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PEÇA 08 - XXV - PATRICK

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ISABELLA DE BARROS MUNIZ E SILVA – 20201102545 
XXV OAB
Patrick, nascido em 04/06/1960, tio de Natália, jovem de 18 anos, estava na varanda de sua casa em Araruama, em 05/03/2017, no interior do Estado do Rio de Janeiro, quando vê o namorado de sua sobrinha, Lauro, agredindo-a de maneira violenta, em razão de ciúmes. Verificando o risco que sua sobrinha corria com a agressão, Patrick gritou com Lauro, que não parou de agredi-la. Patrick não tinha outra forma de intervir, porque estava com uma perna enfaixada devido a um acidente de trânsito. Ao ver que as agressões não cessavam, foi até o interior de sua residência e pegou uma arma de fogo, de uso permitido, que mantinha no imóvel, devidamente registrada, tendo ele autorização para tanto. Com intenção de causar lesão corporal que garantisse a debilidade permanente de membro de Lauro, apertou o gatilho para efetuar disparo na direção de sua perna. Por circunstâncias alheias à vontade de Patrick, a arma não funcionou, mas o barulho da arma de fogo causou temor em Lauro, que empreendeu fuga e compareceu à Delegacia para narrar a conduta de Patrick. Após meses de investigações, com oitiva dos envolvidos e das testemunhas presenciais do fato, quais sejam, Natália, Maria e José, estes dois últimos sendo vizinhos que conversavam no portão da residência, o inquérito foi concluído, e o Ministério Público ofereceu denúncia, perante o juízo competente, em face de Patrick como incurso nas sanções penais do Art. 129, § 1º, inciso III, c/c. o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal. Juntamente com a denúncia, vieram as principais peças que constavam do inquérito, inclusive a Folha de Antecedentes Criminais, na qual constava outra anotação por ação penal em curso pela suposta prática do crime do Art. 168 do Código Penal, bem como o laudo de exame pericial na arma de Patrick apreendida, o qual concluiu pela total incapacidade de efetuar disparos. Em busca do cumprimento do mandado de citação, o oficial de justiça comparece à residência de Patrick e verifica que o imóvel se encontrava trancado. Apenas em razão desse único comparecimento no dia 26/02/2018, certifica que o réu estava se ocultando para não ser citado e realiza, no dia seguinte, citação por hora certa, juntando o resultado do mandado de citação e intimação para defesa aos autos no mesmo dia. Maria, vizinha que presenciou a conduta do oficial de justiça, se assusta e liga para o advogado de Patrick, informando o ocorrido e esclarecendo que ele se encontra trabalhando e ficará embarcado por 15 dias. O advogado entra em contato com Patrick por email e este apenas consegue encaminhar uma procuração para adoção das medidas cabíveis, fazendo uma pequena síntese do ocorrido por escrito. Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade do advogado de Patrick, a peça jurídica cabível, diferente do habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas de direito material e processual pertinentes. A peça deverá ser datada do último dia do prazo.
EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA VARA XX CRIMINAL DA COMARCA DE ARARUAMA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PROCESSO: 
PATRICK, já qualificado nos autos supramencionados, por seu advogado, devidamente constituído conforme procuração anexa, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, nos termos dos artigos 396 e 396–A, CPP, apresentar a presente
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
Pelos fatos e fundamentos expostos a seguir:
I- DOS FATOS
Conforme denúncia, em 05/03/2017, o ora réu estava na varanda de sua casa, na cidade de Araruama, interior do Estado do Rio de Janeiro, quando viu o namorado de sua sobrinha, Lauro, agredindo-a, de maneira violenta, em razão de ciúmes.
Dado o risco que percebeu sofrer sua sobrinha, o ora réu gritou com Lauro, que, por sua vez, não cessou as agressões. Assim, o ora réu adentrou em sua própria residência, muniu-se de sua arma de fogo devidamente registrada e autorizado o seu uso, e tentou efetuar disparos para que a agressão fosse estancada. 
Importa salientar que, por motivos alheios à sua vontade, a arma do ora réu não funcionou, porém o barulho da mesma assustou o agressor de sua sobrinha, que empreendeu fuga, indo à delegacia, onde narrou a conduta do ora réu. 
Terminado o inquérito policial, o ora réu foi denunciado e citado por hora certa a fim de apresentar resposta à acusação dentro do prazo legal.
II- DAS PRELIMINARES
Preliminarmente, requer o reconhecimento da nulidade do ato de citação, nos termos do art. 564, inciso III, “e”, do CPP, uma vez que não foram esgotados todos os meios de citação do ora réu, o que foi diretamente feito por hora certa. 
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa;
Também, nos termos do art 362, CPP, o ora réu não estava se ocultando para ser citado. O Oficial de Justiça apenas tentou ir à sua residência (endereço fixo e conhecido) uma única vez, justamente quando ele não se encontrava em casa, ferindo diretamente os requisitos do Art. 362 do CPP.
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
III- DO DIREITO
a) Primeiramente, o ora réu agiu em favor de sua sobrinha, que estava sendo covardemente agredida por Lauro, de modo que deveria ser considerada a legítima defesa de outrem, o que em si configura excludente de ilicitude, conforme artigos 23, II e 25, CP, o que deve acarretar absolvição sumária, uma vez que utilizou os meios necessários para repelir injusta agressão;
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
 II - em legítima defesa;
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
b) Ainda que o ora réu tivesse, sim, a intenção de atirar no agressor de sua sobrinha, a arma estava absolutamente imprópria, vez que não tinha qualquer possibilidade de realização de disparo, conforme demonstrou a perícia realizada na arma de fogo. 
O ato cometido pelo ora réu se enquadra no artigo 17, CP, como crime impossível, assim, o ora réu deve ser prontamente absolvido, com base no artigo 397, III, CPP, de modo que não se admite a forma tentada de lesão corporal;
Art. 17, CP - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime
IV- DOS PEDIDOS
- Diante do exposto, pugna-se pela anulação do processo devido a NULIDADE DE CITAÇÃO, tendo em vista que o Oficial de Justiça deveria ter esgotado todos os meios de procura para citar o réu em vez de lançar mão da citação por hora certa;
- subsidiariamente, requer-se a absolvição sumária com fundamento no artigo 397, I e III, CPP; 
- pugna-se ademais pela apresentação do rol de testemunhas
Rol de testemunhas 
Maria, RG, CPF e endereço 
José, RG, CPF e endereço
Natália, RG, CPF e endereço
Termos em que,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 09 de março de 2018
Advogado, OAB