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Fisiologia 
1 
Fisiologia 
Ludmila Amitrano Mannarino 
1ª
 e
di
çã
o 
Fisiologia 
 
DIREÇÃO SUPERIOR 
Chanceler Joaquim de Oliveira 
Reitora Marlene Salgado de Oliveira 
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira 
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira 
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves 
 
DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira 
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva 
 
FICHA TÉCNICA 
Texto: Ludmila Amitrano Mannarino 
Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes & Christina Corrêa da Fonseca 
Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso 
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado 
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
 
COORDENAÇÃO GERAL: 
Departamento de Ensino a Distância 
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói 
 
M281f Mannarino Ludmila Amitrano. 
Fisiologia / Ludmila Amitrano Mannarino ; revisão de Rafael 
Dias de Carvalho Moraes e Christina Corrêa da Fonseca. – 1. ed. 
Niterói, RJ: EAD/UNIVERSO, 2014. 
224p. : il. 
 
1. Fisiologia. 2. Homeostase. 3. Fluidos do corpo humano. 4. 
Ensino à distância. I. Moraes, Rafael Dias de Carvalho. II. Fonseca, 
Christina Corrêa da. III. Título. 
CDD 612 
 
Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990 
 
Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC 
pelo conteúdo do texto formulado. 
© Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma 
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedor a 
da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). 
Fisiologia 
 
 
Palavra da Reitora 
 
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, 
exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de 
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes 
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi 
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero 
bem-sucedidas mundialmente. 
São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio 
dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço 
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio 
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se 
responsável pela própria aprendizagem. 
O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que 
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo 
momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de 
nossa plataforma. 
Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores 
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são 
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. 
A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a 
distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo 
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, 
graduação ou pós-graduação. 
Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando 
as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o 
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. 
 
Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! 
Professora Marlene Salgado de Oliveira 
Reitora. 
Fisiologia 
 
4 
Fisiologia 
 
5 
 
 
Sumário 
 
 
Apresentação da disciplina ................................................................................................ 7 
Plano da disciplina .............................................................................................................. 9 
Unidade 1 – Compartimentalização dos Líquidos Corporais e Homeostasia ...... 11 
Unidade 2 – Fisiologia dos Sistemas de Células Excitáveis ...................................... 
Nervosa e Muscular ........................................................................................................... 33 
Unidade 3 – - Fisiologia do Sistema Circulatório......................................................... 75 
Unidade 4 – Fisiologia do Sistema Respiratório .......................................................... 101 
Unidade 5 – Fisiologia do Sistema Renal ...................................................................... 121 
Unidade 6 – Fisiologia do Sistema Digestório ............................................................. 143 
Unidade 7 – Fisiologia do Sistema Endócrino.............................................................. 173 
Considerações finais ........................................................................................................... 213 
Conhecendo a autora ......................................................................................................... 214 
Referências ........................................................................................................................... 215 
Anexos .................................................................................................................................. 217 
Fisiologia 
 
6 
Fisiologia 
 
7 
 
Apresentação da disciplina 
 
Caro aluno, 
Seja bem-vindo a disciplina de fisiologia. Essa disciplina é trabalhada nos 
cursos de conhecimento biomédico e de saúde, pois nos mostra a função e o 
funcionamento do corpo humano e demonstra os mecanismos envolvidos no 
controle desse funcionamento para que seja mantida a condição de saúde. Dessa 
maneira, estaremos trabalhando os conceitos relacionados ao equilíbrio fisiológico. 
A disciplina associa conhecimentos adquiridos em outros conteúdos, 
colocando cada "peça" dessa "engrenagem" maravilhosa, que é nosso corpo, em 
funcionamento. 
Sendo uma palavra de origem grega, physis (natureza) logos (estudo), tem 
uma abrangência muito grande, por isso ela é dividida em seguimentos como: 
celular, vegetal, microbiana, animal, viral e humana. Nosso estudo será baseado na 
fisiologia humana. 
Considerando a variedade de células presentes em nosso organismo, 
podemos reconhecer que elas estão organizadas em diferentes tecidos, e que estes 
estão organizados em órgãos, que estão organizados em sistemas. Se analisarmos 
cuidadosamente iremos perceber que existem vários mecanismos que são 
intrínsecos a função que estas células exercem, e outros que são comuns a todas às 
células, independente da sua função. Em nossos estudos, iremos focar apenas o 
funcionamento e os mecanismos reguladores, baseando-nos na divisão por 
sistemas, sem considerar as diferenças que possam existir entre as suas células, mas 
valorizando as suas semelhanças. 
Fisiologia 
 
8 
 
Com o caminhar de nossos estudos, iremos perceber que os sistemas 
orgânicos trabalham de forma integrada, onde a função de um é fundamental para 
o trabalho do outro. Logo concluiremos que não existe sistemamais importante, e 
que o funcionamento equilibrado é que nos garante o estado de saúde. 
Para maior compreensão, durante a apresentação do conteúdo, serão 
sugeridos leituras adicionais, correlacionadas a outras disciplinas, mas que são de 
suma importância para o entendimento da fisiologia. 
Ludmila Amitrano Mannarino 
Bons estudos! 
Fisiologia 
 
9 
 
Plano da disciplina 
 
 
Os objetivos gerais da disciplina consistem em reconhecer a participação dos 
sistemas corporais na manutenção da saúde, assim como os mecanismos que os 
regem. Para que possa ser obtido o sucesso em nossa proposta, dividiremos o 
estudo em sete unidades, distribuídas da seguinte forma: 
 
Unidade 1 - Compartimentalização dos Líquidos Corporais e Homeostasia 
Serão abordados os conceitos básicos relacionados à organização do nosso 
corpo, para que possamos introduzir a base da fisiologia, que é a homeostasia. 
Objetivo: Reconhecer a participação dos sistemas no equilíbrio dinâmico do 
corpo. 
 
Unidade 2 - Fisiologia dos Sistemas de Células Excitáveis - Nervosa e 
Muscular 
Nessa unidade, abordaremos a geração de correntes elétricas em células 
nervosas e musculares, para correlacionarmos a ocorrência de potenciais de ação 
com o funcionamento desses sistemas. 
Objetivo: Identificar a participação do sistema nervoso como coordenador das 
funções corporais e compreender as diferenças funcionais entres os tipos de 
músculos (estriados e lisos) 
 
Unidade 3 - Fisiologia do Sistema Circulatório 
Utilizando os conhecimentos da anatomia iremos explorar o funcionamento 
cardiovascular e os eventos associados, como ciclo cardíaco, pressão sanguínea, 
fluxo sanguíneo, entre outros. 
Objetivo: Compreender a dinâmica da circulação dos líquidos corporais. 
Fisiologia 
 
10 
Unidade 4 - Fisiologia do Sistema Respiratório 
Também utilizando a organização anatômica desse sistema, iremos estudar os 
mecanismos de ventilação pulmonar e quais são os volumes e capacidades 
respiratórias. Falaremos sobre o transporte de gases pelo sangue e quais são os 
mecanismos de difusão envolvidos. 
Objetivo: Identificar a participação do sistema respiratório na oxigenação do 
sangue e tecidos, assim como a regulação do funcionamento do sistema. 
 
Unidade 5 - Fisiologia do Sistema Renal 
Iremos abordar o sistema renal como parte do sistema excretor, onde faremos 
a correlação com a função deste na manutenção da homeostasia. 
Objetivo: Compreender os processos básicos de troca renal e a participação 
deste sistema no controle da volemia e da diurese. 
 
Unidade 6 - Fisiologia do Sistema Digestório 
O sistema digestório será abordado pela sua divisão anatômica, onde faremos 
uma correlação da histologia e inervação com a função de cada segmento. 
Objetivo: Reconhecer os eventos associados à digestão e absorção para 
obtenção de nutrientes, assim como o processo de defecação. 
 
Unidade 7 - Fisiologia do Sistema Endócrino 
Sendo esse sistema um dos controladores do funcionamento do corpo, 
juntamente com o sistema nervoso, ele será estudado pelas glândulas endócrinas e 
os efeitos de seus hormônios no organismo, assim como os mecanismos de 
controle de secreção endócrina. Será englobada nessa unidade a endocrinologia 
da reprodução feminina e masculina. 
Objetivo: Reconhecer a participação dos hormônios no controle das funções 
celulares e os mecanismos de controle da secreção por feedback, assim como seus 
efeitos sobre o sistema reprodutor. 
Desta forma, prezado aluno, estaremos contribuindo com sua formação 
acadêmica, lembrando que estamos à disposição para auxilia-lo na compreensão 
do conteúdo. 
Fisiologia 
 
11 
 
Compartimentalização 
dos líquidos corporais e 
homeostasia 1 
Fisiologia 
 
12 
Quando estamos saudáveis, significa que os nossos sistemas orgânicos foram 
capazes de sofrer adaptações aos estímulos recebidos. Por exemplo, podemos citar 
as mudanças ocorridas em função da temperatura ambiental, atividade física, 
altitude, jejum prolongado e até mesmo durante a assimilação de novas 
informações. Conforme nos adaptamos aos estímulos ambientais, internos ou 
externos ao corpo, mantemos as condições necessárias para o funcionamento das 
nossas células. Concluímos que independente da localização e da função que a 
célula exerça, ela necessita de um ambiente equilibrado, que atenda as suas 
necessidades de sobrevivência e função. 
Para melhor entendimento da unidade é recomendável que alguns assuntos 
sejam revistos, seguem sugestões: 
 STANFIEL, Cindy L., Fisiologia Humana - 5ª edição. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2013. Cap. 2 - A Célula: estrutura e função 
 Guyton & Hall. Tratado de Fisiologia Médica - 12ª edição. Rio de Janeiro: 
Elsevier Editora Ltda., 2011. Cap. 2 - A célula e suas Funções 
 
Objetivos da unidade: 
 Reconhecer os compartimentos corporais e os líquidos que os compõe; 
 Identificar a importância do princípio da eletroneutralidade e da manutenção 
da osmolaridade, entre os compartimentos corporais; 
 Demonstrar a importância dos mecanismos de transporte de membrana 
celular na composição dos líquidos corporais; 
 Identificar o meio interno e a importância da manutenção de sua composição 
física e química; 
 Comprovar que a homeostasia é o principio fundamental da fisiologia; 
 Descrever como ocorre o controle dos sistemas corporais; 
Fisiologia 
 
13 
 
 Comprovar a importância dos ajustes realizados pelos sistemas, mediante os 
estímulos para manutenção da homeostasia; 
 Demonstrar a participação dos sistemas orgânicos na manutenção da 
homeostasia. 
 
Plano da unidade: 
 Líquidos e Compartimentos Corporais 
 Composição dos Líquidos Corporais 
 Movimentação de Substâncias entre os Compartimentos 
 Homeostasia e Processos Homeostáticos 
 Importância dos Processos Homeostáticos 
 Participação dos Principais Sistemas Orgânicos na Manutenção da 
Homeostasia 
 
Bons estudos! 
Fisiologia 
 
14 
 
Líquidos e compartimentos corporais 
 
Sabemos que a água é o principal componente do nosso corpo, 
correspondendo aproximadamente 60% do nosso peso. Esse volume é 
denominado de água corporal total (ACT), e é onde encontram-se dissolvidos 
vários solutos como íons inorgânicos, aminoácidos e proteínas. A ACT está 
distribuída em compartimentos orgânicos, como será descrito a seguir. 
A porção interna do nosso corpo pode ser dividida em dois compartimentos 
preenchidos por líquidos, o intracelular, que possui o líquido intracelular (LIC) e o 
extracelular, com o liquido extracelular (LEC). Quem separa o LIC do LEC é a 
membrana citoplasmática, sendo ela a responsável pela individualidade celular, 
controlando quais e quanto de cada elemento podem entrar ou sair da célula. 
 
Figura 1.1 - Compartimentos intra e extracelular 
Fisiologia 
 
15 
 
O compartimento extracelular é subdividido em outros compartimentos 
importantes, o intersticial (ou intercelular) e o vascular, contendo os líquidos 
intersticial (LIS) e plasmático, respectivamente. A composição desses dois líquidos 
extracelulares é bastante semelhante, pois os capilares, que são os menores e mais 
numerosos vasos sanguíneos, são bastante permeáveis a quase todos os solutos, 
exceto as proteínas e elementos celulares. 
O líquido presente nas câmaras oculares, na cavidade abdominal e entre as 
meninges (liquido cefalorraquidiano), por exemplo, não estão dentro das células, 
nem entre elas e nem no vaso sanguíneo, compondo assim o líquido transcelular, e 
esse compartimento é denominados transcelular. 
Compartimento % do peso corporal 
LIC 30-40 
LEC 
LIS 15-16 
Plasmático3-4 
Transcelular 1-3 
Tabela 1 - Distribuição da ACT (60% peso corporal) 
A análise desses compartimentos permite-nos visualizar que as células do 
nosso corpo encontram-se banhadas pelo LEC, e esse ambiente é denominado de 
meio interno. Ou seja, as condições do meio interno é que devem ser mantidas 
equilibradas para atender as necessidades celulares, seja na composição química 
ou física, pois é ele que oferece à célula os elementos necessários a sua 
sobrevivência e função. 
 
Composição dos líquidos corporais 
 
A composição dos líquidos corporais difere entre si conforme o 
compartimento em que estão localizados, sendo que mantém a mesma 
concentração, em mEq/L, de cargas positivas (cátions) e negativas (ânions), 
Fisiologia 
 
16 
obedecendo o princípio da eletroneutralidade. No LEC o principal cátion é o sódio, 
que é contrabalanceado pelos ânions cloreto e bicarbonato. Já no LIC o potássio e 
o magnésio são os principais cátions, e os ânions que os neutralizam são 
representados pelas proteínas e fosfatos orgânicos. 
Nesses dois compartimentos, a diferença na concentração de cada soluto é 
gerada e mantida por mecanismos de transporte da membrana celular, sendo que 
a osmolaridade (concentração total de soluto por litro de solução) é a mesma entre 
eles. A manutenção desta osmolaridade é importante para manter equilibrado o 
volume de água entre os compartimentos, pois ela tem livre passagem pela 
membrana celular, e qualquer alteração na osmolaridade movimentaria a água 
para dentro ou para fora da célula. 
Quanto aos LIS e plasmático, a diferença mais significativa de composição 
entre eles é gerada pela presença de proteínas no plasma sanguíneo, que devido 
ao seu grande tamanho molecular, não conseguem atravessar a parede dos 
capilares. Pelo fato destas apresentarem carga negativa e serem impermeáveis, a 
manutenção da eletroneutralidade é devida a redistribuição de pequenos cátions e 
ânions, através da parede capilar. Dessa forma, o plasma contém uma 
concentração levemente menor de ânions (como de cloreto) e uma ligeiramente 
maior de cátions (como sódio e potássio), quando comparado ao líquido 
intersticial. A esse evento denominamos de equilíbrio de Donnam-Gibbs. 
 
Movimento de substâncias entre os compartimentos 
 
A passagem de água e substâncias entre os compartimentos orgânicos ocorre 
através de membrana, e esta apresenta permeabilidade seletiva, ou seja, é 
permeável à água, mas com permeabilidade variável, ou até mesmo impermeável 
aos solutos. Logo a membrana funciona como uma barreira à passagem livre para a 
maioria das moléculas com importância biológica, sendo a movimentação de 
substâncias entre os compartimentos dependentes de sistemas especiais de 
transporte. 
Os mecanismos de transporte de solutos pela membrana são de dois tipos, 
sem gasto de energia (ATP), que é denominado de transporte passivo, e com gasto 
Fisiologia 
 
17 
de energia, que é o transporte ativo. Ambos os transportes possuem modalidades 
diferentes de serem realizados, e serão descritos a seguir. 
Difusão 
É uma modalidade de transporte passivo, e consiste na passagem do soluto do 
compartimento em que ele está mais concentrado para o que ele está menos 
concentrado, isso significa dizer que a força que promove a difusão é chamada de 
gradiente de concentração. Não podemos esquecer que as partículas carregadas 
eletricamente vão ser atraídas pelas cargas opostas, influenciando a difusão. 
A difusão simples é quando a membrana não oferece resistência à passagem 
da substância e elas difundem-se livremente pela membrana obedecendo ao 
gradiente de concentração e elétrico. Mas se possui alto peso molecular, por 
exemplo, vai depender de proteínas transportadoras presentes na membrana 
celular para facilitar seu transporte, por isso essa modalidade é chamada de difusão 
facilitada. 
A difusão simples (ou apenas difusão) ocorre em todas as células do nosso 
corpo. E a facilitada ocorre, por exemplo, para entrada de glicose na célula. 
 
Figura 1.2 - Difusão 
Fisiologia 
 
18 
 
Transporte Ativo 
Quando as substâncias movimentam-se contra o gradiente de concentração é 
necessário gasto de energia para que aconteça, além de proteínas transportadoras, 
visto que essa modalidade ocorre contra a tendência natural do deslocamento, 
movimentando do meio menos concentrado para o mais concentrado. 
Sabendo-se que não é interessante para célula manter o sódio em 
concentração elevada no LIC, pois favoreceria a movimentação da água, ele é 
transportado para o meio extracelular por transporte ativo, essa é a bomba de 
sódio e potássio, que transporta três moléculas de sódio para fora da célula ao 
mesmo tempo em que bombeia duas de potássio para dentro, mantendo a 
concentração de sódio mais elevada no LEC e de potássio no LIC. 
 
Figura 1.3 - Bomba de sódio e potássio 
Osmose 
A movimentação da água pelos compartimentos corporais ocorre por canais 
de água na membrana (aquaporinas), e obedece a duas forças, a pressão osmótica, 
realizada pela concentração de soluto (que retém a água), e a pressão hidrostática, 
exercida pelo volume de líquido na parede do compartimento. Quando os 
compartimentos apresentam diferença de concentração, a água desloca do meio 
Fisiologia 
 
19 
menos concentrado (possui menor pressão osmótica) para o mais concentrado 
(com maior pressão osmótica) para tornar as soluções isotônicas (com a mesma 
concentração de soluto/L). Mas, conforme a parede desse compartimento que 
recebe a água começa a ser pressionada pelo aumento do volume de líquido 
(pressão hidrostática), impede o deslocamento de mais água. Nos casos em que a 
pressão hidrostática é maior que a osmótica, a água será conduzida no sentido 
inverso, e nesse caso denominamos de osmose reversa ou filtração. 
 Exemplo de osmose é quando colocamos a hemácia em uma solução 
hipertônica (maior concentração de soluto/L), visto que, pela pressão osmótica, 
perderá água para o meio externo, consequentemente ela irá murchar (crenação). 
Essa perda ocorrerá até o volume do meio oferecer resistência a mais passagem de 
água (pressão hidrostática). Se a solução for hipotônica, a concentração de solutos 
na hemácia exercerá pressão osmótica, fazendo com que a água entre, e 
dependendo de quanta água entrar, a pressão hidrostática será tão grande que 
poderá romper a membrana da hemácia (hemólise). 
 Um exemplo de osmose reversa é o aumento de pressão sanguínea sobre a 
parede dos vasos capilares, exercendo maior pressão hidrostática, e com isso 
ocorre extravasamento de líquido para o espaço intersticial, causando o edema 
(acúmulo de líquido no compartimento intercelular). 
A filtração ocorre fisiologicamente nos glomérulos renais, mas depois boa 
parte da água é novamente reabsorvida para o sangue por osmose, nos túbulos 
renais. Também é por osmose que absorvemos a água que ingerimos, quando ela 
chega ao intestino grosso. 
 
Figura 1.4 - Osmose 
 
Fisiologia 
 
20 
 
Transporte envolvendo porções da membrana celular 
São os processos de endocitose, exocitose e transcitose. 
Na endocitose a membrana engloba as partículas formando vesículas no 
interior da célula, e pode ser dividida em pinocitose (partículas em solução) e 
fagocitose (partículas sólidas). A exocitose ocorre quando as vesículas presentes no 
interior das células se fusionam a membrana exteriorizando o seu conteúdo. Esses 
dois processos podem ocorrer em todas as células. 
Durante a absorção de alguns nutrientes pelo intestino delgado, as partículas 
entram nos enterócitos por endocitose e são liberados para o espaço intersticial 
porexocitose, e posteriormente são absorvidas pelos capilares intestinais. Este é 
um exemplo de transcitose, uma combinação de endocitose e exocitose. 
 
 
Figura 1.5 – Transcitose 
 
Importante! 
Qualquer falha nesses mecanismos de transporte pode 
comprometer a sobrevivência da célula e até mesmo do organismo, 
como um todo. 
Fisiologia 
 
21 
 
Homeostasia e processos homeostáticos 
 
Os elementos que são necessários ao metabolismo celular, como glicose, 
aminoácidos, sais minerais, vitaminas e O2, são oferecidos através do liquido 
intersticial, que é enriquecido pelo líquido plasmático. Os produtos desse 
metabolismo, como CO2, ácido úrico, ureia e creatinina são excretados da célula 
para o meio intercelular e dai retirados pela circulação, para destinos apropriados. 
Logo, para que a composição química, o volume do LEC e a temperatura (em torno 
de 37°C) sejam mantidos constantes no meio interno, é necessário que os sistemas 
orgânicos sofram os ajustes necessários. Portanto, a esse equilíbrio dinâmico, que 
garante a saúde do nosso corpo, é que denominamos homeostasia. 
O controle dos sistemas ocorre principalmente pelo evento de 
retroalimentação negativa, ou feedback negativo, que consiste em mecanismos 
de ajustes baseados na oscilação dos parâmetros, mantendo-os dentro de uma 
faixa de normalidade. Vejamos alguns exemplos. 
 O centro nervoso de controle da respiração regula a concentração do CO2 nos 
líquidos corporais. Logo, a elevação desse parâmetro (CO2) é percebida pelo 
centro respiratório, que irá determinar mudanças na respiração, tornando-a 
mais profunda e rápida, com isso aumenta a entrada de O2 no sangue e a 
retirada do excesso de CO2, retornando com o parâmetro para a faixa de 
normalidade. Esse retorno cessa o estímulo de ajuste sobre o centro 
respiratório. 
 A insulina é o hormônio produzido pelas células beta do pâncreas e é 
responsável pela diminuição da glicemia (concentração de glicose no 
sangue), pois favorece o deslocamento desta para dentro das células. Uma 
elevação desse parâmetro (glicemia) é percebida pelas células pancreáticas 
que irão secretar insulina, fazendo com que o nível de glicose no sangue 
diminua, e quando normaliza, o estimulo de secreção de insulina é 
interrompido. 
 O centro nervoso vasomotor é responsável pelo controle da pressão 
sanguínea. Quando ocorre diminuição desse parâmetro (pressão sanguínea) 
Fisiologia 
 
22 
o centro vasomotor produz respostas mediadas pelo sistema autônomo 
simpático que irá aumentar a frequência cardíaca e a contração da parede 
vascular, retornando com os valores de normalidade de pressão do sangue. 
 
No feedback negativo, o efeito gerado pelo ajuste do sistema é contrário ao 
evento que o desencadeou. 
* Aumento do CO2 → resposta do centro respiratório → diminuição do CO2 
* Aumento da glicemia → resposta pancreática → diminuição da glicemia 
* Queda da pressão sanguínea → resposta do centro vasomotor → elevação 
da pressão sanguínea 
 
 
Figura 1.6 - feedback negativo 
 
Poucos sistemas são controlados por feedback (retroalimentação) positivo. 
Nesse caso os efeitos gerados pelo ajuste do sistema "alimenta" mais ainda o 
evento que o desencadeou. Por exemplo, a ocitocina é o hormônio produzido pelo 
hipotálamo e secretado pela neurohipófise, ele estimula a contração uterina 
Fisiologia 
 
23 
durante o parto. Quanto mais a criança distende o canal do parto durante o seu 
nascimento, mais ocitocina é secretada, logo mais contrações vão ocorrer. No 
feedback positivo é necessário um fator para cessar a alimentação do sistema e no 
caso da ocitocina, é o parto, ou seja, a expulsão da criança e da placenta irá 
diminuir a distensão do colo uterino. 
 
Figura 1.7 - feedback positivo 
 
Importância dos processos homeostáticos 
 
Os processos de ajustes que garantem a homeostasia ocorrem por meio dos 
sistemas de controle, que atuam a nível celular, ou podem interferir no 
funcionamento de parte ou de todo um órgão, ou ainda, atuar em todo o corpo, 
controlando a interação entre os sistemas. Como já vimos eles são regulados pelos 
mecanismos de feedback. 
O objetivo desses sistemas de controle é ajustar as características físicas e a 
composição do LEC dentro de uma faixa estreita de valores. Quando esses valores 
oscilam fora dessa faixa, mas com limites máximos e mínimos não letais, significa 
que houve uma quebra na homeostasia, ou seja, são causados por doenças. Mas 
quando ultrapassam os limites não letais podem levar a uma disfunção muito 
grave, e até mesmo à morte. Quanto mais distante da faixa de normalidade, mais 
severo é o quadro clínico. 
Fisiologia 
 
24 
Quando fazemos exame no sangue, estamos verificando o funcionamento de 
muitos dos sistemas, pois a composição do líquido plasmático reflete a composição 
do liquido intersticial, logo podemos verificar a condição do meio interno. A tabela 
2 mostra alguns parâmetros que podem ser aferidos. 
 
 
Limite 
Não –letal 
mínimo 
(aproximado) 
Valor 
normal 
mínimo 
Valor 
normal 
Valor 
normal 
máximo 
Limite 
Não –letal 
Máximo 
(aproximado) 
Oxigênio 
(mm Hg) 
10 35 40 45 1.000 
Dióxido de 
carbono 
(mm Hg) 
5 35 40 45 80 
Íon sódio 
(mmol/L) 
115 138 142 146 175 
Íon potássio 
(mmol/L) 1,5 3,8 4,2 5,0 9,0 
Íon cálcio 
(mmol/L) 
0,5 1,0 1,2 1,4 2,0 
Íon cloreto 
(mmol/L) 70 103 108 112 130 
Íon bicarbonato 
(mmol/L) 
8 24 28 32 45 
Glicose 
(mg/dL) 20 75 85 95 1.500 
Temperatura 
corporal 
(°C) 
18,3 37 37 37 43,3 
Ácido-base 
(pH) 6,9 7,3 7,4 7,5 8,0 
Tabela 2 - Adaptação Tratado de Fisiologia Médica, cap. 1 - Gutton & Hall 
Observem algumas das consequências quando esses limites são 
ultrapassados: 
 Temperatura 7°C acima do normal pode desencadear um ciclo vicioso de 
aumento de metabolismo celular, que destrói as células. 
 Variação de 0,5 no valor de pH, para cima ou baixo, pode levar à morte. 
 Redução em 1/3 da concentração de potássio pode levar a paralisia por 
incapacidade funcional dos nervos. Já o aumento em duas vezes ou mais, 
pode levar a depressão do músculo cardíaco. 
Fisiologia 
 
25 
 Redução para metade da concentração de cálcio pode acarretar contrações 
tetânicas em todo o corpo, por geração espontânea de impulso nervoso 
periférico. 
 Redução em metade da concentração normal de glicose pode acarretar 
intensa irritabilidade mental e até convulsão. 
 
Participação dos principais sistemas orgânicos na 
manutenção da homeostasia 
 
 
Figura 1.8 - representação do transporte do LEC e participação dos sistemas corporais 
Agora iremos fazer uma apresentação sucinta de como os sistemas funcionais 
do nosso corpo colaboram com a manutenção da homeostasia, tendo em vista 
que, o funcionamento de cada um é fundamental para que os outros possam 
Fisiologia 
 
26 
exercer suas funções. Posteriormente, nas outras unidades, iremos descrever cada 
um de forma mais detalhada. 
O transporte do líquido extracelular é realizado pelo sistema circulatório que é 
composto pelo coração, vasos sanguíneos e linfáticos. A dinâmica circulatória 
consiste no bombeamento do sangue pelo coração, fazendo com que este circule 
por todo o corpo dentro dos vasos sanguíneos. É em nível nos capilares que ocorre 
a troca de substâncias entre o plasma e o líquido intersticial, sendo que é a mistura 
contínua entre esses dois líquidos corporais que garante uma semelhança na 
composição desses líquidos praticamente em todos os seguimentos. O volume de 
líquido que sai dos capilares sanguíneos na porção arterial, devido à pressão 
hidrostática elevadae a permeabilidade destes, é maior do que é recolhido pelos 
capilares venosos, sendo esse excesso de água recolhido pelos vasos linfáticos, 
juntamente com outros elementos, formando a linfa, o que posteriormente é 
devolvido à circulação venosa, no retorno ao coração. 
A obtenção de substâncias para enriquecer o LEC fica a cargo do sistema 
respiratório, digestório e alguns tecidos metabólicos. Durante a circulação do 
sangue pelos pulmões (pequena circulação) o oxigênio presente no ar inspirado 
difunde dos alvéolos para os capilares pulmonares, devido à diferença no 
gradiente de concentração e a permeabilidade de suas membranas (alveolar e 
capilar), e com a circulação sistêmica (grande circulação) ele é ofertado às células, 
quando se difunde pelos capilares teciduais para o líquido intersticial. Ao mesmo 
tempo em que o sangue oferta oxigênio para o sistema digestório durante a 
grande circulação, ele absorve os nutrientes que foram obtidos com a digestão dos 
alimentos, enriquecendo o líquido plasmático de substâncias como carboidratos, 
aminoácidos e ácidos graxos. Tecidos e órgãos que realizam funções metabólicas 
como o fígado (principalmente), adipócitos (células gordurosas), mucosa do trato 
gastrintestinal e glândulas endócrinas são capazes de armazenar e modificar 
quimicamente algumas substâncias presentes no sangue para que posteriormente 
sejam utilizadas por outras células. 
A remoção das substâncias provenientes do metabolismo celular ou que estão 
em excesso é feita pelo sistema respiratório, renal e secreção biliar. Da mesma 
forma que o oxigênio difunde do alvéolo para o capilar pulmonar, o dióxido de 
carbono (CO2), formado pela respiração celular, faz o sentido inverso, e com os 
movimentos respiratórios é liberado para a atmosfera. Muitos elementos não mais 
Fisiologia 
 
27 
necessários ao organismo são excretados na urina que é formada pelo sistema 
renal. Os rins não apenas filtram o sangue, pois esse processo é pouco seletivo, 
permitindo que substâncias essenciais ao organismo sejam filtradas, como a 
glicose e o aminoácido, portanto, é necessário que após a filtragem do plasma nos 
glomérulos renais, ocorra a reabsorção para o sangue e a secreção para os túbulos 
de substâncias, conforme a necessidade de rete-las ou elimina-las, 
respectivamente. Sendo o fígado o principal órgão de metabolização, algumas 
substâncias são excretadas pela bile, que é produzida pelo fígado, armazenada na 
vesícula biliar e secretada no intestino, onde é eliminada juntamente com os 
alimentos não digeridos, por meio das fezes. 
O sistema músculo-esquelético participa da homeostasia por originar os 
movimentos do corpo, seja para o deslocamento em busca de alimento e a 
mastigação, como permitir a mobilidade para proteção contra ambientes adversos, 
garantindo assim a integridade de todos os outros sistemas e os demais 
mecanismos homeostáticos. 
Apesar da reprodução não ser considerada por muitos autores como uma 
função relacionada à homeostasia, é por meio dela que novos seres são originados, 
sendo, portanto, uma função relacionada à perpetuação da espécie, que é a base 
biológica da vida. Se considerarmos que a forma sexuada de reprodução possibilita 
recombinações genéticas, ela colabora com a possibilidade de originar 
descendentes que sejam mais resistentes ao meio que seus progenitores. 
Para que haja uma sincronia no funcionamento do corpo, o sistema nervoso e 
o endócrino exercem um papel regulador, onde o primeiro atua regulando, 
principalmente, as atividades musculares e secretórias do corpo, enquanto o 
segundo, por meio dos hormônios, regula, principalmente, as funções de 
metabolismo celular. A porção sensorial do sistema nervoso é responsável por 
captar as informações do ambiente externo e interno do nosso corpo e conduzi-las 
até o centro de integração (sistema nervoso central), que tem a função de 
processa-las, armazena-las, assim como gerar pensamentos, ideias e comandos, 
que são enviados pelo segmento motor para serem executados pelos músculos e 
glândulas. Por outro lado, o sistema endócrino produz mediadores químicos, os 
hormônios, que são distribuídos pelo sangue para todo o corpo, incrementando ou 
minimizando uma função realizada pelo seu tecido-alvo, ou seja, o local onde ele 
atua. 
Fisiologia 
 
28 
 
Leitura Complementar! 
Se assimilarmos o que é homeostasia e como ela é conseguida, 
podemos imaginar quais ajustes que os sistemas devem sofrer, mediante aos 
estímulos, para que ela seja mantida. 
Sugestões de leitura complementar 
 STANFIEL, Cindy L., Fisiologia Humana - 5ª edição. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2013. 
 Cap. 1 - Introdução a Fisiologia 
 Cap. 4 - Transporte na membrana celular 
 Guyton & Hall. Tratado de Fisiologia Médica - 12ª edição. Rio de Janeiro: 
Elsevier Editora Ltda., 2011. 
 Cap. 1 - Organização Funcional do Corpo Humano e Controle do "Meio 
Interno". 
 Cap. 4 - O transporte de Substâncias através das Membranas Celulares. 
 SINGI, Glenan. Fisiologia Dinâmica - 2ª edição. São Paulo: Atheneu, 2007. 
 Cap. 2 - Homeostasia 
Fisiologia 
 
29 
 
Exercícios – unidade 1 
 
1) São líquidos presentes nos compartimentos extracelulares, exceto: 
a) Liquido intracelular 
b) Liquido plasmático 
c) Líquido intercelular 
d) Líquido transcelular 
2) A estrutura responsável pela diferença de composição entre o líquido 
intracelular e o extracelular é: 
a) Capilar sanguíneo 
b) Membrana celular 
c) Rins 
d) Fígado 
3) A administração endovenosa de uma solução hipertônica de sacarose pode 
levar a crenação das hemácias devido a: 
a) Difusão de solutos 
b) Transporte ativo da sacarose 
c) Osmose 
d) Transcitose 
4) O mecanismo de transporte que envolve porções da membrana, e que 
permite a absorção de muitos nutrientes pelo intestino é denominado: 
a) Difusão de solutos 
b) Transporte ativo da sacarose 
c) Osmose 
d) Transcitose 
Fisiologia 
 
30 
5) O liquido que banha as células, sendo o responsável em manter as condições 
de sobrevivência e função da mesma é denominada: 
a) Meio interno 
b) Liquido transecular 
c) Liquido intracelular 
d) Todas estão corretas 
6) Quando o equilíbrio dinâmico é mantido, garantido a condição de saúde 
podemos dizer que estamos em: 
a) Homeostasia 
b) Adaptação 
c) Feedback positivo 
d) Feedback negativo 
7) Quando o pâncreas secreta a insulina, com o objetivo de diminuir a glicemia, e 
para de secretar quando esta retorna a faixa de normalidade, podemos dizer 
que o mecanismo de controle que está ocorrendo é: 
a) Homeostasia 
b) Adaptação 
c) Feedback positivo 
d) Feedback negativo 
8) O que justifica podermos avaliar a nossa condição de saúde pelo exame de 
sangue? 
a) O fato de ele estar presente nos vasos sanguíneos 
b) A drenagem de líquido tecidual pelos vasos linfáticos 
c) A semelhança entre a sua composição e a do meio interno 
d) O princípio da eletroneutralidade 
Fisiologia 
 
31 
9) Sabendo que o sistema circulatório faz o transporte de líquido extracelular, e 
que ele pode ser enriquecido com oxigênio e nutrientes, descreva a 
integração dos sistemas envolvidos: 
 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 
10) Descreva a participação dos sistemas de controle, que atuam regulando o 
funcionamento corporal: 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Fisiologia 
 
32 
Fisiologia 
 
33 
Fisiologia dos Sistemas 
de Células Excitáveis - 
Nervoso e Muscular 2
Fisiologia 
 
34 
 
A função dos sistemas que constituem o nosso corpo é baseada na 
organização das células que os compõe, e muitas destas possuem especializações 
exclusivas, o que permite classificar os neurônios (células nervosas) e as células 
musculares como excitáveis, o que significa dizer que essa células são capazes de 
alterar a condição de potencial elétrico da membrana quando são estimuladas, o 
que resultará em passagem de uma corrente elétrica (potencial de ação) que será 
responsável pela sua função. No caso do sistema nervoso, a função das células é 
propagar informações, e no muscular é a contração, e graças a essas 
especializações é que podemos andar, pensar, memorizar, utilizar nossos sentidos, 
executar movimentos como respiratórios e digestivos, controlar a secreção de 
hormônios e muito mais! Para melhor entendimento, essa unidade será 
subdividida em três partes: eletrofisiologia celular (estudo da atividade elétrica da 
célula); sistema nervoso e sistema muscular. 
 
