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FEG/UNESP Data: 14/06/2021 Departamento de Produção Engª de Produção Mecânica Economia Aluno: Maria Ribeiro Machado Pires RA: 201323109 Trabalho, T 01 Título do Trabalho: Elaborar uma síntese da evolução da Teoria Econômica A história da economia pode ser, a principio, contada a partir da etimologia da palavra. Economia vem do grego oikos (casa) e nomas (norma ou lei), que de forma geral pode-se traduzir como “administração da coisa pública”. Com esta breve definição da palavra, a Economia pode ser definida como a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com finalidade de satisfazer às necessidades humanas. Portanto, como é tratada como uma ciência social, a economia tem como objetivo atender às necessidades humanas, porém, com depende de restrições físicas, provocadas pela escassez de recursos produtivos ou fatores de produção, como mão-de-obra, capital, terra, matérias-primas...). A partir dessa questão levantada sobre a escassez, pode ser entendido que a economia, como ciência econômica, visa estudar e entender como economizar recursos. Quando se pensa na história da economia, na antiguidade até a revolução industrial a economia não era uma disciplina separada, mas sim uma parte da filosofia. A partir das necessidades humanas ilimitadas surgiu o conceito de escassez, afinal o crescimento populacional renova as necessidades básicas, o contínuo desejo de crescimento do padrão de vida e status e a evolução tecnológica são fatores que fazem surgir essas necessidades. Não existe país autossuficiente, nem mesmo os países ricos, em termos de recursos produtivos. Se os bens fossem abundantes, não haveria necessidade de estudar questões como inflação, crescimento econômico, déficit no balanço de pagamentos, desemprego etc. Sem esses problemas não haveria a necessidade de se estudar economia. A construção do sistema econômico mundial integra diferentes economias numa só economia-mundo sob a defesa do capitalismo e teve seu início na Europa com o desenvolvimento e expansão de práticas comerciais que em linhas gerais pode-se denomina-las capitalistas. O início do futuro do sistema capitalista que consolida após o século XVIII. A partir deste século, com as grandes navegações, a abertura de uma rota comercial pelo Atlântico Sul rumo ao Oriente, há um crescente desenvolvimento das trocas comerciais levando ao fortalecimento da burguesia europeia. Esse fortalecimento se dá com o aumento substancial de sua capacidade de acumulação propiciada pela expansão dos mercados com a descoberta da América, a explosão da África e dos países do Oriente. Esse processo de acumulação se constituiu em grande medida na exploração das minas de ouro e prata das Américas, na escravização do negro africano e na prática predatória das companhias de exploração dos grandes potenciais coloniais em todo o mundo. A formação dessa economia-mundo, a partir do desenvolvimento de uma economia capitalista europeia apresenta vários aspectos que podem ser analisados quando se contata essa realidade de vivermos a tempos em um mundo integrado economicamente, onde cada parte do planeta cumpre um papel econômico que pode ser fundamental ou periférico. A escola fisiocrática é a primeira escola de economia científica, que surgiu no século XVIII, onde o sistema econômico era visto como um organismo regido por leis inerentes ao cosmo. A ideia central de governo da natureza e de liberdade de ação que entra em oposição aberta às complexas regulamentações governamentais que estavam por trás do mercantilismo. Ao contrário do mercantilismo, a escola fisiocrática se concentrava na elaboração de uma explicação da vida econômica e apesar de sua breve duração e certa proximidade com a escola clássica econômica, é reconhecida pela grande maioria dos economistas como o início da moderna ciência econômica, como hoje é reconhecida. Além disso, diferente dos mercantilistas, os fisiocratas consideram a riqueza de um país não medida pelo estoque de metais preciosos, mas sim por tudo aquilo que era retirado da terra (“produto líquido”). A escola fisiocrática elaborou trabalhos de destaque. Ela dividiu a sociedade em classes sociais e teve a preocupação de justificar os rendimentos da classe proprietárias de terras. O trabalho de maior destaque foi de François Quesnay, que escreveu o Tableau economique, em que divide a economia em setores, mostrando a interrelação entre eles. Apesar do trabalho dos fisiocratas estar permeado de considerações éticas, sua contribuição à análise econômica representou grande avanço. Para Quesnay, a sociedade era semelhante ao organismo físico, onde a circulação de bens e riqueza na economia faziam às vezes da circulação do sangue no corpo. Ambos, a circulação de riquezas e a circulação sanguínea poderiam ser compreendidos por meio de análise cuidadosa. A fisiocracia como teoria científico-econômica teve vida bastante curta, de pouco mais de trinta anos, e foi uma ciência econômica exclusivamente francesa, pois todos os seus simpatizantes eram franceses. Entre os fisiocratas de destaque, pode- se citar Cantillon, Turgot, o marquês e o conde de Mirabeau, Nemours e Nicolas Baudeau. Dentre as principais características do pensamento fisiocrático, é importante mencionar: • Ordem natural - conceito introduzido pelos fisiocratas, em que a economia