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Material de obrigações e responsabilidade civil - 1ª parte obrigações

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Prof. Patrícia Motta - Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil.
Material resumido para auxílio em sala de aula. 
I - CONCEITO DE OBRIGAÇÃO
“É relação jurídica, de caráter transitório, de cunho pecuniário, unindo duas ou mais pessoas,
devendo uma (o devedor) realizar uma prestação à outra (o credor)”
(Silvio de Salvo Venosa)
II – ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO
1- Sujeito ativo: é o credor, ele tem uma pretensão com relação ao devedor.
2- Sujeito passivo: é o devedor, ele tem uma prestação com relação ao credor.
3- Objeto: é a prestação, constitui-se numa atividade, numa conduta do devedor para com o
credor, devendo esta ser de conteúdo, diretamente ou indiretamente patrimonial. A prestação pode
ser negativa ou positiva e deve ser: possível licita e determinável.
4- Vinculo jurídico: tem caráter pessoal porque se tem por objetivo um dever do devedor em
relação ao credor, ou seja, esse caráter legitima uma expectativa do credor de que o devedor
pratique uma conduta esperada pelo primeiro (credor).
5- Causa: constitui o próprio contrato ou o seu objeto. É a razão jurídica da obrigação.
III – FONTES DA OBRIGAÇÃO
1- A lei: que é fonte imediata das obrigações, pois não pode existir obrigação sem que a Lei, ou
o Ordenamento Jurídico a ampare. Ex. obrigação de prestar alimentos.
2- O contrato: é o acordo de vontades das partes envolvidas na relação jurídica.
3- A declaração unilateral de vontades: gestão de negócios e a promessa de recompensa.
4- O ato ilícito: art. 927, do CC: “Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, é obrigado
a repará-lo.” Situações que provêm de ação ou omissão, culposa ou dolosa do agente que causa
dano á vítima, bem como o art. 186, do CC.
OBRIGAÇÕES
OBRIGAÇÕES PROPTER REM (OBRIGAÇÕES REAIS)
Considerando-se que, em regra, a obrigação nasce de um acordo de vontades, onde as partes se
obrigam a cumprir determinado contrato e, deste acordo ou pacto, vem a obrigação.
A obrigação propter rem não surge por força do acordo de vontades, como a maioria, mas sim em
razão de um direito real. os direitos reais são aqueles previstos no art. 1225, do CC: propriedades,
penhor, usufruto, servidões, etc...
Obrigação propter rem é aquela que tem características de direitos reais e obrigacionais.
Todas as obrigações que decorrem do direito de propriedade são propter rem. O proprietário do
imóvel paga taxa condominial por ser proprietário, em razão da propriedade. Portanto, a taxa
condominial é obrigação propter rem. No mesmo sentido, a obrigação de pagar as despesas para a
construção de muros, cercas, tapumes, divisórias. (art. 1297, § 1º, do CC.
Reconhecendo que as obrigações propter rem não decorrem de um acordo de vontades, e sim de um
direito real, vejamos: se o proprietário do imóvel, por exemplo, não quer assumir a obrigação
propter rem, relativa ao seu imóvel, este deve transferir o domínio para terceiros ou abandonar a
coisa, eis que a obrigação propter rem grava a própria coisa independentemente de quem seja o
titular do direito real.
A natureza jurídica das despesas condominiais
Tratam-se as despesas de condomínio de obrigações de pagar, derivadas da propriedade, direito real
por excelência.
ORLANDO GOMES discorre sobre as obrigações afirmando que há aquelas que "nascem de um
direito real do devedor sobre determinada coisa, a que aderem, acompanhando-o em suas mutações
subjetivas. São denominadas obrigações in rem, ob ou propter rem, em terminologia mais precisa,
mas também conhecidas como obrigações reais ou mistas". Para o autor, "esse cordão umbilical
jamais se rompe. Se o direito de que se origina é transmitido, a obrigação o segue, seja qual for o
título translativo."
É hoje ponto pacífico em nossa doutrina e jurisprudência, que a natureza jurídica da obrigação
resultante do imóvel em condomínio, como sendo a ele inerente, é de obrigação propter rem. Surge
daí, uma indagação no que tange ao momento em que o titular do domínio se obriga ou se
desobriga, caso o transfira a terceira pessoa.
Por sua Jurisprudência, os Tribunais de Alçada Civil de São Paulo e do Rio de Janeiro elucidam:
CONDOMÍNIO - Despesas condominiais anteriores à aquisição da unidade autônoma pelo réu.
Obrigação propter rem, tornando-o responsável pelo pagamento, porque titular do direito real,
sendo irrelevante que ele e o vendedor não tenham pactuado solidariedade quanto às despesas do
condomínio. Inteligência do artigo 624 do CC. (1º TACivSP - Ap. 498.277-8 - 2ª C. - Rel. Juiz
Ribeiro de Souza - J. 23.09.1992 - JTACSP, 136/84 -Juris Síntese -202471.
Despesas condominiais - Penhora - incidência sobre único imóvel destinado à moradia do devedor e
respectivos bens móveis que guarnecem a residência - Admissibilidade - Obrigação de caráter
propter rem onde a constrição poderá recair sobre unidade para satisfazer a execução - Inteligência
do artigo 3º, IV, da Lei nº 8.009/90 (2º TACivSP - in RT-746/294).
COBRANÇA - Despesas de condomínio.
A ação de cobrança de despesas condominiais deve ser proposta contra quem conste como titular no
registro de imóveis, do direito real da unidade condominial. Trata-se de obrigação "propter rem",
que possibilita a penhora da unidade condominial na execução das despesas do condomínio.
(2ºTACivSP - Ap. s/ Rev. nº 518.188 - 5ª Câm. - Rel. Juiz Pereira Calças - J. 03.06.98).
CONDOMÍNIO - Despesas Condominiais - Cobrança - Legitimidade Passiva - Adquirente (Ou
Compromissário-Comprador) - Vencimento Anterior e/ou Posterior à Aquisição - Reconhecimento.
Condomínio. Despesas condominiais. Cobrança. Dívida que se transfere à pessoa que detém o
próprio bem. Ônus propter rem. Adquirente. Vencimento anterior. Reconhecimento. Direito de
regresso contra o antecessor. Sentença mantida. Recurso improvido. (2ºTACivSP - Ap. s/ Rev. nº
629.327-00/2 - 9ª C. - Rel. Juiz Claret de Almeida - DOESP 03.05.2002).
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
1- Obrigação de dar e/ou restituir coisa certa e incerta;
2- Obrigação de fazer;
3- Obrigação de não fazer;
4- Obrigação divisível e indivisível;
5- Obrigações solidárias;
6- Obrigações alternativas;
7- Obrigações principais e acessórias;
1- OBRIGAÇÃO DE DAR (OU RESTITUIR):
A obrigação de dar se constitui num compromisso de entrega da coisa e não simplesmente na
entrega efetiva da coisa.
A obrigação de dar gera apenas um direito à coisa e não exatamente um direito real, pois a
propriedade dos bens imóveis, em nosso direito, ocorre principalmente, quando derivada de uma
obrigação, pela transcrição do titulo aquisitivo no Registro de Imóveis; já os bens móveis se
adquirem pela tradição (entrega da coisa).
Assim, a obrigação de dar, é aquela em que o devedor (sujeito passivo) compromete-se a entregar
uma coisa móvel ou imóvel ao credor (sujeito ativo), quer para constituir um novo direito, quer para
restituir a mesma coisa a seu titular. Logo se inclui nesta definição a obrigação de restituir,
considerando-se que ela é modalidade da obrigação de dar, disciplinada no art. 238 ss, do CC.
1.1- OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA:
Entendendo que o verbo dar figura o ato de entregar assim, certa será a coisa determinada,
individualizada, perfeitamente caracterizada, diferente de todas as demais da mesma espécie.
Só servirá para o adimplemento da obrigação aquilo que foi objeto da obrigação. Assim preceitua o
nosso CC em seu art. 313: “O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é
devida, ainda que mais valiosa.” Assim, da mesma forma que o credor não pode ser obrigado a
receber prestação diversa do contratado, ainda que mais valioso, não pode este mesmo credor exigir
outra prestação ainda que menos valiosa. Dessa regra surge o princípio pelo qual os contratos
devem ser cumpridos tal qual foram ajustados: pacta sunt servanda.
O credor pode aquiescer em receber outra coisa, mas não pode ser obrigado a aceitar, somente se for
de sua vontade.Não pode também o devedor substituir a coisa por dinheiro para garantir o
adimplemento, pois assim ele estaria substituindo unilateralmente uma obrigação simples por uma
alternativa; e da mesma forma o parcelamento, que só é possível se expressamente convencionado.
1.2- OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA – PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA
CERTA:
Quando a Lei fala em perda e deterioração, podemos entender perda total e perda parcial da coisa
respectivamente. O mais importante nesta questão, e fundamental, é a existência ou não de culpa
por parte do devedor, pois sempre que houver culpa haverá direito de indenização por perdas e
danos, conforme preceitua o art. 239, do CC: “Se a coisa se perder por culpa do devedor,
responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.”
O nosso ordenamento jurídico observa, também, a perda antes e depois da tradição no art. 234.
Ex.: Um criador compra um cavalo e, antes da tradição ele morre atingido por um raio no pasto.
