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Eva Carneiro HABILIDADES MÉDICAS ATLS 9ªed/ ATLS 10ªed/Manual de Urgências do Hospital alemão Oswaldo Cruz 1 Cesmac – P8/ Prof. Dr. Camilo Câmara • Em sua apresentação grave, pode resultar em insuficiência respiratória e choque; • Responsável por 20% das mortes por trauma nos EUA; • Mortes imediatas decorrentes de obstrução de vias aéreas, broncoaspiração ou hemopneumotórax graves; • Apenas 15 a 30% necessitam de toracotomia ou toracoscopia como tratamento; • Podem ser penetrantes ou contusos; • O traumatismo pode resultar em hipóxia, hipercapnia e acidose; e pode acarretar: 1. Lesão direta ao órgão 2. Lesão visceral decorrente de transmissão de energia 3. Secundaria a uma fratura de costela • Atentar que um trauma torácico grave pode levar o paciente a óbito por anormalidades em A, B e C • Seguir o ABCDE – os problemas críticos devem ser corrigidos à medida que são identificados. • A avaliação do B requer a abertura temporária do colar cervical nos doentes com trauma fechado – nesse caso, a imobilização (restrição dos movimentos) deve ser mantida segurando-se a cabeça do doente enquanto o colar é retirado. • Quanto à avaliação do C: os doentes com trauma torácico – especialmente na área do esterno ou decorrente de desaceleração rápida – são suscetíveis à contusão miocárdica, que pode levar a arritmias. • Aumento da FR • Mudança no padrão dos movimentos da caixa torácica – movimentos respiratórios superficiais • A cianose é um sinal tardio de hipóxia no doente traumatizado, a ausência dela, entretanto, não implica necessariamente oxigenação tecidual adequada ou via aérea permeável. • Obstrução de via aérea – estridor • Pneumotórax hipertensivo • Pneumotórax aberto – ferida torácica aspirativa • Tórax instável com contusão pulmonar e hemotórax maciço – retalho costal móvel • Após a intubação, uma das causas comuns de perda do murmúrio vesicular no hemotórax esquerdo é a intubação do brônquio principal direito. Durante a reavaliação, certifique-se da posição do tubo endotraqueal antes de assumir que a alteração no exame físico seja resultante de pneumotórax ou hemotórax. • O choque decorrente dessa situação é consequente à acentuada diminuição do retorno venoso, determinando uma queda do débito cardíaco, e é denominado choque obstrutivo. • A causa mais comum de pneumotórax hipertensivo é a ventilação mecânica com pressão positiva em doentes com lesão da pleura visceral. • Outras etiologias que podem haver: 1. Complicação de um pneumotórax simples devido a trauma penetrante ou fechado do tórax no qual não ocorreu o fechamento da lesão do parênquima pulmonar; 2. Após tentativas mal direcionadas de inserção de cateter venoso central, seja por via subclávia ou jugular interna; 3. Lesões traumáticas da parede torácica seja porque a lesão constitui um mecanismo valvar unidirecional ou porque foi recoberta, incorretamente, por um curativo oclusivo; Eva Carneiro HABILIDADES MÉDICAS ATLS 9ªed/ ATLS 10ªed/Manual de Urgências do Hospital alemão Oswaldo Cruz 2 Cesmac – P8/ Prof. Dr. Camilo Câmara 4. Fraturas com grande desvio da coluna torácica. • DIAGNÓSTICO É clínico e reflete ar sob pressão no espaço pleural. Por isso, o tratamento não deve ser adiado à espera de confirmação radiológica. • SINAIS E SINTOMAS 1. Dor torácica 2. Dispneia importante 3. Desconforto respiratório 4. Taquicardia 5. Hipotensão 6. Desvio da traqueia para o lado contralateral à lesão 7. Ausência unilateral de MV 8. Elevação do hemitórax sem movimento respiratório 9. Distensão das veias cervicais 10. Cianose – como manifestação tardia ATENÇÃO: os sinais e sintomas são semelhantes com o tamponamento cardíaco. A diferenciação pode ser feita por timpanismo notado à percussão, desvio da traqueia e ausência de MV no hemitórax afetado – que são sinais de pneumotórax hipertensivo. • CONDUTA: 1. Descompressão imediata, inicialmente com: inserção de agulha de grosso calibre no 2º EIC, na linha médioclavicular do hemitórax afetado – se bem sucedida vai converter a lesão em um pneumotórax simples. 