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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
PROCESSUAL 
CIVIL
Consignação em Pagamento. Ação 
de Exigir Contas. Ações Possessórias. 
Divisão e Demarcação de terras. Ação 
de Dissolução Parcial de Sociedade. 
Ação de Inventário e Partilha
Livro Eletrônico
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Lidia Marangon
Consignação em Pagamento. Ação de Exigir Contas. Ações Possessórias. Divi-
são e Demarcação de terras. Ação de Dissolução Parcial de Sociedade. Ação de 
Inventário e Partilha
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Sumário
Consignação em Pagamento .....................................................................................................4
Ação de Exigir Contas . ............................................................................................................26
Ações Possessórias . ............................................................................................................. 40
Ações de Divisão e Demarcação de Terras Particulares ....................................................54
Da Ação de Dissolução Parcial da Sociedade . .....................................................................62
Do Inventário e da Partilha . .................................................................................................. 69
Questões de Concurso . ...........................................................................................................95
Gabarito . ................................................................................................................................. 110
Gabarito Comentado . .............................................................................................................. 111
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Inventário e Partilha
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Oba! Mais uma aula e um encontro maravilhoso entre nós. Como você está progredindo 
nos estudos? Tudo caminhando certo? Espero que sim. Lembro a você que nada e nem nin-
guém pode abalar a nossa vontade de alcançar o objetivo. E vou te confessar uma coisa. A 
vida muda bastante depois da posse no cargo que você almeja. Muda para melhor e não é 
pouco. Diversas oportunidades surgem e muitas novas experiências são alcançadas. Mas é 
importante ressaltar que com o cargo, muitas responsabilidades surgem também. Não es-
queça disso.
O sabor da vitória é excepcional!
Nesta aula, vamos começar a abordagem dos procedimentos especiais do Código de 
Processo Civil. O tema é muito relevante e trataremos dos seguintes pontos:
1. Consignação em pagamento.
2. Ação de exigir contas.
3. Ações possessórias.
4. Divisão e Demarcação de terras.
5. Ação de dissolução parcial de sociedade.
6. Ação de inventário e partilha.
Vamos começar? Boa aula!
O processo de conhecimento pode seguir pelo procedimento comum ou pelo procedi-
mento especial. O CPC cuida expressamente das ações cujo processo segue o procedimen-
to especial.
E por que alguns procedimentos são especiais?
Porque o legislador percebeu que o procedimento deve ser o mais adequado para a pos-
tulação de direitos substanciais. Ou seja, deve haver uma adequação do procedimento em 
alguns casos específicos para melhor atender ao suprimento desses direitos, principalmen-
te levando em consideração as características do direito material tutelado.
Você também vai observar que, em alguns casos, o procedimento especial é totalmente 
diferente do procedimento comum. Em algumas outras situações, apenas a fase inicial é 
diferente.
Por fim, é importante ressaltar que o CPC divide os procedimentos especiais entre os de 
jurisdição contenciosa e os de jurisdição voluntária.
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Inventário e Partilha
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Vamos começar com o estudo dos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa.
Consignação em Pagamento
Quando entre credor e devedor surge uma obrigação, a forma mais usual de quitação des-
sa obrigação é o pagamento, concorda?
Ocorre que, em algumas situações e por algum motivo, o devedor não consegue efetuar 
o pagamento na forma devida. Por isso, surge a necessidade do procedimento especial da 
consignação em pagamento.
Assim, podemos afirmar que a consignação é uma forma especial de pagamento, que tem 
por fim extinguir as obrigações.
Professora, não entendi bem quando você afirma que em algumas situações o devedor 
não consegue efetuar o pagamento na forma devida. Você pode explicar melhor?
Claro. É que para que o pagamento seja efetivado, o devedor depende da colaboração do 
credor, que precisa não só aceitá-lo, mas também fornecer a quitação. E, em algumas situa-
ções, o credor, por motivos ilegítimos, recusa-se a isso, o que impede que o devedor cumpra 
sua obrigação e se desonere dos efeitos da mora.
Há também situações que colocam o devedor em dúvida sobre quem deva receber o pa-
gamento, porque duas ou mais pessoas postulam esse direito, ou até mesmo porque as cir-
cunstâncias tornam dificultosa a identificação do credor. Compreendeu melhor?
Assim, para que o devedor não fique prejudicado e consiga desonerar-se da obrigação, in-
clusive evitando o pagamento à pessoa errada (lembre-se: quem paga mal, paga duas vezes) 
pode valer-se da consignação, efetuando o depósito judicial ou em estabelecimento bancário 
da coisa devida. Bacana, não é mesmo?
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Nos termos do art. 334 do Código Civil: “Considera-se pagamento, e extingue a obriga-
ção, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma 
legais”.
A consignação é, portanto, um procedimento especial, e é uma forma de extinção da obri-
gação mediante pagamento.
O Código Civil prevê, no art. 335, as situações que admitem a consignação em pagamento. 
Vamos estudá-lo?
Art. 335. A consignação tem lugar:
I – se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na 
devida forma;
II – se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III – se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar 
incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V – se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Esse rol é taxativo? Não! O rol do art. 335 do Código Civil não é taxativo, pois há outras 
hipóteses de consignação, previstas em lei especial.
Agora veja que interessante. É possível que a consignação em pagamento seja extrajudi-
cial. Como assim, professora? Vou explicar.
Inicialmente, é muito salutar a existência de um procedimento extrajudicial de consig-
nação em pagamento. A ideia é agilizar a quitação da obrigação e evitar o abarrotamento do 
Poder Judiciário.
Mas, para que ocorra a consignação extrajudicial, há a necessidade de cumprimento de 
alguns requisitos:
• A prestação deve ser pecuniária, ou seja, em dinheiro;
• Deve existir no local do pagamento de estabelecimento bancário oficial ou particular, 
para que o depósito seja realizado;
• É preciso conhecer o endereço do credor, em razão da necessidade de realização de 
sua notificação;
• O credor deve ser conhecido, certo, capaz e solvente.
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Esses requisitos estão basicamente previstos no § 1º do artigo 539 do CPC:
Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de paga-
mento, a consignação da quantia ou da coisa devida.
§ 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento 
bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta 
com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa.
Na consignação extrajudicial, o valor é depositado pelo devedor em instituição bancária 
oficial, em conta com correção monetária, devendo cientificar o credor, por meio de carta com 
aviso de recebimento, para que ele possa, no prazo de 10 dias, manifestar sua recusa, confor-
me prevê o art. 539 do CPC.
A carta deve ser entregue pessoalmente ao credor, porquanto o prazo para recusa começa 
a contar no dia do recebimento da carta. O credor, a partir daí, poderá comparecer à instituição 
financeira e levantar o valor e essa atitude extinguirá a obrigação.
Professora, e se o valor depositado não estiver totalmente correto?
Nesse caso, o credor poderá levantar o valor fazendo ressalvas, para cobrar eventual di-
ferença nas vias próprias.
Perceba que outra possibilidade para o credor é manter-se silente.
Nesse caso, entende-se que ele aceitou tacitamente o pagamento e a obrigação será ex-
tinta, ficando o valor à espera do levantamento pelo credor.
Veja:
CPC
Art. 539, § 2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a ma-
nifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do 
credor a quantia depositada.
Por fim, o credor pode recusar o depósito, hipótese na qual o devedor poderá levantar o 
valor ou utilizar o depósito para ajuizar ação judicial de consignação em pagamento, dentro 
do prazo de um mês. A recusa do credor tem que ser feita, por escrito, no estabelecimento 
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bancário. Se não houver recusa do credor, ou se esta for intempestiva, o devedor estará libe-
rado da obrigação e a quantia depositada ficará à disposição do credor.
CPC
Art. 539, § 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá 
ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do 
depósito e da recusa.
E o que acontece se o devedor que teve o depósito recusado, não ajuizar a ação de con-
signação em pagamento dentro do prazo de um mês?
