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iNTERPRETAÇÃO

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ED INTERPRETAÇÃO
LISTA 1
· Leitura e tipos de conhecimento necessários à leitura;
· Texto e contexto;
· Fatores de textualidade;
· Sentido denotativo e sentido conotativo.
O domínio da língua portuguesa envolve o desenvolvimento de diferentes habilidades no uso da linguagem, entre elas a compreensão de textos escritos, ou seja, a leitura. Diante disso, neste módulo, você irá conhecer um pouco mais sobre as implicações de uma concepção de leitura por meio da intenção entre autor, texto e leitor. A interação autor-texto-leitor valoriza o aluno como sujeito participante no processo de leitura, assumindo-o como responsável por ativar seu repertorio de conhecimentos prévios e construir sentimentos para o texto lido. Através desde movimento, o aluno, enquanto leitor ativo, é capaz de dialogar com o texto de forma crítica, utilizando adequadamente as estratégias de leitura, identificando o contexto, interpretando efeitos da leitura e reconhecendo os recursos e/ou fatores textuais, como informatividade, aceitabilidade, intencionalidade, situacionalidade, intertextualidade e que textos são construídos a partir de uma linguagem denotativa e/ou conotativa, tudo dependerá da intencionalidade de seu produtor.
Há basicamente três sistemas de conhecimento importantes na construção do sentido de um texto: o conhecimento linguístico, o conhecimento enciclopédico ou de mundo e o conhecimento interacional, cada um deles relacionado a aspectos específicos do amplo repertorio de saberes necessários para uma leitura enriquecedora. Tais conhecimentos são adquiridos ao longo do tempo com o auxílio de bons dicionários, de leituras variadas, de interações culturais de outras espécies (como filmes, noticiários, esportes, musica, comidas, perfumes, tudo que inunda os cinco sentidos), da vivencia dentro de contextos sociais nos quais a pessoa se insere e, também, da percepção do modo de viver em outras sociedades e culturas. Neste sentido, é fundamental estar com os sentidos sempre abertos para o mundo e com a percepção cada vez mais afinada, a fim de ampliar os conhecimentos e, consequentemente, a capacidade de realizar leituras profundas. Desta forma, a compreensão de um texto depende do conhecimento de mundo adquirido pela experiência, pela educação, pelo estudo, pelas leituras. Quanto maior o conhecimento do leitor, melhores possibilidades ele terá de perceber as ligações entre os textos, facilitando, assim, a sua compreensão.
A partir da imagem podemos fazer alguns questionamentos, por exemplo: o que é leitura? Preciso de alguns conhecimentos para realiza-la: o que é ler? Para que ler?
Ao encontrarmos respostas para os questionamentos, vamos perceber que ler é interpretar, relacionar textos e produzir sentido, um ato de coprodução textual, por meio do processo de interação sujeito/linguagem. Ao considerar a importância da leitura na vida em sociedade, é indispensável desenvolver o habito de leitura, bem como o papel da escola na formação de leitores competentes. O leitor deve entender que ler é buscar conhecimento para aplicar em seu dia a dia; é compreender a sua própria cultura ou a de outra nação. Não há apenas uma forma de ler, a leitura pode ser algo aliado ao prazer, à informação a à função social. Ler é uma ação muito abrangente, que requer do leitor conhecimentos que vão além de uma leitura vazia de textos, de escritos, como considera Freire sobre a importância de ler:
(...) processo que envolve uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior dessa não pode prescindir da continuidade daquela. (FREIRE, 2011, p. 11)
A leitura é uma atividade dialógica, uma vez que o leito e texto se comunicam, cabendo ao leitor o papel de mudar, acrescentar, distorcer e concordar. Assim, percebe-se que ler implica um ato de informação e formação, isso significa desenvolver posturas críticas, formar opiniões e perceber a realidade social.
No processo de leitura como uma atividade de produção de sentido, o leitor, enquanto construtor de sentidos, utiliza estratégias que ajudam nesse processo, que, de acordo com Solé (1998), são: seleção, antecipação, interferência e verificação. A antecipação é aquilo que o leitor prevê antes de ler um texto, ele já espera, já antecipa, de certa forma, os sentidos que o texto apresentará. Nesta tentativa de antecipação, o sujeito leitor lança hipóteses, acreditando que os sentidos do texto serão aqueles previstos por ele. Já a inferência, por sua vez, é uma estratégia que o eleitor utiliza para descobrir os não ditos no texto, mas que podem ser desvendados com base em pistas textuais. E, por fim, a verificação, que tem como finalidade o controle ou não da eficácia das demais estratégias. Todas elas agem mais ou menos ao mesmo tempo, e o leitor, geralmente, não é consciente sobre o uso delas.
Você sabe o que é conhecimento de mundo ou enciclopédico, linguístico e interacional?
Conhecimento de Mundo ou Enciclopédico
Observe o título de uma reportagem para compreender melhor o que é conhecimento de mundo ou enciclopédico.
“LUVAS DE COZINHA, MÃOS DE FERRO”
Perceba que, para entender este título de uma reportagem internacional, veiculada na revista Veja (n. 38, setembro de 2013, p.84-86), obre a disputa das eleições na Alemanha por Ângela Merkel, o leitor precisa ativar seus esquemas mentais e ou conhecimentos prévios, além de inferir as características da candidata, que possui um jeito de dona de casa pacata, no entanto, comanda e controla a economia da Alemanha, país em que atua como 1ª ministra.