Desaparece a obrigação, sem ônus para as partes, devendo ambas voltar ao estado anterior, ou seja,
se o cavalo já tivesse sido pago pelo comprador, evidentemente o preço deverá ser devolvido,
apenas com a atualização da moeda. Assim, não havendo culpa não há que se falar em perdas e
danos.
Já no caso da deterioração da coisa, que é a perda parcial, o art. 235, do CC regula: “Deteriorada a
coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa,
abatido de seu preço o valor que perdeu.” A deterioração da coisa acarreta sempre uma
depreciação, uma desvalorização. Neste caso não sendo o devedor culpado, existem duas hipóteses
a serem observadas: 1ª resolver a obrigação, recebendo a restituição do preço, caso já tenha sido
pago; 2ª aceitar a coisa, no estado em que ficou abatendo-se em seu preço o valor da depreciação
sofrida pela deterioração. Estas hipóteses são consequências do disposto no art. 313, do CC,
considerando que o credor não pode ser obrigado a receber outra coisa que não a efetivamente
contratada. Com a deterioração, a coisa já não é a mesma, portando não pode o credor ser obrigado
a recebê-la.
Já o caso da deterioração por culpa do devedor, o art. 236, do CC trata a matéria: “Sendo culpado o
devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com
direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.”
Sempre que houver culpa, haverá a possibilidade de indenização por perdas e danos, neste caso o
credor tem a alternativa de receber ou enjeitar a coisa, mas sempre com direito de haver perdas e
danos.
Assim, constata-se que até a tradição, cabe ao devedor a obrigação de zelar pelo bem, conservando-
o e defendendo-o de qualquer coisa ou fato que possa resultar em sua perda ou deterioração, e se
necessário valer-se de meios judiciais para alcançar tal proteção, pois é exatamente no exame das
atitudes do devedor que se vai apurar se houve ou não culpa na perda ou deterioração da coisa.
A perda ou deterioração da coisa após a tradição deve ser suportada pelo credor. A tradição faz
cessar a responsabilidade do devedor. Caso a coisa se perder, após a tradição, por fraude ou
negligência do devedor no tempo em que a coisa ainda era de sua responsabilidade, este deve
assumir.
1.3- OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA – MELHORIAS, ACRÉSCIMOS E
FRUTOS:
Considerando-se que no caso de perda ou deterioração da coisa seu valor pode ser diminuído; se no
tempo entre a constituição da obrigação e sua efetiva tradição a coisa crescer ou melhorar, seu valor
também se modificará. Logo, enquanto não ocorre a tradição a coisa pertence ao devedor e, por
consequência, os melhoramentos e acrescidos pertencerão a ele, é o que preceitua o art. 237, do CC:
“Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais
poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.”
Obviamente, se o devedor paga pela diminuição do valor da coisa, quando ela se perde ou deteriora,
logo ele receberá caso a coisa acresça ou melhore, porém se a coisa acresceu ou melhorou por ação
do devedor evidenciada de má-fé, ou para tumultuar, ou ainda, para tirar melhor proveito, é claro
que o principio não poderá prevalecer.
O mesmo se dá para os frutos, citados no § único do art. 237, do CC. Os frutos são riquezas
normalmente produzidas por um bem, podendo tanto ser uma safra, como os rendimentos de um
capital. Assim, os frutos pendentes são do credor e os percebidos são do devedor. Os fritos
pendentes são acessórios e acompanham o destino da coisa, assim como os percebidos já foram
separados e já estão com o possuidor.
1.4- OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA
A obrigação de dar coisa incerta tem por objetivo a entrega de uma quantidade de certo gênero e
não uma coisa especificada, conforme preceitua o art. 243, do CC: “A coisa incerta será indicada,
ao menos, pelo gênero e pela quantidade”.
Ex.: Entregar uma tonelada de trigo; 02 dúzias de ovos.
Neste caso, a coisa a ser entregue é indicada tão somente pelas suas características gerais, por seu
gênero.
Quando a lei se refere a coisa incerta, ela faz referência a coisa indeterminada, porém, suscetível de
oportuna determinação.
Na obrigação de dar coisa incerta, no momento que precede a entrega da coisa, se dá o ato de
escolher o que vai ser entregue. Diferente do que fora visto antes, na obrigação de dar coisa certa,
onde a coisa está devidamente caracterizada, individualizada. Feita a escolha da coisa a ser
entregue, de acordo com o que foi contratado, ou conforme estabelece a lei, a obrigação passa a ser
regida pelos princípios da obrigação de dar coisa certa.
A obrigação de dar coisa incerta é uma obrigação genérica, enquanto a obrigação de dar coisa certa
é específica.
1.5- PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA INCERTA.
Na obrigação de dar coisa incerta o devedor se desvencilha do vínculo com a entrega de uma das
coisas ou de um conjunto de coisas compreendidas pelo gênero indicado. Porém sua
responsabilidade pelos riscos será maior, pois, se na obrigação de dar coisa certa, se esta se perder
sem culpa do devedor, fica resolvida a obrigação. Já na obrigação de dar coisa incerta (obrigação
genérica), como o gênero nunca perece, antes da escolha não poderá o devedor alegar perda ou
deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito, conforme preceitua o art. 246, do
CC: “Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que
por força maior ou caso fortuito”.
Assim, como vimos, a obrigação de dar coisa incerta tem um objeto que vem a ser determinado por
um meio (por ato) de escolha, quando do adimplemento, ou seja, no momento da tradição. Neste
sentido, disciplina o art. 245, do CC: “Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na
Seção antecedente”. Ou seja, após a escolha os princípios aplicáveis são os da obrigação de dar
coisa certa.
Ex.: O credor de 1000 cabeças de gado de corte, uma vez escolhido o gado e apontadas as cabeças;
cuida-se da obrigação como de dar coisa certa.
Obviamente, não significa que a escolha seja mero arbítrio do devedor. Conforme o art. 244, do CC:
“Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o
contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado
a prestar a melhor”. A lei estabelece que na falta de disposição contratual, o devedor não poderá
dar coisa pior, nem ser obrigado a dar melhor. Assim, devem as partes estabelecer a quem cabe a
escolha no momento da avença.
No tocante a perda ou deterioração na obrigação de dar coisa incerta, a responsabilidade do devedor
é maior, como dito antes, pois o gênero nunca perece.
Ex.: Se alguém se compromete a entregar 1000 sacas de farinhade trigo, continuará obrigada a tal,
ainda que não tenha em seu poder as referidas sacas, ou que parte ou o total delas tenha se perdido.
Já se o devedor tivesse se obrigado a entregar uma tela de um pintor famoso, a perda da coisa ou
sua deterioração, sem sua culpa, resolveria a obrigação.
Em relação ao texto legal do art. 246, do CC, quando diz: “antes da escolha”, alguns doutrinadores
criticam alegando que não basta que o devedor separe o objeto da obrigação para entregá-lo ao
credor. Deve o devedor colocar a coisa a disposição do credor, para só assim o devedor se exonera
da obrigação, caso haja perda da coisa. Como ensina Washington de Barros Monteiro: “o devedor
não poderá subtrair-se à prestação, dizendo, por exemplo: ‘já tinha escolhido tal saca de café, que se
perdeu, ou ainda, queria dar tal rês, que se extraviou ou pereceu’”.
Enquanto a coisa não é efetivamente entregue, ou, pelo menos, posta a disposição do credor, é
impossível a desoneração do devedor.
2 - OBRIGAÇÃO DE FAZER
Ela consiste na feitura ou prestação de um fato ou execução de alguma coisa, consistente assim num
trabalho, num serviço ou numa missão.
A obrigação de fazer é um ato do sujeito passivo na relação obrigacional, ou seja, do devedor da
obrigação.
A obrigação de fazer, assim como a de dar é uma obrigação positiva.
Conteúdo da obrigação de fazer:
1- Física ou material: a prestação de um serviço; um conserto de uma máquina; uma obra num
imóvel;
2- Intelectual: escrever uma obra literária;
3- Artística: compor uma peça teatral; uma música;
4- Científica: realização de uma experiência científica.
Descumprimento da obrigação de fazer – razões:
1- A prestação tornou-se impossível sem culpa do devedor – art. 248, do CC, 1ª parte;
2- A prestação tornou-se impossível por culpa do devedor – art. 248, do CC, 2ª parte;
3- O devedor manifestadamente se recusa a cumprir – art. 247, do CC.
3 - OBRIGAÇÕES FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS (OU INTUITU PERSONAE, OU
PERSONALÍSSIMA) 
Fungível: quando o sujeito passivo da obrigação pode ser substituído, conforme o art. 249, do CC:
“Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do
devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial,
executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido”.
Infungível (intuitu personae): quando o sujeito passivo da obrigação não pode ser substituído em
virtude de sua habilidade específica, tendo em vista que sua qualidade pessoal foi levada em conta
pelo credor da obrigação, conforme o art. 247, do CC: “Incorre na obrigação de indenizar perdas e
danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível”.
Ex.: A pintura de um quadro; a exibição de uma orquestra; uma cirurgia com um cirurgião
renomado.
4 - OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
Diferente da obrigação de dar e de fazer, a obrigação de não fazer é negativa.
Conceito:
A obrigação de não fazer consiste em o sujeito passivo da obrigação abster-se em realizar algo, ou
seja, ele é obrigado a não realizar determinada coisa, que normalmente poderia ser realizada, caso
não tivesse se comprometido a não realizar.