O prazo de um mês para o ingresso da ação de consignação em pagamento serve apenas 
para que o devedor não seja atingido pelos efeitos da mora nesse período. Assim, transcor-
rido esse prazo, a propositura da demanda continua possível, desde que o devedor realize a 
consignação do valor principal acrescido dos juros e devidas correções, que contarão da data 
de vencimento da obrigação.
O não ajuizamento da ação no prazo não faz perecer o direito de o devedor consignar. 
Apenas retira do depósito a sua eficácia liberatória. O depósito extrajudicial perderá os seus 
efeitos, o que faz pressupor que o devedor deverá realizar um novo depósito, ao ajuizar a ação.
CPC
Art. 539. § 4º Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o depósito, podendo levan-
tá-lo o depositante.
Agora vamos tratar da competência?
Nos termos do art. 540 do CPC: “Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, 
cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for 
julgada improcedente”.
Veja que interessante! Para que você saiba onde tramitará a ação de consignação em 
pagamento, você deve saber qual o lugar do pagamento. E para isso, deve questionar: a obri-
gação é quesível ou portável?
Professora, não lembro mais nada a respeito disso…
Então, vamos relembrar.
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O que é dívida quesível e dívida portável? Onde devem ser pagas?
A dívida quesível é aquela que deve ser paga no domicílio do devedor, tornando-se este o 
competente para a promoção da ação de consignação em pagamento.
A dívida portável é aquela que deve ser paga no domicílio do credor, tornando-se este o 
competente para a promoção da ação de consignação em pagamento.
Assim, se a obrigação é quesível, o foro competente para a ação de consignação em pa-
gamento é o do domicílio do autor, que no caso, é o devedor da obrigação. Já se a obrigação é 
portável, o foro competente é o local de domicílio do réu, que é o credor da obrigação, hipótese 
em que haverá coincidência com o foro comum.
Entendi! Mas como saberei se a obrigação é quesível ou portável?
Você tem que observar aquilo que estiver estipulado em contrato pelas partes. Aqui, o 
que comanda é a autonomia da vontade. No entanto, se as partes nada convencionarem e a 
lei nada disser, a regra é que o pagamento seja realizado no domicílio do devedor (quesível).
Veja o teor do artigo 327 do CC:
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem 
diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.
Ainda quanto à competência, temos o Enunciado 60 do Fórum Permanente de Processu-
alistas Civis (FPPC):
Em ação de consignação e pagamento, quando a coisa devida for corpo que deva ser 
entregue no lugar em que está, poderá o devedor requerer a consignação no foro em que 
ela se encontra. A supressão do parágrafo único do art. 891 do Código de Processo Civil 
de 1973 é inócua, tendo em vista o art. 341 do Código Civil.
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http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10636144/par%C3%A1grafo-1-artigo-891-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10636189/artigo-891-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
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Querido(a) aluno(a)! A competência da ação de consignação em pagamento é relativa ou 
absoluta?
É relativa, pois se trata de competência territorial. Cabe ao réu alegar a incompetência, por 
meio de preliminar de contestação.
Veja como esse tema já foi cobrado em prova de concurso:
Questão 1 (2009/CESPE/DPE-AL/DEFENSOR PÚBLICO) Julgue o item seguinte com rela-
ção à ação de consignação em pagamento.
Cuidando-se de tema de natureza processual, a competência para julgamento da ação de 
consignação em pagamento não considera a natureza quesível ou portável da dívida, pre-
valecendo a norma geral de competência territorial segundo a qual será competente o foro 
do demandado.1
Agoravamos falar de legitimidade?
A legitimidade ativa para a ação de consignação em pagamento é do devedor ou caso já 
tenha falecido, do espólio e, depois da partilha, dos herdeiros.
No entanto, é possível que a consignação seja realizada por um terceiro.
Esse terceiro pode ser:
Quem é o terceiro interessado?
Para Pablo Stolze, terceiro interessado é a:
1 Errado.
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pessoa que, sem integrar o polo passivo da relação obrigacional-base, encontra-se juridicamente 
adstrita ao pagamento da dívida, a exemplo do fiador que se obriga ao cumprimento da obrigação 
caso o devedor direto (afiançado) não o faça.
Quem é o terceiro não interessado?
Para o mesmo autor, o terceiro não interessado é a:
Pessoa que não guarda vinculação jurídica com a relação obrigacional-base, por nutrir interesse 
meramente moral. É o caso do pai que paga a dívida do filho maior, ou do provecto amigo que honra 
o débito do seu compadre. Tais pessoas agem movidas por sentimento de solidariedade familiar 
ou social, não estando adstritas ao cumprimento da obrigação.
No caso de terceiro juridicamente interessado, ocorre a sub-rogação, de modo que, ex-
tinta a obrigação pela consignação, o terceiro assume os direitos e ações do credor frente ao 
devedor. Já no caso de terceiro não interessado, não ocorre a sub-rogação, entendendo-se a 
consignação como mera liberalidade do terceiro em favor do devedor.
A legitimidade passiva é do credor. Se ele for desconhecido não é necessário que seja 
qualificado na inicial e a citação será realizada por edital. O credor incapaz também figurará 
como réu, mas representado ou assistido por seu representante legal. Havendo dúvida quanto 
à titularidade do crédito, figurarão como litisconsortes passivos aqueles que se apresentem 
como credores. Ah… E lembre-se! Nesse caso, teremos um litisconsórcio passivo necessário.
Ótimo. Agora vamos tratar do objeto da consignação: quais são os bens passíveis de 
consignação?
Sempre temos em mente que o que pode ser consignado é o dinheiro. E realmente, na 
consignação extrajudicial, como já vimos, o objeto da consignação é unicamente o dinheiro. 
Mas na consignação judicial, os bens passíveis de consignação podem ser móveis, tais como 
o próprio dinheiro, chaves, veículos, coisas em geral ou bens imóveis.
Professora, é possível consignar estando em mora?
Sim, claro. A mora não impede a consignação, mas o depósito deve ser do principal e 
acessórios.
Agora uma pergunta mais interessante ainda.
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É possível discutir validade de cláusula contratual em ação de consignação em pagamento?
Sim, é possível. E o depósito deve abranger as parcelas já vencidas.
O STJ já decidiu nesse sentido:
Vamos conferir o julgado?
Em ação de consignação em pagamento, ainda que cumulada com revisional de con-
trato, é inadequado o depósito tão somente das prestações que forem vencendo no 
decorrer do processo, sem o recolhimento do montante incontroverso e vencido. De 
fato, assim como possui o credor a possibilidade de exigir o cumprimento da obrigação, 
também é facultado ao devedor tornar-se livre do vínculo obrigacional, constituindo a 
consignação em pagamento forma válida de extinção da obrigação, a teor do art. 334 
do CC. O depósito em consignação tem força de pagamento, e a correspondente ação 
tem por finalidade ver atendido o direito material do devedor de liberar-se da obrigação 
e obter quitação. Em razão disso, o provimento jurisdicional terá caráter eminentemente 
declaratório de que o depósito oferecido liberou o autor da obrigação relativa à relação 
jurídica material. A consignação em pagamento serve para prevenir a mora, libertando o 
devedor do cumprimento da prestação a que se vinculou, todavia para que tenha força 
de pagamento, conforme disposto no art. 336 do CC, é necessário que concorram, em 
relação a pessoas, objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o 
pagamento. Assim, a consignação em pagamento só é cabível pelo depósito da coisa ou 
quantia devida, não sendo possível ao devedor fazê-lo por objeto ou montante diverso 
daquele a que se obrigou. Nesse sentido, o art. 313 do CC estabelece que o credor não é 
obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa, e o art. 