2. Tratamento definitivo: inserção de um dreno torácico no 5º EIC (normalmente no nível do mamilo), imediatamente anterior à linha axilar média. • Resulta da entrada de ar no espaço virtual entre a pleura visceral e a parietal. A presença de ar no espaço pleural rompe a força de adesão entre as pleuras visceral e parietal, permitindo o colabamento do pulmão. • Tanto o trauma penetrante como o fechado podem causar pneumotórax. • A laceração pulmonar com vazamento de ar é a causa mais comum de pneumotórax após um trauma fechado. • CLÍNICA: o MV está diminuído no lado afetado e a percussão demonstra hipertimpanismo. *Como é difícil a ausculta na sala movimentada, uma RX de tórax AP, em expiração, pode auxiliar no diagnóstico. • TRATAMENTO: todo pneumotórax é tratado melhor com a inserção de um dreno de tórax no 4º ou 5º EIC, anteriormente à linha axiliar média. *Drenagem torácica. Ou, se médico qualificado presente, fazer aspiração e observação do pneumotórax. OBS: após a inserção de um dreno de tórax e sua adaptação a um sistema de selo d’água com ou sem aspiração, é necessária uma nova radiografia de tórax para confirmar a reexpansão pulmonar. ATENÇÃO: um pneumotórax simples pode transformar-se prontamente em pneumotórax hipertensivo com risco à vida, particularmente quando seu diagnóstico inicial não é feito e o doente é submetido a ventilação com pressão positiva. : os doentes que apresentam PNEUMOTÓRAX TRAUMÁTICO ou que tenham RISCO de desenvolver um PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO no transoperatório, NÃO DEVEM SER SUBMETIDOS À ANESTESIA GERAL ou a VENTILAÇÃO com PRESSÃO POSITIVA até que tenham o tórax drenado. • Grandes ferimentos da parede torácica, que permanecem abertos resultam em pneumotórax aberto, também denominado ferida torácica aspirativa. Eva Carneiro HABILIDADES MÉDICAS ATLS 9ªed/ ATLS 10ªed/Manual de Urgências do Hospital alemão Oswaldo Cruz 3 Cesmac – P8/ Prof. Dr. Camilo Câmara • Nessas condições, o equilíbrio entre as pressões intratorácica e atmosférica é IMEDIATO. O ar tende a passar pelo local de menor resistência, por isso, se a abertura da parede torácica é de aproximadamente 2/3 do diâmetro da traqueia ou maior, nos esforços respiratórios o ar passa preferencialmente pela lesão da parede. Por isso, a ventilação efetiva é prejudicada, resultando em hipóxia e hipercapnia. • TRATAMENTO: 1. Inicial: curativo que cubra todo o ferimento e deve ser fixado com fita adesiva em 3 de seus lados para produzir um efeito de válvula unidirecional: Atenção: um dreno de tórax deve ser inserido LONGE do ferimento assim que possível. OBS: Qualquer curativo oclusivo (gaze vaselinada, lâmina de plástico, etc.) pode ser usado como medida temporária de modo a permitir que a avaliação prossiga rapidamente. 2. Procedimento cirúrgico: fechamento do ferimento. • Ocorre quando um segmento da parede torácica não tem mais continuidade óssea com a caixa torácica. • Lesão mais grave da parede torácica • Geralmente é consequência de um trauma que provoca múltiplas fraturas de arcos costais, ou seja, duas ou mais fraturas em dois ou mais lugares. • O movimento paradoxal durante a inspiração e expiração – devido à instabilidade da parede torácica – isoladamente, não causa hipóxia. • As maiores repercussões do tórax instável provêm da lesão pulmonar subjacente (contusão pulmonar). Se essa for grande, poderá ocorrer hipóxia grave. OBS: os fatores que mais contribuem para gerar a hipóxia são a dor associada à restrição dos movimentos ventilatórios e a lesão do parênquima pulmonar. Atenção: O tórax instável pode não ser aparenteinicialmente, pelo efeito de suporte da própria parede torácica. Neste caso, o doente respira com dificuldade e o movimento é assimétrico e descoordenado. • Exame físico: a