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PROC PENAL I - Introdução

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PROCESSO PENAL I - 2018.2 
PROFESSOR Me. LUIZ FELIPE PINHEIRO NETO 
 
Contato: professorluizpinheiro@gmail.com 
Dicas de Direito Penal e Processo Penal: instagram.com/lfpinheironeto 
 
Ponto II – INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL PENAL (parte II): 
SUJEITOS PROCESSUAIS 
 
1. Sujeitos Processuais; 
2. O Juiz; 
3. As partes processuais; 
4. Conciliadores do Juízo; 
5. Ministério Público e assistente da acusação; 
6. Acusado: Direitos e Garantias; 
7. Defesa: Advocacia e Defensoria Pública. 
 
1. SUJEITOS PROCESSUAIS. 
• Sujeitos processuais são as pessoas ou órgãos que intervém na relação jurídico-
processual, ou seja, aquelas que atual no processo. 
• Capez: Divisão dos sujeitos processuais entre principais e acessórios – “Por 
principais entende-se aqueles cuja ausência torna impossível a existência ou a 
complementação da relação jurídica processual; acessórios, por exclusão, são 
aqueles que, não sendo indispensáveis à existência da relação processual, nela 
intervém de alguma forma” 
• Terceiros interessados. 
 
 
2. O JUIZ 
• Garantia do Juiz Natural: Somente os órgãos instituídos pela Constituição 
podem exercer jurisdição; ninguém poderá ser processado e julgado por órgão 
instituído após o fato; há uma ordem taxativa de competência entre os juízes pré-
constituídos, excluindo-se qualquer alternativa deferida à discricionariedade de 
quem quer que seja (Aury Lopes Jr). 
• Art. 5º, XXXVII, CF – princípio do juiz natural. 
• Adelino Marcon considera este princípio como fundante do Estado 
Democrático de Direito – “direito que cada cidadão tem de saber, de antemão, a 
autoridade que irá processá-lo e qual o juiz ou tribunal que irá julga-lo, caso 
pratique uma conduta definida como crime no ordenamento jurídico-penal” 
(apud Lopes) 
 
• O juiz é um representante do Estado-Juiz – tem por principais características a 
imparcialidade e a independência - “A qualidade de terceiro estranho ao conflito 
em causa é essencial à condição de juiz” (Grinover e Dinamarco). 
• Irá interferir na esfera jurídica das pessoas independentemente da voluntária 
submissão delas a estas decisões. 
• O Juiz tem poderes de polícia ou administrativos: manter a ordem no curso do 
processo. 
• Poderes jurisdicionais (exercidos no processo): poderes-meio (conduzir a 
sequência dos atos processuais até a sentença, assegurando às partes igualdade 
de tratamento, velando pela rápida e eficaz solução do litígio e prevenindo ou 
reprimindo qualquer ato contrário à dignidade da justiça e os instrutórios, 
destinados a colher o material para a formação da sua convicção, podendo 
determinar, até mesmo ex officio, a realização de diligências) e poderes-fins (a 
decisão e a execução - decretação de prisão provisória, concessão de liberdade 
provisória, arbitramento e concessão de fiança, extinção da punibilidade do 
agente, absolvição ou condenação). 
• O juiz penal exerce, ainda, funções anômalas, tais como fiscalizar o princípio da 
obrigatoriedade da ação penal (CPP, art. 28) 
 
• Artigo 251, CPP - Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e 
manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a 
força pública 
• Artigo 497, CPP – funções do juiz durante o Tribunal do Júri. 
• Art. 794, CPP - A polícia das audiências e das sessões compete aos respectivos 
juízes ou ao presidente do tribunal, câmara, ou turma, que poderão determinar o 
que for conveniente à manutenção da ordem. Para tal fim, requisitarão força 
pública, que ficará exclusivamente à sua disposição. 
 
• Ferrajoli destaca a importância das garantias orgânicas da magistratura, aquelas 
relativas à formação do juiz e sua colocação funcional em relação aos demais 
poderes do Estado – independência, imparcialidade, responsabilidade, separação 
entre juiz e acusação, juiz natural, obrigatoriedade da ação penal... 
• Independência: um juiz que possa formar sua livre convicção, que esteja 
externo ao sistema político. 
• Aury Lopes Jr: “Ao contrário do Poder Executivo ou do Legislativo, que são 
poderes de maioria, o juiz julga em nome do povo – mas não da maioria – para a 
tutela da liberdade das minorias.” “Ao contrário do Poder Executivo ou do 
Legislativo, que são poderes de maioria, o juiz julga em nome do povo – mas 
não da maioria – para a tutela da liberdade das minorias.” 
• A Constituição estabelece uma série de garantias ao juiz, para viabilização de 
sua independência e imparcialidade. 
 