funcionava por uma ordem natural inerente e pré-existente. De acordo com essa premissa, as atividades humanas deveriam ser mantidas em harmonia com as leis naturais. • "Laissez faire, laissez passer" (deixe fazer, deixe passar) - expressão creditada a Vincent de Gournay e que é o resumo de um conceito caro aos fisiocratas, que determinava que os governos não deveriam interferir nas atividades humanas, sendo que estas estariam em conformidade com as leis naturais. • Ênfase na agricultura - era consenso entre os fisiocratas que a indústria, comércio e manufatura estavam subordinadas à agricultura, e, em menor proporção à mineração, por serem estas as fontes de riqueza, enquanto que os demais setores não detinham o fator produção, sendo, na concepção fisiocrata, meros transformadores. • Reforma tributária - sendo a agricultura a atividade nuclear no desenvolvimento do modelo fisiocrata, os seguidores de tal doutrina econômica acreditavam que países como a França (a esmagadora maioria dos fisiocratas era de intelectuais franceses) deveriam unificar a série de impostos existentes, transformando-o num único imposto, a ser cobrado da atividade agrícola, tendo como foco principal os grandes donos de terra. Esta ideia refletia uma reação à condição em que se encontrava economicamente a França, com traços de mercantilismo, mas também de feudalismo, e tal reforma procurava atuar na parte feudal da economia francesa, principalmente. Além desses conceitos, os fisiocratas não eram partidários da intervenção do Estado na economia (criação do termo já citado “laissez-faire”, que posteriormente se converteria ao símbolo de ideias liberais. A contribuição científica dos fisiocratas, significou, antes de tudo uma ruptura com a forma mercantilista de pensar e um passo decisivo na perspectiva do desenvolvimento da ciência econômica. Esta contribuição está associada aos novos conceitos de trabalho produtivo e improdutivo, ao novo conceito de riqueza, associada à produção agrícola e não mais ao comércio, como era no mercantilismo, e principalmente ao conceito central de “produto líquido”, cuja distribuição expressa a ideia de interdependência entre os setores econômicos e a circulação da riqueza entre as classes sociais. Para os fisiocratas, o estudo da economia já não deve voltar-se para a administração pública e para a questão do “tesouro” real, como acontecia no período mercantilista,mas para a riqueza privada e as atividades que a geram. Assim, para os autores dessa época, a economia se define como ciência da riqueza privada. A explicação do funcionamento do organismo econômico se inspira na ideia de uma ordem natural, corpo biológico guiado por leis; os governos já não podem fazer o que querem contra as leias naturais da economia. O funcionamento de tais leis constitui-se no principal objeto de investigação econômica. A ordem natural, criada por Deus e inscrita na natureza, tem um fundamento teológico e metafísico. A ciência econômica segue o modelo de uma ciência natural, suais leis são mecânicas e determinísticas. O “Quadro Econômico” (1758) de Quesnay é a representação da ordem econômica natural. As leis que governam a geração do produto líquido e a distribuição da riqueza entre classes sociais, que também asseguram a reprodução, traduzem as leis dessa ordem natural. A escola clássica, cujos principais representantes são Adam Smith, Ricardo, Malthus e John Mill, só podem ser compreendidos se levarmos em conta as condições institucionais e históricas em que nasceu. Os clássicos sucedem aos mercantilistas e fisiocratas, representantes de duas correntes anteriores que, por não apresentarem um corpo doutrinário completo e coerente, não constituíram escolas. Na época dos clássicos, a importância crescente da indústria colocava “fora de moda” a visão naturista dos fisiocratas. E a necessidade de maior liberdade comercial, bem como de uma força de trabalho dotada de maior mobilidade pelos mercantilistas, já não se ajustava às necessidades da expansão econômica. Estas duas correntes estavam sendo ultrapassadas pelos fatos. Para os fisiocratas, a verdadeira riqueza das nações estava na agricultura. Num mundo essencialmente agrícola e constantemente ameaçado pela falta de alimentos, isto não deve causa admiração. Só a terra tinha capacidade de multiplicar riqueza. A indústria raciocinava, os fisiocratas, não cria. Apenas transforma insumos em produtos. Os fisiocratas não levaram a sério o fato de que a produtividade não ser apenas consequência da natureza. O arado, o trator, os fertilizantes e a genética podem quadruplicar uma colheita. Isto está claro para nós, hoje, mas não foi um objeto de estudo atento por parte dos fisiocratas. Os mercantilistas, por seu lado, preocupavam-se sobretudo com a política econômica, com saldos favoráveis na balança comercial, com o estoque de metais preciosos e com o poder do Estado. O Estado seria tanto mais forte quanto maior fosse seu estoque de metais preciosos. Para alcançar isto, ele deveria restringir as importações e estimular as exportações. Mas, se todos os países restringissem suas importações, quem conseguiria exportar? As importações de um, são as exportações do outro. Com isso a política mercantilista exacerbou o nacionalismo, estimulou as guerras e uma maior presença do Estado nos assuntos econômicos e daí surgem as necessidades de