palpação dos movimentos respiratórios anormais e de crepitação decorrente de fraturas de arcos costais ou de cartilagens. • Exame complementar: radiografia de tórax – pode sugerir fraturas múltiplas de arcos costais, mas pode não mostrar a disjunção costocondral • TRATAMENTO: 1. Inicial: correção da Hipoventilação – administração de oxigênio umidificado e reposição volêmica. *Na ausência de hipotensão sistêmica, a administração intravenosa de soluções Eva Carneiro HABILIDADES MÉDICAS ATLS 9ªed/ ATLS 10ªed/Manual de Urgências do Hospital alemão Oswaldo Cruz 4 Cesmac – P8/ Prof. Dr. Camilo Câmara cristaloides deve ser cuidadosamente controlada para evitar uma hiper-hidratação, que pode agravar a ventilação do doente. 2. Definitivo: garantir melhor oxigenação possível (drenagem/intubação – IOT), administrar líquidos e providenciar analgesia para melhorar a ventilação. Pode-se utilizar narcóticos endovenosos ou anestésicos locais, que evitam uma possível depressão respiratória, associada à narcose sistêmica. *As opções de administração de anestésicos locais incluem: bloqueio intermitente do nervo intercostal, e anestesia intrapleural, extrapleural ou peridural. – Agentes anestésicos locais podem produzir uma analgesia excelente e evitar a necessidade de intubação. PORÉM, a prevenção da hipóxia é prioridade no trauma, por isso, pode ser conveniente um CURTO PERÍODO DE INTUBAÇÃO E VENTILAÇÃO até que se complete o diagnóstico de todas as lesões. OBS: O momento apropriado para a intubação e a ventilação é definido pela avaliação cuidadosa da frequência respiratória, da pressão parcial de oxigênio arterial e pela estimativa do trabalho respiratório. • É a lesão do parênquima pulmonar; • Pode ocorrer sem fraturas de arcos costais ou tórax instável (retalho costal móvel), particularmente em doentes jovens com arcos costais ainda não calcificados por completo. *Contudo, a contusão pulmonar é a lesão torácica potencialmente letal mais comum em adultos portadores de fraturas de arcos costais. • Inicia em minutos ou horas e permanece por dias; • Ocorre: edema, hemorragia em espaço alveolar, perda de função; *A insuficiência respiratória pode ser pouco evidente e desenvolver-se não imediatamente, mas progressivamente. • Exame complementar: RX/TC • Tratamento: 1. Requer VM (ventilação mecânica) em 50% dos casos; 2. O2 suplementar/controle de dor/IOT com pressão positiva; 3. Monitorização com oximetria de pulso, gasometria arterial, restrição hídrica, ECG. OBS: Esse paciente se comporta como tendo um edema agudo de pulmão. ATENÇÃO: Evite subestimar a gravidade da lesão pulmonar por traumatismo fechado. A contusão pulmonar pode se apresentar com uma ampla variedade de sinais clínicos que frequentemente não se correlacionam com os achados da RX de tórax. Geralmente a monitorização cuidadosa da ventilação, oxigenação e da quantidade de fluidos é necessária por muitos dias. Com o tratamento apropriado, a VM pode ser evitada. • Acúmulo de sangue e líquidos em um hemitórax, gerando compressão do pulmão pela limitação da ventilação normal, prejudicando de forma significativa o esforço respiratório. • < 1.500mL de sangue • Causa mais comum: laceração pulmonar ou a ruptura de um vaso intercostal ou da artéria mamária interna devido tanto a trauma penetrante quanto a trauma contuso. *Origem pode ser do parênquima, vv. intercostais, partes moles, aa vv. pulmonares, aa torácica interna, coração, grandes vasos; *Fraturas da coluna torácica também podem levar ao hemotórax. • O acúmulo maciço de sangue pode resultar em hipotensão e choque; • Clínica: Diminui o MV, dispneia, macicez; • Sangramento autolimitado e não necessita de tratamento cirúrgico. • Exame complementar: RX/TC; *Hemotórax agudo suficiente para aparecer na radiografia de tórax deve ser tratado com um dreno de tórax de grosso calibre (36 ou 40 French). O dreno remove o sangue, diminui o risco de formação de coágulos e também