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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ARARUAMA, RIO DE JANEIRO Processo n°... Patrick, já qualificado, vem por seu advogado infra- assinado, com fundamentos nos arts. 396 e 396-A do CPP, apresentar RESPOSTA DO ACUSADO Pelos motivos a seguir aduzidos 1 – DOS FATOS No dia 05/03/2017, Patrick estava na varanda de sua casa em Araruama, no interior do estado do Rio de Janeiro, quando vê o namorado de sua sobrinha, Lauro, agredindo-a de maneira violenta, em razão de ciúmes. Verificando o risco que sua sobrinha corria com a agressão, Patrick gritou com Lauro, que não parou de agredi-la. Patrick não tinha como intervir, porque estava com uma perna enfaixada devido a um acidente de trânsito. Ao ver que as agressões não cessavam, foi até o interior de sua residência e pegou uma arma de fogo, de uso permitido, que mantinha no imóvel, devidamente registrada, tendo ele autorização para tanto. Com o animus de causar lesão corporal que garantisse a debilidade permanente de membro de Lauro, apertou o gatilho para efetuar disparo na direção de sua perna. Por circunstâncias alheias a vontade de Patrick, a arma não funcionou, mas o barulho de fogo causou temor em Lauro, que empreendeu fuga e compareceu à delegacia para narrar a conduta de Patrick. 2- DO DIREITO PRELIMINARES RECONHECIMENTO DA NULIDADE DE CITAÇÃO No caso em tela, a citação do acusado é nula, pois em busca do cumprimento do mandado de citação, o oficial de justiça comparece à residência de Patrick e verifica que o imóvel se encontra trancado. Por tal razão certifica que o réu está se ocultando para não ser citado e realiza no dia seguinte citação por hora certa. Dispõe o código de processo penal em seu artigo 362, a chamada “citação por hora certa”, que será admitida na hipótese de o réu estar se ocultando para não ser citado, devendo o oficial de justiça se certificar de tal informação. No presente caso não há nenhum indício concreto de que o acusado estaria se ocultando para não ser citado. Ocorre que simplesmente a residência de Patrick estava trancada pois o mesmo estava trabalhando em embarcação, sendo prematura a conclusão do oficial de justiça, com base em um único comparecimento na residência de Patrick. Deste modo não restam dúvidas que a citação foi invalida e certamente trouxe prejuízo para o acusado, tendo em vista que o advogado não conseguiu conversar com o réu sobre os fatos antes de apresentar à resposta à acusação. DO MÉRITO No mérito, como se pode notar, é inegável o direito a absolvição sumária, tendo em vista que o fato evidentemente não constitui crime. Conforme o art.17 do código penal, não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o delito, instituto esse denominado crime impossível, o agente age com dolo na prática do crime e este não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. Na presente situação, Patrick buscou praticar um crime de lesão corporal grave mediante disparo de arma de fogo. Arma esta que era totalmente incapaz de efetuar disparos, conforme consta do laudo pericial nos autos, logo houve ineficácia absoluta do meio utilizado, impedindo a punição por tentativa. O reconhecimento do instituto crime impossível gera a atipicidade da conduta e, consequentemente, cabível a absolvição sumária pelo fato evidentemente não constituir crime, com respaldo no art.397, III do CPP. Por outro enfoque resta aqui evidenciar o uso da legitima defesa de terceiros, conforme art. 23, inciso II, do código penal, formulando aqui o pedido de absolvição sumaria, pois a legitima defesa de terceiros, pois Patrick agiu para salvar a vida de sua sobrinha e para repelir injusta agressão, já que Lauro estava agredindo Natália de maneira relevante e exagerada em razão de ciúmes. 3- DO PEDIDO Ante o exposto, requer o denunciado: A) Seja nula a citação do acusado; B) Absolvição sumária com base no artigo 397 do código de processo penal; C) A produção de provas, com designação de audiência de instrução e julgamento e oitiva das testemunhas arroladas. D) Valor de causa de R$ 1000,000 ROL DE TESTEMUNHAS A) Maria B) José C) Natália Nestes termos, pede deferimento. Araruama, Rio de Janeiro, 09/03/2018 Advogado OAB