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Prof. Wagner Antunes Estudos Disciplinares Formação Específica Guillermo Gómez-Peña é um escritor/artista performático que dirige o coletivo transnacional de arte La Pocha Nostra. Nasceu na Cidade do México, em 1955, e mudou-se para os Estados Unidos, em 1978. Desde então, vem explorando os assuntos interculturais por meio da performance, do jornalismo, do rádio, do vídeo, da poesia multilíngue e da arte da instalação. Seu conceito de escrita e de arte não é algo fixo: uma imagem pode ser um texto pintado, uma poesia pode ser um texto escrito, uma música pode ser um texto cantado etc. Ele crê que, na arte, a experimentação, a expressão intertextual e a capacidade de performance são possíveis. Seu trabalho performático e os oito livros publicados vêm contribuindo para debates sobre a diversidade cultural e identitária, e sobre as relações entre os Estados Unidos e o México. Seu trabalho artístico já foi apresentado em quase todos os continentes. Escreve regularmente para jornais e revistas nos Estados Unidos, no México e na Europa, e é editor e colaborador do The Drama Review, da Universidade de New York. Guillermo Gómez-Peña Nos últimos anos, Peña e a sua trupe, La Pocha Nostra, vêm fazendo um trabalho de exame do corpo humano como lugar de espiritualidade, penitência, ativismo, memória, fúria e reinvenção. Nessa performance, os artistas exploram o momento histórico da saída de George W. Bush e da entrada de Barack Obama na presidência dos Estados Unidos, tentando manifestar um futuro possível, sem recorrer a conceitos superficiais nem a esperanças falsas. Gómez-Peña, entre as identidades e realidades espaciais do México e dos Estados Unidos, transforma a sua arte em contestação. A identidade e o sentimento de pertencimento estão em seu corpo, e não na identificação de uma nacionalidade; o corpo e a fidelidade a si são o país do artista. Gómez-Peña denominou este processo de criação de “mapeamento reverso”. O movimento que precede a pós-modernidade é o dadaísmo, do qual o pintor e escultor francês Marcel Duchamp é o grande representante. O dadaísmo surge durante 1ª Guerra Mundial (1914-1918), na vanguarda europeia, onde alguns escritores e artistas plásticos fazem algo significativo, com a finalidade de chocar a burguesia da época. O movimento dadaísmo traz, em si, reflexos de guerra com sentimentos de revolta (agressividade, instabilidade e indignação); costuma ser considerado a radicalização dos três movimentos de vanguarda europeus anteriores: o futurismo, o expressionismo e o cubismo. Os dadaístas eram contra o capitalismo burguês e a guerra, que, para eles, tinha motivações capitalistas. Assim, o objetivo dessa vanguarda é destruir os valores da burguesia e a concepção de arte tradicional. Dadaísmo e Marcel Duchamp No campo da literatura, há a agressividade verbalizada, a desordem das palavras e a banalização da lógica, da rima e, até mesmo, do raciocínio. As palavras são colocadas conforme surgem no pensamento para, a partir da falta de sentido, ridicularizar o tradicionalismo. O nome do movimento, “dadaísmo”, não tem significado. A hipótese mais aceita é a de que este nome teve a intenção de fazer menção à linguagem da criança que ainda não fala. Tristan Tzara, um dos fundadores do dadaísmo, ensina o que se segue a respeito do movimento. Pegue um jornal. Pegue uma tesoura. Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pensa dar ao seu poema. Recorte o artigo. Recorte em seguida, com atenção, algumas palavras que formam o artigo e meta-as num saco. Agite suavemente. Tire, em seguida, cada pedaço um após o outro. Copie conscienciosamente na ordem em que são tiradas do saco. O poema se parecerá com você. E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público. Receita para fazer um poema dadaísta Fonte: Adaptado de: TZARA, T. In: TELES, G. M. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1986, p. 132. (Fragmento). O dadaísmo está fundamentado em emoções, sentimentos e sensações, com a intenção clara de arrebatar o espectador, e de levá-lo a uma esfera sensível e subjetiva. Voltando a Duchamp, mencionado anteriormente, é importante dizer que ele foi o criador de um tipo de manifestação artística que rompe com a tradição, por pegar objetos banais da vida cotidiana para transformá-los em obras de arte, técnica que ficou conhecida como ready-made. “Roda de bicicleta sobre um banquinho” (figura 1), de 1913, e “Fonte” (figura 2), de 1917, são os seus maiores exemplos de ready-made. Este movimento busca romper com o cartesianismo e introduzir objetos da vida cotidiana no campo das artes plásticas. Fonte: Figura 1. Roda de bicicleta sobre um banquinho. Disponível em: http://www.saraivaconteudo.com.br/Materias/Post/47078. Acesso em: 29 jun. 2017. Fonte: Figura 2. Fonte. Disponível em: http://artedescrita.blogspot.com/2012/02/fonte-de-marcel-duchamp.html. Acesso em: 29 jun. 2017. Guillermo Gómez-Peña é um artista performático nascido na Cidade do México, em 1955. Em 1978, emigrou para os Estados Unidos. Sua obra é intertextual. Em sua estética experimental, mistura políticas ativistas, humor em espanhol e a participação do público para criar o que ele chama de “experiência total”. Estas características também são encontradas em seus textos escritos. “Hoje, depois de 24 anos cruzando esta maldita fronteira (fronteira entre o México e os Estados Unidos), em ambas as direções, a pé, de carro e de avião, enquanto escrevo este texto, eu me pergunto se, ainda assim, importa quando isso aconteceu. Neste ponto, percebo que o espaço entre o meu passado remoto, o chicano/mexicano, e o meu futuro é imenso, e que minha identidade pode ziguezaguear livremente entre os dois. No final das contas, foram a minha arte e a literatura que me deram uma cidadania plena. Eu inventei meu próprio país conceitual. No ‘mapeamento reverso’ das minhas performances e escritos, chicanos e latino-americanos vêm a se tornarem a cultura dominante com o espanhol como língua franca, enquanto os anglos monoculturais são uma minoria em curso, incapaz de participar na vida pública de ‘meu’ país, por sua relutância em aprender espanhol e abraçar a nossa cultura”. Questão 18 Guillermo Gómez-Peña Fonte: Adaptado de: GÓMEZ-PEÑA, G. Al otro lado del espejo mexicano: reflexiones de un artista fronterizo. Disponível em: http://www.mexartes-berlin.de. Acesso em: 15 jul. 2014. Em relação ao texto de Gómez-Peña, avalie as afirmativas a seguir: I. Gómez-Peña direciona o seu discurso para o que sente e pensa por meio da escrita. Mas uma imagem pode ser um texto pintado, uma poesia pode ser um texto escrito, uma música pode ser um texto cantado etc. No ensino de arte é possível a experimentação intertextual, e o estudante pode performar e expressar-se por meio de intertextualidades; II. Gómez-Peña, em trânsito entre as realidades espaciais de seu país de nascimento, o México, e do país onde vive hoje, os Estados Unidos, transpõe para a arte a sua problemática. Ele cria um “mapeamento reverso”, em que a sua identidade e o seu sentimento de pertencimento estão em seu corpo, e não em um país. O corpo e a fidelidade a si constituem o país do artista; III. Gómez-Peña realiza um discurso em favor da maioria dos povos latinos e não latinos que falam a língua espanhola e que, no entanto, sujeitam-se à minoria de língua inglesa de povos monoculturais. Essas são as questões pessoais do artista, que não devem perpassar os conteúdos do ensino de arte; IV. Gómez-Peña fala sobre a sua arte de modo intertextual. Com a sua “experiência total”, o artista propõe, para o ensino de arte, uma articulação entre a performance, a identidade e as políticas ativistas, de modo que as minorias possam educar-se na cidadania. Questão 18 GuillermoGómez-Peña É correto apenas o que se afirma em: a) I e II. b) I e IV. c) II e III. d) I, II e IV. e) I, III e IV. Questão 18 Guillermo Gómez-Peña É correto apenas o que se afirma em: a) I e II. III. Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As questões pessoais de um artista, por representarem uma parte importante do que o artista é, pensa e produz, devem, sim, perpassar os conteúdos do ensino da arte. IV. Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Gómez-Peña fala sobre a sua arte de modo intertextual. Com a sua “experiência total”, o artista propõe, de fato, uma articulação entre a performance, a identidade e as políticas ativistas, de modo que as minorias possam se educar na cidadania. No entanto, não há, no texto apresentado, uma referência direta à área de ensino, sobretudo, de arte-educação. Questão 18 Guillermo Gómez-Peña A pós-modernidade abriga uma gama de procedimentos artísticos que envolvem o material, a técnica, o conteúdo, a linguagem e os processos, entre outros elementos que constituem a criação artística. Fonte: Adaptado de: SCHMIDT, D. M. J. Estética conceitual do lixo. 2009. Disponível em: http://www.embap.pr.gov.br. Acesso em: 10 jul. 2014. Em relação ao período que precede o pós-moderno, avalie as afirmações a seguir: I. O referido período tem como características a valorização da tradição clássica ou acadêmica, e o predomínio da escultura; II. Marcel Duchamp questionou a identidade do objeto artístico em face do crescimento e do domínio do mercado sobre a arte; III. O referido período fundamenta-se em emoções, sentimentos e sensações, com a clara intenção de arrebatar o espectador a uma esfera sensível e subjetiva; IV. O referido período tem como uma de suas características a profusão desmedida de conteúdos dispostos em toda a ordem de materiais, que se prestam como suporte às ideias do artista. Questão 19 Dadaísmo É correto apenas o que se afirma em: a) I e III. b) I e IV. c) II e III. d) I, II e IV. e) II, III e IV. Questão 19 Dadaísmo É correto apenas o que se afirma em: c) II e III. I. Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O referido período (o dadaísmo, que precede o pós- modernismo) não valoriza a tradição clássica ou a tradição acadêmica. Ao contrário, o objetivo do dadaísmo é desconstruir a arte tradicional; IV. Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O referido período não tem como uma de suas características a profusão desmedida de conteúdos, uma vez que estes conteúdos são dispostos de forma que mostrem a ruptura com os cânones tradicionais de arte vigentes até então. Um exemplo disso é o caso da literatura dadaísta, cujos textos apresentam palavras fora da ordem sintática inteligível, já que elas podem ser dispostas de maneira que pareçam não fazer nenhum sentido, desde que “soem bem”. Questão 19 Dadaísmo INTERVALO O trabalho da artista paulista, de ascendência mexicana, Fefe Talavera, é inspirado nos alebrijes ou, mais especificamente, nos alebrijes de Oaxaca, bonecos de papel e/ou madeira, típicos do artesanato mexicano. Há uma lenda mexicana que diz que só os seres de outro mundo são capazes de espantar os pesadelos. É por isso que os alebrijes ganham forma nas mãos dos artesãos de Oaxaca para cumprirem o importante papel de proteger o sono e trazer sorte às pessoas. As peças deste tipo de artesanato, esculpidas e pintadas à mão, são muito variadas e podem representar praticamente qualquer coisa: um pônei com asas (figura 1), um duende com três olhos, um gato com chifres, enfim, tudo é permitido nesse rico universo. Os alebrijes de Oaxaca Os alebrijes de Oaxaca Fonte: Figura 1. Alebrijes típicos. Disponível em: http://www.qualviagem.com.br/o-real-e-o-imaginario-dos-alebrijes-de-oaxaca/. Acesso em: 14 jun. 2017. Os alebrijes foram nomeados assim, em 1936, por Pedro Linares López. Esse artista, que vivia na Cidade do México, teve uma doença grave, que o deixou à beira da morte. Muito enfermo, teve fortes alucinações que o levaram a imaginar que estava em um bosque onde viviam seres surreais. Nestas alucinações, ouvia esses seres gritando “Alebrijes, alebrijes!”. O nome em si não quer dizer nada em especial, é apenas fruto do que as criaturas da alucinação de Linares-López gritavam. Os alebrijes de Oaxaca Fonte: Figura 2. Alebrijes em forma de unicórnio azul e de pássaro amarelo. Disponível em http://www.qualviagem.com.br/o-real-e-o-imaginario-dos-alebrijes-de-oaxaca/. Acesso em: 14 jun. 2017. O trabalho de Talavera também apresenta grande correspondência com a socialização da arte por meio da interferência urbana, assim como fizeram os muralistas mexicanos Diego Rivera, Davi Siqueiros e José Orozco. Produzir obras em locais públicos para que todos pudessem vê-las: esse era o objetivo principal dos artistas muralistas mexicanos, que acreditavam que somente o mural poderia ser algo realmente popular e justo, uma forma de garantir o acesso de todos à arte. Para os muralistas, o mural representava uma espécie de “redenção das artes” em um país que, devido à opressão colonialista estrangeira, deixou de valorizar a sua cultura de civilizações pré-colombianas durante tantos séculos, tendo sido vítima de oligarquias culturalmente voltadas à metrópole espanhola. Portanto, a produção de obras em locais públicos era, também, uma forma de impedir que as obras de arte, feitas habitualmente em cavaletes, acabassem ficando inevitavelmente sob a propriedade exclusiva de algum colecionador abastado. Os muralistas mexicanos O muralismo tem origem em um forte movimento político-ideológico e de concepção da arte: a Revolução Mexicana. Em 1910, os camponeses e os operários das cidades vinham trabalhando há décadas em troca de salários irrisórios, praticamente sem direitos trabalhistas e com excesso de obrigações. Sob o clima de insurgência por parte dessa massa de trabalhadores explorados e com a força das articulações políticas de Francisco Madero, opositor do regime ditatorial vigente por 35 anos no país, o ditador Porfirio Díaz viu-se obrigado a renunciar. Isso se deu em 1911, quando o ditador, após a renúncia, fugiu para a França. A Revolução Mexicana é tida como o movimento responsável pela queda de Díaz, o que permitiu a ascensão de Madero com o apoio de operários, camponeses e indígenas. No entanto, as promessas de reforma agrária estavam demorando muito a tornar-se algo concreto, o que fez crescer, novamente, o desagrado contra o governo. Os líderes “marginais” Emiliano Zapata e Pancho Villa, figuras conhecidas e notórias da história mexicana, organizaram outro levante, agora contra o presidente Madero (outrora aliado, quando o presidente era Porfirio Días). No período pós-revolucionário (décadas de 20 e de 30, do século XX), os muralistas constituíam o grupo artístico mais atuante e criativo, e representavam a base da vanguarda cultural revolucionária do México, com consciência de um profundo sentido do valor social de sua arte. Nesse mesmo período, os muralistas Diego Rivera, Davi Alfaro Siqueiros (figura 4) e José Clemente Orozco (figura 5), financiados pelo governo e dentro das diretrizes culturais pensadas pelo ministro José Vasconcelos, emprestaram o seu talento artístico à causa da Revolução. Fonte: Figura 4. Mural de Davi Alvaro Siqueiros. A Nova Democracia. Disponível em: http://www.klepsidra.net/klepsidra6/muralismo.html. Acesso em: 14 jun. 2017 Fonte: Figura 5. Mural de José Clemente Orozco. A Idade do Ouro Pré-Colombiana. Disponível em: http://www.klepsidra.net/klepsidra6/muralismo.html. Acesso em: 14 jun. 2017. As raízes da artista paulista Fefe Talavera são ilustrações e murais que ela realiza inspirada em figuras das culturas asteca e maia, por conta de sua ascendência mexicana. Sua família é metade mexicana, metade brasileira. E, embora o seu nome possa sugerir delicadeza,as personagens com as quais ela mais trabalha são os monstros. Fefe desenvolveu o seu trabalho nas ruas, onde aprendeu a fazer street art (arte de rua) com artistas de renome como “Os gêmeos”. Suas pinturas são, como ela mesma afirma, metáforas de fortes emoções humanas, como a raiva e o medo, e expressam sonhos e desejos. Entre os seus trabalhos, também há adesivos, grafites, colagens, pinturas com nanquim, ranhuras em vidro e publicidade. Talavera é uma artista contemporânea na forma de comunicar- se com o público, tendo ganhado renome na internet, principalmente em redes como Flickr e Fotolog. Devido à fama que alcançou por esses meios de comunicação, já fez sete exposições individuais e participou de outras 34 mostras coletivas, em diversos lugares do mundo. Hoje, transita, principalmente, entre as cidades de São Paulo e de Madri. Fefe Talavera e os monstros A Escolinha de Arte do Brasil (EAB) foi criada no Rio de Janeiro, em 1948, por iniciativa de Augusto Rodrigues, artista pernambucano, Lúcia Alencastro Valentim, artista gaúcha, e Margareth Spencer, escultora norte-americana. Escolinha sediada no Instituto de Previdência e Assistência Social dos Servidores de Estado (Ipase) com o intuito de multiplicar as expressões artísticas, modificou os parâmetros do ensino artístico e congregou diversas escolinhas de arte nas décadas de 1950, 1960 e 1970, como a do Rio de Janeiro, a de Salvador e a de Recife, por exemplo. Ampliou o repertório artístico por meio da inclusão de elementos da arte popular e do folclore (teatro de fantoches e bonecos, por exemplo, e intensificou o diálogo entre as diferentes modalidades artísticas. Herbert Read, filósofo e teórico das artes, teve a sua obra Education Through Art como inspiração para a experiência. Suas ideias, baseadas no princípio de que a educação é o fundamento da arte, ficaram também conhecidas do público brasileiro da época em função da exposição de arte infantil organizada por ele no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), localizado no Rio de Janeiro, no ano de 1941. Movimento Escolinha de Arte do Brasil A Escolinha recebeu o apoio de importantes educadores tais como Anísio Teixeira, Helena Antipoff e Nise da Silveira, empreendeu diversas iniciativas para difundir concepções modernas e atualizadas pela criação de veículos próprios de divulgação de seu trabalho, como o jornal Arte & Educação, desde 1970. Outra inovação da Escolinha de Arte do Brasil foi a proposição de métodos específicos para o ensino de arte: uso de lápis de cera e anilina, impressão e pintura de dedo, mosaico de papel, recorte e colagem coletiva sobre o papel preto, utilização de lápis de cera e varsol, desenho de olhos fechados, carimbo de batata, bordado criador, desenho raspado e figura de giz molhado, entre outros, conforme o Itaú Cultural (2017). Tais experiências caracterizam-se pela concepção da