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DIREITO PROCESSUAL PENAL PRISÕES 1. CONCEITO De acordo com o art. 5º, LXI da CF é a restrição à liberdade de locomoção, proveniente do flagrante, da transgressão disciplinar militar ou de ordem judicial motivada, comprometendo o nosso direito de ir, vir ou ficar. 1.1.ENQUADRAMENTO · PRISÃO PENA: é aquela decorrente de decisão condenatória com trânsito em julgado · PRISÃO SEM PENA / CAUTELAR / PROVISÓRIA: é aquela que antecede o trânsito em julgado da decisão, sendo admitida no curso da investigação e/ou do processo criminal OBS. ESPÉCIES DE PRISÃO SEM PENA: · Flagrante; · Preventiva; · Temporária. 1.2.EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA · CONCEITO: o pleno do STF, julgando o HC 126292, admitiu o instituto da execução provisória da pena, também chamado de prisão em segunda instância, admitindo o imediato cumprimento da pena quando a condenação for confirmada por um tribunal, uma vez esgotadas as vias ordinárias de impugnação. · EMBASAMENTO: · O princípio da presunção de inocência não é absoluto; · O recurso especial e o extraordinário não são dotados de efeito suspensivo. · ATUAL ENTENDIMENTO: o STF voltou ao tema no julgamento das ADC’s 43, 44 e 54 questionando a redação do artigo 283 de CPP que só admite antes do trânsito em julgado a prisão em flagrante, a preventiva ou a temporária. Com um novo entendimento, o STF reconheceu a inconstitucionalidade da execução provisória da pena. · PACOTE ANTICRIME: tivemos a alteração do artigo 492 do CPP admitindo a execução provisória da sentença emanada do júri, que condena o réu a uma pena de 15 ou mais anos de privação de liberdade. CONCLUSÃO1. O argumento é pautado na soberania dos veredictos, já que o TJ, apreciando eventual recurso de apelação, não pode de pronto absolver quem foi condenado em júri popular. CONCLUSÃO2. Para tanto, foi retirado o efeito suspensivo do recurso de apelação interposto para impugnar a sentença emanada do júri em tal hipótese. CONCLUSÃO3. O STF vai apreciar a constitucionalidade ou não da execução provisória da sentença emanada do júri. · EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE BENEFÍCIOS: segundo as súmulas 716 e 717 do STF, o preso antes do trânsito em julgado pode usufruir de institutos típicos da execução penal, como a progressão de regime e o livramento condicional. 2. PRISÃO EM FLAGRANTE 2.1. CONCEITO a) ETIMOLÓGICO: a palavra flagrante deriva de “flagrare”, que é uma decorrência de “flagrans”, significando arder ou queimar. Em verdade, o flagrante é a qualidade de algo que está ocorrendo naquele momento. b) INSTRUMENTAL: a prisão em flagrante é o instituto com previsão no art. 5º, LXI da CF que autoriza a captura daquele que é surpreendido praticando a infração, servindo de instrumento de proteção social, trazendo as seguintes finalidades: * evitar a fuga; * evitar a consumação do crime; * levantar indícios que vão contribuir para o ajuizamento da futura ação ou para a propositura do acordo de não persecução penal. 2.2. NATUREZA JURÍDICA a) 1ª POSIÇÃO: a doutrina tradicional enquadra o flagrante como prisão cautelar; b) 2ª POSIÇÃO: para Aury Lopes Júnior, o flagrante é uma medida pré cautelar. A tônica da cautelaridade ocorre quando o juiz analisa o auto e delibera sobre a conversão do flagrante em preventiva (ou temporária), assim como pela aplicação de alguma medida cautelar diversa. 