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A INCOLUMIDADE PÚBLICA AOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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Prévia do material em texto

3
Coordenação
Leonardo Garcia
 coleção 
SINOPSES
para concursos
MARCELO ANDRÉ DE AZEVEDO
ALEXANDRE SALIM
2020
DIREITO PENAL
PARTE ESPECIAL - DOS CRIMES CONTRA 
A INCOLUMIDADE PÚBLICA AOS CRIMES 
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
8.ªedição
revista, atualizada e ampliada
Colecao sinopses_Direito penal v3_7 ed_.indb 3 17/01/2020 14:09:00
C a p í t u l o
IV
Crimes contra a 
Administração Pública
DOS CRIMES CONTRA 
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Dos crimes 
praticados por 
funcionário 
público 
contra a 
Administração 
em geral
(arts. 312 
a 327)
Dos crimes 
contra a 
Administração 
da Justiça 
(arts. 338 
a 359)
Dos crimes 
contra as
Finanças 
Públicas
(arts. 359-A 
a 359-H)
Dos crimes 
praticados 
por particular 
contra a 
Administração 
Pública 
estrangeira 
(arts. 337-B 
a 337-D)
Dos crimes 
praticados 
por particular 
contra a Ad-
ministração 
em geral
(arts. 328 
a 337-A)
1. INTRODUÇÃO
1.1. SISTEMATIZAÇÃO NO CÓDIGO PENAL
O Título XI dispõe sobre os crimes contra a administração pública, sendo divi-
dido em cinco capítulos: Capítulo I – dos crimes praticados por funcionário público 
contra a Administração em geral; Capítulo II – dos crimes praticados por particular 
contra a Administração em geral; Capítulo II-A (incluído pela Lei n. 10.467/02) – dos 
crimes praticados por particular contra a Administração Pública estrangeira; Capítu-
lo III – dos crimes contra a Administração da Justiça; Capítulo IV – dos crimes contra 
as Finanças Públicas (incluído pela Lei n. 10.028/00).
 ` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(CESPE – 2012 – TJ-RO – Analista) Foi considerada incorreta a seguinte alternativa: “Os 
crimes praticados por particular contra a administração pública incluem o desacato, a 
corrupção passiva e a desobediência”.
Colecao sinopses_Direito penal v3_7 ed_.indb 211 17/01/2020 14:09:12
212 Direito Penal – Vol. 3 • Marcelo André de Azevedo e Alexandre Salim
1.2. CRIMES FUNCIONAIS
O Capítulo I trata dos denominados crimes funcionais, já que o tipo penal 
exige a condição de funcionário público para o sujeito ativo. Os delitos funcionais 
são assim classificados:
a) Funcionais próprios: a condição de funcionário público é essencial para 
configuração do crime, de forma que, sem ela, não há sequer outro delito 
(o fato é atípico). Haverá uma atipicidade absoluta. Exemplo: prevaricação 
(art. 319).
b) Funcionais impróprios: a ausência da condição de funcionário público 
desclassifica a infração para outro tipo. Haverá uma atipicidade relativa. 
Exemplo: crime de peculato-apropriação (art. 312, caput) para apropriação 
indébita (art. 168).
 ` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
Foram consideradas corretas as seguintes alternativas:
(MP-SP – 2010 – Promotor de Justiça) “Crimes funcionais impróprios são aqueles que 
podem revestir-se de parcial atipicidade”.
(CESPE – 2012 – TJ-RO – Analista) “Considera-se crime funcional próprio aquele em que 
a qualidade de servidor público é essencial à sua configuração, e crime funcional 
impróprio, aquele que tanto pode ser cometido por servidor público como por quem 
não detém essa condição”.
1.3. CONCURSO DE PESSOAS
É possível que um particular (extraneus) concorra para o crime funcional 
praticado pelo funcionário público (intraneus) e, por conseguinte, aplicam-se as 
regras do concurso de pessoas.
Nos crimes funcionais o dado “funcionário público” é uma elementar normativa 
relacionada a uma condição do agente (natureza pessoal). Assim, nos termos do 
art. 30 do CP, as elementares se comunicam: “Não se comunicam as circunstâncias e 
as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”.
 ` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(MP-MS - 2018 - Promotor de Justiça Substituto) Foi considerada correta a seguinte al-
ternativa: “Na hipótese de terceira pessoa, que não é funcionária pública, instigar seu 
pai, este funcionário público, a cometer o crime de peculato-apropriação, responderá 
pelo crime, uma vez que se comunica a elementar do crime”.
(TRF2 – 2017 – Juiz Federal) Foi considerada incorreta a seguinte alternativa: “O parti-
cular que auxilia materialmente a prática de crime de peculato-desvio por seu amigo, 
que sabe ser servidor, responderá por apropriação indébita, tendo em vista lhe faltar 
a qualidade de funcionário público”.
(CESPE – 2016 – Polícia Civil-PE) Foi considerada correta a seguinte alternativa: “A cir-
cunstância de funcionário público é comunicável a particular que cometa o crime 
sabendo dessa condição especial do funcionário”.