Objetivos da unidade: 
 Reconhecer os potenciais de membrana e suas variações; 
 Entender os processos eletroquímicos que ocorrem nas células excitáveis e 
reconhecer os íons envolvidos; 
 Correlacionar a divisão anatômica com a funcional, do sistema nervoso; 
 Identificar as células que formam o tecido nervoso e suas funções; 
 Reconhecer a sinapse e suas modalidades; 
 Reconhecer os tipos de receptores e vias sensoriais envolvidas; 
 Demonstrar o funcionamento do sistema nervoso pela sua divisão funcional; 
 Correlacionar as vias somática e autônoma com as respostas orgânicas, os 
neurotransmissores e seus receptores; 
 Apresentar algumas das funções integradas do sistema nervoso; 
Fisiologia 
 
35 
 Diferenciar os tipos de músculos; 
 Correlacionar a histologia com o funcionamento de cada tipo de músculo; 
 Associar os tipos de músculos com suas funções. 
 
Plano da unidade: 
 1ª PARTE: Eletrofisiologia Celular 
 Potencial de Repouso e de Ação em Células Excitáveis 
 2ª PARTE: Fisiologia do Sistema Nervoso (SN) 
 Células do Sistema Nervoso 
 Transmissão sináptica 
 Divisão funcional do SN - Princípios Gerais 
 Divisão funcional do SN - Vias Aferentes (Sensitivas) 
 Divisão funcional do SN - Vias Eferentes (Autônoma e Motora) 
 Função Integrada do SN - Atos Reflexos 
 Função Integrada do SN - Coordenação dos Movimentos 
 Função Integrada do SN - Regulação da Temperatura Corporal 
 Função Integrada do SN - Regulação da Alimentação 
 Função Integrada do SN - Regulação da Ingestão de Água 
 Função Integrada do SN - Sono 
 Função Integrada do SN - Sistema Límbico 
 3ª PARTE: Fisiologia Muscular 
 Músculo Esquelético 
 Músculo Liso 
 Músculo Cardíaco 
Bons estudos! 
Fisiologia 
 
36 
 
1ª Parte: Eletrofisiologia celular 
 
Como visto na unidade anterior, existe uma diferença na composição e na 
concentração dos íons entre o meio intra e extracelular, e esta condição é gerada e 
mantida pela membrana que possui como característica a permeabilidade seletiva. 
No meio extracelular ocorre maior concentração dos íons sódio, cálcio e cloro, e no 
intracelular de potássio. Estes elementos foram destacados por serem os 
envolvidos na atividade elétrica da membrana. 
A facilidade de passagem de íons permeáveis pelos seus canais iônicos 
(proteínas integrais de membrana que apresentam permeabilidade seletiva aos 
íons) é dependente de sua hidratação, que resulta da valência e do peso atômico 
de cada um. Por exemplo, ao comparar o sódio (Na+), o potássio (K+), o cloro (Cl-) e 
o cálcio (Ca++) perceber-se-á que o potássio e o cloro são mais permeáveis do que o 
sódio, e que este é mais permeável que o cálcio, que é o íon que possui maior grau 
de hidratação (quanto mais hidratado, maior o tamanho do íon e menor a sua 
permeabilidade). É essa desigualdade nas concentrações dos íons que é 
responsável pela presença de carga elétrica nas faces da membrana, ou seja, existe 
uma diferença de potencial elétrico entre elas, sendo a externa mais positiva que a 
interna (pois as proteínas que são sintetizadas na célula não se difundem). A 
polaridade da membrana (diferença de potencial elétrico) ocorre praticamente em 
todas as células do nosso corpo sendo denominada potencial de membrana. 
 
Fisiologia 
 
37 
Como as células nervosas e musculares são capazes de gerar variações 
eletroquímicas em suas membranas devido à alteração da permeabilidade dos 
seus canais iônicos, são consideradas excitáveis, e o potencial de membrana é 
chamado de potencial de repouso. Quando ocorre alteração na polaridade da 
membrana nessas células, dizemos que está ocorrendo um potencial de ação, que é 
o responsável pela função que elas exercem. 
 
Potencial de repouso e de ação em células excitáveis 
 
Os eventos eletroquímicos associados à geração do potencial de ação serão 
apresentados de forma sucinta, permitindo a assimilação do que é necessário para 
o entendimento do funcionamento do tecido nervoso e muscular. 
A alteração da permeabilidade dos canais iônicos das células excitáveis pode 
ser induzida por estímulos elétricos, químicos, físicos e mecânicos, ou ocorrer 
espontaneamente, como também ocorre nas células musculares lisas e cardíacas. 
Para que o potencial de ação seja iniciado, é necessário que a célula esteja em 
repouso (com a membrana polarizada - positiva na face externa e negativa na 
interna), assim quando ela for estimulada ocorre a abertura temporária dos canais 
de sódio, que devido ao gradiente de concentração, irá difundir para o meio 
intracelular, resultando em uma despolarização da membrana, tornando-a mais 
negativa na face externa e positiva na interna. Pelo fato do potássio estar mais 
concentrado no meio intracelular, ser mais permeável e a face externa estar 
carregada positivamente, ele é atraído para o meio extracelular, ocorrendo a 
repolarização da membrana, tornando a face externa novamente positiva e a 
interna negativa. Nesse momento a célula é capaz de responder a novos estímulos, 
pois a quantidade de sódio que entrou foi pequena, e ele ainda é mais concentrado 
no líquido extracelular. Mas para que a célula seja capaz de manter a excitabilidade 
é necessário que ocorra a organização iônica após a despolarização, que é 
conseguida com a ativação da bomba de sódio-potássio (transporte ativo), 
transportando o sódio em excesso para fora da célula enquanto conduz o potássio 
para dentro, retornando a condição iônica e de polaridade inicial da célula, antes 
de iniciar o potencial de ação. 
Fisiologia 
 
38 
 
 
Quando o estímulo determinar a abertura dos canais de cloro, ocorrerá uma 
hiperpolarizaçãoda membrana, pois o cloro, que é um anion, irá reforçar a 
polaridade negativa da face interna, impedindo ou retardando um potencial de 
ação. 
Fisiologia 
 
39 
 
 
Para facilitar o entendimento, vamos montar uma associação do íon com o 
evento na membrana: 
 Sódio → despolarização 
 Potássio → repolarização 
 Bomba de sódio-potássio → reorganização iônica 
 Cloro → hiperpolarização 
Vale destacar que uma propriedade importante do potencial de ação é a 
propagação por toda a membrana a partir do ponto de estímulo, e que a 
repolarização normalmente ocorre onde a despolarização teve início. 
 
2ª PARTE: Fisiologia do sistema nervoso (SN) 
 
O sistema nervoso (SN) é formado por um conjunto de células especializadas 
em gerar e transmitir informações entre si e para as células musculares e glândulas, 
sendo o principal integrador das funções corporais. 
Vejamos como isso funciona... 
O SN é dividido anatomicamente em duas partes, o sistema nervoso central 
(SNC), constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal, sendo responsável por 
processar as informações relativas ao ambiente interno e externo do nosso corpo, 
Fisiologia 
 
40 
por tomar decisões, gerar os comandos para serem executados pelos órgãos 
efetores (músculos e glândulas) e por ser o local de armazenamento das 
informações, do aprendizado, dos pensamentos, das emoções e de muitas outras 
funções. A outra parte é o sistema nervoso periférico (SNP), seguimento responsável 
por fazer a integração entre o SNC e todos os órgãos do nosso corpo. Quando o 
SNC recebe as informações e determina comandos, tem como função manter o 
organismo adaptado aos estímulos, garantindo dessa forma a homeostasia. 
 
 
Fisiologia 
 
41 
 
 
Células do sistema nervoso 
 
O tecido nervoso é formado principalmente por dois tipos de células, as 
nervosas (denominadas de neurônios), que são a unidade funcional desse sistema e 
as células da glia (células gliais ou neuroglias), responsáveis por funções 
metabólicas, nutritivas e de suporte, que correspondem a cerca de 75 a 90% do 
total de células do sistema nervoso. 
Sendo as neuroglias mais numerosas que os neurônios, apesar de não serem 
excitáveis, são fundamentais para manter o ambiente apropriado para o 
funcionamento neural. Atualmente são reconhecidas no SNC os astrócitos, os 
oligodendrócitos, as micróglias e as células ependimais, e no SNP, as células de 
Schwann 
Oligodendrócitos e células de Schwann são responsáveis pela formação da 
bainha de mielina que envolve o axônio dos neurônios do SNC e do SNP, 
respectivamente. Os astrócitos, que são as neuróglias mais numerosas, exercem 
funções diversas das quais podemos destacar a participação na formação da 
barreira hematoencefálica (protege o SNC contra substâncias presentes no sangue 
que podem ser nocivas); a manutenção da concentração de potássio extracelular 
(permitindo a excitabilidade neuronal); a remoção de neurotransmissores da fenda 
sináptica; a síntese e fornecimento de substratos para os neurônios utilizarem, 
como o lactato (para ser utilizado como fonte energética); além de guiarem os 
prolongamentos do axônio na organização do tecido nervoso. As micróglias 
realizam fagocitose de restos celulares e de corpos estranhos (como bactérias) e 
também protegem os neurônios do estresse oxidativo. Apenas a função das células 
ependimais ainda não foi reconhecida. 
O nosso sistema nervoso possui quase 100 bilhões de neurônios, que são 
células excitáveis e liberam mediadores químicos (neurotransmissores) que 
permitem que haja uma comunicação entre si e entre eles e os órgãos efetores. 
Estruturalmente esta célula é formada pelo corpo celular nucleado, que é 
responsável pelas funções metabólicas e de onde partem prolongamentos que são 
Fisiologia 
 
42 
 
os dendritos (dispersos e numerosos) que recebem os estímulos, sendo que 
também podem ocorrer no corpo celular e no axônio, e o axônio (ou fibra nervosa) 
que apesar de único possui uma ramificação onde a substância neurotransmissora 
fica armazenada em vesículas, sendo, portanto, a estrutura responsável em 
transmitir a informação para célula seguinte, por meio de sinapse. 
 
 
 
O axônio pode ser revestido pela bainha de mielina (mielínico) ou não 
(amielínico). A mielina é um isolante, onde potenciais de ação não podem ser 
gerados nem conduzidos, mas como ela é descontínua, o potencial de ação "salta" 
através dos nódulos de Ranvier (local do axônio entre duas junções de mielina), 
permitindo acelerar a velocidade da transmissão do impulso nervoso em até 10 
vezes, essa é a condução saltatória da corrente elétrica. Nos axônios mielinizados 
ou não, a condução do potencial de ação que ocorre no sentido do axônio 
(ortodrômica), é a responsável pela passagem de informação, tendo em vista ser 
esse o local que possui o neurotransmissor. 
 
Fisiologia 
 
43 
 
Transmissão sináptica 
 
Sinapse é o local de passagem de informação entre um neurônio e outro ou 
entre ele e uma célula muscular ou glandular, sendo de dois tipos: a sinapse 
elétrica e a química. 
Nas sinapses elétricas o potencial de ação é passado de uma célula para outra 
pelas junções comunicantes, e ocorre com pouca frequência no SN, além de que 
pouco se sabe a respeito de seu funcionamento e sua função neste tecido. Por 
outro lado, as sinapses químicas é que predominam, sendo elas responsáveis pela 
modulação na passagem de informação entre neurônios. Nesse tipo de sinapse as 
células não se tocam, havendo entre elas um espaço denominado fenda sináptica, 
onde a substância neurotransmissora é liberada pelo neurônio pré-sináptico para 
atuar no receptor da célula pós-sináptica. 
 
 
Cada neurônio sintetiza apenas um tipo de neurotransmissor, que fica 
armazenado nas vesículas, assim o potencial de ação que se propaga no sentido do 
axônio permitirá a entrada do cálcio após a do sódio, fazendo com que ocorra a 
exocitose do neurotransmissor. Após a liberação deste na fenda sináptica, ele irá 
Fisiologia 
 
44 
interagir de forma reversível com o receptor pós-sináptico, e posteriormente será 
degradado por enzimas específicas. Seus subprodutos difundem-se para fora da 
fenda juntamente com os neurotransmissores que não foram degradados, ou estes 
são recaptados para serem degradados e utilizados para ressíntese, no próprio 
neurônio. 
Cada célula pós-sináptica possui receptores que são específicos para cada 
neurotransmissor, e a interação entre eles resultará em um tipo de potencial pós-
sináptico. Se o resultado dessa interação abrir os canais de sódio, despolarizando a 
membrana, promoverá um potencial de ação na célula, e é denominado potencial 
pós-sináptico excitatório (PPSE). Porém se forem abertos os canais de cloro e até 
mesmo apenas os de potássio, haverá uma hiperpolarização da membrana, que 
impede ou torna mais difícil a geração de um potencial excitatório, sendo esse o 
potencial pós-sináptico inibitório (PPSI). 
 
Nos arranjos sinápticos divergentes ocorre a passagem de informação de um 
único neurônio para vários outros neurônios, permitindo a amplificação da 
informação. Nas sinapses convergentes, um neurônio recebe informação de 
terminais axônicos de vários neurônios, que podem estar transmitindo PPSE ou 
PPSI, e a somação desses potenciais determina qual resposta pós-sináptica irá 
ocorrer. A somação pode ser temporal, quando gerados de uma única sinapse, ou 
espacial, quando ocorrem de sinapses diferentes. A somação é fundamental para 
Fisiologia 
 
45 
que o limiar excitatório da célula seja atingido, pois de acordo com a lei do tudo ou 
nada,o estímulo tem que ser suficiente para que o potencial de ação ocorra e se 
propague pela fibra nervosa, e uma vez conseguida a resposta de despolarização, 
ela será igual, mesmo que aumente a frequência ou a intensidade do estímulo. 
 
Divisão funcional do SN - princípios gerais 
 
Nosso estudo será baseado na anatomia e no funcionamento do sistema 
nervoso, procurando focar principalmente a divisão funcional. Abaixo, seguem 
tabelas ilustrativas das duas divisões didáticas 
Tabela 2.1- Divisão Anatômica do SN 
SN 
SNC 
Encéfalo 
Cérebro 
Cerebelo 
T. encefálico 
Mesencéfalo 
Ponte 
Bulbo 
Medula espinhal 
SNP 
Nervos 
Espinhais 
Cranianos 
Gânglios 
Terminações nervosas 
Adaptado da tabela 14.1 Singi (pag.132) 
Tabela 2.2 - Divisão funcional do SN 
SN 
SN Somático 
(Voluntário) 
Aferente 
Eferente (motor) 
SN Visceral 
(Involuntário) 
Aferente 
Eferente 
(autônomo) 
Simpático 
Parassimpático 
Adaptado da tabela 14.3 Singi (pag.132) 
Os nervos são estruturas formadas por fibras nervosas (axônios), que podem 
ser de neurônios aferentes ou sensitivos (quando trazem a informação para o 
sistema nervoso central); e eferentes ou motoras (quando levam a informação para 
Fisiologia 
 
46 
o órgão efetor), desta maneira formam os nervos sensitivos (apenas fibras 
sensitivas), os motores (apenas fibras motoras) e os mistos (fibras sensitivas e 
motoras). No SNC existem ainda os interneurônios ou de neurônios associação, que 
são responsáveis em integrar diferentes partes e seguimentos do SNC, e estão em 
maior número. 
Vamos refletir! 
Em relação ao seu corpo. Qual é o único seguimento que podemos 
movimentar de forma voluntária? 
Certamente é o músculo esquelético. Não temos controle consciente do 
funcionamento do nosso coração, da transpiração, dos vasos sanguíneos, nem 
mesmo dos movimentos peristálticos do trato digestório. Portanto, o sistema 
nervoso somático é segmento relacionado às respostas voluntárias, conscientes, 
que realizamos com os nossos músculos esqueléticos; já o visceral, também 
chamado de autônomo, é responsável pelas respostas involuntárias, ou seja, que 
ocorrem independente da nossa consciência, e está relacionado ao funcionamento 
dos músculos lisos, cardíaco e das glândulas. 
Fisiologia 
 
47 
 
Divisão funcional do SN - vias aferentes (sensitivas) 
 
O trabalho do SNC é baseado nas informações recebidas pela via sensorial 
(aferente), sendo os receptores a estrutura responsável por captar as variações do 
meio em que se encontram (seja no ambiente interno ou externo do nosso corpo), 
e quando são ativados eles transformam o estímulo em potenciais de ação no 
neurônio sensitivo, que irá conduzir a informação para centros nervosos (regiões 
específicas do SNC) onde serão processadas e integradas, resultando nas sensações 
que poderão promover respostas eferentes, sejam elas somáticas ou viscerais. 
Os receptores apresentam especificidade quanto ao tipo de estímulo que é 
capaz de ativa-los. Observe a tabela abaixo que mostra a classificação, o estímulo, e 
as sensações envolvidas. 
Tabela 2.3 - classificação dos receptores - especificidade 
Classificação Estímulo Sensação 
Mecanorreceptores 
Deformação 
mecânica 
Tato cutâneo, audição, equilíbrio 
e pressão arterial 
Termorreceptores 
Variação de 
temperatura 
Frio e calor 
Nociceptores Fortes estímulos Dor 
Eletromagnéticos 
(fotossensíveis) 
Variação de ondas 
luminosas 
Visão 
Quimiorreceptores Substâncias químicas 
Olfato, paladar, concentração 
dos gases no sangue, 
osmolaridade, concentração de 
glicose... 
 
Outra classificação está relacionada com a via sensitiva que o receptor participa. 
 Proprioceptores: localizados nos músculos, ligamentos, capsulas articulares e 
tendões. Participam da via proprioceptiva que pode ser consciente ou 
Fisiologia 
 
48 
inconsciente. A consciente é capaz de localizar as partes do nosso corpo e 
perceber os movimentos que fazemos sem o auxílio da visão. A inconsciente 
informa ao SNC o grau de distensão muscular e articular para que os 
movimentos musculares esqueléticos possam ser ajustados. 
 Interoceptores: localizados em vísceras e vasos sanguíneos. Estão envolvidos 
na interocepção, que também pode ser consciente ou não. As sensações 
conscientes viscerais são as de dor, que podem ser causadas por deficiência 
sanguínea ou distensão, por exemplo; e as sensações orgânicas, como as do 
apetite, da sede e da repleção de bexiga, sendo assim responsáveis para 
indicar uma necessidade orgânica para que possamos satisfazê-la, como nos 
alimentarmos, bebermos água, eliminarmos a urina e assim por diante. Já as 
inconscientes como as relacionadas com a percepção da osmolaridade, 
pressão arterial, composição de gases respiratórios e pH, são utilizadas para 
ajustar os sistemas orgânicos, garantindo a homeostasia. 
 Exteroceptores: localizados na superfície do corpo e estão relacionados às 
sensações conscientes de temperatura, luminosidade, som, dor, olfato, 
paladar, entre outras. 
As percepções visuais, auditivas, gustativa, olfativas, táteis e de dor ocorrem 
baseadas nas estimulações de receptores específicos, que pela via aferente 
conduzem as informações para os respectivos centros nervosos, onde são 
interpretadas e associadas a outras informações. 
O seguimento aferente somático é responsável por conduzir principalmente 
informações proprioceptivas que permitem a integração do organismo com o 
meio ambiente, cujas respostas eferentes são realizadas pelos movimentos 
musculares esqueléticos, que ocorrem de forma voluntária, por meio de 
movimentos precisos. 
O aferente autônomo está relacionado a informações que permitem os ajustes 
viscerais independentes de nossa vontade, controlando o funcionamento do 
músculo cardíaco, liso e glândulas, sendo o sistema da vida vegetativa ou 
autonômica. A sua porção eferente é dividida em respostas simpáticas e 
parassimpáticas. 
Fisiologia 
 
49 
 
Divisão funcional do SN - vias eferentes (autônoma e 
motora) 
O segmento somático (motor) está relacionado ao controle voluntário que é 
possível ocorrer nos músculos esqueléticos. Os neurônios motores têm origem no 
SNC e levam a informação diretamente para cada fibra muscular esquelética, assim 
cada neurônio é responsável pela contração de um número determinado de fibras, 
e esse conjunto formado pelo neurônio motor e as fibras que ele inerva é 
chamado de unidade motora. Quando o neurônio motor é ativado resulta na 
liberação do neurotransmissor acetilcolina na placa motora, região da fibra 
muscular onde estão localizados os receptores para a acetilcolina, que são 
específicos para ela, os receptores colinérgicos nicotínicos. Na sinapse da junção 
neuromuscular (entre o terminal sináptico e a placa motora), o potencial pós-
sináptico é sempre excitatório, isso quer dizer que a interação da acetilcolina no 
receptor nicotínico irá gerar na fibra muscular um potencial de ação, que conduzirá 
os eventos que resultarão na contração muscular. É na junção mioneural que 
ocorre a degradação da acetilcolina pela enzima acetilcolinesterase. 
 
Os órgãos efetores de respostas autônomas são inervados, na maioria das 
vezes, pelas duas divisões, simpática e parassimpática. Essa dupla inervação 
permite o controle do funcionamento do órgão efetor, onde uma predomina sobre 
a outra, dependendo da situação. O parassimpático é mais ativo nas situações de 
repouso, digestão e micção, e o simpático durante as atividades físicas e estados 
emocionais. Na maioria das vezes os efeitos são antagônicos, mas em alguns 
sistemas trabalham de forma sinérgica (um ajudando o outro),como na produção 
de saliva e no ato sexual masculino (parassimpático promove a ereção e o 
simpático a ejaculação) e sempre com o mesmo objetivo que é a manutenção da 
homeostasia. Alguns sistemas podem receber apenas um tipo de inervação, como 
o vascular. 
Fisiologia 
 
50 
Cada via eferente autônoma é formada por dois neurônios que fazem sinapse 
fora do SNC, em gânglios nervosos, os simpáticos localizam-se próximos à coluna 
vertebral, e os parassimpáticos próximo ou no próprio órgão efetor. O primeiro 
neurônio (pré-ganglionar) nas duas vias tem origem no SNC (em regiões diferentes) 
e libera o neurotransmissor acetilcolina na fenda sináptica ganglionar, que irá 
interagir no receptor colinérgico nicotínico presente no segundo neurônio (pós-
ganglionar), e esse por sua vez faz sinapse com o órgão efetor (músculo cardíaco, 
liso e glândulas), sendo que o neurotransmissor liberado depende da via que o 
neurônio pertence. Os neurotransmissores da via simpática são a adrenalina e a 
noradrenalina, que interagem em receptores adrenérgicos do tipo α e β, dependendo 
do tecido. A via parassimpática libera acetilcolina, sendo o receptor colinérgico 
muscarínico. 
 
As respostas da via simpática e parassimpática estão relacionadas a funções 
vegetativas (autônomas) para manutenção da homeostasia, sendo que o 
seguimento simpático é capaz de promover uma resposta generalizada, 
denominada reação de alarme em situações de estresse, emocionais e atividade 
física. Essa resposta só é possível, pois a via simpática estimula a região medular da 
glândula suprarrenal (adrenal) a liberar a adrenalina direto na corrente sanguínea, 
Fisiologia 
 
51 
esta, por sua vez, será distribuída por todo o nosso corpo, interagindo em todos os 
receptores adrenérgicos. A via simpática também é chamada de sistema de luta e 
fuga, resultando de forma geral no aumento da pressão sanguínea, do 
metabolismo celular e da glicose. 
Tentem imaginar uma pessoa fugindo de uma situação de perigo... agora 
vamos associar à resposta generalizada da reação de alarme: 
 Vasoconstrição cutânea → palidez. 
 Vasodilatação muscular → mais sangue para os músculos, pois eles irão 
desenvolver a atividade de fuga. 
 Aumento da frequência cardíaca → maior volume de sangue circulando para 
atender a demanda corporal. 
 Dilatação da árvore traqueobrônquica → maior ventilação pulmonar, com 
melhor oxigenação do sangue. 
 Diminuição do peristaltismo intestinal, relaxamento do músculo da bexiga e 
contração dos esfíncteres uretral e retal internos → evita a eliminação de 
fezes e urina. 
 Piloereção → arrepiar como um gato assustado! 
 Sudorese → com suor frio nas extremidades. 
 Dilatação da pupila e acomodação da visão à distância → melhora a 
percepção visual. 
As respostas vegetativas, simpática e parassimpática, estão esquematizadas na figura 
2.11. 
 
Função integrada do SN - atos reflexos 
 
As respostas realizadas pela via eferente motora e autônoma (principalmente) 
podem ocorrer por mecanismos reflexos. Um ato reflexo significa uma resposta 
automática e ou inconsciente realizada por um órgão efetor mediante um 
estímulo, e eles podem ser organizados em categorias, como: 
 Encefálicos ou medulares, de acordo com a origem. 
 
Fisiologia 
 
52 
 
 
 Somáticos ou autônomos, de acordo com a via eferente envolvida. 
 Inatos (nascem conosco) ou condicionados (temos que aprender). 
 Monossinápticos (dois neurônios e uma sinapse) ou polissinápticos (mais de 
dois neurônios e várias sinapses). 
Agora iremos descrever alguns reflexos, lembrando que eles são agrupados em 
todas as categorias acima descritas. 
1. Reflexo de estiramento. É a contração involuntária de um músculo após seu 
estiramento. Pode ser exemplificado pelo reflexo patelar, que ocorre com a 
percussão no tendão patelar, que resulta na contração do músculo 
quadríceps femoral. É o único monossináptico conhecido no homem, sendo 
denominado de arco reflexo, sendo inato, somático e de origem medular. 
2. Reflexo de estiramento inverso. É o relaxamento involuntário de um 
músculo esquelético quando seu estiramento é muito intenso, sendo uma 
forma de proteção para evitar lesões no tendão ou no músculo que está 
Fisiologia 
 
53 
sendo contraído. Acontece quando pegamos um objeto mais pesado do que 
nossa capacidade de força, assim suportamos por um período, depois a força 
cessa repentinamente e largamos o objeto. Pode ser enquadrado na mesma 
categoria anterior, exceto por ser bissináptico. 
3. Reflexo de retirada. É a contração que ocorre simultaneamente ao 
relaxamento de músculos esqueléticos flexores e extensores, 
respectivamente, na tentativa de afastar um segmento do corpo do local de 
um estímulo nocivo ou doloroso. É o que fazemos quando pisamos em um 
prego ou encostamos a mão em uma superfície quente. Também pode ser 
enquadrada na mesma categoria dos anteriores, exceto por ser 
polissináptico, o que nos permite tomar consciência da dor. 
4. Reflexo pupilar. É a constrição da pupila com o estímulo luminoso. Este 
reflexo é inato, encefálico, autônomo e polissináptico. 
5. Reflexo visceral. É a resposta de uma via autônoma mediante estímulo, 
como acontece com a produção de saliva quando pensamos em um alimento 
ou sentimos seu cheiro. Ele é encefálico, autônomo, polissináptico e 
condicionado, pois a salivação está relaciona a alimentos que gostamos. 
Existem os inatos, que estão relacionados ao controle da frequência cárdica, 
por exemplo. 
 
Fisiologia 
 
54 
 
Função integrada do SN - coordenação dos movimentos 
 
Cada movimento que executamos envolve uma série de eventos aferentes, 
eferentes e integrativos entre regiões encefálicas. O cerebelo é uma das estruturas 
fundamentais para a coordenação dos movimentos voluntários, pois recebe do 
córtex cerebral motor a intenção do movimento, das vias proprioceptivas o 
posicionamento do corpo, da visão o posicionamento espacial, além de outras 
informações, coordenando e uniformizando os movimentos para serem precisos, 
sejam eles suaves ou bruscos; rápidos ou lentos; fortes ou fracos. 
A regulação do equilíbrio e da postura corporal envolve tanto o cerebelo como o 
aparelho vestibular. Este segundo está situado no ouvido interno (labirinto) e é 
responsável por informar a movimentação e a posição da cabeça, que juntamente 
com informações proprioceptivas permite ao cerebelo coordenar as correções 
necessárias para manutenção correta da postura e do equilíbrio. Uma inflamação 
no labirinto (labirintite) conduz informações imprecisas para o cerebelo, 
dificultando o equilíbrio. 
Muitos dos movimentos voluntários não dependem de aprendizado, como os 
que permitem o choro, a sucção e a deglutição, porém outros necessitam de ser 
aprendidos, como andar, dançar, tocar um instrumento, alcançar um objeto. E 
depois de aprendidos são executados de forma automática, ou seja, fazemos sem 
ter necessidade de ficar "calculando" exatamente o que e como devemos nos 
movimentar. 
 
Fisiologia 
 
55 
 
Função integrada do SN - regulação da temperatura 
corporal 
O controle da temperatura corporal é realizado por centros nervosos 
localizados no hipotálamo, o de perda de calor e o de promoção de calor, que atuam 
como termostato, ajustando a temperatura de acordo com necessidade, mantendo 
o interior do corpo na faixa de 37°C. Sendo assim, quando os termorreceptores, 
que estão distribuídos por todo o corpo, registram a variação da temperatura, os 
centros hipotalâmicos são informados, e irão promover respostas de ajuste. 
As variações registradas pelos termorreceptores da pele permitem que 
tomemos medidas apropriadaspara evitarmos variações na temperatura interna, 
como vestir agasalhos quando sentimos frio. Já as variações registradas na 
temperatura interna, causada por fatores externos (frio ou calor intenso) ou 
internos (alteração metabólica, exercício físico, entre outros) requisitam 
interferência dos centros termorreguladores. 
A diminuição da temperatura interna ativa o centro de promoção de calor, 
promovendo respostas como: diminuição do fluxo sanguíneo para pele (evitando a 
perda de calor para o ambiente); tremores musculares (contrações musculares 
produzem calor); aumento do metabolismo celular (estimulado principalmente 
pelo hormônio da tireoide, que é um hormônio 
termogênico), aumento do apetite (obtenção de 
nutrientes para o metabolismo e geração de calor 
pelo processo digestório) e piloereção (forma uma 
camada de ar entre o pelo e a pele, conservando 
calor). Por outro lado, se for registrado um aumento 
na temperatura interna, o centro de perda de calor irá 
aumentar o fluxo sanguíneo para pele, que junto com 
a sudorese favorece a perda de calor para o ambiente, o aumento da respiração 
(perda de calor pelo ar expirado), a diminuição do apetite e do metabolismo 
celular. 
Fisiologia 
 
56 
 
Função integrada do SN - regulação da alimentação 
 
A sensação de fome indica necessidade de nos alimentar, e é percebida pelo 
aumento das contrações gástricas (por isso sentimos fome no "estômago") e 
inquietação, que motiva a ingestão de alimentos, sendo diferente de apetite, que 
indica uma vontade específica do alimento a ser ingerido. Quando suprimos a 
necessidade do organismo de nutrientes (principalmente de glicose) ou ocorre a 
repleção gástrica (que é mais tardia), temos a sensação de saciedade. Essas 
sensações são controladas principalmente pelo hipotálamo, por mecanismos ainda 
não bem esclarecidos, e também são influenciadas por fatores ambientais e 
culturais. 
Estudos têm demonstrado a existência de dois centros nervosos envolvidos na 
regulação da ingestão de alimentos, o da fome e o da saciedade, onde o primeiro é 
sempre ativo, sendo inibido quando o segundo é ativado pela ingestão de 
alimentos. 
Uma das hipóteses de regulação seria a glicostática, que é baseada na 
existência de células sensíveis a glicose (glicostatos) no centro de saciedade. 
Quando a concentração de glicose nessas células está baixa, o centro para de inibir 
o da fome, e quando está elevada, o inibe, fazendo com que o indivíduo pare de 
comer. Existem hipóteses semelhantes relacionadas aos aminoácidos 
(aminostática) e de lipídios (lipostática). 
É reconhecido que as células adiposas secretam um hormônio chamado 
leptina, e quando ocorre um aumento do tecido adiposo a quantidade de leptina 
liberada também aumenta, estimulam o centro da saciedade, regulando em longo 
prazo, a ingestão de alimentos. 
Os centros hipotalâmicos também respondem a hormônios, como os da 
tireoide e as catecolaminas, que aumentam o metabolismo basal das células; a 
insulina e o glucagon, que regulam a glicemia (concentração de glicose no 
sangue); e a colecistocinina, hormônio produzido pelo intestino delgado 
(duodeno) que tem sua secreção aumentada na presença de gordura no alimento. 
Fisiologia 
 
57 
Distúrbios relacionados aos controles da fome e saciedade são responsáveis 
pela obesidade e pela anorexia. 
 
 
Função integrada do SN - regulação da ingestão de agua 
 
A sensação de sede é percebida como "secura na boca", indicando uma 
necessidade orgânica. O controle da ingestão de água é realizado pelo centro da 
sede (no hipotálamo), que pode ser ativado devido à variação da osmolaridade dos 
líquidos extracelulares, quando a perda de água é maior do que a obtenção ou por 
excesso de soluto, como o sódio, provocando a desidratação das células no centro 
da sede, na boca e no estômago, sendo percebida por osmorreceptores 
(receptores que percebem variação da osmolaridade); ou quando ocorre 
diminuição no volume desse líquido, o que envolve barorreceptores (receptores de 
pressão). 
A informação é conduzida ao centro da sede, que promove a vontade de 
ingestão de água ao mesmo tempo em que desencadeia respostas orgânicas para 
retenção de líquidos, ou seja, que diminuem a diurese. Dessa forma o plasma e o 
meio intercelular são reequilibrados. 
 
