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Praticamente tudo precisa de energia e, nas células eucariontes, ela é provida pelas mitocôndrias, uma organela conversora de energia. Essa energia é necessária para as diversas funções celulares (reações químicas, transporte, crescimento, divisão, manutenção estrutural, interação entre células, etc). São organelas arredondadas ou alongadas, com diâmetro entre 5µm e 1,0µm e comprimento entre 0,5µm e 10µm (tamanho semelhante ao de uma E. coli). Estão presentes no citoplasma de quase todas as células eucariontes, tendo sua localização intracelular variada (pode sofrer movimentação devido a proteínas motoras como cinesina e dineína ligadas a microtúbulos) e seu número variado conforme o tipo celular. Dentre suas funções, é importante dar ênfase à respiração celular. FORMATO Membrana externa lisa (sem cristas): composta igualmente por lipídeos e proteínas (50% cada) e apresenta porinas, que são poros de passagem de moléculas. É rica em colesterol. Membrana interna: composição desigual de lipídeos (20%) e proteínas (80%). Apresenta cristas, as quais são responsáveis pelo aumento da área de superfície (consequentemente, da síntese de ATP). Rica em cardiolipina (impermeável a íons e maioria das pequenas moléculas) e pobre em colesterol. É na membrana interna que encontramos o sítio de transporte de elétrons e bombeamento de prótons; contém ATP-sintase. Espaço intermembranas: possui composição química semelhante ao citosol (lembrar das porinas na membrana externa). RESPIRAÇÃO CELULAR GENOMA MITOCONDRIAL As mitocôndrias possuem, além de DNA próprio, RNAr, RNAm e RNAt, o maquinário necessário para a síntese de proteínas. 16.569 pares de nucleotídeos, 37 genes (fosforilação oxidativa), duplicação independente, capacidade de síntese de algumas proteínas mitocondriais. Por que apenas algumas? A maioria das proteínas mitocondriais são sintetizadas no citosol (sob controle do DNA nuclear) e são importadas por translocases (TOM e TIM). Como? No citosol: proteínas ligadas a chaperonas (hps70) que impedem o enovelamento (enoveladas não conseguem passar as membranas). Marcadas por um sinal de endereçamento (cadeia de AA que será reconhecida pela membrana). Ao entrar na mitocôndria: perdem as chaperonas hps70 (não entram na organela) e se ligam a chaperonas hps60 (irão auxiliar no enovelamento). Quando enoveladas, proteases removem o sinal de endereçamento. BIOGÊNESE As mitocôndrias podem sofrer fissão e fusão. Na fissão, organelas preexistentes crescem e sofrem divisão (uma mitocôndria forma duas) e, a fusão, por sua vez, acontece quando várias mitocôndrias se fundem e formam redes de mitocôndrias. ORIGEM – TEORIA DA ENDOSSIMBIOSE As células precisam de energia, que é adquirida pela ruptura gradual de ligações covalentes de moléculas de compostos orgânicos ricos em energia, como glicose e ácidos graxos, que acontece durante a respiração celular. A quebra direta das moléculas de açúcares, no entanto, trata-se de um processo abrupto com muita liberação de calor, o que não seria rentável para a célula. Por esse motivo, a respiração celular é dividida em etapas: um processo de oxidação lenta, com liberação gradual de energia e produção de água e CO2. GLICÓLISE ANAERÓBICA Essa etapa não acontece dentro da mitocôndria. A glicólise anaeróbica acontece no citosol, quebrando a molécula de glicose em dois piruvatos, com saldo de 2ATP e 2 NADH. O piruvato, se na presença de oxigênio, entrará na organela para participar da fosforilação oxidativa, na qual será oxidado até a formação de água, gás carbônico e energia. Se não houve oxigênio o piruvato é transformado em ácido láctico ou etanol ainda no citosol. Explicação: uma molécula de glicose sofre a ação de 2 ATP (ATP → ADP + P), formando frutose-1,6-difosfato. Essa molécula se quebra em duas de 3C, sofrem adição de dois Pi e o NAD se liga aos H+, formando 2 NADH. As ligações de fosfato, por fim, se rompem e os 4P se ligam a 4 ADP, formando 4 moléculas de ATP. O saldo, portanto, é de 2 ATP. FOSFOLILAÇÃO OXIDATIVA 1. Produção de acetil-coenzima A A produção de acetil-CoA consiste na ligação do piruvato internalizado na mitocôndria (matriz mitocondrial) com a Coenzima A (piruvato + Coenzima A → acetil-CoA + CO2). Obs.: pode ser produzida também na beta- oxidação de ácidos graxos de cadeia curta/média. 2. Ciclo do ácido cítrico (ou ciclo de Krebs) Acetil-CoA, ainda na matriz mitocondrial, liga-se ao oxaloacetato, formando o ácido cítrico (e liberando a CoA). Nessa etapa, o ácido cítrico sofre ação das descarboxilases (produzem CO2) e das desidrogenases (sua atuação libera muitos prótons H+ e e-, conferindo baixo rendimento energético). Os NAD e FAD se ligam aos prótons e aos elétrons, que serão encaminhados para a última etapa da fosforilação oxidativa. Obs.2: oxaloacetato é recuperado intacto para a reciclagem (pode participar do ciclo novamente). 