Constituição Federal 
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: 
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, 
dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz 
estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; 
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII; 
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. 
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: 
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de 
magistério; 
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; 
III - dedicar-se à atividade político-partidária. 
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, 
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; 
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três 
anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. 
 
• Ainda sobre a imparcialidade, o CPP estabelece critérios de impedimentos e 
suspeição do juiz, para afastá-lo do processo no caso concreto, quando houver risco 
para a decisão imparcial. 
• O impedimento tem caráter objetivo, enquanto que a suspeição tem relação com o 
subjetivismo do juiz. A imparcialidade do juiz é um dos pressupostos processuais 
subjetivos do processo. 
• No impedimento há presunção absoluta (juris et de jure) de parcialidade do juiz em 
determinado processo por ele analisado, enquanto na suspeição há apenas presunção 
relativa (juris tantum). 
 
Impedimentos 
Art. 252 (CPP). O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: 
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou 
colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do 
Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; 
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como 
testemunha; 
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de 
direito, sobre a questão; 
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou 
colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. 
 
Suspeições 
Art. 254 (CPP). O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por 
qualquer das partes: 
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; 
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por 
fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; 
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, 
inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por 
qualquer das partes; 
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; 
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; 
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. 
 
 
3. AS PARTES PROCESSUAIS 
• Pacelli: “A palavra parte, no sentido técnico que lhe empresta a boa doutrina 
processual, refere-se tanto àquela pessoa que pede algo em juízo quanto àquela 
perante a qual é feito o pedido. Em uma linguagem mais simples, as partes 
seriam o autor (que pede) e o réu (doqual ou perante o qual se pede).” 
 
SUJEITO ATIVO - Acusador é a aquele que propõe a ação, deduzindo em juízo um 
pretensão. 
• Ação Penal Pública - MP (espécie) e Estado (gênero) parte imparcial 
• Ação Penal Privada - Ofendido versus réu 
 
SUJEITO PASSIVO – acusado (réu), em face de quem é proposta a ação, ou seja, é a 
própria pessoa que transgrediu ou que se presume que tenha transgredido a ordem do 
direito com a prática da infração penal. 
 
Diferentemente do Processo Penal, no Direito Penal se denomina como parte 
ativa o agente criminoso (cometedor do delito) e como parte passiva a vítima. 
 
 
4. CONCILIADORES DO JUÍZO 
• Figura típica do Juizado Especial Criminal, onde há possibilidade de transação 
penal ou transação civil, ainda antes do oferecimento de denúncia ou queixa-
crime. 
• Art. 7º, Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais). Art. 7º Os conciliadores e 
Juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, 
entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de 
cinco anos de experiência. 
 
 
5. MINISTÉRIO PÚBLICO COMO ÓRGÃO AGENTE E COMO 
INTERVENIENTE 
Art. 127, CF. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função 
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime 
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis 
 
Lei nº 8.625/93. Art. 1º Ministério Público é instituição permanente, essencial à função 
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime 
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. 
 
• Proteção de interesses dos fracos e da sociedade e dos bens e interesses coletivos 
ou difusos. 
• Na esfera penal, o Ministério Público é a instituição de caráter público que 
representa o Estado-Administração, expondo ao Estado-Juiz a pretensão punitiva 
(Capez) – Deve promover privativamente a ação penal pública incondicionada. 
Cabe-lhe a persecutio criminis, como titular da pretensão punitiva do Estado 
quando levada em juízo. Só o parquet pode interpor a ação penal pública (art. 
129 da CF 
• Atua também como fiscal da lei (custos legis). 
• Muito se discutiu a respeito da natureza da função do Ministério Público no 
processo penal, quando parte principal. Quatro posições foram sustentadas: a) 
Ministério Público como sendo um quarto poder, não se encaixando na clássica 
divisão tripartite dos poderes estatais; b) Ministério Público como pertencente ao 
Poder Judiciário; c) Ministério Público como parte instrumental, isto é, sob o 
ângulo estrutural (garantias, vedações e finalidades), equipara-se à magistratura, 
ao passo que, pela ótica processual, sua atividade assemelha-se à das partes 
privadas (vigente); d) Ministério Público como parte comum. 
• O Ministério Público exerce acusação pública, não mera acusação de parte. Daí 
algumas peculiaridades que lhe são inerentes, como a possibilidade de impetrar 
habeas corpus, recorrer em favor do réu, encontrarem-se os seus membros 
sujeitos à disciplina das suspeições e impedimentos dos juízes e intérpretes etc 
• Garantias: vitaliciedade; inamovivilidade; irredutibilidade; garantia de foro por 
prerrogativa de função . 
 