Fisiologia 
 
58 
 
Função integrada do SN - sono 
 
O sono consiste em uma necessidade orgânica justificada por diversas teorias, 
como as baseadas na função restauradora das atividades corporais e imunológica, 
na conservação de energia, no armazenamento de memórias e na organização de 
pensamentos. Independente da teoria é sabido que a privação do sono 
desencadeia confusão mental e distúrbios orgânicos e imunológicos. O estado de 
sono é definido como uma diminuição (mas não ausência) da atividade motora e 
de percepção quando comparado com o estado de vigília (quando estamos 
acordados). 
Existe uma alternância entre o estado de sono e de vigília, onde o tempo 
necessário de sono varia individualmente, sendo maior para bebês (mínimo de 17 
horas) e menor para idosos (5 horas), e em média de 8 horas para adultos. Os 
adolescentes são menos alerta de manhã cedo e mais alerta durante a tarde e a 
noite. 
Apesar de não totalmente esclarecido como se estabelece o ciclo sono/vigília, 
já foi percebido a participação de alguns mediadores químicos em determinadas 
regiões encefálica envolvidas nesse processo, como a acetilcolina, noradrenalina, 
dopamina, histamina e atualmente o peptídeo orexina. 
 
 
Fisiologia 
 
59 
 
Função integrada do SN - sistema límbico 
 
Esse sistema consiste em várias estruturas encefálicas, inclusive o tálamo e o 
hipotálamo, e é responsável pelas respostas emocionais, aprendizado, e memória. 
As emoções são desencadeadas por informações sensoriais e pela recordação, 
promovendo respostas orgânicas, como alterações na frequência cardíaca, na 
pressão sanguínea, no apetite e no sono, assim como motoras e hormonais. Elas 
também estão relacionadas com as motivações pessoais (impulsos que direcionam 
nossas ações), como as necessidades fisiológicas (fome, sede e sexo) ou 
compensatórias. A emoção que produz maior motivação é o prazer, pois o estado 
encefálico de euforia motiva a repetição do que desencadeou essa emoção. 
A aprendizagem é um processo contínuo, tem início na infância e consiste na 
aquisição de novas informações e habilidades (andar, falar, tocar instrumentos...). A 
conservação do que aprendemos consiste na memorização, inicialmente em curto 
prazo (duração de segundos ou 
minutos), que necessita ser consolidada 
para tornar-se de longo prazo (anos e até 
mesmo a vida toda). Estudos 
demonstram que a consolidação pode 
ocorrer pela associação da informação a 
outros eventos (músicas, cheiros, fotos...) 
ou pela repetição (varias leituras do 
mesmo assunto e treinamento). 
Consequentemente, o sistema 
límbico está relacionado à nossa personalidade e nossas lembranças, e é ele que 
faz "sermos exatamente como somos". 
 
Fisiologia 
 
60 
 
3ª PARTE: Fisiologia muscular 
 
As células musculares são células excitáveis, assim como os neurônios. Isso 
significa dizer que são capazes de alterar a condição do potencial de membrana, 
gerando potenciais de ação, mas diferem desses, pois a consequência do estimulo 
elétrico não é a passagem de informação, e sim a contração muscular. 
Em nosso corpo podemos encontrar dois tipos de células musculares, as lisas, 
que formam os músculos lisos e as estriadas, que formam os músculos 
esqueléticos e o cardíaco. Essa classificação é baseada no aspecto microscópicodas 
células, onde as estriadas apresentam uma alternância de faixa clara e escura 
devido à organização das miofibrilas (proteínas envolvidas na contração muscular) 
em sarcômeros. As células lisas não apresentam este padrão de estriamento, pois 
suas miofibrilas estão fixadas em estruturas dispersas no citoplasma e na 
membrana, os corpúsculos densos. Nosso estudo será baseado no músculo 
esquelético, e depois as informações serão aplicadas para o entendimento do 
funcionamento do liso e cardíaco. 
 
Fisiologia 
 
61 
 
 
Músculo esquelético 
 
A musculatura esquelética está sob controle voluntário do indivíduo, sendo 
estimulada pela via aferente somática do sistema nervoso, podendo ser 
denominada de musculatura somática. Essa segunda denominação seria mais 
apropriada, pois nem todo músculo esquelético está relacionado com o esqueleto, 
podendo ser encontrados conectados à pele da face, à cartilagem da laringe e 
formando os esfíncteres anal e uretral (que controlam, de forma consciente, a 
eliminação de fezes e urina, respectivamente). 
Durante a embriogênese os mioblastos (células precursoras) se fusionam, 
formando a fibra muscular, que perde a capacidade de multiplicação. O número de 
células é mantido após o nascimento, e a regeneração nesse tecido é possível 
graças às células satélites (alguns mioblastos que persistem no músculo maduro) 
que são capazes de fusionar com fibras lesadas ou entre si. As fibras musculares 
esqueléticas são multinucleadas, longas e estão fixadas ao periósteo do osso por 
meio dos tendões, que são prolongamentos de tecido conjuntivo (epimísio, 
perimíso e endomísio) que formam a fascia profunda dos músculos. 
O aspecto estriado permite identificar o sarcômero, que é a unidade funcional 
da fibra e corresponde ao espaço compreendido entre duas linhas Z (linha escura 
dentro da faixa clara). É onde as proteínas envolvidas na contração estão 
organizadas, as principais são a actina e a miosina, que formam os filamentos finos 
e grossos, respectivamente. Como a membrana celular (sarcolema) invagina em 
cada extremidade do sarcômero, formando os túbulos T, é possível identificar uma 
tríade, formada pelo túbulo T e as duas cisternas do retículo sarcoplasmático 
(equivale ao endoplasmático, onde o íon cálcio é armazenado) com os seus 
prolongamentos que se comunicam (túbulos L). Observe a figura 2.20. 
Fisiologia 
 
62 
 
 
Sendo o estímulo suficiente para desencadear um potencial de ação na fibra, 
ele é propagado pelo túbulo T, estimulando a liberação do cálcio do retículo 
sarcoplasmático para o sarcoplasma (equivale ao citoplasma), que irá interagir com 
a troponina (proteína muscular esquelética), dando início a contração que é 
resultante da aproximação das linhas Z, ou seja, do encurtamento do sarcômero, 
com consumo de energia. Cada estímulo irá liberar sempre a mesma quantidade de 
cálcio, com a formação de certo número de pontes cruzadas (ligação de actina e 
miosina), assim, uma vez desencadeado o estímulo, ele provocará a mesma 
resposta máxima na fibra, isso é a lei do tudo ou nada. Quanto mais estímulos forem 
dados à fibra mais cálcio é liberado, mais pontes são formadas e mais força cada 
fibra é capaz de realizar. Para que ocorra o relaxamento o cálcio é removido do 
sarcoplasma, pela bomba de cálcio (transporte ativo), retornando para as cisternas, 
mantendo a sua concentração no sarcoplasma muito baixa. 
Percebemos, assim, que tanto a contração quanto o relaxamento necessitam 
de energia para ocorrer. A fonte de energia é o ATP, sendo a fosfocreatina a 
primeira a ceder o fosfato para o ADP, passando para forma de creatina, só depois 
ocorre a utilização do ATP formado a partir da glicose, lipídeos e até mesmo dos 
aminoácidos. Parte dessa energia liberada pelo ATP para realização da 
contração/relaxamento é dissipada na forma de calor, que é utilizado para 
manutenção da temperatura corporal. 
Fisiologia 
 
63 
A transmissão do impulso nervoso ocorre através do neurônio motor, que 
apresenta na ramificação dos terminais axônicos, os botões terminais, ficando 
esses acomodados em depressões da membrana da fibra muscular (placa motora) 
formando a junção mioneural ou neuromuscular. É nessa sinapse que ocorre a 
liberação da acetilcolina que irá interagir com o receptor nicotínico da placa 
motora, desencadeando na fibra muscular o potencial de ação. Logo após a ação 
na sinapse, a acetilcolina é rapidamente degradada pela enzima acetilcolinesterase, 
interrompendo seu efeito. 
 
Nos músculos esqueléticos ocorre a formação de unidades motoras, que 
corresponde ao neurônio motor e as fibras que ele inerva, sendo assim, um 
músculo é formado por várias unidades motoras, e o potencial de ação em um 
neurônio motor irá desencadear a contração de todas as fibras relacionadas a ele. A 
importância dessas unidades é determinar a precisão do movimento, ou seja, 
quanto menos fibras musculares formarem a unidade, mais o movimento é preciso, 
como ocorre na laringe, sendo também relacionada à força que o músculo exerce, 
sendo maior quanto mais unidade forem ativadas. 
 
Fisiologia 
 
64 
 
Quando o músculo gera força e seu comprimento não altera, dizemos que está 
ocorrendo uma contração isométrica. Por exemplo, quando seguramos um objeto 
sem levanta-lo, nesse caso a força exercida pelo músculo equivale à mesma força 
realizada pelo do peso do objeto, apenas em sentido contrário. Mas quando 
movimentamos o objeto para cima ou para baixo alterando o comprimento, a 
contração é isotônica, que pode ser concêntrica quando o músculo encurta 
(levantar o objeto), ou excêntrica quando o músculo aumenta o comprimento 
(abaixar o objeto), sendo a força que ele exerce diferente da exercida pelo peso do 
objeto. 
Quando os músculos estão em repouso, algumas unidades motoras revezam 
sua atividade, mantendo assim um grupo de fibras contraídas, o que determina o 
tônus muscular, que é a tensão (força) parcial presente na condição de repouso. 
Um músculo pode entrar em fadiga quando realiza atividade por tempo 
prolongado ou uma contração vigorosa, pois o consumo energético torna-se maior 
do que a capacidade de restaura-lo, diminuindo a atividade neural na junção 
neuromuscular. Devido ao grande consumo de oxigênio, a fadiga pode progredir 
para câimbra, onde ocorrem contrações sucessivas, sem que haja tempo de 
relaxamento para reposição de oxigênio, logo de ATP. Quanto mais treinado for o 
atleta, maior a sua capacidade de realizar o trabalho muscular com menor 
consumo de oxigênio, pois as fibras adaptam-se ao trabalho exigido, aumentando 
o número de constituintes celulares para realiza-lo com maior eficiência. 
Fisiologia 
 
65 
 
Músculo liso 
 
Os músculos lisos são formados por células fusiformes com núcleo central e 
único, não apresentando o mesmo padrão estriado das células esqueléticas e 
cardíacas, sendo suas miofibrilas organizadas pelos corpúsculos densos. A 
distribuição desses pela membrana e no citoplasma, em posição fixa, permite que a 
contração da célula ocorra em vários eixos. São encontrados principalmente nos 
órgãos internos e nos vasos sanguíneos, e não estão sujeitos ao controle voluntário 
do indivíduo, para que ocorra sua contração. 
 
A organização das células e o padrão de inervação permite classificar os 
músculos lisos em dois tipos, os unitários (ou viscerais) e os multiunitários (ou de 
unidades múltiplas). 
Os multiunitários são formados por células independentes, sendo cada uma 
controlada por terminações nervosas individuais, formando unidades motoras, 
como nos músculos esqueléticos. Cada neurônio da via autônoma (simpáticaou 
parassimpática) é responsável pela regulação de um número determinado de 
células. Estes são encontrados nas grandes artérias, vias respiratórias, músculo ciliar 
do olho (controla a abertura e fechamento da pupila) e nos músculos piloeretores, 
Fisiologia 
 
66 
locais onde as circunstancias de funcionamento necessitam de maior ou menor 
número de células ativadas. 
 Nos unitários, as células estão unidas por junções comunicantes, sendo 
pequena a presença de terminações nervosas autônomas, que não ocorrem em 
todas as células e o neurotransmissor é liberado no líquido intercelular, atingindo 
apenas em um grupo de células. As junções comunicantes permitem a formação 
de um sincício funcional, ou seja, o potencial de ação de uma célula é propagado 
para outra, resultando na contração de todo grupamento muscular. Esse tipo de 
músculo é encontrado formando a musculatura oca das vísceras, como no trato 
gastrintestinal, útero, ureteres e vias biliares. 
 
A elevação da concentração de cálcio no mioplasma (citoplasma) também é o 
evento responsável pela contração, sendo que a membrana celular apresenta 
permeabilidade aumentada também para esse íon, além do sódio, quando o 
potencial de ação é gerado. Assim o cálcio para a contração da célula lisa é 
proveniente, inicialmente, do retículo sarcoplasmático sendo acrescido com cálcio 
extracelular. Nesse tipo de célula encontramos a calmodulina (proteína semelhante 
à troponina do esquelético), que interage com o íon favorecendo a ligação da 
Fisiologia 
 
67 
ponte cruzada e o encurtamento da célula. A contração no músculo liso ocorre 
com pouco gasto de energia, podendo ser tônica e prolongada. Para o 
relaxamento, o cálcio é devolvido para o retículo e para o meio extracelular pela 
bomba de cálcio (transporte ativo). 
Alteração do potencial de membrana na musculatura lisa pode ser de origem 
neural, onde ao simpático libera noradrenalina e o parassimpático, acetilcolina; o 
potencial desencadeado pode ser excitatório ou inibitório. Vai depender do 
neurotransmissor e do receptor ativado. 
 
Importante! 
É importante lembrar que dependendo do grupamento muscular 
ativado, a contração ou o relaxamento pode ser promovido por uma ou outra via 
aferente autônoma, ou seja, nem sempre o simpático contrai e o parassimpático 
relaxa. Por exemplo, o parassimpático é quem controla a micção, contraindo o 
músculo da bexiga e relaxando o da uretra, e o simpático relaxa o primeiro e 
contrai o segundo. 
 
Potenciais também podem ser gerados por estímulos diferentes dos neurais, 
que seriam os causados por hormônios, como a gastrina que promove contração 
gástrica; ou fatores locais como variação do pH, da concentração de oxigênio ou do 
gás carbônico sobre a musculatura lisa vascular, da temperatura e das 
concentrações iônicas. 
Algumas células, como as do intestino, podem sofrer despolarizações 
espontâneas, que podem ser seguidas ou não de potenciais de ação, sendo 
influenciadas pelo sistema nervoso autônomo. 
Fisiologia 
 
68 
 
Músculo cardíaco 
O músculo cardíaco forma a massa muscular do coração, sendo o responsável 
pelo bombeamento do sangue e pelo sistema circulatório. Como esse sistema será 
apresentado na próxima unidade, faremos apenas uma breve apresentação, para 
aprofundarmos quando formos estudar o sistema circulatório. 
Neste grupamento muscular, as células apresentam semelhança com a 
esquelética, pela organização em sarcômeros das miofibrilas (dando o aspecto 
estriado), por serem alongadas e por apresentarem até dois núcleos; e se 
assemelham a lisa na formação de sincícios por meio de discos intercalares (dobras 
da membrana que estão unidas a dobras de membranas adjacentes), formando 
uma trama de células musculares, unidas fortemente, permitindo a ativação 
elétrica em massa, resultando na contração simultânea do sincício. 
 
 
O mecanismo de contração é semelhante a da fibra esquelética, sendo que nas 
cardíacas o reticulo sarcoplasmático não forma cisternas, e, apesar dos túbulos T 
possuírem um diâmetro maior, a quantidade de cálcio armazenado é menor, sendo 
necessário o acréscimo de cálcio extracelular, que entra durante o potencial de 
ação, para que a contração ocorra. Para que ocorra o relaxamento, o cálcio é 
bombeado para o meio extracelular e para o retículo sarcoplasmático. 
Fisiologia 
 
69 
O controle da contração do miocárdio é involuntário, sendo regulado por um 
sistema miogênico (de origem em algumas células cardíacas) e um neurogênico (de 
origem no sistema nervoso autônomo). 
Algumas propriedades podem ser aplicadas às fibras cardíacas, vejamos: 
 Cronotropismo → é a frequência de contração em uma determinada unidade 
de tempo. 
 Inotropismo → é a força com que a fibra contrai, estando relacionada à 
quantidade de cálcio livre no citoplasma. 
 Dromotropismo → é a condutibilidade do potencial de ação na fibra. 
 Batmotropismo → e a excitabilidade de cada fibra. 
Essas propriedades podem ter caráter positivo ou negativo. Por exemplo, a 
estimulação simpática aumenta a frequência e a força de contração, resultando em 
cronotropismo e inotropismo positivo, e o parassimpático por diminuir a 
frequência e a força, promove efeitos negativos sobre as propriedades referidas. 
 
Aprofunde o seu conhecimento dos conteúdos abordados nessa unidade: 
 STANFIELD, Cindy L., Fisiologia Humana – 5. ed. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2013. Cap. 7 - Célula nervosa e sinalização elétrica; cap. 8 - 
Transmissão sináptica e integração neural; cap. 9 - Sistema nervoso: sistema 
nervoso central; cap. 10 - Sistema nervoso: sistemas sensoriais; cap. 11 - 
Sistema nervoso: sistema autônomo e motor; cap. 12 - Fisiologia muscular. 
 SINGI, Glenan. Fisiologia Dinâmica. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2007; cap. 3 - 
Eletrofisiologia Celular; cap. 4 - Célula Nervosa; cap. 5 - Células Musculares; 
Cap. 14 - Sistema Nervoso Central; cap. 15 - Sistema Nervoso Autônomo. 
 
É hora de se avaliar 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
Fisiologia 
 
70 
 
Exercícios - unidade 2 
 
1. Analise as afirmativas sobre células excitáveis, e assinale a correta. 
a) Todas as células do corpo são células excitáveis. 
b) A despolarização da membrana ocorre pelo influxo de sódio e potássio, 
causando um potencial de ação. 
c) Os potenciais inibitórios são determinados pelo influxo de potássio. 
d) A organização iônica, que é realizada pela bomba de sódio-potássio, é 
importante para manter a excitabilidade da célula. 
 
2. Sendo o neurônio a unidade funcional da célula, é correto afirmar que sua 
função consiste em: 
a) Causar potenciais excitatórios sempre que sofre potencial de ação. 
b) Liberar os neurotransmissores, pelos dendritos, causando potenciais pós-
sinápticos em outra célula excitável. 
c) Transmitir informações por meio de neurotransmissores que são 
liberados em sinapses, que podem causar potenciais excitatórios ou 
inibitórios. 
d) Inibir contrações musculares esqueléticas, por meio da acetilcolina. 
 
3. Na divisão funcional do sistema nervoso podemos afirmar que: 
a) As vias aferentes levam a informação para os órgãos efetores. 
b) A via eferente autônoma é dividida em simpático e parassimpático. 
c) O sistema nervoso somático e o autonomo são controlados de forma 
consciente. 
d) Os receptores são estruturas relacionadas às vias eferentes. 
Fisiologia 
 
71 
 
4. Quanto as vias aferente, é incorreto afirmar que: 
a) Os receptores relacionados às sensações apresentam especificaçõesquanto ao estímulo que são capazes de perceber. 
b) A via proprioceptiva conduz informação consciente que permite 
reconhecer nossos movimentos sem olhar para as partes do corpo. 
c) Todas as informações conduzidas pela via interoceptiva são 
inconscientes, pois estão relacionadas as vísceras 
d) As informações geradas pelas vias aferentes são conduzidas a centros 
nervosos específicos 
 
5. Quanto às vias eferentes é correto afirmar que: 
a) O órgão efetor da via somática é o músculo esquelético e da autônoma 
são os músculos lisos, cardíaco e as glândulas. 
b) O neurotransmissor da sinapse neuromuscular é a acetilcolina que pode 
causar potenciais excitatórios ou inibitórios. 
c) O neurotransmissor da sinapse autônoma com o órgão efetor é 
acetilcolina e o receptor nicotínico. 
d) A via autônoma possui o mesmo neurotransmissor no neurônio pós-
ganglionar. 
 
6. Dentre os reflexos abaixo, assinale a alternativa que indica o único que não é 
somático: 
a) Estiramento. 
b) Retirada. 
c) Pupilar. 
d) Estiramento inverso. 
Fisiologia 
 
72 
 
7. Considerando as diversas vias integrativas do sistema nervoso, assinale a 
alternativa que apresenta uma afirmativa incorreta: 
a) Na coordenação dos movimentos ocorre a participação do cerebelo 
como coordenador do movimento a ser executado. 
b) Os termorreceptores periféricos (da pele) motivam mudanças conscientes 
como vestir agasalhos, e os internos modificam as respostas geradas 
pelos centros termorreguladores do hipotálamo. 
c) O centro da fome só está inativo quando o da saciedade o inibe. 
d) A sensação de secura na boca indica uma necessidade de repormos 
água, pois os termorreceptores indicam um aumento da osmolaridade no 
líquido extracelular. 
 
8. O sistema responsável pela nossa personalidade e por sermos como somos é o 
sistema: 
a) Somático. 
b) Visceral. 
c) Hipotalâmico. 
d) Límbico. 
 
Fisiologia 
 
73 
 
9. Descreva a importância da formação de unidades motoras nos músculos lisos 
multiunitários e nos esqueléticos: 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 
10. Explique a importância da organização de fibras musculares em sincícios 
funcionais, citando em quais músculos ocorre: 
 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Fisiologia 
 
74 
 
Fisiologia 
 
75 
Fisiologia do Sistema 
Circulatório 3
Fisiologia 
 
76 
 
O sistema circulatório é composto pelo coração e pelos vasos sanguíneos, 
contando com a colaboração dos vasos linfáticos, sendo o responsável pela 
circulação de sangue e líquidos corporais, nos diversos tecidos do nosso corpo. 
Desta forma, oferta às células os elementos essenciais ao metabolismo, assim como 
remove os seus produtos resultantes, além de transportar, entre outros elementos, 
as substâncias que fazem a comunicação entre as células (hormônios), os 
elementos envolvidos na defesa do organismo (relacionados ao sistema imune) e 
as substâncias que devem ser excretadas, aos tecidos relacionados a essa função. 
Participa também da regulação da temperatura corporal e dos ajustes necessários 
em condições especiais, como no exercício, nas mudanças posturais e até mesmo 
nas hemorragias. Sendo assim, esse sistema colabora com a manutenção da 
homeostasia por auxiliar na manutenção do meio interno em condições para a 
célula possa manter-se viva e exercer sua função. 
 
Objetivos da unidade: 
 Reconhecer os componentes do sistema circulatório, assim como os 
circuitos sanguíneos; 
 Correlacionar o sistema linfático com o cardiovascular; 
 Entender o ciclo cardíaco e os eventos que permitem o fluxo 
unidirecional; 
 Demonstrar os eventos responsáveis por frequência cardíaca, fluxo 
sanguíneo, pressão sanguínea, débito cardíaco e bulhas cardíacas; 
 Diferenciar os tipos de células musculares cardíacas, e como elas estão 
organizadas; 
 Apresentar os sistemas de controle da frequência cardíaca, e traçado 
normal de um eletrocardiograma; 
 Diferenciar os leitos vasculares e suas particularidades; 
 Demonstrar o controle do sistema nervoso sobre o controle da atividade 
cardíaca e da pressão sanguínea. 
Fisiologia 
 
77 
 
Plano da unidade: 
 Coração 
 Ciclo Cardíaco 
 Organização Funcional das Fibras Cardíacas 
 Vasos Sanguíneos 
 Histologia e Função Vascular 
 Passagem de Sangue pelos Vasos 
 Troca de Elementos entre o Sangue e os Tecidos 
 Circulação Linfática 
 Controle da Atividade Cardíaca e da Pressão Sanguínea pelo Sistema 
Nervoso 
 
 
Bons estudos! 
Fisiologia 
 
78 
 
O sangue é transportado pelo sistema circulatório dentro dos vasos 
sanguíneos graças à força propulsora realizada pelo coração. Esses vasos formam 
um circuito "aparentemente" fechado, saindo do coração pelas artérias e 
retornando pelas veias, mas a nível tecidual ocorre a formação de capilares, que é o 
seguimento vascular que permite a troca de água e substâncias, entre os 
compartimentos teciduais e vasculares. Como o retorno de líquidos nos capilares é 
menor do que foi ofertado, o sistema linfático atua de forma acessória nessa 
drenagem, transportando pelos vasos linfáticos um líquido semelhante ao 
intersticial, acrescido de elementos que não são capazes de serem captados pelos 
capilares teciduais, como proteínas e corpos estranhos. Uma particularidade da 
circulação linfática é o seu início em capilares linfáticos no tecido, que convergem 
formando vasos de maior calibre que formam os ductos (linfático direito e torácico) 
que desembocam na circulação venosa, já próximo ao coração. 
A circulação do sangue ocorre em dois circuitos, circulação sistêmica (grande 
circulação) e circulação pulmonar (pequena circulação), onde a primeira 
disponibiliza a chegada do sangue a todos os seguimentos corporais, ocorrendo a 
distribuição em circulações especiais, que exercem funções específicas 
relacionadas a cada sistema irrigado, além de nutrição e troca gasosa; enquanto a 
segunda, somente ao pulmão, permitindo a obtenção do oxigênio e a liberação do 
gás carbônico. 
O estudo do sistema circulatório será realizado baseado na função das 
estruturas anatômicas que o compõem e nos eventos resultantes desse 
funcionamento. 
Fisiologia 
 
79 
 
 
 
Coração 
 
O coração é uma estrutura muscular oca, localizada no centro da caixa 
torácica, que recebe o sangue por veia para impulsioná-lo para a artéria. 
Histologicamente é constituído pelo: 
 Pericárdio – membrana serosa que envolve externamente o coração, 
dividida em dois folhetos, o visceral ou epicárdio (em contato com o coração) 
e o parietal ou saco fibroso (em contato com a cavidade torácica). Entre os 
folhetos existe um líquido seroso(líquido pericárdico) que tem a função de 
diminuir o atrito do coração quando ele realiza seus movimentos de 
contração (sístole) e relaxamento (diástole). 
Fisiologia 
 
80 
 Miocárdio – é a porção muscular que é intermediária, sendo responsável 
pelo movimento bombeador do coração. 
 Endocárdio – é o tecido interno, revestindo as cavidades, as válvulas 
cardíacas, além de todo o seguimento vascular. 
Anatomicamente é possível identificar 4 câmaras cardíacas (dois átrios e dois 
ventrículos) dispostas em dois lados que não se comunicam, separados por septos, 
o lado direito e o lado esquerdo cada um com o respectivo átrio e ventrículo. 
Ciclo Cardíaco 
O sangue chega aos átrios pelas veias, passando para os ventrículos e desses 
para as artérias. O que permite o fluxo unidirecional nos dois circuitos são as 
válvulas atrioventriculares (AV), localizadas entre os átrios e seus respectivos 
ventrículos, sendo a tricúspide no lado direito e bicúspide ou mitral, no esquerdo; e 
as válvulas semilunares, a aórtica entre o ventrículo esquerdo e a artéria aorta, e a 
pulmonar que separa o ventrículo direito da artéria pulmonar. A abertura e o 
fechamento das válvulas são reguladas pelas pressões internas de cada 
seguimento. 
 
Fisiologia 
 
81 
 
Reparem que a musculatura ventricular é mais espessa que a atrial, pois exercem 
mais força para conseguir bombear o sangue a uma distância maior, sendo a do 
ventrículo esquerdo mais desenvolvida que a do direito, para conseguir vencer a 
resistência oferecida pela artéria aorta, que é maior que a oferecida na pulmonar. 
O ciclo cardíaco é o período compreendido entre duas sístoles ventriculares, e 
consiste em uma sequência de eventos percebidos pelas fases de sístole 
(contração) e de diástole (relaxamento) ventricular. Vejam a sequencia de eventos: 
 O retorno venoso, que é a chegada do sangue no coração pelas veias, é 
possível porque a pressão atrial é menor do que a venosa, tendo em vista os 
átrios estarem em diástole. Como os ventrículos também estão relaxados, 
 as AV permitem o escoamento do sangue para esta câmara. 
 Com a sístole atrial, ocorre esvaziamento dos átrios e o término do 
enchimento dos ventrículos, que ainda estão relaxados. Ocorrendo a diástole 
atrial, a pressão é menor nos átrios do que nos ventrículos, forçando o 
fechamento das AV, e coincide com a fase de contração isovolumétrica dos 
ventrículos, que corresponde ao momento em que estão cheios de sangue e 
as válvulas AV e semilunares estão fechadas, não havendo movimentação de 
sangue nessa câmara. 
 Quando a pressão de contração é suficiente, as semilunares se abrem e inicia 
a ejeção ventricular, que conduz o sangue em direção às artérias, não 
refluindo para as câmaras atriais devido as AV se abrirem somente no sentido 
dos ventrículos. 
 O relaxamento isovolumétrico é o momento em que inicia a diástole 
ventricular, as válvulas AV estão fechadas e as semilunares se fecham devido à 
diminuição da pressão nos ventrículos em relação às artérias, impedindo o 
refluxo para as câmaras ventriculares. Como a pressão é menor também em 
relação aos átrios, as AV abrem permitindo o escoamento do sangue. 
Fisiologia 
 
82 
 
Importante! 
Em resumo, as atrioventriculares se abrem para passagem do sangue 
dos átrios para os ventrículos, e se fecham impedindo o refluxo de sangue 
para os átrios quando ocorrer a sístole ventricular. As semilunares se abrem 
permitindo o fluxo em direção as artérias, e se fecham impedindo o refluxo para 
o ventrículo quando este estiver em diástole. 
 
 
As bulhas cardíacas são sons produzidos pela atividade cardíaca. Com o uso de 
estetoscópio podem ser percebidos dois sons, um mais forte e outro mais fraco. O 
primeiro corresponde ao momento do fechamento das válvulas atrioventriculares, 
e o segundo das semilunares. 
Fisiologia 
 
83 
O volume sistólico é o volume de sangue ejetado em "jorros" nas artérias a cada 
sístole ventricular, promovendo a pulsação arterial. Quando comprimimos uma 
artéria sobre um superfície dura (tomada de pulso radial ou carotídeo), estamos 
verificando a frequência cardíaca, ou seja, o número de batimentos cardíacos por 
minuto. Essa frequência sofre alterações quando estamos em repouso ou em 
atividade, oscilando entre 60-100 batimentos por minuto, com a média de 80. Já 
nas crianças, oscila entre 80-120 batimentos por minuto, tendo em vista o 
metabolismo ser mais intenso, o que requer maior atividade cardíaca para atender 
a demanda corporal. 
O débito cardíaco é o volume de sangue ejetado em cada circuito cardíaco por 
minuto, sendo, portanto uma consequência do volume sistólico e da frequência 
cardíaca, sendo o volume de sangue que chega pelo retorno venoso, que preenche 
os ventrículos, a pré-carga; e a resistência à entrada de sangue na artéria (devido à 
pressão do sangue), a pós-carga. De uma forma geral, quando a frequência 
aumenta o volume sistólico diminui, e vice-versa, mantendo constante o débito 
cardíaco. Alterações na frequência e/ou no volume sistólico ocorrem para ajustar o 
volume de sangue liberado para os circuitos cardíacos atendendo a necessidade 
corporal, seja de oxigênio (circulação pulmonar), ou de distribuição sistêmica, 
como os que ocorrem durante o exercício físico, a variação postural e a gestação. 
 
Organização funcional das fibras cardíacas 
 
O músculo cardíaco possui dois tipos funcionais de fibras musculares, as que 
são contrateis e as autorrítmicas, sendo essas últimas capazes de gerar e conduzir 
potenciais de ação de forma coordenada. 
As fibras contráteis são as atriais e as ventriculares, que estão organizadas 
formando os respectivos sincícios funcionais. É essa organização em sincícios que 
permite a sístole simultânea entre os dois átrios e entre os dois ventrículos, mas 
que ocorrem de forma alternada, primeiro a dos átrios seguida pela dos 
ventrículos. Essa sincronia é conseguida pelo sistema de condução elétrica do 
miocárdio. 
Fisiologia 
 
84 
As autorrítmicas, que não têm função contrátil, geram espontaneamente 
potenciais de ação que serão conduzidos pelo miocárdio, formando o sistema de 
condução elétrica intrínseco (próprio do coração) de controle da contração 
cardíaca. Este sistema independe do sistema nervoso para ocorrer, mas sofre 
influência da via nervosa eferente autônoma, onde o simpático acelera o ritmo 
(cronotropismo) e a força (inotropismo) de contração, enquanto o parassimpático 
os diminui. Logo, o autônomo forma o sistema extrínseco de controle da frequência 
de contração cardíaca. 
O sistema intrínseco possui dois tipos de células autorrítmicas, 
 as de marca-passo que são capazes de iniciar potenciais de ação, sendo 
responsáveis por determinar o ritmo, e formam os nódulos sinoatriais (SA) e 
atrioventriculares (AV); e as fibras de condução, que propagam rapidamente os 
potenciais, sendo estas os feixes de Bachmann, internodais, de Hiss e o sistema de 
Purkinje. É graças a esse conjunto, que a condução do impulso elétrico no coração, 
ocorre de forma sincronizada. 
 
Seguem as estruturas envolvidas e suas funções: 
 Nódulo sinoatrial (SA): localizado na parte superior do átrio esquerdo, na 
junção com a veia cava. É o marca-passo do coração, pois iniciam o potencial 
de ação, que irá propagar pelas fibras atriais, sendo conduzido para o átrio 
esquerdo pelo feixe de Bachmann, permitindo a sístole simultânea dos átrios. 
Fisiologia 
 
85 
Existem os feixes internodais, que permitem a chegada do potencial de ação 
ao nódulo AV. 
 
 Nódulo atrioventricular (AV): localizado no átrio direito, no septo interatrial 
próximo àválvula tricúspide. Apesar das células SA também serem marca-
passo, a despolarização do nódulo SA é mais rápida, ocorrendo antes, sendo, 
por isso, responsável pela despolarização das células AV. Estas, por sua vez, 
retardam o impulso por transmitirem potenciais de ação mais lentamente, 
permitindo que ocorra a despolarização atrial antes da ventricular. O 
potencial AV é conduzido para o feixe de Hiss. 
 
 Feixe de Hiss (ou feixe atrioventricular): tem início no nódulo AV, e logo 
após origina um ramo direito e um esquerdo, que percorrem o septo 
interventricular nos ventrículos respectivos, em direção à base do coração, 
onde se ramificam, formando o sistema de Purkinje. Essas fibras recebem o 
potencial de ação do nódulo AV e o conduz pelas fibras do sistema de 
Purkinje. 
 Sistema de Purkinje (ramos subendocárdicos): as fibras desse sistema 
estão entremeadas na massa ventricular, e se dirigem até as válvulas 
cardíacas atrioventriculares. Após receber o impulso dos ramos do feixe de 
Hiss, o sistema de Purkinje o propaga para o miocárdio ventricular, 
permitindo a sístole simultânea dos ventrículos. Como a despolarização tem 
início na base do coração, a contração ocorre no sentido ápice-base, 
conduzindo o sangue em direção à abertura das artérias. 
 
