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–––L, Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas (Técnico – Pós-Edital) Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira Prof. Gustavo Carvalho Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 2 de 96 www.cdfconcursos.com.br Olá, seja bem-vindo(a) à aula 1 de Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas (Técnico – Pós- Edital). Pelo portal do aluno você poderá acessar o conteúdo integral deste curso — livros digitais, videoaulas, materiais complementares e áudios —, bem como retirar suas dúvidas diretamente com os Professores deste curso. SUMÁRIO INFORMAÇÕES INICIAIS .................................................................................. 3 Apresentação dos Professores ....................................................................... 4 Metodologia de Ensino ................................................................................. 6 Conteúdo do Curso ...................................................................................... 7 CONTEÚDO DA AULA 1 ................................................................................ 8 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 8 2. TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ......................................................... 8 2.1 Distinção entre Direitos Humanos, Direitos Fundamentais e Direitos Naturais .. 9 2.2 Distinção entre Direitos Fundamentais, Garantias Fundamentais e Remédios Constitucionais. ........................................................................................ 12 2.3 Evolução dos Direitos Fundamentais ....................................................... 13 2.3.1 Direitos Fundamentais de 1ª Geração ou Dimensão ............................ 14 2.3.2. Direitos Fundamentais de 2ª Geração ou Dimensão ........................... 15 2.3.3. Direitos Fundamentais de 3ª Geração ou Dimensão ........................... 17 2.3.4. Direitos Fundamentais de 4ª Geração ou Dimensão ........................... 19 2.3.5. Direitos Fundamentais de 5ª Geração ou Dimensão ........................... 19 2.4 Características dos Direitos Fundamentais ............................................... 21 2.5 Os limites dos Direitos fundamentais ...................................................... 24 2.6 Dimensão Objetiva e Subjetiva dos Direitos Fundamentais ......................... 27 2.7 Vedação à abolição dos Direitos e Garantias Individuais previstos na CF/88 .. 29 3 EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS DEFINIDORAS DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS NA CF/88 ......................................................... 31 3.1 Eficácia Jurídica x Eficácia Social ............................................................ 31 3.2 Eficácia Vertical, Horizontal e Diagonal dos Direitos Fundamentais ............... 32 3.3 Aplicabilidade x Aplicação dos Direitos e Garantias Fundamentais ................ 36 3.4 Eficácia e Aplicabilidade das Normas Constitucionais ................................. 37 3.4.1 Normas Constitucionais de Eficácia Plena, Contida e Limitada (José Afonso da Silva) .............................................................................................. 37 Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 3 de 96 www.cdfconcursos.com.br 3.4.1.1 Normas Constitucionais de Eficácia Plena ................................... 38 3.4.1.2 Normas Constitucionais de Eficácia Contida ou Prospectiva ........... 39 3.4.1.3 Normas Constitucionais de Eficácia Limitada ............................... 42 3.4.2 Normas Constitucionais de Eficácia Absoluta, Plena, Relativa Restringível e Dependente de Complementação Legislativa (Maria Helena Diniz) ................. 45 3.4.3 Normas autoexecutáveis e não autoexecutáveis (Ruy Barbosa) ............. 47 3.4.4 Normas de eficácia esgotada ou exaurida (Uadi lammêgo Bulos) ........... 48 4. AS FONTES DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .............................. 49 4.1 Direitos e Garantias Fundamentais previstos em tratados internacionais ....... 51 4.2 Tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos .................... 52 ESQUEMAS E RESUMOS DA AULA .................................................................... 54 QUESTÕES COMENTADAS .............................................................................. 57 QUESTÕES – SEM COMENTÁRIOS .................................................................... 83 GABARITO ................................................................................................... 94 INFORMAÇÕES INICIAIS Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 4 de 96 www.cdfconcursos.com.br Apresentação dos Professores Olá, caro(a) aluno(a)! Tudo bem? Eu, Prof. Rodrigo Bandeira, e o Prof. Gustavo Sales, amigos de longa data, somos graduados pela Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN e exercemos, até o ingresso no serviço público civil, o cargo de oficial de carreira do Exército Brasileiro, tendo ambos atingido o posto de Capitão. Nossa parceria neste curso deriva do reconhecimento mútuo de competências pessoais desejáveis ao ensino e ao auxílio de pessoas em busca do crescimento profissional. Minha primeira aprovação (Rodrigo Bandeira) para concurso público de escala nacional se deu em 1998, quando logrei êxito para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército – EsPCEx. Em 2004, concluí a Graduação em Ciências Militares e Administração pela Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN. Após cerca de 12 anos de serviços prestados ao Exército Brasileiro, decidi redirecionar a minha trajetória profissional. Assim, desde 2014, exerço o cargo de Analista Administrativo na Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL e venho ampliando a minha formação jurídica. Na Faculdade de Direito da Universidade de Brasília – FD/UnB, concluí a Graduação em Direito (2015), o Mestrado em Direito, Estado e Constituição (2017) e, atualmente, curso o Doutorado, também em Direito, Estado e Constituição. Na FD/UnB também exerci, por cerca de 2 anos, a função de professor voluntário aos alunos da Graduação em Direito. Na época que me dediquei ao estudo para concursos públicos, também obtive outras aprovações: FNDE/Especialista (CESPE, 2013, posição 1°, convocado), TCU/Auditor (CESPE, 2012, posição 87°, não convocado) e TSE/Técnico Judiciário (CONSULPLAN, 2012, posição 162°, convocado). A minha paixão pelo ensino deriva de uma trajetória de vida dedicada ao conhecimento. Sempre tive a convicção de que este seria o único caminho capaz de me proporcionar a evolução pessoal e profissional que eu sonhava, mesmo tendo que superar as inúmeras dificuldades educacionais típicas de quem concluiu a educação básica em escolas públicas do interior do país. Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 5 de 96 www.cdfconcursos.com.br Olá, tudo bem? Meu nome é Gustavo Carvalho. Possuo bacharelado em Ciências Militares comênfase em Comunicações, licenciatura em Pedagogia e bacharelado em Administração. Antes de iniciarmos a aula gostaria de contar a você um pouco da minha experiência no mundo dos concursos. Em 1995 obtive minha primeira aprovação em concursos públicos quando, à época, tinha 18 anos. Obtive a 48º colocação no concurso de ingresso para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx). Nas Forças Armadas permaneci por 16 anos quando então, em 2012, fui nomeado para o cargo que ocupo atualmente de Auditor-Fiscal de Atividades Urbanas do Distrito Federal (24ª colocação). Fui também aprovado para os cargos de professor substituto do DF nas áreas de formação de Educação Física e Pedagogia. Forte abraço e bons estudos! Caso você deseje acompanhar as atualidades relacionadas ao estudo do Direito Constitucional, siga nossas mídias sociais: @prof.rodrigobandeira Prof. Rodrigo Bandeira Prof. Rodrigo Bandeira @prof.gustavocarvalho Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 6 de 96 www.cdfconcursos.com.br Metodologia de Ensino Em função da experiência acumulada como professores, temos consciência que muitos alunos acessarão este curso não por paixão aos conteúdos que nele constarão, mas sim por um conjunto de fatores que lhes fizeram crer que a carreira de Técnico de Regulação de Serviços Públicos da ADASA constitui uma boa opção profissional. A partir desta constatação, elaboramos os livros digitais, videoaulas e demais conteúdos de Direito Constitucional com o zelo necessário para que qualquer pessoa, com ou sem formação jurídica básica, possa compreender e memorizar, da forma mais didática e eficaz possível, os conteúdos necessários à prova. Aviso! Nos livros digitais, sempre que você encontrar a imagem abaixo, significa um indicativo para você assistir na área do aluno a videoaula cujo nome esteja indicado. Tal como no exemplo abaixo: A partir deste ponto, escalaremos juntos nesta jornada do seu crescimento profissional. Nosso auxílio ocorrerá por meio da entrega caprichada e didática dos conteúdos deste curso. Lecionar não se trata de uma mera atividade profissional, mas sim de um verdadeiro “chamado”, em nossas vidas. Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 7 de 96 www.cdfconcursos.com.br Conteúdo do Curso AULA CONTEÚDO Aula 1 2 Aplicabilidade das normas constitucionais. 2.1 Normas de eficácia plena, contida e limitada. 4 Direitos e garantias fundamentais. 4.1 Direitos e deveres individuais e coletivos (...). PARTE 1 Aula 2 2 Aplicabilidade das normas constitucionais. 2.1 Normas de eficácia plena, contida e limitada. 4 Direitos e garantias fundamentais. 4.1 Direitos e deveres individuais e coletivos (...). PARTE 2 Aula 3 2 Aplicabilidade das normas constitucionais. 2.1 Normas de eficácia plena, contida e limitada. 4 Direitos e garantias fundamentais. 4.1 Direitos e deveres individuais e coletivos (...). PARTE 3 Aula 4 1 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 1.1 Princípios fundamentais. Aula 5 2.2 Normas programáticas. Constitucionalismo e neoconstitucionalismo: características e evolução histórica. 3 Direito constitucional contemporâneo: conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 3.1 Novos paradigmas de interpretação e a mutação constitucional. Aula 6 4.1 (...) direitos sociais. Aula 7 5 Organização político-administrativa do Estado. 5.1. Estado federal brasileiro, União. Aula 8 6 Administração pública. 6.1 Disposições gerais, servidores públicos. Regras de organização do Estado na CF/88. Aula 9 7 Poder Executivo na Constituição. 7.1 Atribuições e responsabilidades do Presidente da República. Aula 10 7 Poder Legislativo na Constituição. Aula 11 7 Poder Judiciário na Constituição. Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 8 de 96 www.cdfconcursos.com.br CONTEÚDO DA AULA 1 Nesta aula, serão abordados todos os aspectos teóricos necessários ao estudo dos Direitos e Garantias Fundamentais positivados na CF/88, conteúdo exigido pelo atual edital de Técnico de Regulação de Serviços Públicos da ADASA, em NOÇÕES DIREITO CONSTITUCIONAL. Bem, como a Banca IADES possui poucas questões sobre o assunto, trouxemos questões de outras bancas examinadoras a fim de que você possa treinar e assimilar o conteúdo de forma mais adequada. 1. INTRODUÇÃO Esta aula apresenta de forma didática, resumida e esquematizada os aspectos teóricos relacionados aos direitos e às garantias fundamentais positivados na CF/88, que poderão ser exigidos em sua prova. 2. TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS O estudo dos Direitos e das Garantias Fundamentais requer prévia fundamentação teórica necessária à resolução não apenas das questões mais focadas em aspectos teóricos, mas também daquelas que exploram a literalidade do texto constitucional, diga-se de passagem, predominantes nas provas. É preciso compreender as distinções conceituais relacionadas ao tema, a evolução histórica dos Direitos Fundamentais inserida no contexto da limitação do poder estatal, as características, as dimensões, os limites, os graus de eficácia e aplicabilidade, as fontes e as categorias dos Direitos Fundamentais positivados na CF/88. Padronização de siglas - Constituição Federal de 1988: CF/88 - República Federativa do Brasil: RFB - União, Estados, Distrito Federal e Municípios, respectivamente: U, E, DF e M - Emenda constitucional: EC Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 9 de 96 www.cdfconcursos.com.br 2.1 Distinção entre Direitos Humanos, Direitos Fundamentais e Direitos Naturais Embora não exista consenso doutrinário sobre estas terminologias, para fins de prova importa o entendimento predominante, a seguir explanado. Quanto aos direitos humanos e aos direitos fundamentais, a distinção se baseia no plano jurídico ― nacional ou internacional ― em que o direito em análise esteja positivado, ou seja, normatizado expressamente. Os direitos humanos devem ser compreendidos como o rol dos direitos necessariamente positivados em normas internacionais (tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos), que visam assegurar a dignidade humana e proteger todos indivíduos integrantes da comunidade internacional de possíveis arbítrios praticados pelos Estados nacionais. A partir deste parâmetro, constata-se que os direitos humanos possuem certo grau de homogeneidade normativa, definida a nível internacional, e influenciam o ordenamento jurídico interno de todos os países. Cabe ressaltar que a violação aos direitos humanos praticada pelos Estados nacionais pode vir a legitimar intervenções internacionais, em detrimento da soberania do Estado infrator. Por outro lado, os direitos fundamentais são os direitos positivados no âmbito do ordenamento jurídico interno de cada país, visando assegurar a dignidade humana e proteger as pessoas contra os abusos estatais, a nível nacional. Perceba, então, que os direitos fundamentais são bastante heterogêneosa nível internacional, em função de variarem conforme disponha o escopo constitucional de cada Estado. QUESTÃO DE PROVA 2016 – Polícia Civil/PE – ADAPTADA ― Em casos de profunda degradação da dignidade humana em determinado Estado, o princípio fundamental internacional da prevalência dos direitos humanos sobrepõe-se à própria soberania do Estado. Perfeito! A afronta à dignidade humana praticada por determinado Estado nacional pode vir a legitimar uma intervenção internacional, em detrimento da soberania deste Estado. GABARITO: CERTO Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 10 de 96 www.cdfconcursos.com.br Cumpre registrar que, frequentemente, os direitos fundamentais positivados pelos ordenamentos jurídicos internos dos países replicam inúmeros direitos humanos positivados em normas internacionais. Todavia, perceba que é plenamente possível existirem direitos fundamentais reconhecidos pelo ordenamento jurídico de determinado Estado nacional, que não sejam considerados direitos humanos pelas normas internacionais, e vice-versa. QUESTÃO DE PROVA 2015 – DPE/SP – ADAPTADA ― Os direitos fundamentais podem ter uma amplitude muito maior que a do universo dos direitos humanos. De fato, é possível que os Estados nacionais reconheçam como direitos fundamentais, em seus respectivos ordenamentos jurídicos internos, determinados direitos não reconhecidos como direitos humanos pelas normas internacionais. GABARITO: CERTO Importante esclarecer, ainda, que os direitos humanos e os direitos fundamentais se relacionam diretamente ao princípio da dignidade da pessoa humana, que, inclusive, constitui um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (CF/88, art. 1º, inc. III), que diante da colisão entre direitos fundamentais, em casos concretos, é utilizado como parâmetro interpretativo na solução. QUESTÕES DE PROVA 2019 – SAAE-SP – Dentre os fundamentos da República Federativa do Brasil, existe um, que caracteriza regra matriz dos direitos fundamentais, que pode ser bem definido como o núcleo essencial do constitucionalismo moderno e, diante de colisões, serve para orientar as necessárias soluções de conflitos. Tal fundamento é denominado: a) Soberania. b) Construção de uma sociedade livre, justa e solidária. c) Cidadania. d) Dignidade da pessoa humana. e) Moralidade. Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 11 de 96 www.cdfconcursos.com.br GABARITO: “d” 2014 - Câmara dos Deputados – O princípio jurídico da dignidade da pessoa humana orienta os objetivos dos sistemas de direito considerados humanizados. GABARITO: CERTO Veremos agora os direitos naturais do homem, que decorrem de construção teórica baseada na teoria do jusnaturalismo ou direito natural. Os arbítrios praticados pelo Estado absolutista intensificaram, a partir do século XVI, o desenvolvimento da corrente teórica conhecida como jusnaturalismo ou direito natural, que defendia uma concepção universal de justiça atrelada à racionalidade, afastada do subjetivismo, visando, assim, a proteção do homem contra o arbítrio dos governantes, no caso, os monarcas absolutistas. O jusnaturalismo inovou o raciocínio jurídico ao defender que existem direitos naturais inerentes ao homem, tal como o direito à vida, à liberdade, à propriedade, dentre outros, que decorrem de uma concepção racional de justiça, derivada da razão humana. Por este motivo, a doutrina jurídica entende que a corrente jusnaturalista foi a base conceitual do surgimento dos direitos humanos, formalizados a partir das revoluções liberais do século XVIII, que possuem como principal marco histórico a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada em 1789 pela Assembleia Nacional Constituinte da França revolucionária. QUESTÃO DE PROVA 2014 – DPE-GO – O reconhecimento dos direitos humanos teve como um dos seus fundamentos filosóficos o movimento denominado “jusnaturalismo”. GABARITO: CERTO Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 12 de 96 www.cdfconcursos.com.br 2.2 Distinção entre Direitos Fundamentais, Garantias Fundamentais e Remédios Constitucionais. É baixa a serventia de todo e qualquer direito desprovido dos meios asseguradores da sua efetivação concreta. Sem disposições efetivamente asseguradoras da eficácia jurídica e social, os direitos fundamentais não passariam de “letras mortas” no ordenamento jurídico. Neste sentido, as garantias fundamentais são instrumentos processuais e/ou disposições jurídicas asseguradoras do exercício dos direitos fundamentais. Como exemplo, pode-se mencionar que o direito fundamental à liberdade, previsto no caput do art. 5º da CF/88, é assegurado por meio de inúmeras garantias fundamentais dispersas no texto constitucional, que impedem a prática de prisão arbitrária pelo Estado, a exemplo do habeas corpus (remédio constitucional previsto na CF/88, art. 5º, LXVIII), da garantia ao preso de assistência jurídica conduzida por advogado (CF/88, art. 5º, LXIII) e da garantia ao imediato relaxamento de prisão ilegal, por autoridade judicial (CF/88, art. 5º, LXV). Neste sentido, os remédios constitucionais devem ser compreendidos como espécies do gênero garantias fundamentais, ou seja, servem como instrumentos administrativos e judiciais destinados à defesa do exercício dos direitos fundamentais. A doutrina assim classifica os remédios constitucionais, todos previstos no art. 5° da CF/88: ✓ Remédios constitucionais administrativos (utilizados na esfera administrativa): • Direito de petição aos poderes públicos; e • Direito de obtenção de certidões em repartições públicas. ✓ Remédios constitucionais judiciais (utilizados na esfera judicial): • Habeas Corpus; • Habeas Data; • Mandado de Segurança; • Mandado de Injunção; e Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 13 de 96 www.cdfconcursos.com.br • Ação Popular. Predominantemente, as questões de prova utilizam o termo genérico “Remédios constitucionais” para se referir aos Remédios constitucionais judiciais. O estudo particularizado dos remédios constitucionais ocorrerá mais adiante, quando adentrarmos nos dispositivos do art. 5º da CF/88. 2.3 Evolução dos Direitos Fundamentais É preciso compreender a evolução histórica dos Direitos Fundamentais, não apenas pelo fato de ser tema corriqueiro nas provas, mas também por permitir uma compreensão contextualizada dos direitos e garantias fundamentais positivados na CF/88, facilitando, assim, o entendimento e a memorização do texto constitucional. Os atuais Direitos Fundamentais reconhecidos pela maioria dos ordenamentos jurídicos, a nível mundial, decorrem de sucessivos fatos históricos relacionados à limitação do poder estatal e à valorização da dignidade humana. No geral, a doutrina aponta como principais marcos históricos desta evolução a aprovação dos seguintes documentos jurídicos: a Magna Carta inglesa de 1215, assinada pelo rei “João Sem terra”; o Habeas Corpus Act de 1679; o Bill of Rights de 1688; a Declaração de Direitos de Virgínia de 1776 e a Declaração de direitosdo homem e do cidadão de 1776. Visando facilitar o entendimento da evolução dos direitos fundamentais, Karel Vasak sugeriu, no final da década de 1970, uma simplificação teórica que sugere três gerações sucessivas de direitos fundamentais associados ao lema da revolução francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. Direitos e Garantias Fundamentais Distinções conceituais Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 14 de 96 www.cdfconcursos.com.br Críticos desta simplificação apontam que o termo “gerações” é inadequado, pois denota ideia de substituição dos direitos de uma geração pela seguinte, quando na verdade ocorre uma relação de convívio simultâneo e complementar. Por tal motivo, apontam que melhor atende o uso do termo “dimensões”, que melhor se adequa a esta realidade. Na sua prova, considere estes termos como sinônimos, a não ser que o comando da questão explore justamente a distinção conceitual apontada no parágrafo anterior. Mais recentemente, outros autores apontam a existência da 4ª e da 5ª gerações ou dimensões dos direitos fundamentais. A seguir, veremos as cinco gerações ou dimensões dos direitos fundamentais. 2.3.1 Direitos Fundamentais de 1ª Geração ou Dimensão Os direitos fundamentais de 1ª geração ou dimensão se relacionam à liberdade dos indivíduos, limitando as ações invasivas do Estado na esfera privada. Gerações ou Dimensões dos Direitos Fundamentais 1ª Geração ou Dimensão 2ª Geração ou Dimensão 3ª Geração ou Dimensão Liberdade Igualdade Fraternidade Lema da Revolução Francesa Na transição do Estado absolutista para o Estado liberal, capitaneada pela independência das 13 ex-colônias norte-americanas da Inglaterra e pela revolução francesa, no século XVIII, a doutrina jurídica aponta o surgimento dos direitos fundamentais de primeira dimensão ou geração, positivados a partir da Constituição norte-americana de 1787 e da Constituição francesa de 1791. Trata-se de direitos de liberdade dos indivíduos perante o Estado, notadamente quanto aos direitos civis (direitos à propriedade, à vida, à intimidade, à liberdade de expressão) e aos direitos políticos (direitos ao voto e à participação no processo eleitoral e na atividade política, basicamente, restritos aos homens nessa fase inicial). Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 15 de 96 www.cdfconcursos.com.br Por imporem ao Estado a obrigação de não agir arbitrariamente na esfera privada individual, os direitos de primeira geração ou dimensão são também conhecidos como direitos negativos ou direitos de defesa. As liberdades asseguradas pelos direitos fundamentais de primeira dimensão ou geração são também denominadas como liberdades clássicas, negativas ou formais. 2016 – TRT/23ª Região – ADAPTADA ― Os chamados direitos de primeira geração (ou dimensão) surgiram no século XVIII, como consequência do modelo de Estado Liberal. São exemplos de direitos de primeira geração ou dimensão o direito à liberdade e o direito à propriedade. GABARITO: CERTO 2011 – TRE/ES – Os direitos fundamentais considerados de primeira geração compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais. GABARITO: CERTO 2.3.2. Direitos Fundamentais de 2ª Geração ou Dimensão Os direitos fundamentais de 2ª geração ou dimensão se relacionam à busca por maior grau de igualdade material entre os indivíduos, visando diminuir as desigualdades sociais. Gerações ou Dimensões dos Direitos Fundamentais 1ª Geração ou Dimensão 2ª Geração ou Dimensão 3ª Geração ou Dimensão Liberdade Igualdade Fraternidade Lema da Revolução Francesa Sob a égide do modelo de Estado liberal clássico implantado em vários países da Europa após as revoluções liberais do século XVIII (notadamente, a revolução francesa), a prevalência da mera igualdade formal entre os indivíduos ─ concepção de igualdade de todos perante à aplicação da lei, no Estado de Direito, sem preocupação estatal efetiva de atenuar as desigualdades sociais ─ associada à intervenção mínima do Estado liberal na economia, colaboraram sobremaneira ao surgimento na Europa de um Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 16 de 96 www.cdfconcursos.com.br cenário de enorme desigualdades sociais e exploração dos trabalhadores, notadamente, a partir da revolução industrial, na transição do século XVIII ao XIX. Este cenário provocou enorme discrepância entre as condições de vida da maior parte da população ― vivendo em condições de miséria e elevada exploração trabalhista ― e da minoria beneficiada pela elevada concentração das riquezas geradas pelo sistema produtivo na economia liberal clássica. Assim, surgiu enorme pressão social em favor da substituição da igualdade meramente formal dos indivíduos perante à lei pela busca da igualdade material ou substancial ou real entre os indivíduos, como forma de realização da justiça social. Deste modo, teve início a substituição do Estado liberal