serve como método de monitorização de sangramento. *A evacuação de sangue ou líquidos contidos na pleura permite também uma avaliação mais precisa de potenciais lesões diafragmáticas. • Exploração cirúrgica só está indicada quando: Eva Carneiro HABILIDADES MÉDICAS ATLS 9ªed/ ATLS 10ªed/Manual de Urgências do Hospital alemão Oswaldo Cruz 5 Cesmac – P8/ Prof. Dr. Camilo Câmara 1. Drenagem inicial for igual a 1500mL; 2. Ocorrer drenagem de mais de 200mL/h durante 2 a 4 horas; 3. Tornar-se necessária a transfusão contínua de sangue 4. Estado hemodinâmico do paciente. OBS: Um hemotórax simples não evacuado completamente pode resultar num hemotórax coagulado retido com encarceramento pulmonar e, se infectado, transformar-se em empiema. • Resulta do acúmulo rápido de 1500mL (1,5L) de sangue ou de um terço ou mais do volume de sangue do doente na cavidade torácica. • É causado, mais comumente, por ferimentos penetrantes que dilacerem os vasos sistêmicos ou hilares. Contudo, pode também ser resultado de um trauma contuso. • Nos doentes com hemotórax maciço, as veias do pescoço podem estar colabadas devido à grave hipovolemia ou distendidas quando existir um pneumotórax hipertensivo concomitante. OBS: em casos raros, os efeitos mecânicos de um hemotórax maciço podem deslocar o mediastino a ponto de causar a distensão das veias cervicais. • Um hemotórax maciço é diagnosticado pela associação de choque com ausência de murmúrio vesicular e/ou macicez à percussão de um dos hemitóraces. • A perda sanguínea é complicada pela hipóxia. • TRATAMENTO: 1. Inicial: reposição do volume sanguíneo e descompressão (drenagem) da cavidade torácica de forma simultânea; 2. Conseguir acesso venoso com cateter calibroso, inicial infusão de cristaloide e, assim que possível, administrar sangue tipo-específico. *O sangue removido através do dreno de tórax deve ser coletado em um dispositivo que permita a autotransfusão. 3. Inserir dreno de tórax (nº 36 ou 40 French), geralmente ao nível do mamilo, anteriormente à linha axilar média, e continuar com a reposição volêmica rápida à medida em que se completa a descompressão da cavidade torácica. OBS: Se houver suspeita de hemotórax maciço, deve-se preparar-se para a autotransfusão. • Indicações para toracotomia de urgência: 1. Se o volume drenado imediatamente for de aproximadamente 1500mL; 2. Doentes que apresentam débito inicial menor que 1500mL, mas continuam sangrando; 3. Debito persistente de 200-300ml nas primeiras 3-4h 4. Necessidade persistente de transfusões sanguíneas; 5. Ferimentos torácicos penetrantes anteriores e medias à linha dos mamilos ou posteriores e medias às escápulas – eventual necessidade de toracotomia, pela possível lesão dos grandes vasos, das estruturas hilares e do coração, com risco potencial de tamponamento cardíaco. *A toracotomia não está indicada a não se não houver cirurgião qualificado por seu treinamento e experiente. OBS: A decisão não é baseada apenas no volume de sangue que continua drenando por hora (200mL/h por 2 a 4 horas), mas também pelo estado fisiológico do doente. Atenção: a coloração do sangue (arterial ou venoso) não é um bom indicador para avaliar a necessidade ou não de toracotomia. Tanto o pneumotórax hipertensivo quanto o hemotórax maciço estão associados à diminuição do MV na ausculta. A diferenciação no exame físico é feita pela percussão; o hipertimpanismo confirma um pneumotórax, enquanto a macicez confirma um hemotórax maciço. Frequentemente a traqueia está desviada no pneumotórax hipertensivo e o hemitóraxdo lado afetado pode estar hiperexpandido e sem movimento respiratório. Eva Carneiro HABILIDADES MÉDICAS ATLS 9ªed/ ATLS 10ªed/Manual de Urgências do Hospital alemão Oswaldo Cruz 6 Cesmac – P8/ Prof. Dr. Camilo Câmara • Resulta, mais comumente, de ferimentos penetrantes. Contudo, o trauma contuso também pode causar um derrame pericárdico de sangue proveniente do coração, dos grandes