Aula 10 - Prática Simulada V (ADPF)

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
PARTIDO BETA, partido político com representação no Congresso Nacional, Pessoa Jurídica de Direito Privado, inscrito no CNPJ XXX, com sede na rua XXX, nº XXX, Bairro XXX, Município de XXX, CEP XXX, com endereço eletrônico XXX, representado neste ato pelo Presidente do Diretório Nacional, XXX (nome do presidente), nacionalidade XXX, estado civil XXX, profissão XXX, portador do documento de identidade nº XXX, com inscrição no CPF sob o nº XXX, residente e domiciliado na rua XXX, nº XXX, Bairro XXX, Município de XXX, CEP XXX, com endereço eletrônico XXX, por seu advogado infra-assinado, com inscrição na OAB sob o nº XXX, com endereço profissional na rua XXX, nº XXX, sala XXX, bairro XXX, Município de XXX, CEP XXX, com endereço eletrônico XXX, endereço que indica para fins do art. 77, V, CPC/2015, vem perante Vossa Excelência, com fulcro Artigo 102, §1º, da CRFB c/c art. 3º, Lei nº 9882/99 propor a presente
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL C/C PEDIDO DE CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR
contra os arts. 11 e 12, da Lei Orgânica do Município Alfa, ato da Câmara dos Vereadores do referido município, com vigência anterior a promulgação da CRFB/1988, e indica como preceitos Constitucionais vulnerados o art. 1º, caput, CRFB (Princípio Republicano); art. 22, I, CRFB (violação à competência legislativa exclusiva da União), art. 5º, LIV, CRFB (Princípio do Devido Processo Legal); arts. 2º e 60, §4º, III, CRFB; art, 22, CRFB e art. 29, caput, e Inciso X, CRFB, que dispõem sobre os municípios e suas respectivas Leis Orgânicas, pelos motivos de fato e fundamentos a seguir expostos:
I – DA COMPETÊNCIA
 Na forma do art. 102, CRB/1988, é de competência originária do Supremo Tribunal Federal, o processamento e julgamento da ADPF, é certo que frente à violação de preceito fundamental a competência originária é do STF.
 E ainda no caso em tela a ADPF é o único remédio jurídico contra norma municipal e anterior à Constituição Federal de 1988, na forma do art. 1º, § único e art. 4º, § 1º, Lei 9882/1999. O ato impugnado são os arts. 11 e 12 da Lei Orgânica do Município Alfa.
II – DA LEGITIMIDADE
 O art. 103, VIII, CRFB/1988, elenca o partido político como legitimado ativo para propor a presente ação e ainda caracteriza o mesmo como legitimado extraordinário.
 Importante frisar que a legitimidade ativa do autor independe da pertinência temática. A legitimidade também está elencado na Lei 9882/1999, em seu art. 2º, I.
III – DO CABIMENTO
 No caso em tela, a ADPF é o único remédio jurídico contra norma municipal anterior à Constituição Federal de 1988.
 O ato impugnado são os arts. 11 e 12 da Lei Orgânica Municipal do Município Alfa. Informa que a já mencionada Lei Orgânica publicada em 30/05/1985, estabelece em art. 11, diversas condutas como crime de responsabilidade do prefeito do prefeito, entre elas o não atendimento, ainda que justificado, a pedido de informações da Câmara Municipal, inclusive com a previsão de afastamento imediato do prefeito, a partir da abertura do processo político.
 Informou, também, que a mesma Lei Orgânica em seu art. 12, contém previsão que define a competência de processamento e julgamento do prefeito pelo cometimento de crimes comuns perante Justiça Estadual de Primeira Instância. Portanto, como os artigos elencados na Lei Orgânica ferem a CRFB/1988 em seus preceitos fundamentais como o art. 2º, 22, I e 29, todos da CRFB/1988. 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
(...)
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
(...)
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
(...)
IV- DA FUNDAMENTAÇÃO
IV.1 – DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES
 É importante mencionar que o Estado Brasileiro é organizado de acordo com a Teoria da Tripartição dos Poderes. Elenca o art. 2º, CRFB:
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
 Frisa-se que nenhum dos Poderes pode agir em desacordo coma Carta Magna. O Poder Legislativo elabora as Leis, o Poder Executivo administra a soberania popular e o Poder Judiciário tem a função de julgar qualquer conflito existente no país.
 Os Três Poderes devem colaborar, HARMONICAMENTE, quando o Poder Legislativo municipal elabora uma Lei Orgânica legislando sobre material penal, por exemplo, está desrespeitando à Constituição Federal de 1988.