314 do mesmo diploma prescreve que, ainda que a obrigação tenha por objeto prestação 
divisível, não pode o credor ser obrigado a receber nem o devedor a pagar por partes, 
se assim não se ajustou. Ademais, o art. 337 do CC também estabelece que cessa a 
mora apenas com o depósito da quantia devida, tendo efeito a partir de sua efetivação, 
por isso mesmo é necessário o depósito do valor integral da dívida, incluindo eventuais 
encargos. Cabe ressaltar que, a teor do art. 893, I, do CPC, o depósito da quantia ou coisa 
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devida é pressuposto processual objetivo, pois se cuida de exigência formal para o rece-
bimento da petição inicial da ação de consignação em pagamento. REsp 1.170.188-DF, 
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/2/2014. (Informativo 537 STJ).
Professora, pode me explicar melhor esse julgado?
Vamos lá! Como dizia um tio meu: “Não se apoquente!” (risos).
Imagine que eu, Lídia, tenha celebrado com o Banco do Brasil um contrato de empréstimo 
no valor de R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais) porque tenho vontade de comprar um apar-
tamento na beira da praia em Guarajuba. De acordo com o contrato, eu deveria pagar esse 
empréstimo, por meio de prestações mensais, durante 20 anos. No entanto, começo a atrasar 
as prestações e fico inadimplente por 06 (seis) meses. Que feio, professora!
Começo a pensar que as cláusulas do contrato que assinei são abusivas e que o Banco 
do Brasil está me cobrando juros exorbitantes. Por isso, ajuízo uma ação revisional cumulada 
com ação de consignação em pagamento. O juiz autorizou o depósito do valor das prestações 
de acordo com cálculo que apresentei e que entendo como sendo o valor correto, ou seja, sem 
os juros abusivos.
No entanto, deixei de depositar o valor dos 06 meses de prestações atrasadas. Minha 
conduta está correta, de acordo com o entendimento exposto pelo STJ? Não está! Eu deveria 
tê-las depositado. Isso porque, em ação de consignação em pagamento, ainda que cumulada 
com revisional de contrato, é inadequado o depósito tão somente das prestações que forem 
vencendo no decorrer do processo, sem o recolhimento do montante incontroverso e vencido.
Entendido?
Agora, vamos tratar da consignação de prestações sucessivas.
O art. 541 do CPC traz a previsão de consignação em pagamento de prestações sucessi-
vas, ou seja, cujo cumprimento perdura no tempo:
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Art. 541.Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o devedor continuar 
a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que o 
faça em até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo vencimento.
A finalidade desse artigo é observar o princípio da economia processual, pois evita uma 
multiplicidade de demandas consignatórias, cada uma para uma prestação, que, pela cone-
xão, seriam de qualquer maneira reunidas para julgamento conjunto.
Ao ajuizar a ação, o autor já deve indicar na inicial, de forma explícita, as prestações ven-
cidas, bem como as vincendas no curso do processo, à medida que se tornarem exigíveis, e 
desde que tempestivamente depositadas no curso do processo.
À medida que forem vencendo as prestações, os comprovantes devem ser juntados no 
processo. Para tanto, é desnecessária a citação do réu para cada depósito, não abrindo-se 
prazo para contestação, porquanto não se trata de nova demanda a ensejar defesa.
Professora, mas o réu pode impugnar os depósitos?
Claro! Nada impede que o réu impugne qualquer dos depósitos, decidindo o juiz a respeito.
Não sendo depositada alguma das prestações vencidas no prazo legal, essa prestação 
inadimplida ainda poderá ser depositada, antes do vencimento da próxima, com os acrésci-
mos legais. Após, reestabelece-se a ordem de depósitos das prestações vincendas, até que 
sobrevenha a decisão judicial definitiva. Se permanecer a situação de inadimplência, o juiz 
procederá ao julgamento do feito, reconhecendo o pagamento das prestações tempestiva-
mente depositadas.
Sobre o tema, temos o seguinte enunciado do FPCC:
Enunciado 60:
Na ação de consignação em pagamento que tratar de prestações sucessivas, consig-
nada uma delas, pode o devedor continuar a consignar sem mais formalidades as que 
se forem vencendo, enquanto estiver pendente o processo.
Tranquilo, não é?
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Há uma divergência doutrinária e jurisprudencial sobre o período que pode ser objeto da 
consignação e se as prestações só podem ser consignadas até a sentença, ou se podem es-
tender-se até o trânsito em julgado.
O STJ possui posicionamento nos dois sentidos.
A primeira corrente do tribunal entende pela possibilidade de consignar até o trânsito em 
julgado e segunda corrente entende que cabe consignar as prestações somente até a senten-
ça e que as prestações posteriores podem ser objeto de ação própria.
Fique ligado(a)!
Agora, leia novamente e com mais atenção a redação do artigo 541 do CPC atentando-se 
para a parte em negrito:
Art. 541. Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o devedor continuar 
a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que o 
faça em até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo vencimento.
Esse prazo de cinco dias do artigo 541 do CPC se aplica para os depósitos judiciais de 
tributos?
O STJ entende que não!
Vamos ler o julgado?
O prazo de cinco dias previsto no art. 892 do CPC não é aplicável aos depósitos judiciais 
referentes a créditos tributários, de tal sorte que são exigíveis multa e juros caso o depó-
sito não seja realizado dentro do prazo para o pagamento do tributo. Isso porque, ao 
se interpretar a norma processual conforme o princípio da legalidade tributária estrita, 
reconhece-se que o prazo para o depósito judicial previsto no art. 892 do CPC (“Tratan-
do-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira, pode o devedor conti-
nuar a consignar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem ven-
cendo, desde que os depósitos sejam efetuados até 5 (cinco) dias, contados da data do 
vencimento”) não se aplica às consignatórias de crédito tributário, por incompatibilidade 
normativa. Nos termos do art. 113, § 1º, do CTN, “A obrigação principal surge com a ocor-
rência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e 
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extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente”, sendo que, conforme estabelece 
o art. 140 do CTN, “As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou 
seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem a exigibi-
lidade do crédito tributário não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem”. Ade-
mais, o crédito tributário só se extingue ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída 
nos casos previstos no CTN (art. 141); a suspensão da exigibilidade do crédito tributário 
se dá com o depósito do seu montante integral, o que não dispensa o cumprimento das 
obrigações assessórias (art. 151, II e parágrafo único); e a extinção do crédito tributá-
rio em razão do depósito judicial só se dá por ocasião de sua conversão em renda (art. 
156, VI). Nessa linha, deve-se afirmar que a consignação em pagamento do montante 
do tributo discutido, que tem por fim a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, a 
qual, ao final, pode implicar sua extinção, é aquela em que o crédito é depositado dentro 
do prazo de vencimento da obrigação, ou em que há o depósito do montante integral do 
débito (AgRg no Ag 1.239.917-SP, Segunda Turma, DJe 17/5/2010). Isso porque não se 
pode ignorar que o crédito tributário é exigível a partir do termo de vencimento. Inadim-
plido, por força de lei, é acrescido de juros, multa e correção monetária. Por isso que, por 
ocasião do depósito judicial da parcela respectiva, a parte deve depositar todo o mon-
tante devido: crédito principal, juros e multa. O depósito judicial, então, elide a mora do 
contribuinte ou responsável que ingressa em juízo para discutir a obrigação tributária 
tão somente quando realizado nos termos e condições próprias para o pagamento inte-
gral do crédito tributário; só assim a conversão do depósito em renda poderá implicar 
a extinção do crédito tributário. Não se pode permitir que o contribuinte ou responsável 
tributário, por estar em juízo, seja agraciado com mais cinco dias para adimplir o tributo, 
só porque ajuíza ação consignatória em pagamento. Caso admitida essa tese, direta-
mente, estar-se-ia criando distinção entre contribuintes/responsáveis, o que é vedado 
pelo art. 150, I, da CF, além de estar-se estabelecendo espécie de moratória tributária, de 
caráter geral, sem previsão legal. AgRg no REsp 1.365.761-RS, Rel. Min. Benedito Gon-
çalves, julgado em 9/6/2015, DJe 17/6/2015. (Informativo 564 STJ).
