estimula a via de recompensa
III. Tempo para o início do efeito
IV. Capacidade de induzir tolerância e/ou sintomas de abstinência. 
As manifestações iniciam pela intoxicação ou abstinência que geram os sintomas e se desenvolve os transtornos mentais induzidos por substâncias. Intoxicação refere-se ao desenvolvimento de uma síndrome reversível, específica da substância, de alterações mentais e comportamentais, levada ao extremo, a intoxicação pode causar overdose. Abstinência refere-se aos efeitos fisiológicos, sintomas e alterações comportamentais específicos da substância que são causados pela interrupção ou redução da ingestão de uma substância16. 
Contudo os transtornos psiquiátricos mais comumente associados ao consumo de álcool e outras drogas são: transtorno de ansiedade (28%); transtornos do humor (26%); transtorno de personalidade antissocial (18%) e esquizofrenia (7%)4. E os critérios de diagnósticos mais utilizados no Brasil para o diagnóstico é a CID10 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais (DSM) que atualmente já tem a 5ª ed.4,8.
Os eixos do DSM fornecem informações sobre as características do paciente:
- No eixo I estão incluídos os critérios diagnósticos para Transtornos Psicóticos;
- No eixo II estão os Transtornos de Personalidade;
- No eixo III estão os Transtornos Psiquiátricos;
- No eixo IV estão os Problemas Psicossociais e Ambientais;
- No eixo V estão os Transtornos de Humor e Transtornos de Ansiedade.
Para estabelecer um diagnóstico adequado devem ser considerados os seguintes fatores: 
I. História familiar e questões específicas sobre possíveis distúrbios psiquiátricos. 
II. Exames laboratoriais: incluindo alterações típicas de consumo crônico de álcool, alterações metabólicas e hormonais, doenças infectocontagiosas, exames neurológicos e detecção de drogas na urina. De acordo com a história do indivíduo e o perfil de consumo de drogas X outro distúrbio psiquiátrico.
III. Questionários ou testes direcionacionados, gerais ou específicos. 
IV. Testes psicológicos: O mais utilizado é o Inventário de Beck para depressão. Outros testes específicos podem ser utilizados, de acordo com a necessidade de diagnóstico diferencial.
V. Observação clínica: Uma vez que o diagnóstico diferencial pode ser dificultado durante o período de consumo da substância, deve-se observar durante o período de desintoxicação avaliando sintomas psiquiátricos após esse período pode facilitar o correto diagnóstico. 
VI. Conhecimento adequado e aplicação dos critérios diagnósticos da CID-10 e do DSM-IV, para detecção das principais comorbidades associadas a dependência química.
Síndrome de Abstinência e Dependência
Inicialmente ocorre a desintoxicação que é a fase de eliminação da droga do organismo e o reajuste sistemático para o funcionamento do corpo adequadamente da ausência das substâncias. Contudo a síndrome de abstinência inicia algumas horas ou dias depois da diminuição ou suspensão total da droga, e pode durar de 24 horas à sete dias1.
Pode apresentar sintomas de alta ou baixa intensidade, que depende da quantidade da droga usada e o tempo de uso. Os sintomas é a forma que o corpo expressa essa falta e está associado aos sintomas dos transtornos mentais9. 
Não obstante, a classificação leve refere-se ao paciente que está orientado e com agitação leve, a classificação grave ou moderada é caracterizada por desorientação temporoespacial, alucinações e pensamento delirante esta requer internação hospitalar1,14. 
Para ser classificada como transtorno por abstinência de substância, a síndrome deve causar ao paciente sintomas de transtornos mentais independentes (depressão, psicose, ansiedade ou transtornos neurocognitivos). E seguir essas regras4:
· Aparecer até 1 mês após a intoxicação ou abstinência da substância;
· Causar sofrimento significativo ou funcionamento prejudicado;
· Não se manifestar antes do início do uso da substância;
· Não ocorrer exclusivamente durante delirium agudo causado pela substância;
· Não persistir apenas por um período substancial de tempo.
