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REVISTA BRASILEIRA DE TOXICOLOGIA BRAZILIAN JOURNAL OF TOXICOLOGY Revista Brasileira de Toxicologia 21, n.1 (2008) 1 - 8 © 2008 Sociedade Brasileira de Toxicologia direitos reservados Exposição ambiental a desreguladores endócrinos: alterações na homeostase dos hormônios esteroidais e tireoideanos Natália V. Moraes, Marcella D. Grando, Daniel A. R. Valerio, Danielle P. Oliveira* Departamento de Análises Clínicas, Toxicológicas e Bromatológicas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil Abstract Environmental exposure to endocrine disruptors: alterations in steroidal and thyroid hormones homeostasis Endocrine disruptors, exogenous compounds that alter the endogenous hormone homeostasis, have been systematically discharged in the environment during the last 60 years. These contaminants have been related to the decrease of human sperm number and increased of the incidence of testicular, breast and thyroid cancer. During the same period, developmental and reproductive effects have also been documented in wildlife species. This work presents a review of the effects and mechanisms of action of steroidal and thyroid disruptors. Several studies from 1950 until 2008 were reviewed in PubMed, ScienceDirect databases and text books. Our findings showed that endocrine disruptors can act by the following mechanisms: i) inhibition of enzymes related to hormone synthesis; ii) alteration of free concentration of hormones by interaction with plasmatic globulins; iii) alteration in expression of hormone metabolism enzymes; iv) interaction with hormone receptors, acting as agonists or antagonists; v) alteration of signal transduction resulting from hormone action. The importance of the identification of endocrine disruptors involves characterization of environmental contaminants and inquiry of new substances discharged in the environment. The minimization of exposure and/or rationalization of the use of these compounds are related to the preservation of some species, in order to prevent extinction process. Keywords: endocrine disruptors, environmental contaminants, steroid hormones, thyroid hormones, ecotoxicology INTRODUçãO Em 1938, Paul Muller anunciou a síntese química do composto organoclorado 1,1,1-tricloro-2,2-bis(4-cloro- fenil)etano, conhecido por DDT. Esse composto foi durante algum tempo considerado um praguicida “milagroso”, tornando seu inventor vencedor do Prêmio Nobel de 1948 (1). Durante os anos subseqüentes ao evento, os benefícios da aplicação dos organoclorados começaram a ser questionados. Em 1953, estudos já atribuíam atividades estrogênicas a algumas substâncias, entre elas o DDT (2, 3). Contudo, os organoclorados continuaram sendo usados *Autor para correspondência: Danielle Palma de Oliveira, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Departamento de Análises Clínicas, Toxicológicas e Bromatológicas, Universidade de São Paulo, Av. Do Café S/N, 14040-903, Ribeirão Preto, SP, Brasil. Tel.: (+55 16) 3602-4878. E-mail: dpalma@usp.br indiscriminadamente, devido à sua elevada produtividade agrícola. Em 1962, Rachel Carson publicou o livro “Silent Spring” alertando para os riscos iminentes do uso de praguicidas para o homem e para os ecossistemas (4). A partir da obra de Carson, agências governamentais de diversos países, como a Environmental Protection Agency (USEPA), adotaram medidas restritivas ao uso e fabricação em virtude dos riscos de contaminação do meio ambiente (5). Fortalecendo a necessidade de restrições, a tragédia ocorrida no Lago Ontário (Grandes Lagos - EUA) na década de 70, evidenciou como esses contaminantes poderiam prejudicar o meio ambiente. Naquela ocasião, ocorreu contaminação do sedimento do lago com bifenilas policloradas (BCPs) e conseqüente biomagnificação, resultando em alterações neurológicas, endócrinas, imunes e no sistema reprodutor e grande quantidade de animais (6). Apesar disso, indústrias localizadas em países que adotaram restrições (EUA e Europa, principalmente) migraram para países subdesenvolvidos, onde a legislação era inadequada, trazendo prejuízos a eles. Em 1989, por exemplo, o Brasil ainda fazia uso de praguicidas à base de carbaril, o qual já se encontrava proibido na Europa em Oliveira D.P./Revista Brasileira de