Constituição Federal, Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância 
pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas 
necessárias a sua garantia; 
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio 
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; 
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de 
intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; 
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; 
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, 
requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar 
respectiva; 
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar 
mencionada no artigo anterior; 
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, 
indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; 
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua 
finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de 
entidades públicas. 
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo 
não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta 
Constituição e na lei. 
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da 
carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do 
chefe da instituição. 
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público 
de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em 
sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade 
jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. 
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93. 
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata. 
 
• Querelante - Em regra, a acusação é afeta, com exclusividade, ao órgão do 
Ministério Público. Excepcionalmente ela será do ofendido, desde que haja 
desídia daquele (CF, art. 5º, LIX; CPP, art. 29) ou que a norma penal assim o 
determine, como nos casos de ação penal privada (CP, art. 100). 
 
5.1. ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO 
• Art. 268, CPP. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como 
assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na 
falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31. 
• Única parte do Processo Penal que não é necessária, mas contigente. (secundária 
ou acessória). 
 
A controvérsia surge quando se aborda o tema da teleologia, ou da finalidade da sua 
participação na relação processual. Duas correntes se contrapõem: 
a) O ofendido ingressa no processo a fim de, verdadeiramente, assistir ao Ministério 
Público, reforçando a acusação e garantindo, apenas a título secundário, seu eventual 
interesse na reparação do dano. De acordo com essa corrente, esposada, dentre outros, 
por José Frederico Marques, Júlio Fabbrini Mirabete e Marcelo Fortes Barbosa, a 
admissão da vítima como assistente da acusação resta condicionada apenas à verificação 
de ser o requerente sujeito passivo da infração, o seu representante legal ou o seu 
sucessor, sendo absolutamente irrelevante a espécie da infração imputada, bem como 
suas consequências patrimoniais (v. g., contravenções, crimes contra a incolumidade 
pública etc.). Quanto aos poderes, a ele é dado propor meios de prova, inquirir 
testemunhas, participar dos debates orais, arrazoar quaisquer recursos interpostos pelo 
Ministério Público, bem como interpor recurso de apelação em quaisquer hipóteses, 
inclusive para agravar a pena, desde que não o tenha feito o acusador principal. No 
tocante ao recurso em sentido estrito, poderá interpô-lo nos casos do art. 584, § 1º, com 
a ressalva de que não cabe mais, no procedimento do júri, esse recurso contra a sentença 
de impronúncia (CPP, arts. 581, IV, e 584, § 1º), mas apelação (CPP, art. 416, com a 
redação determinada pela Lei n. 11.689/2008). 
b) Ao habilitar-se como assistente, o ofendido não o faz com o fim de auxiliar a 
acusação, mas de defender um seu interesse na reparação do dano causado pelo ilícito 
(ex delicto). Para tanto, a vítima assiste ao Ministério Público no processo penal, mas 
apenas enquanto meio útil de lograr a satisfação do seu interesse civil, hajavista que, 
segundo o Código Penal, art. 91, I, constitui efeito genérico da condenação penal tornar 
certa a obrigação de indenizar o dano, fazendo coisa julgada no juízo cível (CC/1916, 
art. 1.525 — CC/2002, art. 935; CPP, art. 63) 
 
 
6. ACUSADO: DIREITOS E GARANTIAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
• O acusado é aquele em face de quem se deduz a pretensão punitiva; é o sujeito 
passivo. 
• Legitimidade passiva: pessoa física com mais de 18 anos (mesmo portador de 
doença mental) e pessoa jurídica (crimes contra a ordem econômica e financeira 
economia popular – art. 173, § 5º, CF - e meio ambiente – art. 225, § 3º) 
• Existe a figura do acusado após o oferecimento da denúncia até a sentença final 
(transitada em julgado) condenatória ou absolutória 
• Prova de materialidade (crime) e indícios de autoria (verificar a legitimidade 
passiva ad causam). 
 