IV.2 – DA VIOLAÇÃO DO ART. 22, I, CRFB/1988 – DA SÚMULA 46 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
 Determina o art. 22, I, da Constituição Federal sobre a temática, cumpre colacionar:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
 Em continuidade sobre o assunto e melhor elucidação da temática, a Súmula Vinculante 46, STF, estabelece:
 A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.
​
 No caso em tela, a Lei Orgânica Municipal legisla sobre matéria de competência da União ao definir o que é crime e sua punição, e ainda as regras de competência, violando Legislação Penal e Processual. A CRFB/1988 garante aos prefeitos foro perante o Tribunal de Justiça em crimes comuns:
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:​
X -  julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;​
 Portanto, o julgamento do prefeito deverá ser pelo Tribunal de Justiça. A CRFB/1988 garante aos prefeitos foro perante o Tribunal de Justiça em crimes comuns.
DA DOUTRINA
Nesse sentido, nas lições do Excelentíssimo Ministro do Supremo Tribunal Federal, LUÍS ROBERTO BARROSO:
Embora a motivação imediata de quaisquer dos legitimados possa ser a eventual tutela de uma situação específica – agindo, portanto, como substituto processual do verdadeiro interessado – deverá ele demonstrar ser relevante a controvérsia constitucional em discussão. Será relevante a controvérsia quando seu deslinde tiver repercussão geral, que transcenda ao interesse das partes em litígio, seja pela existência de um número expressivo de processos análogos, seja pela gravidade ou fundamentalidade da tese em discussão, por seu alcance político, econômico, social ou ético. Por vezes, a reparação imediata de uma injustiça individual tem uma valia simbólica decisiva para impedir novas violações. Seja como for, na arguição incidental, mesmo que estejam em jogo direitos subjetivos, haverá de estar envolvida uma situação que afete o ordenamento constitucional de maneira objetiva.
DA JURISPRUDÊNCIA
ADFP 132 STF
EMENTA: 1. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF). PERDA PARCIAL DE OBJETO. RECEBIMENTO, NA PARTE REMANESCENTE, COMO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. UNIÃO HOMOAFETIVA E SEU RECONHECIMENTO COMO INSTITUTO JURÍDICO. CONVERGÊNCIA DE OBJETOS ENTRE AÇÕES DE NATUREZA ABSTRATA. JULGAMENTO CONJUNTO. Encampação dos fundamentos da ADPF nº 132-RJ pela ADI nº 4.277-DF, com a finalidade de conferir “interpretação conforme à Constituição” ao art. 1.723 do Código Civil. Atendimento das condições da ação.
V – DA TUTELA DEURGÊNCIA
 No caso em tela, encontram-se presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, para suspender o trâmite da representação por crime de responsabilidade oferecido em desfavor do prefeito, com fundamento no art. 5º, § 3º, Lei 9882/1999:
Art. 5o O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar na argüição de descumprimento de preceito fundamental.
(...)
§ 3o A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da argüição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada. (Vide ADIN 2.231-8, de 2000)
(...)
Portanto, encontram-se presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, para suspender o trâmite da representação por crime de responsabilidade oferecido em desfavor do prefeito
 
VI – DO PEDIDO
 Diante do exposto, requer:
A) seja concedida liminar para suspender o trâmite da representação por crime de responsabilidade oferecido em desfavor do prefeito;
B) notificação das autoridades e órgãos responsáveis pela violação ao preceito fundamental da CRFB/1988, para, querendo, manifestar-se, caso assim entenda;
C) a notificação, caso Vossa Excelência entenda pertinente, do Excelentíssimo Senhor Advogado-geral da União, para se manifestar sobre o mérito da presente ação, nos termos do art. 5º, § 2º, Lei 9882/1999;
D) a oitiva do Procurador Geral da República e do Ministério Público nos termos do art. 5º, § 2º e do art. 7º, § único, ambos da Lei 9882/1999;
E) seja julgado procedente pedido para declarar a incompatibilidade da CRFB/1988 com os arts. 11 e 12 da Lei Orgânica do Município Alfa, de 30/05/1985.
VII – DAS PROVAS
 Requer a produção de todas as provas em Direito admitidas, em especial, a documentação. (art. 3º, Lei 9882/1999.
VIII – DO VALOR DA CAUSA
 Dá-se a causa o valor de R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais).
Termos em que pede deferimento.
Local, data
Advogado
OAB