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1ª PEÇA - AÇÃO DEC INEXIST REL JUR TRIB COMPENSAÇÃO DE INDÉB FISCAL PEDIDO LIMINAR

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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA FEDERAL 
DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA/DF. 
 
 
 
 
 
BGM INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, pessoa jurídica de direito 
privado, regularmente inscrita sob o nº, com sede localizada na rua, nº, bairro, 
Brasília, por intermédio de seu procurador que esta subscreve (procuração em 
anexo), com escritório localizado na rua, bairro, cidade, onde receberá as 
devidas intimações, nos termos do art. 103 do CPC/2015, vem perante V. Exa. 
Com fulcro nos artigos 19, I cominado com os artigos 300 e 319 do CPC/2015, 
artigos 165 e 168 do CTN, artigo 74 da lei nº 9.430/96, propor a presente 
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA 
TRIBUTÁRIA C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO FISCAL COM PEDIDO DE 
TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA DE URGENCIA. 
Em face da UNIÃO, pessoa jurídica de direito público, com endereço na 
rua, nº, bairro, Estado, na pessoa de seu representante legal (procurador ou 
representante judicial), pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 
I – DOS FATOS 
A autora vem recolhendo regularmente os débitos tributários 
referentes a Taxa Siscomex de acordo com a legislação vigente. 
Entretanto, após 13 anos, foi editada Portaria MF nº 257/2011 em 
maio de 2011, com regulamentação pela instrução Normativa nº 1.158/2011, 
que majorou de forma desproporcional os valores da Taxa Siscomex. 
Esta exigência surpreendeu a Autora, visto que não teve outra 
alternativa senão recolher a referida Taxa com um aumento abrupto de 5,36 
vezes, mais de 500% do valor que vinha sendo praticado pelo Ministério da 
Fazenda. 
Assim sendo, não restou outra alternativa senão a propositura da 
presente ação. 
II – DO DIREITO 
a) Do cabimento da ação 
A presente ação mostra-se cabível, visto que há possibilidade de a 
majoração tornar-se indevida, ante a declaração jurisdicional de inexistência 
de relação jurídico-tributária, requerendo-se a tutela provisória antecipada de 
urgência para suspender a exigibilidade do crédito tributário enquanto o 
mérito não for definitivamente julgado, evitando-se o ajuizamento de 
execução fiscal. 
b) Da competência 
Conforme dispõe o Art. 153, I, CF/88, a competência para julgamento 
da presente ação será da União Federal, visto que é um tributo de sua 
competência. 
c) Da inconstitucionalidade da majoração da taxa Siscomex 
A Taxa de Utilização do Sistema Integrado de Comércio Exterior – 
SISCOMEX foi instituída pela Lei nº 9.716/1998. O valor da taxa poderia ser 
reajustado, anualmente, mediante ato do Ministro de Estado da Fazenda, 
conforme a variação dos custos de operação e dos investimentos no SISCOMEX, 
nos termos do artigo 2º, § 2º da referida lei. 
O Ministro da Fazenda majorou o valor da taxa Siscomex em mais de 
500% por meio de Portaria, ferindo assim totalmente o princípio da 
legalidade, uma vez que, o art. 150, I da CF/88 estabeleceu que era vedado 
aos entes federativos exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. 
Senão vejamos: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios: 
I - Exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
Vale ressaltar também que o art. 97, II do CTN, estabelece que somente 
por meio de lei, a majoração do tributo poderia ocorrer, porém, essa 
majoração foi feita por meio de um ato infra legal, ferindo assim, princípios 
constitucionais. 
 Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: 
 II - A majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto 
nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
A edição da Portaria MF 257/2011, majorou de forma desproporcional 
os valores, os quais alcançaram os valores de R$ 185,00 por DI e R$ 29,50 para 
cada adição de mercadorias. 
Ocorre que, como já mencionado e de acordo com art. 3º, §2º, da Lei n. 
9.716/98, os valores da taxa SISCOMEX somente poderiam ser majorados de 
acordo com a variação dos custos de operação e dos investimentos no 
SISCOMEX. No entanto, não conseguiu comprovar a variação dos custos de 
operação e investimento no Siscomex. 
Em vista disso, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no 
sentido de ser inconstitucional o aumento trazido pela Portaria MF 
257/2011, destacando que é possível, no entanto, o Ministro da Fazenda de 
corrigir por índices oficiais os seus valores. 
Nesse sentido, as jurisprudências mais recentes: 
“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 2. DIREITO 
TRIBUTÁRIO. 3. TAXA DE UTILIZAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE 
COMÉRCIO EXTERIOR (SISCOMEX). 4. A jurisprudência desta Corte 
consagrou entendimento no sentido de reconhecer a 
inconstitucionalidade da majoração da Taxa de Utilização do 
SISCOMEX por ato normativo infra legal, mas sem, contudo, impedir 
que o Poder Executivo atualize os valores fixados em lei para a referida 
taxa em percentual não superior aos índices oficiais de correção 
monetária. 5. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão 
agravada. 6. Agravo regimental a que se nega provimento. 7. Devida 
majoração da verba honorária procedida pela decisão agravada. Nova 
majoração em 20% do valor da verba honorária fixada na origem”. (RE 
1130979 AgR, Relator (a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, 
julgado em 22/03/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-064 DIVULG 29-
03-2019 PUBLIC 01-04-2019). 
“SEGUNDO AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
COM AGRAVO. DIREITO TRIBUTÁRIO. TAXA DE UTILIZAÇÃO DO 
SISTEMA INTEGRADO DE COMERCIO EXTERIOR – SISCOMEX. 
MAJORAÇÃO. PORTARIA MF 257/2011. 1. É inconstitucional a 
majoração da taxa SISCOMEX promovida pela Portaria MF 
257/2011. Precedentes. 2. Agravo regimental a que se nega 
provimento”. (ARE 1089538 AgR-segundo, Relator (a): Min. EDSON 
FACHIN, Segunda Turma, julgado em 15/03/2019, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-061 DIVULG 27-03-2019 PUBLIC 28-03-2019) 
 