Inicialmente, atente-se para o fato de que o artigo 892 do CPC mencionado no julgado é 
referente ainda ao CPC de 73 e corresponde ao atual artigo 541 do CPC de 2015.
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Você conseguiu entender bem o julgado?
Vou explicar por meio de um exemplo:
Suponha que uma determinada empresa recebe cobrança todos os meses de um determina-
do tributo, cuja data de vencimento é todo dia 05. A empresa entende que o tributo é incons-
titucional e, por isso, ajuíza ação de consignação em pagamento, para realizar os depósitos 
do tributo em juízo. Mas por que a empresa faria isso,professora? Para evitar que haja o 
pagamento de multa, juros e correção monetária caso não consiga demonstrar que estava 
certa e que o tributo cobrado é realmente inconstitucional. É uma forma que a empresa tem 
de se precaver. A empresa fez o primeiro depósito no dia 05 do mês, que corresponde exata-
mente ao dia de vencimento do tributo. Já o segundo depósito foi realizado no dia 10 do mês 
seguinte. Em razão disso, o credor do tributo cobrou multa e juros da empresa, ao argumento 
de que o depósito foi feito não na data de seu vencimento, mas no prazo de 05 dias do artigo 
541 do CPC.
Por sua vez, imagine que a empresa tenha alegado que ela possui cinco dias para depositar o 
valor contados da data do respectivo vencimento, conforme lhe autoriza o artigo 541 do CPC.
Quem está certo segundo o entendimento do STJ? A empresa ou o credor do tributo? O credor 
do tributo.
Para o STJ, O prazo de cinco dias previsto no art. 541 do não se aplica para depósitos ju-
diciais relacionados com créditos tributários. Isso porque o crédito tributário é exigível a partir 
do dia de seu vencimento, por força de lei, e caso não venha a ser pago nessa data, há sim a 
possibilidade de cobrança dos encargos pelo atraso.
Qual o procedimento da ação de consignação em pagamento?
No que tange ao procedimento, podemos identificar três situações distintas. Aqui, depen-
demos da causa da consignação.
A primeira é a consignação fundada na recusa em receber:
Aqui, iniciamos o procedimento com uma petição inicial que deve preencher obrigato-
riamente os requisitos formais dos artigos 319 e 320 do CPC. Além disso, cabe ao devedor 
indicar o objeto do pagamento e o valor da obrigação, encargos e todas as demais condições 
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de pagamento. Entende-se que é essencial que o devedor demonstre que o credor se recusou 
a receber ou recusou buscar o pagamento.
Na própria petição inicial, deve o autor requerer a realização do depósito da coisa ou da 
quantia devida. Esse depósito deve ser realizado no prazo de cinco dias.
Se não houver depósito extrajudicial e o judicial não for feito em cinco dias, o que acontece?
O processo será extinto sem resolução de mérito. Veja:
CPC
Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá:
I – o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do 
deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3º;
II – a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação.
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo será extinto sem resolu-
ção do mérito.
O autor requererá a citação do réu para levantar o depósito ou apresentar resposta.
O réu pode levantar a quantia sem contestar a ação?
Sim. Nesse caso, ocorre a extinção da ação com resolução do mérito e é declarada a su-
cumbência do réu.
Professora, e se o objeto da prestação for uma coisa indeterminada e a escolha couber 
ao credor?
Nesse caso, temos que observar o que diz o artigo 543 do CPC:
Art. 543. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este 
citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do con-
trato, ou para aceitar que o devedor a faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, 
dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito.
Aqui o procedimento muda um pouquinho. Primeiro temos que citar o réu para exercer seu 
direito de escolha em cinco dias ou para aceitar que o devedor o faça. Isso significa que ele 
não é citado desde logo com a finalidade de apresentar defesa.
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Querido(a)! Nesse tipo de consignação, qual seja, a fundada na recusa em receber, o que 
pode ser alegado pelo réu credor na contestação?
A resposta está no artigo 544 CPC.
Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que:
I – não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida;
II – foi justa a recusa;
III – o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;
IV – o depósito não é integral.
No caso do inciso IV, há a obrigatoriedade de indicação das coisas ou do valor ou das coi-
sas que entende devidos. Essa indicação tem duas funções:
1) permitir ao autor analisar a conveniência da complementação do depósito e;
2) permitir a condenação do autor no valor da diferença, caso a complementação não seja 
feita.
Se houver alegação do réu/credor de que o depósito não é integral, será concedido prazo 
para o autor/devedor completar o depósito, no prazo de 10 dias. O credor poderá levantar o 
valor já depositado, continuando o feito em relação ao que restar controverso.
CPC
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez) dias, salvo 
se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato.
§ 1º No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a 
consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida.
Quanto ao tema, temos o enunciado 61 do Fórum Permanente de Processualistas Civis 
(FPPC):
É permitido ao réu da ação de consignação em pagamento levantar “desde logo” a quan-
tia ou coisa depositada em outras hipóteses além da prevista no § 1º do art. 545 (insu-
ficiência do depósito), desde que tal postura não seja contraditória com fundamento da 
defesa.
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Professora, e se for concedido ao devedor esse prazo de dez dias e ele não complementar 
o depósito? Qual a consequência?
Partiremos para uma sentença que declara a insuficiência do valor depositado e haverá, 
então, a formação de um título executivo para que o credor promova o cumprimento dessa 
sentença nos mesmos autos, inclusive.
Confira:
CPC
Art. 545. § 2º A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que 
possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe o 
cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária.
A sentença, na ação de consignação, é meramente declaratória.
Se a ação é julgada procedente, há a declaração da suficiência do depósito e a extinção da 
obrigação em razão da idoneidade e suficiência do depósito realizado.
Se a ação é julgada improcedente, há a declaração de que o depósito realizado não é apto 
a extinguir a obrigação.
Excepcionalmente, a sentença terá natureza condenatória, quando o réu alegar a insufici-
ência do depósito e o autor não complementar em dez dias, caso em que o juiz condenará ao 
pagamento da diferença apurada.
CPC
Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao 
pagamento de custas e honorários advocatícios.
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação.
Pronto! Agora vamos cuidar da consignação fundada em dúvida quanto à titularidade do 
crédito.
Estão gostando do assunto? Que bom! Eu também adoro!
A consignação fundada em dúvida quanto à titularidade do crédito ocorre quando o de-
vedornão souber a quem, dentre os possíveis credores, deve efetuar o pagamento. Como já 
mencionei, quem paga mal, paga duas vezes.
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Desse modo, para que o devedor não assuma o risco de pagar à pessoa errada, é preferível 
depositar o valor ou a coisa em juízo.
E quem serão os legitimados passivos?
São aqueles que se apresentarem como credores, disputando o pagamento. Confira:
CPC
Art. 547. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá 
o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito.
E como será o procedimento?
Primeiramente, temos uma petição inicial na qual o autor devedor requererá o depósito da 
quantia ofertada, e a citação dos prováveis credores. Não esqueça que o autor também deve 
indicar na petição o motivo de sua dúvida quanto a quem deva legitimamente receber o paga-
mento. Caso não o faça, o juiz pode indeferir a petição inicial por falta de interesse.
Veja que nessa situação, não há recusa em receber o pagamento, mas sim uma dúvida 
real sobre quem deve recebê-lo.
Professora, você pode dar um exemplo de quando ocorre essa situação?
Posso sim! Imagine que o devedor é notificado por dois ou mais pretensos credores que 
exigem o pagamento da mesma dívida. Ele não vai arriscar pagar à pessoa errada!
Após a citação dos réus, podem acontecer as seguintes situações:
1) Não comparecer nenhum dos devedores. Nesse caso, o juiz deverá aplicar os efeitos 
da revelia a todos e proferir sentença, declarando a suficiência do depósito e a extinção da 
obrigação. Haverá ainda a conversão do depósito em arrecadação de coisas vagas, que é um 
procedimento previsto lá no artigo 746 do CPC.
