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Economia & Mercado Módulo IV CARTEL DENIS FERREIRA JANEIRO 8, 2016 Para que servem as empresas? Do ponto de vista econômico dos controladores da empresa ela serve para dar lucro e trazer retorno sobre o investimento realizado pelos sócios da companhia. Já do ponto de vista social, uma empresa serve para atender as nossas necessidades de forma eficiente e com um preço justo, deixando ambas as partes (quem demanda e quem oferta) satisfeitas. Mas e quando uma empresa ou um grupo de empresas resolvem se unir pra prejudicar a vida dos clientes? A quem podemos recorrer? Para entender como isso funciona, vamos ao tema do artigo. O cliente nem sempre tem a razão. Imagine um bairro que tem apenas uma padaria para atender todas as pessoas que vivem ali. Não foi por imposição de ninguém nem pela criação de uma lei, mas como só existe uma empresa fornecedora dos produtos que a população do bairro demanda, iniciou-se um monopólio espontâneo. Agora imagine que uma segunda padaria seja inaugurada algumas quadras abaixo trazendo maior competitividade para o mercado e consequentemente melhora no padrão dos produtos e preços oferecidos pelos consumidores. Para atrair mais clientes e assim lucrar mais, ambos os padeiros começam a realizar promoções e descontos em seus produtos a fim de aumentar seu market share. Com o passar do tempo, o preço de ambos chega a um nível em que não é interessante mais para a empresa, visto que o lucro das vendas caiu consideravelmente. Eis que a padaria A vai até a padaria B e propõem o seguinte acordo: “Que tal nós combinarmos um preço pelos nossos produtos? Ambos lucraremos com nossas vendas e não precisaremos mais brigar pelos clientes do bairro”. Então as padarias A e B combinam que venderão somente pães por um preço mínimo de R$ X,XX e no máximo produzirão 100 pães por dia cada, obrigando os clientes a ter de ir na padaria concorrente, caso não encontrem pão na sua padaria preferida. Com o passar das semanas o acordo se torna tão benéfico que ambos as padarias começam a elevar seu preço de forma igual, tirando proveito dos clientes que se veem obrigados a adquirir os produtos ali. Esse tipo de acordo existe de verdade e muitas empresas os realizam… eles se chamam carteis. http://economiasemsegredos.com/monopolio-maos/ Assista ao vídeo sobre Cartel Link https://www.youtube.com/watch?v=V2oeTv49dGQ O que é Cartel? Quando as empresas formam um cartel, elas estão de forma intencional tentando tirar proveito do controle do mercado que elas possuem a fim de prejudicar o consumidor em benefício próprio. Eles se formam geralmente em mercados onde existem oligopólios, ou seja, onde um número reduzido de empresas possui poder suficiente para controlar preços, produção, custos e até a entrada de novos concorrentes no mercado. Em alguns países, os carteis organizados pelas grandes empresas são tão bem estruturados que se demoram anos para que os órgãos de investigação identifiquem e consiga julgar e punir todos os culpados. http://economiasemsegredos.com/mercados-a-estrutura-da-concorrencia/ No Brasil, o CADE é o órgão que fiscaliza esse tipo de atividade em conjunto com mais duas outras instituições: a) Secretária de acompanhamento econômico: tem a função de investigar e emitir parecer sobre condutas anticoncorrenciais realizadas pelas empresas. b) Conselho administrativo de defesa econômica: auxilia o CADE na investigação de crimes contra a ordem econômica, concentração econômica de mercado, além de análises de fusões e aquisições. Eles são amparados pela Lei Antitruste nº 12.159, a qual dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica no país. Caso alguma empresa, ou grupo de empresas, seja pega realizando práticas que prejudiquem a livre concorrência ou os consumidores, está será acusada e após julgamento poderá receber uma pena em forma de multa que pode variar de 0,1% até 20% do seu faturamento, além da proibição de atuar em licitações no caso de empresas que realizaram carteis contra o governo. Como todas as empresas que praticarem tal ato serão punidas, por vezes algumas delas podem resolver colaborar com a justiça através de um acordo de leniência, onde a companhia identifica os demais envolvidos na formação do cartel e entrega documentos que comprovem suas denúncias. Para estimular que empresas realizem o acordo de leniência de forma espontânea, o CADE concede o benefício de redução de multa somente à primeira das envolvidas que resolver delatar as demais empresas. Casos famosos no Brasil. Alguns casos ficaram famosos no país pelo fato de grandes empresas participarem deles. Conheça abaixo alguns: Em parênteses a data de descoberta do cartel. http://economiasemsegredos.com/cade-o-juiz-das-empresas/ Empresas aéreas (2013): a empresa Lufthansa confessou, através de um acordo de leniência, a participação de um acordo entre as empresas Air France, KLM, BSA, Alitalia, American Airlines, United Airlines, VarigLog e Swiss International. Nesse cartel, as empresas combinaram o preço de repasse do valor dos combustíveis na passagem entre 2003 e 2005, encarecendo o valor cobrado aos clientes. Empresas de cimento (2006): as empresas Votorantim Cimentos, Holcim do Brasil, Cimpor Cimentos, Companhia de Cimentos Itambé, Itabira Agro Industrial e a Intercement realizavam a fixação dos preços a serem vendidos de concreto e cimento no Brasil, além de realizar a divisão de clientes entre as empresas envolvidas no cartel, impedindo a entrada de novas empresas no ramo. Segunda dados das investigações o cartel iniciou-se em 1987 e gerou um ganho ilegal aos participantes no montante aproximado de R$ 30 Bilhões durante o período. Foi proposta uma multa total de mais de R$ 3 Bilhões para todas as envolvidas, além da obrigação de venda de parte de seus negócios para que não houvessem mais concentrações no setor. Companhias de metrô (2012): foram denunciadas as empresas Alstom, Trans Sistemas de Transportes e Bombardier, Siemens, MGE, Tejorfan, MPE, MGE, Temoinsa e CAF pela divisão de contratos antecipadamente às licitações das obras na construção da linha 5 lilás em São Paulo, além da compra de trens e equipamentos com preços supervalorizados. Segundo as investigações, as empresas participantes acordaram preços pré-estipulados com vencedores já determinados entre as concorrentes dentre o período de 2000 a 2007, sendo a empresa Siemens a cabeça do cartel. O valor pedido pelo Ministério Público para ressarcimento dos danos é de aproximadamente R$ 2,5 Bilhões de reais. Companhias automotivas (2014): a companhia Bosch em conjunto com a NGK do Brasil realizaram um cartel nos preços e no total produzido de velas de ignição dentre 2000 a 2013 com a combinação de reajustes dos preços de seus produtos de forma anticompetitiva, alinhando interesses entre as duas empresas. Entre os principais afetados estão as maiores companhias automotivas do Brasil como a Ford, Fiat, Peugeot, Volkswagen, GM e Renault. Então é isso… agora você já sabe como funcionam os esquemas de carteis e suas consequências. Se gostou não deixe de compartilhar. Fonte: http://economiasemsegredos.com/o-que-e-cartel/ Cartéis, Trustes e Holdings Por Leandro Carvalho No final do século XIX, alguns países europeus (como a Inglaterra, França e Alemanha) tiveram uma aceleração na industrialização e, consequentemente, uma ascensão na concentração de capital. Após a Grande Depressão capitalista, entre 1880 e 1896, as empresas e as indústrias passaram a concentrar capital e formar os grandes monopólios. Ou seja, com a concorrência entre as empresas, somente as mais fortes prevaleceram e incorporaram as pequenas empresas, formando, assim, as grandes indústrias.Com a formação dos monopólios, a concorrência entre as empresas deixou de existir acirradamente como antes. No lugar das grandes concorrências, começaram a surgir grupos de empresários, chamados de cartéis, trustes e holdings. Estes efetuaram uma união de interesses próprios contra os consumidores, a fim de aumentar seus lucros. Logo adiante, ressaltaremos as principais características dos cartéis, trustes e holdings. O cartel é a união secreta de empresas do mesmo ramo de negócios, que estabelecem entre si acordos para fixar um mesmo preço para seus produtos. Com a tabelação do mesmo preço entre os produtos de diferentes empresas, elas acabam com a concorrência entre si, ou seja, quem sai prejudicado é o consumidor, que perde a possiblidade de procurar o menor preço, pois sem a concorrência entre as empresas não existe menor preço. Dessa forma, o cartel é a padronização dos preços dos mesmos produtos em diferentes empresas. A empresa que se recusa a participar do cartel é sabotada e seus proprietários, ameaçados. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Os trustes são associações de empresas que surgiram a partir da fusão de várias empresas que já controlavam a maior parte do mercado. Portanto, trustes são formados quando proprietários de empresas concorrentes se tornam sócios de uma única grande empresa. Assim, passam a controlar grande parte do mercador consumidor, diminuindo também a concorrência e a possibilidade de o consumidor encontrar produtos com menores preços. A partir do momento que grandes empresários, no lugar de montar suas próprias indústrias, passam a comprar ações de empresas de um mesmo ramo de negócio, surgem as holdings. Dessa maneira, os empresários começam a controlar ações de duas ou três empresas concorrentes, que produzem um mesmo produto. Portanto, se um mesmo empresário é o proprietário de três empresas que produzem copos descartáveis, a concorrência não existe, configurando-se como uma farsa. Atualmente, no Brasil, a formação de cartéis e trustes foi proibida por lei, mas alguns setores ainda continuam formando os cartéis para padronizar o preço dos mesmos produtos, evitando a concorrência. O governo brasileiro criou um órgão do Ministério da Justiça, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, para evitar a formação dos trustes. Já as holdings continuam como prática efetiva nas bolsas de valores, que controlam os mercados das ações das empresas. O principal objetivo dos cartéis, trustes e holdings foi evitar a livre concorrência de mercado Fonte: https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/carteis-trustes-e- holdings.htm Case de Cartel Entenda o caso do cartel do Metrô Rafael Alencar Jordão e Rafael Mendes Gomes Segundo denúncia de 2012, todos sabiam antecipadamente quais empresas venceriam cada trecho em licitação porque os preços ofertados já estavam combinados entre eles. Quinta-feira, 5 de setembro de 2013 1. Contexto Inicial O caso tem seu impacto inaugural na mídia em maio de 2012, quando a Justiça de São Paulo aceitou a denúncia de prática de cartel na licitação para construção da Linha 5 – Lilás, do metrô paulista. À época, a denúncia do Ministério Público paulista versava sobre fraudes supostamente ocorridas no processo licitatório, relatando que os executivos das 12 empreiteiras investigadas teriam dividido entre si os contratos de seis trechos (de 3 a 8) da Linha 5, direcionando o resultado da licitação da obra. Segundo a denúncia, todos sabiam antecipadamente quais empresas venceriam cada trecho em licitação porque os preços ofertados já estavam combinados entre eles. Paralelamente, existiam denúncias de práticas anticoncorrenciais e de formação de cartel em outros contratos firmados em benefício do Metrô paulistano. Essas investigações, porém, ganharam maiores proporções com a colaboração do conglomerado alemão Siemens, que firmou um pacto de leniência com o CADE - Conselho Administrativo de Defesa Econômica, comprometendo-se a ceder informações confidenciais e documentos em troca de leniência pelo auxílio à Justiça. A Siemens confessa que participou de diversos esquemas para dirigir as licitações de que fizera parte. Segundo seus relatos e documentos, o conglomerado firmava acordos prévios com as empresas concorrentes e adentrava ao certame licitatório com preços combinados, já sabendo de antemão quem sairia vencedor. A partir de então, o pretenso cartel propõe duas situações distintas: 1- O vencedor teria obrigação de subcontratar a empresa vencida para realizar parte dos serviços contratados por meio da licitação, como ocorrido no caso da Linha 5 - Lilás, do Metrô paulista; 2 - O vencedor da licitação figuraria como concorrente em outra licitação, apresentando uma proposta menos atraente ao erário público e sagrando o que perdera a primeira licitação como vencedor da segunda licitação, como ocorrido no caso da licitação para manutenção de trens da CPTM. A conduta da Siemens de colaborar com as investigações não deve, no entanto, causar nenhuma estranheza. Nos últimos anos, o conglomerado alemão tem adotado estratégias para colaborar com as autoridades em todo mundo em casos de investigações que envolvam suas atividades. O marco fundamental para mudança da conduta do conglomerado ocorreu em meados de 2008, quando a empresa foi investigada por infração à lei norte-americana denominada FCPA - Foreign Corrupt Practices Act, e firmou com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos um Plea Agreement, acordo judicial, assumindo responsabilidade pela prática de atos de corrupção para vencer licitação em vários países em troca de benefícios na aplicação de suas penas. O caso foi notícia em todo mundo, sendo acompanhado, à época, pelo jornal The New York Times, que frisa em seu noticiário, dentre todas as sanções e penalidades aplicadas à empresa, o pagamento de $1,6 bilhões às autoridades americanas e europeias. Os documentos deste e de outros casos similares podem ser acessados no site do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. A partir do ano de 2008, então, a Siemens adotou o entendimento de que a cooperação com as autoridades nas investigações seria a melhor http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro maneira de se apurar essas espécies de condutas, adotando uma rígida política de "compliance" que atualmente é considerada como benchmarking. No Brasil, a situação se encaminha para o mesmo sentido. Foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff, em 2/8/13, a chamada lei anticorrupção (lei ordinária 12.846/13). Tal diploma é fundamental para a real mudança de atitude das grandes empresas no Brasil, pois atribui punições administrativas e civis mais rígidas às empresas consideradas corruptas, obrigando-as a indenizar os cofres públicos com multas pesadas. É também novedoso que a lei atribui um tratamento diferenciado às empresas que possuem programas de "compliance", fator preponderante para a redução das sanções, além de dar crédito pela colaboração efetiva das empresas investigadas com as autoridades. No caso da Siemens, é clara a mudança de postura em relação às suas administrações anteriores ao ano de 2008. Tal afirmação é corroborada com a entrevista do diretor mundial de "compliance" concedida ao jornal Folha de São Paulo, onde, entre outras informações sobre a atuação da empresa no caso do Metrô de São Paulo, ele afirma que "Estamos muito calmos. Achávamos que tudo isso iria ocorrer. O processo normal logo voltará. Mas as pessoas, nossos funcionários e parceiros que tentarem combinar preços vão saber que nós vamos chamar a polícia". Ademais, o elevado padrão da atual diretoria da Siemens na área de "compliance" é elogiado em todo mundo, sendo reconhecida, em pouco tempo, comoreferencia mundial na matéria. Prova disso temos no noticiado pelo Estadão, em 30/8/13, que relata que o presidente do conglomerado, Paulo Stark, teria sido convidado pelo Ministério Público Federal para dar palestra na Procuradoria-Geral sobre seu sistema de "compliance", mesmo sendo a Siemens parte investigada em São Paulo. http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro Ao todo, a investigação sobre os contratos feitos no sistema metroviário paulistano abarca 20 empresas que participaram dos procedimentos licitatórios suspeitos, entre elas subsidiárias da francesa Alstom, da canadense Bombardier, da espanhola CAF e da japonesa Mitsui. Segundo estimativas feitas pelo site de notícias G1, os valores atualizados dos contratos suspeitos chegam a quase R$ 2 bilhões, incluindo os cinco contratos firmados no período compreendido entre os anos de 2000 e 2007. 2. Das investigações As investigações sobre o esquema em tela estão concentradas em cinco contratos firmados pelas autoridades de São Paulo e do Distrito Federal que tinha por objetivo a melhoria no sistema de transporte coletivo local, sendo elas: 1- Compra de Trens e equipamentos para o Trecho 1 da Linha 5-Lilás do Metrô de São Paulo, firmado em agosto de 2000; 2- Compra de Trens e equipamentos para expansão da Linha 2- Verde do Metrô de São Paulo, firmado em maio de 2005; 3- Manutenção de trens das séries S2000, S2100 e S3000 da CPTM em São Paulo, firmado entre 2001 e 2002; 4- Modernização da Linha 12-Safira da CPTM em São Paulo, novembro de 2004 e; 5- Manutenção do Metrô do Distrito Federal, em maio de 2007. Em todas elas, o CADE é a autoridade responsável, em âmbito administrativo, pela apuração e pela repressão de eventuais práticas infracionais à ordem econômica, sendo o órgão que tem concentrado o recebimento de todas as provas produzidas, inclusive aquelas advindas do conglomerado delator, Siemens. No entanto, o CADE não é o único órgão envolvido no caso, sendo que a Polícia Federal e o Ministério Público também têm atuado de maneira a assessorar do melhor modo na apuração do caso. A Polícia Federal tem auxiliado sobremaneira na inquirição das testemunhas do caso, http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro como na inquirição do atual presidente da Siemens, o senhor Paulo Ricardo Stark, feita em 21 de agosto de 2013, como noticiou o Estadão. Já o Ministério Público tem auxiliado na avaliação dos contratos em vigor, verificando se não há irregularidades junto ao TCU - Tribunal de Contas da União, com noticiou o mesmo jornal. Não há dúvida de que os fatos apurados espraiam-se para além da violação à norma de direito concorrencial, esbarrando em diversas condutas, diplomas legais, competências administrativas e judiciais de todos os níveis. As ações investigadas podem caracterizar fraude à licitação, mas também, conforme se apure, ato de corrupção ou improbidade administrativa. Como a lei 12.846/13 foi publicada posteriormente aos fatos, ela não se aplica para punir a pessoa jurídica pelo ato de corrupção. 