Fisiologia 
 
86 
 
O registro da atividade elétrica do coração é feito colocando eletrodos em 
pontos específicos da pele, distribuídos pelo corpo, que registrarão, por meio de 
traçados, os impulsos elétricos no eletrocardiógrafo, resultando no 
eletrocardiograma. Em sequência iremos descrever, de forma geral, a leitura de um 
traçado normal. 
 Onda P: equivale a despolarização dos átrios. 
 Complexo QRS: equivale a despolarização dos ventrículos. 
 Onda T: equivale a repolarização ventricular. 
 Intervalo PQ ou PR: equivale ao tempo gasto para o potencial gerado nos átrios 
(nódulo sinoatrial) chegar aos ventrículos. 
 Intervalo QT: equivale ao período de sístole ventricular 
 Intervalo ST: equivale ao período de inatividade elétrica dos ventrículos 
 Intervalo TQ: equivale ao período de diástole ventricular 
 
Fisiologia 
 
87 
 
 
Vasos sanguíneos 
 
Após a ejeção do sangue pelo coração, ele irá percorrer o sistema de vasos 
sanguíneos, que tem início e término no coração, sendo formado pelas artérias, 
arteríolas, capilares, vênulas e veias. O leito arterial (artérias e arteríolas) conduz o 
sangue até os tecidos, onde forma o leito capilar, que permite as trocas entre os 
dois compartimentos, para retornar ao coração pelo leito venoso (vênulas e veias). A 
microcirculação corresponde às arteríolas, capilares e vênulas, pois só podem ser 
vistos com uso de microscópio. 
Os leitos apresentam diferenças anatômicas e histofuncionais, que permitem 
ajustes conforme a necessidade de manter a homeostasia corporal. O interior oco 
dos vasos é denominado luz ou lúmem, cujo diâmetro determina o calibre do vaso, 
e é limitado pelo endotélio vascular, que é contínuo ao cardíaco. A estrutura 
histológica da parede dos vasos, que reveste externamente o endotélio, onde 
podem ser encontrados tecidos conjuntivos e musculatura lisa, varia de um vaso 
para outro, determinando as diferenças funcionais. 
 
Fisiologia 
 
88 
 
Histologia e função vascular 
 
O leito arterial tem início no coração com a artéria aorta (circulação sistêmica) 
e a pulmonar (circulação pulmonar), que vão ramificando (formando vasos de 
menor calibre), até a formação das arteríolas. 
Nas artérias é possível identificar as três túnicas que formam a parede do vaso, 
a íntima (tecido endotelial), a média (tecido elástico e muscular liso) e adventícia 
(colágeno e tecido elástico). As artérias de maior calibre, para suportarem a pressão 
de ejeção do sangue, possuem a média predominantemente elástica, o que 
permite acomodar o volume sistólico sem romper suas paredes, e quanto mais 
próximas aos tecidos, a camada muscular é maior. 
As arteríolas por serem predominantemente musculares, controlam o volume 
do sangue que chega ao leito capilar, sendo que nelas não é possível diferenciar as 
túnicas. 
Os capilares são os menores vasos, em tamanho e calibre, porém são bastante 
ramificados, permitindo que as células estejam próximas a eles. Possuem a parede 
formada apenas de endotélio e membrana basal, dando-lhes a característica de 
semipermeabilidade, onde grandes moléculas não conseguem atravessá-lo, e essa 
permeabilidade varia em relação ao tipo de tecido, por exemplo, são menos 
permeáveis no tecido nervoso (formam a barreira hematencefálica) e mais, em 
órgãos como o fígado (são do tipo sinusoides). 
As metarteríolas são vasos de transição de onde originam os capilares que 
podem ser de dois tipos, os capilares verdadeiros, que permitem a troca entre o 
compartimento vascular e intersticial, e os canais preferenciais (contínuos à 
metarteríola), que conduzem o sangue direto do leito arterial para o venoso, e por 
possuírem musculatura lisa na forma circular regulam indiretamente o volume de 
sangue que passa pelos capilares. O enchimento capilar é regulado pela presença 
do esfíncter pré-capilar, onde a atividade metabólica do tecido irrigado é que 
determina maior abertura ou fechamento, mas sempre há passagem de sangue 
por ele, variando apenas por ser um fluxo mais intenso (mais sangue) ou menos, 
Fisiologia 
 
89 
em áreas específicas, de acordo com a atividade celular. Quanto menor o fluxo de 
sangue pelos capilares, maior será nos canais preferenciais e vice-versa. 
 
O leito venoso é o responsável pelo retorno do sangue ao coração, recolhendo 
o sangue do leito capilar como vênulas, que se juntam formando veias de maior 
calibre, até retornar como veia cava (grande circulação) e veia pulmonar (pequena 
circulação). As vênulas são constituídas de endotélio e pequena quantidade de 
tecido conjuntivo, e conforme vão adquirindo um calibre maior é possível observar 
fibras musculares lisas com fibras elásticas e de colágeno entremeadas a elas. 
Internamente, a túnica íntima das veias apresenta dobras formando válvulas. O 
retorno venoso é favorecido pelos movimentos musculares, que comprimem as 
veias sem que haja refluxo de sangue, conduzindo o sangue em direção ao 
coração. Movimentos de partes do corpo, como a planta do pé, também auxiliam. 
Fisiologia 
 
90 
Esse auxilio é extremamente importante para circulação nos membros, 
principalmente o inferior. 
 
Quando comparamos o leito venoso com o arterial, é possível perceber que as 
veias possuem paredes menos espessas, porém com o calibre maior que as artérias 
correspondentes, e por serem bastante complacentes conseguem acomodar um 
maior volume, sem alterar a pressão interna. Tal propriedade é importante, pois em 
repouso as veias possuem maior volume de sangue que as artérias, mas se houver 
necessidade de aumentar a disponibilidade de sangue para os tecidos, essa 
condição é invertida. 
A vasodilatação e constrição são reguladas pelo sistema nervoso simpático, 
hormônios e por fatores locais, ajustando o volume a ser disponibilizado em cada 
segmento do corpo e do tecido. 
Fisiologia 
 
91 
 
Passagem de sangue pelos vasos 
 
A passagem de sangue pelos vasos inclui fatores como velocidade do fluxo e 
pressão sanguínea. O fluxo é determinado pelo volume de sangue que passa em um 
minuto (mL/min), a pressão pela força que esse volume faz sobre a parede do vaso, 
que pode oferecer maior ou menor resistência a passagem desse volume, sendo 
medida em milímetros ou centímetro de mercúrio (mmHg ou cmHm). 
A musculatura lisa vascular participa na sua resistência, sendo possível ocorrer: 
 Vasoconstrição:que é a diminuição da luz, aumentando a resistência e 
diminuindo o fluxo de sangue; 
 Vasodilatação: que é o aumento da luz, diminuindo a resistência e 
aumentando o fluxo de sangue. 
O total da área ocupada pelos vasos que compõe cada leito vascular no corpo é 
denominada de área de secção transversa, estando relacionada ao volume de 
sangue que cada leito comporta, sendo útil para entendermos a dinâmica 
circulatória. 
 
Importante! 
Lembrem-se: as artérias ramificam até a formação de arteríolas, que 
também ramificam até originarem a rede de capilares, estes se unem para formar 
as vênulas que se unem para formar as veias. A cada ramificação diminui o calibre, 
porém aumenta o número de vasos, ocorrendo o inverso no retorno ao coração. 
 
A área de secção transversa das artérias é pequena quando comparada ao 
volume de sangue que deve transitar por elas, para então chegar aos leitos 
seguintes que possuem áreas maiores, resultando em uma velocidade maior do 
fluxo sanguíneo. A chegada do sangue em jorros determina a sua expansão onde a 
pressão é máxima; e o escoamento permite a sua retração, sendo nesse momento a 
Fisiologia 
 
92 
pressão mínima. Essa elasticidade das artérias favorece o fluxo de sangue, e é nesse 
seguimento que são registrados os maiores valores de pressão. 
Quando o sangue chega às arteríolas a velocidade diminui, assim como a 
pressão, pois a área de secção transversa aumenta, o que compensa o diâmetro 
menor do vaso. Por serem predominantemente musculares, são as responsáveis em 
controlar o volume de sangue que é disponibilizado para o leito capilar, onde a 
vasodilatação aumenta o fluxo e a vasoconstrição o diminui. 
Pelo fato da área de secção transversa nos capilares ser a maior de todas, a 
velocidade de passagem do sangue é baixa, sendo possível fazer as trocas com o 
tecido, e a pressão é menor que nas arteríolas, devido a sua grande ramificação. 
Conforme o sangue retorna ao coração a área de secção transversa vai 
diminuindo, o que aumenta a velocidade do fluxo sanguíneo, sendo que a pressão 
continua diminuindo, pois o seguimento venoso apresenta maior distensibilidade 
de parede, permitindo acomodar maior volume com menor reflexo na pressão. 
Mesmo a velocidade sendo maior que no leito capilar, ela chega ao máximo à 
metade da registrada nas grandes artérias. Por outro lado, a pressão mínima pode 
chegar a zero nas veias cavas. 
 
Troca de elementos entre o sangue e os tecidos 
 
O controle de fluxo sanguíneo para os tecidos ocorre de acordo com a 
atividade metabólica e a pressão de perfusão (determinada pelo volume e pressão 
do sangue nas artérias), onde a vasodilatação e a vasoconstrição, que ocorre nas 
porções musculares, determinam o grau de enchimento no leito capilar. 
As trocas que ocorrem entre o compartimento vascular e os tecidos só são 
possíveis a nível capilar, pois é o único vaso que apresenta permeabilidade devido 
a constituição de sua parede (endotélio e membrana basal), sendo a filtração, a 
reabsorção e a difusão os processos envolvidos. 
Fisiologia 
 
93 
 
A diferença na permeabilidade capilar em alguns tecidos é devido à 
organização das células, que permitem a existência ou não de fenestrações (espaço 
entre as células endoteliais) que podem ser maiores ou menores, limitando o 
trânsito das substâncias de acordo com o tamanho. Os de maior permeabilidade 
são encontrados no fígado, no baço e na medula óssea, permitindo o trânsito de 
proteínas e células. Os menos permeáveis são encontrados formando a barreira 
hematencefálica. 
A concentração da substância nos compartimentos, seu peso molecular e sua 
solubilidade na porção lipídica da membrana, associados à fenestração capilar, são 
os principais fatores que determinam a difusão nos capilares, lembrando que 
podem ocorrer nos dois sentidos, para dentro ou para fora dos capilares. 
A movimentação de líquidos ocorre pela filtração (dos capilares para o tecido) e 
pela reabsorção (do tecido para os capilares), sendo determinada pela diferença da 
pressão do líquido e de concentração de soluto, em cada compartimento. 
Como o sangue chega sobre pressão nos capilares próximo as arteríolas, ocorre 
a filtração, aumentando a pressão do líquido intersticial, determinando então a 
reabsorção, próximo as vênulas. Considerando a difusão de solutos, nem toda água 
filtrada será absorvida pelos capilares sanguíneos, sendo então drenada pelos 
vasos linfáticos. 
 
Fisiologia 
 
94 
 
Circulação linfática 
 
O sistema linfático participa do sistema cardiovascular por recolher o excesso de 
líquido tecidual e substâncias que não foram captadas pelos capilares sanguíneos, 
como proteínas, formando a linfa. 
Os vasos linfáticos têm início em fundo cego nos próprios tecidos, na forma de 
capilares, que possuem as células endoteliais fixadas no tecido por filamentos, e 
com extremidades que prolongam umas sobre as outras, formando válvulas sobre 
grandes fenestrações, cuja abertura e fechamento são regulados pela pressão 
líquida no tecido e no capilar linfático. Como a pressão líquida no tecido 
normalmente é maior, ocorre a abertura das válvulas, permitindo a drenagem do 
liquido intersticial juntamente com outros elementos. 
 
Conforme os capilares vão se unindo para formação de vasos de maior calibre, 
que devolverão a linfa, próximo ao coração, eles passam a possuir tecido muscular 
liso e conjuntivo, além das válvulas que direcionam o fluxo. Durante este trajeto a 
linfa é "filtrada" em gânglios linfáticos (linfonodos), que possuem tecido linfoide 
(relacionado à defesa do organismo) onde bactérias, células e partículas ficam 
retidas, depurando-a antes de retornar ao leito venoso, e auxiliando nas respostas 
de defesa orgânica. 
Fisiologia 
 
95 
O fluxo linfático é favorecido pelo aumento da pressão do líquido intersticial, e 
seu deslocamento é devido aos seguintes eventos: 
 Presença de válvulas → deslocamento no sentido do coração 
 Bomba linfática → distensão das paredes pelo volume de linfa 
desencadeando contração reflexa do músculo liso, impulsionando a linfa 
 Contração muscular, pulsação arterial, compressão dos tecidos do corpo → 
auxiliam o bombeamento, pois comprimem o vaso linfático, impulsionando a 
linfa 
Os vasos quilíferos são vasos linfáticos que têm como função absorver os 
quilomicrons, no intestino delgado, resultantes da digestão dos lipídeos, e que não 
são absorvidos pelos vasos sanguíneos, pois o peso molecular é elevado. 
 
Controle da atividade cardíaca e da pressão sanguínea pelo 
sistema nervoso 
 
Como descrito anteriormente, a atividade cardíaca é regulada pelo sistema 
intrínseco (células autorrítmicas) que sofre Influência do extrínseco (sistema 
nervoso autônomo). O centro nervoso de controle da atividade cardíaca e da 
pressão sanguínea (centro vasomotor) fica localizado no bulbo, e recebe 
informações aferentes que foram geradas em barorreceptores. Estes são receptores 
de estiramento, logo percebem as variações de pressão, e estão localizados na 
parede do coração e vasos sanguíneos, sendo que os principais são os da carótida e 
da aorta. As respostas eferentes do centro vasomotor (CV) pertencem ao grupo 
vasoconstritor (vias simpáticas) e vasodilatador (vias parassimpáticas). 
A diminuição da pressão arterial resultara em uma resposta do grupo 
vasoconstritor, que irá promover aumento da resistência vascular (RV), devido à 
vasoconstrição periférica; e aumento do débito cardíaco (DC), por aumentar tanto a 
frequência como a força de contração, aumentando o volume de sangue. De forma 
inversa, o grupo vasodilatador promove resposta quando há elevação da pressãodo sangue, e atuam inibindo o grupo vasoconstritor e promovendo diminuição da 
Fisiologia 
 
96 
resistência vascular e do débito. Desta forma, ajustam os valores de pressão 
conforme a necessidade. 
Barorreceptor 
↓pa 
Centro 
Vm 
Grupo vasoconstritor 
↑rv 
↑dc 
↑pa Grupo vasodilatador 
↓rv 
↓dc 
 
Leitura complementar! 
Para melhor entendimento e aprofundamento da fisiologia do sistema 
circulatório, podem ser consultadas as seguintes literaturas: 
 STANFIELD, Cindy L. Fisiologia Humana. 5 ed. São Paulo: Pearson Education 
do Brasil, 2013. Cap. 13 - Sistema cardiovascular: função cardíaca; cap. 14 - 
Sistema cardiovascular: vasos sanguíneos, fluxo sanguíneo e pressão 
sanguínea. 
 SINGI, Glenan. Fisiologia Dinâmica. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2007; cap. 7 - 
Circulação do Sangue; cap. 8 - Troca de Líquidos e Substâncias entre o Sangue 
e o Espaço Intersticial; cap. 9 - Circulação Linfática; cap. 10 - O Coração; cap. 11 
- Pressão Arterial. 
 
É hora de se avaliar 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
Fisiologia 
 
97 
 
Exercícios - unidade 3 
 
1 Assinale a alternativa que indica de forma correta a participação dos vasos 
linfáticos no sistema circulatório: 
a) Transporte do líquido extracelular, oferecendo aos tecidos nutrientes, 
além de oxigênio. 
b) Participar da distribuição do líquido extracelular para os pulmões. 
c) Recolher o excesso de sangue nos tecidos, principalmente nos intestinos. 
d) Recolher o excesso de água tecidual, juntamente com outros elementos 
intersticiais. 
 
2. A função das válvulas cardíacas atrioventriculares e semilunares: 
a) Permite que o fluxo de sangue seja unidirecional. 
b) Evita o refluxo de sangue para os átrios durante a sístole ventricular. 
c) Impedir o refluxo de sangue para os ventrículos quando estiverem em 
diástole. 
d) Favorecer a circulação de sangue do ventrículo para o átrio esquerdo 
durante o ciclo cardíaco. 
 
3. Para atender as necessidades corporais, o fluxo sanguíneo deve ser ajustado. Em 
situações, como durante a atividade física, ocorre aumento da frequência cardíaca 
e da força de contração, que conjuntamente resultarão em: 
a) Aumento da resistência vascular. 
b) Aumento do débito cardíaco. 
c) Aumento do débito sistólico. 
d) Aumento das bulhas cardíacas. 
Fisiologia 
 
98 
4. As fibras musculares presentes no miocárdio que são responsáveis pelo sistema 
intrínseco de frequência cardíaca são: 
a) Atriais. 
b) Ventriculares. 
c) Contráteis. 
d) Autorrítmicas . 
 
5. São propriedades do leito arterial, exceto: 
a) Permeabilidade. 
b) Elasticidade. 
c) Resistência. 
d) Controle do fluxo capilar. 
 
6. Os vasos quilíferos, que drenam o intestino, absorvendo os quilomicrons 
provenientes da digestão de lipídeos, são vasos do tipo: 
a) Arterial. 
b) Venoso. 
c) Capilar. 
d) Linfático . 
 
7. O que favorece os eventos de filtração, reabsorção e difusão nos capilares é: 
a) A constituição de sua parede. 
b) O retorno venoso. 
c) O débito sistólico. 
d) A pré-carga cardíaca. 
Fisiologia 
 
99 
8. Quanto ao sistema circulatório, analise as afirmativas e assinale a incorreta. 
a) O circuito cardíaco direito circula sangue pobre em oxigênio. 
b) O sangue que chega ao átrio esquerdo vindo dos pulmões, rico em 
oxigênio, é transportado por artéria. 
c) A pressão sanguínea é resultado do volume de sangue e da resistência 
vascular. 
d) O principal marca-passo cardíaco é o nódulo sinoatrial. 
 
9. Justifique a importância de válvulas no seguimento venoso. 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 
10. Explique a participação do centro vasomotor no sistema circulatório. 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Fisiologia 
 
100 
 
Fisiologia 
 
101 
Fisiologia do Sistema 
Respiratório 4
Fisiologia 
 
102 
 
Primariamente, o sistema respiratório tem como função trocar oxigênio e gás 
carbônico com o ambiente (respiração externa), permitindo a oxigenação do 
sangue para que ocorra a respiração celular (respiração interna), evento 
fundamental para obtenção de energia. Outras funções também estão 
relacionadas a esse sistema, como participar do equilíbrio ácido-base, controle da 
temperatura corporal, eliminação de água e fonação. Para executar as funções é 
necessário que ocorra a ventilação pulmonar, que é o movimento de entrada e 
saída de ar dos pulmões, evento ajustado conforme a necessidade para 
manutenção da homeostasia. Nesta unidade, iremos estudar os eventos associados 
à dinâmica respiratória, baseados na anatomia, histologia e funcionalidade dos 
seguimentos do sistema respiratório. 
 
Objetivos da unidade: 
 Reconhecer as estruturas que formam as vias respiratórias e suas funções; 
 Perceber a participação do sistema vascular nas trocas gasosas e nutrição 
dos pulmões; 
 Demonstrar a participação da caixa torácica nos movimentos respiratórios; 
 Entender a importância dos processos envolvidos na ventilação pulmonar e 
alveolar; 
 Identificar os volumes e capacidades pulmonares; 
 Reconhecer como os gases respiratórios são transportados no sangue; 
 Reconhecer os mecanismos envolvidos na difusão dos gases entre os 
compartimentos; 
 Demonstrar a complexidade do controle da respiração. 
Fisiologia 
 
103 
 
 
Plano da unidade: 
 Anatomia e Histologia Funcional do Sistema Respiratório 
 Zona Condutora 
 Zona Respiratória 
 Pulmões e Caixa Torácica 
 Fluxo Sanguíneo e Linfático Pulmonar 
 Ventilação Pulmonar (ou Respiração) 
 Inspiração 
 Expiração 
 Volumes e Capacidades Pulmonares 
 Ventilação Alveolar 
 Trocas Gasosas e Transporte dos Gases na Circulação 
 Regulação da Respiração 
 
 
Bons estudos! 
Fisiologia 
 
104 
 
Anatomia e histologia funcional do sistema respiratório 
 
É comum escutarmos falar em vias respiratórias superiores e inferiores, vamos 
agora reconhecer as estruturas que as compõe! 
As vias respiratórias superiores são constituídas pelas cavidades nasais e 
faringe. O ar que adentra pelas fossas nasais é aquecido, umedecido e 
parcialmente filtrado, atingindo uma temperatura em torno de 0,6º acima da 
corporal, com umidade suficiente para não ressecar os seguimentos posteriores. O 
processo de filtração tem início nas fossas nasais, que envolve a retenção de 
partículas maiores que ficam retidas nos pelos nasais e aderidas na mucosa, mas a 
remoção continua em todos os seguimentos, por aderência das partículas ao muco 
e transporte delas, pelo movimento retrógado dos cílios, até a faringe, para então 
serem deglutidas. 
As vias respiratórias inferiores podem ser divididas em uma zona de transporte 
de gases (zona condutora) e uma zona respiratória, sendo a primeira responsávelpelo transporte de gases para dentro e para fora da zona respiratória, que é a 
responsável pelas trocas dos gases com o compartimento vascular, permitindo a 
difusão do oxigênio para o dentro sangue e do dióxido para fora. 
 
4.1 regiões anatômicas do sistema respiratório 
Fisiologia 
 
105 
 
Zona condutora 
 
Compreende a região desde a laringe até os bronquíolos terminais. A laringe é 
um tubo cartilaginoso onde são encontradas as cordas vocais (pregas vocais) e a 
epiglote. A epiglote é uma projeção do tecido laringiano que cobre a glote (entrada 
da laringe), que impede a entrada de alimentos, água e saliva, nas vias respiratórias, 
durante a deglutição. A fala é controlada por centros nervosos, com a participação 
dos centros respiratórios, e envolve a fonação (emissão de sons) conseguido pela 
vibração das cordas vocais com a passagem do ar, associada a outros eventos que 
contam com a participação da boca, língua, nariz e até mesmo da caixa torácica. 
Em seguimento a laringe tem a traqueia, que ao entrar na cavidade torácica ela 
se divide em brônquio principal (primário) direito e esquerdo, que conduzem o ar 
para os respectivos pulmões. Cada brônquio principal irá dividir originando os 
brônquios secundários, que conduzem o ar para cada lobo (pronuncia-se lóbo) 
pulmonar, onde continuam se ramificando em brônquios cada vez menores até a 
formação dos bronquíolos. 
A traqueia possui anéis cartilaginosos que estarão presentes até os brônquios 
menores, antes da formação dos bronquíolos. A função dos anéis é evitar o 
colabamento (fechamento) desses seguimentos, e a diferença entre eles é que na 
traqueia eles são incompletos, em formato de C, completos nos brônquios 
secundários e em placas até os bronquíolos menores. Em toda essa região há 
presença de pouco músculo liso, e o epitélio é ciliado e com presença de células 
caliciformes, produtoras de muco. 
Os bronquíolos continuam ramificando até a formação dos bronquíolos 
terminais, que são o último segmento da zona de condução. Nesta região não há 
tecido cartilaginoso, mas sim fibras elásticas, que evitam o colabamento das 
paredes. A quantidade de músculo liso aumenta e de células ciliadas e produtoras 
de muco diminui, sendo estas últimas ausentes nos bronquíolos terminais. 
Fisiologia 
 
106 
 
Na zona de condução, a presença de músculo liso permite o ajuste do diâmetro 
das vias respiratórias, quando contraído aumenta a resistência à passagem do ar, 
diminuindo o fluxo (volume) de ar na zona respiratória, sendo que o inverso ocorre 
com o relaxamento. Os cílios e muco permitem a remoção de partículas estranhas. 
Nesse seguimento a temperatura é ajustada a do corpo, e o ar continua a ser 
umidificado, evitando o ressecamento das vias respiratórias. Por não ter a função 
de troca gasosa, a zona condutora é denominada de espaço morto, sendo capaz de 
conter, em média, 150mL de ar. 
 
Zona respiratória 
 
As ramificações que ocorrem após os bronquíolos terminais formam a zona 
respiratória, tendo início nos bronquíolos respiratórios de onde originam os ácinos 
pulmonares, formados por ductos alveolares que possuem saculações, os alvéolos, 
que podem estar conectados aos bronquíolos respiratórios, mas a maioria forma os 
sacos alveolares, que são alvéolos organizados em grupos. 
 
4.2 regiões anatômicas da zona respiratória 
Fisiologia 
 
107 
Nos brônquios respiratórios ainda existem músculo liso e cílios, ambos em 
pouca quantidade, mas não há presença de células produtoras de muco. Já nos 
ácinos pulmonares não são encontradas nenhuma destas estruturas. 
Importante! 
A ramificação forma tubos de diâmetro menores, sendo de 20-25 mm 
na traqueia e menores que 0,5 mm nos bronquíolos terminais e de 0,3 nos 
alvéolos. A parede que forma cada seguimento também se torna menos espessa. 
 
A difusão dos gases ocorre apenas nos alvéolos, devido a sua constituição (uma 
membrana basal e apenas uma camada de células epiteliais) e ao fato deles 
estarem envolvidos pelos capilares pulmonares. A formação sacular determina uma 
grande superfície de troca gasosa, considerando a existência de cerca de 700 
milhões de alvéolos no indivíduo adulto, que corresponde a uma área de 100m2. 
 A presença de macrófagos alveolares permite a fagocitose de partículas estranhas, 
que serão conduzidas pela zona de transporte até a faringe, pelos movimentos 
ciliares retrógrados, para daí serem deglutidos juntamente com o muco. 
 Os alvéolos são formados por dois tipos de células epiteliais, as do tipo I, que 
são maiores e finas, por onde os gases difundem, e as do tipo II, que são menores e 
secretam uma mistura de lipoproteína, o surfactante. A função do surfactante é 
impedir o colabamento dos alvéolos, por diminuírem a tensão superficial, que seria 
uma tendência de fechamento das estruturas esféricas, sendo maior quanto menor 
for a esfera, assim os alvéolos menores tenderiam a se fechar, repassando o ar para 
os alvéolos maiores. 
 
Pulmões e caixa torácica 
 
Os pulmões estão localizados lateralmente na caixa torácica, separados pelo 
mediastino (espaço onde estão localizados o coração, a traqueia, o timo, o esôfago 
e vasos sanguíneos). O pulmão direito é maior e possui três lobos, e o esquerdo 
apenas dois. A região do hilo pulmonar (fenda na face voltada ao mediastino) é o 
local por onde passam os brônquios e os vasos sanguíneos (artéria pulmonar e veia 
Fisiologia 
 
108 
pulmonar). Cada pulmão é revestido pelo saco pleural, onde o folheto visceral 
recobre o pulmão e o parietal, a caixa torácica; entre as pleuras existe uma 
pequena quantidade de líquido pleural, que permite o deslizamento entre os 
folhetos durante os movimentos respiratórios, e mantém os pulmões ligados à 
caixa torácica por uma pressão negativa. 
Importante! 
Os pulmões não possuem músculo, sendo os movimentos de expansão 
e retorno, e não contração e relaxamento. 
 
O tecido pulmonar é formado basicamente pelas estruturas respiratórias e 
vasos sanguíneos, que estão interligadas pelo tecido conjuntivo, rico em fibras 
elásticas, que permitem a complacência pulmonar, ou seja, capacidade de distensão 
e retorno. 
A caixa torácica é a responsável pela respiração, pois os pulmões estão "fixos" a 
ela pela pleura, por uma pressão negativa, assim a sua expansão e retorno são 
acompanhados pelo pulmão. 
 
Fluxo sanguíneo e linfático pulmonar 
 
Os pulmões recebem dois seguimentos vasculares sanguíneos, um originário 
da artéria pulmonar, que transporta o sangue pobre em oxigênio, vindo do 
ventrículo direito para os pulmões, com o objetivo de oxigenar o sangue e remover 
desse o dióxido de carbono, sendo portando o seguimento funcional. Saem do 
coração como artéria pulmonar e logo se dividem formando o ramo direito e o 
esquerdo, que entram pelo hilo dos respectivos pulmões, a partir de onde se 
ramificam até formar uma extensa rede de capilares pulmonares que envolvem os 
alvéolos. O leito venoso recolhe o sangue oxigenado, e o conduz até o coração 
pelas veias pulmonares, que saem pelos respectivos hilos pulmonares, entrando 
no átrio esquerdo, para então ser distribuído para circulação sistêmica. 
Os pulmões também recebem suprimento sanguíneo vindo da circulação 
sistêmica por meio das artérias brônquicas (1-2% do débito cardíaco esquerdo), 
Fisiologia 
 
109 
logo é um sangue oxigenado que será ofertado para o tecido conjuntivo, septos, 
grandes e pequenos brônquios, formando um seguimento nutricional. Diferente do 
esperado, a drenagem desse sangue é feita para as veias pulmonares, sendo 
conduzido junto com o fluxo funcional para o átrio esquerdo. 
Os vasos linfáticos pulmonarestêm início no tecido conjuntivo próximo aos 
bronquíolos terminais, drenando o líquido intersticial juntamente com particuladas 
que tenham penetrado pelos alvéolos, assim como proteínas que possam ter 
extravasado dos capilares sanguíneos. 
 
Ventilação pulmonar (ou respiração) 
A ventilação pulmonar corresponde ao movimento de um volume de ar para 
dentro e para fora dos pulmões. Ocorre devido à contração e o relaxamento dos 
músculos voluntários que formam a caixa torácica, resultando no aumento da sua 
amplitude e no retorno, formando os movimentos inspiratórios e expiratórios, 
respectivamente. A frequência respiratória normal, de uma pessoa adulta e em 
repouso é de 12-20 ciclos por minuto. 
 
4.3 caixa torácica e os músculos respiratórios 
Fisiologia 
 
110 
 
Inspiração 
 
A inspiração corresponde à entrada de ar nos pulmões, sendo considerada um 
processo ativo, pois exige a contração de certos músculos da caixa torácica que 
resultarão no aumento da amplitude da mesma, que determinarão a distensão 
pulmonar. Quando os pulmões são distendidos, ocorre um aumento no diâmetro 
dos alvéolos, gerando uma pressão negativa que faz com que o ar seja sugado 
pelas vias respiratórias, enchendo-os de ar. 
Os músculos envolvidos em uma inspiração normal são o diafragma, 
principalmente, e os intercostais externos. A contração do diafragma resulta no seu 
aplanamento (antes estaria na forma côncava, tracionado para o interior da caixa 
torácica), e a dos intercostais externos resultam na movimentação das costelas para 
cima e para fora, ocorrendo o aumento do volume da caixa torácica. Na inspiração 
forçada e no exercício, os músculos do pescoço (escalenos e esternocleidomastoideos) 
também contraem, aumentando mais ainda o volume de ar inspirado por 
aumentarem o diâmetro da parte superior da caixa torácica. 
 
Expiração 
 
A expiração normal, diferentemente da inspiração, é um processo passivo, pois 
basta os músculos que estavam contraídos, relaxarem. Com relaxamento, a caixa 
torácica retorna ao seu diâmetro anterior, comprimindo os pulmões, fazendo com 
que a pressão interna destes aumente forçando a saída do ar. 
Durante a expiração ativa, que ocorre com a expiração forçada e o exercício, o 
volume de ar retirado dos pulmões é maior, graças à contração dos músculos 
abdominais e dos intercostais internos, que diminuem mais ainda o diâmetro da 
caixa torácica. Quando os músculos abdominais contraem, empurram as costelas 
inferiores para dentro e comprimem o abdômen, forçando as vísceras contra o 
diafragma que está relaxado; já os intercostais internos tracionam as costelas para 
dentro. 
Fisiologia 
 
111 
 
Importante! 
O deslocamento do ar para dentro e para fora dos pulmões ocorre de 
uma área de maior para a de menor pressão. Considera-se a pressão 
intrapulmonar (intralveolar) e a atmosférica. 
 
Volumes e capacidades pulmonares 
 
Os volumes respiratórios correspondem ao volume de ar que pode ser 
movimentado para dentro e para fora dos pulmões além daquele que não é 
possível ser movimentado, como veremos adiante (valores médios, em repouso): 
 Volume corrente (VC) - 500 mL: é o volume de ar que movimentamos a cada 
respiração normal. 
 Volume de reserva inspiratório (VRI) - 3.000 mL: é aquele volume de ar que 
conseguimos colocar a mais, quando forçamos a inspiração, após a normal. 
 Volume de reserva expiratório (VRE) - 1.000 mL: é aquele volume de ar que 
conseguimos tirar dos pulmões quando forçamos a expiração, após a normal. 
 Volume residual (VR) - 1.200 mL: é o volume que fica nos pulmões, 
preenchendo a zona respiratória, mesmo quando forçamos ao máximo a 
expiração. 
As capacidades pulmonares são a associação de volumes pulmonares, e estão 
relacionadas a eventos fisiológicos, observe: 
 Capacidade inspiratória (CI = VC + CRI = 3.500mL): é o volume de ar máximo 
que conseguimos inspirar após a expiração normal. 
 Capacidade residual funcional (CRF = VRE + VR = 2.200mL): é o volume de ar 
que permanece nos pulmões após expiração normal, e é responsável pela 
hematose (troca de gases) nos intervalos respiratórios normais. 
 Capacidade vital (CV = VC + VRI + VRE = 4.500mL): é o volume máximo que 
conseguimos movimentar com a inspiração e expiração máximas. 
Fisiologia 
 
112 
 Capacidade pulmonar total (CPT = VC + VRE + VRI + VR = 5.700mL): é todo 
volume de ar que os pulmões comportam após inspiração máxima. 
 