clássico pelo Estado social ou Estado social de Direito ou Estado de bem-estar social ou Estado-providência, que preconizava o Estado como dirigente ativo da atividade econômica e provedor da melhoria das condições de vida da população, por meio da concretização de direitos sociais, culturais e econômicos reconhecidos como direitos fundamentais de 2ª dimensão ou geração. Como marco histórico desta transição, a Constituição mexicana de 1917 reconheceu os direitos sociais, fato seguido pela Constituição alemã de 1919 (Constituição de Weimar). QUESTÃO DE PROVA 2016 – PGE-AM - A Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919, ao constitucionalizar um conjunto de direitos sociais, colocando-os no mesmo plano dos direitos civis, marcaram o início da fase de consolidação da seguridade social. GABARITO: CERTO Desta forma, perceba que os direitos fundamentais de segunda dimensão ou geração se relacionam à obrigação do Estado agir em favor da Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 17 de 96 www.cdfconcursos.com.br diminuição das desigualdades materiais entre os indivíduos, ou seja, favorecendo o alcance da igualdade material entre os indivíduos. Por isto, estes direitos são também conhecidos como direitos positivos ou liberdades positivas, reais ou concretas, pois exigem prestações positivas do Estado, a serem realizadas, em especial, por meio de políticas e serviços públicos amenizadores das desigualdades sociais. QUESTÃO DE PROVA 2018 – SEAP/MG – ADAPTADA ― A Revolução Industrial foi o grande marco dos direitos de segunda geração, que se relacionam com as liberdades positivas, reais ou concretas, assegurando o princípio da igualdade material entre o ser humano. GABARITO: CERTO A CF/88 dedicou um capítulo (do art. 6º ao 11) aos direitos sociais, listando nesta categoria de direitos fundamentais, dentre outros: a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados. Os direitos à cultura encontram-se positivados do art. 215 ao 216-A da CF/88. Os direitos econômicosencontram-se, no geral, dispersos no título VII da CF/88, que regulamenta a ordem econômica. 2.3.3. Direitos Fundamentais de 3ª Geração ou Dimensão Os direitos fundamentais de 3ª geração ou dimensão se relacionam à fraternidade ou solidariedade entre toda a coletividade humana. Gerações ou Dimensões dos Direitos Fundamentais 1ª Geração ou Dimensão 2ª Geração ou Dimensão 3ª Geração ou Dimensão Liberdade Igualdade Fraternidade Lema da Revolução Francesa Os direitos de 3ª geração ou dimensão foram predominantemente positivados por distintos ordenamentos jurídicos no século XX, sendo Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 18 de 96 www.cdfconcursos.com.br decorrentes, notadamente, das reflexões morais ocorridas após a 2ª guerra mundial. Visam a proteção do gênero humano, por meio do alcance de relações humanas fraternas entre os distintos grupos sociais, a nível nacional e internacional, e também entre gerações humanas distintas. Vão além dos interesses individuais, protegendo interesses coletivos e difusos, por esta razão, são também conhecidos como direitos transindividuais. A doutrinária majoritária aponta como direitos de 3ª geração ou dimensão, dentre outros, aqueles relacionados à paz, à autodeterminação dos povos, ao desenvolvimento socioeconômico, à propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade, ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e aos direitos dos consumidores. Exemplo típico de direito fundamental de 3ª geração ou dimensão encontra-se positivado na CF/88, Art. 225: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. QUESTÃO DE PROVA 2018 – SEAP/MG – ADAPTADA ― Os princípios da solidariedade ou fraternidade, são características dos direitos de terceira geração ou dimensão sendo atribuídos as formações sociais, que protegem os interesses de titularidade coletiva ou difusa, não se destinando especificamente à proteção dos interesses individuais, de um grupo ou de um determinado Estado, mostrando uma grande preocupação com as gerações humanas, presentes e futuras. GABARITO: CERTO Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 19 de 96 www.cdfconcursos.com.br 2.3.4. Direitos Fundamentais de 4ª Geração ou Dimensão Os dois autores abaixo possuem as opiniões mais difundidas sobre o que entendem como sendo os direitos fundamentais de 4ª geração ou dimensão: ✓ Norberto Bobbio considera estes direitos como sendo aqueles protetivos da existência humana contra os riscos decorrentes da engenharia genética, em função do seu potencial ofensivo ao patrimônio genético da humanidade; e ✓ Paulo Bonavides, em outra ótica, considera estes direitos inseridos no contexto da institucionalização do Estado social, iniciada no advento da 2ª geração ou dimensão dos direitos fundamentais. Segundo este doutrinador, a 4ª geração ou dimensão refere-se aos direitos à democracia, à informação e ao pluralismo. 2018 – SEAP/MG – ADAPTADA ― Os direitos fundamentais de quarta geração ou dimensão são decorrentes da evolução da engenharia genética, relacionados à manipulação do patrimônio genético, processo que pode colocar em risco a existência humana. Perceba que a questão não indicou o autor a que se referia. Nestes casos, convém julgar a questão considerando que tanto os direitos relacionados à engenharia genética, como os direitos à democracia, à informação e ao pluralismo, constituem direitos de 4ª geração ou dimensão. Caso especifique o autor, deve-se ater ao que este defende. GABARITO: CERTO 2.3.5. Direitos Fundamentais de 5ª Geração ou Dimensão Segundo Paulo Bonavides, o direito à paz possui tamanha relevância jurídica à humanidade que necessita ser enquadrado em dimensão própria. Ressalta-se que, na teoria geracional originalmente proposta por Karel Vasak, o direito à paz é enquadrado como um direito fundamental de 3ª geração. Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 20 de 96 www.cdfconcursos.com.br QUESTÃO DE PROVA 2009 – MPOG – ADAPTADA - Os direitos constantes do catálogo de direitos individuais e coletivos não excluem outros decorrentes do regime político e dos princípios constitucionais que, no entendimento de Paulo Bonavides, na sua obra "Curso de direito constitucional", classifica o direito à paz, como um direito fundamental de quinta geração. Perfeito! O primeiro trecho da questão faz alusão à literalidade do art. 5º, §2º da CF/88: “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Como visto acima, Paulo Bonavides de fato classifica o direito à paz, como um direito fundamental de quinta geração. GABARITO: CERTO Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 21 de 96 www.cdfconcursos.com.br 2.4 Características dos Direitos Fundamentais Os direitos fundamentais possuem as seguintes características: ✓ Historicidade – Conforme indicado no tópico esclarecedor da evolução dos direitos fundamentais, estes decorrem da progressão sucessiva de fatos históricos relacionados à limitação do poder estatal e à valorização da dignidade humana. Desta forma, os direitos fundamentais são permanentemente passíveis de ampliações decorrentes da evolução social, cultural e política das distintas sociedades. Assim, constata-se que os direitos fundamentais se modificam e se desenvolvem de acordo com o lugar e o tempo. ✓ Universalidade – Os direitos fundamentais são aplicáveis universalmente a todos seres humanos submetidos de forma permanente (nacionais) ou transitória (estrangeiros) à ordem jurídica que os estabeleceu, independentemente, de critérios raciais, sexuais ou relacionados à crença religiosa ou convicção político-filosófica. Importa registrar que esta característica não impede a possibilidade da existência de direitos fundamentais aplicáveis somente a determinados indivíduos ou coletividades de indivíduos, cujas particularidades demandem tratamento diferenciado visando o alcance da igualdade material, tal como ocorre com os direitos fundamentais assegurados especificamente aos trabalhadores urbanos e rurais pela CF/88 (art. 7º). ✓ Inalienabilidade – Os direitos fundamentais não possuem natureza econômico-patrimonial, assim, são indisponíveis, ou seja, seus titulares não podem lhes alienar ou transferir mediante atos negociais. São, portanto, inegociáveis e intransferíveis. Por exemplo, nenhum Evolução dos Direitos Fundamentais Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 22 de 96 www.cdfconcursos.com.br brasileiro pode voluntariamente vender seu direito à liberdade,tornando- se escravo do adquirente. ✓ Irrenunciabilidade – Os direitos fundamentais não são passíveis de renúncia, em caráter definitivo