3. Pagamento de propina Como visto, os contratos até então objeto de investigação são provenientes de licitações feitas entre os anos de 2000 e 2007, entretanto se levarmos em consideração as prévias deliberações e pactos firmados entre as empresas investigadas com o objetivo de fraudar as licitações e a própria natureza licitatória, que segue um longo procedimento administrativo para a contratação, certamente o tempo de início das práticas anticoncorrenciais poderia retroceder para meados dos anos de 1997 e 1998. Em todo este período, São Paulo foi governado por um mesmo partido político, o PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira, respectivamente nos governos de Mario Covas, Geraldo Alckmin e José Serra. No entanto, o que a princípio não se mostraria mais que uma ingrata coincidência, tornou-se objeto de investigação a medida que, segundo matéria publicada na Folha de São Paulo, em 2/8/13, a Siemens apresentou documentos ao CADE comprovando que o http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro governo do Estado de São Paulo teria conhecimento das práticas para direcionar as licitações e que teria recebido, inclusive, suborno para acobertar o caso. Em nota, o PSDB afirmou que "nunca compactuou, nem nunca há de compactuar, com o erro e com a falta de conduta ética" e que ao governo de São Paulo "interessa buscar ressarcimento e punir os eventuais responsáveis pela suposta formação de cartel". O PSDB, ainda, acusa o CADE de agir como "instrumento de polícia política" para prejudicar as administrações do PSDB, afirmando em nota, segundo o site de notícias G1, que "causa estranheza, no entanto, que o CADE se negue a fornecer o conteúdo das investigações para que a Corregedoria de São Paulo faça seu trabalho" e criticou o órgão por fazer "vazamentos seletivos" com o "claro objetivo de confundir e de produzir efeitos políticos e eleitorais". Com uma economia e política cada vez mais globalizada, casos como este são reiteradamente comentados ao redor do mundo, causando grande repercussão negativa e manchando a imagem institucional do país no exterior. O caso foi notícia nos principais jornais do mundo, incluindo no The Wall Street Journal, que aborda principalmente os recorrentes casos de propina em países subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil. 4. Últimos acontecimentos As investigações, como visto, estão em grande evolução e a cada informação prestada ou documento apresentado é descoberto um novo esquema ou, pelo menos, mais alguma ramificação do esquema já investigado. Em 15/8/13, em acordo com as informações do site de notícias G1, o CADE apresentou um relatório sobre a análise de e-mails que comprovariam um pacto não concretizado onde os executivos da http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro Siemens impuseram à Alstom, como condição para fazer parte de um cartel na licitação para manutenção do Metrô DF, em 2005, a futura subcontratação da empresa alemã na licitação da Linha 4 - Amarela do Metrô de São Paulo. A situação do metrô do Distrito Federal também suscita dúvidas quanto à austeridade do procedimento para a sua manutenção. Segundo informações veiculadas nos site de notícias do Novo Jornal, do Estadão e até do irlandês The Irish Times, existiriam casos de pagamento de propina ao governo do PSDB por intermédio de contas de seus integrantes na Suíça, em contrapartida do aval para o procedimento licitatório. O dinheiro das propinas teria sido pago por meio de offshore no Uruguai, sendo que, para justificar a saída do dinheiro, o esquema contrataria empresas de consultoria no Brasil. Reportagem veiculada pelo Estadão, em 23/8/13, noticia que em uma carta de 2008 à matriz na Alemanha, um ex-executivo da Siemens afirmava que a formação de cartel e pagamento de propina a agentes públicos não eram exclusivos da área de transportes, mas também nos setores de energia e de equipamentos médicos da empresa. Diante do cenário apresentado, e a partir da vigência da lei12.846/13, a tendência é que cada vez mais empresas participantes de esquemas similares a este procurem as autoridades públicas, levando todas as informações que possuem em troca de tratamento diferenciado para imposição das sanções e penalidades. Da mesma forma, é esperado que, com a adoção de programas de compliance, as empresas consigam aumentar o controle de relações comerciais potencialmente problemáticas, e evitem incorrer nas ações penalizadas no âmbito da lei anticorrupção (lei 12.846/13) e demais legislações que promovam o respeito aos princípios da administração pública. _____________ http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI185721,41046-Entenda+o+caso+do+cartel+do+Metro * Rafael Alencar Jordão, advogado, com a colaboração de Rafael Mendes Gomes, sócio, do escritório Chediak, Lopes da Costa, Cristofaro,Menezes Côrtes, Rennó, Aragão Advogados A nova lei antitruste brasileira: uma agressão à livre concorrência Recentemente, a legislação antitruste brasileira foi reformulada, e a nossa autoridade antitruste ganhou mais dinheiro e mais poder. Desde então, é notória a maior intervenção nos mercados levada a cabo pelo CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Veja dois exemplos aqui e aqui. Notícias sobre atos de concentração empresarial reprovados ou submetidos a restrições têm aumentado consideravelmente. Também aumentou bastante o número de investigações e acusações sobre cartéis e outras "infrações contra a ordem econômica". A propósito dessa situação, o professor da USP Calixto Salomão Filho, um dos mais renomados especialistas brasileiros na área do direito antitruste, escreveu artigo na Folha de São Paulo (aqui para não- http://www.portalapas.org.br/imagens/pdf_svarejo/144MatCapa.pdf http://www.aasp.org.br/aasp/imprensa/clipping/cli_noticia.asp?idnot=12178 http://www.cade.gov.br/Default.aspx?83a364ac739193b78fb0 http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/04/1438954-calixto-salomao-filho-concorrencia-e-intervencao-na-economia.shtml http://noticias.widmi.com/index.php/brazil/folha-de-s-paulo/opiniao/91087-calixto-salomo-filho-concorrncia-e-interveno-na-economia assinantes) enaltecendo essa postura mais intervencionista do CADE. Segundo ele, não se deve considerar a defesa da concorrência — missão institucional de uma autoridade antitruste — com o livre funcionamento do mercado. Nas suas palavras, "nada poderia ser mais equivocado, tanto do ponto de vista histórico quanto conceitual". Ele ainda confessa claramente não apenas sua visão, mas a de todo o mainstream acadêmico: "defesa da concorrência eficaz sempre foi sinônimo de intervenção econômica, por meio da restrição e mesmo do desfazimento de monopólios, sancionamento de cartéis, restrições verticais etc. Afirmar que defesa da concorrência não pode ser interventiva é uma contradição em termos". De fato, a tal "defesa da concorrência" exercida pelas autoridades antitruste nunca significou a defesa do livre funcionamento do mercado. Tal expressão foi e continua sendo usada apenas por soar bem aos ouvidos. O que uma autoridade antitruste faz é qualquer coisa, menos a defesa da concorrência. Portanto, pode-se dizer que o professor Calixto está certo: tanto do ponto histórico, quanto do ponto de vista conceitual, acreditar que o direito antitruste tem como função assegurar o livre funcionamento do mercado é algo que exige muita ingenuidade e desconhecimento dos fatos e da teoria econômica. Foi o que eu tentei demonstrar nesse artigo publicado exatamente no dia em que a nova lei antitruste brasileira entrou em vigor, em maio de 2012. No dia 29 de maio de 2012 entrou em vigor a Lei nº 12.529, publicada em 30 de novembro de 2011, mas submetida, dada a sua relevância, a um vacatio legis de 180 (cento e oitenta) dias. Basicamente, essa lei "estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência e dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica". É a nossa nova lei antitruste, que substituirá a Lei nº 8.884/1994. O principal órgão criado e disciplinado pela legislação antitruste é o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), cujas principais atribuições, em linhas gerais, são as seguintes: (i) analisar preventivamente atos de concentração empresarial, como fusões e incorporações de empresas (controle de estruturas), (ii) punir agentes econômicos que atentem contra a ordem econômica, praticando atos como cartéis ou preços predatórios (repressão de condutas) e (iii) difundir a chamada "cultura da concorrência" pelo País (advocacia da concorrência). A nova lei altera a estrutura do SBDC (Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência) e traz também algumas mudanças importantes no procedimento de análise dos atos de concentração empresarial. Quanto à estrutura, o que há de mais relevante é a "transformação" da antiga Secretaria de Direito Econômico, antes ligada ao Ministério da Justiça, em Superintendência Geral, órgão agora integrante do próprio CADE. Quanto ao procedimento, a grande mudança é na previsão de análise prévia dos atos de concentração — no regime da lei revogada, as empresas tinham até 15 (quinze) dias úteis após a realização do ato de concentração para submetê-lo ao exame do CADE. Meu objetivo neste artigo, porém, não é discutir o que a lei nova muda em relação à lei anterior, mas questionar a própria