aprendizagem livre e do incentivo à expressão criativa, em oposição ao ensino oficial de artes, tal como imposto, em seguida, ao período do Estado Novo, quando as aulas de desenho geométrico e a cópia de estampas foram introduzidas nas escolas primária e secundária, a fim de orientar, ao máximo, a formação artística, moldando-a aos modelos e aos padrões vigentes. A Lei n. 5.692, de agosto de 1971, que fixa as diretrizes e as bases para o ensino de 1º e 2º graus, além de outras providências, estipula, em seu artigo 7º, que: Será obrigatória a inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística e Programas de Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos de 1º e 2º graus. Fonte: BRASIL, 1971. Como consequência da implantação dessa lei, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), apesar da ênfase na liberdade de criação, procurou interferir no ensino regular de arte nas escolas públicas. Algumas medidas foram adotadas neste sentido, como a organização de um curso promovido pelo MEC e pela Escolinha de Arte visando à implantação obrigatória da disciplina de Educação Artística. A Escolinha de Arte do Brasil passou a voltar-se, também, ao público adulto, transformando-se em um importante centro de formação de profissionais do Brasil e de outras regiões da América Latina. Talvez, ainda sob alguma influência da forte repressão do período ditatorial brasileiro (1964- 1985), quando entrou em vigor a Lei n. 5.692/71, experiências educacionais de caráter libertário como as do Movimento Escolinha de Arte enfrentam, ainda hoje, uma forte resistência por parte de muitos profissionais, a despeito dos excelentes serviços prestados ao longo de todos esses anos. Questão 20 Alebrijes Fonte: Fefe Talavera. Intervenção pública, s/d. Disponível em: http://www.fefetalavera.com/art/. Acesso em: 15 jul. 2014. Fefe Talavera, artista paulista descendente de mexicanos, cria monstros e criaturas pelo agrupamento de letras recortadas e coladas (lambe-lambe) sobre muros e paredes. O trabalho da artista é inspirado nos famosos alebrijes, bonecos do artesanato mexicano feitos de papel. Considerando o texto e a imagem apresentados, avalie as afirmações a seguir: I. O trabalho de Talavera possibilita a socialização da arte por meio da interferência urbana, assim como fizeram os muralistas mexicanos José Orozco, Davi Siqueiros e Diego Rivera; II. Por fazer uma referência cultural aos bonecos de papel do artesanato mexicano, o trabalho de Talavera ressignifica uma arte popular quando a toma como o tema de seu tempo; III. Ao utilizar o ambiente urbano para expressar-se, Talavera denota um gesto conceitual e o seu trabalho é reconhecido como arte pelo mercado artístico convencional; IV. A intervenção gráfica de Talavera disputa a atenção com as milhares de mensagens panfletárias espalhadas nas grandes cidades. Questão 20 Alebrijes É correto apenas o que se afirma em: a) I e III. b) II e IV. c) III e IV. d) I, II e III. e) I, II e IV. Questão 20 Alebrijes É correto apenas o que se afirma em: e) I, II e IV. III. Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O trabalho de Fefe Talavera não é reconhecido como arte pelo mercado artístico convencional. Como a maioria de seus trabalhos é feita em forma de mural, o mercado artístico convencional não consegue atribuir valor comercial às suas obras, o que também dificulta que a arte de Fefe Talavera receba o reconhecimento artístico “canônico”. Questão 20 Alebrijes Em plena ditadura militar brasileira (1964-1985), as artes entraram no currículo de 1971, configurada na Lei Federal n. 5.692, denominada “Diretrizes e Bases da Educação”. Essa era a única matéria que mostrava alguma flexibilidade criativa e abertura à liberdade de expressão, e exigia dos professores a formação universitária. Fonte: BARBOSA, A. M. Arte-educação no Brasil: realidade de hoje, perspectivas futuras. Trad. Sofia Fan. Disponível em: http://www.scielo.com.br. Acesso em: 16 jul. 2014. A partir do fragmento de texto apresentado e considerando a edição da Lei Federal n. 5.692, de 1971, discorra sobre os seguintes tópicos: a) O papel do “Movimento Escolinha de Arte”, iniciado em 1948, no Brasil, no panorama da educação em arte; b) A formação dos professores de Arte exigida pela legislação supracitada; Questão 21 Movimento Escolinha de Arte c) O objetivo do Movimento era desenvolver a autoexpressão da criança e do adolescente, por meio do ensino das Artes (a escolinha também preparava professores de Arte, mas esta formação não era considerada pelo Ministério). Em 1971, o “ Movimento Escolinha de Arte” estava difundido pelo país e contava com 32 escolinhas, a maioria delas particulares. Elas ministravam o ensino das artes para as crianças, os adolescentes, os professores e os artistas; d) A Lei Federal que tornou obrigatório o ensino de Artes na Educação Básica exigia, do professor, a formação em grau universitário. O currículo de Licenciatura pretendiapreparar, em apenas dois anos, os professores polivalentes para atuar no ensino da Arte. Questão 21 Movimento Escolinha de Arte INTERVALO Francis Bacon, artista irlandês, conduziu com naturalidade alguns temas que chocam, como fantasias masoquistas, pedofilia, violência masculina relacionada à tensão homoerótica, desmembramento de corpos e práticas de dissecação forense. Em geral, também despertava o interesse de Bacon tudo o que estivesse relacionado diretamente à transgressão, especialmente quando ligado ao sexo ou à religião. Bacon era fisicamente frágil e asmático, características que irritavam o seu pai, homem violento, que costumava impor ao filho castigos físicos para “torná-lo homem”. Devido à infância repleta de repressão e castigos, Bacon criou um comportamento de oposição ao pai e, consequentemente, à sua Irlanda natal, tal como Oscar Wilde e James Joyce. A primeira exposição individual de Francis Bacon aconteceu em 1945, na Lefevre Gallery, em Londres, e provocou o mal- estar no público. Naquele ano, todos estavam fartos de ouvir falar sobre a 2ª Guerra Mundial e em seus horrores. O assunto principal nas ruas europeias era a “construção da paz”. As obras de Bacon, nesse contexto, tidas como violentas, provocaram muito mais repulsa do que admiração. A obra de Francis Bacon A obra Tríptico (figura 1), de 1976, foi comprada em maio de 2008, em um leilão em Nova Iorque, pelo valor de 142,4 milhões de dólares por um colecionador privado. Em 2013, foi leiloada novamente, dessa vez por 149 milhões de dólares. Trata-se da pintura moderna mais cara do mundo, que superou os valores de quadros clássicos e famosos, como O Grito, de Edvard Munch. Fonte: Figura 1. Tríptico de Bacon. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/retrato-de-lucian- freud-pintado-por-francis-bacon-tem-maior-lance-inicialda-historia-10761241. Acesso em: 10 ago. 2017. Segundo Fonseca (2000), a expressão referência cultural “tem sido utilizada, sobretudo, em textos que têm como base uma concepção antropológica de cultura, e que enfatizam a diversidade não só da produção material, como também dos sentidos e dos valores atribuídos pelos diferentes sujeitos aos bens e ás práticas sociais. Essa perspectiva plural, de algum modo, veio descentrar os critérios considerados objetivos que costumavam nortear as interpretações e as atuações no campo da preservação de bens culturais”. De acordo com a autora, aprender as referências culturais não é apenas captar representações simbólicas, mas também a relação entre elas, sistemas que falem de determinado contexto cultural, diferentes contextos culturais que têm o papel de intérpretes de seu patrimônio cultural. Para proteger é preciso identificá-las; a Festa do Divino é de alta importância para algumas comunidades em Portugal, também no Brasil; realizada em Portugal a partir do século XIV, onde, supostamente, a rainha Isabel de Aragão teria prometido fazer peregrinações pelo mundo para arrecadar fundos em benefício dos pobres caso o seu esposo, o rei Dom Dinis, fizesse as pazes com o filho do casal Dom Afonso, herdeiro do trono. O rei, até então, tinha o desejo de passar a coroa a seu filho bastardo Afonso Sanches, o que desagradava à rainha. Conceito de referência cultural Questão 22 Francis Bacon Fonte: Francis Bacon. Estudo de autorretrato–Tríptico. Óleo sobre tela, 1985-1986. A arte, em suma, não deixa de ser expressiva por colocar em forma visível, as relações entre as coisas, sem maior indicação das particularidades das relações do que é necessário para compor um todo. Toda obra de arte se abstrai, em certa medida, dos traços particulares dos objetos expressados. Caso contrário, ela apenas criaria, por meio da imitação exata, uma ilusão da presença das próprias coisas. Fonte: DEWEY, J. A arte como experiência. Martins Fontes, 2010. Tomando como referência o Tríptico, de Bacon, e o texto de John Dewey, avalie as afirmativas a seguir: I. Quanto maior a relação complexa entre as coisas que servem de referência ou motivo, para uma pintura, mais uma obra de arte se torna expressiva; II. As pinturas de Bacon chamam a atenção para simples questões de representação e incapacidade técnica manifestada pelo artista; Questão 22 Francis Bacon III. A pintura contemporânea busca a ilusão da presença das coisas, pessoas e objetos, por meio da imitação exata daquilo que é pintado; IV. As pinturas dadas como exemplo abstraem-se, isto é, separam-se dos traços concretos do motivo e esse processo aumenta a expressividade da proposta artística, sem se acrescentar mais do que aquilo que o artista achou necessário para compor um todo. É correto apenas o que se afirma em: a) I. b) IV. c) I e II. d) II e III. e) III e IV. Questão 22 Francis Bacon É correto apenas o que se afirma em: b) IV. I. Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Não há uma relação de que, quanto maior a complexidade entre as coisas que servem de referência ou motivo para uma pintura, mais uma obra de arte torna-se expressiva. Uma obra pode ser extremamente expressiva sem ter esta relação com o que lhe serve de referência; pode haver, apenas, uma relação simples, sem tanta complexidade e, ainda assim, o produto final da arte ser de grande expressividade; II. Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As pinturas de Bacon não demonstram incapacidade técnica por parte do artista. Ao contrário, as suas pinturas mostram grande habilidade técnica e alto grau de subjetividade; III. Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A pintura contemporânea pode buscar a ilusão da presença das coisas, das pessoas e dos objetos, por meio da imitação exata daquilo que é pintado, mas existem outros diversos meios de produção de pinturas. Na maioria dos casos, não é essa ilusão da presença das coisas que se busca. Questão 22 Francis Bacon Questão 23 Conceito de referência cultural Fonte: Djanira. Festa do Divino em Paraty. Madeira, 1962. Reconhecer a diversidade do referencial cultural não significa que não se possa avaliar, distinguir e hierarquizar o saber produzido. Haverá sempre as referências que serão marcadas e/ou significativas, seja pelo valor material, seja pelo valor simbólico envolvido. Por outro lado, bens aparentemente insignificantes podem ser fundamentais para a construção da identidade social de uma comunidade, de uma cidade, de um grupo étnico. Fonte: Adaptado de: Disponível em: http://www.iphan.gov.br. Acesso em: 10 jul. 2014. A Festa do Divino Espírito Santo é uma manifestação cultural e religiosa de origem portuguesa, disseminada no período da colonização e, ainda hoje, presente em todas as regiões do Brasil. Essa celebração tem variações em torno de uma estrutura básica: a Folia, a Coroação de um imperador e o Império do Divino, principais símbolos do ritual. As festas do Divino constituem-se numa relação de troca com a divindade. São festas de agradecimento, de pagamento de promessas, de cooperação entre os indivíduos da comunidade. Considerando as informações apresentadas, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas: Questão 23 Conceito de referência cultural I. Referência cultural é uma expressão utilizada, sobretudo, em textos que têm como base uma concepção antropológica de cultura. Essa perspectiva plural norteia as interpretações e as atuações no campo da preservação de bens culturais. PORQUE II. A ênfase na diversidade da produção imaterial atribui sentido e valor aos diferentes sujeitos envolvidos nas práticas que se tornam sociais. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: a) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I éuma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. Questão 23 Conceito de referência cultural I. Referência cultural é uma expressão utilizada, sobretudo, em textos que têm como base uma concepção antropológica de cultura. Essa perspectiva plural norteia as interpretações e as atuações no campo da preservação de bens culturais. PORQUE II. A ênfase na diversidade da produção imaterial atribui sentido e valor aos diferentes sujeitos envolvidos nas práticas que se tornam sociais. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: a) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I. Questão 23 Conceito de referência cultural INTERVALO Atualmente, poucos artistas expõem-se midiaticamente como o artista chinês Ai Weiwei. Para constatar isso, basta digitar o seu nome em algum site de busca. O número de resultados encontrados no principal desses sites chega perto de 50 milhões (cifra comparável à de Neymar, ídolo do futebol mundial, por exemplo). Em 2011 e 2012, Ai Weiwei foi aclamado pela revista europeia Art Review, como o artista mais influente do mundo, exemplo vivo da atualização das linguagens plásticas às formas de narrativas contemporâneas. A exposição Interlaced, aberta no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, em fevereiro de 2013, foi a sua primeira individual no Brasil e reunia boa parte da produção do artista, incluindo obras emblemáticas como o tríptico Derrubando uma urna da dinastia Han, de 1995. Esse trabalho é, provavelmente, o que melhor sintetiza o ativismo político eminente da obra de Ai Weiwei. A crítica ao governo chinês, simbolizada pela dinastia Han, ataca contundentemente as instâncias de poder do Estado chinês. A arte contemporânea de Ai Weiwei De acordo com Moore; Torchia (2010): a escolha de Ai Weiwei de “odiar a cerâmica” enquanto “a constrói” constitui uma estratégia para transcender, completamente, a natureza conflitante de uma categoria para criar outra; são plataformas imprevistas para o fazer e o discurso. O trabalho de Ai Weiwei também mostra outras facetas importantes. O uso da internet e a exposição da própria imagem fizeram o rosto e a voz de Ai Weiwei conhecidos no mundo todo. Atacado pela censura do seu país, Ai Weiwei contra-atacou, trazendo a rede para dentro do próprio trabalho. Em sua exposição Interlacing, exibida em abril de 2013, no MIS, por exemplo, puderam-se ver, nas paredes do museu, textos e imagens postados no blog de Ai Weiwei, que, naquela ocasião, já haviam sido tirados do ar pelo governo chinês. Por último, também é importante destacar que Ai Weiwei é um dos autores do projeto arquitetônico do Ninho do Pássaro (Estádio Olímpico de Pequim, para as Olimpíadas de 2008), premiado e aclamado mundialmente. Ele é um fotógrafo, arquiteto, artista plástico, documentarista, designer, performer e grande influenciador de opinião que assumiu, como indivíduo, um papel de opositor ao governo da China, tendo na arte e na visibilidade, as suas principais armas. A cerâmica de Ai Weiwei, por exemplo, é usada como “grito de alerta” contra os problemas e males de todas as sociedades atuais, em um complexo processo de constante reapropriação, realinhamento e reconstrução. Body art, ou “arte do corpo”, é uma tendência artística da arte contemporânea que surgiu nos anos de 1960, inicialmente na Europa e nos Estados Unidos. O corpo passa a ser o suporte e a intervenção para a realização de trabalhos artísticos. Desse modo, o corpo humano, do artista ou de um modelo, serve de meio para a produção da arte; o corpo passa a ser o comunicador da ideia que o artista pretende transmitir. É a exploração de uma “obra viva”, como nos casos dos artistas mencionados no enunciado da questão: Hannah Wilke, que fez pincéis com o seu próprio cabelo, Shirin Neshat, que escreve em seu corpo uma história de discriminação da mulher no islã, e Marc Quinn, artista britânico que cria imagens com o próprio corpo, como um autorretrato feito com o seu sangue, retirado e congelado para, depois, ser esculpido e mantido refrigerado. Embora a body art esteja muito associada à arte contemporânea, o processo de usar o corpo com finalidades artísticas é antigo. Em algumas sociedades primitivas, era comum o uso de tintas para cobrir a pele com sinais que, frequentemente, ultrapassavam a finalidade de meramente adornar, uma vez que podiam representar diversos outros aspectos como a hierarquia, os ritos de passagem, as festividades, os fins de ciclos etc. Os trabalhos de body art na arte contemporânea A body art surgiu, primeiramente, como ritual religioso ou marca cultural e, depois, passou a ser utilizada também para fins artísticos. Se, antes, a body art surgia da necessidade de cultivar crenças e rituais, hoje é usada para expressar artisticamente as inúmeras finalidades que o corpo humano pode ter, já que representa a identidade física mais importante de uma pessoa, de um indivíduo. Como exemplo, em território brasileiro, a arte e a cultura indígena dos povos Wajãpi constituem um corpo não diferencial, em que um não existe sem o outro, assim como a proposta, na arte contemporânea, da body art. Os Wajãpi fazem uso de um tipo de body art denominado kusiwa, sistema gráfico de representação que sintetiza o modo de os Wajãpi conceberem o universo e agir nele. Os Wajãpi fazem inscrições kusiwa nas costas, no rosto, nos braços e nas pernas, para o uso diário, conforme se pode ver, parcialmente, na figura 1, a seguir. Fonte: Ritual Wajãpi. Disponível em: http://www.mzportal.com.br. Acesso em: 21 ago. 2017. Na arte contemporânea, em suas várias poéticas, o corpo assume papéis concomitantes de sujeito e de objeto, que aparecem mesclados de forma a simbolizar a carne e a crítica, misturadas. Para muitos estudiosos desse tema, a body art é uma vertente da arte contemporânea, cujo precursor foi o pintor e escultor francês Marcel Duchamp (1887-1968), com a sua reflexão quanto à definição de arte