Toxicologia 21, n.1 (2008)2 virtude de um incidente ocorrido em Bhopal, na Índia, em 1984 (7). Vários desses poluentes orgânicos antropogênicos persistem no ambiente por muito tempo. Visto que são substâncias químicas resistentes a degradação física, química e bioquímica, permanecem disponíveis para absorção e bioacumulação. Devido à sua similaridade estrutural com hormônios endógenos, sua capacidade de interagir com proteínas transportadoras de hormônios ou de alterar o metabolismo hormonal, vários contaminantes antropogênicos mimetizam ou bloqueiam os efeitos de hormônios endógenos (8). Devido a estes efeitos, em 1991 o termo endocrine disruptor (desregulador endócrino) foi proposto para essas substâncias, em uma conferência organizada pela Dra. Theo Colborn, na cidade de Wingspread (EUA) (3). Para a USEPA, desreguladores endócrinos são agentes exógenos que interferem na produção, liberação, transporte, metabolismo, ligação, ação ou eliminação de hormônios naturais responsáveis pela manutenção da homeostase, regulação do desenvolvimento e comportamento (9). Outros autores, considerando apenas os efeitos em humanos, os definem como substâncias estranhas ao organismo que provocam efeitos deletérios ao indivíduo ou aos seus descendentes em decorrência de intervenções com o sistema endócrino (9,10). Embora sejam complementares, ambas definições sugerem que os efeitos induzidos pelo desreguladores endócrinos envolvem mecanismos relacionados a ação e homeostase hormonal. Considerando o papel crítico dos hormônios em muitos tecidos, o desenvolvimento do organismo é particularmente vulnerável a exposição a substâncias com atividade hormonal ou anti-hormonal. Várias classes de substâncias químicas, como praguicidas, plastificantes, surfactantes, organometálicos, hidrocarbonetos poliaromáticos halogenados, fitoestrógenos podem ser classificados como desreguladores endócrinos. Em geral, um desregulador endócrino apresenta um dos seguintes mecanismos de ação: ligação em receptor hormonal; interação com enzimas que sintetizam ou metabolizam hormônios; alteração da liberação hipotalâmica-hipofisária de hormônios;e/ou alteração da transdução de sinais. A exposição humana a esses desreguladores endócrinos ocorre através de diversas vias, sendo alimentos, água, ar e pele as vias mais comuns de introdução dessas substâncias (9). Os desreguladores endócrinos podem ser agrupados de acordo com a classe de hormônios cuja função eles afetam. A grande parte dos estudos está relacionada aos desreguladores esteroidais, que interferem na atividade de hormônios sexuais, incluindo testosterona e estrogênio; e aos desreguladores tireoidianos que prejudicam a função de hormônios tireoidianos, como triiodotirononina (T3) e tiroxina (T4). Mas também há relatos da ação desses desreguladores em outros hormônios, como a prolactina e hormônio do crescimento (11). Dessa forma, a importância da pesquisa envolvendo desreguladores endócrinos inclui: (i) a investigação das novas substâncias lançadas no meio ambiente, (ii) a identificação de desreguladores endócrinos, previamente conhecidas ou não, e (iii) monitorização dos níveis de desreguladores endócrinos identificados tanto em ecossistemas quanto nos indivíduos expostos. O objetivo do presente trabalho foi revisar os efeitos e mecanismos de ação dos desreguladores endócrinos que alteram a homeostase dos hormônios esteroidais e tireoideanos. Foi realizado um levantamento de artigos através das bases de dados PUBMED e ScienceDirect, além de livros relacionados ao assunto através das palavras- chave: endocrine disruptors,environmental contaminants, steroid hormones, thyroid hormones, ecotoxicology. O período de levantamento foi de 1950 a 2008 e os artigos obtidos através da Biblioteca Central da USP de Ribeirão Preto. EFEITOS Em hORmôNIOS ESTEROIDAIS Os desreguladores endócrinos que alteram a homeostase dos hormônios esteroidais podem acarretar prejuízos à diferenciação sexual, com conseqüente masculinização ou feminização, e ao sistema reprodutivo, causando danos à fertilidade (12). Essas alterações podem ocorrer através de diversos mecanismos (Figuras 1 e 2): indução ou inibição da síntese ou metabolismo desses hormônios; interferência no transporte; interação com receptores e alteração da transdução de sinais. Vários desreguladores podem prejudicar a esteroidogênese, inibindo enzimas específicas envolvidas na biossíntese desses hormônios (Figura 1). 