Colecao sinopses_Direito penal v3_7 ed_.indb 212 17/01/2020 14:09:12
213Cap. IV • Crimes contra a Administração Pública 
(VUNESP – 2014 – PC-SP – Delegado de Polícia) “O crime de peculato: a) consiste em soli-
citar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida. 
b) é crime contra a administração da justiça. c) consiste em dar às verbas ou rendas 
públicas aplicação diversa da estabelecida em lei. d) embora seja crime próprio, ad-
mite a participação de agentes que não sejam funcionários públicos. e) mediante erro 
de outrem tem a mesma pena do crime de peculato”. Gabarito: D.
(UFPR – 2012 – TJ-PR – Juiz de Direito) “Quanto ao crime de peculato, é correto afirmar: 
a) Admite-se nas formas dolosa e culposa e é possível concurso de agentes com 
quem não é funcionário público. b) É crime próprio e somente pode ser cometido por 
funcionário público, não sendo possível o concurso de agentes com particular, sendo 
punível apenas a título de dolo. c) É crime próprio, sendo possível a coautoria ou par-
ticipação apenas de outro funcionário público, quando ambos só podem ser punidos 
a título doloso. d) É crime de mão própria, inadmitindo coautoria ou participação de 
quem quer que seja, punível a título de dolo e culpa”. Gabarito: A.
(CESPE – 2009 – PGE-PE – Procurador do Estado) Foi considerada correta a seguinte 
alternativa: “É possível haver coautoria entre funcionário público e pessoa que não é 
funcionário público nos chamados crimes funcionais”.
Porém, para evitar a responsabilidade penal objetiva, as elementares somente 
se comunicarão se o particular tiver conhecimento da qualidade de funcionário pú-
blico. Caso contrário, o particular poderá responder por outro tipo penal. Exemplo: 
o particular auxilia o funcionário a subtrair algum bem móvel que está em poder 
da administração pública, mas não sabe que se trata de funcionário público, o qual 
se vale dessa facilidade para a subtração. O funcionário responderá por peculato-
-furto (art. 312, § 1º) e o particular por furto qualificado (art. 155, § 4º, IV).
CRIME FUNCIONAL PRÓPRIO E IMPRÓPRIO
▪ O particular pode responder por crime funcional impróprio (ex.: peculato-furto), 
desde que tenha conhecimento da elementar “funcionário público” (elemento norma-
tivo, mas de caráter pessoal). Caso não seja do seu conhecimento, responderá por 
crime comum (ex.: furto).
▪ No entanto, se o particular ajudar o funcionário público a praticar crime funcional 
próprio (ex.: prevaricação), sem conhecer a condição funcional do autor, cometerá 
fato atípico.
1.4. CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, 
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou 
função pública.
§ 1º – Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou 
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora 
de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica 
da Administração Pública.
§ 2º – A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes 
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de 
Colecao sinopses_Direito penal v3_7 ed_.indb 213 17/01/2020 14:09:12
214 Direito Penal – Vol. 3 • Marcelo André de Azevedo e Alexandre Salim
função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, 
sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituídapelo poder público.
1.4.1. Servidor público
O termo funcionário público encontra-se desatualizado, pois a Constituição 
Federal utiliza a expressão servidor público. Mesmo assim, o Código Penal perma-
nece com a expressão. Assim, nos termos do art. 327, caput, do CP, para efeitos 
penais, considera-se funcionário público quem, embora transitoriamente ou sem 
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
 ` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(CESPE – 2016 – TRE-PI – Analista Judiciário) Foi considerada incorreta a seguinte alter-
nativa: “O detentor de cargo em comissão não é equiparado a funcionário público 
para fins penais”.
Lei de Licitações. Conforme o art. 84 da Lei nº 8.666/93, “Considera-se servidor 
público, para os fins desta Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou 
sem remuneração, cargo, função ou emprego público. § 1º Equipara-se a servidor 
público, para os fins desta Lei, quem exerce cargo, emprego ou função em enti-
dade paraestatal, assim consideradas, além das fundações, empresas públicas e 
sociedades de economia mista, as demais entidades sob controle, direto ou indi-
reto, do Poder Público. § 2º A pena imposta será acrescida da terça parte, quando 
os autores dos crimes previstos nesta Lei forem ocupantes de cargo em comissão 
ou de função de confiança em órgão da Administração direta, autarquia, empresa 
pública, sociedade de economia mista, fundação pública, ou outra entidade con-
trolada direta ou indiretamente pelo Poder Público”.
Lei de Mediação (Lei 13.140/2015): “Art. 8º – O mediador e todos aqueles que 
o assessoram no procedimento de mediação, quando no exercício de suas fun-
ções ou em razão delas, são equiparados a servidor público, para os efeitos da 
legislação penal”.
Lei de Abuso de Autoridade (Lei 13.869/2019): “Art. 2º - É sujeito ativo do crime 
de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da adminis-
tração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas 
não se limitando a: I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equi-
paradas; II - membros do Poder Legislativo; III - membros do Poder Executivo; IV 
- membros do Poder Judiciário; V - membros do Ministério Público; VI - membros 
dos tribunais ou conselhos de contas. Parágrafo único. Reputa-se agente público, 
para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou 
sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer 
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em 
órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo”.
Colecao sinopses_Direito penal v3_7 ed_.indb 214 17/01/2020 14:09:12
215Cap. IV • Crimes contra a Administração Pública 
1.4.2. Sentido amplo
A lei penal adota um conceito amplo de funcionário público, não se vinculando 
às definições do Direito Administrativo e, assim, ampliando a proteção dos 
interesses da Administração. Verifica-se que basta o exercício temporário de uma 
função pública, ainda que gratuita, para ser considerado funcionário público, a 
exemplo dos jurados no Tribunal do Júri e dos mesários no dia das eleições.