CPC
Art. 548. No caso do art. 547 :
I – não comparecendo pretendente algum, converter-se-á o depósito em arrecadação de coisas vagas;
2) Comparecer apenas um devedor. Se comparecer apenas um réu para reclamar o paga-
mento, o juiz julgará procedente o feito, devendo verificar se ele realmente é o credor e se faz 
jus ao depósito. Fazendo jus, o juiz autoriza o levantamento do depósito pelo réu.
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E se o réu não demonstrar sua condição de credor?
Nessa situação, o valor continuará depositado como se ninguém tivesse se habilitado.
Se o único credor que se manifestou alegar insuficiência de depósito, o devedor poderá 
fazer a complementação?
Sim, no prazo de 10 dias.
CPC
Art. 548. No caso do art. 547 :
II – comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano;
3) Comparecer mais de um credor. Caso compareça mais de um réu, o juiz declarará efe-
tuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo entre os credores, observan-
do-se o procedimento ordinário. Nesse caso, todos os participantes serão simultaneamente 
autores e réus. Interessante, não é mesmo?
CPC
Art. 548. No caso do art. 547 :
III – comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, conti-
nuando o processo a correr unicamente entre os presuntivos credores, observado o procedimento 
comum.
Agora veja que importante o Enunciado 62 do Fórum Permanente de Processualistas Civis 
(FPPC):
A regra prevista no art. 548, III, que dispõe que, em ação de consignação em pagamento, 
o juiz declarará efetuado o depósito extinguindo a obrigação em relação ao devedor, 
prosseguindo o processo unicamente entre os presuntivos credores, só se aplicará se 
o valor do depósito não for controvertido, ou seja, não terá aplicação caso o montante 
depositado seja impugnado por qualquer dos presuntivos credores.
Vamos falar agora especificamente da insuficiência de depósito?
Vimos acima que é possível que o autor ajuíze a ação de consignação em pagamento e 
faça um depósito em valor insuficiente. Lembra? 
Vimos também que quando for alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor com-
pletá-lo, em 10 (dez) dias.
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Se o magistrado entender que o valor depositado pelo autor foi realmente insuficiente, 
haverá uma sentença e nessa sentença o juiz deve dizer o montante devido, para que o réu/
credor possa executar essa diferença nos mesmos autos, em razão da natureza dúplice da 
ação de consignação em pagamento.
Professora, já estudamos isso. Por que você está repetindo?
Porque não quero que você esqueça e porque temos um julgado importantíssimo para 
analisar.
Se o autor da ação de consignação em pagamento não depositar o valor integral da dívida, 
a sentença do juiz será de improcedência ou de procedência parcial?
Qual seria a diferença, em termos de consequência, de uma sentença para a outra?
Ora, a consequência ocorre quanto à sucumbência.
Se o juiz julga que há uma improcedência do pedido do autor, teremos sucumbência total 
de sua parte, o que importa no fato de que ele seria o responsável pelo pagamento total das 
despesas processuais.
Se o juiz julga que ele depositou uma parte e por isso, deveria reconhecer uma proce-
dência parcial, ele seria sucumbente apenas em parte e teríamos uma divisão dos ônus da 
sucumbência entre as partes. Entendeu?
Pois bem. Entendidas as consequências, pergunto novamente: se o autor da ação de con-
signação em pagamento não depositar o valor integral da dívida, a sentença do juiz será de 
improcedência ou de procedência parcial?
Se ficar comprovada a insuficiência do depósito, a ação deve ser julgada improcedente e 
caberá ao autor a responsabilidade integral quanto aos ônus da sucumbência. Esse é o en-
tendimento do STJ em sede de julgamento de recurso repetitivo.
Vamos conferir?
Em ação consignatória, a insuficiência do depósito realizado pelo devedor conduz ao 
julgamento de improcedência do pedido, pois o pagamento parcial da dívida não extin-
gue o vínculo obrigacional.
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Inicialmente cumpre salientar que da análise dos artigos do Código Civil e do CPC de 
1973, que trataram da ação de consignação em pagamento, nota-se: a) que a consig-
nação de valor monetário é forma de pagamento integral da dívida vencida e que tem 
por objetivo extinguir a obrigação, ainda que se admita o depósito das parcelas vincen-
das, ainda não exigíveis (CC, arts. 334 e 336; CPC/1973, art. 890); b) que, em relação ao 
tema em debate, só tem lugar quando o credor não puder receber ou se recusar, sem 
justa causa, a receber ou dar quitação, ou pender litígio sobre o objeto (CC, art. 335); c) 
que devem concorrer os requisitos para a validade do pagamento, como tempo, modo, 
valor, sujeitos, lugare acréscimos legais (CC, arts. 336 e 337; CPC/1973, arts. 890, § 1º, 
e 891); d) que a consignação em estabelecimento bancário (extrajudicial), assim como 
o ajuizamento do feito judicial, direito de ação que é, constitui faculdade (“poderá”) do 
devedor (CPC/1973, art. 890, § 1º); e) que cessa para o devedor, sobre a importância 
depositada, a fluência de juros e os riscos, exceto se for julgada improcedente a con-
signatória (CPC/1973, art. 891); f) que o réu/credor, se alegar que o pagamento não é 
integral, deve indicar o montante que entende devido (CPC/1973, art. 896, inciso IV e 
parágrafo único); g) que com a procedência do pedido se dará a declaração de extinção 
da obrigação; e h) que existe possibilidade de julgamento de improcedência (CPC/1973, 
art. 891), caso em que o depósito não terá tido o efeito de fazer cessar a mora do deve-
dor. A jurisprudência predominante do STJ, acerca da procedência parcial da ação em 
caso de depósito insuficiente, não é compatível com o princípio de direito civil de que 
não há mora simultânea, e nem com a disciplina processual da ação consignatória, a 
qual determina, como pressuposto para o exame do mérito, o depósito inicial da integra-
lidade da dívida vencida, com o fito de extinção da obrigação. Os diversos julgados que 
representam o entendimento atualmente dominante desta Corte, na prática, suprimem 
a hipótese legal de improcedência do feito, ao arrepio do art. 891 do CPC/1973. Com 
efeito, não havendo depósito, a sentença será de extinção do processo sem exame do 
mérito (CPC 2015, art. 542, parágrafo único). Havendo depósito insuficiente, terá sido 
justa a recusa do credor, que não pode ser obrigado a receber em parte a prestação, se 
tal não foi convencionado, e, portanto, o resultado coerente com o ordenamento jurídico 
será a improcedência e não a procedência parcial do pedido. A aceitação de qualquer 
depósito, de qualquer valor, como hipótese de procedência parcial do pedido, privaria de 
efeito a regra legal segundo a qual cessa para o devedor “tanto que se efetue o depósito, 
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os juros e os riscos, salvo se for julgada improcedente” a consignação (CPC/1973, art. 
891; CPC/2015, art. 540); isso porque a ação seria sempre julgada parcialmente proce-
dente, mesmo que manifestamente insuficiente o depósito para extinguir a obrigação, 
mesmo que justificada a recusa do credor, tendo o autor inadimplente dado causa ao 
ajuizamento da ação. Assim, quando o depósito não for integral, a solução imposta pelo 
ordenamento jurídico é o julgamento de improcedência do pedido consignatório. REsp 
1.108.058-DF, DJe 23/10/2018 (Informativo n. 636).
Em suma, o STJ entende que em ação consignatória, a insuficiência do depósito realizado 
pelo devedor gera o julgamento de improcedência do pedido, pois o pagamento parcial da 
dívida não extingue o vínculo obrigacional, ou seja, ou há pagamento ou não há pagamento. 
Não há que se falar em meio pagamento. Compreendeu? Você tem dúvidas de que esse julga-
do cai nas provas? Eu não tenho.
Agora, outra situação para você!