conceitual. Na body art, os artistas ultrapassam os limites da tela e do conceito de arte ao propor uma nova forma de expressão artística, em detrimento das pinturas e das esculturas convencionais. De forma esquemática, as principais características da body art contemporânea são as que seguem: Resistência e materialidade do corpo; Arte como modo de protesto; Relações entre a vida cotidiana e a arte; Choque do espectador; Corpo humano como veículo da experimentação artística; Temática livre, com frequentes referências à sexualidade, à nudez etc.; Em alguns casos, há o uso de maquiagem, de deformações, de tatuagens, de mutilações, de sangramentos, de queimaduras etc. Ai Weiwei é um homem sério, dotado de senso de humor, uma combinação que levou à criação de um de seus trabalhos mais conhecidos: uma peça originalmente destinada a ser uma piada, não uma obra de arte. Ele usou vasos chineses de cerâmica do Neolítico, com 4 mil anos de idade, para fazer várias de suas obras, muitas vezes decorando esses objetos antigos e reverenciados com cores modernas berrantes, ou pintando a logomarca da Coca-Cola sobre o seu bojo. Certa vez, ocorreu-lhe que seria divertido tirar uma série de fotografias de si mesmo deixando um desses vasos cair num piso de concreto e registrar o momento em que ele se despedaça. Fez exatamente isso e não pensou mais no assunto, até a montagem de uma exposição de sua obra em uma galeria de arte. Questão 24 Ai Weiwei O curador entrou em contato com ele para dizer que não tinham obras suficientes para a mostra e perguntar se ele não tinha mais alguma coisa. Ai Weiwei deu uma busca minuciosa em seu ateliê e voltou com a série de fotografias que documentavam a queda do vaso. Penduradas na galeria sob o título Derrubando uma urnada dinastia Han (1995), as imagens tornaram-se uma obra de arte famosa, provando que Ai Weiwei estava certo em sua crença de que cada gesto seu era parte de sua arte. Fonte: GOMPERTZ, W. Isso é arte?: 150 anos de arte moderna, do impressionismo até hoje. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. Questão 24 Ai Weiwei A partir do texto apresentado, redija um texto dissertativo sobre as características da arte contemporânea presentes na obra Derrubando uma urna da dinastia Han (1995), do artista asiático Ai Weiwei, abordando os aspectos a seguir: a) Materialidade e linguagem; b) Conceito de arte na contemporaneidade. a) Você deverá ser capaz de explicar que qualquer material pode ser usado para a expressão artística, incluindo a apropriação de objetos, o registro de ideias e, até, o próprio corpo. A pesquisa, a apropriação de materiais e a experimentação de linguagens constituem fundamentos; b) Você deve mencionar que a arte contemporânea amplia o conceito de arte ao atribuir à atitude ou à ideia do artista o status de arte, e não somente ao objeto artístico em si. No caso de Weiwei, o artista ultrapassa as questões meramente estéticas, mistura-as à sua própria vida e as faz dialogar com aspectos ideológicos, históricos, políticos e sociais da cultura chinesa. Questão 24 Ai Weiwei Questão 25 Hannah Wilke, Shirin Neshat e Marc Quinn Fonte: http://yiaos.com. Acesso em: 12 set. 2014. Disponível em: http://bbc.com. Acesso em: 12 set. 2014. Hannah Wilke, uma das primeiras artistas feministas norte-americanas, iniciou a sua carreira na década de 1970, criando vaginas em cerâmica, enquanto realizava performances. Depois de ser diagnosticada com linfoma, a artista realizou a série Brushstrokes, usando como pincel o seu próprio cabelo, que caía devido ao tratamento quimioterápico. A iraniana Shirin Neshat escreve em seu corpo uma história de discriminação da mulher no islã. Marc Quinn, artista britânico, cria estranhas imagens com o próprio corpo – como um autorretrato feito com o seu sangue, retirado e congelado para, depois, ser esculpido e mantido refrigerado. Questão 25 Hannah Wilke, Shirin Neshat e Marc Quinn Fonte: http://creepy-stuff-i-just- made-up.tumblr.com. Acesso em: 12 set. 2014. Considerando as informações apresentadas, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas: I. Na arte contemporânea, em suas várias poéticas, o corpo assume papéis concomitantes de sujeito e de objeto, que aparecem mesclados de forma a simbolizar a carne e a crítica, misturadas. PORQUE II. O trabalho desses artistas evidencia-se como body art, corroborando com um projeto de servidão voluntária do corpo na sociedade de consumo. Questão 25 Hannah Wilke, Shirin Neshat e Marc Quinn A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: a) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. Questão 25 Hannah Wilke, Shirin Neshat e Marc Quinn A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. c) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa. II. Asserção incorreta. JUSTIFICATIVA. O trabalho desses artistas evidencia-se como body art , mas não se trata de um projeto de servidão à sociedade de consumo. Ao contrário, uma das principais funções desse tipo de arte (a principal, talvez) é representar uma forma de protesto, chocar o espectador, demonstrar resistência, e não servidão ou subserviência quanto à materialidade do corpo. Questão 25 Hannah Wilke, Shirin Neshat e Marc Quinn ADES, D. Arte na América Latina: a Era Moderna 1820-1980. São Paulo: Cosac Naify Edições, 1997. ARGAN, G. C. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. BAUMAN, Z. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Escolinha de Arte do Brasil. Brasília, 1980. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei n. 5.692. Brasília, ago. 1971. CAMIN, H. A.; MEYER, L. À sombra da Revolução Mexicana: história mexicana contemporânea 1910-1989. São Paulo: Edusp, 2000. CAUQUELIN, A. Teorias da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2005. CHARTIER, R. 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Assim, a frase atribuída a Blake, “a árvore que o sábio vê não é a mesma que o tolo vê”, representa essa dificuldade que muitas pessoas têm de ver além das evidências superficiais. No enunciado da questão, estabelece-se um paralelo entre arte e educação ambiental, em uma articulação entre o ver e o saber, entre o ver e o sentir. A crônica de Rubem Alves, na qual ele fala da vizinha que, em vez da belezadas flores, via apenas a sujeira das folhas na calçada, mostra uma prática cotidiana em sensibilizar-se, tal como fez o autor ao perceber a epifania do sagrado nos ipês floridos e a importância da preservação ambiental. Arte e educação ambiental O texto apresentado na questão sensibiliza para o fato de que o ver é um exercício inserido no regime de visibilidade das práticas estabelecidas pelos atores sociais em seus meios ambientes. É possível percebê-las em sua beleza, como fez o autor do texto, Rubem Alves, ou em ações inadequadas como as da mulher, que eliminou uma árvore por causa da “sujeira”. O “exercício do ver” concebido também como arte é algo experimentado: de certo modo, tudo tem visibilidade a partir da subjetividade de quem olha (ou seja, o exercício do ver requer também a constituição de subjetividades sobre o visível e o não visível). No caso do ipê do texto, é plausível pensar que houve um esgotamento de sua figura devido à sua recorrente exposição. A mulher que varre as folhas ficou “cega” para a beleza do ipê. Nesse sentido, para que esse olhar seja recuperado, arte e educação ambiental devem andar juntas. Na atualidade, vivemos culturas e subculturas que trazem consigo valores miscigenados de signos que, simultaneamente, favorecem a proliferação de ações mercadológicas e intensificam o “processo de fragmentação”. (MARTINS e TOURINHO, 2016) Segundo esses autores, estamos em um mundo cada vez mais complexo, caracterizado por avanços tecnológicos, tensões políticas, econômicas e sociais e antagonismos de toda sorte, em consequência desses múltiplos “efeitos fragmentadores”, o que altera significativamente a maneira pela qual os indivíduos buscam significações, articulações e produções de sentido para suas vidas cotidianas. Ao mesmo tempo, é necessário manter em perspectiva que a construção identitária é um processo diacrônico, dinâmico, que se transforma e se dá em diversos contextos socioculturais e níveis de realidade, conforme Velho (2006). Cotidiano e visualidades no ensino das Artes Visuais Tomando o mundo sob uma concepção visual das coisas que estão próximas (real ou virtualmente), as imagens de Sebastião Salgado e de Diego Rivera têm como pano de fundo do mundo real o trabalho com a colheita. Na imagem de Sebastião Salgado, o autor capta os gestos tradicionais do cultivo, colheita e secagem do café. Rivera, por sua vez, apresenta um trabalhador em uma colheita e que, embora carregue flores, símbolos de suavidade e beleza, paradoxalmente parece sofrer de exaustão física. Essas duas imagens trazem semelhanças entre si, principalmente em relação à visualidade dada ao tema colheita, uma prática cotidiana da pessoa do campo. A experiência visual, portanto, pode ser caracterizada, de acordo com as ideias de Martins e Tourinho (2016), como um processo dinâmico e gradual, continuamente em transformação, que se institui nas teias das culturas e, consequentemente, converte-se em algo mais abrangente do que qualquer ato