regulamentações. Adam Smith foi o autor da obra considerada como primeiro tratado de teoria econômica, entendida como um conjunto científico sistematizado, com um corpo teórico próprio. Em 1776 publicou “A riqueza das nações”, um estudo abrangente sobre questões econômicas que englobam desde aspectos monetários e de preços até distribuição do rendimento da terra. A partir de uma análise dos aspectos descritivos e dos longos relatos históricos que permeiam os aspectos teóricos da Riqueza das Nações, um grande número de autores sustenta que Smith emprega o método indutivo. A contribuição mais conhecida de Adam Smith foi a hipótese da mão invisível, para ele, todos os agentes em sua busca e lucrar o máximo, acabam promovendo o bem-estar de toda a comunidade. A defesa do mercado, como regulador das decisões econômicas de uma nação traria muitos benefícios para o coletivo, independentemente da ação do estado. Este é o princípio do liberalismo. Smith ainda tem outra importante contribuição à teoria econômica quando destaca o papel do trabalho humano como fonte de riqueza, introduzindo a noção de produtividade como determinante da riqueza. Há autores que defendem que Smith adotou o método abstrato dedutivo, ou seja, de que por trás dos aspectos históricos-descritivos, Smith esboça um modelo teórico, sustentado em hipóteses abstratas, não induzidas da experiencia sensorial. Sem dúvida está presente em Smith a ideia abstrata de uma ordem natural das coisas, guiada por leis sistêmicas invioláveis, às quais o comportamento humano deve se submeter. Neste sentido, deve-se ressaltar que o método de Smith sofreu influências diversas, desde o empirismo de Locke e Hume, até o racionalismo cartesiano e fisiocrata. De Quesnay e dos fisiocratas herdou a ideia de uma ordem natural das coisas. Ele pertencia ao iluminismo e à escola histórica, vigentes na Escócia, sua terra natal. Smith era, sobre tudo, um observador da realidade e fez uso de diferentes métodos na Riqueza das Nações: estática comparativa, descrições e digressões históricas, teoria dos estágios históricos. Num ensaio sobre filosofia da ciência, de 1750, Smith afirma seguir o método de Newton, segundo o qual, “partindo de certos princípios originais ou comprovados, estabelecemos explicações para os diversos fenômenos, conectando-os com a mesma corrente”. De Newton, Smith retém a ideia de sistema e a importância de um princípio teórico, não pela certeza cartesiana que oferece, mas pela sua capacidade de organizar as diversidades dos fenômenos da experiência. Assim, embora à primeira vista pareça que Smith baseie seus conhecimentos em observações dos fatos econômicos, não resta dúvida de que tais observações vão fundadas em hipóteses ou “princípios originais” como, por exemplo, o princípio de que o homem age racionalmente, guiado ao mesmo tempo pelo autointeresse e pela simpatia, cujo balanceamento gera ordem e progresso, num contexto regulado pelo mecanismo da concorrência perfeita. Esta afirmação aponta claramente para o uso de princípios organizadores da multiplicidade da experiência, o que indica a superação do método indutivo experimental. O fato de Smith filiar-se ao iluminismo escocês reforça esta perspectiva do método racional que privilegia a razão como fonte, ou como princípio ativo e organizador do conhecimento. Cabe finalmente ressaltar que nas teorias de Smith há dois aspectos importantes, estreitamente relacionados: o pensamento microeconômico e a visão macroeconômica. Por um lado, indivíduos movidos por seus interesses pessoais egoístas, produzem um equilíbrio, que se traduz bem no público. As raízes filosóficas desses componentes também são distintas. A microeconomia teria fontes empiristas e moralistas, inspiradas em Hume e Hutchinson, e estabeleceria uma linha de pensamento que ligaria Smith a Bentham e a Mill. Já a visão macroeconômica teria uma raiz jusnaturalista, baseada em Locke e Quesnay, e estabeleceria uma linha de pensamento que chegaria a Ricardo e aos socialistas ricardianos. O aspecto macroeconômico também está relacionado à teoria do crescimento. Esta tensão entre a dimensão micro e dimensão macro, certamente, está presente na obra de Smith. A micro está relacionada e constitui o fundamento da mão invisível e da economia capitalista competitiva como ordem econômica natural. O período clássico teve contribuição de outros economistas também, como Thomas Robert Malthus, Jean Baptiste Say, Frédéric Bastiat, James Mill, John Stuart Mill, entre outros. O corpo teórico da economia começa a se desenvolver como uma ferramenta de análise específica para as questões econômicas, com a elaboração de modelos acerca do funcionamento da economia geral, análise de questões monetárias também foi um importante indicador para a criação dos conhecidos Bancos Centrais. Thomas Robert Malthus escreveu “Princípios de economia política” em 1820 e “Definições em economia política” em 1827. Em suas obras econômicas, Malthus demonstrou que o nívelde atividade em uma economia capitalista depende da demanda afetiva, o que constituía, a seus olhos, uma justificativa para os esbanjamentos praticados pelos ricos. A ideia da importância da demanda efetiva seria depois retomada por Keynes. Quando Stuart Mill escreveu seu primeiro livro, denominado “Produção”, ele explora a natureza da produção, começando com o trabalho e sua relação