Extinção da obrigação de não fazer: art. 250, do CC: “Extingue-se a obrigação de não fazer, desde
que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não
praticar”.
Objeto: da mesma forma que a obrigação de fazer, a obrigação de não fazer deve ser revestida de
objeto lícito.
5 - OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
Obrigação divisível é aquela em que a prestação ou objeto é suscetível de ser cumprido em
parcelas ou em partes.
Obrigação indivisível é aquela que não pode ser cumprida em partes ou em parcela, de modo que,
somente se entenda satisfeita quando integralmente ou por inteiro.
A indivisibilidade da obrigação advém da natureza de seu objeto, que não suporta nem admite
divisão, como de ajuste ou estipulação dentre devedor e credor, pelo qual somente por inteiro deve
ser cumprida a obrigação.
Ex.: A obrigação da entrega de um animal, mesmo que assumida por mais de uma pessoa (o animal
não pode ser dividido para que cada um entregue a sua parte).
1. Pluralidade de devedores ou de credores – art. 257, do CC: “Havendo mais de um
devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas
obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores”.
2. Quando a indivisibilidade – art. 258, do CC: “A obrigação é indivisível quando a
prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por
motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico”.
3. Prestação indivisível – art. 259, do CC: “Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação
não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos
outros coobrigados”.
4. Desobrigação na pluralidade de credores – art. 260, do CC: “Se a pluralidade for dos
credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se
desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores”.
6 - OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
“Art. 264 - Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de
um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.”
• Diz-se que a obrigação é solidária quando há mais de um credor (solidariedade ativa) ou mais de
um devedor (solidariedade passiva), cada um com direito ou obrigação à dívida toda.
• Na dívida solidária o credor pode cobrar de um ou de alguns dos devedores a totalidade da
dívida, à sua escolha, restando para os que pagarem o direito de regresso contra os coobrigados.
• A solidariedade é modalidade especial de obrigação que possui dois ou mais sujeitos, ativos e
passivos, e, embora possa ser divisível, pode cada credor demandar e cada devedor é obrigado a
satisfazer à totalidade, com a particularidade de que o pagamento feito por um devedor a um credor
extingue a obrigação quanto aos outros coobrigados.
Características da solidariedade
• Duas importantes características da solidariedade: a unidade de prestação, ou seja, qualquer
que seja o número de credores ou devedores, o débito é sempre único; e a pluralidade e
independência do vínculo, sobre este, destaque-se que a unidade de prestação não impede que o
vínculo que une credores e devedores seja distinto e independente. Esta independência no vínculo
dá margem a algumas consequências, a saber:
• A obrigação pode ser pura e simples para alguns dos devedores e pode estar sujeita à
condição, ao prazo ou ao encargo para outros, conforme art. 266, do CC: “A obrigação solidária
pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou
pagável em lugar diferente, para o outro.”
• Se uma obrigação é nula porque um dos credores, por exemplo, é incapaz, sua validade é
conservada quanto aos demais credores.
• Um dos devedores pode ser exonerado de sua parte da dívida, permanecendo a obrigação
para com os demais.
• A obrigação solidária tem uma unidade de causa, pois caso contrário nos encontraríamos
diante de uma obrigação in solidum e não uma obrigação solidária.
• As obrigações solidárias têm uma pluralidade de credores ou de devedores e uma
corresponsabilidade entre os interessados.
• O devedor solidário que solve a dívida pode reaver dos demais a quota-parte de cada um na
obrigação. Da mesma forma, na solidariedade ativa, o recebimento por parte de um dos credores
extingue o direito dos demais; todavia, o que recebe deve entregar aos demais credores o que cada
um tem direito.
Fontes da solidariedade
Conforme o CC, em seu art. 265: “A solidariedade não se presume;resulta da lei ou da vontade
das partes.” Assim, a solidariedade advém da lei ou do contrato, não podendo existir por força de
sentença, como também não é admitida a presunção de sua existência.
Solidariedade ativa e passiva
A solidariedade ativa (art. 267 a 274, do CC), é aquela que contém mais de um credor, podendo
todos cobra a dívida por inteiro.
Em nosso direito, a origem da solidariedade ativa é a vontade das partes, seja em um contrato, seja
em um acordo. A vantagem da solidariedade ativa é que qualquer credor pode exigir a dívida toda,
sem depender da anuência dos demais (art. 267, do CC) e cada devedor ou o devedor, poderá
liberar-se da obrigação pagando a prestação a qualquer um dos credores (art. 269, do CC). Logo o
credor que receber a dívida toda exonera o devedor, tendo então os demais credores que se
entenderem com o credor que deu a quitação.
Solidariedade passiva (art. 275 a 285, do CC); é aquela que obriga todos os devedores ao
pagamento total da dívida. A solidariedade passiva é de maior importância que a solidariedade ativa,
pois permite ao credor o reforço do vínculo, garantindo de forma mais eficiente o adimplemento.
Cabe dizer, que todos os devedores são coobrigados na solidariedade passiva.
Extinção da solidariedade
A obrigação solidária poderá se extinguir por:
• acordo entre as partes;
• falecimento de um dos credores ou devedores solidários (art. 270 e 276, do CC);
• por renúncia (art. 282, do CC);
7 - OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS – art. 252 a 256, do CC
Obrigação alternativa é aquela que fica cumprida com a execução de qualquer uma das prestações
que foram seu objeto.
Cabe ao devedor a escolha do objeto, conforme o art. 252, do CC, se outra coisa não se estipulou.
No silêncio das partes, a lei dá preferência ao devedor porque ele é a parte mais onerada na
obrigação, mas nada impede que as partes convencionem que a escolha caiba ao credor, ou mesmo
a um terceiro. Tecnicamente essa escolha é chamada de concentração.
Enquanto não for efetivada a concentração, o credor não terá direito sobre os objetos, no sentido de
que não poderá exigir a entrega de um ou de outro.
Características:
1. objeto plural ou composto;
2. prestações independentes entre si;
3. direito de opção que, em via de regra, está a cargo do devedor, mas pode estar, a cargo do
credor ou de terceiro, dependendo do acordo;
4. feita a escolha, a prestação concentra-se na obrigação escolhida.
É importante lembrar que, uma vez feita a escolha (concentração) a obrigação concentra-se na
prestação eleita (da mesma forma que na obrigação de dar coisa incerta, que depois de escolhida
passa a ser certa). O efeito da concentração é converter a obrigação alternativa em obrigação de dar
ou fazer coisa certa. Assim, a obrigação é irrevogável.
A utilidade da obrigação alternativa é aumentar a possibilidade de adimplemento por parte do
devedor, aumentando as garantias do credor.
A obrigação alternativa permite combinar as obrigações de dar, fazer e não fazer.
8 - OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA
• A obrigação principal é aquela independente, que tem vida própria; enquanto a acessória é
dependente, subordinada a principal, como por exemplo, a fiança.
• A noção de principal e acessório é encontrada no art. 92, do CC: “Principal é o bem que existe
sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.”
• A invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz
a da obrigação principal (art. 184, parte final). Outro exemplo pode ser extraído do Art. 47, II, da L.
8.245, de 18.10.1991 (Lei do Inquilinato), pelo qual o empregador pode dar por findo o contrato de
locação com o empregado, quando houver extinção do contrato de trabalho, e a ocupação do imóvel
pelo locatário estiver relacionada com seu emprego. Em tal caso, a locação é mero acessório do
contrato de trabalho; desfeito este, aquela segue o mesmo destino.
• Conforme leciona Orlando Gomes, "a importância da distinção entre "bens principais" e
"acessórios" traduz-se nas duas seguintes regras: 1ª, a coisa acessória segue a sorte da coisa
principal; 2ª, a coisa acessória, formando um todo ou massa com a coisa principal, integra o direito
que sobre esta exerce o titular". (Direito Civil Brasileiro Eletrônico, Vol. I, pág. 147, Orlando
Gomes, atualizado por Humberto Theodoro Júnior, Ed. 2002, Editora Forense).
• Vide art. 184, do CC, invalidade da obrigação principal: “Respeitada a intenção das partes, a
invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável;
a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a
da obrigação principal.”
• Acessório. Do latim medieval "accessorius", derivado de "accedere". Qualidade que se confere a
uma coisa cuja existência depende da existência de uma coisa principal. Evidentemente, coisa
principal é aquela que, para existir, não depende da existência de outra.
PENALIDADES NO CASO DE DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES 
1 - CLÁUSULA PENAL
Art. 408, do CC: “Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente,
deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.”
• Cláusula penal, também chamada de pena convencional, consiste na disposição aceita pelas
partes contratantes, em virtude da qual, na falta de cumprimento da obrigação ou obrigações
inseridas no contrato, fica a parte contraventora sujeita ao pagamento da pena pactuada.
• É, assim, cláusula imposta para segurança e garantia da execução ou cumprimento da obrigação
principal, ajustada no contrato.
• Em regra, a cláusula penal resulta da estipulação de multa contratual, isto é, do estabelecimento
de uma soma certa em dinheiro a ser paga pelo infrator à outra parte contratante, em caso de não
adimplemento das obrigações assumidas.
• A jurisprudência tem admitido que a pena convencional se apresenta como uma prefixação,
pelas partes contratantes, do prejuízo que lhes possa advir, pelo não cumprimento das cláusulas
contratuais.