2.3. MODALIDADES DE FLAGRANTE · FLAGRANTE REAL / PRÓPRIO / PERFEITO / PROPRIAMENTE DITO / VERDADEIRO: a.1) está em flagrante próprio o agente capturado cometendo a infração (art. 302, I do CPP). CONCLUSÃO. O sujeito é preso realizando os atos executórios. a.2) o sujeito capturado ao acabar de cometer a infração (art. 302, II do CPP). CONCLUSÃO. O sujeito já concluiu os atos executório, mas não se livrou do locus delicti ou das circunstâncias do fato. · FLAGRANTE IMPRÓPRIO / IRREAL / IMPERFEITO / QUASE FLAGRANTE: nele o agente é perseguido logo após a prática do delito, sendo que, havendo hesito, ele será capturado em circunstâncias que façam presumir a responsabilidade penal (art. 302, III do CPP). OBS.1. os artigos 250 e 290 do CPP apontam o conceito de perseguição; OBS.2. Não há na lei prazo de duração da perseguição, que persiste no tempo enquanto for necessária. CONCLUSÃO. Enquanto a perseguição durar, o estado de flagrância permanece. OBS.3. REQUISITO DE VALIDADE: é necessário que a perseguição seja contínua. ADVERTÊNCIA: NÃO EXIGIMOS A MANUTENÇÃO PERENE DO CONTATO VISUAL. · FLAGRANTE PRESUMIDO / FÍCTO / ASSIMILADO: o sujeito é encontrado logo depois de praticar a infração, com objetos, armas, papeis ou instrumentos que autorizem presumir a responsabilidade penal (art. 302, IV do CPP). OBS. Estamos seguindo uma escala progressiva de tempo. No flagrante próprio, a percepção temporal é mínima. No impróprio, há uma dilação temporal um pouco maior, simbolizada pela expressão “logo após”, que é o tempo necessário para começar a perseguição. Já no flagrante presumido, a dilação temporal é ainda maior, simbolizada pela expressão “logo depois”, que é o tempo necessário para o encontro do sujeito. · FLAGRANTE OBRIGATÓRIO / COMPULSÓRIO: é aquele inerente à atuação das forças policiais, funcionando como estrito cumprimento de um dever legal. (art. 301, CPP). OBS. Prepondera o entendimento de que a obrigação persiste mesmo na folga, em face da manutenção do porte da arma. · FLAGRANTE FACULTATIVO: é aquele efetivado por qualquer pessoa do povo, funcionando como exercício regular de um direito (art. 301 do CPP). ADVERTÊNCIA: TANTO O FLAGRANTE OBRIGATÓRIO, COMO O FACULTATIVO SÃO APLICADOS NAS HIPÓTESES DO ART. 302 DO CPP. · FLAGRANTE FORJADO: é aquele realizado para incriminar pessoa inocente, que não tem desejo de delinquir. CONCLUSÃO. Estamos diante de uma prisão ilegal, merecendo o pronto relaxamento. · FLAGRANTE ESPERADO: ele e uma idealização da doutrina, justificando o comportamento de realizar campana (tocaia), aguardando a prática do primeiro ato executório para concretizar a captura CONCLUSÃO.1. em nenhum momento a polícia estimulou a ocorrência do delito. CONCLUSÃO.2. no momento da lavratura do auto, a situação será enquadrada em uma das hipóteses do art. 302 do CPP. · FLAGRANTE PREPARADO / PROVOCADO / DELITO PUTATIVO (IMAGINADO) POR OBRA DO AGENTE PROVOCADOR / DELITO DE ENSAIO: de acordo com a súmula 145 do STF, o Estado não pode estimular a prática de infração para capturar as pessoas seduzidas, pois os fins não justificam os meios. Em tal hipótese, a prisão é ilegal, devendo ser relaxada. Em acréscimo, o fato praticado pela pessoa seduzida é considerado atípico, pois será enquadrado como crime impossível. OBS.1. FLAGRANTE PREPARADO X TRÁFICO DE DROGAS: se o traficante já tem a droga consigo ou em estoque quando é abordado por policial disfarçado de usuário ou por interposta pessoa, a prisão efetivada é legal, não se tratando de crime impossível, pois a consumação do tráfico é anterior a consumação. OBS.2. MONITORAMENTO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL: de acordo com a súmula 567 do STJ, o monitoramento eletrônico ou por aparato similar não desnatura o crime de furto e não inviabiliza a realização da prisão em flagrante. · FLAGRANTE POSTERGADO / DIFERIDO / RETARDADO / ESTRATÉGICO / AÇÃO CONTROLADA: i.1) CRIME ORGANIZADO: é necessário