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REGULAÇÃO- Escola Francesa de Regulação

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REGULAÇÃO
Escola Francesa da Regulação
A escola da regulação francesa surgiu por volta dos anos 1970 e a abordagem da estrutura social de acumulação surgiu para tentar compreender as mudanças no sistema econômico capitalista ao longo do século XX e para tentar compreender o tipo de crise, único da história do capitalismo a estagflação (fenômeno da estagnação (aumento da taxa de desemprego) combinado com inflação (aumento contínuo de preços). Essa é a origem dos conceitos de regime de acumulação, modo de regulação, formas institucionais e fordismo. 
 Foi o resultado das contradições originárias do conjunto de instituições predominantes na economia mundial nas primeiras décadas do pós-guerra que, incluiriam: o crescimento dos salários e o consumo em massa; um Estado intervencionista e que promovia o expansionismo fiscal; a moeda fiduciária e de crédito; a hegemonia americana, no plano internacional; o predomínio de grandes empresas transnacionais. A escola da regulação surgiu no ambiente acadêmico francês, influenciado pelo marxismo estruturalista e pela utilização de modelos macroeconômicos de inspiração keynesiana.
No caso da escola da regulação, o conceito de regulação foi primeiro utilizado, por autores marxistas franceses, na contextualização do capitalismo monopolista de Estado. Depois disso, o conceito foi apropriado pela escola parisiense da regulação, na sua origem, para descrever as mudanças institucionais subordinadas às transformações dos regimes de acumulação, termo que descreve um padrão tecnológico e organizacional de crescimento da produtividade.
O conceito de regulação foi utilizado para descrever os fenômenos sobre acumulação e de desvalorização do capital, que regulariam a lei da tendência decrescente da taxa de lucro. 
A concepção da AR (Abordagem da Regulação) é baseada em quatro pilares fundamentais: as formas institucionais, o modo de regulação, o regime de acumulação e a tipologia das crises. Nos trabalhos da escola de regulação buscou-se partir da análise marxista, para construir conceitos intermediários entre os de Marx e as variáveis atuais da economia e dar conta de compreender as mudanças econômicas do pós-guerra. Aescola se afastou desse projeto teórico inicial e passou a desenvolver uma economia histórica e institucional, que procurou não adotar nenhuma concepção sobre as características fundamentais do capitalismo. 
No período de 1958 a sociedade francesa passou por uma série de transformações estruturais, que incluem o direito das mulheres ao voto, a implantação de um sistema de seguridade social, a implantação de um setor público industrial e financeiro, além da criação de órgãos estatais de planejamento, responsáveis, nesse primeiro momento, pelo projeto de reconstrução da economia francesa; os teóricos da regulação tiveram uma formação de engenharia econômica, principalmente na Escola Politécnica, onde tiveram uma formação voltada ao uso de métodos quantitativos em economia. 
Durante as décadas de 1960 a 1980, durante as primeiras décadas da Quinta República Francesa, predominaram os governos socialistas (ou de centro-esquerda) e gaullistas. Estes últimos, como o nome indica, foram influenciados pelas ideias de Charles de Gaulle, político favorável a uma terceira via entre capitalismo e comunismo, defensor das coalisões de classe (em vez do confrontamento) e adepto de práticas keynesianas e de planejamento econômico. 
Cinco formas institucionais são destacadas na teoria da escola: a relação salarial, a moeda, as formas da concorrência, o Estado e o tipo de inserção internacional. Quando o regime de acumulação ou o modo de regulação entram em crise, tem início um período de mudança institucional, que pode dar origem a um novo tipo de capitalismo.
Nas décadas de 1980 e 1990, os autores de ambas as escolas francesa e parisiense se afastaram do projeto inicial de obter uma teoria geral do capitalismo com a análise de suas diferentes etapas, se afastou do objetivo fundador e procurou se consolidar como desenvolvedora de uma macroeconomia institucional e histórica.
 Foi somente a partir do ano 2000 que os autores regulacionistas e desenvolvedores da escola vislumbraram a possibilidade de existência de um regime de acumulação liderado pelas finanças do capitalismo neoliberal (ou financeirizado, todas as relações econômicas passam por relações bancárias) e corresponder a uma estrutura institucional viável. Alguns dos principais problemas teóricos são as suposições injustificadas de que o capitalismo pode funcionar sem revolucionar as condições de produção e que o funcionamento normal do capitalismo contemporâneo implica em crescimento econômico elevado e estável.
Os elementos que constituem um modo de regulação são as chamadas formas estruturais. A abordagem regulacionista destaca cinco importantes formas estruturais na sua análise: Forma de adesão ao Sistema Internacional: estabelece a forma de inserção no comércio internacional; Padrão monetário: estabelece um padrão de pagamentos internacional; Forma de concorrência: estabelece relação entre as empresas. Pode ser livre-concorrencial ou monopolista (concorrência administrada); Forma de Estado: estabelece a forma de intervenção estatal, que pode ser regulatória (Estado liberal) ou direta (Estado intervencionista); Relação salarial: estabelece a forma de organização do trabalho. Pode ser concorrencial, taylorista, fordista ou.
 O projeto teórico de procurar conjugar as análises de Marx e de Keynes com a concepção correta de que o capitalismo necessita de instituições para se reproduzir é um projeto válido e promissor, mas não pode ser plenamente desenvolvido deixando de lado a análise acerca dos fundamentos do sistema econômico. O modo de regulação entendida como um conjunto de leis, valores e hábitos que medeiam à relação com o regime de acumulação e mantêm a coesão social, é o conjunto das formas estruturais e o regime de acumulação capitalista na sociedade resulta um modo de desenvolvimento.
Referências:
https://www.researchgate.net/profile/Mario_Possas/publication/268001604_O_PROJETO_TEORICO_DA_
ESCOLA_DA_REGULACAO/links/547ee58b0cf2de80e7cc6d8e/O-PROJETO-TEORICO-DA-ESCOLA-DA-REGULACAO.pdf
ESCOLA_FRANCESA_DA_REGULACAO_DO_MARXISMO_A_MACROECONOMIA_HISTORICA_E_INSTITUCIONAL.pdf

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