Nesse contexto, o sintagma “mão de ferro” faz todo o sentido.
Desta forma, conhecimento de mundo é entendido como toda a experiência de vida do leitor, tudo o que ele já viu, leu e ouviu em sua vida. Muitas vezes o texto traz referências a fatos históricos, mitos, folclore, coisas sobre as quais o escritor na verdade, pretende dialogar com o leitor ou trazer à lembrança do leitor, como podemos notar no exemplo apresentado.
Conhecimento Linguístico
Leia os versos abaixo e comprove se houve ou não entendimento linguístico.
“To be or not to be, that is the question;
Whether’tis nobler in the mindo to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
 Or to take arms against a sea os troubles,
And by opposing, end them. To die, to sleep;
No more; and by a sleep to say we and 
The heart-ache and the thouseand natural shocks
That flesh is heir to – ‘tis a consummation
Devolutly to be wish’d [...]”
Você conseguiu entender os versos de Shakespeare? Se tiver familiaridade com a língua inglesa, certamente, você os compreendeu, pois é preciso conhecer a gramática, o léxico, os sons e os sentidos vinculados à estrutura dessa língua estrangeira – o inglês – para organizar as palavras em frases e estas em um texto, formando um conjunto significativo. É difícil construir um significado dos versos de Shakespeare para quem não conhece o idioma, pois não tem conhecimento linguístico, isto é, lexical, vocabular, suficiente nem mesmo para identificar as palavras escritas. Quando se consulta a tradução, o texto começa a fazer sentido, pois há o conhecimento do idioma. Obviamente, em alguns textos, faz-se necessário acionar outros conhecimentos para a construção do sentido do texto.
Observe a tradução dos versos de A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca, que relata a dor e o sofrimento de Hamlet quando este descobre as ações de seu tio para tomar o trono da Dinamarca. O tio matou o rei, pai de Hamlet, e ainda engravidou a rainha. Neste verso aparece a famosa frase de Shakespeare: “to be or not to be, that’s the question”.
“Ser ou não ser, eis a questão
Será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a fortuna, enfurecida, nos alveja.
Ou insurgir-nos contra um mar de provocações
E em luta pôr lhes fim? Morrer, dormir: não mais
Dizer que rematamos com um sono a angustia 
E as mil pelejas natirais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação 
Que bem merece desejamos com fervor [...]”
Conhecimento Interacional
Observe o exemplo para melhor compreender esse conhecimento
Na sua apresentação ao dossiê “Famílias em movimento”, Claudia Fonseca aponta algumas questões cruciais para a análise da família – famílias – nesse início do século 21: as janelas teóricas que os artigos representam mostram que a discussão sobre um tema tão antigo nas ciências sociais em repercussões contemporâneas extremamente instigantes. A mobilidade das famílias, nos contextos nacional e internacional, sugere que tanto a reprodução como o parentesco, velhos conhecidos das pesquisas sociológicas e antropológicas, retornam assumindo outros valores, à cena discursiva e podem render uma discussão estimulante (Caderno Pagu)
O conhecimento interacional, de maneira geral, relaciona-se diretamente a tudo o que conhecemos sobre o contexto de interlocução, desde a intencionalidade comunicativa do autor, às peculiaridades dos gêneros textuais, como a reportagem criada a partir da apresentação do dossiê, no exemplo acima, “Famílias em movimento”
Neste tipo de conhecimento, fica evidente a interação entre o autor e o leitor. Algumas vezes, o autor dialoga diretamente com o leitor ou no início ou no decorrer do exto. Outras vezes, há um trocadilho com uma mensagem implícita esperando o riso do leitor. Da parte do escritor, há de haver também preocupação com a objetividade daquilo que pretende informar, a adequação dos elementos, coesão, coerência, etc. palavras grifadas e palavras entre aspas ou parênteses são recursos gráficos que o autor utiliza para chamar a atenção do leitor. Entende-se, portanto, como conhecimento interacional, aquele que faz com que leitor e autor percorram as pistas do texto juntos.
O conhecimento interacional apresenta quatro facetas: ilocucional, comunicacional, metacomunicativo e superestrutural.
1. Ilocucional: Você pode perceber esse conhecimento a partir do que se observa no exto, acima citado, que serve de exemplo: “Famílias em movimento”. Ele permite que o leitor reconheça as reais intenções do autor, entenda os objetivos pretendidos pelo produtor do texto em uma dada situação interacional. Isso pode ser percebido quando é apresentada no texto, a questão da mobilidade das famílias. Assim, o objetivo é que o leitor compreenda a importância do debate desse assunto, uma vez que partilha com o autor o conhecimento de família da cultura brasileira.
2. Leia o texto a seguir e perceba outra faceta do conhecimento interacional, o comunicacional:
E Dona Benta começou a ler: “num lugar da Mancha, de cujo nome não quero lembrar-me, vivia, não há muito, um fidalgo dos da lança em cabido, adarga antiga e galgo corredor”.
- Ché! – exclamou Emília.

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