necessidade de uma legislação de "defesa" da concorrência. Em um estudo recente que coordenei, por ocasião do II Congresso Brasileiro de Direito Comercial[1], procurei demonstrar que leis e órgãos antitruste são a verdadeira antítese da livre concorrência e que, por conseguinte: (i) o CADE deveria ser abolido e (ii) sua lei de regência deveria ser revogada. https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn1 Nas linhas a seguir, tentarei resumir os argumentos contidos no referido estudo, focando em três pontos: (i) as leis antitruste foram forjadas sobre mitos e falácias; (ii) o direito antitruste é embasado em uma teoria econômica falha; e (iii) os burocratas que ocupam os órgãos antitruste não possuem superpoderes e não podem, portanto, controlar o mercado. Assista ao Vídeo sobre Trust Link: https://www.youtube.com/watch?v=yex1BKDWens 1. Os mitos e falácias que forjaram a criação das leis antitruste Grosso modo, pode-se dizer que a origem das leis antitruste hoje vigentes, inclusive a brasileira, é o Sherman Act, a lei antitruste americana, de 2 de julho de 1890, complementada posteriormente pelo Clayton Act, de 1914, e pela lei que criou, no mesmo ano, o Federal Trade Comission, a agência antitruste americana, na qual o nosso CADE se inspirou. Segundo os manuais de direito antitruste (aqui também chamado de direito concorrencial ou direito econômico), o Sherman Act foi editado numa época em que a economia americana assistia à formação de grandes grupos monopolistas, que lucravam às custas dos consumidores praticando preços abusivos. Chega-se a afirmar que o Sherman Act teria sido a salvação do liberalismo, que estaria sendo destruído pelo excesso de liberdade econômica, causadora de concentrações monopolísticas que distorciam as regras naturais de competição. A propósito, confira-se o que afirmam dois dos mais respeitados especialistas em direito antitruste no Brasil sobre as origens do Sherman Act: A exposição dos fatores político-econômicos relevantes para aprovação do Sherman Act permite focalizar corretamente a questão. Em primeiro lugar, fica bastanteevidente que a maior preocupação relativamente aos monopólios naquela época eram os efeitos econômicos negativos sobre o consumidor.[2] O Sherman Act de 1890 representa, para muitos, o ponto de partida para o estudo dos problemas jurídicos relacionados à disciplina do poder econômico. Com efeito, essa legislação deve ser entendida como o mais significativo diploma legal que corporificou a reação contra a concentração de poder em mãos de alguns agentes econômicos, procurando discipliná-la. Não se deve dizer que o Sherman Act constitui uma reação ao liberalismo econômico, pois visava, justamente, a corrigir distorções que eram trazidas pela excessiva acumulação de capital, ou seja, corrigir as distorções criadas pelo próprio sistema liberal. Não obstante a opinião contrária de parte da doutrina norte-americana, o Sherman Act tratou, em um primeiro momento, de tutelar o mercado (ou o sistema de produção) contra seus efeitos autodestrutíveis.[3] https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn2 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn3 O estudo da História, porém, mostra que a afirmação de que o Sherman Act surgiu para proteger o ambiente concorrencial e, consequentemente, os consumidores é uma falácia. Dominick Armentano, professor emérito da Universidade de Hartford e talvez o mais especializado estudioso das leis antitruste ligado à Escola Austríaca de Economia, afirma que as leis antitruste "foram criadas precisamente para serem usadas pelos concorrentes menores para arrasar concorrentes mais eficientes".[4] Outro estudioso ligado à Escola Austríaca que compartilha dessa opinião é o professor da Loyola University Thomas DiLorenzo, para quem "na verdade, a história do antitruste tem sido uma história de caça às bruxas lançada contra as empresas mais inovadoras e empreendedoras da América"[5]. Ninos P. Malek, PhD em Economia pela George Mason University, é mais enfático ainda, afirmando que as leis antitruste, na verdade, são "um porrete usado por empresas contra seus concorrentes com melhor desempenho"[6]. Como dito, basta estudar a História com um pouco de cuidado para identificar as mentiras sobre as quais foi construído todo o arcabouço normativo que fundamenta o direito antitruste. Analisando a economia americana no período das discussões sobre o Sherman Act e no início de sua vigência, Thomas DiLorenzo verificou que as empresas acusadas de monopolização dos mercados estavam aumentando sua produção e reduzindo seus preços num ritmo muito maior do que o resto da economia como um todo. Nas suas palavras: Num estudo publicado em junho de 1985 na International Review of Law and Economics, eu mostrei que as indústrias acusadas de 'monopolização' pelo senador Sherman e seus colegas em 1890 estavam expandindo sua produção quatro vezes mais rápido do que a economia como um todo (algumas até dez vezes mais rápido) e https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn4 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn5 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn6 baixando os seus preços ainda mais rápido do que o nível geral de preços estava caindo durante aquele período deflacionário.[7] Alguns casos históricos são realmente impressionantes, como o da ALCOA, uma das empresas que foi acusada de "monopolização" na fase inicial do direito antitruste americano. Mas sabem qual é a verdadeira história desse caso, contada em detalhes por Dominick Armentano? A ALCOA foi fundada em 1887, quando ela se chamava Pittsburgh Reduction Company e a libra de alumínio custava 5 dólares. Em aproximadamente 50 anos, ela passou a dominar o mercado de alumínio, razão pela qual foi acusada, em 1937, de "monopolização". Ocorre que durante esse período ela, com base na sua eficiência, reduziu o preço da libra de alumínio para ínfimos 22 centavos de dólar. Em suma: a ALCOA foi processada porque reduziu em aproximadamente 95% o preço final do produto que comercializava[8]. Outro caso conhecido é o da Standard Oil, de John Rockfeller, acusada de monopolizar a indústria do petróleo, praticar preços predatórios para destruir rivais e cobrar preços abusivos de seus consumidores[9]. Na verdade, durante o suposto "monopólio" da Standard Oil o preço do barril de querosene caiu de 30 centavos para 6 centavos[10]. Foi esse tipo de efeito negativo sobre os consumidores provocado pelos "monopólios" que preocupou os criadores do Sherman Act e todas as leis antitruste que o copiaram? Claro que não! Obviamente, não eram os consumidores que estavam preocupados com essa postura das empresas "monopolistas" de aumentar a produção e baixar os preços. Quem estava preocupado com isso eram os concorrentes dessas empresas, e foram eles que passaram a pressionar os políticos a aprovarem uma lei antitruste. Quem mais pressionou o governo para aprovação do Sherman Act foram os pequenos produtores rurais, por meio de seus sindicatos (os grangers). Esses pequenos produtores não estavam agindo em https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn7 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn8 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn9 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn10 defesa da liberdade econômica ou dos consumidores, mas de seus próprios interesses, já que grandes empresas — como a Swift — estavam lhes tomando mercado oferecendo produtos mais baratos e melhores.[11] A afirmação de que a lei antitruste americana foi criada para combater efeitos nocivos de supostos monopólios é, portanto, uma falácia cuidadosamente forjada ao longo de anos. A real história americana do final do século XIX mostra grandes empresas aumentando sua produção, reduzindo seus preços e impulsionando o desenvolvimento econômico e social dos EUA. Nas palavras sempre precisas de DiLorenzo: Os economistas que acreditam que houve uma "idade de ouro do antitruste" nunca produziram qualquer evidência disso. Como demonstrei neste trabalho, o Sherman Act foi um instrumento usado para regular algumas das indústrias mais competitivas da América, que foram expandindo rapidamente sua produção e reduzindo os seus preços, para o desespero de seus menos eficientes (mas politicamente influentes) concorrentes. O Sherman Act, além disso, foi usado como um despiste para esconder a verdadeira causa do monopólio no final dos anos 1880: protecionismo. O principal patrocinador do projeto de lei tarifária de 1890, que passou apenas três meses após o Sherman Act, não era outro senão o próprio senador Sherman.[12] No mesmo sentido se manifesta Thomas Woods, historiador americano formado em Harvard e com PhD na Columbia University: Na realidade, era muito difícil para as grandes empresas manterem sua posição dominante em várias áreas industriais dos EUA do final do século XIX. Isso era válido para ramos industriais tão diversos quanto petróleo, aço, ferro, automóveis, maquinaria agrícola, cobre, acondicionamento de carne e serviços de telefonia. A concorrência era extremamente vigorosa.