• A cláusula penal é uma obrigação de natureza acessória de um contrato principal, por meio dela
(a acessória) insere-se uma multa na obrigação (principal) para a parte que deixar de dar
cumprimento, ou apenas retardá-lo.
• O instituto da cláusula penal é utilizado com extrema frequência nos contratos, como por
exemplo no de locação, onde estipula-se multa, caso o locatário pague o aluguel após a data fixada.
Cláusula penal compensatória e cláusula penal moratória
• A cláusula penal pode referir-se a inexecução completa da obrigação (inadimplemento
absoluto), ao descumprimento de uma ou mais cláusulas do contrato ou inadimplemento parcial, ou
simples mora. Assim a cláusula penal pode ser estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em
ato posterior conforme art. 409, do CC: “A cláusula penal estipulada conjuntamente com a
obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma
cláusula especial ou simplesmente à mora.”
• Será cláusula penal compensatória quando a multa se aposta para o descumprimento total da
obrigação, ou de uma de suas cláusulas; como denota a própria rotulação. Sua finalidade é
compensar a parte inocente pelas limitações e adversidades decorrentes do descumprimento.
• Quando se aplica a multa para o cumprimento retardado da obrigação, a cláusula penal será
moratória, neste caso o devedor pagará um “plus” pelo retardamento no cumprimento da obrigação.
• No art. 409, do CC, temos a noção de ambas as espécies, a saber: “A cláusula penal estipulada
conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da
obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora.”
• A cláusula penal compensatória constitui prefixação de perdas e danos, sua maior vantagem estáno fato de que basta o credor provar o inadimplemento imputável ao devedor, ficando este obrigado
ao pagamento da multa estipulada.
• Art. 410, do CC: “Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da
obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor.” Neste artigo percebe-se que o
credor pode pedir o valor da multa ou o cumprimento da obrigação, assim há quem denomine essa
categoria como cláusula penal alternativa, cabendo ressaltar que uma vez escolhida uma via, não
pode o credor exigir também a outra.
• Tendo o devedor pago a multa, nada mais deve, porque ali já está fixada antecipadamente uma
indenização pelo descumprimento da obrigação.
Efeitos da cláusula penal
• Ocorre evidente efeito intimidativo e coercitivo na cláusula penal, pois, sabendo o devedor que
se sujeitará a um maior valor no pagamento, este se empenhará melhor para cumprir sua obrigação.
Outra importante função é a de fixar antecipadamente as perdas e danos.
• “Art. 412 - O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação
principal.”
“Art. 413 - A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver
sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em
vista a natureza e a finalidade do negócio.”
Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991.
“Art. 4 - Durante o prazo estipulado para a duração do contrato não poderá o locador reaver o
imóvel alugado. O locatário, todavia, poderá devolvê-lo, pagando a multa pactuada, segundo a
proporção prevista no artigo 413 do Código Civil e, na sua falta, a que for judicialmente estipulada.
Parágrafo único. O locatário ficará dispensado da multa se a devolução do imóvel decorrer de
transferência, pelo seu empregador, privado ou público, para prestar serviços em localidades
diversas daquela do início do contrato, e se notificar, por escrito, o locador com prazo de, no
mínimo, trinta dias de antecedência.”
Jurisprudência (art. 413, do CC):
Tribunal Regional do Trabalho - TRT23ªR.
“CLÁUSULA PENAL - REDUÇÃO DE VALOR QUANDO FOR MANIFESTAMENTE EXCESSIVO
- ATO JUDICIAL VÁLIDO - APLICAÇÃO DO DISPOSTO NA PARTE FINAL DO ARTIGO 413
DO CÓDIGO CIVIL
Cláusula penal. Redução de valor quando for manifestamente excessivo. Ato judicial válido.
Aplicação do disposto na parte final do artigo 413 do Código Civil. O Código Civil de 2002, ao
consagrar o princípio da humanização do direito previsto na Constituição da República Federativa
do Brasil em vigor, conferiu ao magistrado o poder moderador na aplicação das sanções resultantes
do inadimplemento de cláusulas contratuais, permitindo-lhe extirpar as leoninas e amenizar aquelas
consideradas excessivamente onerosas, para que assim se possa atingir o propósito de conferir aos
contratos a estrutura e a finalidade social. Na esteira desse novo perfil, o Código Civil em vigor
concedeu ao magistrado o poder discricionário - que deve ser exercido com bom senso - de reduzir
o montante da cláusula penal, se este for manifestamente excessivo, como se lê na parte final de seu
artigo 413. Assim, tendo as partes fixado a cláusula penal de 100% (cem por cento) sobre o valor da
obrigação principal em caso de inadimplemento, sem convencionar que a obrigação principal
deveria ser paga em dinheiro, e tendo a empresa reclamada cumprido com o atraso de apenas 01
(um) dia, efetuando o pagamento direto à procuradora do reclamante, é razoável reduzi-la para 10%
(dez por cento) do valor da obrigação principal, porque assim autoriza o dispositivo de lei invocado,
recomenda o bom senso e atende ao princípio constitucional da proporcionalidade.
Ag. de Pet. nº 191.2003.002.23.00-8 - Relator: JUIZ EDSON BUENO; Revisor: JUIZ BRUNO
WEILER”
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul - TJRS
“LOCAÇÃO - Ação de cobrança - Multa compensatória - Denúncia antecipada do contrato de
locação pelo locatário.
Cláusula penal compensatória que deve atender a proporcionalidade prevista no artigo 924 do
Código Civil /1916 atual artigo 413 no Novo Código Civil/2003, regra a qual o art. 4º da Lei nº
8.245/91 faz menção expressa. Redução do valor da multa contratada.
Apelo provido em parte.
(TJRS - Ap. Cív. n° 70004991451 - Pelotas - 16ª Câm. Cível - Rel. Desª. Genacéia da Silva
Alberton - j. 26.03.2003 - v.u).”
2 - MORA (art. 394 ao 401, do CC)
Quando a obrigação não for cumprida em tempo, lugar e forma convencionados e não mais poderá
ser, estamos diante de um inadimplemento absoluto. Porém, se o cumprimento da obrigação
ainda for útil ao credor, o devedor estará em mora e, assim, tratar-se á de um inadimplemento
relativo. Logo, baseando-se na utilidade é possível fazer a distinção entre inadimplemento
absoluto e relativo.
Mora do devedor: é o retardamento culposo no cumprimento da obrigação.
Mora do credor: é o retardamento no cumprimento da obrigação, não havendo necessidade de
culpa.
Na mora do devedor a culpa é essencial. Já a mora do credor é o simples fato ou ato, independente
de culpa.
O simples retardamento no cumprimento da obrigação não tipifica mora do devedor, há que existir
culpa, assim escusa-se o devedor da mora se provar o caso fortuito e a força maior.
O art. 396, do CC designa a necessidade de culpa por parte do devedor. 
O art. 397, do CC, trata da mora nas prestações das obrigações por prazo indeterminado, havendo
assim a necessidade de interpelação judicial, notificação ou protesto, para que haja a mora.
Assim, para que o ônus da mora seja exigível, há de existir a constituição em mora do sujeito. O
decurso do prazo no cumprimento das obrigações, quando esta for de prazo indeterminado, deve o
credor tomar a iniciativa de constituir o devedor em mora. Sendo a citação o meio para tal
constituição.
O art. 390, do CC: “Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em
que executou o ato de que se devia abster.” Trata do inadimplemento do devedor de obrigação
negativa, que ocorre desde o dia em que praticou o ato que deveria abster-se.
DESCUMPRIMENTO
A mora constitui o inadimplemento parcial da obrigação, se há mora é porque a obrigação ainda
pode ser cumprida (descumprimento relativo). No entanto, quando não há mais possibilidade no
cumprimento da obrigação, o que poderá ocorrer por várias razões, a obrigação estará descumprida
(descumprimento absoluto).
Cabe dizer que não é apenas o descumprimento que caracteriza a frustração da obrigação, o
contrato, por exemplo, pode deixar de ser cumprido pela prescrição ou pela decadência, pelo não
implemento da condição.
O art. 389, do CC, trata das implicações em perdas e danos por parte do devedor que não cumprir a
obrigação, e ainda, da atualização monetária e honorários advocatícios, obviamente, para que haja
tal indenização é essencial a culpa por parte do devedor, bem como não responde este pelos
prejuízos resultantes do caso fortuito e força maior, conforme disposto no art. 393, do CC.
Art. 389: Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.
Art. 393: O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não
era possível evitar ou impedir.
CULPA
A responsabilidade contratual funda-se na culpa assim, não há dever de indenizar se não houver
culpa.
O art. 392, do CC, faz distinção entre dolo e culpa.
Art. 392 - Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato
aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das
partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei. 
Assim, no contrato a culpa se caracterizapela transgressão da avença, pelo descumprimento ou
inadimplemento e só se livrará o devedor, do dever de indenizar, se este provar que a transgressão
ocorreu por fato alheio a sua vontade.
Entende-se por contrato benéfico aquele que produz vantagem apenas em prol de uma das partes,
enquanto que os contratos onerosos são os que apresentam vantagens para ambos os pólos
contratantes.
Comentário ao art. 392, do CC:
No caso de contratos benéficos, a parte favorecida responderá pelas perdas e danos causados
sempre que agir com culpa. Ao passo que o contraente a quem não favoreça o contrato, haverá
responsabilidade por inexecução somente se agir com dolo.