cotidiano. Uma foto ou uma pintura de uma colheita acaba sendo, para as artes visuais, mais do que uma simples colheita, pois é o ato da colheita “capturado”, “interpretado”, “ressignificado”, reinterpretado como expressão da visualidade no cotidiano contemporâneo, e não mais apenas uma colheita em si. Mas existe algo na visão que não pertence à Física. William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo. ALVES, R. A complicada arte de ver . Disponível em <http://www.folha.uol.com.br>. Acesso em 08 jul. 2014 (com adaptações). A partir do trecho apresentado, que aborda a articulação entre o ver e o saber e considerando a perspectiva da educação ambiental por meio do ensino da arte, avalie as afirmativas a seguir. Questão 26 William Blake I. O exercício do ver voltado para a educação ambiental é uma prática cotidiana em sensibilizar-se, tal como fez o autor ao perceber a epifania do sagrado nos ipês floridos e a importância da preservação ambiental. II. O ver é um exercício que se insere no regime de visibilidade das práticas estabelecidas pelos atores sociais em seus meios ambientes. É possível percebê-las em ações ambientais tais como derrubar árvores, como fez a mulher, ou nelas perceber a beleza, tal como fez o autor. III. O exercício do ver requer, também, a constituição de subjetividades sobre o visível e o não visível. Soma-se a isso a desconstrução de práticas condicionadas do ver associadas a ações políticas direcionadas ao social e às relações humanas. IV. O ver é um exercício do sentido experimentado, a visibilidade daquilo que se tornou praticamente invisível – tal como os ipês floridos mencionados pelo autor –, pelo esgotamento de sua recorrente exposição, no meio ambiente. Questão 26 William Blake É correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) I e IV, apenas. c) II e III, apenas. d) III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. Questão 26 William Blake É correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) I e IV, apenas. c) II e III, apenas. d) III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. Questão 26 William Blake Questão 27 Cotidiano e visualidades no ensino das Artes Visuais Fonte: Sebastião Salgado. Mostra In Princípio, Guatemala. Fotografia, 2006 Fonte: Diego Rivera. O carregador de flores. Óleo e têmpera sobre masonite, 1995. As imagens de Sebastião Salgado e Diego Rivera têm como pano de fundo o trabalho com a colheita. Na imagem de Sebastião Salgado, o autor capta os gestos tradicionais do cultivo, colheita e secagem do café. Rivera, por sua vez, apresenta um trabalhador na colheita de flores. Apesar de serem de suportes diferentes, fotografia e pintura, respectivamente, as imagens trazem semelhanças entre si, principalmente em relação à visualidade dada ao tema colheita, uma prática cotidiana do sujeito do campo. NEWBERY, E. Como e por que se faz arte. São Paulo: Ática, 2003 (com adaptações). Redija um texto dissertativo a respeito do tema: Cotidiano e visualidades no ensino das artes visuais. Em sua resposta, considere as diferentes imagens que permeiam o cotidiano dos sujeitos na contemporaneidade, relacionando-as com o ensino das artes visuais. Questão 27 Cotidiano e visualidades no ensino das Artes Visuais Deve-se dissertar a respeito das temáticas do cotidiano, suas visualidades e possíveis inserções em ações educativas na área das artes. Demonstrar que o cotidiano está repleto de imagens e de manifestações culturais que precisam ser problematizadas e analisadas em sala de aula para evidenciar a importância de uma leitura crítica e suas relações com o cotidiano. Poderá abordar as imagens da mídia, da publicidade, da cultura popular, imagens da área das artes, ademais de questões ligadas à produção de imagens e de conteúdos de cunho social, político e/ou antropológico. Questão 27 Cotidiano e visualidades no ensino das Artes Visuais INTERVALO Na atualidade, vivemos culturas e subculturas que trazem consigo valores miscigenados de signos que, simultaneamente, favorecem a proliferação de ações mercadológicas e intensificam o “processo de fragmentação” (MARTINS e TOURINHO, 2016). Segundo esses autores, estamos em um mundo cada vez mais complexo, caracterizado por avanços tecnológicos, tensões políticas, econômicas e sociais e antagonismos de toda sorte, em consequência desses múltiplos “efeitos fragmentadores”, o que altera significativamente a maneira pela qual os indivíduosbuscam significações, articulações e produções de sentido para suas vidas cotidianas. Ao mesmo tempo, é necessário manter em perspectiva que a construção identitária é um processo diacrônico, dinâmico, que se transforma e se dá em diversos contextos socioculturais e níveis de realidade, conforme Velho (2006). Cotidiano e visualidades no ensino das Artes Visuais Tomando o mundo sob uma concepção visual das coisas que estão próximas (real ou virtualmente), as imagens de Sebastião Salgado e de Diego Rivera têm como pano de fundo do mundo real o trabalho com a colheita. Na imagem de Sebastião Salgado, o autor capta os gestos tradicionais do cultivo, colheita e secagem do café. Rivera, por sua vez, apresenta um trabalhador em uma colheita e que, embora carregue flores, símbolos de suavidade e beleza, paradoxalmente parece sofrer de exaustão física. Essas duas imagens trazem semelhanças entre si, principalmente em relação à visualidade dada ao tema colheita, uma prática cotidiana da pessoa do campo. A experiência visual, portanto, pode ser caracterizada, de acordo com as ideias de Martins e Tourinho (2016), como um processo dinâmico e gradual, continuamente em transformação, que se institui nas teias das culturas e, consequentemente, converte-se em algo mais abrangente do que qualquer ato cotidiano. Uma foto ou uma pintura de uma colheita acaba sendo, para as artes visuais, mais do que uma simples colheita, pois é o ato da colheita “capturado”, “interpretado”, “ressignificado”, reinterpretado como expressão da visualidade no cotidiano contemporâneo, e não mais apenas uma colheita em si. Por meio da literatura, da pintura, da escultura, do cinema e do teatro, o ser humano amplia o conhecimento de si mesmo e do mundo em que vive. De acordo com Buoro (2000), a arte deve ser entendida como produto do embate homem/mundo: “[...] Por meio dela, o homem interpreta sua própria natureza, construindo forma ao mesmo tempo em que se descobre, inventa, figura e conhece.” A arte é, portanto, um meio de incentivar a capacidade reflexiva no indivíduo por meio da representação simbólica de aspectos da sociedade e da condição humana no mundo. Esse despertar da consciência crítica pode incentivar ou impulsionar transformações sociais. Por isso, muitos artistas consideram que a arte é uma forma de luta e expressam suas crenças políticas e ideológicas em sua produção. Artes e questões sociais É o caso de Rosana Paulino, artista apresentada na questão. Suas obras revelam engajamento na busca pelos direitos das mulheres negras, pois revelam as condições de silenciamento, violência e discriminação a que elas são submetidas na nossa sociedade estruturalmente machista e racista. A coleção Bastidores é composta por objetos do cotidiano, normalmente associados a elementos do universo feminino, como linhas, agulhas e tecidos. A artista teve como objetivo denunciar a opressão sofrida pelas mulheres negras e dar voz à luta por seus direitos. As imagens causam incômodo porque estampam a violência sem rodeios. Com bocas e olhos costurados, as mulheres negras são impedidas de enxergar sua condição e de gritar por mudanças. Questão 28 Fonte: Stanley Kubrick. Filme “2001, Uma Odisseia no Espaço” , 1968. Disponível em <http://www.opperaa.com>; <http://magiaeimagem.wordpress.com>; <http://cinelupinha.blogspot.com>. Acesso em 20 jul. 2011. O filme de ficção científica “2001, Uma Odisseia no Espaço”, do diretor Stanley Kubrick, é considerado um dos melhores filmes já realizados pela qualidade da imagem e dos efeitos visuais, o realismo científico, o predomínio do som e a imagem sobre a linguagem verbal e, principalmente, por sua trama aberta a múltiplas interpretações. É um épico que conduz, já em 1968, às reflexões em torno das relações entre a humanidade e a tecnologia. O enredo se divide em quatro movimentos. No primeiro, “Aurora do Homem”, uma tribo de macacos encontra um monólito negro de grandes dimensões e o tocam com temor e curiosidade, despertando a imaginação. Isso se dá no deserto africano, há quatro milhões de anos. Após o contato com o monólito, um macaco pega um osso de animal e o usa como arma, jogando-o com fúria para o ar. O osso se transforma numa nave espacial em órbita ao redor da Terra, iniciando o segundo movimento, “AMT-1”, em que cientistas têm a missão de pesquisar um artefato (Anomalia Magnética Tycho Um, AMT-1) enterrado quatro milhões de anos antes na Lua. Trata-se do mesmo monólito com que os macacos se depararam anteriormente. Questão 28 Os cientistas chegam ao monólito negro na Lua e descobrem que ele emite sinais em direção a Júpiter. No terceiro movimento, “Missão Júpiter”, esses cientistas/astronautas estão a caminho de Júpiter, e a nave é misteriosamente controlada por um computador central que ameaça a vida deles. Com muita