com a natureza. Mill afirma que “os requisitos da produção são dois: trabalho e objetos naturais apropriados”. Por objetos naturais e apropriados se entendem o capital, a terra e os meios de produção. Mill também tem a visão de que o trabalho é um deslocador de objetos físicos, porque define que objetos físicos não são capazes de variabilidade por si só. O que estabelece a variabilidade é o trabalho humano. Assim, o fator trabalho receberia o equivalente à sua contribuição (o salário) e o fator capital o equivalente ao seu lucro. Em seu segundo livro, denominado “Distribuição”, Mill diz que esta é uma questão das instituições humanas somente. Ele afirma que a distribuição da riqueza, portanto depende das leias e costumes da sociedade. As regras pelas quais ela é determinada são feitas pelas opiniões e sentimentos que as partes dirigentes estabelecem e são muito diferentes em épocas e países diversos. A teoria neoclássica, que surgiu no fim século XIX, vem com o pensamento de utilizar diversas do pensamento econômico que estudam a formação dos preços, a produção e a distribuição de renda através do mecanismo de oferta e demanda dos mercados. Essa teoria leva nomes como Carl Menger (autor de Die Grundsätze der Volkswirstschaltslehre (1871), apresentou os mesmos princípios marginalistas em uma linguagem comum, deixando de lado a matemática), William Stanley Jevons (escreveu Theory of Political Economy (1871), embora de modo diverso, recorreu também à matemática, não de forma tão contundente como seu companheiro Walras), Léon Walras (publicou Élements d’Économie Politique Pure (1874), se preocupou com o equilíbrio geral e a interdependência de todo o sistema econômico e apresentou sua visão da economia em termos puramente matemáticos. É um dos percursores da economia matemática que ganhou corpo em nosso século, com Wassily Leontieff e Com Neumann) entre outros. David Ricardo também teve uma participação para o período neoclássico, colocando que a distribuição da terra é determinada pela produtividade das terras mais pobres ou marginais. As obras de David Ricardo destacadas: • O alto preço do ouro, uma prova de depreciação das notas bancárias, em 1810; • Ensaio sobre a influência de um baixo preço do cereal sobre os lucros do capital, 1815; • Princípios da economia política e tributação, em 1817. David Ricardo exerceu uma grande influência tanto nos economistas neoclássicos, como nos economistas marxistas, o que revela sua importância para o desenvolvimento da ciência econômica. Os temas presentes em suas obras incluem a teoria do valor-trabalho, a teoria da distribuição, o comércio internacional e temas monetários. A principal questão levantada por ele trata da distribuição do produto gerado pelo trabalho na sociedade. Isto é, segundo David Ricardo, a ampliação conjunta de trabalho, maquinaria e capital no processo produtivo gera um produto, o qual se divide entre as três classes da sociedade: • proprietários de terra; • trabalhadores assalariados; • arrendatários capitalistas; Seria o papel da ciência econômica então o de determinar as leis naturais que orientam essa distribuição, como modo de análise das perspectivas atuais da situação econômica, sem perder a preocupação com o crescimento em longo prazo. Este período é privilegiado os aspectos microeconômicos da teoria, pois a crença na economia de mercado fez com que não se preocupasse tanto com a política e o planejamento macroeconômicos. A grande obra de destaque foi Princípios de economia, de Alfred Marshall, que serviu como livro básico até metade deste século. Durante esse período a teoria teve uma grande evolução a partir do comportamento do consumidor, que foi analisado com profundidade. O desejo do consumidor de maximizar sua utilidade e do produtor em maximizar o lucro são base para a elaboração de um sofisticado aparato teórico. Por meio do estudo de funções ou curvas de utilidade e de produção, considerando restrições de fatores e restrições orçamentárias, é possível deduzir o equilíbrio de mercado. Como o resultado depende basicamente dos conceitos marginais, a teoria neoclássica é também chamada de teoria marginalista. A análise da teoria marginalista é bem variada, alguns economistas privilegiam alguns aspectos como a interação de muitos mercados simultaneamente, outros privilegiam aspectos de equilíbrio parcial, usando instrumento gráfico. A partir de 1870, o centro de preocupações de grande número de economistas se desloca. Alguns autores chamam esse deslocamento de revolução marginalista porque a ideia central que o preside é o chamado princípio marginal. A introdução da análise marginal mudou de modo significativo a orientação dos estudos econômicos: representou um instrumento rapidamente difundido, de explicar a influência de determinados recursos escassos entre os usos alternativos, com objetivo de se chegar a resultados ótimos. As premissas da teoria marginalista são baseadas na “utilidade marginal”, em que a propriedade de bens e serviços têm de satisfazer a necessidade e desejos humanos. Os objetos que tem utilidade são considerados bens, do ponto de vista econômico e sua caracterização requer que sejam escassos. Portanto, a escolha econômica é o que envolve a teoria marginalista e fundamentam dois pontos: • os desejos são saciáveis; • diferentes bens não são substitutos perfeitos na satisfação