EDUARDO MELO DE MESQUITA dispõe: "Os contratos unilaterais (benéficos) são aqueles em
que há obrigação para apenas um dos contratantes, como, por exemplo, o comodato, empréstimo
gratuito de bem infungível (insubstituível), mediante o qual um só dos contratantes se beneficia, vez
que utiliza o bem sem qualquer contraprestação. Na dicção da norma que ora se comenta, o
comodatário poderá ser responsabilizado se deixar de cumprir a obrigação de conservar a coisa
negligentemente ou se propositadamente a estragar (artigo 582). Todavia, o comodante apenas
responderá por dolo, como, por exemplo, se deliberadamente descumprir o contrato de
empréstimo, impedindo a entrada do comodante, mas não responderá em razão de deficiente
conservação do bem que impeça o uso superveniente". (Comentários ao Código Civil Brasileiro -
Volume IV. 1ª ed. Castro Filho, Marcus Vinícius dos Santos Andrade, Eduardo Melo de Mesquita e
Luiz Antonio Scavone Junior Biblioteca Forense Digital 2.0. 2006. Pág. 181).
Nos contratos onerosos, como ambas as partes tiram proveito e assumem ônus, responderá
qualquer dos contraentes sempre que causar prejuízo de forma culposa. Isso não só se verifica
quando a lei expressamente dispuser nesse sentido.
Oportuna a observação de FABRÍCIO ZAMPROGNA MATIELLO: "Dentro do ordenamento cível é
rara a menção direta à diferença entre dolo e culpa, eis que a primeira definição provém da seara
penal. Mas, tendo em vista que o legislador faz referência ao dolo como diferencial anímico no que
diz respeito às conseqüências da inexecução das obrigações em contratos benéficos, é conveniente
fazer breve referência a esse aspecto. Dolo é a vontade deliberada de alcançar determinado
resultado (modalidade direta), ou então a assunção do risco de vê-lo concretizado (modalidade
eventual). Por outro lado, culpa é atitude negligente, imprudente ou imperita que leva ao resultado
lesivo, sem que o agente assim deseje ou assuma o risco de consumá-lo. Exemplo: quem joga uma
pedra contra certa vidraça age com dolo direto; quem dispara arma em local público assume o
risco de acertar alguém, atuando com dolo eventual; quem atravessa cruzamento sem prestar a
devida atenção porta-se com culpa". (Código Civil Comentado - Fabrício Zamprogna Matiello. 3ª
ed. Pág. 61).
A prova da culpa
O credor só deve provar o descumprimento da obrigação, ele não está obrigado a provar a culpa do
devedor. A prova é objetiva, pois ele tinha de receber e não recebeu, no tempo, lugar e modo
devido. Cabe ao devedor provar que seu descumprimento contratual/obrigacional não causou dano
ao credor, ou que não agiu com culpa, ou seja, se seu inadimplemento ocorreu em virtude de caso
fortuito ou força maior ele não é obrigado a responder pelos prejuízos decorrentes do seu
inadimplemento. Cabendo dizer, também, que o devedor deve provar que o evento surpreendente
não poderia ter sido previsto ou evitado, conforme dispõe o art. 393, do CC.
Art. 393 - O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não
era possível evitar ou impedir.
Caso fortuito – situação que decorre de fato alheio à vontade da parte, porém proveniente de ação
humana, assim como greves, incêndios criminosos...
Força maior – fato que resulta de situações independentes da vontade humana (ato de deus, força
da natureza), assim como tempestades, ciclones, neve...
Assim, o caso fortuito e a força maior são excludentes de culpa do agente, logo não há que se falar
em indenização.
Indenização: dano material e dano moral.
Dano material ou patrimonial. Havendo inadimplemento parcial ou total da obrigação surge o
dever de indenizar. Assim, indenizar é reparar o dano.
Tanto na responsabilidade contratual, como na extracontratual, para que haja o direito a indenização
é preciso que ocorra um prejuízo, um dano, uma perda, uma diminuição no patrimônio e estes
prejuízos devem decorrer da culpa do devedor. Há de existir um nexo causal, ou seja, é preciso que
o prejuízo decorra da conduta do agente (devedor), ele deve contribuir para que ocorra o prejuízo.
O nosso diploma legal trata a matéria nos art. 402, 403 (lucros cessantes), 404 (correção monetária,
juros, custas, honorários advocatícios sem prejuízo da pena convencional) e o 405 (que trata da
contagem do prazo).
Art. 402 - Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor
abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Art. 403 - Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os
prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto
na lei processual.
Art. 404 - As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros,
custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena
convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.
Art. 405 - Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.
Dano moral
Geralmente o descumprimento de um contrato/obrigação não leva a um dano moral. O dano moral é
um prejuízo que não afeta o patrimônio econômico, mas sim que afeta a mente, o emocional, a
reputação da vítima. O atual código, em seu art. 186 admitiu a indenização exclusivamente moral.
Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Trata-se de lesão que atinge valores físicos e emocionais da pessoa e que trazem amargura,
angustia, privação do bem-estar, padecimento, perturbação da paz. No dano moral não há reparação
do prejuízo, mas sim uma compensação pelo que sofreu e, a condenação tem caráter pedagógico
para o agente.
EFEITOS DA OBRIGAÇÃO
EXECUÇÃO VOLUNTÁRIA: é o cumprimento, por parte do devedor, da prestação devida,
espontaneamente; e, assim, por sua vontade, sem qualquer imposição, é cumprido o contrato.
PAGAMENTO CC ART. 304 A 307
Pagamento significa execução da obrigação, ou sua extinção, operada pelo cumprimento da
prestação que forma seu objeto.
Pagamento significa sempre o cumprimento ou satisfação daquilo que se deve e que forma o objeto
da obrigação, não importando a natureza da prestação a que se está obrigado, podendo ser entrega
de moeda ou dinheiro, prestação de serviço, ou restituição de coisa.
Paga-se, na compra e venda, quando se entrega a coisa vendida, na obrigação de dar;
Paga-se, na prestação de um serviço, quando se termina uma obra ou atividade encomendada, na
obrigação de fazer;
Paga-se, quando o devedor se abstém de praticar o fato ou ato a que se comprometeu
negativamente, por determinado tempo, na obrigação de não fazer.
Nos contratos bilaterais, onde há obrigações recíprocas, há pagamento para ambas as partes, como,
por exemplo, na compra e venda, onde o comprador deve pagar “dinheiro” e o vendedor deve pagara “coisa”, entregando-a ao comprador.
Quando a obrigação se extingue com intervenção judicial, a forma de extinção será anormal, ou
seja, o pagamento não resultou da vontade do devedor, resultou de força judicial.
Há, também, formas especiais de pagamento, tratadas especificamente pela legislação, como é o
caso da consignação em pagamento, da dação em pagamento, etc., que se verá adiante, cada uma
delas especificamente.
Adimplemento, significa o mesmo que cumprimento da obrigação, ou seja, devedor inadimplente
é o que deixou de cumprir a obrigação no tempo, na forma e no lugar devidos.
A efetivação do pagamento deve ser causal, ou seja, deve ter relação com a obrigação contratada,
desviando-se da obrigação o pagamento estará malfeito, ou descumprirá a obrigação, pura e
simplesmente, total ou parcialmente.
LUGAR DO PAGAMENTO
Dívida quérable (do francês que quer dizer requerível): é aquela pagável no domicilio do devedor.
Dívida portable (do francês, que quer dizer transladável ou transportável): é aquela pagável no
domicilio do credor.
Quando, no contrato, o local do pagamento é omisso, este, será o do domicilio do devedor, essa é a
regra geral do art. 327. Cabendo ao credor procurar o devedor para a cobrança.
O local para pagamento da dívida pode ser convencionado entre as partes, e sempre será o acordo
das partes que prevalecerá, de acordo com o art. 78 do CC.
Havendo dois ou mais lugares para pagamento, cabe ao credor a escolha do lugar, devendo, o
mesmo, informar ao devedor a sua escolha em tempo hábil para que este possa efetuar o pagamento.
Pode surgir problema quando o devedor muda de domicilio, pois o credor não tem amparo legal
neste caso, pois a lei é omissa, assim, o mais lógico é o credor optar por manter o mesmo local
originalmente fixado, caso isso não possa ser mantido e o pagamento tiver de ser feito em outro
local, no novo domicilio do devedor, este, arcará com as despesas acarretadas pelo credor.
O art. 328, do CC, trata especificamente de pagamento que consiste em tradição de imóvel ou de
prestações relativas a imóvel, em que o lugar do pagamento será onde estiver situado o bem.
O art. 329, do CC, ratifica o ditado pelo qual nada se pode fazer diante de uma impossibilidade,
desde que comprovada. Assim, o devedor, poderá efetuar o pagamento em outro local, porém o
mais cômodo possível para o credor.
Em caso de o credor ter prejuízos a serem ressarcidos em virtude de o pagamento ocorrer em local
diverso do contratado ou do domicilio do devedor, é matéria que deve ser examinada diante do caso
concreto, tendo em vista que, em via de regra, o caso fortuito e a força maior não autorizam
indenização.
O teor do art. 330, do CC, que diz: “O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir
renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.” Neste caso a presunção é relativa, pois
mesmo que reiterado pelo credor, o pagamento feito em local diverso do contratado, é realizado por
mera liberalidade, sem prejuízo de o credor exigi-lo no local determinado.