4.4 figura volumes e capacidades pulmonares 
Importante! 
Volume minuto respiratório é a quantidade de ar novo que chega às 
vias respiratórias por minuto, e é resultante do volume corrente e da 
frequência respiratória (500 mL x 12 resp/min = 6.000 mL/min) 
 
Ventilação alveolar 
 
A ventilação pulmonar tem como objetivo renovar o ar presente nas vias 
respiratórias, e dessa formar substituir parcialmente o ar alveolar pelo atmosférico. 
A entrada de ar "novo" nos alvéolos é que chamamos de ventilação alveolar. 
A substituição é parcial, pois o volume corrente é de 500 mL, mas cerca de 150 
mL permanece no espaço morto, chegando até os alvéolos apenas 350 mL de ar 
inspirado! Sendo de extrema importância fisiológica, pois impede que haja variação 
brusca na composição dos gases no sangue, ou seja, se fosse inalado um gás tóxico e 
o ar alveolar totalmente substituído, a concentração desse gás nos alvéolos seria 
Fisiologia 
 
113 
elevada, consequentemente seria difundido para o sangue em grande quantidade, 
o que seria prejudicial. 
Importante! 
Volume minuto alveolar é a quantidade de ar novo que chega aos 
alvéolos por minuto, e é resultante do volume renovado e da frequência 
respiratória (350 mL x 12 resp/min = 4.200 mL/min) 
 
Trocas gasosas e transporte dos gases na circulação 
 
A troca gasosa ocorre pela difusão dos gases do compartimento vascular para 
os tecidos ou alvéolos pulmonares. Com a circulação pulmonar, o sangue obtém 
do ar inspirado o oxigênio que será disponibilizado aos tecidos, e remove o dióxido 
de carbono, produzido por estes, para ser liberado na atmosfera, pelo ar expirado. 
O que determina a difusão de um gás é sua pressão parcial, que está 
relacionada com sua concentração na mistura de gases onde ele se encontra. 
Vejamos, a pressão parcial do oxigênio (PO2) no ar alveolar é superior à do sangue, 
sendo assim ele irá difundir-se para o capilar pulmonar, e o inverso ocorre com o 
gás carbônico, cuja pressão parcial (PCO2) é maior no sangue, fazendo com que 
ocorra a sua difusão para o ar alveolar. Nos tecidos a PCO2 é maior e a PO2 é menor 
que as respectivas pressões parciais no sangue, permitindo a difusão do gás 
carbônico para o capilar tecidual e do oxigênio para o espaço intersticial. 
Cerca de 97% do oxigênio (O2) que passa dos alvéolos para o plasma, difunde 
para hemácia e liga-se ao ferro da hemoglobina (proteína da hemácia, que possui 
quatro átomos de ferro na sua estrutura), formando a oxiemoglobina, sendo essa a 
principal forma de transporte do O2. Os 3% restantes são transportados dissolvidos 
no plasma, determinando a PO2, sendo, portanto o O2 livre a forma que é capaz de 
difundir-se para os tecidos. Existe um equilíbrio entre o O2 ligado à hemoglobina e 
o dissolvido no plasma. 
Quando o sangue chega aos capilares teciduais, conforme o O2 difunde para o 
tecido, ocorre a dissociação oxigênio-hemoglobina, com a formação da de 
Fisiologia 
 
114 
desoxiemoglobina (hemoglobina sem O2) e mais oxigênio é disponibilizado para o 
tecido. 
Como a PCO2 é maior no tecido que no sangue capilar, o gás carbônico (CO2) 
difunde para o sangue, onde ele é transportado de três maneiras: dissolvido noplasma (7%), ligado à hemoglobina, formando a carbaminohemoglobina (23%) e 
na forma de íon bicarbonato (70%). 
A formação do íon bicarbonato ocorre dentro da hemácia por uma reação 
reversível, catalisada (acelerada) pela enzima anidrase carbônica, onde o CO2 reage 
com a água formando o ácido carbônico (H2CO3). Por este ser um ácido fraco, 
ocorre a dissolução em íon bicarbonato (H2CO3-) e íon hidrogênio (H+), conforme 
a reação abaixo: 
CO2 + H2O  H2CO3 (ácido fraco)  H2CO3  H+ + HCO3- 
O H+ liga-se a desoxiemoglobina, sendo dessa forma tamponado para que 
não ocorra alteração do pH da hemácia. O H2CO3- é trocado pelo íon cloreto, 
sendo transportado para fora da célula, e dessa forma participa do tampão 
sanguíneo, ajudando a manutenção do pH sanguíneo no valor de 7,4. 
Quando o sangue chega aos capilares pulmonares ocorre a reação inversa, e o 
CO2 e a água são regenerados, aumentando a PCO2 permitindo sua difusão para 
os alvéolos. 
 
4.5 formação do íon bicarbonato 
 
Fisiologia 
 
115 
 
Importante! 
O aumento do metabolismo das células do tecido eleva a PCO2, 
consequentemente a formação do H+, e este aumenta a dissociação oxigênio-
hemoglobina, disponibilizando uma quantidade maior de O2 para o tecido. 
 
 
Regulação da respiração 
De uma forma general, pode-se dizer que o controle da respiração é complexo 
e ainda não está totalmente esclarecido, pois, durante a maior parte do tempo não 
estamos percebendo os movimentos respiratórios, mas podemos, de forma 
voluntária, aumentar ou diminuir a frequência e a amplitude respiratória. Por outro 
lado, não conseguimos prender a respiração por tempo indeterminado, pois de 
forma involuntária ocorre a expansão da caixa torácica. 
O que justifica essas possibilidades é que mesmo sendo de controle voluntário 
os músculos da caixa torácica (são estriados esqueléticos), existe um controle 
automático realizado por centros nervosos, localizados na ponte e bulbo (sistema 
nervoso central). A porção voluntária está sob controle do córtex cerebral, 
enviando comandos pelas vias eferentes motoras somáticas aos músculos da caixa 
torácica. 
O controle nervoso envolve neurônios inspiratórios e expiratórios, onde a 
atividade de um inibe a do outro, sendo que na respiração normal os primeiros é 
que ativam os músculos inspiratórios, e quando ocorre aumento da força de 
inspiração ou a expiração forçada, os neurônios expiratórios participam de forma 
distinta para uma ou outra função. Outros grupos de neurônios regulam não só a 
amplitude como a frequência respiratória. 
A alteração do ritmo respiratório sofre influência de informações geradas em 
quimiorreceptores periféricos e centrais. Os periféricos estão localizados na região 
das carótidas e aorta, recebendo dessa forma sangue da circulação sistêmica, e 
percebem variações como a diminuição da pressão parcial de oxigênio, de gás 
carbônico e também da concentração de íon hidrogênio no sangue. Os centrais, 
Fisiologia 
 
116 
localizados próximos aos neurônios inspiratórios, por outro lado, não são sensíveis 
as variações de pressão parcial do oxigênio, mas são ativados pelo aumento da 
PCO2, de forma direta ou indireta, ou seja, pela formação de íons hidrogênios no 
próprio líquido cefalorraquidiano, ou pelo próprio gás carbônico. 
Outros centros nervosos e receptores (térmicos, químicos e mecânicos) 
também podem alterar o ritmo respiratório, seja quando falamos, tossimos, 
espirramos, deglutimos, sentimos dor ou frio. Também promovem ajustes em 
condições de hipotensão e patologias das vias respiratórias. 
 
Leitura complementar 
Seguem algumas sugestões para revisão e aprofundamento dos 
conteúdos abordados nessa unidade: 
STANFIELD, Cindy L. Fisiologia Humana – 5. ed. São Paulo: Pearson Education 
do Brasil, 2013. Cap. 7 - Célula nervosa e sinalização elétrica; cap. 16 - Sistema 
respiratório: ventilação pulmonar; cap. 17 - Sistema respiratório: trocas de gás 
e regulação da respiração. 
SINGI, Glenan. Fisiologia Dinâmica – 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2007; cap. 13 - 
Sistema Respiratório. 
Fisiologia 
 
117 
 
Exercícios da unidade 4 
 
1.Quanto às vias aéreas superiores. Análise as afirmativas abaixo e assinale com a 
letra V para as verdadeiras e F para as falsas. 
( ) As estruturas correspondentes, são os bronquiolos e alvéolos 
( ) Não tem como função oxigenar o sangue. 
( ) Os pelos nasais e o muco retém partículas, filtrando o ar inspirado. 
( ) São estruturas que exercem a função de filtração e aquecimento do ar 
inspirado. 
 
2.A presença de cartilagem na zona condutora, até a formação de bronquíolos, tem 
como função: 
a) Permitir a hematose (troca de gases). 
b) Favorecer o aquecimento do ar. 
c) Evitar o colabamento dos seguimentos tubulares respiratórios. 
d) Puxar o ar para os pulmões. 
 
3.Os alvéolos são o último seguimento das vias respiratórias. Em relação a esta 
estrutura assinale a alternativa incorreta: 
a) É onde ocorre a difusão dos gases 
b) A presença de surfactante diminui a tensão superficial, impedindo seu 
colabamento. 
c) Possuem grande superfície de troca. 
d) A presença de músculo liso permite a contração dos alvéolos, com a remoção 
de todo ar alveolar. 
4. A complacência pulmonar ocorre graças a qual evento abaixo? 
Fisiologia 
 
118 
a) Presença de músculo liso pulmonar. 
b) Presença de pressão negativa no saco pleural, forçando os pulmões a 
acompanharem o movimento da caixa torácica. 
c) Presença de músculo liso involuntário na caixa torácica. 
d) Presença de tecido elástico, que contrai e relaxa os pulmões. 
 
5.Quanto à ventilação pulmonar, assinale a afirmativa correta: 
a) Os movimentos inspiratório e expiratório normais são, respectivamente, ativo 
e passivo. 
b) O principal músculo expiratório é o diafragma. 
c) Permite a substituição total do ar alveolar a cada movimento respiratório. 
d) O aumento do diâmetro da caixa torácica permite a compressão dos pulmões 
e a saída dor ar. 
 
6.A capacidade pulmonar que permite a hematose nos intervalos respiratórios 
normais é a: 
a) Capacidade inspiratória. 
b) Capacidade residual funcional. 
c) Capacidade vital. 
d) Capacidade pulmonar total. 
 
7. O que determina a difusão dos gases entre o compartimento sanguíneo e os 
tecidos ou alvéolos pulmonares é: 
a) Pressão parcial dos gases. 
b) Hemoglobina. 
c) Anidrase carbônica. 
d) Ventilação alveolar. 
Fisiologia 
 
119 
 
8. O controle da respiração é complexo e está relacionado com: 
a) Controle voluntário. 
b) Controle autônomo. 
c) Quimiorreceptores. 
d) Todas afirmativas anteriores estão corretas. 
 
9. Diferencie o fluxo sanguíneo pulmonar funcional do nutricional: 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 
10. Explique como ocorre a remoção de impurezas nas vias respiratórias: 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 
Fisiologia 
 
120 
 
Fisiologia 
 
121 
Fisiologia do Sistema 
Renal 5 
Fisiologia 
 
122 
 
O sistema de excreção do corpo conta com a participação de diversos 
seguimentos corporais além do sistema renal, pois excretamos não só pela urina, 
mas também pelo suor, lágrima, bile (junto com as fezes) e leite, por exemplo. 
Porém o sistema renal é o único que excreta água e substâncias endógenas de 
acordo com a necessidade de manutenção da homeostasia. A formação da urina 
acontece nos rins e envolve inicialmente a filtração do sangue. Posteriormente as 
substâncias filtradas poderão se reabsorvidas para o compartimento vascular e 
outras poderão ser secretadas deste para compor a urina, que após sua formação, 
irá deixar os rins pelos ureteres ficando armazenada na bexiga para depois ser 
eliminada, durante a micção. Nessa unidade, abordaremos não só a formação de 
urina, mas as funções relacionadas ao sistema urinário, como um todo. 
 
Objetivos da unidade: 
 Reconhecer o sistema renal como parte do sistema excretor corporal; 
 Reconhecer as funções renais; 
 Correlacionar as estruturas do sistema urinário e a participação de cada 
uma na formação da urina; 
 Demonstrar a diferença entre diurese e micção; 
 Descrever os processos envolvidos na diurese; 
 Identificar como o excesso de substância é secretado; 
 Demonstrar o processo de depuração plasmática; 
 Correlacionar os hormônios aldosterona e antidiurético, e o fator 
natriurético atrial com o volume urinário e volemia; 
 Demonstrar a regulação da micção; 
 Correlacionar o controle acidobásico com a função de secreção e 
reabsorção renal. 
Fisiologia 
 
123 
 
Plano da unidade: 
 Funções dos Rins 
 Estruturas do Sistema Urinário 
 Néfron 
 Formação da Urina (Diurese) 
 Transporte Tubular Máximo (TM) e Clearence (ou Depuração) Plasmática 
 Regulação Hormonal da Diurese 
 Controle da Micção 
 
Bons estudos! 
 
Fisiologia 
 
124 
 
 
Funções dos rins 
 
Quando pensamos em sistema renal logo nos vem a ideia de que ele é o 
responsável em filtrar o sangue e assim eliminar substâncias do nosso organismo, 
porém são diversas as suas funções. De uma forma geral ele elimina o que está em 
excesso e que não é mais necessário no organismo, retendo água e substâncias 
conforme a necessidade de manutenção da homeostasia, além de exercer uma 
função endócrina. Vejamos a seguir as atribuições dos rins. 
Se aumentarmos a frequência com que bebemos água, aumentaremos 
também o volume de urina, pois os rins participam da regulação do volume do 
líquido extracelular, eliminando o excesso de água ingerido, e da mesma forma, se 
transpiramos muito e não repormos a água perdida, o volume urinário diminui. 
Assim, a retenção ou a eliminação de água conforme a necessidade evita variações 
na pressão sanguínea e na osmolaridade do plasma. 
A manutenção da osmolaridade também consiste em excretar ou reter no 
organismo os solutos como os íons sódio, potássio, sulfatos, cálcio, magnésio e 
cloretos, regulando suas concentrações no plasma. Quando os íons em questão são 
o hidrogênio e o bicarbonato, os rins colaboram na manutenção do pH sanguíneo, 
logo, do equilíbrio ácido básico. Produtos do metabolismo de proteínas e gorduras 
também tem a excreção controlada pelos rins, sendo assim eles participam da 
depuração plasmática de substâncias como a ureia, creatinina e o ácido úrico. 
Substâncias químicas oriundas do ambiente externo, como corantes e aditivos 
alimentares, medicamentos e pesticidas também são depurados do plasma 
sanguíneo, pelos rins. 
Como a glicose, aminoácidos e proteínas não são elementos encontrados na 
urina de uma pessoa saudável, podemos dizer que outra função renal é conservar 
nutrientes essenciais ao metabolismo do corpo, principalmente o energético. 
Fisiologia 
 
125 
 
A função endócrina dos rins está relacionada à secreção de eritropoietina, que 
estimula a produção de hemácias pela medula óssea; secreção de renina, enzima 
que ativa o sistema angiotensina-aldosterona, regulando as concentrações de 
sódio e a pressão sanguínea; além de ativar a vitamina D3, por estímulo do 
paratormônio, regulando os níveis de cálcio e fosfato no sangue. 
 
Importante! 
Em resumo: 
 Controle do volume e composição do líquido extracelular 
 Controle da osmolaridade do líquido extracelular 
 Remoção de produtos do metabolismo e substâncias exógenas 
 Participar do equilíbrio ácido-basico 
 Função endócrina 
 
Fisiologia 
 
126 
 
Estruturas do sistema urinário 
 
O sistema urinário é formado por dois rins, onde a urina é formada; dois 
ureteres, por onde a urina escoa dos rins para bexiga; uma bexiga, onde a urina é 
armazenada; e uma uretra, que conduz a urina da bexiga ao ambiente externo. É 
importante lembrar que a uretra masculina é maior e atende tanto ao sistema 
urinário como ao reprodutor, tendo sua abertura na porção distal da glande 
peniana, e a feminina é exclusiva do urinário, é mais curta e tem sua abertura entre 
os pequenos e grandes lábios vaginais. 
 
Fisiologia 
 
127 
 
5.2 corte transversal do rim, evidenciando os néfrons 
Cada rim recebe suprimento sanguíneo por um ramo da aorta abdominal, a 
artéria renal, que penetra pelo hilo renal, de onde sai a veia renal, que desemboca 
na veia cava inferior. 
Os rins possuem uma camada cortical, mais externa, e uma medular, mais 
interna. Conforme a urina é formada ela escoa pelas estruturas medulares, que são 
em sequência, papilas renais, cálices menores e cálices maiores, para então passar 
pela pélvis, que desemboca no ureter, e assim chegar à bexiga. 
 
Fisiologia 
 
128 
 
Néfron 
Os néfrons, que são a unidade funcional dos rins, ocorrem em número próximo 
de mil e duzentos, por rim! São formados pelo corpúsculo renal, por uma estrutura 
tubular e pelo aparelho justaglomerular. 
É no corpúsculo renal que inicia a formação da urina, sendo constituído pelo 
glomérulo e pela capsula de Bowman. Em cada estrutura corpuscular, o sangue 
chega pela arteríola aferente que forma os capilares glomerulares, onde o sangue é 
filtrado para capsula de Bowman, formando o filtrado glomerular. O volume não 
filtrado passa do glomérulo para arteríola eferente, que irá originar os capilares 
peritubulares, que envolvem a estrutura tubular, para somente depois formarem as 
vênulas. Chegam aos rins, em torno de 1.600L de sangue por dia, onde cerca de 
180L são filtrados. 
O filtrado glomerular percorre a estrutura tubular que é formada pelo túbulo 
contornado (ou contorcido) proximal, alça de Henle (ramo descendente, ramo 
ascendente fino e ramo ascendente espesso), túbulo contornado (ou contorcido) distal, 
túbulo coletor que irá finalmente desembocar no ducto coletor, que recebe a urina 
de diversos néfrons. É no seguimento tubular dos néfrons que ocorre os eventos de 
reabsorção e secreção, que consistem na passagem de algumas substâncias para o 
sangue e deste para os túbulos, respectivamente. Dos 180L do filtrado glomerular, 
são eliminados apenas de 1 - 2 L de urina por dia. 
Os néfrons são de dois tipos; os corticais, cuja maior parte de sua estrutura está 
localizada na região cortical, estando apenas pequena parte da alça de Henle na 
medular. E os justamedulares, os quais estão mais próximos da medular e a alça de 
Henle prolonga mais nesta região, sendo responsáveis pela formação de urina 
concentrada.
Fisiologia 
 
129 
 
 
5.3 Néfrons 
O aparelho justaglomerular está localizado na região de contato entreas 
arteríolas aferente e eferente com o ducto distal, sendo formado por células 
modificadas no túbulo, a mácula densa, e na parede da arteríola aferente, as células 
justaglomerulares, que armazenam grânulos de renina. Esta estrutura participa da 
Fisiologia 
 
130 
regulação da volemia (volume de sangue) e pressão sanguínea, e será abordada 
mais adiante. 
 
Formação da urina (Diurese) 
Como dito anteriormente, a formação da urina envolve três processos que 
ocorrem no néfron: filtração, reabsorção e secreção. 
 
5.4 filtração, reabsorção e secreção, nos néfrons 
Quando o sangue chega pela arteríola aferente sobre pressão ocorre a filtração 
do sangue pelos capilares glomerulares, formando o filtrado glomerular, na cápsula 
de Bowman. O que determina o que vai ser filtrado é o peso molecular, assim 
passam para a cápsula de Bowman elementos como íons, ureia, glicose, 
aminoácidos, proteínas de baixo peso molecular e água. Elementos figurados e 
proteínas de alto peso molecular não são filtrados e permanecem no volume de 
sangue que segue pela arteríola eferente e pelos capilares peritubulares. 
A taxa de filtração nos glomérulos pode ser aumentada ou diminuída, 
conforme a necessidade de manutenção da homeostasia. A vasoconstrição da 
arteríola aferente promove a diminuição da filtração glomerular, como acontece 
por estímulo simpático intenso e por hormônios (adrenalina, noradrenalina, 
endotelina e angiotensina II), sendo importantes na elevação da pressão 
sanguínea, inclusive nas causadas por hemorragias, pois diminuindo a filtração, 
Fisiologia 
 
131 
maior volume de líquidos irá permanecer no compartimento vascular. Por outro 
lado, substâncias como óxido nítrico, prostaglandinas e bradicinina promovem 
aumento da filtração por favorecerem a vasodilatação arteriolar, e são importantes 
na manutenção de fluxo sanguíneo para os néfrons principalmente por influência 
dos fatores vasoconstritores descritos. A diminuição sérica de cloreto de sódio 
também o diminuirá na mácula densa do aparelho justaglomerular, provocando a 
vasodilatação da arteríola aferente. 
Durante a passagem do filtrado pelo seguimento tubular as substâncias 
podem ser reabsorvidas para o sangue, ou algumas podem ser secretadas nos 
túbulos, sendo possível a mesma substância ser reabsorvia em uma porção e 
secretada em outra, e vice-versa. O transporte passivo faz com que os elementos 
difundam do compartimento onde está mais concentrada para o de menor 
concentração. Uma vez difundida para dentro da célula tubular, a substância pode 
ser transportada ativamente para dentro do sangue ou para o túbulo, por meio de 
proteínas transportadoras, que farão o transporte de forma seletiva, garantindo 
assim a função de controle da composição e volume do líquido extracelular, dentre 
outras descritas. 
A reabsorção ocorre em todo túbulo, sendo mais efetiva no túbulo proximal, 
pois este possui células epiteliais com borda em escova (projeções da membrana 
que aumentam a superfície de contato) e grande quantidade de mitocôndrias, 
favorecendo o transporte ativo, além de canais intercelulares e uma ligação frouxa 
entre as células tubulares, permitindo o transporte passivo. Iremos apresentar a 
contribuição dos seguimentos na reabsorção de algumas substâncias: 
 Túbulo proximal: reabsorção ativa de praticamente toda glicose, aminoácidos e 
vitaminas. 
 Ramo fino da alça de Henle: reabsorção passiva de diversas substâncias. 
 Ramo grosso da alça de Henle: reabsorção ativa de cloreto. 
 Túbulo distal: reabsorção ativa de sódio, por influência do hormônio 
aldosterona. 
 Túbulo coletor: reabsorção ativa de sódio, cálcio, potássio, hidrogênio e outros 
íons. 
Fisiologia 
 
132 
A reabsorção de água ocorre por osmose, pois o espaço intersticial é mais 
concentrado que o compartimento tubular, e ocorre na seguinte proporção: 
 Túbulo proximal: 65% 
 Ramo descendente da alça de Henle: 15% 
 Túbulo diluidor (ramo grosso da alça de Henle e metade inicia do túbulo distal): 
impermeável a água. 
 Túbulo distal final (10%) e túbulo coletor (9,5%): reabsorção de água ocorre 
apenas na presença do hormônio antidiurético. 
A secreção é feita principalmente de forma ativa, sendo raras as passivas. As 
principais substâncias secretadas ativamente são hidrogênio, potássio, uratos e 
creatinina, e as passivas amônia e potássio. 
Importante! 
Podemos concluir que a quantidade de uma substância excretada na 
urina depende da quantidade filtrada, reabsorvida e secretada, estando 
totalmente formada na porção final do ducto coletor. 
 
Fisiologia 
 
133 
 
Transporte tubular máximo (TM) e clearence (ou 
depuração) plasmática 
 
TM significa a capacidade máxima que os túbulos podem reabsorver ou 
secretar uma determinada substância. Como o número de transportadores é 
constante, eles podem sofrer saturação de acordo com a concentração da 
substância no filtrado e no espaço intersticial. Quando isso ocorre, parte da 
substância que deveria ser reabsorvida ou secretada irá permanecer nos túbulos ou 
no plasma, respectivamente. É dessa forma que eliminamos o que está em excesso 
no nosso organismo, no entanto muitas das vezes é necessário que o sangue passe 
diversas vezes pelos néfrons para que possamos efetivamente depurar do plasma 
uma determinada substância. 
Por exemplo, quando a glicose está em concentração normal no sangue, a 
quantidade filtrada é totalmente reabsorvida, mas se a concentração plasmática 
aumentar muito acontecerá uma saturação progressiva dos transportadores, 
fazendo com que parte da glicose filtrada não seja reabsorvida, sendo excretada 
pela urina. Este mesmo processo de saturação ocorre para as substâncias 
secretadas, pois quando a TM é ultrapassada faz com que a substância permaneça 
no plasma. 
O clearence plasmático corresponde ao volume de plasma do qual foi removida 
a substância que está presente no volume de urina formada por minuto. 
Exemplificando: 
 Se é encontrado 0,5g de uma substância no volume urinado por minuto, e 
essa quantidade é encontrada no volume de 100mL de plasma, significa dizer 
que 100 mL de plasma foram depurados; se fosse em 80mL, seria o equivalente 
a 80mL de plasma depurados por minuto. 
 O clearence de 40mL/min para uma substância significa dizer que os rins 
removem a substância de 40mL de plasma por minuto; 
Para ser calculado utiliza-se a urina de 24h, determinando-se o volume por 
minuto(V), e a concentração da substância (U) nesse volume. Dosa-se a substância 
Fisiologia 
 
134 
no plasma (P) e aplica na fórmula: UxV/P. A substância geralmente utilizada é a 
inulina (polissacarídeo exógeno) ou a creatinina (endógena). 
Para todas as substâncias que são excretadas na urina, existe um clearence 
normal, já conhecido, ou seja, é sabida a depuração renal de cada elemento, por 
volume de plasma que é filtrado. Quando a concentração no filtrado é maior que a 
depuração, significa que a substância foi mais reabsorvida do que excretada, logo o 
clearence é baixo, quando ocorre o inverso, significa que a substância foi mais 
secretada e consequentemente excretada, logo o clearence é alto. 
 
Regulação hormonal da diurese 
São dois os hormônios envolvidos na regulação da diurese, sendo que ambos 
resultam na formação de um volume urinário menor, com uma urina mais 
concentrada, e no aumento do volume sanguíneo. São eles a aldosterona e o 
hormônio antidiurético. O fator natriurético atrial atua diminuindo a secreção de 
ambos os hormônios, sendo secretado quando há aumento da pressão sanguínea. 
 Aldosterona 
A secreção da aldosterona está relacionada ao sistema renina-angiotensina-aldosterona, logo tem a participação do aparelho justaglomerular. Como descrito 
anteriormente, as células da arteríola aferente são modificadas e armazenam 
grânulos de renina, e esta região é sensível à variação da pressão arterial. 
Quando ocorre uma queda da pressão arterial, estimula a liberação de renina 
no plasma sanguíneo, e esta, por ser uma enzima proteolítica, irá atuar sobre uma 
proteína plasmática, sintetizada pelo fígado, que está presente na circulação, o 
angiotensinogênio, convertendo-o em angiotensina I. Esta, por sua vez, irá sofrer a 
ação da enzima conversora de angitensina (ECA), que está presente na superfície 
interna dos capilares sanguíneos, principalmente dos pulmonares, que irá 
convertê-la em angiotensina II. 
A angitensina II irá produzir efeitos que ajudarão na correção da pressão 
sanguínea. Por ser um potente vasoconstritor sistêmico, aumenta a resistência 
vascular, resultando na elevação da pressão arterial. Estimula o córtex da glândula 
suprarrenal a secretar a aldosterona, que aumenta a reabsorção de sódio pelos 
Fisiologia 
 
135 
túbulos renais, fazendo com que mais água seja retida no compartimento vascular, 
aumentando a volemia (volume de sangue) e diminuindo o volume urinário, 
colaborando com a elevação da pressão. Outros efeitos também irão colaborar 
com o aumento da volemia, que são a estimulação da secreção do hormônio 
antidiurético (descrito a seguir), pela neuro-hipófise; e ativação dos neurônios 
hipotalâmicos, aumentando a sede e a ingestão hídrica. 
 
5.5 sistema renina angiotensina aldosterona 
Os outros fatores que determinam a secreção de renina são a diminuição da 
concentração de sódio e cloreto no plasma e a atividade simpática, desencadeada 
pelo sistema de barorreceptores. 
A mácula densa, presente no túbulo distal, que forma o aparelho 
justaglomerular, é sensível a concentração de sódio e cloreto, e a diminuição da 
pressão sanguínea e da concentração plasmática destes íons irá diminuir sua 
concentração no filtrado, consequentemente na mácula densa, fazendo com que a 
renina seja liberada, corrigindo a pressão e a concentração dos íons no sangue. 
Vale lembrar que o sódio é o principal soluto extracelular, pois além de ser 
importante para as células excitáveis, participa da regulação da volemia, por ser um 
íon que possui um grau de hidratação elevado. 
A ativação simpática desencadeada por queda da pressão, que ativa o reflexo 
barorreceptor, atua direto nas células granulares da arteríola aferente, estimulando 
a secreção da renina. 
Fisiologia 
 
136 
 
 Hormônio Antidiurético (ADH) 
O ADH é produzido pelo hipotálamo e secretado pela neuro-hipófise, e o 
principal estímulo para sua secreção é o aumento da osmolaridade sanguínea, que 
é percebida por osmorreceptores hipotalâmicos. 
A região do néfron formada pelos túbulos distais e ductos coletores, possuem 
a permeabilidade à água dependente do ADH. Na presença do hormônio eles 
tornam-se permeáveis, permitindo a reabsorção de água, corrigindo, assim, a 
osmolaridade plasmática. A reabsorção de água aumenta a volemia e diminui a 
diurese, dessa forma a queda da pressão arterial também funciona como um fator 
de secreção do ADH. 
O ADH também é denominado de vasopressina, pois uma queda muito 
acentuada da pressão arterial elevará muito a concentração desse hormônio no 
plasma, sendo então capaz de promover vasoconstrição. Esta secreção também é 
mediada pelos barorreceptores. 
O estresse, a elevação da temperatura e a diminuição da pressão parcial do 
oxigênio estimulam a secreção do ADH, assim como o álcool, a cafeína e o excesso 
de água, inibem. 
 Fator Natriurético Atrial (ANP) 
Quando ocorre elevação da pressão sanguínea nas câmaras atriais, estas 
secretam o ANP, que é um peptídeo que irá aumentar a taxa de filtração glomerular, 
fazendo que um maior volume de sangue seja filtrado, além de diminuir a 
reabsorção tubular de sódio e inibir a secreção da aldosterona e renina. Todos esses 
fatores combinados irão resultar em diminuição do volume plasmático. 
 
Controle da micção 
 
A micção consiste no ato de eliminar a urina que foi formada nos rins e 
armazenada na bexiga. 
Fisiologia 
 
137 
Relembrando a histologia. A bexiga é formada por músculo liso organizado em 
sincício, formando o músculo detrussor. A uretra possui dois esfíncteres, o interno, 
que é músculo liso (logo de controle involuntário, e é mantido contraído pela via 
autônoma simpática); e o externo, formado por músculo estriado, estando sobre 
controle voluntário do indivíduo. 
Cerca de 1mL de urina é formada por minuto, e quando o volume chega a 
150mL na bexiga, ocorre aumento da pressão interna que distende a parede, 
ativando os receptores de estiramento, a informação é conduzida via aferente para 
medula desencadeando o reflexo da micção. Esse reflexo consiste na inibição da 
via simpática, inibindo a contração do esfíncter interno; ativação parassimpática, 
que resulta na contração do músculo detrussor da bexiga e relaxamento do 
esfíncter interno. A micção, de fato, depende do relaxamento consciente do 
esfíncter externo, e caso ele seja mantido contraído, o desejo da micção é adiada 
até o momento em que auxiliado pelas contrações dos músculos abdominais, com 
a glote fechada, novo reflexo é desencadeado, e o esfíncter é voluntariamente 
relaxado, permitindo o esvaziamento da bexiga. 
O controle voluntário do esfíncter externo é uma ação treinada, por isso que as 
crianças pequenas não possuem controle do momento da micção, evento que é 
adquirido com o ensinamento. 
 
Participação renal na regulação do equilíbrio acidobásico 
A manutenção do pH sanguíneo na faixa de 7,4 é fundamental para a 
manutenção da homeostasia, e dependem dos sistemas tampão sanguíneo, da 
compensação feita pela respiração e pela compensação renal, feita pela excreção e 
reabsorção renal de substâncias ácidas e básicas. 
 O sistema tampão dos líquidos corporais é realizado imediatamente quando 
ocorrem variações no pH do sangue, por meio de reações de neutralização de 
ácidos com bases e vice-versa. O mais importante tampão sanguíneo é o íon 
bicarbonato. 
O controle da respiração aumenta a excreção de gás carbônico sempre que 
ocorre uma diminuição no valor do pH (que significa um aumento na concentração 
do íon hidrogênio), pois o bicarbonato conjugado como hidrogênio regenera o 
Fisiologia 
 
138 
ácido carbônico, que dissocia liberando água e o gás carbônico, que serão 
eliminados pelo ar expirado; quando o pH eleva, a ventilação pulmonar diminui, 
retendo o ácido carbônico, que irá fornecer o hidrogênio para o meio, corrigindo o 
valor de pH. Essa resposta ocorre minutos após a variação do pH. 
O terceiro mecanismo é a compensação renal, que é mais lenta, levando de 
horas até dias para compensar as variações no pH. Sempre que o pH diminui, 
ocorre maior excreção de íon hidrogênio, além de maior absorção do bicarbonato, 
que pode, inclusive, ser sintetizado nos próprios túbulos renais (por ação da 
anidrase carbônica, mecanismo semelhante ao visto no sistema respiratório), 
aumentando o valor do pH. Por outro lado, se o pH aumenta, ocorre maior 
excreção de bicarbonato e conservação de hidrogênio no sangue, por diminuir sua 
secreção. 
 
Leitura complementar 
Seguem algumas sugestões para revisão e aprofundamento dos 
conteúdos abordados nessa unidade: 
 STANFIELD, Cindy L. Fisiologia Humana – 5. ed. São Paulo: Pearson Education 
do Brasil, 2013. Cap. 18 - Sistema Urinário: função renal; cap. 19 - Sistema 
Urinário: controle hidroeletrolítico. 
 SINGI, Glenan. Fisiologia Dinâmica. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2007; cap.12 - 
Sistema Renal. 
 
 
É hora de se avaliar 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo 
de ensino-aprendizagem. 
 
Fisiologia 
 
139 
 
Exercícios da unidade 5 
 
1. Analise as afirmativas sobre as funções renais, e assinale a correta. 
a) Produzir a urina pela filtração do sangue, mantendo constante a sua 
composição: 
b) Participar do controle da composição e do volume do líquido extracelular. 
c) Eliminar o mesmo volume de água do organismo, em qualquer circunstância. 
d) Excretar o íon hidrogênio, mesmo quando o pH do sangue está elevado. 
 
2. A unidade funcional do sistema urinário é: 
a) Néfron. 
b) Rim. 
c) Ureter e uretra. 
d) Bexiga. 
 
3. São processos que participam da formação da urina: 
a) Filtração glomerular. 
b) Reabsorção e secreção passiva de solutos. 
c) Reabsorção e secreção ativa de solutos. 
d) Todas as alternativas acima estão corretas. 
 
4. Em condições normais, a glicose é um elemento anormal na urina, mas em 
pacientes diabéticos não tratados, que possui a concentração de glicose no sangue 
muito elevada, é possível ocorrer glicosúria (presença de glicose na urina). Assinale 
a alternativa que justifica a glicosúria nesses indivíduos. 
Fisiologia 
 
140 
 
a) Aumento da secreção de glicose para os túbulos. 
b) Diminuição da reabsorção de glicose. 
c) A concentração de glicose no filtrado ultrapassa o transporte tubular máximo. 
d) A não filtração da glicose na capsula de Bowman. 
 
5.Quando dizemos que o clearence de uma determinada substância é 50mL/min, 
significa que : 
a) Os rins são capazes de depurar 50 mL de plasma, dessa substância, por minuto. 
b) Os rins removeram 50 mL de plasma que continham a substância. 
c) Os rins excretaram uma urina de 50 mL. 
d) A substância é encontrada em 50mL de urina. 
 
6. A queda da pressão sanguínea irá resultar na ativação do sistema renina-
angiotensina, que culminará com vasoconstrição e secreção pelo córtex da 
suprarrenal de qual hormônio abaixo, resultando em maior absorção de sódio, e 
consequentemente de água? 
a) Angiotensina. 
b) Aldosterona. 
c) Hormônio antidiurético. 
d) Fator natriurético atrial. 
 
7. A região do néfron formada pelos túbulos distais e ductos coletores, possuem a 
permeabilidade à água dependente de qual hormônio? 
a) Angiotensina. 
b) Aldosterona. 
Fisiologia 
 
141 
c) Hormônio antidiurético. 
d) Fator natriurético atrial. 
 