[13] https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn11 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn12 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn13O que motivou a criação da lei antitruste americana — e o que sustenta todas as leis antitruste até os dias atuais — foi o protecionismo e o intervencionismo. É interessante para o governo ter, como moeda de troca, a possibilidade de fustigar empresas que estejam incomodando os amigos do rei. E muitas empresas também gostam de saber que podem contar com a ajuda do governo na hora de atacar concorrentes mais eficientes. 2. As falhas da teoria econômica que fundamenta o direito antitruste O direito antitruste foi construído sob as bases da teoria econômica neoclássica, a qual utiliza, para análise de concentrações empresariais ou supostas condutas anticompetitivas, conceitos econômicos que possuem falhas grotescas. Uma dessas falhas, por exemplo, é confundir concentração com monopólio. Para a teoria liberal clássica, o fato de um determinado mercado de bens ou serviços estar concentrado, havendo apenas uma empresa ou poucas empresas atuando nunca foi suficiente para caracterizar a existência de um monopólio (ou duopólio ou oligopólio), que devesse ser combatido por meio de intervenção estatal. A noção de monopólio sempre esteve ligada à existência de barreiras legais à entrada de competidores, algo que não pode ser criado por nenhum agente econômico privado, por mais poder de mercado que ele ostente. Só quem pode criar barreiras legais à entrada e, portanto, criar monopólios, duopólios ou oligopólios é o estado, através de regulamentações, políticas protecionistas etc. Nesse caso, realmente, os danos ao mercado são evidentes. Num ambiente de livre iniciativa e livre concorrência, uma determinada empresa só consegue abocanhar expressiva fatia de mercado sendo mais eficiente que seus competidores, isto é, ofertando bens ou serviços mais baratos, de melhor qualidade ou ambas as coisas. E ela só conseguirá se manter com essa expressiva fatia de mercado, ou mesmo ampliá-la, se continuar sendo eficiente. Nesse caso, pois, a concentração, ainda que seja chamada de monopólio, não gera dano nenhum ao mercado. Comparando as duas situações mencionadas nos parágrafos anteriores, Hans Sennholz, PhD em Economia pela New York University, distinguiu o monopólio ruim — gerado pelo estado por meio da criação de barreiras legais à entrada — do que ele chamava de monopólio bom — alta concentração decorrente de eficiência competitiva. Em uma economia de mercado livre e desimpedida, sem agências reguladoras e conselhos antitruste, um monopólio não é causa para alarde. Uma empresa que porventura detenha o controle exclusivo de uma mercadoria ou de um serviço em um mercado específico será, ainda assim, incapaz de explorar essa situação, e pelos seguintes fatores competitivos: a concorrência potencial, a concorrência de substitutos, e a elasticidade da demanda. (...) Em um sistema de liberdade econômica irrestrita, uma posição monopolística de mercado só pode ser conquistada pela eficiência. Sem intervenções governamentais, uma empresa eficiente tende a crescer até atingir seu tamanho ótimo, quando os custos por unidade produzida são os menores. (...) Não se pode negar que, no atual mundo intervencionista em que vivemos, vários monopólios de fato possuem o poder de restringir a produção e praticar preços monopolísticos. Porém, a causa desta lamentável situação está na multiplicidade de restrições governamentais à livre concorrência, como regulamentações, burocracias, restrições ambientalistas e carga tributária alta, que serve como uma barreira protecionista que defende quem já está no mercado. Se o governo impede concorrentes de entrarem no mercado, os consumidores perdem a proteção oferecida pela concorrência potencial. (...) Por meio de concessões, licenças, patentes, tarifas e outras restrições, o governo na prática criou milhares de monopólios.[14] Mas os neoclássicos questionam, afirmando que, ao conseguir uma concentração expressiva, a empresa adquire o chamado poder de mercado, o que permite que ela atue como se monopolista fosse, abusando dessa posição. Errado! Pouco importa se apenas uma empresa domina um mercado de bens ou serviços, desde que não existam barreiras legais à entrada, as quais, repita-se, só podem ser criadas pelo estado. Sem barreiras legais à entrada, ainda que uma empresa se torne "monopolista" ela não poderá abusar de sua "posição dominante". Se ela aumentar os preços injustificadamente, por exemplo, seus consumidores reagirão, comprando produtos substitutos. Ademais, preços altos atraem concorrentes, os quais, se não houver barreiras legais à entrada, correrão para atender os consumidores insatisfeitos com os "preços abusivos" do monopolista. Como disse Ludwig von Mises, o grande expoente da Escola Austríaca de Economia, se um empreendedor não obedecer estritamente às ordens do público tal como lhe são transmitidas pela estrutura de preços do mercado, ele sofrerá prejuízos e irá à falência. Outros homens que melhor souberam satisfazer os desejos dos consumidores o substituirão.[15] Enfim, os neoclássicos desconhecem o conceito de "soberania do consumidor", tão bem trabalhado e explicado pela Escola Austríaca. O conceito de monopólio ou de poder de monopólio [usado pelo direito antitruste] é equivocado. Não importa quantos concorrentes estão no mercado e sim se há livre entrada e saída. Somente quando https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn14 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn15 há barreiras legais à entrada, ou seja, concessões de privilégios governamentais, que monopólios são constituídos.[16] É preciso não confundir, também, liberdade de entrada e capacidade de entrada, como bem destaca George Reisman, PhD em Economia e professor emérito da Pepperdine University: Liberdade de entrada não significa capacidade de entrar em um dado setor. Se as pessoas não possuem a capacidade de entrar em uma determinada área da economia (porque, por exemplo, elas não possuem o capital para isso), isso não significa que a liberdade de entrada no mercado foi violada. Assim, por exemplo, se for necessário um investimento mínimo de, digamos, $1 bilhão, para se ter uma mínima esperança de poder competir no setor de aparelhos eletrônicos e informática, isso não significa de modo algum que tal setor não possui liberdade de entrada, ou que a minha liberdade, como indivíduo, de entrar em tal setor foi violada de alguma forma só porque eu pessoalmente não tenho a capacidade de levantar o bilhão necessário. O fato de eu não possuir ou não poder levantar o capital necessário não implica uma violação da minha liberdade de entrada, assim como o fato de eu não possuir um canal de televisão ou um jornal, e não gozar do apoio de nenhum deles, não implica uma violação da minha liberdade de expressão ou de imprensa. Sob quais circunstâncias a liberdade de entrada estaria sendo violada? Ela estaria sendo violada se eu realmente possuísse ou pudesse obter o capital necessário— e, obviamente, fosse também capaz de satisfazer vários outros requerimentos necessários para poder concorrer, como ter montado uma equipe com administradores capacitados e mão-de-obra qualificada, dominar conceitos tecnológicos etc. — e fosse coercivamente impedido de entrar neste setor pelo governo.[17] https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn16 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn17 Assim, liberdade de entrada não é garantia de entrada. Longe de ser algo ruim para o ambiente concorrencial, o fato de um determinado mercado de bens ou serviços exigir altos investimentos para entrada mostra que nele existe concorrência.E mais: "se a entrada num determinado mercado exige recursos vultosos, isso tem o mérito de desencorajar amadores e diletantes, pois entregar recursos escassos a produtores ineficientes significa desperdiçá-los".[18] Outro problema do direito antitruste é que toda a sua abordagem se baseia em mais um conceito econômico falho: a "concorrência perfeita". A teoria macroeconômica neoclássica, prevalecente no meio acadêmico nos dias atuais e que deu origem à legislação antitruste, assenta-se na teoria dos modelos estáticos de competição perfeita, elaborados sobre cenários de equilíbrios cartesianos pré-estabelecidos, nos quais foram convencionalmente isoladas estas e aquelas variáveis e arbitrariamente impostas algumas condições que jamais se verificariam no mundo real, tais como um número idealmente infindo de competidores, o conhecimento completo do mercado, os produtos absolutamente homogêneos, a inexistência de restrições artificiais à circulação dos produtos e a ausência de inovações tecnológicas ou mercadológicas que interferissem nos preços e nas preferências dos consumidores. O que esta escola econômica pretende demonstrar é que quaisquer desvios dos modelos ideais de competição perfeita tendem a gerar uma pior utilização dos recursos, e consequentemente, uma redução do bem-estar geral da sociedade, com base na presunção de que os operadores de um mercado não atomizado tendam a majorar os preços e reduzir a produção, gerando consequentemente a alegação da necessidade de que tais condutas devam ser monitoradas e reprimidas por meio da intervenção estatal.