DO TEMPO DO PAGAMENTO
A época ou a data, determinada para pagamento ou cumprimento da obrigação, é extremamente
importante para estabelecer o inadimplemento ou não do devedor.
Quando existe uma data para pagamento, o simples advento (acontecimento, chegada, começo)
dessa data já constitui em mora o devedor, conforme art. 397, do CC.
Obrigações puras: quando não há estipulação de prazo para pagamento, tanto pelas partes quanto
pela lei, assim a prestação pode ser exigida a qualquer momento.
Obrigações a termo: são aquelas que tem um prazo fixado.
O art. 331, do CC diz: “Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o
pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.” Em relação a este art. deve-se observar que há
obrigações que não podem ser exigidas de plano, por sua própria natureza, como o caso da locação,
do empréstimo.
Existindo prazo, o credor só pode exigir o adimplemento da obrigação quando do seu advento, ou
seja, na data do vencimento.
Embora o prazo seja em proveito do devedor, nada o impede de realizar o cumprimento da
obrigação antecipadamente, pois ela é cumprível, pelo devedor, desde a sua constituição.
Se a obrigação constituir em obrigações periódicas, neste caso cada pagamento deve ser examinado
um a um, assim, cada prestação periódica deve ser analisada isoladamente.
Diante da possibilidade do cumprimento da obrigação antecipadamente, salvo os casos em que é
vedada a antecipação, não quer dizer que a mesma, possa ser cumprida além do prazo marcado, ou
seja, se for útil para o credor, o cumprimento da obrigação em atraso pode ser aceita, porém, com os
encargos de mora.
Obs.: 1- se por um lado o devedor pode antecipar o cumprimento da obrigação, inclusive com
medida judicial, não é possível pedir dilação de prazo ao juiz, ressalvando-se as situações de caso
fortuito e força maior.
 
Obs.: 2- Os fatos jurídicos extraordinários caracterizam-se pela sua eventualidade, não acontecendo
necessariamente no dia a dia. Também não são provenientes da vontade humana, podendo, porém,
apresentar a intervenção do homem em sua formação. São eles: caso fortuito ou força maior e
factum principis.
Caso fortuito ou força maior são fatos capazes de modificar os efeitos de relações jurídicas já
existentes, como também de criar novas relações de direito. São eventualidades que, quando
ocorrem, podem escusar o sujeito passivo de uma relação jurídica pelo não cumprimento da
obrigação estipulada. É o caso, por ex., de uma tempestade que provoque o desabamento de uma
ponte por onde deveria passar um carregamento confiado a uma transportadora. Diante de tal
situação e da impossibilidade da continuação do itinerário, a transportadora livra-se da
responsabilidade pela entrega atrasada do material. Porém, para que determinado caso fortuito ou
força maior possa excluir a obrigação estipulada em um contrato, é necessária a observação de
certas circunstâncias, tais como a inevitabilidade do acontecimento e a ausência de culpa das partes
envolvidas na relação afetada. Caso não haja a presença de qualquer destes requisitos, não pode
haver caso fortuito ou força maior que justifiquem o descumprimento contratual.
Já o "factum principis" é aquele fato também capaz de alterar relações jurídicas já constituídas,
porém, através da presença da intervenção do Estado e não da ação da natureza ou de qualquer
eventualidade. Tal situação se configura quando o Estado, por motivos diversos e de interesse
público, interfere numa relação jurídica privada, alterando seus efeitos e, por vezes, até assumindo
obrigações que antes competiam a um ou mais particulares. Por exemplo, o Estado pretende
construir uma estrada que cortará o espaço físico de determinada indústria, provocando sua
desapropriação e a consequente extinção do estabelecimento industrial, mediante, obviamente,
indenização. Porém, não só a indústria será extinta como também os demais contratos de trabalho
dos empregados do local. Diante de tal situação, a autoridade pública obriga-se a assumir as devidas
indenizações trabalhistas, conforme disposto no artigo 486 da CLT.
O credor não pode exigir o pagamento antes do vencimento, sob pena de ficar obrigado a esperar o
tempo que faltava para o vencimento.
Já o devedor que antecipa o pagamento antes do vencimento, o faz por sua conta e risco, assim
sendo, não pode perquirir (buscar) vantagem em virtude da antecipação, assim como redução de
juros ou taxas, a não ser o que tenha sido previamente convencionado.
Quando a obrigação não tem termo (marco, data, vencimento) certo, o credor pode interpelar o
devedor para que se cumpra a obrigação num prazo razoável, que poderá ser fixado pelo juiz. Vide
art. 397, do CC.
PROVA DO PAGAMENTO
Prova é a demonstração material de um fato, ato ou negócio jurídico.
Quem paga tem direito a se munir de prova desse pagamento,que é a quitação.
REQUISITOS DO RECIBO:
Artigos 319 e 320, do CC.
O recibo é o instrumento da quitação. Ele é a prova cabal de pagamento, pois em juízo não se
aceitará prova exclusivamente testemunhal para provar pagamento, nos casos em que o valor
exceder ao teto legal, conforme art. 227, do CC.
No entanto, no estatuto processual civil, admite a prova testemunhal, conforme determinam os art.
401 e 402, do CPC, a saber:
“Art. 401 - A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não exceda o
décuplo (dez vezes mais) do maior salário-mínimo vigente no país, ao tempo em que forem
celebrados.
OBS:
1. Existem exceções em que se admite prova exclusivamente testemunhal qualquer que seja o valor
do contrato, tais como nos contratos de prestação de serviços, corretagem, arrendamento e parceria
rural, ou nos casos previsto no artigo 402 que igualmente abre exceções à presente norma.
Art. 402 - Qualquer que seja o valor do contrato, é admissível a prova testemunhal, quando:
I - houver começo de prova por escrito, reputando-se tal o documento emanado da parte contra
quem se pretende utilizar o documento como prova;
II - o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da obrigação,
em casos como o de parentesco, depósito necessário ou hospedagem em hotel.”
OBS:
1. Esta norma deve ser entendida em consonância com o artigo 401 do Código de Processo Civil,
visto ser exceção aquela norma.
2. O começo de prova escrita não se traduz em um documento com respeito às formalidades legais,
pouco importando a sua forma, ou que seja datado e assinado pela parte a que se opõe, apenas
exige-se que seja caracterizado sob a forma de um escrito.
3. Outra possibilidade da prova testemunhal ser efetuada nos contratos que ultrapassam o valor
previsto no artigo anterior é a impossibilidade de obtenção de prova escrita em razão de ordem
moral ou material. Razões de ordem moral são as relacionadas a casos de parentesco como por
exemplo pais e filhos, ou profissionais tais como médicos e clientes, etc, Razões de ordem material
quando se verifica a impossibilidade de produzir-se o escrito por ter este sido perdido em razão de
caso fortuito, ou de força maior.
Recibo é o documento idôneo para comprovar nas obrigações de dar e de fazer; nas obrigações de
não fazer o ônus da prova é do credor, que deve evidenciar se foi praticado o ato ou não.
A quitação, contendo os requisitos do art. 320, do CC, não necessita ter a mesma forma do contrato,
ou seja, um escrito particular, pode, por exemplo, valer como quitação para uma obrigação
contraída por instrumento público, conforme a primeira parte do art. 320, do CC, porém nada
impede que seja dada por instrumento público.
A quitação, também, poderá ser parcial, logo, se nenhuma ressalva for feita no instrumento,
entende-se que a quitação se refere a todo débito.
É direito do devedor receber do credor o instrumento de quitação, uma vez que este, o credor, tenha
recebido o pagamento.
No art. 44, I, da Lei 8.245 (Lei do Inquilinato), constitui crime a recusa do fornecimento do recibo
de aluguel nas habitações coletivas multifamiliares.
Conforme o art. 319, do CC:
“Art. 319 - O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto
não lhe seja dada.”
OBS:
1. Jornada de Direito Civil - Brasília, setembro de 2002 - Proposição sobre o art. 319:
Presidente: ministro Paulo Távora, Relatores: professores Claudia Lima Marques e Wanderlei de
Paula Barreto. Autor: Judith Martins-Costa (professora adjunta na Faculdade de Direito da UFRGS)
Enunciado: a "quitação regular", referida no artigo 319 do novo Código Civil, engloba a quitação
dada por meios eletrônicos ou por quaisquer formas de "comunicação à distância", assim entendida
aquela que permite ajustar negócios jurídicos e praticar atos jurídicos sem a presença física corpórea
simultânea das partes ou de seus representantes. Resultado da votação: aprovado (unanimidade)
(Tribuna da Magistratura, Caderno Especial Jurídico, setembro de 2002).
Significa, que se o credor se recusar a dar quitação ou não a der na devida forma, pode o devedor
aciona-lo, e assim a sentença valerá como quitação. Trata-se de ação para obrigar o réu e uma
manifestação de vontade. A sentença substituirá essa vontade renitente (vontade inconformada,
obstinada).
Existem, ainda, débitos literais, ou seja, representados por um título, assim diz o art. 321, do CC.
A posse do título pelo credor é presunção de que o título não foi pago, daí a necessidade de
declaração. A partir do art. 322, até o art. 326 o CC passa a tratar de presunções de pagamento. São
presunções relativas, as quais, admitem prova em contrário.