Imagine que o Professor Aragonê tem uma conta-corrente no Banco do Brasil (cheio da grana! 
Risos). Um certo dia, o Professor Borelli vai até a agência do Banco do Brasil e tenta descontar 
uma cártula de cheque que teria sido “em tese” emitida pelo Professor Aragonê, no valor de R$ 
80.000,00 (oitenta mil reais).
O Banco do Brasil se recusou a pagar o cheque por ausência de fundos. Borelli então pensou: 
“Aragonê tem dinheiro, mas fica tudo embaixo do colchão”.
Ressalto, ainda, que o cheque tinha como favorecido, um terceiro e que Borelli tentou descon-
tar o título no Banco do Brasil, mas, por uma falha bancária, ele não foi pago sob a alegação 
de que estaria sem fundos. Ele recebeu esse cheque por meio de endosso feito pelo terceiro 
favorecido.
O banco apurou que, na verdade, esse talonário de cheque em nome de Aragonê teria sido 
desviado do seu caminho normal, durante o transporte feito até o banco e isso fez com que o 
cheque fosse parar nas mãos de possíveis falsários.
Borelli, ávido por receber o valor, protesta a cártula de cheque.
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O Banco do brasil, inconformado e sabedor que errou na prestação de seu serviço, ajuíza 
ação de consignação em pagamento em desfavor de Borelli para que ele cancele o protesto e 
receba o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).
Pergunto: o Banco do Brasil tem essa legitimidade? Em outras palavras: A instituição finan-
ceira possui legitimidade para ajuizar ação de consignação em pagamento visando quitar 
débito de cliente decorrente de título de crédito protestado por falha no serviço bancário?
Tem, sim.
Veja o que entendeu o STJ sobre o assunto:
A instituição financeira possui legitimidade para ajuizar ação de consignação em paga-
mento visando quitar débito de cliente decorrente de título de crédito protestado por 
falha no serviço bancário.
A questão controvertida consiste em definir se o banco, com o intuito de prevenir ou repa-
rar dano a seu cliente, ante a possibilidade de ter sido adulterado cheque em razão de 
falha no serviço bancário, tem legitimidade para propor ação de consignação em paga-
mento visando quitar o débito referente a título apontado a protesto e evitar que venha 
a responder futura demanda indenizatória. Inicialmente, o procedimento da consigna-
ção em pagamento existe para atender as peculiaridades do direito material, cabendo 
às regras processuais regulamentar tão somente o iter para o reconhecimento judicial 
da eficácia liberatória do pagamento especial, constituindo o depósito em consignação 
modo de extinção da obrigação, com força de pagamento. Ressalvadas as obrigações 
infungíveis ou personalíssimas, que somente o devedor pode cumprir, como há interesse 
social no adimplemento das obrigações, o direito admite que um terceiro venha a pagar 
a dívida, não se vislumbrando prejuízo algum para o credor que recebe o pagamento de 
pessoa diversa do devedor, contanto que seu interesse seja atendido. O Código Civil, 
porém, distingue a disciplina aplicável conforme o terceiro possua ou não interesse jurí-
dico no pagamento (arts. 304 a 306 do CC). Conforme leciona a abalizada doutrina, o 
credor só poderia recusar o pagamento de terceiro não interessado em três hipóteses: 
(a) caso exista no contrato expressa declaração proibitiva ao cumprimento da obrigação 
por terceiro; (b) na hipótese de tal cumprimento poder lhe causar prejuízo; e (c) na situ-
ação em que a obrigação, por sua natureza, somente possa ser cumprida pelo devedor. 
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Na hipótese, é nítido que o banco autor da ação tem interesse jurídico, já que tem o dever 
de não causar danos à consumidora, reconhecendo haver verossimilhança na afirmação 
de sua cliente acerca de extravio do talonário e de sua falha na devolução do cheque por 
inexistência de fundos, o que propiciou o protesto. Assim, é patente a idoneidade do ins-
trumento processual utilizado. REsp 1.318.747-SP,DJe 31/10/2018 (Informativo 636).
ação de exigir Contas
Para Daniel Amorim Assumpção,
Sempre que a administração de bens, valores ou interesses de determinado sujeito seja confiada 
a outrem, haverá a necessidade de prestação de contas, ou seja, da relação pormenorizada das 
receitas e despesas no desenvolvimento da administração.
Isso se deve porque, em algumas relações jurídicas, uma das partes está obrigada a pres-
tar contas para a outra. Tal situação se configura nas relações jurídicas em que alguém ad-
ministra interesses alheios.
Para que seja proposta a ação de exigir contas, é necessário que uma das partes tenha 
a obrigação de prestar as contas e se recuse a prestá-las ou que haja divergência quanto às 
contas apresentadas.
Dispõe Humberto Theodoro Júnior que:
O objetivo da ação de exigir contas é liquidar o relacionamento jurídico existente entre as partes no 
seu aspecto econômico, de tal modo que, afinal, se determine, com exatidão, a existência ou não 
de um saldo.
Assim, podemos afirmar que sempre que a administração de bens, valores ou interesses 
de determinado sujeito seja confiada a outrem, haverá o direito de exigir contas nos termos 
do artigo 550 do CPC. 
Ex.: tutor, curador, inventariante, administrador etc.
Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do réu para 
que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias.
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O CPC de 2015 trouxe algumas modificações no que tange à ação de exigir contas:
Houve alteração do nome da ação. No CPC de 1973, a ação era conhecida como ação de 
prestação de contas. Atualmente, é denominada de ação de exigir contas.
Houve alteração da legitimidade ativa. O Novo Código de Processo Civil não prevê a ação 
de dar contas, o que naturalmente afeta a questão da legitimidade da única ação prevista: 
ação de exigir contas. O CPC de 1973 previa a ação de dar contas e de exigir contas. No novo 
CPC temos apenas a ação de exigir contas, de modo que a legitimidade ativa da referida ação 
é daquele que afirmar que teve valores ou interesses administrados (art. 550 do Novo CPC) e 
não mais daquele que queira, por ato voluntário, prestar contas.
Houve alteração do prazo de resposta do réu. No CPC de 1973, o prazo era de 05 (cinco) 
dias. Agora, temos um prazo de 15 dias.
Vamos conversar sobre a legitimidade?
A iniciativa para ajuizar a ação de exigir contas é de quem tem o direito de exigi-las, pois 
teve seus bens, valores ou interesses administrados por outrem. Por outro lado, aquele que 
administra bens, negócios ou interesses alheios, a qualquer título, deve prestar contas de sua 
gestão. O autor, portanto, vem em juízo para compelir o réu a apresentar as devidas contas do 
destino dado aos recursos e bens que foram postos sob seus cuidados.
Para ajuizar a ação, o autor terá que demonstrar que houve recusa do réu em prestar as 
contas extrajudicialmente, ou o feito poderá ser extinto por falta de interesse de agir. Além 
disso, temos os casos que a própria lei exige a prestação de contas, como nos casos dos tu-
tores, curadores, inventariantes, onde o interesse de agir é presumido.
Já falamos que a ação de consignação em pagamento tem natureza dúplice. O mesmo 
ocorre com a ação de exigir de contas.
Normalmente, quando o juiz sentencia, ele aprecia o pedido formulado pelo autor na peti-
ção inicial. É esse o seu papel: dar procedência ou improcedência aos pedidos do autor e caso 
decida pela improcedência, não o condena a nada, salvo quanto aos ônus da sucumbência.
No entanto, nas ações de natureza dúplice, ocorre algo diferente, pois, é como se o feitiço 
pudesse se voltar contra o feiticeiro.
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Nelas, o juiz, na sentença, aprecia não apenas o pedido formulado pelo autor, mas os for-
mulados pelo réu na contestação, podendo haver a condenação do autor.
Quais os tipos de ação de natureza dúplice?
