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O Estado enquanto provedor dos direitos sociais suprindo as necessidades da população

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2° CHECK DO PAPER 
CURSO DE DIREITO – 2° PERÍODO 
 O Estado enquanto provedor dos direitos sociais suprindo as necessidades da população 
perante crises globais como a pandemia causada pelo Covid-19.1 
Maria Augusta da Cunha Branco 2 
Scarleth Ohanna de Oliveira 2 
Prof. Thales Lopes 4 
 
RESUMO 
O presente estudo tem por fundamento analisar como o Estado pode intervir para que a 
economia não estanque, os direitos sociais sejam garantidos e o capitalismo não se sobreponha 
à saúde pública durante a pandemia pelo Covid-19. Tendo como objetivo principal discorrer 
sobre o Artigo 6º da Constituição Federal de 1988 em paralelo com a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos em seus artigos XXII a XXVII correlacionando com a pandemia causada 
pelo vírus COVID-19 e as medidas tomadas pelo Estado para manutenção dos direitos sociais. 
A metodologia utilizada se baseia em análise de revisão de literatura do tipo exploratória com 
busca em base de dados online e livros. Apesar de muitas críticas, às medidas tomadas pelo 
Estado são garantidas pela Constituição Federal de 1988 e pela Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, o que será constatado ao final do estudo. 
Palavras-chave: Direitos Sociais. Pandemia. Medidas Emergenciais. Estado. 
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Saúde Pública. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
1 Paper apresentado à disciplina de Filosofia do Direito, da UNDB. 
2 Aluna do 2º período do Curso de Direito, da UNDB. 
³ Aluna do 2º período do Curso de Direito, da UNDB. 
4 Professor Orientador. 
2 
 
O novo coronavírus causou muitas mortes devida a sua rápida disseminação pelo 
mundo e constituiu um enorme desafio aos sistemas nacionais de saúde, economia e outros 
setores do Estado. Em virtude da dificuldade encontrada em fornecer tratamento adequado aos 
pacientes necessitados, diversos governos optaram por adotar medidas de distanciamento social 
e restrição de circulação e aglomeração de pessoas, visando a redução da velocidade de 
propagação do coronavírus. Essas medidas têm influência direta na atividade econômica por 
meio de diversos canais. Além disso, as medidas que foram tomadas resultaram em uma crise 
econômica com consequências de médio e longo-prazos. 
A falta de giro na economia, causada pela crise sanitária, reflete em uma queda 
considerável no consumo de bens e serviços. O lado mais cruel da crise do coronavírus é 
justamente a destruição de empregos. O efeito mais imediato recai sobre a maioria dos 
trabalhadores informais, que têm sua iniciativa travada e veem o sustento diário de sua família 
ameaçado. A destruição de empregos promove impactos severos sobre o bem estar da população 
em geral, podendo levar à quebra de vínculos sociais, destruição de famílias, alcoolismo, uso 
de drogas e suicídios. 
Assim, torna-se necessário combater os efeitos adversos causados pela COVID-19 
sobre a economia, de modo a minimizar os riscos de falência em massa de empresas, destruição 
de empregos e redução de riqueza agregada, que levariam à deterioração das condições 
econômicas e financeiras do País. 
Para evitar tamanha uma crise maior, o Estado tem tomando uma série de medidas 
de elevado impacto, direcionadas a aliviar os efeitos imediatos da crise e reduzir ao mínimo os 
permanentes. O objetivo primário das medidas de curto prazo é, primeiro, limitar as perdas de 
vidas humanas e, em segundo plano, evitar os impactos negativos sobre a economia, 
principalmente em relação ao emprego e à sobrevivência das empresas. Essas medidas são 
indispensáveis para preservar vidas e para garantir o bem-estar da população e tratam-se de 
deveres do Estado, assegurado na Constituição Federal de 1988. 
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
2.1. A Constituição Federal como garantidora dos direitos sociais. 
 