vasos ou dos vasos pericárdicos. • O tamponamento cardíaco pode desenvolver- se lentamente, permitindo uma avaliação mais tranquila, ou pode ocorrer rapidamente, requerendo rápido diagnóstico e tratamento. • O saco pericárdico humano é uma estrutura fibrosa inelástica; uma pequena quantidade de sangue já é suficiente para restringir a atividade cardíaca e interferir no enchimento cardíaco. • DIAGNÓSTICO: 1. Presença da tríade de Beck: 1.1. Elevação da pressão venosa (turgência de jugular); 1.2. Diminuição da pressão arterial; 1.3. Abafamento das bulhas cardíacas. *No entanto, as bulhas abafadas podem ser difíceis de serem auscultadas no serviço de emergência e a distensão das veias cervicais podem estar ausentes devido à hipovolemia. *Além disso, o pneumotórax hipertensivo, particularmente à esquerda, pode mimetizar o tamponamento cardíaco. 2. Sinal de Kussmaul (aumento da pressão venosa na inspiração durante a respiração espontânea) reflete um comportamento paradoxal da pressão venosa efetivamente associado ao tamponamento. 3. A AESP sugere tamponamento cardíaco, mas existem outras causas, como listado no resumo de atendimento inicial ao politrauma. 4. FAST: método de imagem rápido e preciso para avaliar o coração e o pericárdio. Apresente acurácia de 90 a 95% para presença de líquido no pericárdio quando realizado por profissional experiente. *Hemotórax concomitante pode contribuir para ambos resultados do exame ultrassonográfico: falso-positivo e falso- negativo. *O diagnóstico pode ser realizado frequentemente pelo FAST. *Se um cirurgião estiver presente, a cirurgia deve ser realizada para aliviar o tamponamento. 5. Janela Pericárdica: é considerada padrão- ouro para ferimentos cardíacos, pois identifica ou exclui rapidamente a presença de lesão, é de técnica fácil, alta sensibilidade e especificidade, e baixa morbidade. Deve ser realizada em pacientes hemodinamicamente estáveis e com ferimentos nas áreas de risco de Ziedler ou Sauer-Murdock. É indicada tanto no diagnóstico como no tratamento. 6. Pericadiocentese subxifoidea: quando a intervenção cirúrgica não for possível, este procedimento pode ser tanto diagnóstico como terapêutico, mas não constitui em tratamento definitivo para essa condição. *Pode não ser nem diagnóstica e nem terapêutica se o sangue no pericárdio estiver coagulado. 6.1. Utilizar agulha recoberta por cateter de plástico ou inserir cateter flexível pela técnica de Seldinger – porém, a Eva Carneiro HABILIDADES MÉDICAS ATLS 9ªed/ ATLS 10ªed/Manual de Urgências do Hospital alemão Oswaldo Cruz 7 Cesmac – P8/ Prof. Dr. Camilo Câmara prioridade é aspirar o sangue do saco pericárdico. 6.2. Incisão de 5-8 cm sobre o apêndice xifoide até a linha alba. Inserir o dreno no espaço pericárdico. 6.3. Se a USG estiver disponível, ela pode facilitar a acurácia da inserção da agulha para o espaço pericárdico. 7. Deve-se repor fluidos endovenosos a fim de aumentara pressão venosa e assim haver melhora transitória do débito cardíaco enquanto se fazem os preparativos para a cirurgia. OBS: o diagnóstico e a evacuação imediata de sangue coletado no saco pericárdico são indicados em doentes que não respondem às medidas habituais de reanimação para o choque hemorrágico e que potencialmente são suspeitos de tamponamento cardíaco. • TRATAMENTO: 1. Pela característica de autovedação do miocárdio, a simples aspiração do sangue do saco pericárdico pode aliviar temporariamente os sintomas de tamponamento. 2. TODOS os doentes com tamponamento agudo e com pericardiocentese positiva necessitarão de uma cirurgia para a inspeção do coração e o reparo da lesão. 