ou temporário, embora possam não ser exercidos pelos seus titulares ― o que não implica em renúncia ―, a exemplo das pessoas que preferem não utilizar o direito de resposta, previsto na CF/88, art. 5º, V, em caso de reportagem jornalística inverídica e prejudicial à imagem. ✓ Imprescritibilidade – Os direitos fundamentais não possuem natureza econômico-patrimonial. Trata-se de direitos personalíssimos, desta forma, não são alcançados pelo instituto jurídico da prescrição1 e podem ser exercidos a qualquer momento. ✓ Indivisibilidade –Em essência, esta característica ilustra que o rol dos direitos fundamentais constitui um sistema indivisível formado por normas e princípios jurídicos autônomos e calcados na dignidade da pessoa humana. ✓ Complementaridade e interdependência – Estas características são indicadas por alguns doutrinadores de forma não consensual. Em síntese, decorrem da constatação de que o rol dos direitos fundamentais constitui um sistema indivisível, sendo assim, existe relação de complemento e de interdependência entre os direitos fundamentais. ✓ Relatividade – Todos os direitos fundamentais são relativos, ou seja, não existe a obrigatoriedade de aplicação absoluta destes direitos. Na CF/88, até mesmo o direito à vida, principal bem jurídico protegido num Estado democrático de direito, é relativizado pela possibilidade de pena de morte, em caso de guerra declarada (CF/88, art. 5º, XLVII, “a”). 1 A prescrição consiste na perda da pretensão, ou seja, da possibilidade jurídica de exigir de outrem, em juízo, uma determinada prestação decorrente de obrigação legal ou contratual, após o transcurso de prazo disposto em lei. Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 23 de 96 www.cdfconcursos.com.br ✓ Concorrência ou conflitualidade– Os direitos fundamentais podem concorrer ou conflitar entre si. Como exemplo, em determinados contextos, o direito à vida privada (CF/88, art. 5º, X) pode vir a conflitar com o direito à livre expressão da atividade de comunicação, independentemente de censura ou licença (CF/88, art. 5º, IX). Desta forma, o intérprete deverá equilibrar as restrições atento à regra da máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos, com base nas condicionantes do caso concreto. Noutras palavras, existindo conflito na aplicação conjunta de determinados direitos fundamentais, o intérprete deverá adotar ponderação proporcional e razoável que considere a máxima efetividade possível dos princípios em conflito, sem o sacrifício total de nenhum dos direitos conflitantes. ✓ Limitabilidade – Todos os direitos fundamentais são limitados devido serem passíveis de restrições decorrentes da necessária relativização empregada na aplicação destes direitos aos casos concretos. Desta forma, os direitos fundamentais podem ser limitados por outros direitos da mesma natureza, viabilizando a concordância prática. ✓ Efetividade – A atuação estatal, desempenhada por meio dos órgãos da administração pública, deve ser direcionada à efetivação dos direitos fundamentais. QUESTÕES DE PROVA 2011 – PC/ES – O princípio da dignidade da pessoa humana é um princípio fundamental e absoluto. Não existem direitos fundamentais absolutos. Todos são relativos. GABARITO: ERRADO 2011 – FUB – São características inerentes aos direitos fundamentais a sua historicidade e universalidade. Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 24 de 96 www.cdfconcursos.com.br GABARITO: CERTO 2018 – IPSM – ADAPTADA ― A universalidade, historicidade, inalienabilidade, imprescritibilidade, irrenunciabilidade e ilimitabilidade são características dos direitos fundamentais. Pegadinha de prova! O erro consiste na “ilimitabilidade” indicada. Todos direitos fundamentais são limitados. GABARITO: CERTO 2018 – MPE/RJ – ADAPTADA – Os direitos fundamentais podem ser limitados por outros direitos da mesma natureza, viabilizando a sua concordância prática. GABARITO: CERTO 2014 – TS/SE – A historicidade, como característica dos direitos fundamentais, proclama que seu conteúdo se modifica e se desenvolve de acordo com o lugar e o tempo. Por isso, os direitos fundamentais podem surgir e se transformar. GABARITO: CERTO 2.5 Os limites dos Direitos fundamentais Já vimos que não existem direitos fundamentais absolutos. Todos os direitos fundamentais são passíveis de limitações (limitabilidade) devido serem passíveis de restrições decorrentes da necessária relativização empregada na aplicação sistêmica destes direitos aos casos concretos. Também já vimos que os direitos fundamentais podem concorrer ou conflitar entre si, sendo assim, nestas situações, os direitos conflitantes funcionam como limites recíprocos, já que o intérprete deve priorizar solução com a máxima efetividade possível dos princípios em conflito ― sem o sacrifício total de nenhum dos direitos conflitantes ―, conforme exija o caso concreto. Além disto, a jurisprudência do STF indica claramente que “(...) os direitos e garantias constitucionais não podem servir de manto protetor a práticas ilícitas (...)” (STF, HC 103.236, DJE de 3-9-2010). Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 25 de 96 www.cdfconcursos.com.br Quanto à definição de parâmetros para a imposição de limites aos direitos fundamentais, estas são as duas teorias mais difundidas: ✓ Teoria externa - considera que os limites aos direitos fundamentais são externos ao conteúdo do direito a ser limitado. Segundo esta teoria, a definição destes limites decorre de interpretação que harmonize, de forma proporcional e razoável, o conteúdo do direito fundamental a ser limitado com o conteúdo de(os) outro(s) direitos(s) fundamental(ais) conflitante(s). Esta ✓ Teoria interna - não admite a existência de limitações externas ao direito fundamental, por considerar que violariam o direito fundamental em si. Segundo esta teoria, os limites aos direitos fundamentais devem decorrer da análise do próprio direito a ser limitado, não se permitindo a ponderação com conteúdos externos ao direito fundamental a ser limitado. A principal crítica contra esta teoria se encontra na impossibilidade da detecção de limites expressos na definição de todos os direitos fundamentais. Exemplificando, quais seriam os limites ao direito fundamental de herança: “é garantido o direito de herança” (CF/88, art. 5º, XXX). Neste ponto, cabe relevante indagação, você já percebeu que por meio da imposição de limites aos direitos fundamentais podem surgir obstáculos indevidos à efetiva fruição destes direitos? Logo, surge esta outra importante indagação: quais são os limites dos limites impostos aos Direitos fundamentais? A teoria dos limites dos limites (não é redundância!) surgiu justamente para definir limites (ou critérios) aos limites impostos aos Direitos fundamentais, visando que se evite a imposição de limites indevidos aos direitos fundamentais. Em síntese, segundo esta teoria, os limites aos direitos fundamentais devem observar estes critérios: ✓ Preservação do núcleo essencial do direito fundamental a ser limitado ou restringido - as limitações ou restrições impostasaos Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 26 de 96 www.cdfconcursos.com.br direitos fundamentais não podem se tornar barreiras indevidas ao gozo efetivo destes direitos, tornando-lhes desprovidos de eficácia jurídica. Deve sempre ser respeitado o núcleo essencial que caracteriza o direito fundamental a ser limitado, conforme pode ser constatado neste julgado do STF: SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL As medidas provisórias não podem veicular norma que altere espaços territoriais especialmente protegidos, sob pena de ofensa ao art. 225, inc. III, da Constituição da República. As alterações promovidas pela Lei 12.678/2012 importaram diminuição da proteção dos ecossistemas abrangidos pelas unidades de conservação por ela atingidas, acarretando ofensa ao princípio da proibição de retrocesso socioambiental, pois atingiram o núcleo essencial do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado previsto no art. 225 da Constituição da República. [ADI 4.717, DJE de 15-2-2019] ✓ Adequação ao princípio da proporcionalidade – este princípio prega a compatibilidade entre os meios limitativos utilizados e os fins almejados na limitação dos direitos fundamentais, evitando desequilíbrios, ou seja, limitações que extrapolem o patamar necessário ao alcance do fim jurídico desejado. Desta forma, este princípio impõe que os limites (ou restrições) aos direitos fundamentais devem observar a adequação (a limitação ao direito fundamental deve ser adequada ao fim almejado), a necessidade (a limitação deve ser estritamente necessária) e a proporcionalidade em sentido estrito (a limitação imposta deve ser a menos gravosa possível ao direito fundamental). A doutrina entende que o princípio da proporcionalidade engloba como elementos ou subprincípios a adequação, a necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito. QUESTÕES DE PROVA 2015 – FUB – Direito fundamental pode sofrer limitações, mas é inadmissível que se atinja seu núcleo essencial de forma tal que se lhe desnature a essência. GABARITO: CERTO Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 27 de 96 www.cdfconcursos.com.br 2010 – BNDES – O princípio da proporcionalidade, acolhido pelo direito constitucional brasileiro, compreende os seguintes subprincípios: a) legalidade, moralidade e necessidade. b) legalidade, moralidade e impessoalidade. c) legalidade, impessoalidade e proporcionalidade em sentido estrito. d) adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. e) adequação, necessidade e moralidade. GABARITO: “D” 2.6 Dimensão Objetiva e Subjetiva dos Direitos Fundamentais A doutrina reconhece aos direitos fundamentais duas dimensões: a objetiva e a subjetiva. Sinteticamente, a dimensão objetiva coincide com o rol dos direitos fundamentais positivados pelo ordenamento jurídico. A dimensão subjetiva, por sua vez, relaciona-se às possibilidades de ação possibilitadas/facultadas pelo direito objetivo aos respectivos titulares dos direitos fundamentais para se protegerem diante de situações concretas ou iminentes de violações dos seus direitos fundamentais. A adequada compreensão destas dimensões exige o entendimento prévio dos conceitos de direito objetivo e de direito subjetivo. Segundo a doutrina jurídica, o direito objetivo é simplesmente a norma de agir (norma agendi), noutras palavras, consiste no conjunto das normas jurídicas vigentes que regem as relações jurídicas, impondo modos de agir aos sujeitos de direitos. Desta forma, a dimensão objetiva dos direitos fundamentais consiste num sistema de valores normatizados que norteiam todo o ordenamento jurídico em vigor, impondo a observância dos direitos fundamentais nas relações entre particulares (eficácia horizontal dos direitos fundamentais) e também na atuação do Estado (eficácia vertical dos direitos fundamentais). É o que a doutrina denomina como Características e limites dos Direitos fundamentais Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 28 de 96 www.cdfconcursos.com.br eficácia irradiante dos direitos fundamentais. No ordenamento jurídico brasileiro, o fundamento normativo dos direitos fundamentais encontra-se na CF/88. QUESTÕES DE PROVA 2011 – TRT/23 – ADAPTADA - O reconhecimento de uma dimensão objetiva dos direitos fundamentais significa que tais direitos irradiam seus efeitos pelo ordenamento jurídico (eficácia irradiante), no sentido de que, na sua condição de direito objetivo, os direitos fundamentais fornecem impulsos e diretrizes para a aplicação e interpretação do direito infraconstitucional, apontando para a necessidade de uma interpretação conforme aos direitos fundamentais. O comando desta questão complementa, didaticamente, o conceito apresentado acima para a dimensão objetiva dos direitos fundamentais. GABARITO: CERTO 2018 – CREF - 8ª Região (AM/AC/RO/RR) – A dimensão objetiva dos direitos fundamentais atualmente congrega uma limitação ao agir estatal, um feixe de objetivos a serem perseguidos pelo Estado com vistas à sua consecução e, ainda, um encargo ao Poder Público, que deve por eles zelar, preservando-os contra violações por particulares. O Estado, assim como os particulares, deve atuar respeitando os direitos fundamentais. Mais adiante, veremos que a atuação do Estado em respeito aos direitos fundamentais caracteriza a eficácia vertical dos direitos fundamentais. Enquanto que a obrigatoriedade de observância dos direitos fundamentais no âmbito das relações entre particulares caracteriza a eficácia horizontal dos direitos fundamentais. GABARITO: CERTO Doutrinariamente, o direito subjetivo consiste na possibilidade ou poder de agir que a ordem jurídica faculta/possibilita às pessoas para fazerem exercer efetivamente seus direitos contra terceiros. Perceba, portanto, que o direito subjetivo é definido pelo direito objetivo. Para exemplificar, a CF/88, art. 5º, inciso V, assegura em abstrato o direito de resposta (direito objetivo). Desta forma, quem tiver sua Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 29 de 96 www.cdfconcursos.com.br reputação ou imagem prejudicada indevidamente por veículo de comunicação social poderá (perceba, não é obrigatório!) exigir o direito de resposta ao ofensor, além de indenização por dano material, moral ou à imagem. Noutras palavras, concretizando-se este tipo de ofensa, o ofendido poderá exercer seu direito subjetivo contra quem lhe ofendeu. Desta forma, a dimensão subjetiva dos direitos fundamentais consiste no poder de ação ou faculdade de agir (facultas agendi) atribuída aos sujeitos de direito ― pelo direito objetivo ― para fazerem exercer seus direitos fundamentais diante da atuação inadequada ou da omissão indevida do Estado ou de particulares. QUESTÃO DE PROVA 2016 – DPE/BA – ADAPTADA - A dimensão subjetiva dos direitos fundamentais está atrelada, na sua origem, à função clássica de tais direitos, assegurando ao seu titular o direito de resistir à intervenção estatal em sua esfera de liberdade individual. Essa interessante questão interliga o tema da dimensão subjetiva dos direitos fundamentais àteoria das gerações dos direitos fundamentais. Conforme já visto nesta aula, os direitos fundamentais de 1ª geração ou dimensão são associados à proteção da liberdade individual – notadamente, relacionados aos direitos civis e políticos ―, impondo ao Estado a obrigação de não agir arbitrariamente na esfera privada individual. Desta forma, estes são os direitos fundamentais clássicos, pois se localizam na 1ª geração ou dimensão dos direitos fundamentais. GABARITO: CERTO 2.7 Vedação à abolição dos Direitos e Garantias Individuais previstos na CF/88 A tendência de abolição (extinção, supressão) dos direitos e garantias individuais consta como cláusula pétrea ou limitação material expressa ao processo legislativo de reforma da Constituição Federal de 1988. Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 30 de 96 www.cdfconcursos.com.br CF/88 Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: IV - os direitos e garantias individuais. Deste dispositivo constitucional deriva o princípio da proibição do retrocesso dos direitos fundamentais ou “efeito cliquet”2, segundo entende a doutrina e a jurisprudência do STF. Perceba que a referida cláusula pétrea sequer permite a deliberação legislativa no Congresso Nacional de proposta de emenda à constituição tendente a abolir quaisquer direitos e garantias individuais. Todavia, observe que esta limitação material permite a modificação dos direitos e garantias individuais previstos pela CF/88, desde que seja voltada à ampliação ou ao fortalecimento destes direitos e garantias, jamais à abolição ou enfraquecimento. QUESTÕES DE PROVA 2016 – TJ/SP – ADAPTADA – Os direitos fundamentais podem ser suprimidos, desde que se faça por emenda constitucional, aprovada em dois turnos em cada casa do Congresso Nacional, exigindo-se o quórum qualificado de três quintos. GABARITO: ERRADO 2018 – MPE/PI – Eventual proposta de emenda constitucional tendente a abolir o direito de propriedade não poderá ser objeto de deliberação pelo Congresso Nacional. O direito de propriedade é direito fundamental individual previsto pela CF/88, art. 5º, caput e também pelo inciso XXII. Desta forma, eventual proposta de emenda constitucional tendente a lhe abolir sequer poderá ser objeto de deliberação pelo Congresso Nacional. GABARITO: CERTO 2 Efeito cliquet ― termo inspirado em terminologia francesa utilizada por alpinistas para indicar que, a partir de certo trecho da escalada, o retrocesso (retorno) não é possível, ou seja, apenas é possível progredir (avançar). Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 31 de 96 www.cdfconcursos.com.br 3 EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS DEFINIDORAS DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS NA CF/88 Por evidente, os direitos e as garantias fundamentais previstos na CF/88 são normas constitucionais e, como tal, todos gozam de eficácia jurídica. Todavia, é variável o grau de eficácia e a aplicabilidade dentre os direitos e as garantias fundamentais. A compreensão adequada desta variabilidade requer conhecer, previamente, a base teórica relacionada à eficácia e à aplicabilidade das normas constitucionais. 