8. O fator natriurético atrial é secretado em que condições? 
a) Diminuição da pressão sanguínea. 
b) Aumento da pressão sanguínea. 
c) Ativação do sistema renina-angiotensina. 
d) Diurese aumentada. 
 
9. Explique o reflexo da micção e o que determina a micção de fato. 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 
10. Descreva de forma sucinta a participação do sistema renal no equilíbrio 
acidobásico do sangue: 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Fisiologia 
 
142 
 
Fisiologia 
 
143 
Fisiologia do Sistema 
Digestório 6
Fisiologia 
 
144 
 
O metabolismo celular depende de substrato, ou seja, de nutrientes, água e 
eletrólitos, que são obtidos por meio de processos de digestão e absorção 
realizados pelo trato gastrintestinal. Durante a passagem por esse sistema os 
alimentos vão sendo digeridos e transformados em moléculas menores, para então 
serem absorvidos pela corrente sanguínea e distribuídos para o corpo. Tudo que 
não foi digerido e absorvido será eliminado do organismo por meio das fezes, 
junto com a secreção biliar, por onde também excretamos produtos do 
metabolismo. Nessa unidade iremos perceber a variedade de estruturas que 
compõe esse sistema, com diferenças anatômicas, histológicas e funcionais; a 
complexidade da regulação neural, com diversos neurotransmissores; e a 
importância de vários mediadores químicos que interferem no processo digestório. 
Seguem algumas sugestões para revisão e aprofundamento dos conteúdos 
abordados nessa unidade: 
STANFIELD, Cindy L., Fisiologia Humana - 5ª edição. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2013. Cap. 20 - Sistema Gastrintestinal 
SINGI, Glenan. Fisiologia Dinâmica - 2ª edição. São Paulo:Atheneu, 2007; cap. 
21 Fisiologia do Aparelho Digestório. 
Objetivos da unidade: 
 Identificar as funções do sistema digestório. 
 Entender os mecanismos que controlam as estruturas digestivas. 
 Reconhecer o controle neural e hormonal das funções digestivas. 
 Descrever a digestão e absorção dos principais nutrientes. 
 Identificar as secreções digestivas. 
 Demonstrar a participação das glândulas acessórias salivares, pâncreas e 
fígado. 
 Apresentar os movimentos gastrintestinais e suas funções. 
 Descrever os reflexos presentes no sistema digestório. 
 Reconhecer os eventos associados ao vômito e a diarreia. 
Fisiologia 
 
145 
Plano da unidade: 
 Funções do Sistema Digestório 
 Divisão Anatômica 
 Histologia Funcional 
 Sistema Imune 
 Movimentos Gastrintestinais 
 Secreções Gastrintestinais 
 Regulação Neural da Função Gastrintestinal 
 Visão Geral da Digestão e Absorção dos Principais Nutrientes 
 Função dos Órgãos que Compõe o Sistema Digestório 
 Boca (cavidade oral) e Esôfago 
 Estômago 
 Intestino Delgado (ID) 
 Intestino Grosso (IG) 
 Movimentos Gastrintestinais Especiais 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
Fisiologia 
 
146 
 
Funções do sistema digestório 
Quando nos alimentamos, temos como objetivo obter nutrientes para serem 
ofertados ao sangue e assim distribuídos para as células do nosso corpo. Para isso, 
o sistema digestório promove a quebra dos alimentos, por meio da digestão, 
tornando-os moléculas menores, prontas para serem absorvidas. Como nem tudo 
que ingerimos somos capazes de digerir, e nem tudo é absorvido no trato 
digestório, esse material não digerido e não absorvido será excretado junto com 
produtos de metabolismo celular contidos na secreção biliar, por meio das fezes. 
Além da água que ingerimos os alimentos também fornecem volume aquoso, que 
serão absorvidos juntamente com a água secretada no trato digestório, durante a 
digestão. 
A digestão resulta na hidrólise de macromoléculas, por processos químicos, 
realizados basicamente pela ação de enzimas e mecânicos, resultantes dos 
movimentos de trituração (feito pelos dentes), peristálticos e de mistura, que 
auxiliam na quebra dos alimentos ingeridos. Esses processos tem início na boca e 
seguem por boa parte do tubo digestório. 
A absorção dos nutrientes ocorre nos intestino delgado, pois é nessa região 
que ocorre o término da digestão, estando eles aptos a serem absorvidos, além 
desta região apresentar uma grande superfície de contato, resultante de 
vilosidades da mucosa e microvilosidades da membrana dos enterócitos. Ocorre 
absorção residual de água e eletrólitos no intestino grosso. 
Fisiologia147 
 
 
6.1 Trato gastrintestinal - funções de digestão, absorção, secreção e motilidade 
 
Divisão anatômica 
O sistema digestório, anteriormente denominado sistema digestivo, é 
composto por um tubo oco, o trato gastrintestinal (TGI), e pelas glândulas 
acessórias. O alimento entra no TGI pela boca, sendo conduzido para o esôfago, 
estômago, intestino delgado (duodeno jejuno e íleo), intestino grosso que é formado 
pelo ceco, colón (ascendente, transverso, descendente e sigmoide) e reto, que 
finalmente termina no ânus, por onde as fezes são eliminadas. As glândulas 
acessórias liberam seu conteúdo no TGI, participando da digestão dos alimentos, e 
são elas as salivares, o fígado e o pâncreas. 
Fisiologia 
 
148 
 
 
6.2 regiões anatômicas do sistema digestório 
 
Histologia funcional 
Todo tubo digestório, a partir do terço médio até o reto, é formado por uma 
mucosa, submucosa, muscular externa e serosa. Os enterócitos formam a camada 
epitelial da mucosa e são de diversos tipos, exercendo funções como absorção do 
conteúdo para o sangue, secreção de muco e enzimas para a luz do tubo, alem de 
outros que secretam hormônios que participam do controle da atividade do 
sistema digestório e do comportamento alimentar. A camada muscular da mucosa 
é formada por uma fina camada de músculo liso que promove dobramentos da 
mucosa, auxiliando nos movimentos de mistura. A submucosa é formada por 
tecido conjuntivo, que permite a distensão da parede, para acomodar o conteúdo. 
A muscular externa é formada por duas camadas separadas de músculo liso, uma 
longitudinal (externa), que encurta o tubo digestório, e uma circular (interna) que 
diminui o diâmetro do tubo. A contração coordenada das duas camadas realizam 
Fisiologia 
 
149 
movimentos de mistura e propulsão do alimento. A serosa reveste externamente o 
TGI, sendo formada por tecido conjuntivo fibroso, que dá sustentação das 
estruturas e pelo mesotélio, mais externamente, que secreta uma solução 
lubrificante que permite o deslizamento dos órgãos entre si. 
 
6.3 regiões histológicas do trato gastrintestinal – 
 
Sistema imune 
O sistema imune do TGI está distribuído pela mucosa e submucosa, sendo 
formado pelas placas de Peyer, que são aglomerados de tecido linfoide e linfonodos, 
sendo responsável pela defesa contra microrganismos presentes nesta região e são 
capazes de responder a antígenos alimentares. Os mediadores inflamatórios, uma 
vez liberados, irão interferir na secreção e na motilidade do tubo digestório. 
Fisiologia 
 
150 
 
Movimentos gastrintestinais 
Os movimentos gastrintestinais são de propulsão, que propele o conteúdo no 
sentido boca-ânus (Lei do Intestino), devido as contrações peristálticas, que 
consistem na contração dos músculos circulares atrás do conteúdo, e dos 
longitudinais adiante, conduzindo-o para o segmento seguinte, que está relaxado; 
o de mistura, que ocorre devido as contrações segmentares, que fragmentam o 
conteúdo em porções, aumentando a superfície de contato, além de aumentar o 
tempo de deslocamento no TGI, permitindo que o conteúdo seja misturado as 
secreções, além de alternar a superfície que fica em contato com a mucosa; e o 
interdigestivo, que ocorre nos intervalos de atividade digestiva, sendo contrações 
intercaladas com um longo período sem atividade (75-90 min imóvel, e 5-10 min 
de movimentos), tendo início no estômago e conduz os resíduos da digestão e 
bactérias para o intestino grosso. 
 
6.4 Movimentos do trato gastrintestinal: A-Propulsão, B - Mistura 
 
Fisiologia 
 
151 
 
Secreções gastrintestinais 
O volume secretado para dentro do tubo digestório corresponde em média à 
7L/dia, que ainda podem ser acrescidos de 2L ingeridos voluntariamente, 
totalizando 9 L, que são praticamente reabsorvidos em sua totalidade, sendo 
eliminado com as fezes apena 0,1L, em média. 
Essas secreções são do tipo enzimáticas, e participam da digestão química dos 
alimentos; mucóide, que são responsáveis pela proteção da mucosa e lubrificação; 
de íons (sódio, potássio, cloreto, bicarbonato e hidrogênio) e água, que 
corresponde ao maior volume secretado. 
As secreções são produzidas por: 
Glândulas salivares → secreção salivar (1,5 L) 
Células da mucosa gástrica → secreção gástrica (2 L) 
Pâncreas exócrino → secreção pancreática (1,5 L) 
Fígado → secreção biliar (0,5 L) 
Intestino → secreção entérica (1,5 L) 
 
6.5 - secreções gastrintestinais 
Fisiologia 
 
152 
 
Regulação neural da função gastrintestinal 
A regulação da função gastrintestinal é realizada por sistema nervoso 
intrínseco e extrínseco, além de hormônios secretados pelo estômago e intestino 
delgado. O controle hormonal será abordado mais adiante, por enquanto vamos 
entender a regulação neural. 
O sistema nervoso extrínseco é constituído pela inervação autônoma simpática 
e parassimpática, onde a primeira diminui a atividade digestiva e a segunda 
aumenta. 
O sistema intrínseco, também chamado de sistema nervoso entérico é formado 
por um conjunto de células nervosas próprias do sistema digestivo, sendo 
neurônios sensitivos, que recebem informações sobre a composição do conteúdo, 
o grau de distensão da parede, e sensações de dor e temperatura; interneurônios 
que integram as vias sensitivas, motoras e o sistema extrínseco; e neurônios 
motores, responsáveis em controlar a atividade muscular, secreção glandular e 
endócrina e o grau de dilatação dos vasos sanguíneos. Esses neurônios estão 
organizados em dois plexos nervosos, o submucoso (ou de Meissner) e o 
mioentérico (ou de Auerbach), localizados respectivamente na submucosa e na 
muscular externa, que atuam regulando as atividades gastrintestinais de forma 
independente do extrínseco, mas podendo ser influenciados por ele. De uma 
forma geral, o plexo mioentérico regula a motilidade ao longo do TGI, enquanto o 
submucoso controla a função em pequenos segmentos, regulando a secreção, 
fluxo sanguíneo e contração da mucosa (pregueamento). 
Diversos são os neurotransmissores que participam da atividade muscular do 
TGI, sendo a acetilcolina e a substância P responsáveis pela contração, e o peptídeo 
intestinal vasoativo (VIP) e o óxido nítrico, pelo relaxamento. 
Fisiologia 
 
153 
 
 
6.6 Regulação neural da função gastrintestinal 
 
Visão geral da digestão e absorção dos principais 
nutrientes 
A digestão de proteínas consiste na quebra de sua cadeia por meio de 
proteases constituídas pelas endopeptidases, que são secretadas inativas e 
quebram as proteínas em fragmentos de peptídeos e as exopeptidases, que 
liberam aminoácidos pela extremidade da cadeia; e por dipeptidases, que liberam 
aminoácidos dos di e tripeptídeos. 
Os carboidratos (polissacarídeos) são digeridos em dissacarídeos (lactose, 
maltose e sacarose) pelas amilases, e posteriormente em monossacarídeos (glicose, 
frutose e galactose) pelas dissacaridases. A celulose não é digerida pelo homem, 
mas é importante a sua obtenção na dieta, pois é um importante componente 
fibroso, ajudando na formação e eliminação do bolo fecal. 
Fisiologia 
 
154 
Os lipídios são digeridos em monoglicerídeos e ácidos graxos livres, pelas 
lipases, mas sua digestão depende da atuação da bile, que emulsifica as gotas de 
gordura em pequenas partículas (micelas), onde as enzimas conseguem atuar. 
Os processos envolvidos na absorção são difusão simples e facilitada, 
transporte ativo e osmose. A absorção dos produtos da digestão e da água são feitas 
pelos enterócitos, principalmente no intestino delgado, sendo que ocorre absorção 
adicional de água e eletrólitos pelo intestinogrosso. Os aminoácidos e os 
monossacarídeos são disponibilizados no espaço intersticial, para serem absorvidos 
pelos capilares sanguíneos, sendo que as micelas da digestão de lipídeos formam, 
nos enterócitos, os quilomicrons, que serão absorvidos pelos vasos linfáticos (vasos 
quilíferos). 
As vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) são absorvidas junto dos lipídeos, e as 
hidrossolúveis por transporte facilitado. A absorção do cálcio é regulada pela 
vitamina D, que aumenta a eficiência dos mecanismos de transporte envolvidos. E 
a absorção de ferro é facilitada pela vitamina C, que forma com este um complexo 
solúvel. 
Função dos órgãos que compõe o sistema digestório boca 
(cavidade oral) e esôfago 
A boca é o primeiro seguimento do tubo digestivo, sendo o local onde o 
alimento inicia a digestão mecânica pelos movimentos de mastigação, fazendo 
com que o alimento seja triturado pelos dentes. Conforme o alimento é mastigado 
ele é misturado à secreção salivar com auxílio da língua, onde se encontram papilas 
gustativas, que juntamente com olfato participam da sensação do sabor dos 
alimentos. 
A secreção salivar é produzida pelas glândulas salivares (extrínsecas) que 
ocorrem em pares, sendo que as sublinguais e submandibulares possuem secreção 
serosa e mucosa, enquanto que as parótidas possuem secreção exclusivamente 
serosa. A secreção mucoide tem como função lubrificar o bolo alimentar para 
facilitar a deglutição, e a serosa possui a enzima amilase salivar (ptialina) que digere 
o amido em oligossacarídeos, além de favorecer a fluidificação do bolo alimentar. 
Existem ainda as glândulas intrínsecas, localizadas sob a membrana mucosa da 
boca, lábios, bochechas e língua, que secretam apenas muco. O pH da saliva varia 
entre 6,2 a 7,2, de acordo com o fluxo. 
Fisiologia 
 
155 
Fora do momento digestivo, ocorre secreção salivar em torno de 0,5 mL/min, 
sendo esta predominantemente mucoide. E durante a alimentação o volume de 
saliva aumenta, variando de acordo com o alimento ingerido, sendo controlado 
principalmente pelo sistema nervoso autônomo, onde a ativação parassimpática 
aumenta o volume seroso e a simpática diminui. Os estímulos para secreção salivar 
podem ser classificados em 3 fases, e ocorrem por reflexo parassimpático mediado 
por núcleos situados na ponte e bulbo, e consistem na fase psíquica, que ocorre 
por estímulo visual, olfativo ou simplesmente pela lembrança do alimento; na fase 
gustativa em que o estímulo é desencadeado pela presença do alimento na boca; e 
a terceira fase é a gastrintestinal, em que a saliva continua a ser secretada mesmo 
após a deglutição, sendo importante para limpeza esofagiana de alimentos que 
possam ter ficado retidos. 
São funções da saliva: 
 Limpeza mecânica de restos alimentares e bactérias, além da lubrificação das 
superfícies orais, 
 Atividade antimicrobiana, por secreção de lisozima, enzima que age sobre a 
parede microbiana; de Íons tiocianato, que penetram na bactéria e interferem 
no seu metabolismo; e de anticorpos, que atuam principalmente nas 
bactérias causadoras de cárie, 
 Dissolução de compostos para percepção do paladar, 
 Facilitação da fala, mastigação e deglutição, 
 Digestão inicial de amido, 
Limpeza esofagiana e tamponamento do ácido gástrico após refluxos 
gástricos que podem ocorre normalmente. 
A deglutição é uma ação predominantemente reflexa, controlada pelo centro 
nervoso da deglutição, localizado na ponte e bulbo, podendo ser dividida em 3 
fases: 
Fase oral ou voluntária → onde a língua por um movimento voluntário 
empurra o alimento para região da faringe, estimulando os receptores táteis que 
ativam no centro de deglutição, que está localizado no bulbo, o reflexo da 
deglutição que é involuntário. 
Fisiologia 
 
156 
Fase faríngea → por ação reflexa e involuntária ocorrendo contrações 
musculares que impedem o refluxo para nasofaringe; fechamento da glote e 
inibição da respiração, para evitar que o alimento entre nas vias respiratórias; 
relaxamento do esfíncter faringiano superior (EES), e início da onda peristáltica, que 
direciona o bolo alimentar para o esôfago. 
Fase esofágica → corresponde a passagem do bolo alimentar da faringe em 
direção ao estômago, sendo necessário o relaxamento receptivo do esôfago e do 
esfíncter esofagiano inferior (EEI) 
Podemos dizer que o esôfago é um canal de passagem para o estômago, 
possuindo apenas uma secreção mucoide, que protege a mucosa de abrasões de 
alimentos e da secreção ácida do estômago, que pode refluir. Ocorrem duas ondas 
peristálticas, a primária e a secundária, onde a segunda remove o que a primeira 
não conseguiu remover de forma efetiva. 
 
6.7 Deglutição 
Fisiologia 
 
157 
 
Estômago 
As funções do estômago são: iniciar a digestão enzimática de proteínas; 
misturar o alimento com as secreções gástricas; funcionar como um reservatório do 
alimento ingerido, liberando o produto da digestão de forma gradativa para o 
intestino delgado; esterilizar o bolo alimentar, devido sua secreção ser ácida; e 
produção do fator intrínseco, importante para absorção da vitamina B12 no intestino 
delgado. A digestão no estômago resulta na formação do quimo, que apresenta 
uma consistência mais líquida e ácida. 
Estruturalmente o estômago pode ser dividido em fundo, corpo e antro. As 
duas primeiras regiões acomodam grande quantidade de alimento sem aumentar 
a pressão interna, pois com a deglutição e a distensão do esôfago, ocorre a 
liberação do peptídeo intestinal vasoativo e do óxido nítrico, que promovem um 
relaxamento acomodativo, permitindo o armazenamento do conteúdo que será 
liberado gradativamente para o duodeno. O Antro possui uma parede muscular 
espessa, sendo responsável pela digestão mecânica (fragmentação) e mistura. O 
Piloro é o esfíncter que separa o estômago do intestino delgado, sendo 
responsável por controlar a passagem do alimento. 
O estômago produz em média 2 L de secreção por dia, sendo que no período 
interdigestivo essa secreção é de alguns mL/h, com predomínio de secreção 
mucoide. Devido a estímulos emocionais, o volume secretado pode chegar a mais 
de 50 ml/h, com uma composição mais ácida e com maior quantidade de enzima. 
O início da secreção gástrica ocorre pelos mesmos fatores que estimulam a 
secreção salivar, mas a efetiva é determinada pela presença do alimento no 
estômago, que estimula os receptores de estiramento e quimiorreceptores. 
Diversas células participam da secreção gástrica e do seu controle. Vejamos a 
seguir: 
O ácido clorídrico (HCl) é produzido pelas células parietais e torna a secreção 
bastante ácida, com pH em torno de 1,5 a 2,0. Essa secreção ácida tem função 
catalisadora, pois ativa a protease gástrica; antisséptica, pois poucos 
microrganismos sobrevivem em pH tão baixo; além de facilitar a desnaturação de 
proteínas dos alimentos. Sua secreção é estimulada pela acetilcolina, liberada pelo 
nervo vago (parassimpático); pela histamina, produzida pelas células 
Fisiologia 
 
158 
enterocromoafins, que possuem ação parácrina atuando sobre as células parietais 
intensificando a secreção de HCl; e pela gastrina, que é produzida pelas células G, e 
tem como estímulo de secreção os peptídeos e aminoácidos presentes no próprio 
estômago, e atuam por ação endócrina estimulando as células parietais e as células 
enterocromoafins. As prostaglandinas, produzidas pelas células intersticiais, por 
ação parácrina inibem a secreção de HCl, e possuem uma secreção tônica. 
As células epiteliais da mucosa gástrica secretam muco e bicarbonato, que 
formam uma barreira de proteção contra a secreção ácida do estômago. 
A secreção enzimáticado estômago é estimulada pelo nervo vago e pelo 
aumento da acidez no estômago. As células principais secretam pepsinogênio, que é 
uma protease inativa, sendo necessário o pH baixo para transforma-lo em pepsina, 
que é ativa e atua sobre as proteínas. Logo, o início da digestão das proteínas 
estimula a secreção de gastrina, que intensifica a digestão de mais proteínas por 
aumentar a acidez, que estimula mais secreção de pepsinogênio. Pequenas 
quantidades de lipase e amilase gástrica são secretadas, mas não exercem grande 
importância no processo da digestão das gorduras e carboidratos. 
As células parietais, além do HCL secretam o fator intrínseco, que é uma 
mucoproteina responsável pela absorção da vitamina B12 no íleo. 
O esvaziamento gástrico é gradativo, pois a contração que inicia no corpo do 
estômago (porção média) propele o conteúdo em direção ao piloro, mas também 
promove a contração desse esfíncter, limitando o conteúdo que é passado para o 
duodeno. O volume que permanece no estômago, por um movimento de 
retropropulsão, retorna as porções anteriores do estômago, o que ajuda na 
digestão mecânica e na mistura. O controle do esvaziamento gástrico é importante 
para que haja condições de neutralizar a acidez do conteúdo que chega ao 
duodeno, e para que possa ocorrer a digestão e absorção dos nutrientes pelo 
intestino delgado. O tipo de alimento influencia o tempo de esvaziamento, onde 
proteínas, gorduras, fibras e alimentos mal mastigados promovem maior lentidão, 
e água, carboidratos, porções pequenas de alimento aumentam rapidez no 
esvaziamento gástrico. A distensão do duodeno, e o conteúdo ácido, também 
retardam o esvaziamento gástrico. 
Fisiologia 
 
159 
 
6.8 Glândula gástrica 
 
Intestino delgado (ID) 
É no ID que ocorre o término da digestão dos alimentos, que consiste na 
formação do quilo, uma solução rica em nutrientes que serão absorvidos nesta 
região. Anatomicamente corresponde à maior porção do tubo digestório, 
chegando a medir no indivíduo vivo de 2,5 a 3 metros de comprimento (após a 
morte, com o relaxamento muscular, chega a 8 metros). É dividido em três porções: 
o duodeno, região mais curta, com 30 cm, o jejuno e o íleo, que correspondem às 
porções finais. O duodeno recebe as secreções pancreáticas e a biliar, e junto com o 
jejuno formam a região onde ocorre a maior parte da digestão e absorção dos 
nutrientes. O ID está separado do intestino grosso pela esfíncter (válvula) ileocecal. 
O intestino delgado apresenta adaptações morfofuncionais que favorecem a 
digestão e, principalmente a absorção dos nutrientes. A grande superfície de 
contato do ID é resultante de dobras circulares, que são resultantes de 
pregueamento da mucosa; das vilosidades, que são projeções da mucosa; e 
microvilosidades, que são projeções da membrana dos enterócitos. E a absorção é 
Fisiologia 
 
160 
favorecida pela grande quantidade de vasos sanguíneos e linfáticos que está 
interposto nas vilosidades. 
Essas adaptações chegam a aumentar em até 1.000 vezes a área, dando um 
total de 250 metros quadrados de superfície, ou mais!!! 
 
 
6.9 Adaptações morfofuncionais do intestino delgado - a- dobras circulares b- 
vilosidades c- microvilosidades 
 
 
6.10 Adaptações morfofuncionais do intestino delgado – vascularização 
 
Fisiologia 
 
161 
O quimo, que é ácido, quando passa pelo piloro e distende a parede do 
duodeno, estimula a mucosa a secretar dois hormônios endócrinos, a secretina, 
pelas células S e a colecistoquinina (CCK), pelas células I, que irão interferir na 
secreção pancreática e biliar, sendo que a secretina promove o fechamento do 
piloro, retardando o esvaziamento gástrico. São três as secreções que atuam no 
intestino delgado: a pancreática, a biliar e a entérica. 
A secreção pancreática é rica em enzimas que atuam sobre as proteínas, 
carboidratos e gordura, que são secretadas pelas células acinares do pâncreas. As 
principais são a tripsina e quimiotripsina, que atuam sobre as proteínas (são 
secretadas inativas); a amilase pancreática e a lipase pancreática, que digerem 
carboidratos e gorduras, respectivamente. As células do ducto pancreático liberam 
uma secreção aquosa rica em bicarbonato, que tem como função neutralizar a 
acidez, tendo em vista que as enzimas são ativas em pH alcalino. 
O estímulo para secreção pancreática ocorre pelo nervo vago, que atua sobre 
as células acinares e dos ductos; pela CCK e gastrina que estimulam as células 
acinares a liberarem conteúdo enzimático; e pela CCK e a secretina que estimulam 
a secreção da solução de bicarbonato de sódio, pelas células dos ductos. A 
composição da secreção é influenciada pelo conteúdo do quimo, onde pequenos 
peptídeos, aminoácidos e ácidos graxos estimulam a secreção de CCK; peptídeos e 
aminoácidos presentes no estômago estimulam a secreção endócrina da gastrina 
que além de favorecer a secreção gástrica ácida, estimula a secreção enzimática do 
pâncreas; o pH baixo do quimo estimula a liberação de secretina, favorecendo a 
secreção aquosa, rica em bicarbonato. 
As fases de secreção pancreática são: fase cefálica e gástrica, que estimulam, 
por meio do nervo vago e da gastrina, uma secreção predominantemente 
enzimática e pouco fluida; e a fase intestinal, desencadeada pela presença do 
quimo no duodeno, por meio da secretina e da CCK, que favorecem a secreção 
fluida, além de mais secreção enzimática. 
A secreção flui pelo ducto pancreático que une-se ao ducto hepático antes de 
desembocar no duodeno através da papila de Valter que é circundada pelo esfíncter 
de Oddi 
O fígado é um órgão que desempenha diversas funções, como metabolismo 
de diversos substratos, síntese de proteínas plasmáticas, armazenamento de ferro e 
Fisiologia 
 
162 
vitaminas, degradação de hormônios, remoção de eritrócitos velhos do sangue 
entre outras, mas a produção da secreção biliar é o evento que interfere no trato 
digestório. 
A bile é produzida de forma contínua pelos hepatócitos, e durante o período 
interdigestivo é conduzida para a vesícula biliar, pelo ducto cístico, onde é 
armazenada e desidratada, pois ocorre absorção da água junto dos eletrólitos, o 
que a torna mais concentrada. Sua composição é de sais biliares, colesterol, 
fosfolipídios e pigmentos biliares, sendo isenta de enzimas. A função consiste em 
emulsificar a gordura, permitindo sua digestão e a absorção, além de excreção de 
produtos de metabolismo hepático, como a bilirrubina que é proveniente da 
degradação de hemácias. 
A gordura tende a formar gotas que não se misturam com a fase aquosa do 
tubo digestório, o que dificulta a ação das lipases. Os sais biliares são anfipáticos, 
ou seja, possuem porções hidrofílicas e hidrofóbicas, de modo que misturados com 
as gotas de gordura, pelos movimentos intestinais, quebram as gotas maiores 
(ação emulsificante), formando pequenas gotículas de gordura, as micelas, que 
possibilitam maior interação das enzimas com seus substratos. As micelas, 
contendo os produtos da digestão das gorduras, mais colesterol e vitaminas 
lipossolúveis, são absorvidas pelos enterócitos. 
A bilirrubina é um pigmento amarelo que é formado a partir da degradação das 
hemácias, sendo eliminada na bile. Na luz intestinal ela é convertida a 
urobilinogênio, que parte é reabsorvida pelo intestino e excretada na urina dando 
a cor amarelada, e parte é oxidada formando urobilina e estercobilina, que são 
excretadas pelas fezes, dando a coloração acastanhada. 
As etapas da secreção biliar são: 
Secreção contínua de ácidos biliares, colesterol e outros compostos orgânicos, 
pelos hepatócitos, que serão conduzidos pelos canalículosbiliares até os ductos 
hepáticos. O aumento de secreção é estimulado pela CCK, durante o período 
digestivo. 
Os ductos hepáticos possuem células que produzem uma solução aquosa de 
sódio e bicarbonato que é conduzida até o ducto hepático comum. O aumento de 
Fisiologia 
 
163 
secreção é estimulado pela secretina, que pode aumentar em até 100% o volume, 
durante o período digestivo. 
O ducto hepático comum e o ducto cístico (vesícula biliar) confluem formando 
o colédoco (ducto biliar comum), que desemboca junto com o ducto pancreático 
no duodeno através da ampola de Valter que é circundada pelo esfíncter de Oddi . 
A secreção biliar durante a digestão ocorre pela presença de alimento, 
principalmente gorduroso no duodeno, que favorece a secreção hepática 
estimulada pela CCK e secretina, sendo que a CCK também contrai a vesícula biliar 
além de relaxar o esfíncter de Oddi, permitindo o esvaziamento da vesícula e a 
liberação das secreções hepática e biliar no duodeno. 
Podemos concluir que a secreção hepática é somada a secreção da vesícula, e 
nos casos em que ocorre a remoção cirúrgica da vesícula biliar, não compromete a 
secreção hepática, sendo a bile liberada no duodeno menos concentrada. 
 
6.11 Estruturas da secreção pancreática e biliar 
Fisiologia 
 
164 
A secreção entérica é formada por muco alcalino, suco digestivo e secreção 
enzimática. O muco alcalino é produzido pelas glândulas de Brunner na porção 
inicial do duodeno, tendo a secreção estimulada pelo nervo vago, pela presença do 
conteúdo no intestino e por hormônios gastrintestinais, principalmente a secretina. 
Sua função é proteção da mucosa intestinal contra a secreção ácida e péptica 
proveniente do estômago. 
Suco digestivo é produzido nas Criptas de Lieberkühn, que são depressões 
presentes em todo ID, localizadas entre as vilosidades, sendo possível identificar 
dois tipos de células epiteliais secretoras, as células caliciformes, que secretam 
muco (lubrificação e proteção) e os enterócitos, que secretam água e eletrólitos. O 
estimulo para secreção é o mesmo da secreção mucoide, sendo importante a CCK. 
Sua função é favorecer as reações enzimáticas (hidrólise), o transporte dos 
substratos para borda em escova e a absorção dos nutrientes, além de proteção da 
ação irritante (mecânica ou química). 
A secreção enzimática é feita pelas células absorvitivas da vilosidade, e a 
maioria das enzimas ficam sobre as microvilosidades (borda em escova), onde 
digerem o alimento enquanto estão sendo absorvidos. As principais enzimas são as 
dipeptidases, dissacaridases, lipases intestinal, proteases, amilase intestinal e 
enteroquinase. A enteroquinase atua no tripsinogênio (secretado pelo pâncreas), 
convertendo-o em tripsina, que é a forma ativa, e a própria tripsina é responsável 
pela ativação das outras proteases pancreáticas. 
De uma forma geral, podemos dizer que a CCK é responsável por uma 
secreção mais concentrada, tanto pancreática, como entérica e hepática, além de 
favorecer o relaxamento do esfíncter de Oddi e a contração da vesícula biliar. Por 
outro lado, a secretina favorece o fechamento do piloro e estimula as três 
secreções, sendo estas mais fluidas e alcalinas. 
Fisiologia 
 
165 
 
6.12 Mucosa duodenal 
Os movimentos do Intestino delgado são de mistura e de propulsão, permitindo 
que o quimo seja misturado às secreções entéricas, pancreática e biliar, além de 
alternar a superfície exposta à membrana e condução do conteúdo para a válvula 
ileocecal. O transito intestinal é relativamente lento, durando, em média de 3 a 5 
horas, o que permite a digestão completa do conteúdo e a absorção dos 
nutrientes. O controle dos movimentos intestinais é realizado pelo reflexo 
gastroentérico, onde a distensão do estômago ativa o plexo mioentérico intestinal, 
além da presença do quimo no duodeno. As secreções gastroduodenais interferem 
na movimentação, onde a gastrina e a CCK aumentam o peristaltismo, e a secretina 
retarda. 
Fisiologia 
 
166 
 
Intestino grosso (IG) 
O IG é formado pelo ceco, cólon e reto. O ceco recebe de 500 a 1500 mL de 
quilo/dia, sendo que praticamente já ocorreu a absorção de todos os nutrientes, 
permanecendo um volume residual de água com eletrólitos, material não digerido 
e bactérias. O ceco é uma bolsa que continua na sua porção inferior com o 
apêndice vermiforme vestigial, que é um órgão oco e muscular com uma mucosa 
com tecido linfoide, tendo a função de defesa contra microrganismos nesse local 
do tubo digestivo. A porção superior do ceco comunica com o cólon ascendente, 
que é contínuo com o descendente, transverso e sigmoide, e finalmente com o 
reto, que termina no esfíncter anal. A função do ceco é absorção de água e 
eletrólitos, armazenado o material fecal até sua eliminação. 
A mucosa nessa região do trato gastrintestinal não apresenta vilosidades, mas 
possui as criptas de Lieberkühn, sendo estas formadas principalmente por células 
produtoras de muco. As outras células secretam íon bicarbonato, sendo, portanto a 
secreção no IG de muco alcalino, apenas, com objetivo de proteger a mucosa de 
escoriações, da atividade microbiana da massa fecal (formação de ácidos), além de 
manter o material fecal unido (aderência), favorecendo o deslocamento das fezes. 
O controle da secreção ocorre por estimulação tátil direto nas células da mucosa, 
por reflexos locais sobre as criptas de Lieberkühn e estímulo parassimpático. 
A camada muscular longitudinal na região do ceco é descontínua e forma 
faixas estreitas denominadas tênias do colón. A motilidade no IG consiste em 
contrações circulares somadas a contração das tênias cólicas. Essas contrações 
lentas e constantes no ceco e cólon ascendente permitem a absorção de água, pois 
leva de 8-15 h para chegar ao cólon transverso. Quando o conteúdo chega ao 
cólon transverso, a distensão de sua parede estimula movimentos de propulsão em 
massa, que consiste em contração circular que progride em toda extensão, onde os 
segmentos permanecem contraídos por mais tempo, deslocando todo conteúdo 
até o colón sigmoide, onde as fezes ficam armazenadas até serem eliminadas pelo 
reflexo da defecação. O movimento em massa ocorre de 1 a 3 vezes por dia, sendo 
intensificados pelos reflexos gastrocólico (distensão do estomago) e reflexos 
duodenocólico (distensão do duodeno). 
Fisiologia 
 
167 
Normalmente o reto não tem fezes, e com a contração em massa do colón, a 
distensão da parede desencadeia o reflexo da defecação, que consiste no aumento 
do peristaltismo do colo descendente, sigmoide e reto, forçando as fezes em 
direção ao ânus e relaxamento do esfíncter anal interno, mas a defecação de fato 
depende do relaxamento do esfíncter anal externo, que é de controle voluntário. A 
defecação é auxiliada pela inspiração profunda, contração dos músculos 
abdominais com a glote fechada, que aumentam a pressão intra-abdominal sobre 
as alças intestinais. 
 