de necessidades específicas. Apesar de questões microeconômicas ocupares o centro das atenções houve paralelamente uma produção em outros aspectos da teoria econômica, como a teoria do desenvolvimento econômico, de Joseph Alois Schumpeter, a teoria do capital e dos juntos de Eugen Böhm-Bawerk. Foi observado ainda em um desenvolvimento da análise monetária, com a discussão sobre a teoria quantitativa da moeda. Enquanto a abordagem microeconômica dos marginalistas preocupava-se com as estruturas e os preços relativos dos mercados específicos, na área macroeconômica procuram-se respostas para a determinação do nível geral dos preços, separando o setor real e o setor monetário da economia, por meio da teoria quantitativa da modela. Entretanto, alguns autores, como Knut Wicksell, buscavam os mecanismos de interligação entre os dois setores. A teoria keynesiana iniciou-se com a publicação de A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, de John Maynard Keynes em 1936. Muitos autores descrevem que a partir daí iniciou-se a Revolução Keynesiana e que Keynes seria o pai da moderna macroeconomia. Keynes era uma um economista de destaque, que ocupava a cátedra que havia sido de Alfred Marshall na Universidade de Cambridge e embora um acadêmico respeitado, Keynes tinha preocupações com as implicâncias práticas da teoria econômica. A obra de Keynes teve um impacto necessário quando se considera a época. A economia mundial atravessava, em 1930, ume recessão prolongada (depressão), e a teoria econômica vigente acreditava que se tratava de um problema temporário, apesar da crise estar durando alguns anos. Predominavam o liberalismo e a crença de que o mercado sozinho permitiria recuperar o nível de atividade e emprego. A Teoria Geral procurou então mostrar porque a combinação das políticas econômicas adotadas não funcionava adequadamente, e apontou para soluções que poderiam tirar o mundo da recessão. As prescrições apontadas, baseadas na maior intervenção do Estado na condução da economia, via gasto público, foram implementadas, e o resultado obtido aumentou de maneira meteórica as possibilidades da utilização da teoria econômica,para ajudar de maneira efetiva a melhoria do padrão de vida da coletividade. Uma obra que tem destaque nesse período é a de Alvin Hansen e John Richard Hicks, que realizaram uma síntese entre o modelo neoclássico e o modelo keynesiano, por meio de uma análise chamada Análise IS-LM (Investment Saving – Liquidity Money), ao final dos anos 40. A teoria keynesiana foi rica em contribuições para todos os campos da economia, bem como a ampliação dos horizontes. Nos anos seguintes, houve um desenvolvimento muito grande da teoria econômica, com a incorporação do ferramental estatístico e matemático, que ajudou a formalizar ainda mais a ciência econômica. Na época de Keynes – mais precisamente, no período entre as duas guerras mundiais – predominava o positivismo lógico, que defendia a possibilidade de um conhecimento certo e objetivo da realidade econômica. Mas Keynes, que se formara na tradição neoclássica e positivista, cedo percebeu que essa visão não era compatível com a realidade. Com efeito, a teoria neoclássica fundava-se numa ontologia positiva, para a qual “o ser é sua aparência”, e numa racionalidade abstrata não-não histórica que menosprezava a dúvida e a incerteza. Por isso, sua crítica procura atingir o âmago dessa teoria, qualificando-a como “uma daquelas técnicas bonitas e bem-feitinhas que tentam lidar com o presente, abstraindo-se do fato de que sabemos muito pouco sobre o futuro”. Efetivamente, para Keynes, a teoria neoclássica supõe um conhecimento sobre o futuro que não podemos ter. A visão é de que Keynes vai formando a realidade econômica do seu tempo. Embora não possa ser classificada formalmente como dialética, certamente não é uma visão positiva e racionalista da realidade. Para Keynes, muito mais importante que a formalização da teoria é a visão de mundo, que se coloca na raiz ou na fonte das ideias. Ele disse sentir- se “mais ligado às ideias fundamentais relativamente simples” subjacentes à sua teoria, do que às formas particulares em que as formulou. Sendo uma visão complexa, a visão de Keynes pode ser compatibilizada como uma ontologia “dialética”, para a qual o ser não é estático, mas dinâmico, complexo e contraditório, envolvendo o tempo e a história. Para ele, o futuro e a ideia que fazemos dele plasmam o presente. A realidade econômica não é “dada”, “positiva”, mas construída pelas decisões econômicas de cada um. O objeto de investigação não é um dado, pré-existente, a ser descoberto e conhecido, mas um mundo criado pelas próprias decisões humanas. Keynes diz que os fatos econômicos são fatos morais, pois são motivados e intencionais e não mecânicos. Por isso, também, não são constantes e homogêneos, mas dinâmicos e contraditórios. A natureza moral dos fatos econômicos, em contraposição ao mundo físico, é ilustrada numa afirmação de Keynes: “É como se a queda da maçã ao chão dependesse dos motivos da maçã, de se vale a pena cair no chão, e se o chão quer que a maçã caia, e de cálculos equivocados por parte da maçã a respeito da distância que separa do centro da terra.” Uma ciência de cunho moral, como Keynes define a economia, não pode por consequência ser formada por conhecimento preciso como o da física, mas