Emprego público: está relacionado ao vínculo celetista.
 ` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(FCC – 2015 – TCE-CE – Procurador de Contas) “Para efeitos penais, o conceito de 
funcionário público é diverso do que lhe empresta o Direito Administrativo. Define-
-se o emprego público como aquele: a) que mantém vínculo estatutário, regido pelo 
Estatuto dos Funcionários Públicos; b) ocupante com vínculo contratual, sob a regência 
da CLT; c) regido pelo conjunto de atribuições às quais não corresponda a um cargo 
público, não se exigindo concurso público; d) que não mantém vínculo com fundações 
ou sociedades de economia mista; e) ocupa cargo sob a égide da lei orgânica das 
carreiras de Estado”. Gabarito: B.
(VUNESP – 2015 – TJ-SP – Juiz de Direito) “Profissional nomeado pela assistência judi-
ciária para atuar como defensor dativo ingressa com ação contra o INSS, em favor da 
parte para a qual foi constituído, e posteriormente faz o levantamento do valor de-
vido. Contudo, não repassou o dinheiro à parte, cometendo o delito de: a) peculato, 
tendo em vista apropriar-se de dinheiro ou valor de que tem a posse em razão do 
cargo; b) furto mediante fraude, pois abusou da confiança da vítima; c) prevaricação, 
considerando que retardou ou deixou de praticar, indevidamente, ato de ofício; d) 
apropriação indébita, uma vez que tinha a posse ou detenção do numerário”. Gaba-
rito: A.
(MP-MG – 2014 – Promotor de Justiça) “O jurado, integrando o Conselho de Sentença, 
impôs como obrigação e recebeu do réu polpuda soma para absolver o homicida. 
Cometeu crime de: a) Extorsão. b) Prevaricação. c) Concussão. d) Corrupção passiva”. 
Gabarito: C.
(CESPE – 2013 – TRF5 – Juiz Federal) Foi considerada incorreta a seguinte alternativa: 
“Comete o delito de supressão de documento, e não o de corrupção passiva, o es-
tagiário de órgão de fiscalização ambiental que, em razão de sua atividade, solicita 
dinheiro para si, a fim de destruir autos de processo administrativo no qual conste 
lavrado auto de infração ambiental com a consequente aplicação de penalidade de 
multa a pessoa jurídica causadora do dano, pois se equipara, para fins de caracteriza-
ção do crime de corrupção passiva, a funcionário público quem exerce cargo, empre-
go ou função pública, com ou sem remuneração, salvo se na condição de estagiário”.
(ESAF – 2012 – Receita Federal – Auditor Fiscal) Foi considerada correta a seguinte alter-
nativa: “Perito Judicial é funcionário público para os fins do Código Penal”.
1.4.3. Munus público
Não são considerados funcionário públicos, para efeitos penais, aqueles que 
exercem certos encargos, como os inventariantes e depositários judiciais, os 
curadores, os tutores e os administradores judiciais (antigo síndico na falência). 
A propósito: “Depositário judicial não é funcionário público para fins penais, 
Colecao sinopses_Direito penal v3_7 ed_.indb 215 17/01/2020 14:09:12
216 Direito Penal – Vol. 3 • Marcelo André de Azevedo e Alexandre Salim
porque não ocupa cargo público, mas a ele é atribuído um munus, pelo juízo, em 
razão de bens que, litigiosos, ficam sob sua guarda e zelo” (STJ, 6ª T., HC 402.949, 
j. 13/03/2018).
1.4.4. Funcionário público por equiparação
Também será considerado funcionário público:
a) quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal.
Nem mesmo entre os administrativistas há unanimidade acerca do conceito 
das paraestatais. Hely Lopes Meirelles e seus atualizadores, na 21ª edição (1996) 
da obra Direito Administrativo Brasileiro (p. 62), refere que “são pessoas jurídicas 
de Direito Privado cuja criação é autorizada por lei específica para a realização 
de obras, serviços ou atividades de interesse coletivo. São espécies de entidades 
paraestatais as empresas públicas, as sociedades de economia mista e os serviços 
sociais autônomos (SESI, SESC, SENAI e outros)”. No entanto, já na 30ª edição (2005), 
o conceito foi alterado (“são pessoas jurídicas de Direito Privado que, por lei, 
são autorizadas a prestar serviços ou realizar atividades de interesse coletivo 
ou público, mas não exclusivos do Estado”), tendo sido retirados dois de seus 
exemplos (empresas públicas e sociedades de economia mista) e acrescentada 
uma nova espécie (organizações sociais – Lei n. 9.648/98).
Organizações Sociais: “A Sexta Turma deste Superior Tribunal de Justiça, 
por ocasião do julgamento do Recurso Especial nº 1.519.662/DF, também de 
minha relatoria, à unanimidade, assentou entendimento de que ‘o conceito de 
entidades paraestatais existente no § 1º do artigo 327 do Código Penal contempla 
as chamadas Organizações Sociais, estas previstas no âmbito federal pela Lei nº 
9.637/98 e na órbita distrital pela Lei nº 2.415/99’ (...)” (STJ, 6ª T., AgRg no REsp 
1575378, j. 20/09/2016).