Para a ocorrência da síndrome de dependência é necessário diversos acontecimentos inclusive a síndrome de abstinência. O diagnóstico deve compor três ou mais dos critérios da DSM durante os últimos 12 meses4:
· Desejo forte ou senso de compulsão para consumir a substância;
· Dificuldade de controlar o comportamento de consumo da droga;
· Estado de abstinência fisiológica com a cessação ou redução do uso da substância;
· Abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do uso da substância psicoativa
· Evidencia de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas;
· Persistência no uso da substância, mesmo tento a consciência de manifestações nocivas como comprometimento do funcionamento cognitivo relacionado com o uso da droga4,8.
Principais Transtornos Psiquiátricos Relacionados ao Uso de Substâncias
Entre pessoas com transtornos de uso de substâncias (exceto álcool), 53% também sofrem de pelo menos um outro transtorno mental, com uma razão de chances de 4,5 em comparação com pessoas sem transtornos relacionados a substâncias9.O uso de substâncias pode mimetizar sintomas e sinais de praticamente todas as síndromes psiquiátricas1.
O Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é o transtorno psiquiátrico mais comum entre crianças e é o mais subdiagnosticado entre adultos, é uma síndrome clínica com sintomas de desatenção, hiperatividade motora e impulsividade. Das crianças com TDAH, 40% vão desenvolver personalidade antissocial, abuso de substâncias e/ou criminalidade durante a adolescência ou idade adulta8. 
O adulto com TDAH apresenta possibilidade muito maior para transtornos do uso de substâncias: aproximadamente 33% dos adultos com TDAH apresentam antecedentes de abuso ou dependência de álcool e 20% deles apresentam história de abuso ou dependência de outras substâncias9. O abuso ou dependência de álcool é o mais prevalente entre adultos com TDAH, sendo a maconha a mais comum droga de abuso, seguida por estimulantes e cocaína a prevalência do transtorno entre tabagistas é grande e existem estudos mostrando que a nicotina ameniza diversos sintomas da síndrome, sendo possível que receptores nicotínicos estejam envolvidos na etiologia da síndrome13,14.
Modelos neurobiológicos/neuropsicológicos que tentam explicar os déficits na atenção, supõem disfunção noradrenérgica no tronco encefálico o sistema de atenção posterior recebe densa inervação noradrenérgica. Ao inibir a estimulação espontânea dos neurônios, a noradrenalina permite que o sistema posterior oriente e agregue novos estímulos. A função da atenção então muda para o sistema anterior, formado pelo córtex pré-frontal e giro cingulado anterior. A responsividade do córtex pré-frontal aos sinais que chegam é modulada primariamente por estimulação dopaminérgica proveniente da área tegmentar ventral localizada no mesencéfalo9,14.
O Transtorno de Personalidade pode ser subdividido três agrupamentos, segundo o DSM-IV 14:
· O Agrupamento A compreende os Transtornos da Personalidade Paranoide, Esquizóide e Esquizotípico.
· O Agrupamento B inclui os Transtornos da Personalidade Antissocial, Borderline, Histriônica e Narcisista. Os indivíduos com esses transtornos frequentemente parecem dramáticos, emotivos ou erráticos. 
· O Agrupamento C inclui os Transtornos da Personalidade Esquiva, Dependente e Obsessivo-Compulsiva. Os indivíduos com esses transtornos frequentemente parecem ansiosos ou medrosos. 
Abuso de uma ou mais substâncias foi relatado por 76% de pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) e por 95% dos pacientes com Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS) estão entre as comorbidades mais frequentemente observadas em dependência do álcool e outras drogas7,14. 
Uma das maiores dificuldades atualmente é o diagnóstico diferencial com Transtornos Depressivos, pois a maior parte dos portadores de AOS (associação entre doenças mentais e uso de álcool e outras substâncias psicotrópicas) apresentam frequentemente sintomas depressivos, que podem ser decorrentes dos efeitos crônicos do etanol sobre o cérebro humano ou ser pré-existentes (primários), agravados pelos efeitos do álcool que apresenta efeitos euforizantes e ansiolíticos fugazes ansiogênicos e depressivos duradouros7,14. A comorbidade da depressão com o uso de substâncias é de 32%14. 
