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CALCIO parte escrita

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Função do Ca:
1- Desempenha função estrutural:
 
Fig.1- Participação do cálcio na lamela média. Fonte: Apostila UFPR
A célula vegetal apresenta parede primária e parede secundária, e uma lamela média rica em pectato de cálcio. A parede primária é formada na fase do crescimento da planta e a secundária, forma-se após cessar o crescimento possuindo outras funções como resistência mecânica e proteção. Mais de 60% do cálcio celular encontra-se na parede celular (especificamente lamela média), onde exerce função de estabilizante.
O cálcio se integra à lamela média das paredes celulares, formando ligações entre grupos 
carboxílicos dos ácidos poligalacturônicos (pectina) com a formação dos pectatos de cálcio que tem ação cimentante unindo firmemente as paredes celulares de células adjacentes. Portanto possui influência na integridade da membrana e proteção do conteúdo celular. 
A degradação dos pectatos é feita pela Enzima POLIGALACTURONASE (com a presença do cálcio a ação dessa enzima é inibida). A inibição desta enzima evita um colapso celular, evitando o efluxo de compostos orgânicos de baixo peso molecular, que saem do citoplasma para o apoplasto e constitui fonte de alimentos para os patógenos, agravando a severidade de doenças. 
Então pode-se inferir que com a deficiência de Cálcio, a POLIGALACTURONASE tem ação aumentada, ocorrendo a desintegração da parede celular tendo como consequência o colapso dos tecidos. Dessa maneira a ação de patógenos também é facilitada. 
Fig.2 – Concentração de cálcio (.) em compartimentos. Fonte: apostila UEM. 
Alta concentração de Calcio é encontrada na lamela media, na superfície da membrana plasmática, no retículo endoplasmático e no vacúolo da célula. No vacúolo ele se encontra na forma solúvel. O cálcio no citosol (citoplasma) deve ser mantido baixo, pois caso contrário pode causar reações indesejadas, como a formação de sais insolúveis como a calose (obstrução) induzindo o fechamento dos plasmodesmos (interligação entre células vizinhas pelas pontes citoplasmáticas) , o que reduz o transporte radial de íons (raiz). O cálcio participa da osmorregulação das plantas, nas raízes juntamente com o ABA (Ácido Abscisico), a partir de um potencial hídrico escasso altera as concentrações de cálcio nas folhas, com uma alta concentração de cálcio no citosol, a célula guarda dos estômatos perdem água de acordo com o gradiente de concentração, essa perda de água acaba fechando os ostíolos. Com isso, ao fechar o poro do estômato a planta reduz a taxa de transpiração atribuindo consequências na fotossíntese, porque o CO2 entra pelo estômato e além do cálcio, a translocação de outros nutrientes pelo xilema é afetada de maneira negativa. A baixa concentração também é importante para evitar a precipitação com P.
O cálcio também atua como sinalizador, na condução de sinais para a resposta das plantas a fatores ambientais alterando o metabolismo de crescimento e desenvolvimento vegetal. Os estímulos externos (luz, mecânicos) e internos (hormônios) atuam sobre os mecanismos transportadores de Ca, modificando seu nível no citoplasma, o estímulo é uma mensagem que é conduzida pelo cálcio como mensageiro secundário. O cálcio é transportado pelas bombas. Quando a célula percebe a mensagem o cálcio é descarregado dos seus reservatórios, como vacúolo e apoplasto e se liga nas CALMODULINAS (tornando-se Calciocalmodulina- falar o que é). Ativando outras enzimas relacionadas às respostas das plantas. 
Para que o cálcio desempenhe função de mensageiro secundário é necessário manter baixa [Ca] no citoplasma, embora seja necessário um aumento transitório da concentração. 
Durante a germinação o cálcio ativa as fosfolipases que degradam lipídeos das membranas cotilédones. É indispensável na germinação do grão de pólen (agente quimiotrofismo, quando o grão de pólen é depositado no estigma da flor, necessita de estímulos químicos para que ocorra a germinação). Atua no crescimento do tubo polínico devido ao seu papel na síntese de parede celular. Há um acúmulo de canais de cálcio no ápice do tubo polínico. 
Deficiência de Cálcio: 
Sintomatologia e hipóteses: 
- Ocorre inicialmente em regiões meristemáticas e nas folhas novas (por ser imóvel no floema formando sais insolúveis – oxalatos de cálcio, fosfatos. Essas regiões novas também possuem baixa taxa transpiratória, diminuindo o “puxão” deste nutriente por esses órgãos. 
- Solos ácidos oferecem menor disponibilidade de cálcio, já que este compete diretamente pelos sítios de ligação com Hidrogênio e Alumínio, então pode ser perdido pela erosão laminar e lixiviado conforme os níveis de pluviosidade se forem muito intensos e também pelo excesso de irrigação. O calcário é a principal e mais viável forma de fornecer cálcio e também magnésio a planta, além de neutralizar os níveis tóxicos de H+ e Al. 