por um conhecimento de natureza incerta. Conhecimento incerto é aquele do qual não se pode ter base para cálculo, mas apenas graus de probabilidade, graus de certeza, convicção, crença racional, peso do argumento, convenção. Como não conhecemos o futuro, racionamos com incertezas, probabilidades, expectativas e juízos convencionais. Finalmente é importante salientar que Keynes pretendeu conferir à economia o caráter de uma ciência prática que lhe fornecesse razões e instrumentos para intervir na realidade, ou seja, ao mesmo tempo em que acredita no progresso da ciência, seu método rompe coma ideia de uma ciência racionalista, abstrata, certa, única e histórica. A ciência econômica deve caracterizar-se como uma ciência prática, um instrumento da política econômica e de intervenção na realidade. Há outras abordagens e críticas alternativas, que fogem da corrente principal. Muitas críticas foram e são absorvidas, e algumas abordagens alternativas foram e são incorporadas. O espectro dessas abordagens é muito amplo e disperso e, evidentemente é muito heterogêneo. Destaca-se a contribuição dos marxistas e dos institucionalistas e alguns desenvolvimentos relativamente recentes na área de organização industrial e da macroeconomia. Os marxistas têm como pilar do seu trabalho a obra de Karl Marx, um economista alemão que desenvolveu quase todo seu trabalho com Friedrich Engels, na Inglaterra, na segunda metade do século passado. O método dialético de Marx é em parte de sua crítica da Economia Política Clássica. Ele distingue claramente dois métodos ou dois momentos no processo do conhecimento: o primeiro, que parte do todo concreto e chega ao conhecimento abstrato de suas partes; e o segundo, que parte das abstrações feitas pelo pensamento, e retorna ao todo concreto, agora reconstruído pelo pensamento. O primeiro método foi o caminho trilhado pelos economistas clássicos, e de forma mais radical pelos economistas marginalistas e neoclássicos, que ficaram apenas no conhecimento abstrato da realidade. O segundo momento, o caminho de volta, que vai do abstrato do todo, é o que Marx chama de “método cineticamente exato”. A investigação de Marx iniciou pelo estudo da jurisprudência, mas ele logo descobriu que a “essência da sociedade burguesa estava na Economia Política” e não no direito, no Estado ou na política. Na sua “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”, Marx faz uma revisão crítica da concepção idealista da sociedade e do Estado, que deixa de ser encarnação divina do poder para expressar a dominação das forças econômicas e políticas da sociedade. Marx critica também a ideia de homem feita por Feuerbach, como um ser natural, produto da natureza, e o define como um ser social, produto das relações sociais. Assim, passando do idealismo para o materialismo, sua investigação preocupa-se com a análise das relações sociais objetivas que condicionam as ações dos indivíduos isolados. Desta forma, a investigação de Marx, que começara pelo direito, passara pela filosofia e pelo socialismo utópico, vai desembocar no estudo da economia política, pois é nela que vai encontrar a “essência da sociedade burguesa”. O objetivo de Marx era mais abrangente que o dos economistas clássicos, uma vez que se propunha investigar a economia e a sociedade dominadas pelas leis do capital. Procura, então, descobrir a lei econômica dos fenômenos e mais, a lei de sua modificação, de seu desenvolvimento, ou seja, a transição de uma forma de relação econômica para outra, pois o desenvolvimento da sociedade é visto como um processo histórico, dirigido por leis que se sobrepõem e determinam a vontade, a consciência e a intenção dos homens. O marxismo desenvolve uma teoria de valor – trabalho e consegue analisar muitos aspectos da economia com seu referencial teórico. Um exemplo é a abordagem da história. A apropriação do excedente produtivo pode explicar o processo de acumulação e a evolução do excedente produtivo pode explicar o processo de acumulação e a evolução das relações entre classes sociais. Karl Marx enfatizou muito o aspecto político em seu trabalho, que teve impacto ímpar não só na ciência econômica, como também em outras áreas do conhecimento. As contribuições dos marxistas para a teoria econômica foram variadas. Entretanto, a maioria ocorreu à margem dos grandes centros de estudos ocidentais, por razões políticas e também pelo desenvolvimento da teoria microeconômica de determinação dos preços. Consequentemente, a produção teórica foi pouco divulgada. Um exemplo é o trabalho de Mikail Kalecki, um economista polonês que antecipou uma análise parecida com a da Teoria Geral de John Keynes. Contudo, o reconhecimento do seu trabalho inovador só ocorreu muito tempo depois. Os institucionalistas,que tem como grandes pensadores os americanos Thornstein Veblen e John Kenneth Galbraith, dirigem suas críticas ao alto grau de abstração da teoria econômica e ao fato de ela não incorporar em sua análise as instituições sociais. Essa vertente concentra a compreensão do papel das instituições na moldagem do comportamento econômico. Essa corrente teve seu apogeu nos anos 1920 e 1930, influenciando significativamente as medidas tomadas à época do New Deal. O foco dessa escola é a dicotomia formulada por Veblen, que consiste na oposição entre os comportamentos cerimoniais e os comportamentos