ofício ao juiz, que ouvindo o MP, poderá definir os limites da diligência (art. 8º da lei 12.850/13 ORCRIM); i.2) TRÁFICO DE DROGAS: é necessário deliberação do juiz com prévia oitiva do MP. Em acréscimo, é necessário o conhecimento do provável itinerário da droga e dos sujeitos envolvidos (art. 53, II da lei 11.343/06); i.3) LAVAGEM DE DINHEIRO: também é necessária deliberação do juiz, com a prévia oitiva do MP (art. 4º-B da lei 9613/98). ADVERTÊNCIA: NA FASE PRELIMINAR, CABE AO JUIZ DAS GARANTIAS PROMOVER A DELIBERAÇÃO, DIANTE DA PROVOCAÇÃO (ART. 3º-B DO CPP). 2.3. PROCEDIMENTO: 2.3.1. PROCEDIMENTO MACRO: · CAPTURA: ela representa o imediato cerceamento da liberdade. OBS. USO DE ALGEMAS: súmula vinculante 11, art. 292, parágrafo único do CPP; Dec. 8858/16, regulando o art. 199 da lei 7210/84 (LEP). · 2º PASSO: CONDUÇÃO COERCITIVAATÉ A AUTORIDADE. OBS. O capturado é conduzido até a autoridade policial atuante no local da captura. Inexistindo delegado, a condução ocorrerá até a autoridade policial da localidade mais próxima. · 3º PASSO: FORMALIZAÇÃO DA PRISÃO, POR MEIO DA LAVRATURA DO AUTO (art. 304, CPP) OBS. AUTORIDADE COM ATRIBUIÇÃO PARA PRESIDIR A LAVRATURA: de acordo com o artigo 307 do CPP, outras autoridades podem presidir a lavratura do auto, pressupondo que o delito seja praticado contra a autoridade ou na presença dela, durante o desempenho das funções. CONCLUSÃO. para aqueles que defendem que o juiz continua investido na possibilidade de presidir a lavratura do auto, subsiste forte crítica por ofensa ao sistema acusatório. · 4º PASSO: RECOLHIMENTO AO CÁRCERE. OBS. nos crimes com pena máxima de até 4 anos, o delegado é legitimado a arbitrar a fiança e o pagamento impede o recolhimento ao cárcere (art. 322 do CPP). 2.3.2. DESDOBRAMENTO DO PROCEDIMENTO: em até 24 horas da prisão, o delegado tem as seguintes obrigações a cumprir: a) 1ª OBRIGAÇÃO: remeter o auto ao juiz (art. 306, § 1º do CPP) OBS. recebido o auto, em até 24 horas teremos a realização da audiência de custódia. I - AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA. CONCEITO: é o ato onde o flagranetado será ouvido na presença do juiz, do MP e do advogado (defensor), para que o magistrado possa deliberar sobre a situação prisional, assim como aferir se o sujeito foi mal tratado no momento da captura ou da lavratura do auto. II - EMBASAMENTO NORMATIVO DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA: resolução 213 do CNJ e artigo 310 do CPP, reformado pelo PAC. III - ALTERNATIVAS DO JUIZ: i. 1ª ALTERNATIVA: se o juiz entender que a prisão é ilegal, deve relaxar o cárcere (art. 310, I, do CPP). ii. 2ª ALTERNATIVA: se o juiz constatar que a prisão é legal, deve homologar o auto. Diante da homoologação, podem ser adotadas as seguintes medidas: a) 1ª MEDIDA: se o juiz entender que a prisão é necessária, converterá o flagrante em preventiva, desde que presentes os requisitos do art. 312 do CPP (art. 310 II do CPP). ADVERTêNCIA.1. COMO A PREVENTIVA É MEDIDA EXTREMA, A CONVERSÃO SÓ OCORRERÁ SE NÃO FOREM MAIS ADEQUADAS AS MEDIDAS CAUTELARES DISTINTAS DA PRISÃO (ART. 319 E 320, CPP). ADVERTÊNCIA.2. PARA A NOSSA DOUTRINA, DIANTE DA PREVISÃO DO ART. 311 DO CPP, A CONVERSÃO NÃO DEVE OCORRER DE OFÍCIO, PRESSUPONTO PROVOCAÇÃO. TODAVIA, O STJ ADMITE A CONVERSÃO DE OFÍCIO, AO ENTENDIMENTO DE QUE A SITUAÇÃO DO INCISO II DO ARTIGO 310 DO CPP NÃO SE CONFUNDE COM A PROIBIÇÃO DO ART. 311 DO CPP. b) 2ª MEDIDA: se o magistrado entender que a manutenção no cárcere não é necessária, concederá ao sujeito liberdade rovisória, com ou sem fiança (art. 310, III, CPP) ADVERTÊNCIA.1. PODEM SER IMPOSTAD CUMULATIVAMENTE AS MEDIDAS CAUTELARES DO ARTIGO 319 