A deficiência de cálcio pode ocorrer também devido a sua precipitação no solo (Carbonato, sulfato e fosfato de cálcio), que apresentam baixa solubilidade. O cálcio também pode estar fixado aos minerais e na matéria orgânica, precisa ocorrer a intemperização desses minerais e a mineralização da matéria orgânica, através de microrganismos, temperatura, umidade do solo, relação C/N na matéria orgânica. Se caso houver imobilização do nutriente pelos microrganismos as plantas apresentam sintomas de deficiência. 
A absorção de cálcio ocorre principalmente pelo fluxo de massa e também contribuição da interceptação radicular, é necessário que as raízes ocupem um grande volume do solo (comprimento e radialmente) e também umidade necessária para o caminhamento do nutriente. Por isso a aplicação no calcário ou qualquer outro meio de fornecimento seja bem distribuído no solo de maneira a aumentar o contato íon- raiz.
A idade das raízes é um fator muito importante, pois o cálcio passa radialmente pela via apoplástica e raízes velhas possuem as Estrias de Caspary muito espessas. Já as raízes novas não possuem suberina e tem maior quantidade de pelos absorventes. 
- Altas doses de fertilizantes nitrogenados, fontes amoniacais – amônio – competem com o cálcio. Por possuir maior carga. 
Sintomas de DEFICIÊNCIA:
1- Morte ( deficiência avançada) e/ou baixo desenvolvimento de regiões meristemáticas da planta - já que o cálcio é imóvel no floema quando há carência no solo, ele não chega nessas regiões, causando esses sintomas, porque ele é fundamental na divisão celular constituindo a parede celular, lamela média, o que acarreta células pequenas e deixando essas regiões mais susceptíveis ao ataque de bactérias e fungos também. Pode ocorrer pelo extravasamento do conteúdo celular com compostos de baixo peso molecular que cause a morte do tecido foliar (por isso a necrose). O cálcio também atua no crescimento meristemático complexado com AIA, então na sua carência o crescimento apical fica comprometido. 
2- Baixa produção de sementes, germinação do grão de pólen e o crescimento do tubo polínico afetada pela indisponibilidade do cálcio. (crescimento tubo polínico ocorre no sentido crescente da [] de cálcio, divisão celular e organização do fuso cromático, em relação a germinação o cálcio atua como agente de quimiotrofismo, quando o grão de pólen é depositado no estigma da flor necessita de estímulos químicos) 
3- Formas irregulares de folhas e enrolamento (células pequenas, deformadas – cálcio na formação de lamela média – folhas finas, muito maleáveis, pouco enrijecimento enrola-se facilmente) 
4- Nervura e pontos de crescimento com aspecto gelatinoso (necessidade do pectato de cálcio para a formação da parede celular). 
5- A deficiência de cálcio reduz consideravelmente o comprimento das fibras e a concentração de lignina na madeira A redução do teor de lignina, na deficiência de cálcio, está associada ao fato deste nutriente participar da síntese da parede celular, na fase secundária do desenvolvimento e no processo de lignificação.
Fig.3- Folhas pequenas e enroladas. Fonte: Informações Agronômicas, 2001.
Fig.4 – Folhas mal formadas. Fonte: Informações Agronômicas,
2001.
Fig. 5 – folhas novas retorcidas. Fonte: Informações Agronômicas, 2001.
Fig. 6 – Ponteiros pêndulos. Fonte: Informações Agronômicas, 2001. 
Sintomas de EXCESSO: Não é comum.
1- A nível celular, o excesso eleva a sua [] no citoplasma, podendo precipitar com P (fósforo), diminuindo a produção de ATP e também, pela alta [] causa desequilíbrio na função de sinalização nas plantas. Isso pode afetar também a fotossíntese que utiliza ATP na transformação da energia. Com o aumento da [] de cálcio no citosol também há o fechamento do estômato, o que reduz a fixação de carbono na planta. 
2- Pode causar deficiência induzida de Magnésio e/ou de Potássio, especialmente em relação a sua alta [] no solo. 
Manejo sustentável: 
- A casca do eucalipto possui grande concentração de cálcio, mas é resistente a decomposição por ter muita lignina e outros compostos fenólicos o que aumenta a resistência ao ataque microbiológico. Portanto, é necessário que se faça a mistura de algum composto de cálcio de preferência algum resíduo de fábrica de celulose (por exemplo a lama de cal). Pode ser realizado também a compostagem da casca e pode ser adicionado algum fertilizante nitrogenado para acelerar o processo e/ou também misturar com alguma outra alternativa de matéria orgânica mais rica em Nitrogênio (por exemplo o lodo de esgoto, cinza de caldeira de biomassa, resíduos de restaurante). (isso se o objetivo de colheita for a madeira). 
Fontes consultadas: 
SILVEIRA, Ronaldo; HIGASHI; SGARBI; MUNIZ; Seja doutor do seu eucalipto, INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS, nº 93, 2011. 
YAMAMOTO, Euriann; FERREIRA; FERNANDES; ALBUQUERQUE; ALVES; Função do cálcio na degradação da parede celular de frutos, Revista Verde (Mossoró – RN- Brasil) v.6, n.2, p.49 – 55, 2011. 
FOELKEL, Celso; Casca da árvore do eucalipto: Aspectos morfológicos, fisiológicos, florestais, ecológicos e industriais, visando a produção de celulose e papel, Eucalyptus Online Book e Newsletter;

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