3. Sistema transportador de elétrons (cadeia respiratória) Nas cristas mitocondriais. Possui mais de 40 proteínas organizadas em complexos enzimáticos respiratórios → sítios de bombeamento de prótons. O NADH (NADH → NAD+ + H+ + e-) libera o elétron no complexo NADH-desidrogenase; O elétron é capturado pela ubiquinona para o complexo citocromo c-redutase; O citocromo C transporta o elétron pelo complexo citocromo c-oxidase; O elétron se liga ao O2 (aceptor FINAL de elétrons) e na presença de H+, forma água; A passagem do elétron pelos complexos acarreta o bombeamento de H+ para o espaço intermembranas → não se dispersa para o citosol. Obs.3: nesse processo há formação de EROS (espécies reativas de oxigênio), como O- e H2O2, que são muito reativos e, portanto, danosos. Por que acontece o acúmulo de prótons no espaço intermembranas e não dissipação para o citosol? Por dois fatores: gradiente de Ph e potencial de membrana, que formam um gradiente eletroquímico de prótons, a força próton-motriz. Gradiente de ph: o acúmulo de H+ diminui o ph do espaço intermembranas, tornando-o mais ácido que a matriz mitocondrial (lembrar que a tendência é do ph entrar em equilíbrio devido ao tamponamento químico); Potencial de membrana: o acúmulo de prótons polariza a membrana mitocondrial interna. ATP-SINTASE Lembrar que a membrana interna possui cardiolipina, que a torna impermeável a íons; A força próton-motriz gerada “empurra “ os prótons para a matriz mitocondrial; Assim, a responsável por permitir a entrada de íons novamente para a matriz mitocondrial será a ATP-sintase (complexo proteico que forma ATP a partir de ADP + Pi). Como isso acontece? Um fluxo de elétrons começa a passar pelo carreador, rotacionando a haste central da ATP-sintase (energia mecânica). Essa rotação causa uma modificação conformacional de subunidades na cabeça, o que leva à produção de ATP nos sítios de ligação de ADP – Pi. ACOPLAMENTO QUIMIOSMÓTICO O acoplamento quimiosmótico se trata da união do transporte de elétrons, do bombeamento de prótons e da síntese de ATP. Obs.4: alguns medicamentos como o dinitrofenol são responsáveis por causar o desacoplamento quimiosmótico. Dessa maneira, os prótons não conseguem voltar para a matriz da maneira correta, não havendo, assim, produção adequada de ATP (energia é dissipada em forma de calor). Síntese de hormônio esteroide: produção de pregnenolona na mitocôndria; Desencadeamento de apoptose: mitocôndrias que não exercem sua função de respiração celular de maneira satisfatória, por exemplo, e formam muitos EROS; Produção de calor em recém-nascidos: termogenia em tecido adiposo multilocular; Ciclo da ureia: procurar como funciona, não sei. Sabe-se de mais de 150 doenças humanas que são associadas às mitocôndrias, principalmente relacionadasà cadeia transportadora de elétrons. Podem acometer músculos, como o coração, o sistema nervoso, fígado, rins. Doença de Luft: aumento do número de mitocôndrias no tecido muscular esquelético e aumento de metabolismo basal (similar ao hipertireoidismo). A oxidação fosforilativa é desacoplada parcialmente, gerando pouco ATP e mais calor. Miopatia mitocondrial infantil: é FATAL. Diminuição ou ausência total de enzimas da cadeia transportadora de elétrons, causando lesões no músculo esquelético e disfunção renal. Epilepsia Miocional com fibras vermelhas rotas (MERRF): diminuição na síntese de proteínas mitocondriais envolvidas no transporte de elétrons. Causa fraqueza muscular, problemas cardíacos, epilepsia e demência. O consumo de cigarro durante a gestação causa redução nas funções placentárias e retardo de crescimento intrauterino. As mitocôndrias da placenta sofrem redução na atividade enzimática do Complexo III (29%) e redução no DNA mitocondrial (37%). Relacionados: Mitocôndrias e resposta ao estresse: existem mediadores de estresse (hormônios como glicocorticoides e catecolaminas, citocinas, HSPs, toxinas). → Estresse agudo: da biogênese mitocondrial, da replicação e transcrição de mtDNA, da produção de ATP, produção controlada de EROS; → Estresse crônico: da biogênese mitocondrial, da replicação e transcrição de mtDNA, da produção de APT, produção de EROS, mutações, peroxidação lipídica, apoptose ou morte celular. Mitocôndrias e depressão: causa danos/mutações no mtDNA, torna as membranas mais permeáveis, menor número de cristas, menor produção de ATP e alta produção de EROS. Mitocôndrias e obesidade: uma dieta rica em gorduras pode levar a uma anormalidade na morfologia das mitocôndrias, em sua distribuição e metabolismo, além de uma grande produção de EROS. Mitocôndrias e doenças degenerativas: o Parkinson e a doença de Huntington estão relacionadas a mitocôndrias.
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