E 320 DO CPP. ADVERTÊNCIA.2. DE ACORDO COM O §2º DO ART. 310 DO cpp, DE DUVIDOSA CONSTITUCIONALIDADE, NÃO CABERÁ LIBERDADE PROVISÓRIA SE O SUJEITO E REINCIDENTE, É INTEGRANTE DE ORCRIM ARMADA OU MÍLICA, ASSIM COMO SE FOI FLAGRANTEADO COM ARMA DE FOGO DE ISO RESTRITO. IV. PRAZO. a audiência de custódia deve ser realizada em até 24 horas do recebimento do flagrante. ADVERTÊNCIA. O §4º DO ARTI. 310 DO CPP ESTÁ SUSPENSO POR DELIBERAÇÃO DO STF, INDICANDO A ILEGALIDADE DA PRISÃO PELA NÃO REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA NO PRAZO LEGAL. b) 2ª OBRIGAÇÃO: nas mesmas 24 horas contadas da prisão, cópia do auto será encaminhada a defensoria pública, se o rpeso não tem advogado (art. 306, §1º do CPP). c) 3ª OBRIGAÇÃO: nas mesmas 24 horas será entregue ao preso a nota de culpa, como breve declaração informando sobre os motivos e os responsáveis pela prisão, assim como as eventuais testemunhas. 2.4. QUESTÕES COMPLEMENTARES: a) INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. o auto de flagrante é substituido pleo TCO e o sujeito é linberado independente de fiança, desde que assuma o compromisso de comparecer no juizado o seja, imediatamente encaminhado (art, 69 da lei 9095/95) ; ADVERTÊNCIA. NO PORTE PARA O USO DE DROGAS OU NO CULTIVO PARA USO PRÓPRIO, MESMO A NEGATIVA DO COMPROMISSO NÃL LEVA A LAVRATURA DO AUTO, IMOPONDO-SE A REALIZAÇÃO DO TCO E A LIBERAÇÃO DO SUJEITO. b) CRIMES DE AÇÃO PRIVADA E DE AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA. a lavratura do auto exige a manifestação de vontadedo legítimo interessado. c) INVASÃO DOMICILIAR: para o STF e o STJ, a invasão domiciliar pressupõe a existência de indícios justificando a invasão por uma desconfiança concreta de que existe crime na residência. caso contrário, a prisão será considerada ilegal, mesmo que verdadeiramente exista o delito. 3. PRISÃO PREVENTIVA 3.1. CONCEITO a) é uma prisão cautelar; b) cabível durante toda a persecução penal; OBS. a preventiva pode ser decretada no IP, no processo e até mesmo antes da instauração formal da investigação. c) decretada pelo juiz a requerimento do MP, do querelante, do assistente de acusação e por representação da autoridade policial; OBS.1. com a atual redação do artigo 311 do CPP, promovida pelo PAC, a preventiva não poderá ser decretada de ofício, pois representa grave ofensa ao sistema acusatório.(art. 3-A do CPP); OBS.2. de acordo com a doutrina majoritária, o artigo 20 da lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha), permitindo a decretação de ofício no IP e no processo é inaplicável, pois ofende o sistema acusatório. OBS.3. o assistente de acusação é a vítima ou os seus sucessores, que se habilitam no processo para auxiliar o MP (arts 268 a 273 do CPP) d) sem prazo; e) desde que presentes os requisitos legais. 3.2. REQUISITOS: 3.2.1. FUMUS COMMISSI DELICTI (A EVIDÊNCIA DO DELITO) * indícios de autoria; * provas de materialidade. OBS. é o que rotulamos como justa causa da preventiva. 3.2.2. PERINCULUM LIBERTATIS (PERIGO DA LIBERDADE) ele nos apresenta as hipóteses de decretação da preventiva. ADVERTÊNCIA. com o PAC, o caput do artigo 312 do CPP, exige a demonstração do perigo gerado pelo estado de liberdade do agente como fator condicionante para decretação da preventiva. a) GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA: OBS. POSIÇÕES AO CONTEÚDO DA EXPRESSÃO: 1ª POSIÇÃO: para Aury Lopes Jr. e Rômulo Moreira, a expressão não tem respaudo constitucional, pois é fluída, aberta, sem significado definido (posição minoritária). 