[19] https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn18 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn19 Como se vê, o modelo de concorrência perfeita é absolutamente irreal, porque desconsidera o fato óbvio de que o mercado é um processo dinâmico, e não um dado estático, que pode ser capturado e manipulado. Assim, podemos afirmar sem medo de errar que a concorrência perfeita é: (...) um modelo fundado em pressupostos irrealistas, concebido para tratamento matemático de modo a que as contas "fechem" no final, e que contribui pouco para a compreensão do que se propõe a retratar. A concorrência perfeita é uma situação de equilíbrio, estática, morta. Um trabalho famoso de F. Hayek (The Meaning of Competition, no livro Individualism and Economic Order), economista vencedor do Nobel de 1974, demonstrou que, enquanto a concorrência no mundo real é um processo, evidentemente dinâmico, o modelo da concorrência perfeita esboça (por ironia, imperfeitamente) o resultado idealizado e esterilizado desse processo num determinado momento. Esse paradigma teórico não fornece ao estudioso nenhuma pista de como as coisas chegaram ao ponto em que chegaram, nem tampouco razão alguma para que se aceite o estado final imaginário apresentado como estado final concreto e muito menos motivo e legitimidade científica ou prática para que o modelo se preste a elemento normativo para julgamento e reforma dos mercados vivos. O fracasso da concorrência perfeita se deve ao fato de que ela abstrai justamente o que é absolutamente fundamental no estudo da economia: o homem. Na economia de mercado é o homem em seu papel de consumidor quem determina o que deve ser produzido, em que quantidades e a que preços. E é o homem na qualidade de empresário quem procura organizar a produção no sentido de antecipar, descobrir e atender corretamente as preferências e gostos dos consumidores. E essas preferências e gostos estão em perene transformação porque essa é a natureza humana. As pessoas querem mais disso e menos daquilo, querem melhor qualidade e menor preço, querem coisas que ainda nem foram inventadas. O estudo fecundo da concorrência deve levar em conta o seu atributo dinâmico, sua natureza como processo, a inter-relação de todos os mercados, as preferências mutantes dos consumidores e a função dos empresários. Devemos aos economistas da escola austríaca a restauração e o refinamento da concepção correta e dos parâmetros adequados para a abordagem do fenômeno, que eram conhecidos e utilizados pelos economistas clássicos (v. por ex. Israel Kirzner, Competição e Atividade Empresarial).[20] Ora, é da essência do mercado a imperfeição, já que a concorrência é um processo de descoberta, onde empreendedores se arriscam e buscam, constantemente, descobrir as preferências dos seus consumidores, sempre em busca do lucro. Para a Escola Austríaca, o mercado é um processo de permanentes descobertas, de tentativas e erros, o qual, ao amortecer as incertezas, tende sistematicamente a coordenar os planos formulados pelos agentes econômicos. Como as diversas circunstâncias que cercam a ação humana estão ininterruptamente sofrendo mutações, segue-se que o estado de coordenação plena jamais é alcançado, embora os mercados tendam para ele.[21] Não há, pois, como justificar a atuação estatal para corrigir supostas falhas de mercado, proibindo atos de concentração empresarial que tendam a permitir o surgimento de empresas com poder de mercado. É absurdo tentar impedir o funcionamento natural do mercado, em razão de suas "imperfeições" reais, e usar como parâmetro o modelo econômico irreal e estático da "concorrência perfeita". Isso significa negar a própria natureza do mercado como processo dinâmico de descoberta e ajuste em que os empreendedores atuam diante de incertezas. Com efeito, "a desorganização do mercado não é um problema, mas sim um sinal de vitalidade"[22]. Em suma: "usar o modelo de competição perfeita como objetivo das políticas de competição https://www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=67 https://www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=67 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn20 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn21 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn22 confunde o modelo com processos competitivos reais e leva a enormes erros de políticas".[23] Diversos outros conceitos econômicos equivocados que fundamentam o direito antitruste poderiam ser mencionados, como o de "monopólio natural"[24]. Mas esse breve artigo não é o local apropriado para tanto[25]. 3. Burocratas não possuem superpoderes Assim como não existe, no mundo real, o modelo de concorrência perfeita dos economistas neoclássicos, também não existem serem humanos perfeitos. Os burocratas que ocupam as agências antitruste não são dotados de poderes sobrenaturais que lhes permitem adivinhar como o mercado deve funcionar para atingir seu desempenho ótimo. O que se afirmou no parágrafo anterior deve parecer óbvio para muitos, não é mesmo? Mas será que todos já pararam para pensar que o direito antitruste exige que nós também ignoremos essa inexorável realidade? Quando duas empresas resolvem se fundir, o que acontece? Alguns burocratas (no Brasil, são sete, de acordo com o art. 6º da nossa lei antitruste) se reúnem, discutem e decidem se aquela fusão vai ser boa ou ruim para o mercado. Nessa discussão, todos os conceitos econômicos equivocados da teoria econômica neoclássica são https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn23 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn24 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn25 expostos como se fossem dogmas, e as empresas ficam reféns da decisão do "tribunal". Pare um pouco, reflita e depois se pergunte: isso está certo? É evidente quenão! Se isso for a coisa certa a fazer, então é melhor planificarmos totalmente a economia e entregarmos o seu destino aos ditames desses burocratas iluminados. O fato é que no sistema [do direito antitruste] os agentes estatais sabem melhor do que os próprios produtores o que deve ser produzido, em que quantidade e qualidade e a que preço, e do mesmo modo sabem melhor do que os consumidores o que é bom para eles. Ora, se o, digamos, "homo publicus" é um ser perfeito, ou ao menos não tão imperfeito quanto o "homo privatus", não existe razão de ordem lógica que impeça que o sistema superior absorva integralmente o sistema inferior. Ou, o que é a mesma coisa, se o estado é capaz de organizar o mercado melhor do que o fariam espontaneamente os milhões de compradores e vendedores que constituem este último, se o mercado entregue a si mesmo gera inexoravelmente concentração e miséria, por que não simplesmente suprimir a economia capitalista e deixar que o estado ordene justa e racionalmente a produção, distribuição e consumo? (...) Não há motivos para não abolir tout court a economia de mercado se aceitarmos os postulados básicos do [direito antitruste].[26] É impossível prever os resultados de uma determinada concentração empresarial. Nem as empresas que estão se fundindo sabem o que vai acontecer. Pode ser que a decisão delas se mostre acertada, e a fusão acarrete diminuição de custos e aumento da eficiência. Porém, pode ser que a fusão não produza os efeitos esperados. Não há como adivinhar uma coisa ou outra.[27] Mas o problema de conferir poderes de controlar a economia a burocratas não se esgota nesse aspecto. Antes fosse apenas isso. Alguns servidores públicos passam por um processo de lavagem cerebral e tendem a acreditar que eles são pessoas diferentes, imunes ao erro e a https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn26 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn27 desvios éticos, os quais seriam privilégio do setor privado. Alguém consegue levar a sério uma afirmação dessa? Servidores públicos são seres humanos como quaisquer outros (sim, lembrem a eles isso!), mas que possuem uma diferença essencial em relação aos agentes do mercado: estes não possuem o aparato coercitivo estatal para impor suas vontades; aqueles, sim. Embora pouco divulgados no Brasil, os economistas da chamada escola da Public Choice desenvolveram extensas e profundas análises do universo político partindo de premissas muito mais realistas do que as desposadas por Benayon, como a de que os agentes estatais atuam segundo seus próprios motivos egoísticos (motivo do lucro) tanto quanto seus pares no setor privado. A diferença entre uns e outros é que o operador estatal conta, em última análise, com a força policial para fazer valer sua vontade, ou seja, ele tem o privilégio, negado aos particulares, mesmo aos maiores conglomerados econômicos, de coagir legalmente terceiros a se submeterem aos seus ditames. Daí se infere que, uma vez munidos de poderes para se imiscuir na esfera econômica, os agentes do estado tendem a se servir deles em seu próprio benefício. De sorte que subsídios serão concedidos mediante comissões "por fora", licenças e autorizações burocráticas serão vendidas pela melhor oferta, a concorrência será proibida mediante retorno em dinheiro sonante ou votos de sindicatos de empregados dos setores protegidos e assim por diante, das altas esferas até o âmbito mais humilde dos camelôs de rua e seus algozes do "rapa". (...)