3. A pericardiotomia via toracotomia é indicada apenas quando um cirurgião habilitado estiver disponível. • Incomum e potencialmente fatal, frequentemente passa despercebida no exame inicial. • Muitos morrem no local de trauma • No trauma fechado, a maioria dessas lesões ocorrem próximo à carina (2 ou 3cm). • Hemoptise, enfisema subcutâneo ou pneumotórax • Suspeita: expansão incompleta após drenagem torácica • Necessidade de aposição de mais um dreno Para que consiga escoar aquela quantidade de ar • Diagnóstico: confirmado com a broncoscopia • Em pacientes estáveis: o tratamento cirúrgico pode ser postergado até a resolução do processo inflamatório agudo e do edema local. • Cirurgia imediata em paciente instáveis OBS: Para garantir o fornecimento adequado de oxigênio, pode ser necessária, em caráter temporário, a intubação seletiva do brônquio-fonte do pulmão oposto. • Pode resultar em contusão do músculo cardíaco, ruptura das câmaras, dissecção e/ou trombose das artérias coronárias ou laceração valvular. • A ruptura de câmara cardíaca manifesta-se tipicamente por tamponamento cardíaco e deve ser reconhecida durante a avaliação primária. *No caso de uma ruptura atrial, os sinais e sintomas de um tamponamento cardíaco podem surgir lentamente. A utilização precoce do FAST pode facilitar o diagnóstico. • Acarreta hipotensão, disfunções miocárdicas. Podem queixar-se de desconforto torácico. *Embora tais queixas sejam atribuídas comumente a contusões de parede torácica ou a fratura do esterno e/ou dos arcos costais. • Diagnóstico definitivo: inspeção direta do miocárdio. *A dosagem da enzima cardíaca CKMB não tem valor diagnóstico de lesão miocárdica, por encontrar rotineiramente com valores aumentados decorrentes de injúria muscular sistêmica pelo impacto do trauma. • Sequelas importantes da contusão miocárdica: 1. Hipotensão 2. Arritmias e/ou anormalidades da motilidade na parede vistas na ecocardiografia bidimensional – alterações eletrocardiográficas são variáveis e podem Eva Carneiro HABILIDADES MÉDICAS ATLS 9ªed/ ATLS 10ªed/Manual de Urgências do Hospital alemão Oswaldo Cruz 8 Cesmac – P8/ Prof. Dr. Camilo Câmara até indicar um infarto miocárdico evidente. • Achados eletrocardiográficos comuns: 1. Extrassístoles ventriculares múltiplas 2. Taquicardia sinusal inexplicada; 3. Fibrilação atrial; 4. Bloqueio de Ramo – geralmente direito 5. Alterações no segmento ST • Monitorização continua nas primeiras 24h após o trauma, pois apresentam risco de desenvolver arritmias súbitas. • Aqueles doentes sem alterações eletrocardiográficas NÃO requerem monitorização. • Tratamento: cirurgia OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Ferimentos cardíacos penetrantes: Suspeite de que atingiu o coração • Limites da Área de Ziedler: 1. Linha paraesternal direita 2. Linha axilar anterior esquerda 3. 2ª espaço intercostal 4. Linha transversal 10ª costela • Limites da área de Sauer-Murdock: 1. Superior: linha que passa pela incisura supraesternal 2. Lateral: Linhas médioclaviculares 3. Inferior: Linha da região epigástrica • Maioria lesão do esôfago cervical (desprotegido) • A ruptura esofágica por trauma fechado, embora muito rara, pode ser letal se não reconhecida. • Mais frequente por traumas penetrantes • A lesão do esôfago é causada por uma expulsão forçada do conteúdo gástrico para o esôfago, decorrente de um golpe forte no abdome superior. Essa ejeção forçada produz lacerações lineares no esôfago inferior, permitindo o escape para o mediastino. A mediastinite resultante e a ruptura imediata ou tardia para o espaço pleural causam o empiema. • Quadro clínico: disfagia,sialorreia, saliva pela ferida, ar pela ferida, enfisema subcutâneo. Observação: Deve-se considerar uma possível lesão esofágica em todo paciente que apresenta pneumotórax ou hemotórax à esquerda sem fraturas de arcos costais, foi vítima de golpe em região esternal inferior ou no epigástrio, apresenta dor ou quadro de choque fora de proporção com a lesão aparente e elimina material suspeito através do dreno de tórax quando o sangue começa a clarear. • DIAGNÓSTICO: RX pode sugerir, mas ideal TC com contraste oral e/ou esofagograma, esofagoscopia; *A presença de ar no mediastino também sugere o