2ª POSIÇÃO: para Guilherme Nucci, a ordem pública está em risco diante da gravidade concreta do crime, da perigosidade do agente ou da repercussão social do fato. 3ª POSIÇÃO: para o STJ, a ordem pública está em risco quando o agente em liberdade, provavelmente continuará a delinquir. b) GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA: almeja-se evitar a reiteração de delitos contra a ordem econômica. c) GARANTIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL: almeja-se preservar a livre instrução da prova. CONCLUSÃO. encerrada a instrução, a liberdade é de rigor, salvo se a preventiva está justificada por algum outro motivo. d) PARA GARANTIR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL:almejamos evitar ou coibir a fuga. OBS.1. a ausência injustificada a um ato da persecução penal NÃO AUTORIZA a decretação da preventiva por suposição de fuga. OBS.2. a condição econômica do imputado não é fundamento para decretação da prisão. e) POR AUSÊNCIA DE IDENTIFICAÇÃO CIVIL. OBS. a prisão persiste até a apresentação do documento ou o esclarecimento da dúvida sobre a identidade. f) DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA PROTETIVA NA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA OBS.1. as medidas protetivas são medidas cautelares para a tutela da vítima; OBS.2. a decretação da preventiva não inibe a responsabilidade penal pelo descumprimento da medida; OBS.3. além das mulheres, a proteção envolve crianças, adolescentes, idosos, enfermos e pessoas com deficiência. g) DESCUMPRIMENTO DAS MEDIDAS CAUTELARES DO ART. 319 DO CPP. OBS. COMPORTAMENTO DO JUIZ: * substituir a medida por outra; * cumular a medida com outra; * decretar a preventiva. 3.3. CRIMES QUE COMPORTAM PREVENTIVA 3.3.1. REGRA GERAL: em crimes DOLOSOS com PENA MÁXIMA superior a 4 anos. 3.3.2. EXCEÇÃO: eventualmente, a quantidade de pena máxima é irrelevante para a decretação da preventiva, vejamos: * reincidência em crime doloso; * ausência de identificação civil; * descumprimentode medida protetiva de urgência no âmbito da violência doméstica; * descumprimento de medida cautelar do art. 319 do CPP. 3.4. QUESTÕES COMPLEMENTARES: a) PREVENTIVA X EXCLUDENTES DE ILICITUDE: havendo indícios da presença de qualquer excludente de ilicitude é sinal de que a prisão preventiva não pode ser decretada (art. 314 do CPP); b) FUNDAMENTAÇÃO DO MANDADO: a decretação da preventiva ocorre por meio de decisão interlocutória, exigindo-se a adequada motivação, diante de fatos novos ou conteporâneos que justifiquem a medida (art. 315 do CPP). CONCLUSÃO.1. se a decisão não está motivada, reconhecemos a ilegalidade da prisão, exigindo-se o relaxamento; CONCLUSÃO.2. o § 2º do artigo 315 do CPP, aponta quando não consideramos a decisão motivada, em técnica similar a adotada pelo artigo 489 do CPC. c) TEMPO DE DURAÇÃO DA PREVENTIVA: não há na lei prazo de duração da preventiva, que perdura no tempo em razão da necessidade que é medida pela presença das hipóteses de decretação. CONCLUSÃO.1. se os fundamentos desaparecem, a preventiva será revogada. Surgindo novamente, a preventiva pode ser redecretada; CONCLUSÃO.2. a revogação pode ocorrer de ofício. Contudo, a redecretação exige provocação; CONCLUSÃO.3. a preventiva segue a cláusula "rebus sic stantibus" (segue o estado das coisas); CONCLUSÃO.4. a cada 90 dias, o juiz deve revisar a necessidade de manutenção da preventiva, por ato motivado, consagrando-se o "direito do não esquecimento". (parágrafo único do art. 316 do CPP). d) SUBSTITUIÇÃO DA PREVENTIVA POR PRISÃO DOMICILIAR: por critérios humanitários, a preventiva pode ser substituida por domiciliar nas hipóteses do artigo 318 do CPP. CONCLUSÃO.1. a substituição pode ser cumulada com medidas cautelares pessoais do artigo 319 do CPP; CONCLUSÃO.2. quanto as mulheres, a substituição está vedada quando: * o crime é praticado com violência ou grave ameaça contra a pessoa; * quando a vítima é o filho ou o dependente. 