Odispositivo não se refere, expressamente, às autarquias e fundações 
públicas. No entanto, na visão de Regis Prado, “para o legislador penal, 
autarquia e ente paraestatal se equivalem, não se podendo olvidar, ainda, que 
não há consenso nem mesmo entre os administrativistas a respeito da natureza 
jurídica da fundação pública, inclinando-se muitos a considerá-la uma espécie 
de autarquia” (Curso de Direito Penal Brasileiro, vol. 4, São Paulo: RT, 2006, p. 454).
Autarquias: “No Direito Penal prevaleceu, por meio de uma interpretação 
integradora, um conceito de funcionário público mais abrangente do que aquele 
definido pelo Direito Administrativo, que, a par do que já dizia o caput do artigo 
327 do CP, tanto englobou o rol reproduzido no § 2º deste dispositivo, como os 
próprios entes autárquicos” (STJ, 6ª T., REsp 1385916, j. 20/02/2014).
Independente da discussão acerca da abrangência do termo paraestatal, 
considera-se funcionário público para efeitos penais quem exerce cargo, 
emprego ou função em fundação pública, empresa pública e sociedade de 
Colecao sinopses_Direito penal v3_7 ed_.indb 216 17/01/2020 14:09:12
217Cap. IV • Crimes contra a Administração Pública 
economia mista, pois o próprio § 2º do art. 327 prevê a causa de aumento para 
certos agentes relacionadas a estes entes.
O STJ, julgando o AgRg no Ag 1001484/SC (5ª T, j. 14/09/2010), afirmou que “Nos 
termos da jurisprudência consolidada neste Tribunal e da doutrina consagrada, 
o empregado de sociedade de economia mista deve ser equiparado a 
funcionário público, para fins penais”. Já no HC 52.989 (5ª T, j. 23/05/2006), o 
STJ decidiu que “A teor do disposto no art. 327 do Código Penal, considera-se, 
para fins penais, o estagiário de autarquia funcionário público, seja como 
sujeito ativo ou passivo do crime. (Precedente do Pretório Excelso)”. No mesmo 
sentido: “Estagiário de órgão público que, valendo-se das prerrogativas de sua 
função, apropria-se de valores subtraídos do programa bolsa-família subsume-
se perfeitamente ao tipo penal descrito no art. 312, § 1º, do Código Penal – 
peculato-furto –, porquanto estagiário de empresa pública ou de entidades 
congêneres se equipara, para fins penais, a servidor ou funcionário público, 
lato sensu, em decorrência do disposto no art. 327, § 1º, do Código Penal” (STJ, 
6ª T., REsp 1303748, j. 25/06/2012).
b) quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou 
conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
Esta parte final foi incluída pela Lei n. 9.983/00. Assim, se a conduta foi 
praticada antes da referida legislação, não será possível a equiparação.
Com a alteração, “é possível a equiparação de médico de hospital particular 
conveniado ao Sistema Único de Saúde a funcionário público para fins penais” 
(STJ, 5ª T., REsp 1067653, j. 04/12/2009).
Por outro lado, o STJ pacificou o entendimento de que a Lei n. 9.983/00 não 
pode retroceder para equiparar a funcionário público médico credenciado ao 
SUS (AgRg no REsp 1101423, 5ª T., j. 06/11/2012).
 ` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(FUNDATEC – 2018 – PC-RS – Delegado de Polícia) Foi considerada incorreta a seguinte 
alternativa: “Médico de hospital privado, conveniado ao Sistema Único de Saúde, que 
constrange filho do paciente a entregar-lhe determinada quantia em dinheiro, sob 
pena de não realizar cirurgia, não pratica o crime de concussão”.
(TRF2 – 2017 – Juiz Federal) Foi considerada incorreta a seguinte alternativa: “Se João, 
médico particular, solicitar o pagamento de cem reais para atender paciente pelo 
Sistema Único de Saúde, ele não pratica crime funcional, já que não exerce atividade 
típica da Administração Pública”.
(TRF4 – 2016 – Juiz Federal) Foi considerada incorreta a seguinte alternativa: “Por não 
possuir a qualidade de funcionário público, quem trabalha, como empregado celetis-
ta, para uma empresa privada, prestadora de serviços, contratada para a execução 
de atividade típica da administração pública, não pode responder por crime que se 
insira na categoria dos crimes praticados por funcionários públicos contra a adminis-
tração pública”.
Colecao sinopses_Direito penal v3_7 ed_.indb 217 17/01/2020 14:09:12
218 Direito Penal – Vol. 3 • Marcelo André de Azevedo e Alexandre Salim
(CESPE – 2015 – TCU – Procurador do Ministério Público) Foi considerada incorreta a se-
guinte alternativa: “No que diz respeito aos crimes praticados contra a administração 
pública (...) O conceito de funcionário público não abrange a pessoa que trabalha para 
empresa civil prestadora de serviço contratada ou conveniada para exercer atividade 
típica da administração pública”.
(UFMT – 2014 – MP-MT – Promotor de Justiça) “Qual o tratamento penal para a conduta de Caio, 
médico servidor do Sistema Único de Saúde (SUS), que, em prejuízo do paciente Mévio, so-
licita ‘custos adicionais’ para realizar um exame já homologado por órgão previdenciário? 
a) Concussão. b) Estelionato. c) Conduta atípica. d) Corrupção passiva. e) Irrelevante penal”. 