Diante do exposto, requer a autora o direito de se recolher a Taxa 
Siscomex com base nos valores vigentes anteriormente à edição da Portaria 
MF nº 257/2011. 
d) Do excesso da majoração 
O supramencionado art. 3º, §2º, da Lei n. 9.716/98, diz que valor da 
taxa poderia ser reajustado, anualmente, mediante ato do Ministro de Estado 
da Fazenda, conforme a variação dos custos de operação e dos investimentos 
no SISCOMEX. 
 A majoração trazida pela portaria foi completamente desproporcional, 
visto que a Lei nº 9.716/98 estipulou que a taxa Siscomex seria devida no 
Registro da Declaração de Importação, à razão de: I – R$ 30,00 (trinta reais) 
por Declaração de Importação; II – R$ 10,00 (dez reais) para cada adição de 
mercadorias à Declaração de Importação, observado limite fixado pela 
Secretaria da Receita Federal. 
Após edição da portaria os valores passaram a ser de R$ 185,00 por DI 
e R$ 29,50 para cada adição de mercadorias, valores estes que não refletem 
ao custo do serviço, e sequer foi comprovado a variação dos custos de 
operação e dos investimentos no SISCOMEX. 
Ademais, o pagamento da Taxa Siscomex é realizado automaticamente, 
mediante debito em conta corrente. Inexistindo a relação jurídico-tributária, 
todo o recolhimento realizado durante o período passa a ser indevido, 
devendo a Ré abster-se, primeiramente, dos recolhimentos e realizar a 
devolução dos valores que foram pagos, de maneira indevida. 
O art. 165 e 168 do CTN prevê que o sujeito passivo tem o direito 
independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do 
tributo, seja qual for a modalidade de seu pagamento, respeitado o prazo 
prescricional de 5 anos. 
Portanto, requer a autora o direito de reaver os valores recolhidos 
indevidamente desde o início da vigência da Portaria MF no 257/11 e IN no 
1.158/11, inclusive mediante compensação, observado o prazo prescricional 
de 5 anos. 
III - DA CONCESSÃO DE TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA DE URGÊNCIA 
De acordo com o art. 300 do CPC/2015 são pressupostos autorizadores 
da tutela antecipatória: aprobabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco 
ao resultado útil do processo. 
A concessão da tutela provisória antecipada de urgência justifica-se, 
pois, a majoração da taxa por meio de portaria foi indevida/desproporcional 
e inconstitucional, não mais devendo ocorrer o recolhimento. 
Por sua vez, como o pagamento da Taxa Siscomex é realizado 
automaticamente, mediante debito em conta corrente, sendo os recolhimentos 
já efetuados requer a Autora que os recolhimentos não sejam mais efetuados. 
No entanto, enquanto o mérito não seja julgado, requer a concessão da tutela 
provisória antecipada de urgência para se evitar a inscrição do referido tributo 
em dívida ativa, com a consequente execução fiscal. Tal fato demonstra o 
receio de perda financeira. 
Por fim, requer-se a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, 
nos termos do art. 151, V, do Código Tributário Nacional. 
IV – PEDIDOS 
Ante o exposto, requer a autora: 
a) A citação da União, no endereço já declinado e na pessoa de seu 
representante legal para, querendo, apresentar contestação e acompanhá-la 
até o seu final; 
b) A concessão da tutela antecipada de urgência, de acordo com o art. 300 
do Código de Processo Civil de 2015, suspendendo-se a exigibilidade do 
crédito tributário, nos termos do art. 151, V, do Código Tributário Nacional, 
vez que a probabilidade do direito e o perigo de dano foram demonstrados; 
c) Seja julgado procedente o pedido, declarando-se a inexistência de 
relação jurídico-tributária com a União, concedendo o direito de se recolher a 
Taxa Siscomex com base nos valores vigentes anteriormente à edição da 
Portaria MF nº 257/2011; 
d) A consequente devolução dos valores pagos indevidamente, conforme 
art. 165 do Código Tributário Nacional com todos os encargos legais 
respeitado o prazo prescricional de 5 anos, confirmando-se a tutela 
anteriormente concedida; 
e) A condenação da Ré ao pagamento das custas processuais e dos 
honorários advocatícios; 
f) Dispensa da audiência de conciliação e mediação, nos termos do art. 
319, VII, do CPC; 
g) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito 
admitidos, especialmente a documental já acostada e outras que se fizerem 
necessárias ao esclarecimento do D. Juízo. 
Dá-se à causa o valor de R$ … 
Nesses termos. 
Pede deferimento. 
Local/data 
ADVOGADO 
OAB nº 
 
WANDEL WEMERSON R. BORGES 
9º DIV

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