[28] Outro problema grave decorrente da concessão de poderes de controlar a economia aos burocratas das agências antitruste é a captura regulatória. As empresas bem relacionadas não encontram dificuldades para usar a regulação antitruste em seu favor. Vale lembrar que os especialistas em direito antitruste afirmam, sem rodeios, que na atual fase desse ramo jurídico-econômico ele deve ser utilizado como instrumento de políticas públicas. https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn28 Tendo-se em mente os objetivos da lei antitruste, aparece clara, conjuntamente com o aspecto instrumental desse tipo de norma, sua aptidão para servir à implementação de políticas públicas, especialmente de políticas econômicas entendidas como "meios de que dispõe o estado para influir de maneira sistemática sobre a economia". Ou seja, o antitruste já não é visto apenas em sua função de eliminação dos efeitos autodestrutíveis do mercado, mas passa a ser encarado como um dos instrumentos (...) de que dispõe o estado para conduzir o sistema. Vale a referência às palavras de Siro Lombardini, mencionando um dos objetivos que pode ser perseguido mediante a aplicação da lei antitruste: "oferecer um instrumento para que as administrações públicas possam orientar as decisões dos grandes grupos de empresas para realizar o processo de desenvolvimento tido como possível e desejável". Também no que se refere ao antitruste, ao vê-lo como um instrumento de implementação de políticas públicas, não estamos restringindo sua atuação ao campo da superestrutura. Ao contrário, trata-se de "um nível funcional de todo o social" (...).[29] Fica claro, portanto, que a atuação de uma agência antitruste pode variar ao sabor das conveniências políticas. Se uma empresa está ganhando mercado em razão de sua eficiência, que tal abrir um processo contra ela, alegando a prática de "preço predatório", "abuso de posição dominante" ou qualquer outra "conduta anticompetitiva"?[30] Por outro lado, se uma empresa está em crise, que tal pedir o afrouxamento das regras do direito antitruste para permitir que ela, com o dinheiro do BNDES, faça uma fusão e adquira uma concentração de mercado que, em princípio, não seria permitida pela lei antitruste?[31] Aqui vale aquela famosa máxima: "aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei". https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn29 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn30 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn31 4. E os ataques estatais à livre iniciativa e à livre concorrência? Quem pune? Ficando claro que a regulação antitruste é absolutamente desnecessária num ambiente de livre mercado, sendo mesmo incompatível com a idéia de livre concorrência, resta ainda um questionamento: na medida em que é o estado o único agente capaz de criar barreiras legais à entrada e, consequentemente, produzir monopólios, duopólios, oligopólios e cartéis, estes sim nocivos à economia, não seria interessante ter uma autoridade antitruste para combater justamente esses ataques estatais ao ambiente concorrencial? Sim, poderia até ser interessante, se a própria autoridade antitruste não fosse ela mesma um ente estatal. Por mais que os teóricos do direito administrativo moderno defendam a autonomia e a independência das agências reguladoras, como é o caso da autoridade antitruste, isso na prática não ocorre. Os burocratas dessas agências sabem, ainda que inconscientemente, que obedecem a "ordens" superiores, e qualquer passo fora da linha pode custar muito caro. Burocratas "autônomos e independentes", alheios às pressões dos altos escalões, não possuem vida longa na burocracia estatal. Para que minhas afirmações não sejam qualificadas como suposições ou ilações, vou dar alguns exemplos práticos. O que a autoridade antitruste faz quando o estado regulamenta profissões, criando "guildas" que impedem o livre exercício de ofício por qualquer pessoa? Nada, a despeito de isso ser uma violenta agressão à livre iniciativa.O que a autoridade antitruste faz quando o estado pratica protecionismo, impedindo, por exemplo, empresas estrangeiras de competir com empresas nacionais? Nada, a despeito de isso ser uma violenta agressão à livre concorrência. O leitor sabe que eu poderia citar 'n' outros exemplos de agressões estatais à livre iniciativa e à livre concorrência: regulamentações, licenças, autorizações etc. E a maioria dessas agressões é praticada justamente por "irmãs" da autoridade antitruste, as agências reguladoras: a ANAC impede que companhias aéreas estrangeiras façam voos domésticos; a ANCINE impõe cotas de programação nacional às empresas de TV a cabo; o BACEN impõe uma moeda e proíbe a criação de outras. E a autoridade antitruste faz o quê contra isso? Nada! Ela prefere ficar perseguindo empresas eficientes que estão conquistando consumidores oferecendo produtos e serviços que eles decidem comprar voluntariamente. Alguns podem objetar dizendo que a lei não confere poderes para a autoridade antitruste agir contra essas agressões estatais à livre iniciativa e à livre concorrência. Não é verdade. Como eu disse no início deste artigo, uma das funções da autoridade antitruste é a "advocacia da concorrência", que consiste na prática de difundir a importância da livre iniciativa e da livre concorrência para o funcionamento sadio do mercado. No mínimo, caberia à autoridade antitruste, diante dessas agressões estatais ao ambiente concorrencial, recomendar a não realização de tais práticas ou a sua cessação. Por que a autoridade antitruste não opina nos projetos de lei que regulamentam profissões, pedindo ao Congresso Nacional a não aprovação deles, ou recomendando ao Presidente o seu veto, em razão de eles configuraram uma agressão à livre iniciativa? Por que a autoridade antitruste não emite uma recomendação formal contra todas as medidas protecionistas orquestradas pela equipe econômica do governo federal, em razão de elas serem uma agressão à livre concorrência? Alguém já leu na grande mídia uma matéria noticiando que a autoridade antitruste brasileira fez algo desse tipo? 5. O que a nova lei realmente significa Murray Rothbard, talvez o mais brilhante aluno de Mises, nos alertou para o fato de que a burocracia estatal tende a crescer sempre, e para tanto vai convencer os políticos e a opinião pública de que sua missão é defender o interesse público. Portanto, ao passo que a tendência natural de empresas e instituições que operam no livre mercado é ser a mais eficiente possível em atender às demandas dos consumidores, a tendência natural da burocracia estatal é crescer, crescer e crescer, e tudo à custa dos espoliados, extorquidos e ignorantes pagadores de impostos. Se o lema da economia de mercado é o lucro, o lema da burocracia é o crescimento. Como esses respectivos objetivos devem ser alcançados? A maneira de se obter lucro em uma economia de mercado é superando seus concorrentes no dinâmico e continuamente volátil processo de satisfazer as demandas dos consumidores da melhor forma possível: criar restaurantes self-service em vez de restaurantes à la carte, notebooks em vez de computadores, ou mesmo inventar fotocopiadoras e máquinas fotográficas digitais. Em outras palavras, produzir bens ou serviços concretos, pelos quais os consumidores estarão dispostos a pagar. Por outro lado, para conseguir seu crescimento, o chefe da burocracia estatal terá de convencer a legislatura ou o comitê de planejamento de que seus serviços serão, de alguma maneira indefinida, benéficos ao "interesse público" ou ao "bem-estar da população como um todo".[32] A nova lei antitruste brasileira é uma prova cabal de que Rothbard estava certo. A lei cria nada menos do que 200 cargos, fato que fez o CADE procurar um novo endereço, numa área de aproximadamente 13 (treze) mil metros quadrados[33]. O contrato de aluguel saiu pela bagatela de R$ 44 milhões (quarenta e quatro milhões de reais).[34] https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn32 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn33 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn34 Não deve ter sido difícil para o CADE conseguir convencer o governo a aumentar seu poder e seu tamanho. O CADE arrecada muito dinheiro para os cofres públicos, mais até do que recebe do governo como dotação orçamentária[35]. Só para submeter um ato de concentração ao exame do CADE uma empresa paga R$ 45 mil (quarenta e cinco mil reais). As multas aplicadas são astronômicas, como as que o CADE aplicou à AMBEV[36] — R$ 350 milhões (trezentos e cinquenta milhões de reais) — e ao chamado "cartel dos gases"[37] — mais de R$ 2 bilhões (dois bilhões de reais). O meio empresarial já está chamando a autoridade antitruste brasileira de "Super CADE"[38], em razão de a lei ter aumentado seu poder e seu tamanho. Isso significa que as empresas devem ficar ainda mais atentas, infelizmente. Vale lembrar que isso gera um custo enorme para as empresas. Em nenhum aspecto podemos considerar positiva a atuação de organizações antitruste sobre o sistema econômico. Primeiro, ficar processando empresas, de forma praticamente aleatória, apenas reduz o grau de estabilidade econômica e dificulta qualquer plano de ação de longo prazo, principalmente para empresas de grande porte ou empresas em trajetória de crescimento. Segundo, ao impedir a livre fusão de empresas os ganhos derivados da fusão deixam de ser explorados (como ganhos em escala). Terceiro, é relevante para as empresas antecipar as consequências da atuação do CADE para seu ambiente de negócios. Por isso conseguir driblar a organização se torna mais um custo e mais uma complicação no grau de incerteza com que a empresa se defronta o que resulta no desperdício do conhecimento dos empreendedores no processo de descobrir como driblar esse tipo de órgão estatal. Em outras palavras, ao invés de se focar em servir aos consumidores, as empresas precisam se focar em como lidar com órgãos estatais criados para intervir no ambiente de negócios (onde o órgão antitruste é um deles), resultando na perda de eficiência do https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn35 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn36 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn37 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn38 processo de mercado. Por esses motivos eu defendo a extinção dessa organização.