PRIMEIRA SEGUNDA
Aquelas em que se permite ao réu, na própria con-
testação, formular pedidos contra o autor, que serão 
apreciados na sentença, sem necessidade de recon-
venção ou ajuizamento de ação autônoma. São dúpli-
ces porque a contestação não é a peça apropriada 
para a formulação de pedidos pelo réu em face do 
autor.
Ações intrinsecamente dúplices, em que a 
condenação do juiz pode dirigir-se contra o 
autor ou contra o réu, independente de este 
ter formulado requerimento nesse sentido, 
em sua contestação.
Exemplo: ações possessórias. Exemplo: ação de exigir contas.
A ação de prestação de contas tem natureza dúplice, pois, pode haver sentença que de-
clare a existência de saldo em favor de uma ou outra parte.
CPC
Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial.
Em sendo assim, não é necessário que o réu formule pedido específico de condenação do 
autor ao pagamento de saldo devedor, pois essa é uma consequência em caso de reconheci-
mento de crédito em favor do réu.
Assim, há uma única demanda judicial, mas duas prestações jurisdicionais distintas: uma 
relativa ao acertamento das contas entre as partes e outra para condenar o devedor ao paga-
mento do saldo remanescente apurado. Só não haverá a constituição de título executivo se 
inexistir saldo devedor após a prestação de contas.
No tocante à competência, quando o réu for administrador ou gestor de negócios, a com-
petência está definida no art. 53, IV, d, do CPC. Como se trata de competência relativa, é pos-
sível a sua prorrogação por conexão, ausência de alegação de exceção de incompetência e 
cláusula de foro de eleição.
CPC
Art. 53. É competente o foro:
IV – do lugar do ato ou fato para a ação:
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios.
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A exceção a essa regra está revista no art. 553 do CPC, que determina a competência ab-
soluta para os seguintes casos:
CPC
Art. 553. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de qualquer outro admi-
nistrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado.
Parágrafo único. Se qualquer dos referidos no caput for condenado a pagar o saldo e não o fizer 
no prazo legal, o juiz poderá destituí-lo, sequestrar os bens sob sua guarda, glosar o prêmio ou a 
gratificação a que teria direito e determinar as medidas executivas necessárias à recomposição do 
prejuízo.
Vamos aprender o procedimento da ação de exigir contas?
A ação de prestar contas é bifásica, ou seja, feita em duas fases.
Na primeira fase, o juiz analisará se há ou não a obrigação de que o réu preste contas ao 
autor. Já na segunda fase, o réu presta as contas que serão avaliadas pelo julgador.
Na primeira fase, o autor ajuíza a demanda e indica o motivo pelo qual pretende a pres-
tação de contas, pleiteando a citação do réu para que preste as contas ou apresente con-
testação. Na inicial, ele deve formular o pedido para que o réu preste contas e para que seja 
condenado a pagar eventual saldo devedor a ser apurado.
Art. 550. Aquele que afirmar ser titular dodireito de exigir contas requererá a citação do réu para 
que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 1º Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige as contas, 
instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem.
Após a sua citação, o réu pode:
1) reconhecer que deve prestar as contas e não contestar. Nesta hipótese, as contas são 
prestadas pelo réu após a sua citação e o juiz abre um prazo para que o autor se manifeste em 
15 dias. O juiz poderá determinar a produção de outras provas necessárias, inclusive desig-
nando audiência de instrução e julgamento, para depois sentenciar o feito. Perceba que sendo 
essa a conduta apresentada pelo réu, qual seja, prestar as contas e não contestar, não haverá 
duas fases no procedimento, já que a primeira, cujo objetivo é fazer com que o réu preste as 
contas, já teria sido superada.
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CPC
Art. 550.
§ 2º Prestadas as contas, o autor terá 15 (quinze) dias para se manifestar, prosseguindo-se o pro-
cesso na forma do Capítulo X do Título I deste Livro.
§ 3º A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá ser fundamentada e específica, com 
referência expressa ao lançamento questionado.
2) apresentar as contas e contestar. O réu pode reconhecer o dever de prestar as con-
tas, mas discordar do seu conteúdo. Nesse caso, apresenta sua contestação, para impugnar 
eventual divergência quanto ao conteúdo das contas e não quanto ao dever de prestá-las em 
si.
3) contestar e não apresentar as contas. Nesse caso, a discordância do réu é diretamente 
relacionada ao dever de prestar contas. Pode ele, por exemplo, alegar que as contas já foram 
apresentadas extrajudicialmente ou que não estão presentes os requisitos da obrigação.
4) Não contestar e nem apresentar contas. Nesse caso o juiz aplica a revelia, cuja presun-
ção de veracidade é relativa, e pode julgar antecipadamente o mérito. Na sentença, determina 
a prestação das contas. No entanto, sendo o caso, não há proibição de que o juiz determine a 
produção de outras provas.
CPC
Art. 550, § 4º Se o réu não contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355 .
O passo seguinte é a decisão que encerra a primeira fase na ação de exigir contas.
Art. 550, § 5º A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no 
prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar.
Perceba que esse ato judicial que julga procedente o pedido e condena o réu a prestar 
contas não põe fim ao processo. Ao contrário, marca a passagem para a segunda fase do 
procedimento.
Desse modo, o STJ entende que contra essa decisão, o recurso cabível é o agravo de ins-
trumento.
Confira um trecho do julgado:
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art355
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O recurso cabível contra decisão que julga procedente, na primeira fase, a ação de exigir 
contas é o agravo de instrumento.
Ainda bastante controvertida tanto na doutrina como na jurisprudência a definição, à 
luz do Código de Processo Civil de 2015, de qual o recurso cabível contra a decisão que 
julga procedente, na primeira fase, a ação de exigir contas (arts. 550 e 551), condenando 
o réu a prestar as contas exigidas. O novo Código, aprimorando a técnica do anterior, ao 
se referir a uma decisão, deixou mais claro que poderá não haver sentença, como sucede 
quando a ação de exigir contas é julgada procedente na primeira fase, para ter prosse-
guimento ainda. REsp 1.680.168-SP, DJe 10/06/2019 (Informativo 650).
Mas, professora, e se o ato judicial, ao invés de julgar procedente o pedido do autor, julgá-
-lo improcedente, ainda assim teríamos o agravo de instrumento como recurso cabível?
Não. Nesse caso, temos que continuar lendo o restante do mesmo julgado para compre-
ender. Vamos lá?
Na hipótese contrária, ou seja, se a decisão der pela improcedência da ação de exigir 
contas, aí sim teremos uma sentença pondo fim ao processo, inclusive com aplicação 
de ônus sucumbenciais. Então, na primeira hipótese, ter-se-á uma decisão que desafia 
agravo de instrumento; na segunda hipótese é que a decisão atrairia apelação. REsp 
1.680.168-SP, DJe 10/06/2019 (Informativo 650).
Fácil, não é?
É sim. Mas para ficar mais fácil ainda, vamos colocar em tabela?
PRIMEIRA FASE SEGUNDA FASE
Recurso contra o ato judicial que julga a 
procedente o pedido: agravo de instrumento.
Recurso contra o ato judicial que julga a 
ação: apelação.
Recurso contra o ato judicial que julga a 
improcedente o pedido: apelação.
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Temos também sobre o tema, o Enunciado n. 177 do Fórum Permanente de Processualis-
tas Civis (FPPC): “A decisão interlocutória que julga procedente o pedido para condenar o réu 
a prestar contas, por ser de mérito, é recorrível por agravo de instrumento”.
Após essa decisão, encerra-se a primeira fase e dá-se início à segunda fase do procedi-
mento, cuja finalidade é determinar se há eventual saldo.
O réu deverá apresentar as contas no prazo de 15 dias. E se ele não o fizer?
Caso o réu não apresente as contas no prazo legal, caberá ao autor fazê-lo, também no 
prazo de 15 dias, de modo que o réu não poderá impugnar as contas apresentadas pelo autor.
Confira:
CPC
Art. 550, § 5º A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no 
prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar.