6.13 Intestino Grosso 
Fisiologia 
 
168 
 
Movimentos gastrintestinais especiais 
A presença de substância irritante no trato gastrintestinal estimula o aumento 
da secreção de muco, para proteger a mucosa, podendo ainda aumentar a 
velocidade do peristaltismo, que resulta na diarreia, pois o rápido transito intestinal 
impede a absorção da água e dos nutrientes. Outro evento possível de acontecer é 
o vômito, em consequência do movimento antiperistáltico, resultante de uma forte 
contração da parede visceral, que promove o peristaltismo no sentido inverso. 
O estímulo no centro nervoso do vômito, localizado no bulbo, resulta na 
sensação de náuseas, que se persistir irá desencadear o reflexodo vômito, com 
fechamento da glote, impedindo o acesso às vias respiratórias, relaxamento dos 
esfíncteres esofagianos e contração do diafragma e músculos abdominais, 
favorecendo o retorno do conteúdo do estômago para o esôfago para ser expelido. 
É possível refluir com o conteúdo desde o intestino delgado, em sua porção mais 
distal, o íleo, sendo mais difícil do intestino grosso devido a válvula ileocecal e o 
conteúdo ser menos fluido. 
Fisiologia 
 
169 
 
Exercício - unidade 6 
 
1.Não é função do sistema digestório: 
a) Digerir alimentos transformando-os em nutrientes 
b) Absorver os nutrientes 
c) Eliminar o resto não digerido pelas fezes 
d) Produzir os hormônios que controlam a glicemia 
 
2.Assinale a alternativa incorreta quanto à função da secreção ácida do 
estômago: 
a) Facilita a fragmentação de macromoléculas 
b) Possui ação antisséptica contra a maioria das bactérias 
c) Ação catalisadora, por transformar o pepsinogênio em pepsina. 
d) Ação protetora contra sua própria secreção 
 
3.A importância das secreções entéricas, biliar e pancreática alcalinizarem o 
intestino delgado é: 
a) Permitir o peristaltismo 
b) Ajudar na emulsificação de gorduras 
c) Permitir a atuação das enzimas 
d) Lubrificar o quilo 
 
4.A utilização de antiácidos interfere no pH gástrico prejudicando a ativação 
de uma enzima. A consequência será: 
a) Interferir na digestão péptica 
Fisiologia 
 
170 
b) Interferir na digestão facilitada pela bile 
c) Inibição das enzimas pancreáticas 
d) Diminuição da produção de muco 
 
5.O evento que permite que a absorção dos nutrientes ocorra à nível do 
intestino delgado é: 
a) Maior superfície de contato 
b) Movimentos peristálticos 
c) Lei do intestino 
d) Produção de muco 
 
6.Assinale o evento que permite que alimento seja conduzido no sentido 
boca-ânus. 
a) Movimentos de mistura 
b) Movimentos peristálticos de propulsão 
c) Deglutição 
d) Fechamento dos esfíncteres 
 
7.Assinale a alternativa que indica corretamente as glândulas exócrinas do 
trato digestório: 
a) Parótidas, sublinguais e submandibulares. 
b) Parótidas, fígado e baço. 
c) Salivares, fígado e pâncreas. 
d) Fígado, pâncreas e baço. 
 
Fisiologia 
 
171 
 
8.O seguimento do trato digestório responsável em secretar a colecistocinina e 
a secretina é: 
a) Esôfago 
b) Estômago 
c) Duodeno 
d) Ceco 
 
9.Explique o porquê de boa parte da absorção dos nutrientes ocorrer no intestino 
delgado. 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 
10.Explique o que é a lei do intestino. 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Considerações FinaiConhecendo o autor 
Fisiologia 
 
172 
 
Re fe rên ci
Fisiologia 
 
173 
7 Fisiologia do Sistema Endócrino 
Fisiologia 
 
174 
Quando iniciamos nosso estudo de fisiologia, na primeira unidade, em que falamos 
da participação dos sistemas na manutenção da homeostasia, apresentamos o 
sistema endócrino como responsável pela regulação das funções corporais, junto 
do nervoso, onde ele atua a nível celular, incrementando ou minimizando uma 
função. O sistema endócrino é formado por células produtoras de hormônios, que 
podem estar difusas nos tecidos ou organizadas, formando as glândulas 
endócrinas. Nessa unidade será realizada uma apresentação breve das glândulas 
que compõem o sistema endócrino, os hormônios por elas produzidos, seus efeitos 
e como ocorre o estímulo e o controle da secreção hormonal. Como a função 
reprodutiva também está relacionada à produção de hormônios, aproveitaremos 
para apresentá-la nesta unidade. 
 
Objetivos da unidade: 
 Diferenciar os mediadores químicos quanto aos mecanismos de ação, e a 
composição química; 
 Entender os mecanismos de controle de secreção hormonal; 
 Estabelecer a relação entre o hipotálamo e a hipófise; 
 Identificar as principais glândulas endócrinas, seus hormônios e os 
respectivos efeitos no organismo; 
 Perceber os níveis em que ocorre a diferenciação sexual em mamíferos; 
 Reconhecer a endocrinologia da reprodução masculina e feminina; 
 Identificar os eventos envolvidos na reprodução masculina e feminina; 
 Demonstrar, de forma resumida, os eventos da gestação, parto e lactação. 
Fisiologia 
 
175 
 
Plano da unidade: 
 Hormônios 
 Hipotálamo e Hipófise 
 Hormônio Antidiurético (ADH) ou Vasopressina 
 Ocitocina 
 Hormônio do Crescimento (GH) ou Somatotrópico ou Somatotropina 
 Prolactina (Prl) 
 Outros Hormônios da Adeno-hipófise 
 Tireoide e Paratireoide 
 Hormônios Derivados da Tirosina. 
 Calcitonina e Paratormônio (PTH) e Vitamina D 
 Suprarrenais ou Adrenais 
 Medula Adrenal 
 Córtex Adrenal 
 Pâncreas Endócrino 
 Insulina 
 Glucagon 
 Outros Hormônios Pancreáticos 
 Glândula Pineal 
 Endocrinologia da Reprodução 
 Reprodução Masculina 
 Reprodução Feminina 
 Gestação, Parto e Lactação 
Bons estudos! 
Fisiologia 
 
176 
 
A coordenação das funções a nível celular, tecidual e orgânica pode ser 
realizada por mediadores químicos que atuam nas células-alvo, que são as que 
possuem receptores específicos para eles, sendo então capazes de modificar seu 
metabolismo. Podemos destacar a sinalização autócrina, parácrina e endócrina. 
Na sinalização parácrina, as células-alvo estão localizadas próximas às que 
produzem e liberam os mediadores químicos, que difundem pelo espaço 
intersticial. Na autócrina, a célula-alvo é a própria célula que secretou o mediador. 
Na endócrina, o mediador químico depende da corrente sanguínea para chegar até 
as células-alvo. 
 
7.1 Tipos de sinalização química 
 
Hormônios 
Os hormônios são mensageiros químicos liberados por glândulas endócrinas, 
que, pela corrente sanguínea difundem-se por todo o corpo, sendo que só 
produzirão efeito aonde houver receptores para que eles possam interagir e 
modificar o funcionamento das células. 
Podemos classificar os hormônios pela sua natureza química, sendo: 
Fisiologia 
 
177 
Aminas, que são derivados do aminoácido tirosina. Formam os hormônios da 
tireoide (tiroxina e triiodotironina) e as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina). 
Proteicos, que são derivados de cadeias de aminoácidos, sendo eles a maioria 
dos hormônios endócrinos. Exemplos: insulina, glucagon, ocitocina, hormônio 
antidiurético, hormônio do crescimento e paratormônio. 
Esteroides, que são derivados do colesterol. Exemplos: testosterona, 
estrógeno, progesterona, cortisol e aldosterona. 
De acordo com a natureza química, os hormônios apresentam diferenças 
quanto à solubilidade, que determinará o local em que ele irá atuar na célula e 
como serão transportados pelo sangue. Os hormônios, em geral, e as 
catecolaminas, são hidrossolúveis, sendo transportados livres pela circulação e 
interagem em receptores localizados na membrana celular. Os hormônios 
tireoidianos e os esteroides são lipossolúveis, por tanto são transportados ligados a 
proteínas plasmáticas e interagemem receptores com localização intracelular. 
O mecanismo de ação dos hormônios depende de onde são formados os 
complexos hormônio-receptor. Os que atuam em receptores celulares na 
membrana plasmática são responsáveis pela ativação de segundos mensageiros 
intracelulares que irão modificar o padrão de funcionamento da célula. Os que 
atuam em receptores no núcleo promovem a ativação de fatores de transcrição, 
modificando o padrão de síntese proteica da célula. De uma forma geral a ação dos 
hormônios promove resposta do tipo alteração na expressão gênica, na velocidade 
de reação química, na permeabilidade da membrana, no rearranjo do 
citoesqueleto e no próprio metabolismo orgânico, como crescimento, secreção, 
entre outros. Apesar de um mecanismo mais lento e durador que o do sistema 
nervoso, eles atuam de forma integrada, e o principal centro integrador é o 
hipotálamo. 
Fisiologia 
 
178 
 
7.2 mecanismo de ação dos hormônios 
A regulação da secreção hormonal é feita por feedback (retroalimentação), 
onde o efeito do hormônio controla a própria secreção, regulando os níveis 
plasmáticos conforme a necessidade do organismo. O feedback é denominado 
negativo quando o efeito biológico inibe a própria secreção, sendo a maioria dos 
mecanismos de controle, e positivo quando estimula mais a própria secreção, 
sendo necessário que um fator extrínseco ao sistema de retroalimentação o 
interrompa, e estão associados ao parto e a amamentação. 
Fisiologia 
 
179 
A) 
 
B) 
 
7.3 Tipos de feedback 
A feedback negativo ; B- feedback positivo 
Fisiologia 
 
180 
 
Hipotálamo e hipófise 
O hipotálamo é uma estrutura localizada no encéfalo, e representa a interface 
entre o sistema nervoso e o endócrino, sendo responsável pela integração de 
informações geradas em diversas regiões do corpo. Quanto à produção de 
hormônios, o hipotálamo estabelece duas relações com a hipófise, uma de regular 
a secreção hipofisária, e outra de ter os seus dois hormônios endócrinos secretados 
por ela, a ocitocina e o hormônio antidiurético (ADH). 
A hipófise, também chamada de pituitária, possui dupla origem embrionária, o 
que determina uma diferença morfofuncional entre a adeno-hipófise (ou hipófise 
anterior) e a neuro-hipófise (ou hipófise posterior). A adeno-hipófise possui origem 
no epitélio da faringe (evaginação ascendente do assoalho da cavidade oral), 
sendo esta a porção glandular que produz e secreta seis hormônios próprios: a 
prolactina, o hormônio do crescimento, o adrenocorticotrófico, tireotrófico e os 
gonadotróficos (folículo estimulante e luteinizante), cuja secreção é controlada por 
hormônios liberadores e inibidores hipotalâmicos. A neuro-hipófise origina-se de 
um prolongamento do hipotálamo (evaginação descendente do tecido neural), 
sendo formada por tecido nervoso, logo não produz hormônios próprios, sendo 
responsável pela secreção dos hormônios ocitocina e antidiurético (ADH) 
produzidos pelo hipotálamo. 
 
7.4 Desenvolvimento embrionário da hipófise 
A secreção dos hormônios hipotalâmicos pela hipófise ocorre devido à 
formação do trato nervoso hipotálamo-hipofisário, onde os neurônios que 
produzem o hormônio possuem o corpo celular no hipotálamo, e seus axônios 
Fisiologia 
 
181 
prolongam-se até a neuro-hipófise, liberando os hormônios quando recebem os 
estímulos apropriados. 
 
7.5 Trato nervoso hipotálamo-hipofisário 
O controle hipotalâmico sobre a hipófise ocorre por neuro-hormônios tróficos 
(liberadores e inibidores de secreção hipofisária), produzidos por neurônios 
hipotalâmicos, que chegam a adeno-hipófise por meio do sistema porta 
hipotálamo-hipofisário, onde são liberados em um plexo capilar no hipotálamo, 
conduzidos pela veia porta para a adeno-hipófise, e liberados no interstício por 
meio dos capilares hipofisários, atuando sobre as células hipofisárias produtoras de 
hormônios. 
Fisiologia 
 
182 
 
 
7.6 Sistema porta hipotálamo-hipofisário 
Abaixo estão relacionados os hormônios tróficos hipotalâmicos, os hormônios 
hipofisários que possuem a secreção controlada por eles, e os tecidos-alvo das 
secreções hipofisárias, incluindo a resposta produzida por estes. 
H. liberador das gonadotrofinas (GnRH) → estimula liberação das 
gonadotrofinas (FSH e LH) hipofisárias que irão atuar sobre as gônadas masculinas 
e femininas. 
Fisiologia 
 
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H. liberador da corticotrofina (CRH) → estimula liberação do h. 
adrenocorticotrófico (ACTH) hipofisário que irá atuar sobre o córtex adrenal, 
estimulando principalmente a secreção de cortisol. 
H. liberador (PrRP) e inibidor (Dopamina) da prolactina → regula a liberação de 
prolactina (Prl) hipofisária que atua nas mamas. 
H. liberador de tireotrofina (TRH) → estimula liberação h. tireotrófico (TSH) pela 
hipófise que atua na tireoide, regulando a secreção de seus hormônios 
H. liberador (GHRH) e inibidor (Somatostatina) de somatotrofina (ou hormônio do 
crescimento) → regula a liberação do hormônio do crescimento pela hipófise. 
Agora serão apresentados os hormônios secretados pela adeno e neuro-
hipófise, e suas ações no organismo. 
 
7.7 secreção hipofisária 
Fisiologia 
 
184 
 
Hormônio antidiurético (ADH) ou vasopressina 
O hormônio antidiurético foi estudado na unidade em que foi apresentada a 
fisiologia do sistema renal, mas relembrando, ele é um hormônio hipotalâmico, 
secretado pela neuro-hipófise. 
Participa da regulação da osmolaridade do plasma sanguíneo, por aumentar a 
disponibilidade de aquaporinas no segmento tubular final dos néfrons, o que 
aumenta a permeabilidade à água, diminuindo a sua excreção pelos rins 
independente da excreção de solutos, logo aumenta a volemia e diminui a diurese, 
o que torna o sangue menos concentrado e a urina menos diluída. 
O principal estímulo para secreção é o aumento da osmolaridade sanguínea, 
percebido pelos osmorreceptores hipotalâmicos, podendo também ser estimulado 
durante o exercício; em situações de estresse e dor; e pela queda da pressão 
sanguínea, onde a redução do volume de sangue em 15-25%, eleva em até 50 
vezes a secreção de ADH, e nessas condições ocorre constrição das arteríolas do 
corpo. 
Ocitocina 
Também é um hormônio hipotalâmico, secretado pela neuro-hipófise. 
Participa do momento do parto e da ejeção do leite, estimulando a contração 
da musculatura lisa dos alvéolos mamários e do útero. 
Exercem efeito sobre o útero, no final da gestação, onde as primeiras 
contrações uterinas promovem a distensão da cérvix e vagina, o que é uma 
estimulação mecânica, favorecendo a secreção de ocitocina, que atua 
intensificando as contrações da musculatura uterina. 
A sucção do mamilo durante a amamentação é uma estimulação mecânica 
que também favorece a secreção de ocitocina, promovendo a contração do 
músculo liso que envolve o alvéolo, permitindo a ejeção do leite para os ductos 
mamários. 
Fisiologia 
 
185 
 
Hormônio do crescimento (GH) ou somatotrópico ou 
somatotropina 
 
É um hormônio da adeno-hipófise, atua induzindo o crescimento de quase 
todos os tecidos que tem capacidade de crescer (principalmente ossos e músculo 
esquelético), por aumentar o tamanho e o número de células. 
Exerce seu efeito direto sobre os tecidos ou indiretamente por induz o fígado 
(principalmente) a sintetizar somatomedinas, sendo a principal delas a IGF-1(fator 
de crescimento insulínico), que atua principalmente nas cartilagens. São 
encontrados também, os fatores de crescimento dos nervos, dos fibroblastos, 
epidérmico, ovariano e plaquetário. 
O crescimento depende de adequado suprimento alimentar, carga genéticae 
ações hormonais (h. crescimento, h. tireoidiano, h. sexuais e insulina). 
Durante os estágios iniciais do desenvolvimento, o crescimento do corpo é 
proporcional, e após o fechamento da placa epifisária não há mais crescimento 
ósseo, evento que ocorre nas proximidades da puberdade tendo em vista que os 
esteroides (estradiol ou testosterona) fecham a placa epifisária. 
O GH exerce efeitos metabólicos, que são importantes para favorecer o 
crescimento, e serão resumidamente descritos a seguir. 
No metabolismo de carboidratos: provoca resistência à insulina, pois reduz a 
captação e utilização de glicose pelos tecidos (músculo esquelético e tecido 
adiposo) e estimula o aumento da produção de glicose pelo fígado, causando 
hiperglicemia e aumento compensatório da secreção da insulina, produzindo 
dessa forma, um efeito diabetogênico ou antiinsulínico, tanto que o excesso de GH 
causa a diabetes hipofisária. 
No metabolismo de proteínas: promove anabolismo proteico, estimulando a 
captação de aminoácidos pelas células e a síntese proteica, favorecendo o 
desenvolvimento de massa magra. 
No metabolismo de lipídios: promove a utilização da gordura reservada no 
tecido adiposo, o que promove a diminuição de massa gorda, por estimular a 
Fisiologia 
 
186 
lipólise, onde os produtos serão utilizados como fonte de energia. O excesso de GH 
forma quantidade excessiva de corpos cetônicos, causando cetose além de 
favorecer a esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado). 
No metabolismo dos eletrólitos: eleva os níveis plasmáticos de nitrogênio e 
fósforo, e atua a nível intestinal favorecendo a absorção de cálcio, provavelmente 
por meio da vitamina D; nos rins diminui a excreção de sódio e potássio; e aumenta 
o volume do líquido extracelular por estimular o sistema renina-angiotensina-
aldosterona e inibir do peptídeo natriurético atrial. 
A secreção do GH é pulsátil durante o período de 24h (mecanismo ainda não 
bem elucidados), sendo que depois da adolescência vai diminuindo, e quando na 
idade muito avançada, chega a ser de apenas 25% do secretado na adolescência. A 
sua secreção pode sofrer influência por fatores, demonstrados na tabela a seguir: 
 
Estimulação Inibição 
H. de liberação do GH H. de inibição do GH (somatostatina) 
Diminuição da glicemia Aumento da glicemia 
Diminuição sérica de AGL Aumento sérico de AGL 
Inanição - deficiência de 
proteína 
Somatomedinas (IGF) 
Traumatismos, estresse, 
excitação 
GH exógeno 
Exercício físico Envelhecimento 
Primeiras 2 horas de sono 
profundo 
Obesidade 
Testosterona, estrogênio 
Tabela 7.1 - Fatores que interferem na secreção pulsátil do GH hipofisário. 
Fisiologia 
 
187 
 
Prolactina (Prl) 
É o hormônio da adeno-hipófise que atua na mama juntamente com 
hormônios ovarianos estimulando a diferenciação e a expansão do tecido mamário 
(na puberdade e na gestação) e a lactogênese (durante a amamentação). Durante a 
amamentação a Prl tem efeito anovulatório por inibir GnRH e diminuir a 
sensibilidade das gônadas aos hormônios gonadotróficos (FSH e LH) 
Secreção da prolactina ocorre em níveis muito baixos em homens e mulheres 
fora da gestação e amamentação, e no aleitamento a sucção do mamilo estimula o 
hipotálamo a produzir o PrRP que estimula adenohipófise secretar a Prl que resulta 
em mais produção de leite. 
Durante a gestação, ocorre o desenvolvimento das mamas, mas a lactação é 
inibida por efeito do estrogênio e progesterona. A dopamina secretada pelo 
hipotálamo também inibe a secreção de Prl. 
 
7.8 ação hormonal no desenvolvimento mamário na puberdade, gestação e lactação 
 
Durante a amamentação, a lactogênese é dependente do reflexo da prolactina 
(ou de produção) e a ejeção láctea, do reflexo da ocitocina (ou de "descida"). 
 
Outros hormônios da adeno-hipófise 
A adeno-hipófise secreta hormônios que irão atuar sobre outras glândulas 
endócrinas, sendo eles: 
Fisiologia 
 
188 
Hormônio tireotrófico (TSH) → estimula a tireoide a produzir T3/T4 
Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) → estimula córtex adrenal a produzir, 
principalmente os glicocorticoides. 
Hormônios gonadotróficos (FSH e LH) → estimulam os ovários e testículos, a 
produzirem hormônios sexuais e controlam a gametogênese. 
Tireoide e paratireoide 
A tireoide possui dois tipos de células secretoras, que produzem dois tipos de 
hormônios distintos. Os derivados da tirosina são produzidos pelas células 
foliculares e atuam principalmente no metabolismo celular. O produzido pelas 
células parafoliculares, a calcitonina, atua juntamente com o paratormônio (PTH), 
produzido pela paratireoide e a vitamina D, no controle do metabolismo do cálcio. 
A tireoide está localizada caudal a laringe, na altura dos primeiros anéis 
cartilaginosos, sendo composta por dois lobos e apresenta em sua superfície 
pequenos nódulos, que são as glândulas paratireoides. 
Hormônios derivados da tirosina. 
A tireoglobulina iodetada é a proteína tiroglobulina, composta de 
aminoácidos tirosina, e contém o iodo associado. Essa proteína é a precursora dos 
hormônios triiodotironina (T3) e tiroxina ou tetraiodotironina (T4), e fica 
armazenada no coloide, que está dentro dos folículos formados pelas células 
foliculares, até sua liberação. A tireoide secreta maior quantidade de T4, que nos 
tecidos é convertida a T3, que é a forma mais ativa. 
Esses hormônios são conhecidos como termogêncios, pois incrementam as 
rações de oxidação celular em praticamente todas as células, ou seja, o 
metabolismo, aumentando a produção de calor. Secundariamente a essa ação, 
favorecem o crescimento e desenvolvimento corporal, principalmente do sistema 
nervoso central, sendo fundamental para seu bom desenvolvimento no período 
perinatal e na infância. Regulam o metabolismo dos carboidratos, pois aumentam a 
sua absorção intestinal e favorecem a entrada de glicose nas células, por estimular 
a secreção de insulina; e das gorduras, favorecendo a lipólise nos tecidos adiposos, 
disponibilizando ácido graxo no sangue para serem aproveitados como energia, 
pelas células. 
Fisiologia 
 
189 
A secreção é controlada pelo hormônio hipofisário tireotrófico (TSH) e o 
liberador de tireotrofina hipotalâmico (TRH), por mecanismo de feedback negativo. 
Outros fatores atuam sobre o hipotálamo podendo estimular a secreção de TRH, 
como o estresse, frio e traumatismos. 
Calcitonina e paratormônio (PTH) e vitamina D 
Esses três hormônios estão envolvidos no metabolismo do cálcio e do fósforo, 
mantendo a proporção fisiológica de cálcio: fósforo em 2:1. 
O cálcio é um íon envolvido em diversas funções orgânicas, participa da 
contração muscular, da exocitose de neurotransmissores e hormônios, da 
coagulação do sangue, da atividade enzimática, além de atuar como segundo 
mensageiro intracelular e ser um importante componente da matriz mineral do 
osso e do dente. 
O fósforo também é um componente da matriz mineral óssea e dentária, além 
de ser essencial no Sistema Tampão acidobásico e participar da formação de 
fosfolipídios, fosfoproteínas, ácidos nucleicos e ATP. 
A concentração do cálcio sanguíneo é dependente da reabsorção (osteócitos e 
osteoclastos) ou deposição (osteoblastos) óssea, maior absorção ou não no 
intestino, e reabsorção ou secreção renal. Na condição em que a concentração de 
cálcio no sangue é normal (9,4mg/dL), a deposição e reabsorção óssea estão em 
equilíbrio. 
Quando a calcemia diminui, estimula a paratireoide a secretar o PTH, que 
estimula a reabsorção de cálcio renal, intestinal e ósseo, corrigindo a calcemia, e 
inibindo, por feedback negativo, a secreção do PTH. As ações são mediadaspela 
vitamina D que tem sua ativação renal estimulada pelo próprio PTH. A 
mineralização do osso não é comprometida, pois fatores inerentes ao osso 
estimulam a deposição, mantendo a taxa de remodelagem óssea. 
Quando a calcemia eleva, estimula as células parafoliculares da tireoide a 
secretarem a calcitonina, que inibe a ação dos osteoclastos, diminuindo a ação de 
reabsorção óssea, não favorecendo a sua deposição nem a reabsorção renal e 
intestinal, mas permitindo que o cálcio seja excretado pelos rins, normalizando a 
calcemia, que por feedback negativo inibe a secreção do hormônio pela tireoide. 
Fisiologia 
 
190 
A vitamina D é considerada como “Hormônio lipossolúvel”, sendo fundamental 
para absorção de cálcio no intestino. Sua obtenção pode ser pela pele onde 
7-desidrocolesterol, por ação da luz UV, é convertido em colecalciferol (D3), ou 
pela dieta, em que obtemos o ergosterol (D2) e colecalciferol (D3). Independente 
da origem, no fígado, o colecalciferol é convertido à 25-hidroxicolicalciferol, para, 
posteriormente, nos rins, por ação do PTH, ser finalmente convertido a sua forma 
mais ativa, 1,25-diidroxicolicalciferol. 
 
Suprarrenais ou adrenais 
As adrenais têm participação no metabolismo de proteínas, carboidratos e 
lipídios, além de estar envolvida na resposta ao estresse e no controle da resposta 
imune e inflamatória. Elas possuem dupla origem embrionária, o que lhes confere 
uma diferença histofuncional, sendo formada cada uma pelas seguintes regiões: 
Medula adrenal, que possui origem na crista neural. Possui células cromafins 
que secretam catecolaminas, que são a adrenalina e noradrenalina. 
Córtex adrenal, com origem no mesoderma celômico da parede abdominal 
posterior. Secreta hormônios derivados do colesterol, sendo formada por três 
zonas, a glomerulosa (mais externa), que secreta mineralocorticoides; a fasciculada 
(intermediária), que secreta glicocorticoides; e a reticular (mais interna), que 
secreta andrógenos. 
Fisiologia 
 
191 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7.9 divisão histológica da glândula adrenal 
 
Medula adrenal 
As catecolaminas são sintetizadas a partir do aminoácido tirosina, por uma 
cadeia enzimática até a formação de noradrenalina, que na sua maior parte é 
convertida a adrenalina. A secreção é controlada pelo sistema nervoso simpático, 
na reação de alarme, em que a catecolamina (adrenalina) é liberada direto na 
corrente sanguínea, promovendo uma resposta generalizada, permitindo uma 
reação a situações de estresse. 
Os efeitos sistêmicos são os mesmos que os promovidos pela resposta 
vegetativa do sistema nervoso simpático, vamos destacar os metabólicos. O efeito 
hiperglicemiante ocorre devido às catecolaminas estimularem, no fígado, 
a glicogenólise (quebra do glicogênio - reserva intracelular de glicose), a 
gliconeogênese (formação de glicose a partir de aminoácidos e lipídios), além de 
Fisiologia 
 
192 
inibir a glicogênese (síntese de glicogênio, para armazenamento intracelular de 
glicose); e no pâncreas por estimular a secreção de glucagon e inibir a de insulina. 
O efeito hiperlipidemiante é consequência das catecolaminas atuarem nas reservas 
de gordura corporal estimulando o fornecimento de substrato energético para as 
células. E, de uma forma geral, determina aumento do metabolismo basal da célula, 
com maior consumo de oxigênio, e estimulam a secreção dos hormônios 
tireoidianos. 
 
Córtex adrenal 
Esta região da adrenal secreta hormônios esteroides, que são derivados do 
colesterol. Este é convertido a pregnenolona que pode seguir três vias enzimáticas, 
que apesar de interligadas por diversos substratos, originam hormônios diferentes, 
que são os mineralocorticoides, os glicocorticoides, e os androgênios. 
O principal mineralocorticoide é a aldosterona, que, como visto na unidade do 
sistema renal, é responsável pela reabsorção de sódio e excreção de potássio pelos 
rins, interferindo na volemia e na diurese. Atua também nas glândulas salivares e 
sudoríparas, que possuem secreção rica em cloreto de sódio estimulando a 
reabsorção nos ductos excretores tendo importância de conservar o sal no 
organismo em ambientes quentes (glândula sudoríparas) e quando ocorre excesso 
de salivação (glândulas salivares). Nos quadros de diarreia, favorece a absorção de 
sódio pelos intestinos, diminuindo a perda pelas fezes. 
O controle da secreção da aldosterona ocorre principalmente pela 
angiotensina II (sistema renina-angiotensina), podendo ser influenciada pelo 
aumento da concentração de K+ e diminuição do Na+ plasmático. O ACTH 
hipofisário é o que possui menor interferência na secreção de aldosterona. 
Dos glicocorticoides, o mais importante é o cortisol, que permite que muitos 
processos fisiológicos sejam mantidos em níveis normais, sendo esse evento 
denominado de efeito permissivo. Nessa situação, ocorre o aumento da transcrição 
gênica de enzimas envolvidas nos processos celulares devido a interação em 
receptor no citosol, que é transpassado para o núcleo, modulando a expressão 
gênica. É considerado um hormônio catabólico e diabetogênico e possui 
importantes funções, descritas a seguir: 
Fisiologia 
 
193 
Efeitos sobre o metabolismo de carboidratos. Estimula gliconeogênese hepática 
por duas vias: incrementa a síntese de enzimas envolvidas no processo além de 
aumentar a mobilização de aminoácidos nos músculos (catabolismo proteico 
muscular). A consequência será o aumento do armazenamento de glicogênio para 
ser utilizado pelos hormônios glicolíticos (glucagon e adrenalina). Aumenta a 
glicemia por diminuir a utilização de glicose pelas células (principalmente músculo 
esquelético e tecido adiposo), o que promove um efeito anti-insulinico. 
Efeitos sobre o metabolismo de proteínas. Favorece o catabolismo protéico, 
aumentando a concentração de aminoácidos no sangue, além de favorecer a 
captação desse pelo fígado para gliconeogênese e síntese de proteínas hepáticas e 
plasmáticas. 
Efeitos sobre o metabolismo de gorduras. Estimula a lipólise, para 
gliconeogênese hepática e para substrato energético para as células. Favorece a 
deposição de gordura em algumas regiões (quando em excesso, e por tempo 
prolongado) como rosto (face “de lua cheia”), parte superior das costas (“corcova 
de búfalo”), abdome e tórax. 
Efeito anti-inflamatório e imunossupressor. Atua modulando as células de 
defesa, principalmente os eosinófilos, basófilos e linfócitos. Aumenta a resistência 
vascular, o que diminui o edema das inflamações. 
Efeitos no período perinatal. Favorece a maturação pulmonar por estimular a 
produção de surfactante e por diminuir a espessura dos alvéolos, reduzindo as 
barreiras para a difusão dos gases. É responsável pelo início das alterações 
endócrinas, no feto e na mãe, responsáveis pelo parto. 
Alguns dos outros efeitos, os quais são observados pelas alterações nas 
concentrações de cortisol plasmático. 
Sobre os rins → aumentam a taxa de filtração glomerular. 
Sobre os ossos → reduzem a atividade osteoblástica além de diminui absorção 
de cálcio intestinal (acreditam que pela diminuição da vitamina D) 
Sobre o sistema nervoso central → possuem uma ação moduladora nos 
processos sensoriais, intelectuais e afetivos. 
Fisiologia 
 
194 
A secreção do cortisol é controlada por feedback negativo, e o estímulo de 
secreção ocorre pelo ACTH hipofisário, que é regulado pelo CRH (hormônio 
liberador de corticotropina) hipotalâmico. Possui um ritmo circadiano com um 
mínimo de secreção à noite e o máximo entre seis e oito horas da manhã, 
decrescendo em seguida. O pico de liberação pode ser alteradomudando-se o 
ciclo sono-vigília (fuso horário, longa exposição à luz ou escuridão). E a secreção 
pode ser aumentada pelo estresse físico e mental, que aciona o eixo hipotálamo-
hipofisário. 
Dos andrógenos secretados pelo córtex adrenal, o principal representante é a 
testosterona, e, em menor concentração, também são secretados estrogênio e 
progesterona. Possuem pouco efeito fisiológico, e sendo hormônios da 
reprodução, os produzidos pelas gônadas é que são os efetivos. No entanto, os 
andrógenos corticais parecem exercer importância na libido (interesse sexual) das 
mulheres. 
Pâncreas endócrino 
O pâncreas é uma glândula mista, possuindo uma secreção exócrina, que é 
liberada no duodeno, sendo rica em enzimas que participam da digestão dos 
alimentos, e uma secreção endócrina, realizada pelas células das Ilhotas de 
Langerhans, que liberam mediadores químicos envolvidos no controle do 
metabolismo da glicose, lipídeos e proteínas. Iremos abordar a secreção endócrina 
do pâncreas. 
Nas ilhotas de Langerhans temos a presença de quatro tipos de células: alfa 
que secretam glucagon; beta que secretam insulina e amilina; delta que secretam 
somatostatina e as células F ou PP que secretam o polipeptídio pancreático, sendo 
que as células alfa (principalmente) e beta que ocorrem em maior número. Os 
hormônios pancreáticos são drenados para veia porta, que conduz o sangue 
primariamente para o fígado, que modula a disponibilidade para corrente 
sanguínea. 
Revendo permeabilidade celular à glicose... As células do tubo digestório e 
túbulo renal absorvem glicose por transporte ativo, e as outras células por difusão 
facilitada, quando ela é imediatamente fosoforilada. As células que são 
normalmente permeáveis, mas na presença de insulina a permeabilidade a glicose 
é aumentada, são os neurônio, os hepatócitos e as musculares esqueléticas em 
Fisiologia 
 
195 
atividade. As que apresentam baixa permeabilidade, dependendo da insulina para 
absorver a glicose são, principalmente, as musculares em repouso e os adipócitos. 
Revendo metabolismo de glicose... Glicólise é a quebra da glicose para 
obtenção de energia (ATP), glicogênese é síntese de glicogênio, glicogenólise é a 
quebra de glicogênio, gliconeogênese é a produção de glicose a partir de 
aminoácidos e lipídios. Glicogênio é uma cadeia ramificada de glicose, sendo a 
forma de armazena-la sem aumentar a osmolaridade da célula. 
 