industriais, sendo esses últimos fatores de progresso. Thornstein Veblen escreveu seu mais influente livro em 1899 “A Teoria da Classe Ociosa”, nele, Veblen analisa a motivação para o consumismo conspícuo, vigente no capitalismo, como uma forma de demonstrar sucesso, um comportamento não só adotado por uma classe mais alta e predatória, mas também imitado pelas classes mais baixas. A ociosidade conspícua foi outro foco da crítica de Veblen, o conceito de consumo conspícuo estava em contradição direta com a visão neoclássica de que o capitalismo era eficiente. Veblen também apontou o conflito entre a motivação da indústria, de produzir mercadorias úteis, e a motivação empresarial, de usar ou subutilizar a infraestrutura industrial para gerar lucros, argumentando que a primeira é normalmente prejudicada porque as empresas perseguem a segunda. John Kenneth Galbraith trabalhou na administração do New Deal de Franklin Delado Roosevelt e apesar de ele ter escrito depois, e de ser mais desenvolvido que os economistas institucionais anteriores a ele, Garbraith foi crítico quanto à economia ortodoxa por todo o século XX. Ele argumenta que os eleitores que alcançam um certo nível de riqueza material começam a votar contra o bem comum. Ele usou o termo “sabedoria convencional” para se referir às ideias ortodoxas que sustentam o consenso conservador resultante. Em uma época de grandes empresas, é irreal pensar os mercados pelo jeito clássico. Grandes empreas A microeconomia é o estudo de como as famílias e as empresas tomam decisões e como elas interagem em mercados específicos. Na microeconomia, as correntes alternativas são associadas às teorias de organização industrial, que consideram que as hipóteses da microeconomia tradicional, como empresa tomadora de preços, maximização de lucros, concorrência perfeita e racionalidade dos agentes, dificilmente caracterizam o mundo econômico real. A contribuição das abordagens alternativas tem sido fundamental para corrigir falhas existentes na teoria tradicional, bem como para apontar novos caminhos para a evolução da ciência econômica. Desdobramentos recentes O debate sobre os aspectos do trabalho de Keynes dura até hoje, destacando-se quatro grupos: os novos clássicos, os economistas do lado da oferta, os novos keynesianos e os pós-keynesianos. Apesar de nenhum dos grupos terem um pensamento homogêneo e todos terem pequenas divergências, é possível fazer algumas generalizações. Os novos clássicos estão associados principalmente à Universidade de Chigado, e têm como economistas de maior destaque Thomas Sargent e Robert Lucas. De maneira geral, seguem o monetarismo, ao privilegiar o controle da moeda e um baixo grau de intervencionismo do estado. Contudo, a grande diferença com o modelo monetarista é a suposição de que os agentes formam expectativas racionais. Isso quer dizer que os indivíduos são capazes de aprender da experiência, o que pode permitir que, em certos casos, sejam capazes de antecipar as alterações de política monetária, anulando seus impactos negativos. Os novos keynesianos têm seu maior expoente em James Tobin, da Universidade de Yale. De maneira geral, recomendam o uso de políticas fiscais ativas e maior grau de intervenção do Governo, em virtude da rigidez em alguns pontos do sistema econômico, que impediram que o mercado se autorregulasse, amplificando os efeitos das flutuações da atividade econômica. Os pós-keynesianos têm um trabalho que explora outras implicações da obra de Keynes, enfatizando o papel da moeda e da especulação financeira, e pode-se associar a este grupo a economista Joan Robinson, que era muito ligada a John Maynard Keynes. Os pós-keynesianos retornam à obra básica de Keynes, pois julgam que a interpretação que foi dada com base na sistematização da Análise IS-LM não é a leitura correta de Keynes, em particular na parte da incerteza, pouco enfatizada naquela análise. Os economistas do lado da oferta, ou da teoria dos ciclos econômicos reais, entre os quais se destaca o ganhador do prêmio Nobel de Economia de 2004, Edward Prescott, enfatizam o papel dos choques de oferta na explicação das flutuações econômicas. Na microeconomia, os desenvolvimentos teóricos vêm-se dando em duas vertentes, ambas procurando aproximá-la da economia real dos mercados. Por um lado, uma continuidade da linha tradicional neoclássica, na área de Teoria dos Jogos e Economia da Informação, onde diferentemente do modelo tradicional de concorrência perfeita, em que as empresas são tomadoras de preço no mercado, a firma pode afetar variáveis relevantes para sua decisão, e tem um comportamento mais estratégico. Por outro lado, numa direção mais crítica dos pressupostos da teoria tradicional, há as teorias de organização industrial, que, como já se observou, contestam a hipótese de que as empresas são tomadoras de preços e que maximizam lucros, pilares do modelo neoclássico. O período mais recente está marcado por três características principais. Em primeiro lugar existe consciência maior das limitações e possibilidades de aplicações da teoria. O segundo ponto é o avanço e consolidação das contribuições dos períodos anteriores. O desenvolvimento da informática permitiu um processamento de informações em volumes e precisão sem precedentes. A teoria econômica passou a ter um conteúdo empírico que lhe conferiu uma aplicação prática