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Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Alexandre da Silva Vamos iniciar a nossa segunda unidade da disciplina de Bioestatística. Nessa unidade, vamos tratar dos seguintes assuntos: 1- Elaboração de questionários e de instrumentos de coleta de dados; 2- Tabulação de dados; 3- Elaboração de tabelas e gráficos. Este conteúdo é uma continuação do módulo anterior e é fundamental que, para seu entendimento, todas as atividades sejam realizadas. Aguardo suas dúvidas no nosso fórum de dúvidas. Atenção Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. Introdução Hoje iremos falar sobre assuntos importantes que serão preparatórios para as análises estatísticas ou que serão a finalização (exposição) dos resultados obtidos. Serão esses os assuntos: 1- Elaboração de questionários e de instrumentos de coleta de dados; 2- Tabulação de dados; 3- Elaboração de tabelas e gráficos. Será um módulo bem interessante. Espero que todos aproveitem e aprendam da melhor forma possível! Elaboração de Questionários e de Instrumentos de Coleta de Dados Depois do nosso primeiro módulo, percebemos que toda linguagem teórica precisa ser “transformada” numa linguagem operacional, isto é, ser convertida para condições que nos permitam “agrupar”, “relacionar” uma informação (dados) com outra, bem como expressar informações a respeito do fenômeno investigado. E será a partir dessa transformação, do teórico para o operacional, é que poderemos avançar na estatística. Tomemos como ponto inicial desse conteúdo o mesmo exemplo já abordado na aula anterior: Linguagem teórica Linguagem operacional Preconceito - um possível escore que varie de zero à dez; (variável quantitativa) - categorizar as respostas, de acordo com a intensidade do preconceito: “muito”, “razoável”, “nenhum”; (variável qualitativa) Escolaridade - nível de estudo: fundamental, médio ou superior; (variável qualitativa) - anos de escolaridade; (variável quantitativa) - quantidade de anos cursados não importando o tipo de curso (podendo ser cursos técnicos, de idiomas etc.); (variável quantitativa) Material Teórico Percebam que no exemplo acima, se fossemos criar um questionário para coletar as informações de pessoas, possivelmente teríamos alguns problemas, pois teríamos mais de uma forma de entender o que seria “preconceito” e “escolaridade”. Então, qual seria a melhor forma de se obter informações sobre esses dois conceitos? PROBLEMATIZACÃO Para discutirmos isso, vamos pensar na seguinte situação (que poderia ser bem real!!!) Situação A: imagine que fosse apresentado aos participantes de uma pesquisa de uma grande empresa de tratamento de água e de esgoto o seguinte formulário: 1- Qual o seu preconceito para aceitar uma campanha sanitária? (__) muito (__) razoável (__) nenhum 2- Qual a sua escolaridade: (__) fundamental incompleto (__) fundamental completo (__) médio incompleto (__) médio completo (__) superior incompleto (__) superior completo Pergunta: Na sua opinião, temos um formulário de fácil entendimento? Pensem nessa condição e, ao final desse módulo veremos se você acertou ou errou! Quando se pretende realizar análise estatística, precisamos de dados. No módulo anterior, vimos que os dados são definidos a partir da criação de variáveis. A classificação dos dados em variáveis é que permitirá a elaboração de tabelas, gráficos e também a investigação de relações de duas ou mais variáveis. Uma das formas mais usuais de obtenção de dados é a partir do uso de questionários ou de roteiros. Esses podem obter informações (dados) pela simples observação (se a pessoa é muito alta ou muito baixa), pelo questionamento (saber a opinião de uma pessoa sobre o atendimento que teve em uma determinada loja), medido (a circunferência abdominal de uma mulher) ou por testes (um exame de sangue, um teste ergométrico). Todas essas formas permitem a obtenção de dados. http://pro.corbis.com/Enlarge ment/Enlargement.aspx?id= 42-18538389&caller=search Exemplo: Se desejamos saber o sexo e a idade de uma pessoa, o questionário poderia ser assim elaborado: Orientações: Gostaríamos que o senhor(a) nos fornecesse algumas informações a seu respeito. Por favor, responda as seguintes questões: 1- Qual o seu sexo? (___) Masculino (___) Feminino 2- Qual a sua idade? ___ anos Comentários: Nesse exemplo pode-se perceber que as informações quanto ao sexo foram obtidas a partir da criação de uma variável nominal que possuía duas categorias (“masculino” e “feminino”) e a idade do entrevistado foi a partir da criação de uma variável contínua (anos). Tabulação de Dados A tabulação de dados seria a etapa seguinte. Nessa podemos visualizar a quantidade e a qualidade dos dados obtidos. Consideremos agora uma pesquisa que procurou investigar os fatores socioeconômicos de mulheres frequentadoras de um supermercado. Veja na tabela abaixo a distribuição das informações coletadas após a aplicação de um questionário: Tabela 1: Dados sociodemográficos de mulheres frequentadoras de um determinado supermercado Fonte: próprio autor. Abaixo, a codificação dos dados. Nesse modelo, foi utilizado um programa disponível na grande maioria dos computadores e também nas dependências da nossa universidade. Tabela 2: Apresentação da descrição e da forma de mensuração/categorização das variáveis apuradas na Tabela 1. Nessa tabulação, podemos verificar a distribuição dos dados. No caso acima, visualizamos as variações de idade, de profissão, número de filhos, renda etc. Ao fina, percebemos (Tabela 1), que boa parte da amostra possui filhos. Sempre usamos a tabulação dos dados para, a partir dessa etapa, começarmos a realizar analises estatísticas descritivas e analíticas. ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS. Agora que já entendemos como devemos coletar e tabular os dados, vamos “expressar” as informações obtidas. Muitos já devem ter lido as informações descritas a partir de textos (parágrafos), tabelas e gráficos. Vamos saber como usá-los adequadamente. Texto A divulgação dos dados a partir de textos deverá ser feita sempre com muito cuidado. Não se pode colocar em um único parágrafo muita informação, pois, ao final da leitura desse parágrafo, o leitor já não se lembrará de tudo que leu. Veja o exemplo a seguir: Fonte: Revista de Saúde Pública 2002;36(4):420-30 (www.fsp.usp.br/rsp) Percebam que no texto acima foram sintetizadas as informações mais importantes que os pesquisadores encontraram. É claro que uma pesquisa contém muito mais informação do que a existente em um parágrafo. Mas, o detalhamento dos dados são melhor compreendidos pelo uso de tabelas e gráficos. Gráficos Os gráficos, que em estatística e metodologia também podem ser chamados de figuras, servem para expressar, de forma generalizada (considerando toda a amostra ou população) ou detalhada (apresentando cada elemento da amostra), os dados apurados. Há diversos tipos de gráficos. Vejamos alguns deles: Exemplo 1: Gráfico de pontos Exemplo 2: Gráfico de setores Exemplo 3: Gráfico de barras: Fonte: Rev. SaúdePública, 27(5):350-6,1993 Exemplo 4: Gráfico de barras Fonte: Revista de Saúde Pública 2005;39(2):217-22 Exemplo 5: Gráfico de barras Fonte: Revista de Saúde Pública 2005;39(2):217-22 As tabelas são muito utilizadas para facilitar (e muito) as informações obtidas e apuradas. Se as variável for qualitativa, realiza-se a simples contagem e, se for quantitativa, usamos os cálculos matemáticos básicos (soma, divisão, multiplicação, divisão etc). Veja o exemplo abaixo, no qual são descritos dados quantitativos: Fonte: Ciências & Saúde Coletiva, 12(6): 1463-1476, 2007 Já nessa outra tabela, temos a descrição de dados qualitativos: Fonte: Revista de Saúde Pública 2001;35(2): 165-169 Os exemplos acima são considerados como modelos simples de tabelas. Há diversos outros formatos de tabelas que expressam as relações de duas ou mais variáveis, sejam elas de natureza quanti ou qualitativa. Exemplo 3: A grande vantagem das tabelas mais complexas, isto é, que mostram as relações de duas ou mais variáveis, é que essas conseguem “explicar”, “esclarecer” melhor o fenômeno investigado. São essas as tabelas que buscaremos compreender e elaborar ao final do nosso curso. E A RESPOSTA QUANTO AO PROBLEMA QUE FOI EXPOSTO NO COMEÇO DESSA UNIDADE?? Quem pensou que sim, infelizmente errou! Na verdade temos duas perguntas que podem gerar uma série de dúvidas quanto às suas respostas. Vamos entender as razões: Sobre o termo “preconceito” 1º. Quando se pergunta qual o nível de preconceito para aceitar uma campanha sanitária é possível que muitas pessoas jamais tenham pensado que pudesse existir o termo “preconceito” fora das condições sociais, étnicas e socioeconômicas. Daí que muitas poderiam responder sem ter entendido realmente o conceito “preconceito”, que é um pré-julgamento, um pré-conceito a respeito de algo ou alguém. 2º. A falta de conhecimento amplo sobre esse conceito poderia obrigar o pesquisador (aquele que formulou as perguntas), a criar breves definições para conceitos como esse. Possivelmente ninguém iria admitir muito preconceito, pois, na nossa sociedade, “pega” muito mal admitir- se muito preconceituoso. Definir o que seria muito preconceito, razoável ou nenhum preconceito fosse uma forma eficiente de obter respostas com mais fidedignidade. Sobre o termo “escolaridade” 3º. Em relação à escolaridade, se fossemos entrevistar pessoas de todas as idades, talvez os idosos não teriam a resposta exata, pois no “tempo deles” de estudo, não existia esse tal de “ensino fundamental e médio”. Havia o ginasial e outros níveis de escolaridade. Perceba que o “erro” foi na formulação da pergunta, pois que eles estudaram isso é fato, mas não havia essa divisão de níveis de escolaridade!! 4º. Definindo “escolaridade” como “anos de estudo” você poderia entender que, independentemente da divisão vigente quanto aos níveis de escolaridade, a reais chances de se identificar os anos estudados de cada participante seria muito maior. Isso se fosse do nosso interesse investigar os anos estudados dos entrevistados. No entanto, se a pesquisa fosse realizada apenas com adolescentes, essa divisão de escolaridade não traria qualquer problema. CONCLUSÃO Espero que ao final dessa unidade, você tenha percebido a importância da coleta, tabulação e expressão de dados. A estatística é também coleta, análise e expressão dos dados. HULLEY, S. B. et al. Delineando a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica. 2 ed. Porto Alegre: Artmed. 2003. Referências _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Anotações
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