3.1 Eficácia Jurídica x Eficácia Social De forma isolada, o termo eficácia relaciona-se aos efeitos que determinada norma jurídica é potencialmente capaz de gerar. Dizer que determinada norma possui eficácia jurídica significa dizer que a referida norma é potencialmente capaz de gerar seus efeitos jurídicos. Por outro lado, a eficácia social refere-se à efetiva capacidade da norma gerar efeitos sociais. A eficácia social deriva do reconhecimento e do cumprimento efetivo da norma pela sociedade. Uma norma jurídica vigente desprovida de eficácia social não consegue regular as relações sociais, embora detenha eficácia jurídica. QUESTÃO DE PROVA 2018 – MPE/PI – A eficácia de uma norma constitucional pode ser considerada não só do ponto de vista jurídico, mas também do social, ocorrendo essa eficácia social a partir do respeito à legislação pela população. GABARITO: CERTO Dimensões e Vedação à abolição dos Direitos fundamentais Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 32 de 96 www.cdfconcursos.com.br 3.2 Eficácia Vertical, Horizontal e Diagonal dos Direitos Fundamentais O surgimento dos direitos fundamentais de primeira dimensão ou geração, nas revoluções liberais do século XVIII, intensificou a evolução histórica da limitação do poder estatal frente aos particulares (indivíduos). Desta forma, a invasão abusiva do Estado na esfera privada foi sendo gradativamente coibida com a evolução dos direitos fundamentais. A partir desta ótica, historicamente, a doutrina jurídica vinha afirmando que a eficácia dos direitos fundamentais se restringia somente às relações entre o Estado e os particulares. A eficácia vertical dos direitos fundamentais é relacionada justamente a este contexto, ou seja, direcionada à proteção dos particulares diante da atuação do Estado. Denomina-se eficácia vertical devido existir nítida assimetria de poder entre o Estado (dotado de mais poderes) e os particulares, ou seja, o Estado se encontra em posição de superioridade diante dos particulares, em termos dos meios de ação ao seu favor. Voltando agora o foco para o contexto das relações entre os particulares, ou seja, ausente o Estado, já vimos que a mera igualdade formal entre os indivíduos perante à lei, assegurada pelos direitos fundamentais de primeira dimensão ou geração, não foi suficiente para coibir as relações abusivas e de exploração nas relações entre os particulares. Deste modo, no início século XX, surgiram os direitos fundamentais de 2ª dimensão ou geração, com o intuito de favorecer o alcance da igualdade material ou substancial ou real entre os indivíduos, em favor da justiça social. A partir desta percepção, a doutrina jurídica veio evoluindo até atingir o entendimento de que os direitos fundamentais devem ser observados não somente nas relações entre o Estado e os particulares, mas também nas relações entre os particulares. Assim, temos a eficácia horizontal dos direitos fundamentais, que se refere à obrigatoriedade de observação dos direitos fundamentais no Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 33 de 96 www.cdfconcursos.com.br âmbito das relações entre os particulares, calcada no fenômeno da constitucionalização do direito privado, que, em síntese, diminui o alcance da autonomia privada positivada pelas normas infraconstitucionais de direito privado. Lembre-se da eficácia irradiante dos direitos fundamentais proveniente da dimensão objetiva destes direitos ― tema já abordado nesta aula ―, que impõe a observância obrigatória dos direitos fundamentais nas relações entre particulares (eficácia horizontal) e também nas relações entre o Estado e os particulares (eficácia vertical). Estas são as teorias relacionadas à eficácia horizontal dos direitos fundamentais: ✓ Teoria da ineficácia horizontal dos direitos fundamentais – Emsíntese, esta teoria predomina na doutrina e na jurisprudência norte- americana e não admite a eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Aceita apenas a eficácia vertical dos direitos fundamentais. Esta teoria não é adotada no Brasil. ✓ Teoria da eficácia horizontal indireta – Segundo esta teoria, a eficácia horizontal dos direitos fundamentais não pode decorrer diretamente da Constituição, em função da necessidade de observância e de preservação da autonomia das vontades presente nas normas de direito privado. Assim, defende a necessidade de norma regulamentadora para fazer incidir, de forma indireta, os direitos fundamentais sobre as relações privadas. Esta teoria não é adotada no Brasil. ✓ Teoria da eficácia horizontal direta – Segundo esta teoria a eficácia horizontal dos direitos fundamentais decorre diretamente do texto constitucional, não existindo a necessidade de norma regulamentadora para fazer incidir os direitos fundamentais sobre as relações privadas. Esta é a teoria adotada no Brasil, conforme indica a jurisprudência do STF. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas. As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 34 de 96 www.cdfconcursos.com.br o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados. (...). A autonomia privada, que encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede constitucional, pois a autonomia da vontade não confere aos particulares, no domínio de sua incidência e atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e definidas pela própria Constituição, cuja eficácia e força normativa também se impõem, aos particulares, no âmbito de suas relações privadas, em tema de liberdades fundamentais. (RE 201.819, DJ de 27-10-2006) Por último, parcela da doutrina menciona a eficácia diagonal dos direitos fundamentais destinada a assegurar o cumprimento dos direitos fundamentais, no âmbito das relações entre os particulares, nas quais exista significativa assimetria de poder (desequilíbrio fático) entre as partes, tal como ocorre nas relações de consumo (fornecedores x consumidores) e nas relações trabalhistas (empregadores x trabalhadores). QUESTÕES DE PROVA 2017 – PC/MS – Sobre a eficácia dos direitos fundamentais, analise as afirmativas a seguir. I- A eficácia vertical dos direitos fundamentais foi desenvolvida para proteger os particulares contra o arbítrio do Estado, de modo a dedicar direitos em favor das pessoas privadas, limitando os poderes estatais. II- A eficácia horizontal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares, tendo na constitucionalização do direito privado a sua gênese. III- A eficácia diagonal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares nas hipóteses em que se configuram desigualdades fáticas. Está correto o que se afirma em a) III, apenas. b) I e III, apenas. c) II e III, apenas. d) I e II, apenas. e) I, II e III. GABARITO: “e” Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 35 de 96 www.cdfconcursos.com.br 2018 – IPSM – ADAPTADA - A expressão eficácia diagonal tem sido utilizada para designar a aplicação de direitos fundamentais às relações contratuais entre particulares onde há desequilíbrio fático. GABARITO: CERTO 2009 – PGE/PE – ADAPTADA - Conforme entendimento do STF, a eficácia dos direitos e garantias fundamentais ocorre apenas e tão somente no âmbito da relação do indivíduo com o Estado, não sendo reconhecida a sua eficácia horizontal, tendo em vista que, nas relações entre particulares, vige o princípio da autonomia da vontade privada. GABARITO: ERRADO 2008 – TJDFT – A retirada de um dos sócios de determinada empresa, quando motivada pela vontade dos demais, deve ser precedida de ampla defesa, pois os direitos fundamentais não são aplicáveis apenas no âmbito das relações entre o indivíduo e o Estado, mas também nas relações privadas. Essa qualidade é denominada eficácia horizontal dos direitos fundamentais. GABARITO: CERTO 2012 – TRT/14ª Região – ADAPTADA - Segundo a teoria da eficácia horizontal indireta os direitos fundamentais geram direitos subjetivos somente na esfera privada. Nenhuma das teorias relacionadas à eficácia horizontal dos direitos fundamentais pregam esta lógica sem sentido. Lembre-se que os direitos fundamentais surgiram, no século XVIII, para proteger os indivíduos contra o arbítrio do Estado e que, no século XX, surgiu a aceitação da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, ou seja, da aplicação dos direitos fundamentais às relações privadas. GABARITO: ERRADO 2012 – TRT/14ª Região – ADAPTADA - De acordo com a teoria da eficácia horizontal direta os direitos fundamentais podem ser aplicados diretamente às relações entre particulares. Entretanto, necessita