Insulina 
O principal efeito da insulina é diminuir a glicemia (efeito hipoglicemiante). Ela 
atua aumentando a captação e utilização de glicose em 80% das células, onde o 
fígado é capaz de reter cerca de 60% da glicose obtida nas refeições. 
No fígado, a insulina estimula a glicogênese e inibe a glicogenólise e a 
gliconeogênese; promove a síntese de ácidos graxos, para serem transportados 
para  os adipócitos e então armazena-los na forma de gorduras, isso ocorre 
quando a ingestão de carboidratos é maior do que a capacidade de 
armazenamento na forma de glicogênio. Nos músculos esqueléticos, a insulina 
aumenta a captação de aminoácidos e a síntese de proteínas. Nos adipócitos 
favorece a lipogênese (síntese de lipídios) a partir da glicose. Por essas ações, a 
insulina é considerada um hormônio hipoglicemiante e poupador de proteínas e 
lipídios, visto que favorece a utilização da glicose como fonte de energia. E 
consequentemente ocorre uma diminuição na concentração de glicose, 
aminoácidos, ácidos graxos e corpos cetônicos, no sangue. 
O principal estímulo para secreção é a elevação da glicemia, logo está 
aumentada após alimentação. Outros fatores favorecem a secreção, 
potencializando a ação da glicose, como elevação da concentração sanguínea de 
aminoácidos; hormônios gastrintestinais; presença de glicose, aminoácidos e 
ácidos graxos no trato gastrintestinal; e sistema nervoso parassimpático. A 
secreção é inibida pela diminuição da glicemia, somatostatina pancreática, sistema 
nervoso simpático e adrenalina. 
 
Fisiologia 
 
196 
Glucagon 
O glucagon é um hormônio antagônico à insulina, promovendo efeitos 
inversos, sendo o principal deles a elevação da glicemia (efeito hiperglicemiante). 
No fígado, estimula a gliconeogênese, efeito favorecido por aumentar a 
captação de aminoácidos, a glicogenólise, e inibe a glicogênese, aumentando a 
disponibilidade de glicose para o sangue. Estimula lipólise nas células adiposas, o 
que disponibiliza ácidos graxos para ser utilizado como fonte de energia em outros 
tecidos. 
O estimulo principal para secreção de glucagon é a diminuição da glicemia, logo 
ocorre aumento da secreção no período entre as refeições. Outros fatores que 
estimulam a sua secreção são: aumento da concentração de aminoácidos no 
sangue (para gliconeogênese), exercício exaustivo (mantém a glicemia), sistema 
nervoso simpático e hormônios gastrintestinais. E os fatores que inibem são a 
elevação da glicemia, o sistema nervoso parassimpático, e a somatostatina. 
 
Outros hormônios pancreáticos 
A somatostatina, também é produzida pelo hipotálamo e inibe a secreção do 
hormônio do crescimento, participa da regulação da atividade digestória, 
reduzindo a digestão e absorção dos nutrientes, prolongando o tempo em que o 
alimento fica disponível no TGI, o que permite que os nutrientes sejam assimilados 
pelo organismo. Possui a secreção estimulada pelo aumento da concentração 
sérica de nutrientes (principalmente glicose, aminoácidos e ácidos graxos) e por 
hormônios gastrintestinais. 
A amilina, que também é secretada pelas células beta das ilhotas pancreáticas, 
possui os efeitos fisiológicos ainda não bem definidos, parecendo atuar inibindo o 
esvaziamento gástrico, além de estimular a glicogenólise muscular. 
O peptídeo pancreático, inversamente a somatostatina, favorece a digestão e a 
absorção dos nutrientes pelo TGI. Possui a secreção estimulada por hormônios do 
TGI , hipoglicemia e pela ingestão de proteínas (principalmente) carboidratos e 
gorduras. A secreção é inibida pela somatostatina. 
 
Fisiologia 
 
197 
 
Glândula pineal 
É responsável pela secreção de melatonina, cujos efeitos parecem estar 
relacionados ao estabelecimento do ritmo cicardiano, que corresponde ao ciclo de 
24h, aproximadamente, onde ocorrem os eventos orgânicos, coordenados, 
principalmente, pelo ciclo de sono/vigília. Sua secreção ocorre por estímulo do 
núcleo supraquiasmático (SNC), onde, em períodos de luz, o núcleo inibe a sua 
secreção, e no escuro estimula. Este hormônio está associado à indução do sono, à 
função imune e à função reprodutiva. 
 
Endocrinologia da reprodução 
A determinação do sexo em mamíferos ocorre em três níveis, em que o 
seguinte depende do anterior, sendo eles o sexo genético, gonadal e fenotípico. 
Sexo genético – XX / XY 
Sexo gonadal – ovários / testículos 
Sexo fenotípico – fêmea / macho 
O sexo genético é determinado na fecundação, onde o encontro de gametas X 
com X tende a desenvolver indivíduos do sexo feminino, e do X com Y, do sexo 
masculino, pois existe uma região determinante do sexo no cromossomo Y (TDF - 
Gene SRY), que sintetiza a proteína SRY. Essa proteína induz que a gônada 
indiferenciada forme testículos, e esses produzem dois hormônios, o hormônio 
antimülleriano (AMH) e a testosterona (convertida nos tecidos à diidrotestosterona). 
Na ausência da proteína SRY, a gônada indiferenciada formará ovários. O hormônio 
antimülleriano inibe o desenvolvimento dos ductos de Müller em tubas uterinas, 
útero e parte superior da vagina. A testosterona determina a diferenciação sexual 
fenotípica primária, com a masculinização das estruturas fetais indiferenciadascomo a conversão dos ductos de Wolff em vesícula seminal, ducto deferente e 
epidídimo, além da formação do pênis e da bolsa escrotal. Na ausência da 
testosterona as estruturas indiferenciadas darão origem as do sexo feminino, como 
presença de clitóris, lábios menores e maiores e abertura vaginal. 
Fisiologia 
 
198 
A diferenciação sexual secundária ocorre na puberdade, onde os hormônios 
masculinos (testosterona e diidrotestosterona) determinam a distribuição de pelo 
no corpo e na face, além de maior ganho de massa muscular, engrossamento da 
voz e crescimento e desenvolvimento peniano e testicular. A ausência de 
testosterona e a presença de hormônios femininos formam o corpo da mulher, 
com distribuição localizada de gordura, crescimento e desenvolvimento das 
mamas e do útero. 
 
Reprodução masculina 
São funções do sistema reprodutor masculino: a produção de gametas 
(espermatozoides) e hormônios, além de ser capaz de realizar a deposição do 
gameta no interior da genitália feminina. 
É formado por dois testículos, que produzem hormônios e gametas (sptz); 
pelas vias espermáticas, que são o epidídimo, canal deferente, uretra; pelas 
glândulas anexas, as vesículas seminais, próstata e as glândulas bulbouretrais 
(Cowper); e pelo pênis, que é o órgão copulatório. 
Os testículos ficam alojados dentro da bolsa escrotal, para manter a 
temperatura abaixo de 37º, permitindo a espermatogênese. Possuem túbulos 
seminíferos, local onde as células germinativas estão localizadas e se desenvolvem; 
células de Sertoli, que dão suporte físico e nutrição para os sptz, além da produção 
de hormônios. Os túbulos seminíferos desembocam no epidídimo, onde ocorre a 
maturação e o armazenamento dos sptz, que durante a ejaculação irão percorrem 
o ducto deferente e uretra. No interstício testicular estão localizadas as células de 
Leydig, que são responsáveis pela produção de hormônios. 
 
Fisiologia 
 
199 
 
7.10 testículo e túbulos seminíferos. 
Durante a espermatogênese, as espermatogônias tipo A sofrem mitose e 
originam as do tipo B, que sofrerão a diferenciação em espermatócito primário, 
que pela primeira divisão meiótica formarão o espermatócito secundário (células 
haploides), e pela segunda divisão meiótica originarão as espermátides, e estas 
sofrerão a espermiogênese, formando os sptz. A espermatogênese tem início na 
adolescência e é contínua durante a vida do homem. São produzidos em média de 
120 milhões de sptz por dia. 
O espermatozoide é formado por um acrossoma (ou capuz), onde estão 
localizadas as enzimas proteolíticas que são necessárias para que ocorra a 
fertilização; a peça intermediária onde estão localizadas as mitocôndrias e a enzima 
ATPase, responsáveis pela produção de energia; e a cauda (flagelo), que possui 
microtúbulos contráteis, dando motilidade ao sptz. 
Em 3 a 5 ml de sêmem ejaculado são encontrados 200-400 milhões de sptz, 
além da secreção do canal deferente, que é rica em ácido cítrico; da próstata, que é 
uma secreção alcalina responsável por neutraliza a acidez, pois o sptz só é móvel 
em pH 6,0-6,5 e também contém enzimas, cálcio, íon citrato e fosfato; das vesículas 
seminais, que possuem frutose, fibrinogênio e prostaglandinas, que aumentam a 
Fisiologia 
 
200 
motilidade no trato genital feminino; e das bulbouretrais, que é mucóide, 
responsável pela lubrificação, facilitando a penetração do pênis na vagina. 
O ato sexual pode ser dividido em quatro fases: 
Excitação - Que pode ser de origem sensorial, por estímulo na glande e/ou 
psíquica, por comando do córtex cerebral, desencadeado por lembranças, 
pensamentos e imagens. 
Ereção - Predominantemente por controle do sistema parassimpático, que 
devido ao estímulo, entra mais sangue pelas duas artérias do que sai pela veia, 
levando a congestão peniana, evento que permite que o pênis aumente de 
volume, torne-se rígido e ereto. 
Emissão - Coordenada pelo sistema simpático, desde que haja 
prosseguimento do estímulo, determina a contração das vias espermáticas e 
glândulas anexas ocorrendo então o enchimento da uretra, de semem. 
Ejaculação - Também coordenada pelo sistema simpático e com o 
prosseguimento do estímulo, iniciam-se contração rítmica dos músculos dos 
ductos genitais, dos tecidos eréteis peniano e da uretra, permitindo o 
esvaziamento da uretra. 
Os hormônios andrógenos são produzidos pelas células de Leydig presentes 
no interstício testicular, e são a testosterona, diidrotestosterona e a androstenediona. 
Durante o período fetal, são responsáveis pelo desenvolvimento dos caracteres 
sexuais masculinos primários e descida testicular (que ocorre a partir do sétimo 
mês da gestação). Após o nascimento, só voltam a ser secretados na puberdade, 
determinando os caracteres sexuais masculinos secundários, o desenvolvimento 
dos órgãos sexuais, o crescimento somático (principalmente de ossos e músculos), 
aumentam a libido, determinam um comportamento mais agressivo e participam 
do controle da espermatogênese. A testosterona é a principal fonte de estradiol 
em homens, que é produzido no próprio testículo. 
O controle da atividade reprodutiva no homem envolve vários mediadores 
químicos, coordenados pela secreção de GnRH hipotalâmico, que ocorre em pulsos 
durante o período de 24h. O GnRH estimula adeno-hipófise a secretar o FSH 
(hormônio folículo estimulante), que atua nas células de Sertoli, favorecendo o 
início da espermatogênese. A inibina, também secretada pelas células de Sertoli, 
Fisiologia 
 
201 
inibe a secreção de FSH por feedback negativo., estimulando a secreção de LH 
(hormônio luteinizante), que é importante para continuidade da espermatogênese, 
pois estimula a secreção de testosterona pelas células de Leydig. A testosterona 
inibe secreção de LH por feedback negativo, permitindo nova secreção de FSH. 
 
7.11 controle da espermatogênese. 
O climatério masculino corresponde à diminuição da função sexual, 
relacionada à diminuição da testosterona. Tem inicio após 40-50 anos e acentua 
após 68 anos, sendo variável de indivíduo para indivíduo. Os sintomas são 
semelhantes aos das mulheres, representados por fogacho, sufocação e distúrbios 
psíquicos. 
Fisiologia 
 
202 
 
Reprodução feminina 
São funções do sistema reprodutor feminino: a produção de gametas 
(ovócitos) e hormônios; receber os gametas masculinos; favorecer a fecundação e 
permitir a gestação e a lactação. 
O sistema reprodutor feminino é formado por dois ovários, onde ocorre a 
produção de hormônios e de gametas; dois ovidutos ou trompas de Falópio, onde 
ocorre a fecundação; útero, onde ocorre a gestação; pela vagina, local de 
acomodação do pênis, e possui as células de Bartholin, que produzem o muco que 
favorece a penetração. O clitóris é o órgão responsável pelo prazer sexual, na 
mulher. 
O útero possui três camadas, o perimétrio, que é a camada serosa externa; o 
miométrio, que é a camada média formada de músculo liso; e o endométrio, que é 
o estrato funcional, formado por uma camada superficial, cuja metade é 
descamada em cada ciclo, e uma profunda, que forma um novo estrato funcional 
em cada ciclo menstrual. 
Após a ovulação (saída do óvulo do ovário), o ovócito migra para oviduto e 
depois para o útero. Ocorrendo fecundação o zigoto é implantado no útero, 
desenvolvendo a gestação. Não ocorrendo fecundação, ocorre a menstruação, que 
é a descamação do endométrio. 
Na oogênese (produção de gametas femininos) as oogônias (células 
germinativas), a partir do sétimo mês de (gestação) terão dado origem a cerca de 
seis milhões oócitos que iniciaram a primeira divisão meiótica, sendo essa 
interrompida naprófase I e assim permanecendo até a puberdade. No nascimento, 
apenas dois milhões de oócitos imaturos, dos seis milhões, estarão presentes, e na 
menarca (primeira menstruação), serão apenas 400 mil, sendo que cerca de 500 
estarão aptos a serem ovulados. 
A ovulação consiste na extrudação do oócito e é quando ocorre o termino da 
primeira divisão meiótica com a formação do primeiro corpúsculo polar (CP), sendo 
que a segunda divisão meiótica, com a formação do segundo CP, só ocorrerá se 
houver fecundação. 
Fisiologia 
 
203 
O folículo é a estrutura ovariana que contém o oócito. Durante a infância os 
folículos primordiais mantêm os oócitos rodeados pela granulosa, responsável pela 
nutrição. Com a puberdade e durante a vida reprodutiva, por estímulo do 
hormônio folículo estimulante (FSH), alguns folículos primordiais vão se 
desenvolver em folículos primários, secundários e estes até folículos maduros ou 
de Graff. Este desenvolvimento consiste em: aumento da camada granulosa; 
formação da zona pelúcida (mucopolissacarídeo) ao redor do oócito, para 
proteção; formação da teca interna (ao redor da granulosa), que produz hormônios 
e da teca externa, que é constituída de tecido conjuntivo e vasos. Nos folículos 
maduros (de Graaf) é possível identificar a presença do antro, cavidade com líquido 
(estrogênio) e do Cumulus oophorus, que são células da granulosa adjacentes ao 
ovócito. 
 
7.12 desenvolvimento folicular. 
 
A ovulação é um evento dependente do hormônio luteinizante (LH), e consiste 
no rompimento do folículo de Graaf, liberando o oócito que é captado pela trompa 
de Falópio. As células da granulosa que permanecem no ovário formam o corpo 
lúteo, também por estímulo do LH, e este secreta estrogênio e progesterona. Se 
não houver fecundação o corpo lúteo degenera em até 12 dias. 
O ciclo menstrual tem início na puberdade e se repete em intervalo médio de 
28 dias, variando de 24-32, e pode ser dividido em duas fases: fase folicular (ou 
Fisiologia 
 
204 
estrogênica), que corresponde do primeiro ao décimo quarto dia e fase lútea (ou 
progesterônica), período restante, sendo que a ovulação ocorre em torno do 14° 
dia. A fase folicular é variável, mas a lútea não, podendo-se calcular a ovulação 
subtraindo-se 14 dias do início da menstruação. 
 
 
7.13 ciclo menstrual 
Na fase folicular inicial ocorre alto nível de FSH e menor de LH. O FSH estimula 
o crescimento do folículo, o aparecimento de receptores de LH nas células da 
granulosa, e a enzima aromatase nas células da granulosa. O LH estimula a 
produção de andrógenos nas células da teca, que difundem para as células da 
granulosa onde sofrem ação das aromatases. A consequência será alto nível de 
estrogênio. 
Fase folicular tardia, o estrogênio, por feedback negativo, determina a queda 
dos níveis de FSH, acarretando o aumento de LH. O folículo que cresceu mais que 
os outros será capaz de sobreviver e produzir estrógenos independente do FSH, 
sendo este o folículo dominante, que irá ovular e os outros (em torno de 8) sofrerão 
atresia. Os receptores de LH passam a ser expressos também nas células da 
granulosa permitindo a síntese de progesterona. O folículo dominante produz 
elevados níveis de estrogênio, o que favorece o eixo hipotálamo-hipofisário, 
determinando maior secreção de GnRH determinando a ocorrência de um pico de 
LH , o de FSH é menor pois está sendo controlado pela inibina (granulosa). 
Os efeitos do pico de LH são: a continuação da meiose no ovócito, síntese de 
progesterona (pelos seus receptores nas células da granulosa); aumento do 
número de enzimas proteolíticas e demais processos que ajudam na ruptura no 
folículo e liberação do ovócito, e finalmente, a ovulação, que consiste na expulsão 
Fisiologia 
 
205 
do ovócito junto com a zona pelúcida, cumulus oophorus e parte do antro, 
marcando o final da fase folicular. 
 Pico de estradiol: 36h antes da ovulação 
 Pico de LH: 24h depois do pico do estradiol 
 Ovulação: 12h depois do pico de LH 
Após a ovulação, o LH induz a formação do corpo lúteo, com as estruturas 
remanescentes do folículo, dando início à fase lútea. Nesta fase, o corpo lúteo 
secreta estrogênio, progesterona e inibina, por um período médio de 12 dias, 
inibindo a secreção de FSH e LH pela hipófise (parece que por efeito de inibina). 
Não havendo a gestação, ocorre a degeneração do corpo lúteo e a descamação do 
endométrio (menstruação). Ocorrendo a gestação, ele é mantido, sendo 
responsável por sustentá-la até a placenta tornar-se secretora. 
 
7.14 eventos ovarianos. 
Vejamos agora os efeitos dos hormônios femininos. O estrogênio é responsável 
pelas características sexuais secundárias da mulher, que ocorre na puberdade; no 
osso é responsável por maior crescimento, fechamento das epífises e manutenção 
da massa óssea; a cada ciclo menstrual estimula a proliferação do endométrio e 
desenvolvimento mamário, além da secreção do muco cervical. A progesterona, 
Fisiologia 
 
206 
fase lútea, inibe a contração uterina; estimula a produção de secreções uterinas e 
torna as mamas secretoras; e torna a secreção cervical mais viscoso, formando o 
tampão mucoso gestacional. 
O climatério é o período que antecede a menopausa, que é a última 
menstruação, ocorrendo por volta dos 50 anos de idade. Durante o climatério, a 
periodicidade do ciclo menstrual fica afetada em consequência da menor 
sensibilidade das células foliculares as gonadotrofinas, e é caracterizado por 
fogacho, sufocação e distúrbios psíquicos, além da diminuição da libido e 
favorecimento da osteoporose. 
Gestação, parto e lactação 
Esses eventos são decorrentes de uma fecundação bem sucedida, e serão 
descritos de forma sucinta nesse tópico. 
Durante o ato sexual são depositados de 200 a 400 milhões de sptz na vagina, 
que por movimentos progressivos deslocam-se para o útero, chegando apenas 
milhões no oviduto, onde ocorre a fecundação, sendo que apenas um irá fecundar 
o oócito. A viabilidade do oócito é de 8 a 24 horas e do sptz de 24 a 48 horas. 
A presença de diversos sptz é necessária para que haja o desnudamento do 
oócito (dispersão da zona granulosa), devido a enzima hialuronidase presente no 
capuz cefálico do sptz., permitindo que apenas um penetre na zona pelúcida e 
libere seu material genético no oócito, formando o ovo ou zigoto, que inicia uma 
sequência de divisões mitóticas. 
Em torno do quarto dia após a fecundação o embrião de 12-16 células 
encontra-se na cavidade uterina, e em torno do sétimo dia, já como blastocisto, 
secreta enzimas proteolíticas que permitem a nidação (implantação no 
endométrio) e a nutrição do embrião além de secretar a gonadotrofina coriônica 
humana (HCG), que impede a degeneração do corpo lúteo, e qual mantém a 
gestação até a placenta se tornar secretora. 
A placenta é responsável pela manutenção do produto da gestação, pois 
permite a troca gasosa, fornece os nutrientes e remove os produtos do 
metabolismo fetal. É responsável, também pela secreção de hormônios, como o 
HCG, que continua a manter o corpo lúteo; a somatotropina coriônica, que auxilia 
na preparação da mama para futuramente produzir o leite; o estrogênio, que 
Fisiologia 
 
207 
favorece o desenvolvimento uterino e da mama durante a gestação; e a 
progesterona, que inibe contrações uterinas do tipo espontâneas, participa no 
desenvolvimento das mamas; além de favorecer a manutenção do endométrio que 
está desenvolvido e é secretor. 
O tempo de gestação corresponde a 10 meses lunares, que equivalem a 280 
dias, correspondendo a 40 semanas, podendo variar de 38 a 42. E é desencadeado 
pelo desconforto do feto e quedana produção de progesterona placentária, 
favorecendo as contrações uterinas, inicialmente espontâneas, e posteriormente 
estimuladas pela ocitocina. As fases do parto são a dilatação do canal de parto, 
expulsão da criança e só está concluído com a expulsão da placenta. 
Para o aleitamento foram necessários vários hormônios que favoreceram o 
desenvolvimento das mamas, como a somatotropina coriônica, o estrogênio e a 
progesterona, mas é a prolactina secretada pela hipófise que termina o 
desenvolvimento e permite a lactogênese. A ocitocina participa com o reflexo 
liberador de leite. 
Seguem algumas sugestões para revisão e aprofundamento dos conteúdos 
abordados nessa unidade: 
STANFIELD, Cindy L., Fisiologia Humana. 5. ed. São Paulo: Pearson Education 
do Brasil, 2013. Cap. 6 - Sistema Endócrino: glândulas endócrinas e ações 
hormonais; 21-Sistema Endócrino: regulação do metabolismo energético e do 
crescimento; 22 - Sistema Reprodutor. 
SINGI, Glenan. Fisiologia Dinâmica. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2007; cap. 22 - 
Sistema Endócrino. 
 
Fisiologia 
 
208 
 
Exercícios - unidade 7 
1.O mecanismo de controle da secreção hormonal, em que o efeito produzido 
pelo hormônio inibe sua própria secreção é denominado: 
a) Feedback negativo. 
b) Feedback positivo. 
c) Parácrino. 
d) Autócrino. 
 
2.A relação existente entre o hipotálamo e a neuro-hipófise é: 
a) Secreção de hormônios hipofisários. 
b) Secreção de hormônios hipotalâmicos. 
c) Controle da secreção hipofisária. 
d) Controle da secreção hipotalâmica. 
 
3.Dois hormônios participam do processo de amamentação, um relacionado 
ao reflexo de produção e o outro ao de "descida do leite”, são eles, 
respectivamente: 
a) Estrogênio e progesterona. 
b) Hormônio folículo estimulante e o luteinizante. 
c) Prolactina e ocitocina. 
d) Somatotripina coriônica e gonadotrofina coriônica. 
Fisiologia 
 
209 
 
4.Correlacione as colunas de acordo com a participação dos hormônios.: 
a) Controle da glicemia. 
b) Controle da calcemia. 
c) Termogênese. 
d) Crescimento somático. 
 
( ) somatotrofina. 
( ) calcitonina e paratormônio. 
( ) insulina e glucagon. 
( ) triiodotironina e tiroxina. 
 
5.Dentre os hormônios derivados do colesterol, produzidos pela adrenal, 
assinale a alternativa que indica qual está sobre controle do ACTH, principalmente: 
a) Mineralocorticoides. 
b) Glicocorticoides. 
c) Andrógenos. 
d) Adrenalina. 
 
6.O hormônio responsável pelo desenvolvimento dos caracteres primários e 
secundários masculino é: 
a) Andrógenos adrenais. 
b) Hormônio folículo estimulante (FSH) epifisário. 
c) Hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) hipotalâmicos. 
d) Testosterona testicular. 
Fisiologia 
 
210 
 
7.A diferença na capacidade de produzir gametas, entre as mulheres e os 
homens, é devido: 
a) Ciclo do GnRH hipotalâmico. 
b) Ciclo do FSH hipofisário. 
c) A espermatogênese no homem ter início na puberdade, apenas. 
d) As células germinativas das meninas, ao nascimento, já iniciaram a meiose. 
 
8.São hormônios placentários, exceto: 
a) Gonadotrofina e somatotrofina coriônica. 
b) Progesterona. 
c) Estrogênio. 
d) Testosterona 
9.Descreva, de forma resumida, as duas fases do ciclo menstrual. 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
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Fisiologia 
 
211 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
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10.Explique o que são climatério e menopausa, destacando as mudanças nos 
indivíduos. 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
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 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Fisiologia 
 
212 
Fisiologia 
 
213 
 
Considerações finais 
 
Prezado aluno, com o termino da sétima unidade encerramos o nosso estudo 
em fisiologia, não que o material apresentado tenha abordado a plenitude da 
informação que envolve a disciplina, mas permitiu o conhecimento fundamental 
para que você possa aprofundá-lo por meio de livros e artigos científicos. 
Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua 
própria produção ou a sua construção.(Paulo Freire) 
 
Fisiologia 
 
214 
 
Conhecendo o autor 
 
Ludmila Amitrano Mannarino é formada em Medicina Veterinária pela 
Universidade Federal Fluminense, em 1988. e possui mestrado em Clinica Médica 
Veterinária. Atuou como autônoma, trabalhando com clínica médica e reprodução 
animal e foi responsável técnica do Laboratório de Analises Clínicas, da Clínica de 
Reprodução Animal – Papucaia – RJ. Ministra aulas de Fisiologia na Universidade 
Salgado de Oliveira nos cursos de Biologia, Farmácia e Enfermagem desde 2003, 
tendo ministrado a mesma disciplina na Universidade Federal Fluminense, no ano de 
2013, como professora substituta, nos cursos de Biologia, Biomedicina e 
Veterinária. 
 
Fisiologia 
 
215 
 
Referências 
 
Leitura Fundamental 
GUYTON, A. C. e HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2011. 
STANFIELD, Cindy L. Fisiologia Humana. 5. ed. São Paulo: Pearson, 2014 
SINGI, Glenan. Fisiologia Dinâmica. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2007. 
Leitura Complementar 
MELLO-AIRES, M. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. 
SILVERTHORN, D. Fisiologia Humana – Uma Abordagem Integrada, 5. ed. Rio 
de Janeiro: Artmed, 2010. 
KOEPPEN, B.M.; STANTON, B.A. Berne & Levy Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2009. 
COSTANZO, L. S. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 
LEVY, M. N.; KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Fundamentos de Fisiologia. 4. ed. 
Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 
Fisiologia 
 
216 
 
Fisiologia 
 
217 
A nexos 
 
Fisiologia 
 
218 
 
Gabaritos 
 
Exercícios – Unidade 1 
1. A 
2. B 
3. C 
4. D 
5. A 
6. A 
7. D 
8. C 
9.O sangue ao circular pelo corpo permite, a nível capilar, a mistura dos 
componentes intercelular ao plasma, desta forma ao passar pelo sistema 
respiratório é feita a obtenção de oxigênio e a liberação do gás carbônico, e ao 
irrigar o trato intestinal absorve os nutrientes obtidos com a digestão dos 
alimentos. O sangue enriquecido é distribuído aos tecidos, garantindo a 
homeostasia celular. 
10. São sistemas de controle o nervoso e o endócrino. O nervoso é responsável 
por perceber as variações do ambiente interno e externo do corpo; associar eintegrar as informações recebidas e gerar respostas, que ajustarão o 
funcionamento das glândulas e dos músculos esqueléticos, cardíaco e liso, 
conforme a necessidade para manutenção da homeostasia. O sistema endócrino 
libera mediadores químicos (hormônios) que irão atuar a nível celular, 
incrementando ou inibindo uma função da célula, dessa forma, também colabora 
nos ajustes necessários para manutenção da homeostasia. 
Fisiologia 
 
219 
 
Exercícios – Unidade 2 
1. D 
2. C 
3. B 
4. C 
5. A 
6. C 
7. D 
8. D 
9.A unidade motora corresponde a um neurônio eferente e as células 
musculares por ele controladas. Nos músculos esqueléticos, a unidade motora 
participa da força exercida pelo músculo e permite ajustar os movimentos de 
forma precisa. Na musculatura lisa, as unidades ocorrem em grupamentos 
musculares em que há necessidade de precisão de contração, como nas grandes 
artérias, vias respiratórias, músculo ciliar do olho. 
10.A formação em sincícios permite que o potencial de ação propague célula a 
célula, permitindo a contração em massa do sincício, sendo importante em 
músculos lisos viscerais, como o da bexiga e útero, e na contração dos sincícios 
atriais e ventriculares. 
 
Exercícios – Unidade 3 
1. D 
2. A 
3. B 
4. D 
5. A 
Fisiologia 
 
220 
6. D 
7. A 
8. B 
9.As válvulas presentes nas veias colaboram com o retorno do sangue no 
sentido do coração, tendo em vista a velocidade do fluxo e a pressão sanguínea 
serem menores, sendo favorecido pelos movimentos de partes do corpo e pela 
contração muscular. 
10.O centro vasomotor é responsável por regular a atividade cardíaca e a 
pressão sanguínea. Recebe informação gerada nos barorreceptores e promove 
respostas eferentes pertencentes ao grupo vasoconstritor (vias simpáticas) e 
vasodilatador (vias parassimpáticas). A diminuição da pressão arterial resultará em 
uma resposta do grupo vasoconstritor, que aumentará o débito cardíaco e a 
resistência vascular, mantendo a pressão sanguínea dentro da faixa de 
normalidade, e a elevação desencadeia a resposta do grupo vasodilatador, que 
inibe o grupo vasoconstritor e promove diminuição da resistência vascular e do 
débito cardíaco, também ajustando a pressão sanguínea. 
 
Exercícios – Unidade 4 
1. A 
2. C 
3. D 
4. B 
5. A 
6. B 
7. A 
8. D 
9.O seguimento funcional está relacionado à pequena circulação, aonde o 
sangue chega aos pulmões pelos seguimentos da artéria pulmonar, vindo do lado 
direito do coração, com objetivo de oxigenar o sangue e remover o dióxido de 
Fisiologia 
 
221 
carbono, para então ser conduzido para átrio esquerdo, pelo seguimento das veias 
pulmonares, e ser distribuído aos tecidos pela circulação sistêmica. O seguimento 
nutricional corresponde a uma porção do débito cardíaco esquerdo, sendo 
responsável pela nutrição do tecido pulmonar, e não a obtenção do oxigênio e 
eliminação do gás carbônico. 
10.O processo de filtração tem início nas fossas nasais, que envolve a retenção 
de partículas de tamanho maior que ficam retidas nos pelos nasais e aderidas na 
mucosa, sendo a remoção continua em todos os seguimentos, por aderência das 
partículas ao muco e transporte delas, pelo movimento retrógado dos cílios, até a 
faringe, para então serem deglutidas. Sendo que na zona respiratória existem os 
macrófagos alveolares, que fazem a fagocitose de partículas estranhas, sendo 
então conduzidos pela zona de transporte até a faringe, pelos movimentos ciliares 
retrógrados, para daí serem deglutidos juntamente com o muco. 
 
Exercícios – Unidade 5 
1. B 
2. A 
3. D 
4. C 
5. A 
6. B 
7. C 
8. B 
9.O aumento da pressão interna da bexiga, em consequência do volume 
urinário superior a 150 mL, que distende a parede, ativa os receptores de 
estiramento, e a informação é conduzida via aferente para medula desencadeando 
o reflexo da micção, que consiste no bloqueio da via simpática, que irá inibir a 
contração do esfíncter interno; na ativação parassimpática, que resulta na 
contração do músculo detrussor da bexiga e relaxamento do esfíncter interno, 
Fisiologia 
 
222 
sendo que a micção, de fato, depende do relaxamento consciente do esfíncter 
externo, que é voluntário. 
10.São três eventos envolvidos na regulação do pH sanguíneo: sistemas 
tampão sanguíneo, compensação respiratória e compensação renal, feita pela 
excreção e reabsorção de substâncias ácidas e básicas conforme a necessidade. 
A compensação renal é mais lenta, levando de horas até dias para compensar 
as variações no pH. Sempre que o pH diminui, ocorre maior excreção de íon 
hidrogênio, além de maior absorção do bicarbonato, que pode inclusive ser 
sintetizado nos próprios túbulos renais, aumentando o valor do pH. Por outro lado, 
se o pH aumenta, ocorre maior excreção de bicarbonato e conservação de 
hidrogênio no sangue, por diminuir sua secreção. 
 
Exercícios – Unidade 6 
1.D 
2.D 
3.C 
4. A 
5. A 
6. B 
7. C 
8. C 
9.O intestino delgado apresenta adaptações morfofuncionais que favorecem a 
absorção dos nutrientes, que são: a grande superfície de contato resultante de 
dobras circulares, resultantes do pregueamento da mucosa; de vilosidades, que são 
projeções da mucosa; e de microvilosidades, que são projeções da membrana dos 
enterócitos. Além de grande quantidade de vasos sanguíneos e linfáticos 
interpostos nas vilosidades. 
 
Fisiologia 
 
223 
 
10.O movimento gastrintestinal de propulsão propele o conteúdo no sentido 
boca-ânus (Lei do Intestino), devido à contração dos músculos circulares atrás do 
conteúdo, e dos longitudinais adiante, conduzindo-o para o segmento seguinte, 
que está relaxado 
 
Exercícios – Unidade 7 
1)A 
2)B 
3)C 
4) (D) somatotrofina. 
(B) calcitonina e paratormônio. 
(A) insulina e glucagon. 
(C)triiodotironina e tiroxina 
5)B 
6)D 
7)D 
8)D 
9) As fases são a folicular ou estrogênica e a luteínica ou progesterônica. A 
primeira vai do primeiro ao décimo quarto dia, e a segunda do décimo quarto ao 
vigésimo oitavo, isso em um ciclo de 28 dias, sendo a ovulação o evento que divide 
as duas fases. Na fase folicular o FSH estimula o crescimento do folículo, e estes 
secretam estrogênio. O estrogênio, por feedback negativo, determina a queda dos 
níveis de FSH, acarretando o aumento de LH. O folículo dominante produz 
elevados níveis de estrogênio, determinando a ocorrência de um pico de LH , 
resultando na ovulação, que consiste na expulsão do ovócito. Após a ovulação, o 
LH induz a formação do corpo lúteo, com as estruturas remanescentes do folículo, 
dando início à fase lútea. Nesta fase, o corpo lúteo secreta estrogênio, 
progesterona e inibina, por um período médio de 12 dias, inibindo a secreção de 
Fisiologia 
 
224 
FSH e LH pela hipófise. Não havendo a gestação, ocorre a degeneração do corpo 
lúteo e a descamação do endométrio (menstruação). Com a queda do estrogênio a 
hipófise volta a secretar FSH, iniciando um novo ciclo. 
10) O climatério é o período que antecede a menopausa, que é a última 
menstruação, ocorrendo por volta dos 50 anos de idade. Durante o climatério, a 
periodicidade do ciclo menstrual fica afetada em consequência de menor 
sensibilidade das células foliculares as gonadotrofinas, e é caracterizado por 
fogacho, sufocação e distúrbios psíquicos, além da diminuição da libido e 
favorecimento da osteoporose.

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