Garantias: 
• “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral 
são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes” (CF, art. 5º, LV) – Defesa técnica indisponível (Art. 261, CPP 
Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado 
sem defensor) e defesa pessoal (dispensável. Ex: interrogatório). 
• “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal” (CF, art. 5º, LIV) 
• É indispensável que seja citado e intimado, mas é dispensável (a seu critério ou 
do juízo) sua presença (sendo indispensável a presença do defensor) – exceção 
Art. 260 (CPP): Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, 
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a 
autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença 
• Direito ao silêncio (inciso LXIII) 
• Direito ao respeito à integridade física e moral (inciso XLIX) 
• São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos (inciso LVI) 
• Direito a ser presumido inocente e de ser tratado como tal, até sentença 
condenatória transitada em julgado, a qual deve resultar de uma atividade 
processual pautada pelos ditames do devido processo legal (inciso LVII) 
• Direito a não ser submetido à identificação criminal quando identificado 
civilmente (inciso LVIII) 
• Direito de não ser preso senão em flagrante ou por ordem escrita e 
fundamentada da autoridade judiciária competente, ressalvados os casos de 
transgressão militar ou de crimes propriamente militares, definidos em lei 
(inciso LXI) 
• Direito de ter sua prisão comunicada imediatamente à autoridade judiciária 
competente, a sua família ou à pessoa por ele indicada, bem como o de ser 
assistido por um advogado (incisos LXII e LXIII) 
• Direito de conhecer a identidade dos responsáveis por sua prisão e por seu 
interrogatório policial (inciso LXIV) 
• Direito ao relaxamento imediato da prisão ilegal, por autoridade judiciária 
(inciso LXV) 
• Direito à assistência judiciária gratuita, desde que impossibilitado de prover às 
despesas do processo sem privar a si ou a sua família dos recursos 
indispensáveis à sobrevivência, na melhor esteira da ampliação do acesso à 
justiça (inciso LXXIV). 
 
 
7. DEFESA 
• Direito à ampla defesa – defesa técnica, defesa pessoal. 
• Tendo habilitação técnica, o réu pode defender a sí mesmo (do ponto de vista 
técnico). 
• O Código fala em defensor, procurador e curador. Assim, entende-se por 
defensor o patrono dativo do réu, isto é, nomeado pelo juiz, reservando-se para o 
advogado constituído a designação de procurador. 
• Profissional que exerce o mumus público e é indispensável a administração da 
justiça criminal, sendo inviolável no exercício da profissão (art. 133 da CF). 
Consorte processual necessário pela sua função essencial. 
• Função essencial a regularidade do processo por índole constitucional (direito do 
contraditório – art. 5º, LX) proporcionando efetivo equilíbrio entre os ofícios da 
defesa e acusação, cuja inobservância implica em nulidade insanável (art. 564, 
II, c e súmula 523 do STF). 
• É o defensor o representante do acusado, haja vista que age em nome e no 
interesse deste. Entretanto, se no processo civil o defensor encontra-se 
plenamente vinculado à vontade daquele que lhe confia seus interesses, no 
processo penal, em razão da sua acentuada natureza pública, o defensor exerce 
representação sui generis, autônoma à vontade do acusado, já que pode atuar 
mesmo contra a vontade dele. 
• Defensor constituído é o nomeado pelo réu. Dativo é o indicado pelo juízo (não 
é defensor ad hoc) 
 
7.1. ADVOCACIA 
Constituição Federal: Art. 133. O advogado é indispensável à administração da 
justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos 
limites da lei. 
 
Lei nº 8.906/94, Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil: Art. 2º 
O advogado é indispensável à administração da justiça. 
 
• Atividades privativas do advogado: art. 1º, EAOAB: I - a postulação a órgão do 
Poder Judiciário e aos juizados especiais; (...) II - as atividades de consultoria, 
assessoria e direção jurídicas. 
• As atividades do advogado, assim, são judiciais (concentrando-se no 
contencioso) e extrajudiciais (com características preventivas e educativas). 
• Os advogados não são meros profissionais liberais, vinculando-se por contrato a 
seus clientes, mas tem caráter público. É um exercício privado de função pública 
e social. 
• Outorga de poderes da parte ao advogado, para postulação judicial e 
extrajudicial: mandato (procuração). 
• Ao contrário do juiz, o advogado é parcial. 
• Direitos dos advogados: arts. 6º e 7º; deveres: arts. 31 a 34, além do Código de 
Ética e Disciplina. 
• Os advogados possuem independência jurídica (mesmo o advogado empregado). 
Sua Ordem/classe não está submetida a nenhum dos poderes, tendo expressa 
independência política, embora seja considerada serviço público. 
 