dificuldade, desligam o computador. No movimento final, “Júpiter e Além do Infinito”, o cientista em órbita ao redor de Júpiter sai da nave com um casulo e encontra outro monólito em volta do planeta. O casulo se aproxima do objeto e é puxado por um túnel onde o protagonista tem visões bizarras de paisagens cósmicas que terminam em um quarto iluminado, decorado com mobília estilo Luís XV. O cientista se descobre muitos anos mais velho, deitado numa cama frente à qual o monólito aparece novamente. Ao tentar se aproximar, ele é um transformado em um feto, cercado por um líquido transparente flutuando no espaço com o olhar em direção à Terra. Considerando o filme como um recurso de aprendizagem na educação em artes visuais para o Ensino Médio, avalie as afirmativas a seguir. Questão 28 I. O filme “2001, Uma Odisseia no Espaço” apresenta, de fato, possibilidades de abordagem transdisciplinar para a educação em artes visuais no Ensino Médio, devido às relações que estabelece entre arte, design, ciência, tecnologia, filosofia e linguagem. II. O enredo do filme, que é complexo e conduz a uma situação incerta, compromete a inserção pedagógica desse filme nas escolas, pois é aberto a múltiplas interpretações, favorecendo confusões conceituais. III. Filmes de ficção científica são adequados para a educação em artes visuais no Ensino Médio porque permitem um espaço de descontração, diversão e descanso, embora não constituam, em si, obras de arte. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. Questão 28 É correto o que se afirma em: a) I, apenas. II. Afirmativa incorreta. Justificativa. O enredo do filme, que é complexo e conduz a uma situação incerta, não compromete a inserção pedagógica desse filme nas escolas. Justamente por ser aberto a múltiplas interpretações, favorece discussões ricas e instigantes e dá inúmeros elementos que podem ser trabalhados pelo professor de artes e/ou de outras disciplinas. III. Afirmativa incorreta. Justificativa. Filmes de ficção científica são adequados para a educação em artes visuais no ensino médio: podem representar um momento de descontração, diversão e descanso, no entanto, ao contrário do que diz a afirmativa, constituem, sim, obras de arte. Questão 28 Questão 29 Artes e questões sociais Fonte: Rosana Paulino. Bastidores. Imagem transferida sobre tecido, bastidor e linha de costura . 30cm de diâmetro. 1997. Disponível em <http://www.rosanapaulino.blogspot.com.br>. Acesso em 24 jul. 2014 (com adaptações). O artista deve sempre trabalhar com as coisas que lhe tocam profundamente. Se lhe toca o azul, trabalhe, pois, com o azul. Se lhe tocam os problemas relacionados com a sua condição no mundo, trabalhe, então, com esses problemas. No meu caso, tocaram-me sempre as questões referentes à minha condição de mulher e negra. Olhar no espelho e localizar-me num mundo que muitas vezes se mostra preconceituoso e hostil éum desafio diário. Aceitar as regras impostas por um padrão de beleza ou de comportamento que traz muito de preconceito, velado ou não, ou discutir esses padrões, eis a questão. Disponível em <http://www.rosanapaulino.blogspot.com.br>. Acesso em 25 jul. 2014 (com adaptações). Com base no texto e nas imagens apresentadas, avalie as afirmativas a seguir. Questão 29 Artes e questões sociais I. Na série “Bastidores”, a violência simbólica aparece nas linhas que costuram as bocas, gargantas e olhos. II. Os bastidores, essa espécie de armação de madeira circular em que se prega o que se quer bordar, forma a moldura de uma condição: figuras de mulheres negras estampadas. III. Os olhos costurados, fechados para o mundo e, principalmente, para sua condição, revelam uma escolha: gritar, mesmo que por outras bocas estampadas no tecido. IV. O fio que torce, puxa, modifica o formato do rosto, produz bocas que não gritam, olhos que não veem e dão nós na garganta. É correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) I e IV, apenas. c) II e III, apenas. d) III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. Questão 29 Artes e questões sociais É correto o que se afirma em: e) I, II, III e IV. Questão 29 Artes e questões sociais INTERVALO Banksy é a assinatura de um artista de rua que ganhou fama pelos seus grafites em Bristol, na Inglaterra. Sua verdadeira identidade não é conhecida. Suas obras, que utilizam a técnica do estêncil, apresentam forte teor crítico, especialmente às figuras que representam autoridade e poder. As figuras 1, 2, 3, a seguir, ilustram o engajamento da produção do artista. A arte de Banksy Fontes: http://www.contioutra.com/banksy-50-obras-de-arte- polemicas-e-famosas/>. http://www.contioutra.com/banksy-50-obras-de-arte-polemicas-e- famosas/>. <http://www.contioutra.com/banksy-50-obras-de- arte-polemicas-e-famosas/>Acesso em 26 jul. 2017 A obra reproduzida no enunciado é uma das peças mais polêmicas de Banksy. Para se interpretar o desenho, são necessários conhecimentos extratextuais. É preciso, primeiramente, saber que o conflito em questão ocorreu na época da Guerra Fria, em que a polarização entre os blocos capitalista e socialista era intensa. O Vietnã, devido ao seu passado colonial, havia sido dividido em dois países. O Vietnã do Norte era de orientação comunista e apoio da União Soviética. O Vietnã do Sul era comandado por uma ditadura militar capitalista, aliada aos Estados Unidos. De acordo com Hobsbawn (1994), só em partes do Sudeste Asiático, a descolonização política sofreu séria resistência, notadamente na Indochina francesa (atuais Vietnã, Camboja e Laos ), onde a resistência comunista declara a independência após a libertação, sob a liderança do nobre Ho Chi Minh. Os franceses , apoiados pelos britânicos e depois pelos EUA, realizaram uma desesperada ação para reconquistar e manter o país contra a revolução vitoriosa. Foram derrotados e obrigados a se retirar em 1954, mas os EUA impediram a unificação do país e mantiveram um regime satélite na parte Sul do Vietnã dividido. A guerra entre o Vietnã do Norte e o Vietnã do Sul foi deflagrada por divergências ideológicas e, até 1964, era um conflito local. Nesse ano, os Estados Unidos decidiram intervir militarmente na região para ajudar a derrotar o comunismo. Os soldados norte-americanos, apesar de seu arsenal, sofreram derrotas em um território marcado por florestas e clima muito chuvoso, em um espaço que os vietcongues dominavam muito bem, com o uso de táticas de guerrilha. No começo da década de 1970, houve muitos protestos nos Estados Unidos pelo fim da guerra, que matou milhares de jovens americanos. Para a história norte-americana, o conflito foi traumático, como revelam várias obras cinematográficas. O cessar-fogo, com o acordo que consolidou a vitória do Vietnã do Norte, foi assinado em 1973. A foto de Nick Ut mostra crianças fugindo de um bombardeio de napalm, arma muito usada pelo exército norte-americano. Estima-se que 388 mil toneladas de napalm tenham sido jogadas sobre o Vietnã. A menina Kim Phuc teve seu corpo queimado e gritava de dor. Banksy apropria-se da protagonista da foto, mas altera o seu contexto. Na sua obra, a menina grita ao ser levada por dois símbolos dos Estados Unidos: o Mickey e o Ronald Mc Donald. Observa-se que a obra é uma combinação de figuras conhecidas do público. A imagem sugere que o capitalismo conseguiu vencer e conduzir as pessoas não pela força, mas pela cultura e pelo comportamento da sociedade de consumo. O grito da menina pode ser lido como a resistência aos males e à violência que esse sistema produz. A intertextualidade é construída por meio da referência que um texto faz a outros textos, explícita ou implicitamente. Deve-se lembrar que são considerados textos todas as formas de expressão de sentido, com linguagem verbal, não verbal ou híbrida. Em muitos textos, é nítida a obra que o autor tomou como base. Isso ocorre no caso da obra de Banksy apresentada na questão. A intertextualidade é explícita, uma vez que o artista se apropria da imagem da fotografia de Nick Ut. Em outros textos, o intertexto não se encontra na superfície textual e a relação com o texto original não é imediata. Nesses casos, considera-se que há intertextualidade implícita. Conceitos de intertextualidade Não há consenso sobre o conceito de pós-modernidade. Alguns autores nem mesmo aceitam essa designação, que se refere às condições históricas definidas no final do século XX, após o fim da Guerra Fria, com o desenvolvimento das tecnologias de comunicação e do capitalismo globalizado. Como o prefixo indica, o conceito pressupõe o fim da modernidade, definida como o período marcado pela sociedade industrial e pela crença nos valores iluministas. Não há definições consensuais, uma vez que as abordagens de análise do contexto econômico e cultural são múltiplas. Para o filósofo francês Jean-François Lyotard, na época atual, a ciência perdeu o lugar de detentora da verdade absoluta. As certezas são relativas e imprecisas. De acordo com Frederic Jameson, de orientação marxista, estamos vivendo a terceira etapa do capitalismo. A arte e a pós-modernidade No entanto, apesar das divergências teóricas, é possível afirmar que o homem pós-moderno vive em um universo imagético em que os signos imperam, em que a simulação e a