20 Figura 1. Ação dos desreguladores endócrinos na homeostase dos hormônios androgênicos. StAR = proteína esterodoigênica regulatória aguda; T = testosterona; DDT = 1,1,1-tricloro-2,2-bis(4-cloro-fenil)etano. Figura 1. Ação dos desreguladores endócrinos na homeostase dos hormônios androgênicos. StAR = proteína esterodoigênica regulatória aguda; T = testosterona; DDT = 1,1,1-tricloro-2,2- bis(4-cloro-fenil)etano. Oliveira D.P./Revista Brasileira de Toxicologia 21, n.1 (2008) 3 A síntese dos hormônios esteroidais ocorre a partir do colesterol, sendo necessário inicialmente que esse seja transportado para o interior da mitocôndria. Esse transporte é mediado pela proteína esteroidogênica reguladora aguda (StAR), cuja expressão pode ser alterada por praguicidas como o dimetoato, glifosato e lindano (13-15). Em seguida, o colesterol é convertido em pregnenolona, reação catalisada pela desmolase cuja atividade pode ser inibida pelo dimetoato, glifosato, 2,2-bis(p-hidroxifenil)-1,1,1- tricloroetano, um metabólito do metoxiclor, e cetoconazol (13,14,16,17). Por esses passos serem limitantes na síntese de testosterona, os níveis desse hormônio ficam reduzidos na presença dessas substâncias, que, por isso, são consideradas anti-androgênicas. O cetoconazol também mostrou inibir a atividade de diversas enzimas que atuam na biosíntese de testosterona como a desmolase, 17-alfa-hidroxilase e 17-beta-hidroxiesteróide dehidrogenase, o que também leva a diminuição na concentração de testosterona (18,19). Outra etapa da síntese que pode sofrer a interferência de desreguladores é a conversão da testosterona a estrógeno, reação catalisada pela enzima aromatase (Figura 2). 21 Figura 2. Ação dos desreguladores endócrinos na homeostase dos hormônios estrogênicos. E = estrógeno; DDT = 1,1,1-tricloro-2,2-bis(4-cloro- fenil)etano. Figura 2. Ação dos desreguladores endócrinos na homeostase dos hormônios estrogênicos. E = estrógeno; DDT = 1,1,1-tricloro-2,2- bis(4-cloro-fenil)etano. A atividade dessa enzima pode ser induzida in vitro por herbicidas 2-cloro-tiazina, como a propazina, simazina e atrazina, com conseqüente aumento dos níveis de estrógeno e diminuição da testosterona, caracterizando-se assim como uma ação anti-androgênica e estrogênica (20). Há também substâncias que podem inibir in vitro a expressão dessa enzima, acarretando um efeito anti-estrogênico, como é o caso dos fungicidas fenarimol e procloraz (21,22). Após a síntese, esses hormônios são transportados até o local de ação pela corrente sanguínea. A maior parte é transportada ligada à globulina ligante de hormônios sexuais esteroidais, sendo apenas a fração livre disponível para a ação nos receptores. Contaminantes que interfiram na concentração dessas globulinas podem alterar a concentração livre e, portanto, ativa de hormônio (23). Alguns desreguladores podem induzir enzimas responsáveis pelo metabolismo desses hormônios sexuais, como é o caso dos análogos do DDT que são potentes indutores in vivo da atividade das monoxigenases microssomais, enzimas hepáticas que atuam na depuração de testosterona (24). A ação dos desreguladores ainda pode ocorrer por interação com receptores esteroidais. Os contaminantes podem se ligar ao receptor ativando-o e, dessa forma, mimetizando a ação do hormônio, como é o caso do DDT e do metoxiclor, que mostraram ter ação estrogênica in vivo (25-28). Ou então, podem se ligar aos receptores sem ativá-los e impedindo a ligação dos hormônios naturais, prejudicando sua ação normal, como é o caso do fungicida vinclozolin, do DDT e do seu principal metabólito o DDE, que têm ação anti-androgênica (12,29). Por fim, os desreguladores podem inibir a transdução de sinais dentro da célula, como é o caso do lindano, que reduz a reposição de fosfatidil inositol na membrana, comprometendo a ativação da proteína quinase C (30). A ativação desses receptores esteroidais também pode ser modificada de forma indireta pela diminuição nos níveis desses, como quando ocorre exposição ao 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina (TCDD) (31,32). EFEITOS NO SISTEmA hORmONAL TIREOIDEANO A exposição à desreguladores endócrinos que