Gabarito: D.
(FCC – 2012 – DPE-PR – Defensor Público) “Larissa sofreu grave acidente ao cair de 
sua bicicleta, ocorrendo traumatismo de mandíbula com fraturas múltiplas e avul-
são dentária. Foi levada ao pronto-socorro onde foi atendida pelo Dr. José das Cou-
ves, médico credenciado junto ao SUS, na especialidade de traumatologia. Embora 
ciente de que o SUS arcaria com as despesas, o médico condicionou o tratamento 
mediante o pagamento da quantia de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais), por 
fora, da mãe da acidentada, alegando que seria para pagar o anestesista e o pro-
tético, este último porque confeccionaria o aparelho ortodôntico. A mãe de Larissa 
pagou a quantia cobrada, face à premente necessidade de socorro da filha. Nestas 
circunstâncias: a) a conduta de cobrar a importância por médico do SUS tipifica o 
crime de corrupção passiva praticada por José. b) José praticou corrupção passiva e 
a mãe de Larissa, ao pagar a quantia cobrada, praticou o crime de corrupção ativa. 
c) José praticou conduta típica de concussão e a mãe de Larissa ao pagar a quantia 
cobrada apenas exauriu o crime praticado pelo médico. d) José praticou conduta 
típica de corrupção passiva e a mãe de Larissa ao pagar a quantia cobrada, apenas 
exauriu o crime praticado pelo médico. e) a conduta de José é atípica, pois estava 
legitimado a cobrar a diferença da baixa remuneração paga aos médicos pelo SUS”. 
Gabarito: C.
Administrador de loteria: “1. O § 1º do art. 327 do Código Penal dispõe que: 
“equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em 
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço con-
tratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração 
Pública” 2. Evidente que o agravante, na condição de administrador de Loteria, é 
equiparado a funcionário público para fins penais, porquanto executa atividade 
típica da Administração Pública que lhe foi delegada por regime de permissão. 
Consequentemente, não há como realizar a desclassificação do peculato para o 
crime de apropriação indébita, como pretendido no apelo extremo” (STJ, 5ª T., 
AREsp 679.651, j. 11/09/2018).
1.4.5. Abrangência do conceito para efeitos de sujeito passivo
Existe controvérsia se o conceito de funcionário público por equiparação 
(ampliação do conceito pelo § 1º) também pode se aplicar para fins de sujeito 
passivo do delito. Caso se permita essa ampliação, um funcionário público de 
uma sociedade de economia mista, por exemplo, poderia ser vítima de desacato 
(art. 331). Existem duas orientações:
Colecao sinopses_Direito penal v3_7 ed_.indb 218 17/01/2020 14:09:12
219Cap. IV • Crimes contra a Administração Pública 
1ª) Sustenta a inadmissibilidade da interpretação que amplia a abrangência 
da norma. Justifica-se que o conceito de funcionário está localizado no 
capítulo específico “dos crimes praticados por funcionário público” o que 
não permitiria a sua aplicação a outrosdelitos (Regis Prado, vol. 4, p. 456; 
Noronha, vol. 4, p. 205; Delmanto, p. 930; Damásio, vol. 4, p. 156).
2ª) Em sentido contrário posicionam-se Fragoso (vol. 3, p. 386) e Mirabete 
(vol. III, p. 262). Assim já decidiram as Cortes Superiores:
– STF: “Essa equiparação não tem em vista os efeitos penais somente 
com relação ao sujeito ativo do crime, mas abarca também o sujeito 
passivo” (HC 79823, 1ª T, j. 28/03/2000);
– STJ: “A teor do disposto no art. 327 do Código Penal, considera-se, 
para fins penais, o estagiário de autarquia funcionário público, seja 
como sujeito ativo ou passivo do crime” (HC 52989, 5ª T, j. 23/05/2006). 
Ainda: “O conceito de funcionário público ora disposto é diverso e 
mais amplo que aquele do Direito Administrativo e se aplica tanto 
ao sujeito ativo como ao sujeito passivo” (STJ, 5ª T., HC 402.964, j. 
21/11/2017).
1.4.6. Funcionário público estrangeiro
Nos moldes do art. 337-D, considera-se funcionário público estrangeiro, para 
os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, 
exerce cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em 
representações diplomáticas de país estrangeiro (incluído pela Lei n. 10467/02). 
Nos termos do parágrafo único, equipara-se a funcionário público estrangeiro 
quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas, diretamente 
ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organizações 
públicas internacionais (incluído pela Lei n. 10467/02).
1.4.7. Causa de aumento
Nos termos do § 2º do art. 327, a pena será aumentada da terça parte quando 
os autores dos crimes “praticados por funcionário público contra a Administração 
em geral” forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção 
ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia 
mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Parlamentares: “É incabível a causa de aumento do art. 327, § 2º, do Código 
Penal pelo mero exercício do mandato parlamentar, sem prejuízo da causa de 
aumento contemplada no art. 317, § 1º. A jurisprudência desta Corte, conquanto 
revolvida nos últimos anos (Inq 2606, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, 
julgado em 11/11/2014, DJe-236 DIVULG 01-12-2014 PUBLIC 02-12-2014), exige uma 
imposição hierárquica ou de direção (Inq 2191, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, 
Tribunal Pleno, julgado em 08/05/2008, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-084 DIVULG 
Colecao sinopses_Direito penal v3_7 ed_.indb 219 17/01/2020 14:09:12
220 Direito Penal – Vol. 3 • Marcelo André de Azevedo e Alexandre Salim
07-05-2009 PUBLIC 08-05-2009) que não se acha nem demonstrada nem descrita 
nos presentes autos” (STF, Pleno, Inq 3983, j. 03/03/2016).