A depressão unipolar recorrente é o diagnóstico psiquiátrico mais prevalente das situações clínicas no mundo, podendo chegar a 2020 como o mais importante problema de saúde pública do planeta. Das causas líderes de incapacitação no mundo, a depressão unipolar está em primeiro lugar14. Pode ser causada pelo uso de anti-hipertensivos, neurolépticos, cinarizina (labirintite) e outras substâncias9. 
Sugere-se que o tabagismo e a depressão atuam pelos mesmos substratos neurobiológicos, provavelmente o sistema serotonérgico e o dopaminérgico, ambos podem ser desregulados na depressão e aumentados pela nicotina. A depressão é um sintoma comum da abstinência de substâncias, resultado de alterações nos processos do sistema de recompensa9. 
Quando falamos de Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), o abuso de álcool e substâncias está reconhecidamente associado à pior evolução deste transtorno e à pior resposta ao tratamento14. Bipolares evoluem mais frequentemente com episódios mistos e com ciclagem rápida, têm mais internações, e o uso de substâncias pode desestabilizar o quadro clínico, apresentam mais chances de mania disfórica e estados mistos, formas de mania que carregam pior prognóstico que a mania pura eufórica7,14.
A administração aguda de estimulantes como cocaína, crack e anfetaminas produzem quadros de euforia, vigor excessivo, humor expansivo, fluxo do pensamento acelerado, enquanto o uso continuado e repetitivo pode ter efeitos adversos no humor, semelhantes aos notados durante a depressão7.
Estudos clínicos mostram que 23 a 70% dos pacientes dependentes de álcool também sofrem de Transtornos de Ansiedade, particularmente de fobias. Entre os pacientes com ansiedade, 20 a 45% relatam histórias de dependência de álcool13. Os subtipos de Transtornos de ansiedade, transtorno de ansiedade generalizada (TAG), Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Transtorno de Pânico (TP), Fobia Social (FS). A síndrome de ansiedade também pode ser causada por abstinência de nicotina, benzodiazepínicos, opioides e intoxicação por cafeína7,14. 
Ocasiona a disfunção do “sistema de alarme”, envolvendo pelo menos 4 sistemas de neurotransmissão (glutamato, noradrenalina, ácido gamaminobutírico e serotonina), todos envolvidos diretamente com uso, abuso e dependência de substâncias14. O maior problema decorrente da associação entre TA e AOS é o diagnóstico diferencial e planejamento da intervenção, devido a superposição de sintomas, tanto da ansiedade como da intoxicação ou síndrome de abstinência de substâncias9,13.
O abuso de substâncias psicoativas e Transtornos Psicóticos (psicose) são comumente encontrados em conjunto, a prevalência dos transtornos relacionados ao uso de substâncias foi de aproximadamente 47% nos indivíduos com esquizofrenia, incluindo 34% com abuso de álcool e 28% com abuso de drogas, varia com o tipo de droga, destacando-se alto índice de tabaco, álcool, maconha e estimulantes, outros transtornos psicóticos ainda são controversos e supõe-se que é necessário uma predisposição a desenvolver a doença, e a influência do meio (ex. drogas) para desenvolver as doenças7,14,16. 
Quanto ao diagnóstico, podemos ter estes caracterizados como Transtorno Psicótico Breve, que sugere sintomas por até um mês de duração, enquanto o diagnóstico de Transtorno Esquizofreniforme é realizado quando os sintomas permanecem por até 6 meses, e a Esquizofrenia é quando ultrapassa esse período14. 
O uso de substâncias em esquizofrênicos pode exacerbar tanto os sintomas positivos (alucinações e delírios) como os negativos (afeto embotado, falta de motivação, prejuízo na atenção e as dificuldades nas interações sociais14. 
Geralmente são utilizados anticolinérgicos e neurolépticos no tratamento para esquizofrenia, comumente os pacientes suspendem o uso de neurolépticos e abusam dos anticolinérgicos que podem causar estados psicóticos como alucinações, delírios grandiosos e ilusões de estar voando7.