O mais lógico é entender que o credor não receberia a ultima prestação, se a anterior não tivesse
sido paga. No entanto, admite-se prova em contrário. Como pro exemplo, as prestações mensais dos
serviços públicos essenciais (água, luz, telefone) é costume inserir na conta a declaração de que a
quitação da ultima conta não quita eventuais débitos anteriores
O art. 324, do CC diz que a entrega do titulo ao devedor firma presunção de pagamento, esta
presunção é relativa, pois o titulo pode ter sido obtido com violência, ou por engano. Assim, o §
único do art. 324, reza que esta quitação ficará sem efeito, se o credor provar, em 60 dias, a falta do
pagamento.
As despesas com o pagamento e a quitação correm por conta do devedor, salvo estipulação em
contrario, art. 325, do CC.
De acordo com o art. 326, do CC: “Art. 326 - Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou
peso, entender-se-á, no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução”.
Significa que. Por exemplo, se as partes pactuarem pagamento de terra em alqueires no estado de
Goiás, entende-se que a medida é a daquela região, caso não exista ressalva expressa.
DOS EFEITOS DA OBRIGAÇÃO – FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO.
1 - PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO - do art. 334 ao 345, do CC.
Pode o devedor efetuar o pagamento em consignação nos casos em que o credor: não tomar a
iniciativa de receber, pretender receber de forma diferente do contratado, ou quando não for
conhecido o seu paradeiro. Assim o devedor possui um meio coativo de extinguir sua
obrigação. Em regra, trata-se de um deposito judicial de uma coisa (objeto da obrigação).
Assim, a decisão judicial é que vai dizer se o pagamento feito desse modo em juízo terá o
condão (capacidade) de extinguir a obrigação.
O objeto da consignação sempre é o pagamento, mas pode servir, também, para declarar alguma
situação de fato, como por exemplo, uma pessoa que deseja pagar alugueis, ele usa da consignação
em pagamento para efetivar o pagamento, tendo em vista que o credor se recusa a receber, com o
intuito de não caracterizar a relação locatícia. No momento em que a consignação é considerada
procedente, se reconhece a existência de uma locação, muito embora o objetivo principal tenha sido
o de se extinguir uma obrigação.
Assim, vemos que a consignação é uma faculdade a disposição do devedor, não tendo ele a
obrigação de consignar, pois, na verdade, a sua obrigação é de cumprir o contratado. A consignação
é apenas uma forma de cumprimento colocada a sua disposição, onde na maioria das vezes
utilizada por razões de ordem prática e de conveniência que instam (levam) o devedor a mover ação
de consignação em pagamento.
Exemplo: quando o locador procura frustrar o pagamento na intenção de propiciar fundamento para
propositura de ação de despejo, neste caso, deve, o locatário, consignar para que não configure em
mora. Assim a consignação é considerada uma forma de pagamento, extinguindo a obrigação.
2 - PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO - do art. 346 ao 351, do CC.
O termo sub-rogação significa substituição.
A sub-rogação não extingue a obrigação, ela substitui o sujeito da obrigação.
Quando uma coisa de um patrimônio é substituída por outra, temos a sub-rogação real.
Exemplo:sub-rogação de bens de um testamento.
Assim, no pagamento com sub-rogação, um terceiro, e não o primeiro devedor, efetua o pagamento,
esse terceiro “substitui” o credor originário da obrigação de forma que passa a dispor de todos os
direitos, ações e garantias que tinha o primeiro.
Portanto, quando alguém paga o débito de outro, fica com o direito de reclamar do verdadeiro
devedor o que foi pago e que esse crédito goze das mesmas garantias originárias, não havendo
prejuízo algum para o devedor, que em vez de pagar o que deve a um, deve pagar o devido a outro.
O fato é que, na sub-rogação, a dívida conserva-se, não se extinguindo. Exemplo, quando um
devedor pressionado por credor mais poderoso tenha sua dívida paga por outro, que passa a ser seu
credor, de forma mais acessível e com melhores condições de pagamento. Um dos efeitos mais
significativos do instituto da fiança é que, paga a dívida principal pelo fiador, sub-roga-se este nos
direitos do credor contra o afiançado (CC, artigo 831).
A este respeito, considerando o benefício da sub-rogação como o principal daqueles efeitos
decorrentes da relação interna, escreveu ORLANDO GOMES:
"Se o fiador paga a dívida, sub-roga-se nos direitos do credor. Passa a ser credor do afiançado,
investindo-se nos mesmos direitos do credor da obrigação principal, por ele cumprida. Há
portanto, simples substituição de credor.
Ao fiador que paga asseguram-se as seguintes pretensões contra o devedor:
a) obter o ressarcimento de todas as perdas e danos resultantes do pagamento;
b) ser indenizado dos prejuízos sofridos em razão da fiança;
c) ser reembolsado dos juros correspondentes ao capital que desembolsou para pagar a dívida.
Assistem-lhe os seguintes direitos.
a) promover andamento da execução iniciada contra o devedor pelo credor, se este, sem Justa
causa, a retardar;
b) exigir que o devedor satisfaça a obrigação, ainda antes de haver pago;
c) exigir que o devedor o exonere da fiança, desde que tenha decorrido o prazo dentro do qual se
obrigou a libertá-lo." ("Contratos", FORENSE, 9ª ed., p. 496).
Lei 8.245/91
“Art. 12 - Em casos de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da sociedade
concubinária, a locação prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou companheiro que
permanecer no imóvel.
Parágrafo único. Nas hipóteses previstas neste artigo, a sub-rogação será comunicada por escrito
ao locador, o qual terá o direito de exigir, no prazo de trinta dias, a substituição do fiador ou o
oferecimento de qualquer das garantias previstas nesta lei.”
Jurisprudência:
“Segundo Tribunal de Alçada Civil - 2ºTACivSP
LOCAÇÃO - Sub-rogação - Concubinato - Lei nº 8.245/91, artigo 12 e seu parágrafo único.
Sendo incontroverso o término da sociedade de fato, a sub-rogação da companheira na posição do
ex- concubino locatário opera-se automaticamente.
A comunicação ao locador é obrigação da sub-rogada. Por isso, a ação de despejo por falta de
pagamento e infração contratual deve ser ajuizada contra ela. (2ºTACivSP - AI nº 465.986 - São
Miguel Paulista - Rel. Juiz Laerte Sampaio - J. 03.07.96).”
Sub-rogação legal - São as inseridas nos incisos do art. 346, do CC.
No inciso I, a situação pressupõe a existência de mais de um credor do mesmo devedor, assim é
possível que um credor tenha interesse em afastar outro que tenha prioridade no credito, preferindo
ficar sozinho na posição de credor.
A hipótese do inciso II é mais difícil ocorrer, porém, mesmo hipotecado o imóvel pode ser alienado.
No inciso III, é a hipótese mais comum e útil na pratica, por exemplo o fiador que paga a dívida do
afiançado e sub-roga-se nos direitos do credor. Da mesma forma é o que ocorre quando um dos
devedores solidários paga por toda a dívida.
É preciso que fique bem claro que neste caso só ocorre sub-rogação se for terceiro interessado, se o
pagamento for realizado por terceiro não interessado, ele não se sub-roga nos direitos do credor,
conforme art. 305, do CC, assim ele, o terceiro interessado que paga dívida, só terá o direito ao
reembolso, para se evitar o enriquecimento sem causa.
Em todos esses casos, a obrigação continua a existir para o devedor, porém com substituição do
credor.
Sub-rogação convencional – art. 347, do CC.
O art. 347, do CC admite duas formas de sub-rogação convencional, que são as descritas nos incisos
I e II., nestas hipóteses há acordo de vontades entre credor e o terceiro. Na primeira hipótese
ocorre iniciativa do credor, que recebe a importância de terceiro, o fato pode acontecer com ou
sem conhecimento do devedor. Já na segunda hipótese, há iniciativa do devedor, que consegue
alguém que lhe empreste a importância para pagar a dívida, e passa a dever a este, com todos os
direitos originais do primeiro credor.
Esta segunda hipótese é muito comum nos financiamentos dos bancos ditos sociais, as Caixas
Econômicas, por exemplo, que costumam liquidar os débitos de devedores com instituições
bancarias privadas, fornecendo financiamentos em condições mais favoráveis.
Efeitos da sub-rogação – art. 349, 350 e 351, do CC
Encontramos nos art. 349, 350 e 351, do CC, sendo que no art. 349 encontramos a essência do
instituto e diz respeito tanto a sub-rogação legal, quanto a convencional, o art. 350 fala da sub-
rogação legal e o 351, do pagamento parcial ao credor originário.
3 - IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO - do art. 352 ao 355, do CC.
Conceito:
Ato pelo qual o devedor de várias obrigações da mesma natureza a um mesmo credor indica,
no momento do pagamento, qual delas está cumprindo.
É forma de se quitar um ou mais débitos, quando há vários, do mesmo devedor, em relação ao
mesmo credor, desde que sejam todas da mesma natureza, liquidas e vencidas.
Exemplo: Um devedor que contraiu várias obrigações com o mesmo credor, deve parcela vencida
de um empréstimo; deve aluguel referente a locação mensal de um imóvel e deve valor
representado por uma nota promissória, supondo que cada dívida vencida seja no valor de
R$1.000,00 e, que o devedor remete ao credor (por meio de depósito bancário, por exemplo) a
importância de R$1.000,00. Considerando-se que o devedor não especificou, qual das três
obrigações ele adimpliu com o envio do s R$1.000,00? A resposta implicará saber a qual obrigação
estará o devedor atribuindo o seu numerário, imputando seu pagamento.