Chefe do Poder Executivo: “O Governador do Estado, nas hipóteses em que 
comete o delito de peculato, incide na causa de aumento de pena prevista no 
art. 327, §2º, do Código Penal, porquanto o Chefe do Poder Executivo, consoan-
te a Constituição Federal, exerce o cargo de direção da Administração Pública, 
exegese que não configura analogia in malam partem, tampouco interpretação 
extensiva da norma penal, mas, antes, compreensiva do texto. 2. “A exclusão, do 
âmbito normativo da alusão da regra penal a ‘função de direção’, da chefia do 
Poder Executivo, briga com o próprio texto constitucional, quando nele, no art. 
84, II, se atribui ao Presidente da República o exercício, com o auxílio dos Minis-
tros de Estado, da direção superior da Administração Pública, que, obviamente, 
faz do exercício da Presidência da República e, portanto, do exercício do Poder 
Executivo dos Estados e dos Municípios, o desempenho de uma função de dire-
ção” (Inq 1.769/DF, Rel. Min. Carlos Velloso, Pleno, DJ 03.06.2005, excerto do voto 
proferido pelo Ministro Sepúlveda Pertence no leading case sobre a matéria). 
Consectariamente, não é possível excluir da expressão “função de direção de ór-
gão da administração direta” o detentor do cargo de Governador do Estado, cuja 
função não é somente política, mas também executiva, de dirigir a administração 
pública estadual. 3. As expressões “cargo em comissão” e “função de direção ou 
assessoramento” são distintas, incluindo-se, nesta última expressão, todos os 
servidores públicos a cujo cargo seja atribuída a função de chefia como dever 
de ofício” (STF, Pleno, Inq 2606, j. 04/09/2014). Ainda: “2. Peculato praticado por 
agente público graduado (Governador de Estado). Condenação. 3. Legalidade da 
dosimetria da pena aplicada. 3.1. Fixação da pena-base acima do mínimo legal 
em virtude da existência de circunstâncias judiciais desfavoráveis: culpabilidade, 
motivos, circunstâncias e consequências do crime. 3.2. Causa de aumento de 
pena prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal que se aplica aos detentores 
de mandato eletivo. Precedentes” (STF, 2ª T., HC 130389, j. 20/09/2016).
 ` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(CESPE – 2016 – TRE-PI – Analista Judiciário) Foi considerada correta a seguinte alterna-
tiva: “Caso os autores de crime contra a administração pública sejam ocupantes de 
função de direção de órgão da administração direta, as penas a eles impostas serão 
aumentadas em um terço”.
(CESPE – 2016 – Polícia Civil-PE) Foi considerada incorreta a seguinte alternativa: “Se 
forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento 
de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou 
fundação instituída pelo poder público, os autores de crimes contra a administração 
pública terão direito a redução de suas penas”.
Obs.: mesmo não configurando algum caso especificado no § 2º, certos car-
gos ou funções podem ser considerados na dosimetria da pena. Nesse senti-
do: “O fato de o delito de peculato ter sido praticado por um agente político 
(vereador), no exercício da legislatura, a quem o eleitor depositou confiança, 
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221Cap. IV • Crimes contra a Administração Pública 
esperando, assim, a lisura de sua atuação, demonstra especial reprovabilidade 
da conduta, a justificar o incremento da pena pela acentuada culpabilidade” (STJ, 
6ª T., HC 418.919, j. 06/03/2018).
 ` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(CESPE – 2018 – PC-MA – Delegado de Polícia Civil) Foi considerada incorreta a seguinte 
alternativa: “Ser membro de poder ou exercer cargo de elevada envergadura são 
circunstâncias irrelevantes para a formulação da pena-base dos crimes contra a ad-
ministração pública”.
1.5. EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
Nos termos do art. 7º, I, c, do CP, ficam sujeitos à lei brasileira, embora 
cometidos no estrangeiro, os crimes contra a administração pública, por quem 
está a seu serviço.
1.6. REPARAÇÃO DO DANO PARA PROGRESSÃO DE REGIME
Conforme o art. 33, § 4º, do Código Penal, o condenado por crime contra a 
Administração Pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena 
condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do 
ilícito praticado, com os acréscimos legais. Ao se referir a condenado, o legislador 
não fez distinção entre funcionário público e particular.
 ` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(FGV – 2018 – AL-RO – Advogado) Foi considerada correta a seguinte alternativa: “Tício, 
40 anos, na condição de funcionário público, foi condenado pela prática de crime de 
peculato em razão do desvio de quantia em dinheiro da Administração Pública, sendo 
aplicada pena de 06 anos de reclusão. Após ser apenado em regime inicial semiaberto, 
preencheu o requisito objetivo e pretende a progressão para o regime aberto. Conside-
rando apenas as informações narradas, é correto afirmar que Tício, para obter a pro-
gressão, deverá reparar o dano, além de preencher os demais requisitos gerais legais”.