alteram a homeostase dos hormônios tireoideanos (HTs) está relacionada principalmente a efeitos no desenvolvimento pós-embrionário, tais como alterações na maturação do sistema nervoso central em mamíferos, bem como prejuízos na metamorfose de anfíbios (33). O aparecimento de bócio endêmico, apesar do uso de sal iodado, e de tumores de tireóide também têm sido relacionados à exposição ambiental a desreguladores endócrinos tireoideanos (34, 35). Tratam-se de compostos que inibem o transporte ativo de iodo inorgânico para a célula folicular tireoideana; mimetizam ou antagonizam a ação dos HTs; induzem a expressão ou inibem enzimas reguladoras associadas à síntese e metabolismo dos HTs; alteram concentrações circulantes ou nos tecidos dos HTs; alteram os níveis de receptores de HTs; ou alteram a transdução de sinais resultante da ação hormonal (36). A alteração da homeostase dos hormônios tireoideanos por desreguladores endócrinos deve considerar também qualquer alteração no eixo hipotálamo-hipófise- tireóide, visto que os hormônios tireotrófico (TRH) e tireoestimulante (TSH) estão diretamente relacionados com a síntese dos hormônios tireoideanos. Por exemplo, a exposição a praguicidas como o alaclor resulta em elevados Oliveira D.P./Revista Brasileira de Toxicologia 21, n.1 (2008)4 níveis de TSH que promove proliferação de células foliculares tireoideanas levando a neoplasia de tireóide (34). A síntese de hormônios tireoideanos é realizada a partir da iodetação da tirosina através das enzimas iodinase e tireoperoxidase (TPO) (Figura 3). 22 Figura 3. Ação dos desreguladores endócrinos na homeostase dos hormônios tireoideanos. TPO = tireoperoxidase; PBDEs = difenil éteres polibromados; UDPGT = uridina-difosfato glicuroniltransferase. Figura 3. Ação dos desreguladores endócrinos na homeostase dos hormônios tireoideanos. TPO = tireoperoxidase; PBDEs = difenil éteres polibromados; UDPGT = uridina-difosfato glicuroniltransferase. Isoflavonas (fitoesteróides presentes na soja), etilenouréia (substância presente em inúmeros fungicidas) e tionamidas (classe de fármacos usada no tratamento de hipertireoidismo) são desreguladores endócrinos que inibem a enzima TPO (37). A exposição a esses compostos está relacionada ao aparecimento de bócio, hipotireoidismo e transtornos autoimunes tireoideanos (38-41). A síntese de T3 e T4 é dependente da entrada de iodeto na glândula tireóide, etapa esta que pode ser inibida por substâncias como o perclorato, fármaco usado no tratamento de hipertireoidismo (42,43). A exposição a este fármaco promove redução dos níveis de HTs e conseqüente elevação dos níveis de TSH (42). Os HTs são liberados das células foliculares tireoideanas e difundem-se para o interior dos capilares circundantes, sendo dessa forma liberados no sangue. Na circulação os HTs são transportadosprincipalmente ligados a globulina transportadora de tiroxina (44). Alguns metabólitos dos difeniléteres polibromados (PBDEs), substâncias usadas como retardantes de chama, ligam-se a essa proteína, promovendo um aumento dos níveis de T3 e T4 livre (45). Os desreguladores endócrinos podem apresentar ação tóxica por se ligarem aos receptores. Nesse contexto, essa ação pode (i) promover ativação do receptor - ação agonista - desencadeando efeito biológico relacionado à atividade específica desse componente celular, nesse caso mimetizando a ação de T3 e T4 ; (ii) atuar como antagonistas ligando-se aos receptores e impedindo a ação do ligante endógeno natural, os HTs, como é o caso do composto usado na produção de plásticos bisfenol-A (46-48). Ademais, os desreguladores endócrinos podem intervir em diversas vias de metabolismo dos hormônios tireoideanos exercendo toxicidade, incluindo sulfatação, deiodação e glucuronidação (49). Dentro deste contexto, estudos demonstram a inibição in vitro da sulfatação do hormônio tireoideano por ação de BCPs e do retardante de chama tetrabromobisfenol A (50, 51). Brouwer et al. (52) demonstraram que compostos organoclorados hidroxilados são capazes de interferir com o metabolismo de T4 por meio da inibição da atividade da enzima deiodinase, assim como prevenir a formação de T3. A eliminação dos HTs se dá após metabolização no fígado pela enzima uridina-difosfato glicuroniltransferase (UDPGT). Este processo pode ser