O Delirium é um transtorno caracterizado pelo rebaixamento do nível da consciência do indivíduo, em que ocorre alteração da atenção, alteração de memória e deterioração intelectiva14. 
Pode ser classificada como hipoativos que é um estado de confusão mental simples, o indivíduo pode ficar indiferente, apresentar alterações de psicomotricidade, mutismo e outras características7. Ou pode ser hiperativa, apresentando impulsividade, insônia, ilusões e alucinações maioritariamente visuais, delírios7. Uma das causas para esta síndrome é a intoxicação por drogas e abstinência de substâncias psicoativas9,13.
Os Transtornos Alimentares são as expressões de graves perturbações no comportamento alimentar, os quadros mais recorrentes são a anorexia e bulimia13,14. 
Na síndrome anoréxica, além da autoindução de vômito, dietas extremamente restritivas,também ocorre pelo uso de inibidores de apetite, laxantes e diuréticos7. A síndrome bulímica é caracterizada pela hiperingestão de alimentos, comum a sensação de perda de controle, seguido por comportamento compensatório como a autoindução de vômitos o uso de laxantes, anorexígenos, diuréticos, hormônios tireoidianos, excesso de exercícios físicos e a prática de dietas e jejuns abusivos7,13. 
Tanto nas mulheres dependentes de álcool e outras drogas, quanto nas mulheres com transtornos alimentares a ocorrência simultânea dos dois transtornos se dá em altas taxas. 25,7 % das mulheres (população mais atingida por esse transtorno) com transtornos alimentares são decorrentes do uso de substâncias14. 
A Relação entre o uso de Substâncias e os Transtornos Mentais
O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-V) utiliza critérios predominantemente comportamentais para avaliar a gravidade dos transtornos por uso de substâncias (TUSs) pois não há exames clínicos específicos para haver uma confiabilidade diagnóstica, portanto, a gravidade dos transtornos é avaliada pela intensidade das alterações neuroadaptativas disfuncionais e persistentes no SNC16.
Quatro sistemas neuronais estão particularmente envolvidos na fisiopatologia dos TUSs: o sistema de recompensa cerebral (em especial o nucleus accumbens), o sistema de motivação (o córtex orbitofrontal), o circuito de memória e aprendizagem (a amígdala e o hipocampo) e a área de controle e planejamento (o córtex pré-frontal e o giro do cíngulo anterior)9. 
A exposição repetida a substâncias de abuso torna esses circuitos cerebrais hipersensíveis, alterando o funcionamento, que possivelmente envolve a transição do uso recreativo para a dependência, e os reflexos das neuroadaptações são observados na gravidade dos sinais e sintomas evidenciados em âmbito clínico16.
Sistema Cerebral de Recompensa
O sistema de neurotransmissão de dopamina (DA) no cérebro, denominado sistema mesolímbico-mesocortical ou sistema cerebral de recompensa (SCR) tem participação na busca de estímulos causadores de prazer. Anatomicamente, o SCR se projeta a partir da área tegmental ventral (ATV) para o córtex pré-frontal e para o estriado ventral (nucleus accumbens)9,16. Por meio de reforço positivo, há o impulso de manter o prazer repetidas vezes, criando-se uma memória específica16.
O abuso de substâncias produz alteração nos processos fisiológicos de recompensa, instalando um ciclo de reforço negativo nas vias de gratificação cerebral. A ativação dessa área é intensificada com o abuso de substâncias o que aumenta a concentração de dopamina extracelular no SCR criando uma memória específica que estimula o organismo a buscar a droga novamente16. 
A dopamina abrange os processos como atenção, aprendizagem, cognição, humor, emoções, regulação do sono, alimentação, controle dos movimentos voluntários, entre outros, causando os transtornos mentais9. A repetição crônica da atividade de dopamina, no SCR, pode promover desequilíbrio neuroquímico, conduzindo a uma homeostase alterada ao gerar neuroadaptações estruturais e funcionais permanentes na neuroplasticidade cerebral. Esse desequilíbrio está relacionado ao processo de transição do uso recreativo para a dependência16.