realidade virtual substituem as experiências concretas. Quando se refere à arte, o adjetivo “pós-moderna” indica uma nova estética, marcada pela integração de várias formas de expressão, por meio da tecnologia, pela predominância da imagem e pelas possibilidades de interação com o público. A arte minimalista (minimal art) colocou-se no limite da criação artística e da produção de simples objetos. As obras dos artistas que faziam parte desse movimento estavam no limiar de serem consideradas meros objetos sem valor, tal era a radicalidade abstrata e geométrica com que eram projetadas (figura 1). Minimalismo Fonte: Fig. 1. Cubo aberto incompleto 5/6 (1974) Sol LeWitt. Laca sobre alumínio. Dimensões: 1,08m x 1,08m x 1,08m. Art Gallery of New South Wales. Austrália. Disponível em <http://www.google.com/culturalinstitute/asset-viewer/incomplete-open- cube-5-6/AwFwxoPO19H6JQ?hl=ptBR&projectId=art-project>. Acesso em 27 dez. 2013. As obras foram projetadas com grande rigor construtivo e formal, limitando-se sempre a figuras geométricas muito simples. Depois, foram executadas por técnicos especializados, utilizando materiais industrializados com acabamentos sofisticados. A simplicidade aparente das obras desse movimento está diretamente relacionada ao uso de conhecimentos científicos na escolha dos materiais e na proposta de percepção da obra e de conhecimentos matemáticos, com base racional e abstrata. Os artistas do movimento cubista (1907-1917), influenciadospela visão de Paul Cézanne, entre eles Pablo Picasso, afirmavam que a arte não era uma cópia, mas um paralelo da natureza. Isso significou que eles não precisavam representar a realidade apenas como uma reprodução do que o observador olhava: era possível recriar a realidade, sem se prender a noções preestabelecidas de desenho e de pintura. Para os cubistas, por exemplo, era possível representar as várias faces de um mesmo objeto ou uma pessoa se movimentando, em uma única pintura bidimensional. O cubismo foi um dos primeiros movimentos artísticos a se distanciar da representação figurativa, ainda que as obras desse movimento não fossem totalmente abstratas. O cubismo Na Rússia, após a revolução de 1917, surge um grupo de artistas radicais, ideologicamente vinculados à nova política daquele país, de caráter comunista. Esses artistas conheciam os últimos movimentos de vanguarda artísticos da Europa (futurismo, cubismo, entre outros) e, a partir dessa influência, criaram o Suprematismo e o Construtivismo (1913-1924). Esse último buscava criar formas abstratas ou utilizar figuras estilizadas geometricamente, empregando materiais produzidos industrialmente com o rigor conceitual necessário para exprimir a linguagem ideológica do momento. Esses artistas não se limitaram à pintura: Vladimir Tatlin (1885- 1953), um dos principais artistas construtivistas, criou relevos e esculturas. Ele fazia os projetos utilizando materiais fornecidos industrialmente e depois os executava com apoio de operários. As obras eram vistas como “construções”, inclusive as pinturas não objetivas. Por isso, o termo construtivista: eram obras feitas racionalmente, com a tecnologia disponível na época. Construtivismo O neoplasticismo foi um dos mais importantes movimentos das vanguardas artísticas do inicio do século XX (1917-1932). Influenciou profundamente a arquitetura de Ludwig Mies van der Rohe, entre outros arquitetos. Sua estética abstrata radical está descrita no próprio nome: sua coloração deveria limitar-se às três cores primárias (vermelho, azul e amarelo), acrescentando o preto, o cinza e o branco, e os seus elementos compositivos eram formados apenas por linhas verticais e horizontais e superfícies retangulares. Sua proximidade conceitual com o minimalismo é nítida, inclusive no rigor da elaboração da obra antes de ser executada. Neoplasticismo (De Stijl) O expressionismo abstrato (1940-1960) buscava causar um efeito emocional ou expressivo no observador, de maneira semelhante às intenções dos expressionistas alemães nos quais eles se baseavam. Porém, os artistas norte-americanos que fizeram parte desse movimento foram além das figurações utilizadas pelos alemães, elaborando obras totalmente abstratas, com estilos pictóricos resultantes de métodos de pintura pouco racionais ou conscientes. Essa nova maneira de pintar buscava também criar um efeito no espectador, por isso o termo expressionismo. As pinturas feitas com pinceladas gestuais, gotejamento e lançamento aleatório de tintas, com ampla multiplicidade de cores, e a criação da obra durante sua execução são o resultado dessa proposta artística. Expressionismo abstrato A teoria psicológica da Gestalt (que pode ser traduzida como a “essência da forma”) não foi um movimento artístico, mas influenciou vários artistas e a maneira como gostariam que suas obras fossem vistas e apreendidas pelo público. Isso ocorreu porque a Gestalt é uma teoria que aborda a maneira como o cérebro humano percebe a realidade. Os psicólogos que trabalhavam dentro desse conceito conseguiam demonstrar que a realidade não é imutável perante o observador e que o cérebro é quem de fato constrói a realidade perceptível, baseada naquilo que os nossos sentidos conseguem perceber. O minimalismo também utiliza esse conceito de percepção imediata, portanto a obra é feita para que o espectador se concentre na observação e na compreensão dela e do conceito no qual o artista baseou-se ao criá-la. Gestalt A Pop-Art foi um movimento artístico que teve lugar predominantemente nos Estados Unidos e na Inglaterra (1955-1960). Influenciado pelo Dadaísmo, esse movimento incluía em seus temas objetos tipicamente comerciais e de consumo de massa, contrariando a premissa de que a arte é contrária ou alheia aos interesses do mercado. Os artistas mais representativos desse movimento incorporaram ao seu repertório objetos emblemáticos da indústria cultural e do universo da propaganda, como a Coca-Cola e imagens de artistas populares, como Marilyn Monroe. Devido a essa motivação, as principais fontes de inspiração dos representantes da Pop-Art eram os programas de televisão, as revistas em quadrinhos, o cinema e a publicidade. De certo modo, por incluir imagens plenamente identificáveis de pessoas e objetos, a Pop Art marcou também um retorno ao figurativismo, contrapondo-se ao Expressionismo Abstrato, dominante desde o fim da Segunda Grande Guerra (1939-1945). Pop-Art INTERVALO Questão 30 A arte de Banksy Fontes: 1. Banksy. Napalm (2004-5). Disponível em <http://www.bankyposter.net/home>. Figura 2. Nick Ut. Criança nua de nove anos fugindo de um ataque de napalm , Trang Bang Village, Vietnã, 1972. Disponível em <http://www.npr.org>. Acesso em 15 jul. 2014. Em 2004, o artista britânico Banksy realizou um estêncil provocante no qual apresenta os personagens Ronald McDonald e Mickey Mouse de mãos dadas com a vietnamita Kim Phuc. A imagem da criança faz menção à conhecida fotografia de Nick Ut, que registrou crianças fugindo de um bombardeio de napalm durante a Guerra do Vietnã em 1972. Considerando as imagens apresentadas, avalie as afirmações sobre a obra de Banksy. I. A obra apresenta uma das características marcantes da pós-modernidade: a apropriação de imagens. II. A obra apresenta intertextualidades implícitas com a fotografia de Nick Ut e com a cultura de massa americana. III. A obra, de forma satírica, faz uma crítica social e política ao modelo de sociedade americano. Questão 30 A arte de Banksy É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e IV. Questão 30 A arte de Banksy É correto o que se afirma em: c) I e III, apenas. II. Afirmativa incorreta. Justificativa. A obra apresenta intertextualidade explícita com a foto de Nick Ut e com elementos da cultura de massa norte-americana. O autor deixa bem claras as suas referências. Questão 30 A arte de Banksy Na Alemanha, a Primeira Guerra Mundial foi seguida pelo desemprego, pelo caos político e pela inflação. Ainda assim, foi nessa época que o design gráfico emergiu como parte de uma sociedade moderna nas cidades setentrionais do meio da Europa. A Alemanha, situada entre duas poderosas vanguardas, estava aberta às suas influências. A leste estavam o comunismo e o construtivismo da União Soviética; a oeste, o entusiasmo doutrinário dos artistas holandeses do movimento De Stijl. Os movimentos artísticos mais proeminentes ao final da guerra eram o expressionismo e o dadaísmo. A Bauhaus, famosa escola de artes e ofícios fundada em Weimar em 1919, introduziu mudanças no design gráfico, que passou do expressionismo para o funcionalismo e do artesanato para designs reproduzidos em máquinas. HOLLIS, R. Design gráfico: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2000 (com adaptações). Questão 31 De Stijl, Bauhaus, Construtivismo, Dadaísmo e Expressionismo Considerando as imagens a seguir, que representam os estilos abordados no texto, assinale a opção em que se identifica corretamente o estilo de cada figura numerada, conforme a ordenação numérica crescente em que estão apresentadas. Questão 31 De Stijl, Bauhaus, Construtivismo, Dadaísmo e Expressionismo Fontes; Disponíveis em <http://analogue76.com>; <http://99designs.com>;
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