maior. Hoje, é possível acessar de qualquer ponto do planeta uma infinidade de bancos de dados, que são atualizados constantemente. Por um lado, isso permite um aprimoramento constante da teoria existente e, por outro, abre novas frentes importantes. Todo o corpo teórico da economia avançou consideravelmente. Hoje, a análise econômica engloba quase todos os aspectos da vida humana, e o impacto desses estudos na melhoria do padrão de vida e do bem-estar de nossa sociedade é considerável. O controle e o planejamento macroeconômico permitem antecipar muitos problemas e evitar algumas flutuações desnecessárias. A teoria econômica tem avançado em muitas frentes. Um exemplo é a área de finanças empresariais. Até alguns anos atrás, a teoria de finanças era basicamente descritiva, com baixo conteúdo empírico. A incorporação de algumas técnicas econométricas, conceitos de equilíbrio de mercados e hipóteses sobre o comportamento dos agentes econômicos revolucionaram a teoria de finanças. Essa revolução também refletiu nos mercados financeiros, com a explosão dos chamados mercados futuros e de derivativos. Por fim, a economia internacional, que é um sistema articulado de economias nacionais intercambiando bens, serviços, capitais e tecnologia, em um contexto dinâmico de assimetrias estruturais, passou por diversas fases ao longo do século XX. Saltos tecnológicos, mudanças de padrões monetários, crises financeiras, anos de crescimento sustentado seguidos de conjunturas de estagnação, surtos de liberação alternando com impulsos de protecionismo comercial, incorporação de novos atores econômicos e preservação de velhas desigualdades estruturais, fases de fechamento e abertura dos movimentos de pessoas e aos fluxos de capitais, redistribuição dos fluxos de renda na direção de novos centros de acumulação e confirmação de antigos mecanismos de concentração e acumulação, enfim, uma gama variada de tendências e de ciclos tão diversosquanto os processos políticos que marcaram um século ao mesmo tempo destruidor e criador. A despeito, das diferenças estruturais e das inversões de tendência, características comuns são detectáveis no início e no final do período: a presença hegemônica do mesmo conjunto de economias no centro do sistema, processos de globalização comercial e de internacionalização financeira relativamente semelhantes, bem como a atuação de um grupo influente de atores transnacionais, os cartéis do final do século XIX e as companhias multinacionais na passagem para o século XXI. Esses três conjuntos de elementos e processos históricos (preservação de um mesmo núcleo de economias dominantes; fluxo, refluxo e nova expansão chamada interdependência global; organização social da produção dominada por um grupo restrito de atores relevantes) oferecem um quadro analítico adequado para o exame do desenvolvimento da economia internacional num longo século XX econômico. Com efeito, o século XX econômico tem início na década final do século XIX, quando o capitalismo manchesteriano de meados daquele século entra em sua fase madura de industrialização e de incorporação de um novo fluxo de inovações tecnológicas no quadro da segunda revolução industrial, não mais marcada pela máquina à vapor, mas sim pela eletricidade, pelo motor a explosão e pela química. É a fase de formação de cartéis, moderadamente controlados por leis de defesa da concorrência, da passagem do laissez faire doutrinal para o protecionismo comercial e no nacionalismo econômico, com a prática agressiva de tarifas diferenciadas e o desenvolvimento de zonas geográficas de exclusão (periferias), ainda que esses processos restritivos tenham sido contrabalanceados por uma liberação inédita no que respeita os fluxos de pessoas (imigrações) e os movimentos de capitais. O século XX econômico termina, não numa suposta era “pós-industrial”, mas sim numa fase combinação crescente dos sistemas produtivos e administrativos com as novas características da sociedade da informação, na qual os elementos brutos da produção (terra, capital e trabalho) são necessariamente permeados e dominados pela nova economia da inteligência. Os componentes de matéria-prima e o valor extrínseco de um bem durável passaram a valer bem menos, no final do século XX do que o valor intrínseco e a inteligência humana embutida nesses produtos, sob a forma de concepção e design, propriedade intelectual sobre os processos produtivos e sobre os materiais compostos utilizados em sua fabricação, royalties pela cessão e uso de patentes, trade-secrets e transferências know-how, margas registradas, marketing distribuição e publicidade. De fato, a globalização tende a agravar, num primeiro momento, os padrões de desigualdade regional ao selecionar áreas suscetíveis se serem integradas à nova economia planetária (pela oferta abundante de mão-de-obra assalariável, comunicações baratas, condições institucionais adequadas) e outras, sequem merecedoras do direito de serem exploradas. A nova fase de globalização capitalista, portanto, também coincidiu com o desenvolvimento e a expansão notável dos processos de integração regional, evidenciados nos exemplos da União Europeia, do NAFTA e do Mercosul, ademais de vários outros menos conhecidos. Esses blocos passaram a dominar grande parte do intercâmbio comercial global.
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