alterado pela exposição com PBDEs, que induzem a expressão da enzima UDPGT resultando em aumento da eliminação de HTs (53). Essa indução da atividade de glucuronidase hepática por desreguladores endócrinos, evidenciada por uma elevação na eliminação de T4, tem sido reportada em diversos estudos (54-57). EFEITOS Em pOpULAçõES Diversas populações de peixes, aves, anfíbios, répteis e mamíferos apresentam alterações da homeostasia dos hormônios esteroidais e tireoideanos que têm sido relacionadas à exposição ambiental a substâncias químicas. A presença dessas substâncias como contaminantes no ambiente apresenta um potencial impacto negativo para populações em desenvolvimento, podendo colocar em risco a saúde humana, e a de várias espécies de animais. Em geral, as alterações em animais incluem feminização de machos, masculinização de fêmeas, redução da fertilidade, redução da viabilidade da prole, aumento da secreção hormonal, aumento da atividade hormonal e alteração do comportamento sexual (58). A exposição cumulativa de desreguladores endócrinos com efeito estrogênico é bem documentada tanto em animais de experimentação quanto silvestres. Na maioria das vezes, os efeitos observados em animais silvestres são explicados por meio das observações em laboratório, embora existam diferenças entre evidências obtidas em animais de experimentação e animais selvagens e humanos. Os efeitos em pássaros, anfíbios e peixes machos têm sido avaliados pela determinação dos níveis de vitelogenina. A vitelogenina, proteína utilizada na síntese da gema do ovo, é produzida no fígado sob controle estrogênico em fêmeas ovíparas vertebradas. Os machos, em condições normais, não produzem vitelogenina. No entanto, quando expostos a substâncias estrogênicas, a vitelogenina pode ser produzida em quantidades similares às produzidas pelas fêmeas (59-61). Estudos demonstram um aumento na prevalência de hermafroditismo em peixes de Oliveira D.P./Revista Brasileira de Toxicologia 21, n.1 (2008) 5 lagoas de tratamento de efluente na Inglaterra com aumento significativo da concentração plasmática de vitelogenina. A elevada concentração de vitelogenina nos peixes machos é um indicativo da contaminação da água com compostos estrogênicos (62,63). Sabe-se que a masculinização é dependente da ação hormonal e este processo é susceptível a ação de desreguladores. Esta susceptibilidade é ilustrada pela alta frequência de anormalidades de masculinização congênitos como criptorquidia (testículos não descendidos) em crianças; baixa contagem espermática e câncer de testículos na população de adultos jovens; além de hipospadias, efeito no qual a uretra não se prolonga até o final do pênis (64- 67). O aumento da prevalência desses transtornos nas últimas décadas é bem documentado em humanos e em espécies de animais selvagens. Essas observações sugerem que a saúde reprodutiva masculina piorou desde a Segunda Guerra Mundial como resultado de alterações ambientais e no estilo de vida (68). Estudos em humanos revelam que substâncias que alteram o sistema de hormônios tireoideanos afetam o desenvolvimento intelectual em crianças. Embora o papel dos hormônios tireoideanos no desenvolvimento do sistema nervoso central não seja completamente entendido, sabe-se que o hipotireoidismo resulta em retardo mental e outros efeitos sérios no desenvolvimento (69). Segundo Haddow et al. (70) pequenas alterações na concentração de hormônios tireoideanos durante a gestação podem afetar significativamente a inteligência em crianças. Nesse estudo, os níveis de tiroxina (T4) nas crianças de quoeficiente de inteligência (QI) mais baixo estavam próximos do limite inferior dos valores de referência de T4 (70). Colborn (71) observou que a exposição a desreguladores tireoideanos, mesmo em baixas concentrações afetam o desenvolvimento intelectual e comportamental de embriões e fetos. Há evidências de que a exposição a bifenilas policloradas e dioxinas podem causar danos cognitivos em humanos, efeito que pode ser mediado pela indução de hipotireoidismo (72, 73). CONCLUSõES O número de substâncias que possuem ação como desreguladores endócrinos é muito grande. Algumas dessas, como o DDT, possuem uma ação muito bem definida, enquanto outras mostram resultados ainda controversos, sem considerar inúmeras