4. PRISÃO TEMPORÁRIA (LEI 7.960/89) 4.1. CONCEITO: a) é uma prisão cautelar; b) cabível exclusivamente durante a investigação; c) decretada pelo juiz a requerimento do MP ou por representação do delegado; OBS.1. a temporária não pode ser decretada de ofício, prestigiando o sistema acusatório; OBS.2. o querelante e o assistente de acusação não foram contemplados como legitimados. d) com prazo; e) desde que presentes os requisitos do art. 1º da lei 7.960/89. 4.2. REQUISITOS: * "fumus comissi delicti"; * "periculum libertatis". OBS.1. artigo 1º da lei 7.960/89: * se for imprescindível ao Inquérito; * se o sujeito não tem residência fixa ou identificação civil; * havendo indícios de autoria ou de participação em um dos crimes graves previstos em lei. (artigo 1º, III da lei 7960/89 + os crimes apontados na lei de crimes hediondos); OBS.2. CONJUGAÇÃO DOS INCISOS: III + (I E/OU II). 4.3. PROCEDIMENTO: 4.3.1. ESTRUTURA: a) 1º PASSO - PROVOCAÇÃO: MP ou autoridade policial; b) 2º PASSO - cabe ao juiz decidir no prazo de 24 horas. 4.3.2. QUESTÕES COMPLEMENTARES: a) PRAZO: a.1) CRIMES COMUNS: 5 dias com prorrogação por até 5 dias; a.2) CRIMES HEDIONDOS E ASSEMELHADOS: 30 dias + 30 dias. b) DECRETAÇÃO: cabe ao juiz decretar e prorrogar o prazo, mediante ordem motivada com a prévia oitiva do MP. Em acréscimo, o juiz não pode deliberar de ofício. c) MANDADO PRISIONAL: ele é expedido em duas vias, sendo que uma delas é entregue ao preso, funcionando como nota de culpa. ADVERTÊNCIA. TAL FORMALIDADE É TAMBÉM APLICADA NA PRISÃO PREVENTIVA. d) COMPORTAMENTO DO JUIZ: para fiscalizar o bom andamento da prisão, o juiz poderá adotar as seguintes medidas: * determinar que o preso lhe seja apresentado; * submeter o preso a exame de corpo de delito; * requisitar informações ao delegado. e) SEPARAÇÃO DO PRESO: o artigo 300 do CPP tem redação similar ao do artigo 3º da lei 7.960/89, de forma que o preso cautelar deve ficar separado do preso definitivo. OBS. de acordo com o artigo 84 da LEP, entre os presos cautelares, teremos a seguinte tripartição: * autores de crimes hediondos e assemelhados; * autores de crimes praticados com violência ou grave ameaça contra a pessoa; * autores dos demais crimes e contravenções. LIBERDADE PROVISÓRIA 1. CONCEITO: é o instituto que permite a libertação daquele que foi legalmente preso, diante da constatação da manutenção do cárcere não é necessária. Para tanto, admitimos o instituto com ou sem a implementação pecuniária. 2. MODALIDADES: de acordo com o artigo 5º, LXVI da CF, a liberdade provisória é gênero, do qual podemos detectar as seguintes espécies: a) Liberdade provisória sem fiança; b) Liberdade provisória mediante fiança. 3. COMPARATIVO PRISIONAL: a) PRISÃO EM FLAGRANTE: a.1) PRISÃO EM FLAGRANTE ILEGAL: relaxamento (art. 310, I, CPP); a.2) PRISÃO EM FLAGRANTE LEGAL: liberdade provisória (art. 310, III, CPP). b) PRISÃO PREVENTIVA: b.1) PRISÃO PREVENTIVA ILEGAL: relaxamento; b.2) PRISÃO PREVENTIVA LEGAL: revogação (art. 316, CPP). c) PRISÃO TEMPORÁRIA: c.1) PRISÃO TEMPORÁRIA ILEGAL: relaxamento; c.2) PRISÃO TEMPORÁRIA LEGAL: vale lembrar, que a temporária se auto revoga pelo decurso do tempo. ADVERTÊNCIA. TAIS INSTITUTOS PODEM SER REQUERIDOS AO JUIZ POR MEIO DE PETIÇÃO SIMPLES (JUIZ DAS GARANTIAS). NADA IMPEDE QUE O MAGISTRADO SEJA APONTADO COMO AUTORIDADE COATORA E QUE O HC SEJA IMPETRADO PERANTE O TRIBUNAL. 3. LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA: 3.1. CONCEITO: é o direito de permanecer em liberdade, mesmo diante de um flagrante legal, sem a necessidade de implementação financeira, desde que o sujeito esteja enquadrado em uma das hipóteses de concessão. 