(CESPE – 2015 – TCU – Procurador do MP) “No que diz respeito aos crimes praticados 
contra a administração pública, assinale a opção correta. A) Para efeitos penais, deve-
-se considerar a remuneração do cargo ou funçãoexercida pelo funcionário. B) A 
condenação de funcionário público em processo criminal decorrente de crime funcio-
nal prejudica o ajuizamento da ação de improbidade administrativa. C) A reparação 
do dano como condição para a progressão de regime prisional ou do cumprimento 
de pena é destinada tanto ao funcionário público quanto ao particular. D) Conforme 
previsão do CP, a agravante de violação de dever inerente ao cargo aplica-se ao crime 
de peculato. E) O conceito de funcionário público não abrange a pessoa que trabalha 
para empresa civil prestadora de serviço contratada ou conveniada para exercer 
atividade típica da administração pública”. Gabarito: C.
(IESES – 2013 – CRA-SC – Advogado) Foi considerada correta a seguinte alternativa: “No 
caso de condenação por crime contra a administração pública, a progressão de regi-
me do cumprimento da pena está condicionada à reparação do dano causado ou à 
devolução do produto do crime, com os acréscimos legais”.
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222 Direito Penal – Vol. 3 • Marcelo André de Azevedo e Alexandre Salim
1.7. EFEITO DA CONDENAÇÃO
De acordo com o art. 92, I, do Código Penal, é efeito secundário específico 
da condenação, de natureza extrapenal, a perda de cargo, função pública ou 
mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo 
igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou 
violação de dever para com a Administração Pública; b) quando for aplicada 
pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais 
casos. Tal efeito não é automático, devendo ser motivadamente declarado pelo 
juiz na sentença (parágrafo único do artigo 92 do Código Penal).
Conforme prevalece, há exceção na tortura e na organização criminosa, casos 
em que a condenação definitiva de agente público acarreta a perda do cargo 
como efeito automático da condenação. Fundamentos:
▪ Tortura (art. 1º, § 5º, da Lei nº 9.455/97): “A condenação acarretará a perda 
do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício 
pelo dobro do prazo da pena aplicada”.
▪ Crime organizado (art. 2º, § 6º, da Lei nº 12.850/13): “A condenação com 
trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, 
função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de 
função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao 
cumprimento da pena”.
No caso do crime de abuso de autoridade, o art. 4º da Lei 13.869/2019 prevê: 
“São efeitos da condenação: I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano 
causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na 
sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, 
considerando os prejuízos por ele sofridos; II - a inabilitação para o exercício de 
cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos; III - a 
perda do cargo, do mandato ou da função pública. Parágrafo único. Os efeitos 
previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados à ocorrência 
de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, 
devendo ser declarados motivadamente na sentença”.
 ` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(CESPE – 2019 – TJ-SC – Juiz de Direito) Foi considerada correta a seguinte alternativa: 
“Conforme o Código Penal e a legislação aplicável, constitui efeito automático da con-
denação criminal, que independe de expressa motivação em sentença, (...) no caso 
de servidor público condenado pela prática de crime de tortura, a perda do cargo 
ou da função pública e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena 
aplicada”.
(CESPE – 2015 – TCU – Procurador do Ministério Público) Foi considerada incorreta a se-
guinte alternativa: “Será automática a perda do cargo, se o crime funcional praticado 
com abuso de poder ou violação de dever para com a administração pública resultar 
em condenação a pena privativa de liberdade superior a quatro anos”.
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223Cap. IV • Crimes contra a Administração Pública 
(Aroeira – 2014 – PC-TO – Delegado de Polícia) “Nos crimes praticados com abuso de 
poder ou violação de dever para com a administração pública, a perda de cargo, 
função pública ou mandato eletivo constitui efeito da condenação, quando aplicada 
pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a: a) seis meses. b) um ano. 
c) dois meses. d) três anos. Gabarito: B.
(CESPE – 2013 – TC-DF – Procurador) Foi considerada incorreta a seguinte alternativa: 
“Nos crimes contra a administração pública, caso o servidor seja condenado a pena 
superior a um ano de prisão, por delito praticado com abuso de poder ou violação 
do dever para com a administração pública, poderá ser suspenso o efeito extrapenal 
específico da perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, disposto no CP, 
nos caso em que tenha havido substituição da pena privativa de liberdade por pena 
restritiva de direito”.
(FCC – 2012 – MP-AL – Promotor de Justiça) “Nos crimes praticados com violação do 
dever para com a administração pública, cabível a perda de cargo, função pública 
ou mandato eletivo quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou 
superior a: a) 04 (quatro) anos. b) 01 (um) ano. c) 06 (seis) meses. d) 02 (dois) anos. 
e) 03 (três) anos”. Gabarito: B.
1.8 DOSIMETRIA DA PENA E PREJUÍZO
Na hipótese de o prejuízo suportado pela Administração ser elevado, justifi-
ca-se a exasperação da pena-base em razão da severidade das consequências 
do delito. Nesse sentido: “Muito embora o legislador, quando da cominação 
das penas referentes a delitos praticados contra a Administração Pública, já 
tenha previsto a ocorrência de algum prejuízo aos cofres públicos, a Terceira 
seção desta Corte vem entendendo ser possível o agravamento da pena-base 
com fundamento no prejuízo sofrido pelos cofres públicos, nos delitos contra a 
ordem tributária e contra a Administração Pública, quando o valor do prejuízo 
representa montante elevado, dada a maior reprovabilidade da conduta” (STJ, 
5ª T., HC 430.902, j. 14/08/2018).
 ` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(TRF3 – 2018 – Juiz Federal) Foi considerada incorreta a seguinte alternativa: “De acor-
do com a jurisprudência sumulada do Superior Tribunal de Justiça, não é possível o 
agravamento da pena-base nos delitos praticados contra a Administração Pública com 
fundamento no elevado prejuízo causado aos cofres públicos”.
1.9 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNICA 
Na análise do primeiro elemento do crime (fato típico) deve ser verificada 
a tipicidade formal (adequação do fato à lei penal incriminadora), a tipicidade 
material (análise do desvalor da conduta e da lesão causada ao bem jurídi-
co protegido pela norma) e a tipicidade subjetiva (dolo e elementos subjeti-
vos especiais). Na tipicidade material pode incidir o denominado princípio da 
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224 Direito Penal – Vol. 3 • Marcelo André de Azevedo e Alexandre Salim
insignificância se presentes seus requisitos: a) mínima ofensividade da conduta 
do agente; b) nenhuma periculosidade social da ação; c) reduzidíssimo grau 
de reprovabilidade do comportamento; e d) inexpressividade da lesão jurídica 
provocada. 
No que tange aos crimes contra a Administração Pública, o STJ editou a Súmula 
599: “O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administra-
ção Pública”. 
Observações:
 A Súmula 599 não se aplica aos crimes tributários e de descaminho.
 A Súmula 599 pode ser mitigada diante do caso concreto: “(...) 3. A despeito 
do teor do enunciado sumular n. 599, no sentido de que ‘O princípio da insigni-
ficância é inaplicável aos crimes contra a administração pública’, as peculiarida-
des do caso concreto – réu primário, com 83 anos na época dos fatos e avaria de 
um cone avaliado em menos de R$ 20,00, ou seja, menos de 3% do salário mínimovigente à época dos fatos - justificam a mitigação da referida súmula, haja vista 
que nenhum interesse social existe na onerosa intervenção estatal diante da 
inexpressiva lesão jurídica provocada” (STJ, 6ª T., RHC 85272, j. 14/08/2018). Ainda: 
“Segundo entendimento sufragado pelo Superior Tribunal de Justiça, cristalizado 
na Súmula n.º 599/STJ, o “princípio da insignificância é inaplicável aos crimes con-
tra a administração pública”, sobretudo quando perpetrados no âmbito da Admi-
nistração Castrense, cujos valores institucionais e o próprio funcionamento estão 
alicerçados aos rigores da disciplina, da hierarquia, da ordem e da moralidade 
administrativa. Nesse panorama, deflui-se que a alegação de atipicidade mate-
rial da conduta denunciada, predicada pelo desvio temporário e não volitivo 
de produtos alimentícios avaliados na monta de R$250,00 (duzentos e cinquenta 
reais), não possui ressonância à jurisprudência desta Corte” (STJ, 6ª T., AgRg no 
AREsp 1450696, j. 05/09/2019).
 ` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(Inst. Acesso – 2019 – PC-ES – Delegado de Polícia) Foi considerada incorreta a 
seguinte alternativa: “Segundo o STJ, nenhum dos crimes contra a administra-
ção pública admite a incidência do princípio da insignificância”.
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225Cap. IV • Crimes contra a Administração Pública 
2. CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO 
EM GERAL
2.1. PECULATO
§ 1º. Aplica-se a mesma pena, se o fun-
cionário público, embora não tendo 
a posse do dinheiro, valor ou bem, o 
subtrai, ou concorre para que seja sub-
traído, em proveito próprio ou alheio, 
valendo-se de facilidade que lhe pro-
porciona a qualidade de funcionário.
Peculato-
furto
Art. 312. Apropriar-se o funcionário pú-
blico de dinheiro, valor ou qualquer ou-
tro bem móvel, público ou particular, de 
que tem a posse em razão do cargo, ou 
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena – reclusão, de dois a doze anos, e 
multa.
Peculato Peculato 
Peculato
Peculato-
apropriação 
e peculato-
desvio 
Peculat 
Peculatoo
§ 2º. Se o funcionário concorre culposa-
mente para o crime de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um 
ano.
Peculato 
culposo
§ 3º. No caso do parágrafo anterior, a re-
paração do dano, se precede à sentença 
irrecorrível, extingue a punibilidade; se 
lhe é posterior, reduz de metade a pena 
imposta.
Reparação 
do dano
1. Bem jurídico
A Administração Pública, no que se refere ao seu patrimônio e à sua 
moralidade.
2. Sujeitos
Trata-se de crime próprio, pois o tipo penal exige que o sujeito ativo seja fun-
cionário público. O particular (extraneus) pode ser coautor ou partícipe, desde 
que conheça a qualidade de funcionário do outro agente (art. 30 do CP).
 ` Como esse assunto foi cobrado em concurso?
(TRF3 – 2018 – Juiz Federal) Foi considerada incorreta a seguinte alternativa: “De acor-
do com a jurisprudência sumulada do Superior Tribunal de Justiça, a elementar do 
crime de peculato não se comunica aos coautores e partícipes estranhos ao serviço 
público”.
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