Todas as medidas tomadas por nossos governantes para combater o Covid-19, são 
necessárias para evitar o crescimento da doença e que do ponto de vista jurídico são validadas 
3 
 
pela Constituição Federal de 1988. Com o surgimento da Covid-19, a OMS decretou 
emergência de saúde pública de importância internacional, em consequência disso foi criada a 
lei 13.979/20, que dispõe sobre as medidas de enfretamento da emergência de saúde pública. 
Essas e outras medidas emergenciais foram criadas a partir da Constituição Federal, 
tendo em vista que todas as leis, decretos, portarias e normas não podem contrariar a norma 
suprema do país. A lei da quarentena visa observar o dever do Estado em garantir medidas 
sociais e econômicas que mirem à redução de risco à doença, como consta no art. 196 da CF 
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e 
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso 
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
(CF, 88). 
Além disso, podemos ressaltar a relevância de adoção de medidas para o combate do 
Corona vírus que visa preservar os direitos fundamentais e sociais, em especial o direito à vida, 
à saúde e dignidade da pessoa humana, na Constituição. Como previsto no art. 3 da lei 
13.979/20: 
[...]Art. 3º Para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância 
internacional de que trata esta Lei, as autoridades poderão adotar, no âmbito de suas 
competências, entre outras, as seguintes medidas: I – isolamento; II - quarentena; III 
- determinação de realização compulsória de: a) exames médicos; b) testes 
laboratoriais; c) coleta de amostras clínicas; d) vacinação e outras medidas 
profiláticas; ou e) tratamentos médicos específicos; III-A – uso obrigatório de 
máscaras de proteção individual.[...] 
 
Isto posto, mesmo que não agrade parte da população, todas as medidas de isolamento 
têm em vista protege-los. Todas as medidas são necessárias para a não propagação da doença e 
estão de acordo com a Constituição Federal de 1988, que é a grande garantidora dos direitos 
sociais e fundamentais 
2.2. Os artigos XXII a XXVII da Declaração Universal dos Direitos Humanos como 
garantidora de direitos. 
Quando falamos da Declaração Universal dos Direitos Humanos precisamos entender 
a finalidade de seu texto, assim como o que visa garantir. 
A Declaração é o primeiro documento internacional dos Direitos humanos que 
busca integrar, de modo simples e inteligível, todos os Direitos humanos em um bloco 
4 
 
indivisível. O seu caráter holístico é traço fundamental, posteriormente corroborado 
por outros instrumentos. Essa natureza totalizante da Declaração é confirmada na I 
Conferência Mundial de Direitos Humanos das Nações Unidas, celebrada em Teerã, 
em 1968, cuja Proclamação diz que “Os direitos humanos e as liberdades fundamentais 
são indivisíveis”, logo “[...] a realização dos direitos civis e políticos sem o gozo dos 
direitos econômicos, sociais e culturais resulta impossível”. (SORTO, 2008) 
Segundo o art. XXII da DUDH (1948), 
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e 
pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais 
indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia 
com a organização e os recursos de cada país. (Declaração Universal dos 
Direitos Humanos 1948) 
Quando citado segurança social, faz-se referência a qualquer programa que garanta 
legalmente direitos básicos e segurança durante a velhice, sobrevivência e até mesmo o 
desemprego. No caso da pandemia do COVID-19, o último se faz mais presente. Além de 
presente na DUDH está também garantido na Constituição Federal de 1948. Tendo assim a 
norma positivada, é papel do Estado Federativo desenvolver mecanismos para garantir tal 
seguridade. 
 
 
3. DISCUSSÃO DO TEMA 
A união dos três poderes é de suma importância em tempos de “normalidade”, durante 
crises como a causadapelo covid-19, que além de alarmar a área da saúde, traz como 
consequência outras possíveis crises como econômica, alta do desemprego, escassez de matéria 
produtiva e afins, entretanto, apesar disto, é necessário o enfrentamento com respaldo na 
Constituição Federal e respeito aos direitos fundamentais e sociais, sendo estes, parte dos 
direitos individuais, segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, e enquadrados como 
cláusula pétrea, no art. 60, parágrafo 4°, inciso IV, onde: 
“Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a 
abolir: 
IV - os direitos e garantias individuais.” 
 
Sendo entendido pelo Supremo Tribunal Federal (2016): 
O art. 60, § 4º, IV, da Constituição proíbe a deliberação de propostas de emenda que 
tendam a abolir os direitos individuais. A despeito do que sua literalidade poderia 
sugerir, a expressão destacada vem sendo objeto de uma leitura mais generosa pela 
doutrina
8
, que considera protegidos os direitos materialmente fundamentais em geral 
– aí incluídos não só os tradicionalmente classificados como individuais (e.g., 
liberdade de expressão), mas também os políticos (e.g., direito de voto), os sociais 
(e.g., direito à saúde) e os coletivos (e.g., direito ao meio ambiente equilibrado). Isso 
5 
 
porque, como meios de proteção e promoção da dignidade da pessoa humana 
(CF/1988, art. 1º, III), os direitos materialmente fundamentais definem um patamar 
mínimo de justiça, cujo esvaziamento privaria a pessoa das condições básicas para o 
desenvolvimento de sua personalidade. Por extensão, a própria ordem constitucional 
perderia a sua identidade. 
 