Hoje em dia, com a modernidade e com a velocidade com o qual as coisas acontecem, é muito
comum, por exemplo, que um correntista de um banco, autorize vários débitos em sua conta
corrente para cumprimento de várias obrigações, ou seja, pagamento por meio de débito automático.
Ocorre que, se o correntista não tiver saldo disponível em sua conta corrente suficiente parta os
débitos que vençam na mesma data, por exemplo, devem ser aplicados os princípios da imputação
de pagamento, ou seja, é preciso seja determinado qual pagamento será feito com aquele
determinado saldo.
A preferência na escolha da dívida a ser adimplida (paga, cumprida) é do devedor. O art. 352,
do CC, é claro a esse respeito: cabe a pessoa obrigada fazer a imputação. Se for cabal (decisiva) a
escolha pelo devedor, não pode ser recusada pelo credor. Se o devedor se mantiver silente
(silencioso) e não se manifestar oportunamente, a Lei dá os parâmetros para fixar qual dos
débitos foi pago, conforme o art. 355, do CC e neste caso será imputação legal.
Requisitos:
No art. 352, do CC.
1- Só ocorrerá imputação de pagamento se houver pluralidade de débitos, ou seja, mais de um
débito, porém independentes entre si. Não se constituem débitos diversos, por exemplo, os
pagamentos mensais da mesma obrigação, contraída para pagamentos a prazo
2- Para a imputação devem concorrer também as pessoas de um só credor e um só devedor,
em outras palavras, uma parte ativa e uma parte passiva da obrigação. Este é o requisito
fundamental.
3- Os débitos devem ser da mesma natureza, ou seja, deveexistir compatibilidade no objeto do
pagamento. Pagamentos de dívidas em dinheiro são sempre compatíveis, não são compatíveis
obrigações de dar com obrigações de fazer e não fazer. Exemplo, se um débito se refere a um
pagamento em dinheiro e outro a feitura de uma obra, não há compatibilidade.
4- As dívidas devem ser líquidas, ou seja, não dependerem de apuração judicial ou extrajudicial.
5- O pagamento pelo devedor deve ser suficiente para quitar ao menos uma das dívidas,
considerando-se que o credor não está obrigado a receber parcialmente. O pagamento pode ser
suficiente para uma (no mínimo) ou mais de uma dívida, porém, se a quantia for maior que a dívida
de menor valor e inferior a de maior valor, entende-se que o pagamento é o da dívida de menor
valor, cabendo dizer que o excedente não deverá necessariamente ser aceito pelo credor para
amortizar a dívida de maior valor, cujo pagamento não alcançou, pois, neste caso, se trataria de
pagamento parcial.
6- A dívida deve ser vencida, conforme o art. 352, do CC.
4 - DAÇÃO EM PAGAMENTO - do art. 356 ao art. 359, do CC.
Quando se substitui o objeto da prestação, com o consentimento do credor, ocorre dação em
pagamento.
Se o credor consentir, a obrigação pode ser resolvida substituindo-se seu objeto, então, dá-se algo
em pagamento, algo que não estava originariamente na obrigação.
Só pode ocorrer dação em pagamento com o consentimento do credor, pois ele não está obrigado a
receber nem mesmo coisa mais valiosa, vide art. 313, do CC: “O credor não é obrigado a receber
prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.”
O art. 356, do CC, fala da substituição da prestação, assim a dação em pagamento não se restringe a
substituição de dinheiro por coisa, basta que se substitua, quando do cumprimento da obrigação, o
objeto original dela, obviamente, com a anuência do credor. Então é possível substituir dinheiro por
coisa, em coisa por outra assim como de uma coisa por obrigação de fazer, por exemplo.
É importante salientar que, quando existe entrega de uma coisa, em substituição, há alienação, daí
por que sua analogia com a compra e venda, apurada no art. 357, do CC.
Requisitos:
1- obrigação previamente criada;
2- um acordo posterior, em que o credor concorda em aceitar coisa diversa;
3- a entrega da coisa diversa com a finalidade de extinguir a obrigação.
A finalidade da dação em pagamento, é extinguir a dívida. Assim, se a coisa for imóvel, serão
aplicadas todas as regras referentes às alienações de imóveis: escritura pública, outorga conjugal,
etc.
Não existe dação no pagamento de títulos de crédito, porque, no caso, haverá cessão de crédito,
conforme art. 358, do CC.
Na dação em pagamento, não há necessidade de equivalência de valor na substituição, basta a
intenção de se extinguir a dívida com a entrega.
Pode ocorrer dação parcial, onde apenas parte do conteúdo da obrigação foi substituída, neste caso,
porém, é necessário que seja determinado o valor que ficou em aberto, ou não foi substituído.
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
6 - NOVAÇÃO (art. 360 ao 367, do CC):
Art. 360 - Dá-se a novação:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor
quite com este.
Conceito: É a operação jurídica por meio da qual uma obrigação nova substitui a obrigação
originária.
Credor e devedor, ou apenas o credor, dão por extinta a obrigação e criam outra. A existência dessa
nova obrigação é condição de extinção da anterior.
Exemplo: Um fornecedor deveria entregar 1.000 pães a um mercado, na falta dos pães,
convencionaram as partes a entrega de 10 k de café. Extingue-se a obrigação representada pelos
pães e nasce a outra representada pelos 10 k de café.
Novação objetiva: ocorre quando há substituição do objeto da prestação. Está contida no art. 360, I,
do CC.
Novação subjetiva: ocorre quando há substituição das partes. Está definida nos incisos II e III, do
art. 360, do CC.
OBS.:
É importante observar que na novação não existe satisfação do crédito. Débito e crédito persistem,
porém sob as vestes de uma nova obrigação.
É meio extintivo porque a obrigação anterior desaparece.
Importante lembrar que não existe novação automática ou por força de lei, ela existe da vontade dos
interessados.
Alteração de prazo ou condição de pagamento não importam em novação.
Diferente da Dação em Pagamento, na Novação não se extingue a dívida, cria-se uma nova
obrigação; quando na Dação em Pagamento, se extingue a dívida com a entrega do outro objeto.
Requisitos da novação (art. 361, do CC):
Art. 361 - Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito, mas inequívoco, a segunda obrigação
confirma simplesmente a primeira.
Não se pode novar obrigações nulas ou extintas;
Obrigações anuláveis permitem novação enquanto não anuladas. Aquele que nova, sabendo que a
obrigação é anulável, está, de certa forma, ratificando-a.
Assim, validade é requisito para novação;
Novação não se presume, ela deve ser expressa, ainda que não sejam exigidas palavras
sacramentais;
Se a obrigação for inválida, nula ou anulável, renasce a antiga obrigação. Como a nossa lei é
omissa, entende-se aplicar o art. 359, do CC, usando o mesmo princípio da Dação em Pagamento.
Tribunal de Alçada Civil do Estado São Paulo - 2°TACivSP. NOVAÇÃO - Requisito - "Animus
novandi" - Inexistência - Inocorrência. A novação é forma indireta de extinção de uma obrigação
porque outra a substitui. Na novação objetiva é o objeto ou a causa da obrigação que se modifica,
isto é, do conteúdo ou da "causa debendi". Além disso, deve existir o "animus novandi" (artigo
1000, Código Civil 1916) que, no artigo 361 do Código Civil 2002, vem afirmando: não havendo
ânimo de novar, expresso ou tácito, mas inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a
primeira. (2°TACivSP -
Ap. s/ Rev. n° 660.122-00/5 - 11ª Câm. - Rel. Juiz artur Marques - J. 27.01.2003). (quanto a despejo
por falta de pagamento c/c cobrança).
Efeito:
Com a novação extingue-se a obrigação anterior, assim, paralisam-se os juros e a correção
monetária, cessa-se o estado de mora.
7 - COMPENSAÇÃO (art. 368 ao 380, do CC):
Art. 368 - Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas
obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
Conceito: Significa um acerto de débito e crédito entre duas pessoas que tem, ao mesmo tempo,
tem a condição recíproca de credor e devedor.
Em sentido mais usual (mais vulgar), compensação é uma conta de chagada. Assim os débitos se
extinguem até onde se compensam e com esse procedimento podem, ambos os créditos deixar de
existir, ou pode subsistir parcialmente um deles, caso não exista contrapeso do mesmo valor.
A compensação é forma indireta de extinção da obrigação, diferente do pagamento que é forma
direta de extinção de obrigação. Com a compensação facilita-se o adimplemento.
Requisitos:
Reciprocidade de créditos: a compensação só pode extinguir obrigações de uma das partes ante
(perante) a outra, não se incluindo obrigações de terceiros. Encontra-se no art. 371, do CC, onde
também abre exceção para o caso do fiador.
Art. 371 - O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o fiador pode
compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
Liquidez, certeza, exigibilidade e objeto fungível (art. 369, do CC).
Art. 369 - A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
Homogeneidade das prestações: coisas compensáveis são aquelas da mesma natureza. Ex.:
dinheiro se compensa com dinheiro (art. 370, do CC).
Art. 370 - Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas prestações, não se
compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada

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