de instrumentos para a sua aplicação. O erro da questão se encontra no último período. A necessidade de instrumento legal regulamentador para fazer incidir os direitos fundamentais nas relações privadas é defendida pela teoria da eficácia horizontal indireta. Segundo a teoria da eficácia horizontal direta os direitos fundamentais podem ser Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 36 de 96 www.cdfconcursos.com.br aplicados diretamente às relações privadas, com fundamento normativo calcado diretamente no texto constitucional. GABARITO: ERRADO 3.3 Aplicabilidade x Aplicação dos Direitos e Garantias Fundamentais A inadequada distinção entre os conceitos de aplicação e de aplicabilidade das normas constitucionais constitui uma confusão comum. Segundo dispõe o art. 5º, § 1º da CF/88: “As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”. Conforme veremos adiante, na classificação proposta por José Afonso da Silva, as normas constitucionais podem possuir aplicabilidade imediata ou mediata, conforme o potencial de gerarem efeitos desde o início da própria vigência (aplicabilidade imediata) ou desde o início da vigência de norma infraconstitucional integradora ou regulamentadora (aplicabilidade mediata). Desta forma, como os direitos e garantias fundamentais previstos na CF/88 são normas constitucionais, podem ter aplicabilidade imediata ou mediata. Por outro lado, perceba! Conforme determina o art. 5º, § 1º da CF/88, todos os direitos e garantias fundamentais previstos na CF/88 têm aplicação imediata sobre todos os casos concretos por eles regulados e afetados pela ação ou omissão do Estado. Disto deriva o dever ao Estado brasileiro de possibilitar, institucional e imediatamente, o exercício de todos os direitos e garantias fundamentais, independentemente de possuírem aplicabilidade imediata ou mediata. Inclusive, visando assegurar a aplicação imediata dos direitos e garantias fundamentais detentores de aplicabilidade mediata ― previstosem normas constitucionais de eficácia limitada, que dependem de norma infraconstitucional regulamentadora, conforme veremos adiante ―, em caso de omissão estatal quanto a aprovação da norma infraconstitucional Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 37 de 96 www.cdfconcursos.com.br regulamentadora, a CF/88 disponibiliza dois instrumentos de socorro àqueles afetados concretamente pela indevida omissão estatal: o mandado de injunção e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão. QUESTÃO DE PROVA 2016 – TJ/SP – As normas que definem os direitos fundamentais têm aplicação imediata. Todos os direitos e garantias fundamentais previstos na CF/88 possuem aplicação imediata (CF/88, art. 5º, §1º), independente de possuírem aplicabilidade imediata ou mediata. GABARITO: CERTO 3.4 Eficácia e Aplicabilidade das Normas Constitucionais Inicialmente, convém esclarecer que este tema é predominantemente teórico, assim, existem variadas classificações doutrinárias à eficácia e à aplicabilidade das normas constitucionais. Nesta aula, apontaremos as classificações e nomenclaturas predominantemente exigidas nas provas de concursos públicos. 3.4.1 Normas Constitucionais de Eficácia Plena, Contida e Limitada (José Afonso da Silva) Por ser adotada pela jurisprudência do STF e replicada pela maioria dos doutrinadores pátrios, a classificação das normas constitucionais proposta por José Afonso da Silva é a mais exigida nas provas de concursos públicos. Este distinto constitucionalista assim classifica as normas constitucionais: • Normas Constitucionais de Eficácia Plena; • Normas Constitucionais de Eficácia Contida; e • Normas Constitucionais de Eficácia Limitada. Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 38 de 96 www.cdfconcursos.com.br QUESTÃO DE PROVA 2012 – DPE/ES – De acordo com a classificação de José Afonso da Silva, as normas constitucionais podem ser classificadas, quanto à eficácia e à aplicabilidade, em normas de eficácia plena, normas de eficácia contida e normas de eficácia absoluta. GABARITO: ERRADO 3.4.1.1 Normas Constitucionais de Eficácia Plena As normas constitucionais de eficácia plena são normas autoaplicáveis devido produzirem todos seus efeitos jurídicos desde o momento em que entram em vigor, ou seja, independem da aprovação ulterior (posterior) de norma infraconstitucional integrativa ou regulamentadora. Estas normas também são não-restringíveis devido seus efeitos jurídicos não poderem ser restringidos (reduzidos) por normas infraconstitucionais ulteriores (posteriores), tal como ocorre com as normas constitucionais de eficácia contida. Estas normas possuem aplicabilidade direta, imediata e integral. A aplicabilidade direta deriva do fato da aplicabilidade destas normas decorrer diretamente da Constituição, ou seja, independem da aprovação de norma infraconstitucional integrativa ou regulamentadora. Devido esta característica, as normas constitucionais com aplicabilidade direta são também conhecidas como normas autoaplicáveis. A aplicabilidade imediata indica que os efeitos jurídicos destas normas são imediatos, ou seja, estas normas geram seus efeitos jurídicos desde o início da vigência, independentemente da edição de norma infraconstitucional regulamentadora. A aplicabilidade integral significa que todos os efeitos jurídicos previstos por estas normas devem ser aplicados integralmente, ou seja, não são passíveis de restrições derivadas da regulamentação por normas infraconstitucionais. Devido esta característica, as normas constitucionais com Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 39 de 96 www.cdfconcursos.com.br aplicabilidade integral são também conhecidas como normas não- restringíveis. O direito fundamental de proibição da tortura constitui exemplo de norma constitucional com eficácia plena: CF/88, art. 5º, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante 3.4.1.2 Normas Constitucionais de Eficácia Contida ou Prospectiva As normas constitucionais de eficácia contida ou prospectiva também são normas autoaplicáveis, devido serem capazes de produzir todos seus efeitos jurídicos desde o momento em que entram em vigor, todavia, este grau de eficácia poderá vir a ser contido (restringido, limitado) por outras normas constitucionais ou, de forma autorizada pela constituição, por meio da aprovação ulterior (posterior) de norma infraconstitucional integrativa (regulamentadora). As normas constitucionais de eficácia contida ou prospectiva são também conhecidas como normas constitucionais de eficácia redutível ou restringível. Ressalta-se que, enquanto não existir a situação ― por exemplo, a decretação do estado de defesa, que restringe algumas normas constitucionais definidoras de direitos fundamentais ― ou a norma restritiva, as normas constitucionais de eficácia contida gozarão de eficácia plena. Desta forma, estas normas possuem aplicabilidade direta, imediata e possivelmente não integral. A aplicabilidade direta deriva do fato da aplicabilidade destas normas decorrer diretamente da Constituição. Com o surgimento de norma regulamentadora que as restrinjam, permanece a aplicabilidade. Por este motivo, são normas autoaplicáveis. A aplicabilidade imediata indica que os efeitos jurídicos destas normas são imediatos, ou seja, estas normas geram seus efeitos jurídicos desde o Noções de Direito Constitucional para ADASA com Videoaulas Técnico de Regulação – Pós-Edital Aula 1 Prof. Rodrigo Bandeira e Prof. Gustavo Carvalho 40 de 96 www.cdfconcursos.com.br início da vigência, embora possam vir a sofrer restrições por outras normas constitucionais ou, de forma autorizada pela constituição, pela aprovação ulterior (posterior) de norma infraconstitucional regulamentadora. A aplicabilidade possivelmente não integral deriva da possibilidade (não é obrigatório!) das normas constitucionais de eficácia contida virem a sofrer restrições por outras normas constitucionais ou, de forma autorizada pela constituição, pela aprovação ulterior (posterior) de norma infraconstitucional regulamentadora. O direito fundamental à reunião pacífica (CF/88, art. 5º, XVI) constitui exemplo de norma constitucional de eficácia contida que pode vir a ser restringido por outra norma constitucional: CF/88 Norma constitucional de eficácia contida: Art. 5º, XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; Previsão constitucional de restrições ao referido direito: Art. 136, § 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes: I - restrições aos direitos de: a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: IV -
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