Devemos destacar ainda que os direitos sociais são efetivados a partir de ações 
positivas dos Poderes Públicos, seja na forma de regulamentação ou na forma de implementá-
los. 
Segundo Rabelo (2013), 
Estabelece-se, portanto, um comportamento positivo para a concretização dos direitos 
sociais, sinalizando essa orientação para a gestão das políticas públicas, para a atuação 
do legislador e para o julgador no caso de resolução de litígios. O administrador atua, 
mediante a implementação de políticas públicas ante a “reserva do possível”; o 
legislador deve respeitar o núcleo essencial, dando azo à efetivação dos direitos 
constitucionalmente assegurados; para tal deve assentar sua conduta, de forma ativa, 
na fundamentalidade dos direitos sociais, para que a falta ou insuficiência de normas 
jurídicas escritas não impossibilite o juiz de dizer o Direito; ademais, espera-se pela 
atuação ativa do Judiciário tendo em vista a concretização da Justiça, inclusive diante 
da omissão dos demais Poderes da União. 
Não podemos esquecer ainda que a pandemia reforça ainda mais a necessidade de ação 
do Estado. No Maranhão, somamos mais de 4 mil mortes, enquanto em todo o Brasil, chegamos 
a aproximadamente 160 mil mortes, logo, o direito social a saúde se faz ainda mais necessário 
em momentos delicados como esse. O Estado deve ser mais ágil e ter um plano sólido para que 
não apenas haja medidas, mas que estas sejam executadas de maneira efetiva. Isso inclui não só 
aparato médico e hospitalar, mas também informação e medidas preventivas de maneira 
paralela, sem esquecer ainda que também promovemos saúde quando investimos em vacinas e 
trabalhamos na forma de prevenir. 
4. CONCLUSÃO 
Concluímos então que, o papel do Estado enquanto promoção dos direitos sociais é de 
fundamental importância não só em momentos como a pandemia causada pelo vírus Covid-
19, mas também, em toda extensão para promover estes direitos. A pandemia ressalta a 
necessidade de políticas públicas e sociais que estejam focadas não só em solucionar o 
problema imediato, mas também promover essa “saúde” a longo prazo, melhorando assim 
em efeito cadeia, também a qualidade de vida das pessoas. 
Além disso, por meio desse estudo foi possível perceber a importância de se ter uma 
constituição que garanta direitos fundamentais individuais e coletivos, como a Constituição 
Federal de 1988. Sem essa ferramenta, o cidadão não teria como cobrar atitude do Estado 
6 
 
em um momento como esse e viveria sem segurança e assistência, o que poderia tonar a 
pandemia ainda mais catastrófica do que já é. Dessa forma reiteramos que, mesmo com todas 
as dificuldades e conflitos que envolveram às medidas adotadas pelo Estado, o resultado 
destas foram benéficas para a população. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 
DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988; 
 
RABELO, Erika Daniella Rodrigues Oliveira. A FUNDAMENTALIDADE DOS DIREITOS 
SOCIAIS: conciliação do “mínimo existencial” com a “reserva do possível”. Direitos Sociais e 
Políticas Públicas: unifafibe, [S.I.], v. 1, n. 1, p. 82-92, 2013 
 
SORTO, Fredys Orlando. A Declaração Universal dos Direitos Humanos no seu sexagésimo 
aniversário. Verba Juris, [S.L.], v. 7, n. 7, p. 9-34, jan/dez 2008. 
 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. PROCESSO 
LEGISLATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. PROPOSTA DE EMENDA 
CONSTITUCIONAL. NOVO REGIME FISCAL. PEDIDO DE SUSTAÇÃO DA 
TRAMITAÇÃO, POR VIOLAÇÃO DE CLÁUSULA PÉTREA. Brasília, DF, 22 nov. 2016. 
 
 
 
 
7 
 
 
ESTRUTURA DAS SEÇÕES 
 
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 01 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................... 02 
2.1 A Constituição Federal como garantidora dos direitos sociais.............................. 02 
2.2 Os artigos XXII a XXVII da Declaração Universal dos Direitos Humanos como 
garantidora de direitos...................................................................................................03 
 
3 DISCUSSÃO DO TEMA........................................................................................ 04 
4 CONCLUSÃO......................................................................................................... 06 
 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 06

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