diagnóstico, que frequentemente pode ser confirmado por estudos contrastados e/ou Esofagoscopia. • TRATAMENTO: 1. Ampla drenagem do espaço pleural e do mediastino com sutura primária da lesão através da toracotomia; Observação: quando a ampla drenagem é realizada nas primeiras horas após o trauma, a correção cirúrgica tem um prognóstico mais satisfatório. • Comuns em traumas fechados • Pode acarretar lesões de partes moles, contusões, fraturas simples ou complexas de costela • Tórax instável é a manifestação mais grave • Os arcos costais são os componentes da caixa torácica mais comumente lesados. • Simples: acompanhada de dor e sensibilidade local aumentada, crepitação e enfisema • Múltiplas: Associada a contusão pulmonar • Fraturas inferiores: atentar para trauma abdominal associado *A existência de fraturas dos últimos arcos costais (10 a 12) deve aumentar a suspeita de trauma hepatoesplênico. • Se em primeiras costelas: associa-se a trauma de maior energia e maior gravidade. Eva Carneiro HABILIDADES MÉDICAS ATLS 9ªed/ ATLS 10ªed/Manual de Urgências do Hospital alemão Oswaldo Cruz 9 Cesmac – P8/ Prof. Dr. Camilo Câmara *As fraturas de escápula e do 1º ou 2ª arco costal ou do esterno sugerem lesão traumática de magnitude tal a colocar em risco outros segmentos como a cabeça, pescoço, medula espinhal, os pulmões e os grandes vasos. A mortalidade pode chegar a 35%. • Investigar contusão pulmonar, hemotórax e pneumotórax. *Cuidado com tórax instável = respiração paradoxal • Radiografia de tórax/TC: deve ser solicitada fundamentalmente para descartar outra lesão intratorácica e não apenas para identificar fratura de ossos costais. *Pois, uma deformidade palpável ou visível já sugere fratura de arcos costais. • Complicações: Hipoventilação, atelectasia, dificuldade de tosse, hipersecreção, pneumonia – principalmente em idosos, é preocupante, a incidência de pneumonia e morte é o dobro que em doentes jovens. • Tratamento: analgesia oral, venosa, bloqueio intercostal, melhoram o resultado, uma vez que o alívio da dor é importante para permitir uma ventilação adequada. • Estabilização em média em 2 semanas • Fixação externa é rara • Nunca imobilização circunferencial Para que não atrapalhe a expansibilidade da respiração. • Associado a traumas de grande energia • Contusões contra volante, esmagamento, reanimações (idosos) • Rx em perfil, TC • Contusão cardíaca e pulmonar associada • Ecocardiograma • Consolida-se espontaneamente • Pode ocorrer por ruptura de vasos: Intercostais, torácica interna, vasos subclávios, aorta e cavas • Causa comum de morte súbita após colisões de veículos automotores ou de quedas de grande altura. *Caso o doente sobreviva ao evento inicial, a recuperação costuma ser possível desde que a ruptura aórtica seja identificada e tratada precocemente. • Os doentes com ruptura aórtica que são potencialmente tratáveis costumam ter uma ruptura incompleta perto do ligamento arterioso da aorta. *A manutenção da integridade da camada adventícia ou o hematoma mediastinal contido previnem a exsanguinação e a morte imediata. • Em caso de ruptura livre da aorta dentro do hemitórax esquerdo causando hipotensão, geralmente é fatal – a menos que o doente seja operado em minutos. • Clínica: os sinais e sintomas estão frequentemente ausentes. Além da forte suspeita despertada por uma história de trauma por desaceleração, o principal meio para diagnóstico são os achados característicos radiológicos. São eles (para lesões de grandes vasos do tórax): 1. Alargamento do mediastino 2. Obliteração do cajado aórtico 3. Desvio da traqueia para a direita 4. Rebaixamento do brônquio-fonte principal esquerdo 5. Elevação do brônquio-fonte direito 6. Obliteração do espaço entre a artéria pulmonar e a aorta (apagamento da janela da artéria pulmonar) 7. Desvio do esôfago (sonda nasogástrica) para a direita 8. Alargamento da faixa paratraqueal; 9. Alargamento das interfaces