 O sistema dopaminérgico mesolímbico reforça comportamentos e sinais que estão associados com os estímulos que são críticos para a sobrevivência, como alimentação e reprodução, assim o consumo de drogas e os estímulos associados são registrados no cérebro como criticamente importantes16. O tratamento crônico com antidepressivos também aumenta a atividade dopaminérgica9.
Os transtornos por uso de substâncias são caracterizados por sintomas de ordem cognitiva, comportamental e fisiológica, que acarretam um padrão patológico e mal adaptativo de uso, promovendo a continuidade do consumo, apesar das consequências negativas, a impulsividade e compulsividade produzem um ciclo que envolve a compulsão em conseguir e usar a substância, a perda de controle sobre o uso e o surgimento de estados emocionais negativos (disforia, irritabilidade, ansiedade) quando o consumo é impossibilitado isso decorre de sucessivas neuroadaptações em diferentes circuitos cerebrais, modificando as respostas emocionais fisiológicas e a ruptura da homeostase16.
Impacto Causado à Sociedade
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), 10% das populações do mundo todo necessitam de assistência integral à saúde para eliminar ou minimizar os danos que as substâncias psicotrópicas podem causar9. 
Porém, dessas pessoas que necessitam de tratamento apenas uma a cada seis conseguem o tratamento17. 
O Brasil gasta menos de 2,00 US$ por pessoa no tratamento e na prevenção de transtornos mentais. Os TUSs são destacados como um grave problema de saúde pública. Cinco das dez principais doenças de anos vividos com incapacidade no mundo está na categoria de transtornos mentais, no Brasil desde 1990 até 2015 é a maior causa de incapacidades, ocasionando o afastamento de funções, por exemplo6.
A dependência de álcool e outras substâncias psicoativas acarreta à redução da capacidade laboral (aptidão mental ou física para exercício da função), desemprego, criminalidade e marginalização, desestruturação familiar, aumento de demanda aos serviços de saúde, de comorbidades psiquiátricas e clínicas18.
Em outro estudo também há a afirmativa de que o uso de substâncias psicoativas está diretamente ligado ao aumento de criminalidade, do narcotráfico, da marginalização e de demais questões sociossanitárias5. 
Em um estudo realizado em comunidades terapêuticas de um município de São Paulo destinadas a dependentes químicos, o transtorno psicótico acometeu mais de 40% do grupo estudado, principalmente os dependentes que utilizavam álcool juntamente a outras drogas psicoativas18.
Através da diferenciação de uso apenas de álcool e apenas de substâncias psicoativas sugere-se que as SPAs ilícitas sejam mais determinantes para a ocorrência de comorbidades psiquiátrica com exceção do transtorno de depressão maior que foi evidenciado em usuários apenas de álcool3,11. 
 Atenção Básica de Saúde 
Papel importante na identificação dessa problemática, por exemplo através das visitas de agentes de saúde às residências, conhecendo o perfil sociodemográfico dos dependentes, para a realização de uma assistência mais qualificada, atuando na prevenção de recaídas através de grupos de apoio e reuniões em UBSs (Unidade Básica de Saúde) e auxílio no tratamento2,18.
A partir de um estudo realizado em 2016 no Centro de Atenção Psicosocial para álcool e drogas (CAPS-ad) no estado de Minas Gerais, identificou-se que 2,2% da população em tratamento nessa unidade foi por busca da família, 43,7% da população estudada buscou tratamento por espontânea vontade e a grande maioria 44,7% foi por encaminhamento, através das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), do Programa de Saúde da Família (PSF), Unidades de atendimento emergencial, Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), grupos de apoio, hospitais gerais e psiquiátricos, através de Ordem judicial e outros (TABELA 1). Evidenciando o papel de extrema importância da saúde pública17.