7.2. DEFENSORIA PÚBLICA 
Constituição Federal: Art. 134. A Defensoria Pública é instituição essencial à função 
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os 
graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV.) (...) 
 
• Art. 5º. LXXIV: assistência jurídica integral e gratuita. 
• Possuem autonomia funcional e administrativa (independência política) e seus 
membros possuem independência jurídica. 
• A União e os Estados oferecem Defensorias Públicas. 
 
 
Próximo Ponto: 
II. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL 
Este material não substitui a doutrina, sendo mero fichamento orientador do conteúdo 
ministrado em sala de aula. 
O aluno deverá pautar seus estudos pela leitura da doutrina, jurisprudência e legislação. 
Referências (literatura obrigatória): 
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva. 
LIMA, Marcellus Polastri. Manual de Processo Penal. Rio de Janeiro, Lumen Juris. 
PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 
 
Referências (literatura complementar): 
ANDRADE, Manuel da Costa. Sobre as proibições de prova em processo penal. 
Coimbra: Coimbra Editora, 2013. 
AUAD, Denise. A perspectiva dinâmica do constitucionalismo. In: Revista de Direito 
Constitucional e Internacional, n.º 77, p. 41-61, 2011. 
BECK, Ulrich. A política na sociedade de risco. Trad. de Estevão Bosco. In: Ideias: 
revista do instituto de filosofia e ciências humanas – Unicamp, v. 2 n.º 1, p. 229-253, 
2010. 
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 
7 ed. Coimbra: Almedina, 2003. 
CARNELUTTI. Francesco. As misérias do processo penal. Trad. por José Antônio 
Cardinalli. 7 ed. Campinas: Bookseller, 2006. 
CAVALCANTI, Eduardo Medeiros. Crime e sociedade complexa. Campinas: Editora 
LZN, 2005. 
DA ROSA, Alexandre Morais. Guia de Processo Penal conforme a Teoria dos Jogos. 
Empório do Direito. 
DILGUERIAN, Mirian Gonçalves. Princípio constitucional da proporcionalidade e sua 
implicação nodireito penal. In: Revista de direito constitucional e internacional, 
n.º43, p. 168-208, 2003. 
FEITOZA PACHECO, Denilson. O Princípio da proporcionalidade. 
HASSEMER, Winfried. Características e Crises do Moderno Direito Penal. Trad. de 
Pablo Rodrigo Alflen da Silva. In: Revista síntese de direito penal e processual penal, 
n.º 18, p. 144-157, 2003. 
JAKOBS, Günther; MELIÁ, Manuel Cancio. Derecho penal del inimigo. Madri: 
Civitas, 2003. 
JESUS, Francisco Marcolino. Os meios de obtenção da prova em processo penal. 
Coimbra: Almedina, 2011. 
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LOPES JÚNIOR, Aury. Prisões cautelares. São Paulo: Saraiva, 2013. 
LUHMANN, Niklas. Globalización o sociedad mundial: como concebir la sociedad 
moderna? Trad. de José Javier Blanco Rivero. In: International review of sociology. 
V. 7, Issue 7, 1997. 
KAFKA, Franz. O Processo. 10ª reimpressão. Tradução: Modesto Carone. São Paulo: 
Companhia das Letras, 1997. 
MENDES, Gilmar; COELHO, Inocêncio Martires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. 
Curso de Direito Constitucional. 3 ed., São Paulo: Saraiva, 2008. 
MITTERMAIER, Carl Joseph Anton. Tratado da prova em matéria criminal ou 
exposição comparada. Campinas: Bookseller, 1997. 
NEVES, Marcelo. A constitucionalização simbólica. São Paulo: Acadêmica, 1994. 
PACELLI, Eugênio; FISCHER, Douglas. Comentários ao código de processo penal e 
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RAMIREZ, Juan Bustos. Principios fundamentales de un derecho penal democrático. 
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RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 22 ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
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TUCCI, Rogério Lauria. Direitos e garantias individuais no processo penal 
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