paraespinhais; 10. Presença de derrame extrapleural apical; 11. Hemotórax à esquerda 12. Fratura do primeiro e segundo arcos costais ou da escápula Eva Carneiro HABILIDADES MÉDICAS ATLS 9ªed/ ATLS 10ªed/Manual de Urgências do Hospital alemão Oswaldo Cruz 10 Cesmac – P8/ Prof. Dr. Camilo Câmara Legenda da imagem: • A TC helicoidal do tórax tem se mostrado um método acurado para triagem de doentes com suspeita de lesão de aorta torácica. – A sensibilidade e especificidade da TC helicoidal contrastada são de 100%. *Se a TC helicoidal for negativa para ruptura de aorta e hematoma de mediastino, não é necessária nenhuma outra investigação de imagem subsequente. Caso dê positiva, a extensão da lesão pode ser avaliada melhor pela aortografia. • A ecocardiografia transesofágica também parece ser útil por ser uma ferramenta diagnóstica menos invasiva. • TRATAMENTO: Endovascular. 1. Sutura primária da aorta 2. Ressecção da área traumatizada seguida pela interposição de um enxerto • Agora: 5 EIC, do lado acometido Antes – 9ªed do ATLS se fazia no 2º EIC, do lado acometido. Indicação 1. Hemo/pneumotórax. Preparação 1. Equipamentos: agulhas, seringas, solução antisséptica, anestésico local, pinça Kelly, bisturi, gazes e fitas adesivas; 2. Tamanho do tubo: 32 a 42 French para fluidos viscosos de hemotórax ou empiema; 20 a 30 French para ar ou fluido seroso; Se sabe que é apenas pneumotórax colocar um tubo mais fino. Caso haja coágulos, preferir maiores; 3. Acesso endovenoso 4. Conectar dreno ao túbulo de plástico ligado ao reservatório com o selo d’água Técnica • Antissepsia Eva Carneiro HABILIDADES MÉDICAS ATLS 9ªed/ ATLS 10ªed/Manual de Urgências do Hospital alemão Oswaldo Cruz 11 Cesmac – P8/ Prof. Dr. Camilo Câmara • Infiltração anestésicas em local de drenagem: considerar associar bloqueio em espaços imediatamente superior e inferior • Incisão transversa: + 2,5/3cm, em 5º-6º EIC • Divulsão muscular em porção superior da costela inferior; • Posicionamento do dreno de posterior para anterior e caudal para cranial; • Avaliar posicionamento (último orifício tem que estar dentro da cavidade torácica) • Acoplar em selo d’água e abrir sistema • Fixação do dreno (bailarina) Drenagem torácica – observações • Padrão: 500ml • 2cm de tubo abaixo do nível da água • Pigtail – para fixação do dreno (em alguns serviços) • Necessidade massagem cardíaca interna; • HTX maciço (maior que 1500ml); • Lesões penetrantes da parede anterior do tórax com tamponamento cardíaco; • Grandes ferimentos abertos na parede torácica; • Lesões vasculares torácicas importantes na presença de instabilidade hemodinâmica; • Lesões traqueobrônquicas importantes; • Evidência de perfuração esofágica. Vias de acesso da toracotomia • Ânterolateral • Póstero-lateral – lesões de esôfago • Esternotomia – lesões na “saída” do coração Técnicas • Toracotomia esquerda • Toracotomia bilateral – incisão bilateral (clamshell) Cenário para contexto – ATLS 9ª ed Um motorista de 27 anos de idade, sem cinto de segurança, vítima de colisão frontal em alta velocidade. Sinais vitais:pressão arterial de 90x70; frequência cardíaca de 110 e frequência respiratória de 36. Na avaliação inicial, escore na GCS de 15 e via aérea permeável. O doente evoluiu com distensão das veias do pescoço, desvio de traqueia para esquerda e ausência de MV no hemitórax direito. O hemitórax direito foi puncionado com uma agulha no segundo EIC na linha hemiclavicular. A FR, após a punção, é de 28, a FC: 110 e a PA: 110x70. Um dreno de tórax foi colocado no hemitórax direito. A radiografia de tórax revelou alargamento do mediastino com múltiplas fraturas de arcos costais e contusão pulmonar no hemitórax direito. O doente teve o diagnóstico de lesão aórtica pela TC de tórax. Ele recebeu analgésico endovenoso para o controle da dor e 1L de solução cristaloide antes da cirurgia para tratamento da aorta.
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