Em outro estudo foram abordadas estratégia de redução de danos devido ao uso de drogas que iniciou em 1985 para o controle de AIDS e foi reformulada para outras demandas da saúde. Essas estratégias começaram a fazer parte do SUS a partir de 2003 apenas com a implantação da Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas (PAIUAD), e é fundamentada, por exemplo, através da distribuição de seringas para o uso das drogas, diminuído o compartilhamento das mesmas e logo a transmissão de outras doenças5.
Ocorrendo a distribuição de preservativos, campanhas de vacinação e ações informativas diretamente para a população em situação de vulnerabilidade como travestis, prostitutas, pessoas em situação de rua, homossexuais, os usuários de drogas injetáveis e outros5. 
As estratégias de redução atuam em conjunto com a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), CAPSe ESF condicionados à razões éticas e humanitárias, a promoção da saúde e os direitos humanos13. Realizam a distribuição de kits de redução de danos (seringa, cachimbo, e outros materiais que acompanham materiais informativos e panfletos) com apoio psicológico, e realizando testagem para HIV e aconselhamentos sobre. Buscando tirar este indivíduo da situação que está5.
Uma outra abordagem de profissionais da área da saúde, humanas e sociais é a Terapia Comunitária Integrativa (TCI) inserida no SUS (Sistema Único de Saúde) na Política Nacional das Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), que consiste em rodas abertas e comunitárias com o auxílio de um terapeuta comunitário19.
Tabela 1 – Formas de encaminhamento de dependentes às unidades de atendimento especializado. (Fonte: TREVISAN et al., 2019)17
Tabela 1 (continuação) – Formas de encaminhamento de dependentes às unidades de atendimento especializado. (Fonte: TREVISAN et al., 2019)17
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
Os Centros de Atenção Psicossocial são pontos de atenção estratégicos da RAPS: serviços de saúde de caráter aberto e comunitário constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, em sua área territorial20. 
Modalidades:
· CAPS I: Faz atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 15 mil habitantes.
· CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
· CAPS – i: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais graves e   persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
· CAPS – ad: Atendimento a todas faixas etárias, especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
· CAPS III - Atendimento com acolhimento noturno e observação; todas faixas etárias; transtornos mentais graves e persistentes inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes. 
· CAPS – ad III: Atendimento com acolhimento noturno e observação; funcionamento 24h; todas faixas etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes.
Portaria nº 336, de 19 de fevereiro de 2005 – Estabelece as modalidades de CAPS e equipe mínima para funcionamento20.
Contudo em alguns estudos foram relatadas as preocupações sobre os preparo desses profissionais, pois há falta de associação entre as problemáticas, em grande parte das vezes ocorrendo tratamentos incompletos ou só para os distúrbios mentais ou só para a dependência química sem atuar nas outras comorbidades18.
DISCUSSÃO 
A dependência de substâncias é um transtorno da função cerebral ocasionado pelo consumo de substâncias psicoativas. Tais substâncias afetam os processos cerebrais normais relacionados com sensopercepção, emoções e motivação. O uso crônico de substâncias psicoativas, sobretudo quando associado a outros transtornos psiquiátricos, pode levar a danos cognitivos16.
Os Transtornos por uso de substâncias são uma condição multifatorial, na qual aspectos psicossociais, ambientais, genéticos e epigenéticos se inter-relacionam no processo de predisposição, facilitação e manutenção do consumo. Portanto, ambientes familiares disfuncionais são considerados fatores de risco para o desenvolvimento de transtorno de ansiedade e uso de substâncias psicotrópicas precocemente na adolescência14.
A partir dessas disfunções ambientais e familiares a experimentação de drogas está cada vez mais precoce, tendo início entre os 12 e 15 anos10,11. O consumo de álcool antes dos 15 anos, já tem sido associado à prejuízos físicos e mentais, desta forma é importantíssimo identificar esses padrões de riscos para realizar programas de intervenções mais assertivos10.
Não obstante, as alterações que as drogas causam no SNC são relativamente semelhantes aos distúrbios causados por transtornos mentais, uma vez que suas atuações são associados à desregulação de neurotransmissores, um exemplo é a dopamina, que atua no sistema cerebral de recompensa tem participação direta na busca de prazer e é associado a processos fisiológicos como atenção, aprendizagem, cognição, humor, emoções, alimentação, controle dos movimentos voluntários16.