[39] Nada indica, porém, que o Super CADE vá combater, de alguma forma, os ataques estatais à livre iniciativa e à livre concorrência. Agências reguladoras vão continuar sendo criadas, e as já existentes vão aumentar seu poder cada vez mais, assim como fez o CADE. O governo continuará intervindo na economia, controlando a moeda, praticando protecionismo, anunciando pacotes de socorro a empresas em crise etc. A regulamentação de profissões continuará avançando, criando novos cartéis corporativos. Livre iniciativa e livre concorrência continuarão a existir apenas no papel. Na prática, continuaremos a ter uma iniciativa regulada e uma concorrência regulada. 6. Conclusão Eu já fui um entusiasta do direito antitruste e cheguei a trabalhar no CADE por quase 3 (três) anos. Estudando a fundo o assunto, sobretudo a partir da leitura dos economistas ligados à Escola Austríaca — muitos dos quais foram citados ao longo deste artigo —, convenci-me de que leis e órgãos antitruste são, realmente, desnecessários numa economia de livre mercado.Como bem disse o professor George Reisman: Legislações antitruste e agências reguladoras não têm lugar em uma sociedade livre. Legislações antitruste e agências reguladoras devem ser totalmente eliminadas. Seus conceitos filosóficos, políticos e econômicos devem ser totalmente desacreditados, e as leis que permitem sua prática devem ser eliminadas.[40] As leis antitruste fazem com que os empresários fiquem mais preocupados em atender às determinações arbitrárias dos burocratas do que as preferências dos consumidores[41]. Livre mercado significa justamente ausência de qualquer regulação estatal, inclusive a equivocada regulação antitruste. https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn39 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn40 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftn41 [1] O estudo teve a participação dos estudantes de Direito Patrick Coelho Campos Gappo, Adriel Santos Santana, Jean Monteiro, Odilon Cândido e Daniel Tisi, bem como a contribuição do economista Daniel Marchi, fundador do Grupo de Estudos de Escola Austríaca do DF, do qual faço parte. O relatório final do estudo está disponível no seguinte endereço eletrônico: http://www.congressodireitocomercial.org.br/2012/relatorios/ 2_ANALISE_CRITICA_DO_DIREITO_ANTITRUST.pdf. Parte das idéias do estudo também foram usadas por mim em minha palestra no referido congresso, a qual pode ser vista aqui: https://www.youtube.com/watch?v=ZaYjc6SEjzI. [2] SALOMÃO FILHO, Calixto. Direito concorrencial: as estruturas. 3ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 71. [3] FORGIONI, Paula. Os fundamentos do antitruste. 3ª Ed. São Paulo: RT, 2008, pp. 69/70. A opinião contrária mencionada nessa passagem é de Thomas DiLorenzo, que é citado pela professora Paula em algumas notas de rodapé, numa das quais ela o associa à Escola de Chicago. [4] ARMENTANO, Dominick. Antitrust: the case for repeal. https://mises.org/document/6061/ [5] DiLORENZO, Thomas. Anti-trust, anti-truth. http://mises.org/daily/436 [6] MALEK, Ninos P. Anti-trust is anti- competitive. http://mises.org/daily/1555 [7] DiLORENZO, Thomas. Anti-trust, anti-truth. http://mises.org/daily/436 [8] ARMENTANO, Dominick. Antitrust: the case for repeal. https://mises.org/document/6061/. Armentano destaca que em primeira instância a ALCOA foi absolvida, mas a Corte de Apelações https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref1 http://www.congressodireitocomercial.org.br/2012/relatorios/2_ANALISE_CRITICA_DO_DIREITO_ANTITRUST.pdf http://www.congressodireitocomercial.org.br/2012/relatorios/2_ANALISE_CRITICA_DO_DIREITO_ANTITRUST.pdf https://www.youtube.com/watch?v=ZaYjc6SEjzI https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref2 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref3 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref4 https://mises.org/document/6061/ https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref5 http://mises.org/daily/436 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref6 http://mises.org/daily/1555 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref7 http://mises.org/daily/436 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref8 https://mises.org/document/6061/ reformou tal decisão e a condenou, mesmo reconhecendo que ela conquistou mercado com base na sua maior eficiência. Uma decisão dessa não protege consumidores, mas concorrentes. [9] GALLES, Gary. 100 years of myths about Standar Oil. http://mises.org/daily/5274/100-Years-of-Myths-about-Standard-Oil. O professor Galles, da Pepperdine University, afirma que: "O problema com o mito do caso de preços predatórios da Standard Oil, que é a base da legislação antitruste e das montanhas de processos judiciais que ela tem gerado, é que os fatos não são apenas falsos, mas na verdade o oposto do que realmente aconteceu". [10] ARMENTANO, Dominick. Antitrust: the case for repeal. https://mises.org/document/6061/. [11] PIRES, Klauber Cristofen. Lei antitruste: proteção da concorrência ou dos concorrentes? http://www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=70. [12] DiLORENZO, Thomas. The truth about Sherman. https://mises.org/daily/331. [13] WOODS, Thomas. Monopólio e livre mercado: uma antítese. http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=366. [14] SENNHOLZ, Hans F. Monopólio bom e monopólio ruim: como são criados e como são mantidos. http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1057. [15] MISES, Ludwig von. Mercado, praxeologia, lucros e prejuízos. http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1107. [16] ABREU, Mariana Piaia. Metodologia brasileira de análise de atos de concentração horizontal: a perspectiva da Escola Austríaca versus o mainstream. Monografia disponível em http://www.mises.org.br/mwg- internal/de5fs23hu73ds/progress?id=4hX38LmKYQ. https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref9 http://mises.org/daily/5274/100-Years-of-Myths-about-Standard-Oil https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref10 https://mises.org/document/6061/ https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref11 https://www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=70 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref12 https://mises.org/daily/331 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref13 https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=366 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref14 https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1057 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref15 https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1107 https://www.mises.org.br/article/1319/a-nova-lei-antitruste-brasileira-uma-agressao-a-livre-concorrencia#_ftnref16 https://www.mises.org.br/mwg-internal/de5fs23hu73ds/progress?id=4hX38LmKYQ https://www.mises.org.br/mwg-internal/de5fs23hu73ds/progress?id=4hX38LmKYQ [17] REISMAN, George. Legislações antitruste e agências reguladoras não podem existir em uma sociedade livre. http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1210. [18] GARCIA, Alceu. Concorrência, monopólio e Estado. http://www.profpito.com/CONCORRENCIAMONOPOLIOEESTAD O.html. [19] PIRES, Klauber Cristofen. Lei antitruste: proteção da concorrência ou dos concorrentes? Monografia ainda não publicada. [20] GARCIA, Alceu. Crítica à economia política do professor Benayon. http://www.olavodecarvalho.org/convidados/0201.htm. [21] IORIO, Ubiratan Jorge. O processo de mercado. http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=636. [22] HORWITZ, Steven. A desorganização dos mercados. http://www.ordemlivre.org/2011/11/a-desorganizacao-dos- mercados/. [23] HORWITZ, Steven. A desorganização dos mercado: parte 2. http://www.ordemlivre.org/2011/12/a-desorganizacao-dos-mercados- parte-2/. [24] Sobre o assunto, conferir: DiLORENZO, Thomas. O mito do monopólio natural. http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1309. [25] Para entender melhor os erros dos conceitos econômicos que fundamentam o direito antitruste, conferir: ABREU, Mariana Piaia. Metodologia brasileira
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