substâncias, amplamente utilizadas pelo homem, que ainda não tiveram esse efeito descoberto. Além do grande número de substâncias, a dificuldade de estudo dos desreguladores deve-se também aos vários mecanimos pelo qual uma mesma substância pode agir, sendo difícil estabelecer o efeito exato desses contaminantes. Também deve-se considerar que no ambiente os desreguladores não são encontrados de forma isolada, podendo haver interação desses com possível potencialização dos efeitos. Apesar de muitas dessas substâncias que têm ação como desreguladores endócrino não serem mais utilizadas, como os praguicidas organoclorados, o estudo desses é de fundamental importância devido a grande estabilidade que muitos deles possuem, podendo ser encontrados até hoje no ambiente. Além disso, é importante estudar novas substâncias antes mesmo de serem lançadas no mercado. A elucidação dos danos ambientais desses contaminantes não implica na sua proibição, uma vez que são produtos já amplamente utilizados pelo homem, e esse tipo de ação traria problemas econômicos. São necessárias medidas para a redução da liberação desses para o ambiente e/ou estabelecimento de tratamentos eficazes de forma a minimizar os prejuízos. Considerando as centenas de espécies conhecidamente afetadas ou com suspeita de serem afetadas pelos desreguladores endócrinos, há uma constante necessidade de continuar as pesquisas com tais substâncias a fim de realizar um maior controle, com o estabelecimento de novas regulamentações e realização das devidas inspeções. Entender os mecanismos e os efeitos das interações entre esses contaminates e os organismos presentes em ambientes contaminados é o primeiro passo para estabeler estratégias de gestão ambiental. RESUmO Desreguladores endócrinos, substâncias exógenas que alteram a homeostase de hormônios endógenos, têm sido constantemente lançados no ambiente durante os últimos 60 anos. Esses contaminantes têm sido relacionados à diminuição da contagem espermática humana e ao aumento da incidência de câncer de testículo, mama e tireóide. No mesmo período, alterações no desenvolvimentoe reprodução foram documentadas em espécies de animais selvagens. O objetivo do trabalho foi revisar os efeitos e mecanismos de ação dos desreguladores endócrinos que alteram a homeostase dos hormônios esteroidais e tireoideanos. Foi realizado um levantamento de artigos do período de 1950 a 2008 através das bases de dados PUBMED e ScienceDirect, além de livros da área. Os resultados mostram que os desreguladores endócrinos podem agir pelos seguintes mecanismos: i) inibição de enzimas relacionadas com a síntese de hormônios; ii) alteração da concentração livre de hormônios através da interação com globulinas plasmáticas; iii) alteração da expressão de enzimas relacionadas ao metabolismo hormonal; iv) interação com receptores hormonais, agindo como agonistas ou antagonistas; v) alteração da transdução de sinais resultante da ação hormonal. A importância da identificação dos desreguladores endócrinos envolve o estudo dos contaminantes ambientais e a investigação de novas substâncias lançadas no meio ambiente. A minimização da exposição e/ou a racionalização do uso desses compostos está relacionada a preservação de espécies, para previnir processos de extinção. Oliveira D.P./Revista Brasileira de Toxicologia 21, n.1 (2008)6 Unitermos: desreguladores endócrinos, contaminantes ambientais, hormônios esteroidais, hormônios tireoideanos, ecotoxicologia REFERêNCIAS BIBLIOGRáFICAS Colborn T, Dumanoski D, Myers JP. O futuro roubado. 1. Porto Alegre. L&PM, 1997. Burlington H, Lindeman VF. Effect of DDT on testes 2. and secondary sex characters of white leghorn cockerels. Proc Soc Exp Biol Med 1950; 74:48-51. Colborn T, Clement C. Chemically-induced alterations 3. in sexual and functional development: the wildlife/ human connection. Advances in Modern Environmental Toxicology. Princeton: Princeton Scientific Publishing, 1992. Carson R. Silent Spring. New York: Houghton Mifflin 4. Company; 1962. 368p Baird C. Química ambiental. 2.ed., Porto Alegre: 5. Bookman; 2002. 622p. Fox GA. Wildlife as sentinels of human health effects 6. in the Great Lakes - St. Lawrence basin. Environ Health Perspect 2001; 109:853-861. Gutberlet J. 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