Os níveis de dopamina extracelulares aumentados criam memória específica e está associado a fatores essenciais e críticos para a sobrevivência, isso faz com que o indivíduo tenha a sensação de que sem a droga ele vai morrer, causando o estado de dependência e com a falta da droga, abstinência9. Diretamente ligada à transtornos mentais16.
Outro ponto importante é o uso crônico de antidepressivos que também desregula os níveis dopaminérgicos. O álcool que aumenta a atividade dos receptores GABA, que desempenha importante papel na relaxação cerebral, e no caso dos benzodiazepínicos inibe a excitação celular, podendo levar à diversas complicações inclusive aos transtornos depressivos9.
As ações psicoativas do tabagismo, possivelmente está ligada ao TDAH pois ambos têm relação com os receptores nicotínicos e muscarínicos14. Receptores nicotínicos centrais estão envolvidos em várias funções cognitivas complexas atenção, aprendizado, memória, despertar, percepção sensorial e no controle da atividade motora, da percepção da dor e da temperatura corporal, além disso, os receptores nicotínico modulam a liberação de outros neurotransmissores, como noradrenalina, dopamina, serotonina, glutamato e GABA9,13,14.
Explicitando a associação direta entre o uso de drogas e os distúrbios mentais com as alterações no sistema nervoso central. Sendo necessário um tratamento em conjunto e profissionais mais qualificados, para este tratamento mais especializado, pois essas psicopatologias atuam em comorbidade1,3,11. 
O uso de substâncias tem se tornado algo tão grave que os dependentes fazem uso das drogas escancaradamente, um exemplo são as cracolândias, em espaços públicos, com tráfico explícito. Entretanto, o tráfico não existe sem consumidores e os dependentes não existiriam (ou reduziriam) sem uma oferta tão livre de drogas21. 
Contudo, no Brasil, uma das formas de intervenção através da saúde é o SUS que há a atuação das RAPS e dos CAPS, e disponibiliza tratamentos20. Porém, apenas 1 pessoas consegue tratamento a cada 6 pessoas que necessitam17. 
CONCLUSÃO
Portanto as doenças mentais levam à dependência de substância, e a dependência de substância leva à doença mental. A alta prevalência do uso de tabaco e álcool deve-se por serem drogas lícita sendo mais facilmente aceitas na sociedade e por terem um baixo custo. Apesar dessa aceitação essas substâncias são muito prejudiciais a longo prazo, a cannabis, cocaína e crack também muito utilizadas trazem debilidade física e psíquica, envolvimento com violência e internações mais precoces.
Os outros tipos de drogas, depressivas, estimulantes, alucinógenas e perturbadoras do SCN todas geram uma debilidade física e mental, porém, apresentam menores quantidades de uso, em partes por dificuldades de acesso ou pelo valor maior da droga. 
Conclui-se também que a ligação entre os distúrbios por uso de substâncias e os transtornos mentais comum, devido aos mecanismos de ação que são similares, atingindo o Sistema Nervoso Central. 
Esta realização evidencia um grave problema de saúde pública, pois todos esses distúrbios que poderiam se prevenidos, geram cada vez mais gastos sociais, econômicos, aumento da violência e criminalidade, marginalização, sendo necessário maiores gastos com a segurança, maioresgastos com tratamentos, medicamentos, internações, além disso, ocorre incapacidades dos indivíduos, deixando de contribuir para a sociedade e levando à desestruturação familiar.
Mesmo toda esta problemática já sendo evidenciada em diversos estudos as ações de prevenções são mínimas. Há estratégias de redução de danos, por exemplo, que suscintamente realiza a distribuição de seringas para amenizar contaminação de outras doenças, há os RAPS, CAPS, ONGs, e outros, que dão apoio e tratamento à uma parcela da população necessitada, muitos indivíduos ficam anos em tratamento e constantemente há recaídas sendo necessário novo tratamento, se tornando um ciclo sem fim. 
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