§ 6º Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5º, seguir-se-á o procedimento do § 2º, 
caso contrário, o autor apresentá-las-á no prazo de 15 (quinze) dias, podendo o juiz determinar a 
realização de exame pericial, se necessário.
Professora, surgiu uma dúvida: dessa decisão do juiz que determina a realização de exa-
me pericial, cabe agravo de instrumento?
Não cabe, querido(a) aluno(a)!
Veja o que entendeu o STJ sobre o assunto:
A decisão interlocutória que, na segunda fase da ação de prestação de contas, defere a 
produção de prova pericial contábil, nomeia perito e concede prazo para apresentação 
de documentos, formulação de quesitos e nomeação de assistentes, não é imediata-
mente recorrível por agravo de instrumento.
Inicialmente cumpre salientar que, a partir do exame do conjunto de regras que discipli-
nam a ação de prestação de contas, no CPC/1973 e no CPC/2015, que a atividade juris-
dicional que se desenvolve na segunda fase dessa ação de procedimento especial não 
é de liquidação ou de cumprimento de sentença, mas, sim, de cognição própria da fase 
de conhecimento, em que há o acertamento da relação jurídica de direito material que 
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DIREITO PROCESSUAL CIVILvincula as partes. Nesse sentido, a fase de cumprimento da sentença na ação de pres-
tação de contas apenas se iniciará após a prolação da sentença condenatória que por-
ventura vier a ser proferida na segunda fase do referido procedimento especial. De outro 
lado, embora seja possível, em tese, a existência subsequente de uma fase de liquidação 
da sentença proferida na ação de exigir contas, fato é que, além de se tratar de uma cir-
cunstância rara (na medida em que a segunda fase dessa ação se destina, justamente, 
a apurar e a quantificar as receitas, as despesas e o eventual saldo), a fase de liquida-
ção a que se referem os arts. 509 a 512 do CPC/2015 não prescinde da preexistência de 
uma sentença condenatória ilíquida que somente é proferida, na ação de exigir contas, 
no momento em que se encerra a segunda fase. Nesse contexto, a decisão interlocu-
tória que, na segunda fase da referida ação, deferiu a produção de prova pericial contá-
bil, nomeou perito e concedeu prazo para apresentação de documentos, formulação de 
quesitos e nomeação de assistentes, não se submete ao regime recursal diferenciado 
que o legislador estabeleceu para as fases de liquidação e cumprimento da sentença 
(art. 1.015, parágrafo único, do CPC/2015), mas, ao revés, ao regime recursal aplicável à 
fase de conhecimento (art. 1.015, caput e incisos, CPC/2015). Assim, inexiste previsão 
legal para a recorribilidade imediata da referida decisão interlocutória a partir das hipó-
teses de cabimento arroladas nos incisos do art. 1.015 do CPC/2015. REsp 1.821.793-
RJ, DJe 22/08/2019 (Informativo n. 654).
Continuando com o procedimento, veja que se o autor entender por impugnar as contas 
prestadas pelo réu, tem que fazer de forma fundamentada e específica.
CPC
Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada, especificando-se as receitas, a 
aplicação das despesas e os investimentos, se houver.
§ 1º Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor, o juiz estabelecerá prazo razoável 
para que o réu apresente os documentos justificativos dos lançamentos individualmente impugna-
dos.
§ 2º As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5º, serão apresentadas na forma adequada, já 
instruídas com os documentos justificativos, especificando-se as receitas, a aplicação das despe-
sas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo.
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Caso seja necessária a produção de prova pericial, o juiz a determinará e depois senten-
ciará o feito. Se não houver a necessidade de prova, o juiz julgará as contas de imediato.
Uma vez proferida a sentença, será apurado o saldo devedor e haverá a constituição de 
título executivo judicial.
CPC
Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial.
Muito bem! Agora algumas perguntinhas:
A ação de prestação de contas pode ser proposta pelo titular de conta-corrente bancária?
Sim, de acordo com o teor da súmula 259 do STJ: A ação de prestação de contas pode ser 
proposta pelo titular de conta-corrente bancária.
Cabe ação de exigir contas em contrato de mútuo e financiamento?
Não cabe! O STJ decidiu que nos contratos de mútuo e financiamento, o devedor não 
possui interesse de agir para a ação de prestação de contas, pois, no contrato de mútuo e 
financiamento, o banco não administra recursos do financiado. Veja:
A Segunda Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.201.662-PR, firmou o entendimento 
de que, na hipótese de contrato de financiamento, não há, para o tomador do financia-
mento, interesse de agir na propositura de ação de prestação de contas, uma vez que o 
banco não administra recursos do financiado. Ademais, importante salientar que a ques-
tão analisada é diversa da regulada na Súmula 259 do STJ, que dispõe sobre o cabimento 
da ação de prestação de contas em contratos de conta-corrente bancária. Aliás, toda 
argumentação utilizada até aqui deve ser estendida aos contratos de financiamento em 
geral. Nessa espécie contratual, assim como no empréstimo bancário, o cliente adquire 
certa quantia em dinheiro com a instituição financeira, comprometendo-se a saldá-la 
em determinado prazo, na forma avençada no contrato. A diferença entre eles é que, no 
contrato de financiamento, há destinação específica dos recursos tomados, como, por 
exemplo, para a aquisição de um bem imóvel ou de um veículo. Ademais, geralmente o 
contrato de financiamento possui algum tipo de garantia, como a hipoteca ou a alienação 
fiduciária. Conclui-se, então, que, na hipótese de contrato de financiamento, assim como 
no de mútuo, não há, para o tomador do financiamento, interesse de agir na propositura 
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de ação de prestação de contas, uma vez que o banco não administra recursos do finan-
ciado: trata-se aqui de contrato fixo, em que há valor e taxa de juros definidos, cabendo 
ao próprio financiado fazer o cálculo, pois todas as informações constam no contrato. 
REsp 1.293.558-PR, DJe 25/3/2015 (Informativo 558).
É possível rever cláusulas contratuais em ação de exigir contas?
Não é possível! Isso porque o STJ entende que o rito especial da ação de exigir contas é 
incompatível com a pretensão de revisar contrato.
Confira:
Impossibilidade de revisão de cláusulas contratuais em ação de prestação de contas.
Na origem, tratou-se de ação de prestação de contas ajuizada em face de banco em 
que se exigiu a demonstração, de forma mercantil, da movimentação financeira do 
contrato de abertura de crédito em conta corrente celebrado entre as partes, desde o 
início do relacionamento, nos termos do art. 917 do Código de Processo Civil. Tendo 
em vista a especialidade do rito, não se comporta no âmbito da prestação de contas 
a pretensão de alterar ou revisar cláusula contratual. As contas devem ser prestadas, 
com a exposição, de forma mercantil, das receitas e despesas, e o respectivo saldo 
(CPC/1973, art. 917). A apresentação das contas e o respectivo julgamento devem ter 
por base os pressupostos assentados ao longo da relação contratual existente entre 
as partes. Nesse contexto, não será possível a alteração das bases do contrato man-
tido entre as partes, pois o rito especial da prestação de contas é incompatível com 
a pretensão de revisar contrato, em razão das limitações ao contraditório e à ampla 
defesa. Essa impossibilidade de se proceder à revisão de cláusulas contratuais diz 
respeito a todo o procedimento da prestação de contas, ou seja, não pode o autor da 
ação deduzir pretensões revisionais na petição inicial (primeira fase), conforme a rei-
terada jurisprudência do STJ, tampouco é admissível tal formulação em impugnação 
às contas prestadas pelo réu (segunda fase). Isso ocorre porque, repita-se, o procedi-
mento especial da prestação de contas não abrange a análise de situações complexas, 
mas tão somente o mero levantamento de débitos e créditos gerados durante a gestão 
de bens e negócios do cliente bancário. A ação de prestação de contas não é, portanto, 
o meio hábil a dirimir conflitos no tocante a cláusulas de contrato, nem em caráter 
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