3.2. HIPÓTESES DE ADMISSIBILIDADE: a) tem direito ao instituto o agente que foi autuado em flagrante, mas agiu amparado por qualquer das excludentes de ilicitude (art. 310, §1º, CPP). CONCLUSÃO. o agente será compromissado a comparecer a todos os termos da persecução penal para os quais for convocado. b) tem direito ao instituto o agente capturado em flagrante legalmente, mas que não se encaixa nos requisitos da prisão preventiva (art. 321, CPP). ADVERTÊNCIA. NADA IMPEDE QUE O JUIZ APLIQUE CUMULATIVAMENTE AS MEDIDAS CAUTELARES DO ART. 319 DO CPP. 3.3. CRIMES GRAVES: o art. 5º, incisos XLII, XLIII e XLIV da CF vedou a fiança para os seguintes delitos: a) Racismo; b) Crimes Hediondos e Assemelhados; c) Ação de Grupos Armados, Civis ou militares, contra a ordem constitucional e o estado democrático de direito. OBS.1. perceba que a CF não vedou liberdade provisória sem fiança para tais delitos. OBS.2. a vedação ao instituto da liberdade provisória sem fiança ocorreu por força de lei ordinária, a exemplo da antiga redação do inciso II do art. 2º da Lei 8.072/90 (crimes hediondos) e do art. 44 da Lei 11.343/06 (Lei de drogas). OBS.3. o STF entendeu que o legislador ordinário não pode promover vedação peremptória ao instituto da liberdade provicória, pois isso significa uma intromissão indevida do legislativo em atividade típica do poder judiciário, a quem compete aferir a necessidade (ou não) do cárcere. OBS.4. com o PAC, nosso legislador acrescentou o §2º ao artigo 310 do CPP, dispositivo de duvidosa constitucionalidade, vedando a liberdade provisória nas seguintes hipóteses: * reincidente; * integrante de facção criminosa armada ou mílica; * portador de arma de fogo de uso restrito. 4. LIBERDADE PROVISÓRIA MEDIANTE FIANÇA: 4.1. CONCEITO: é o direito de permanecer livre mesmo autuado em flagrante legalmente, pressupondo implementação financeira, desde que assumidas as obrigações dos artigos 327, 328 e 341 do CPP. 4.2. LEGITIMIDADE: a) LEGITIMIDADE PARA PAGAR: qualquer pessoa pode pagar fiança em benefício de outrem. b) LEGITIMIDADE PARA ARBITRAR: b.1) DELEGADO: é possível o arbitramento nos crimes com pena máxima de até 4 anos; b.2) JUIZ: o magistrado é legitimado exclusivo quando a pena máxima é superior a 4 anos. Em acrécimo, o juiz também pode arbitrar a fiança nas hipóteses em que o delegado é legitimado. OBS.1. juiz tem 48 horas para deliberar sobre o arbitramento. OBS.2. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER:de acordo com o artigo 24-A, §2º da lei 11.340/06, Lei Maria da Penha, diante do descumprimento de medida protetiva de urgência, havendo flagrante, só o juiz poderá arbitrar a fiança. 5. CABIMENTO DA FIANÇA: 5.1. CONCEITO: o legislador indica restrições ao cabimento da fiança. Logo, se o sujeito não estiver enquadrado em qualquer delas, ele terá direito ao instituto. 5.2. RESTRIÇÕES CONSTITUCIONAIS: o artigo 5º, incisos XLII, XLII e XLIV da CF, replicados no artigo 323 do CPP, promovem as seguintes vedações: i) racismo; ADVERTÊNCIA. PARA O STJ, A INJÚRIA COM CONOTAÇÃO DISCRIMINATÓRIA É, TAMBÉM, INAFIANÇÁVEL. ii) crimes hediondos e assemeçhados; iii) ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o estado democrático de direito. 5.3. RESTRIÇÕES INFRACONSTITUCIONAIS (ART. 324, CPP): a) prisão civil e prisão disciplinar do militar; b) diante da quebra da fiança, que representa uma sanção decorrente da quebra de qualquer das obrigações dos artigos 327, 328 e 341 do CPP; c) se presentes os requisitos da prisão preventiva. 6. QUESTÕES COMPLEMENTARES: 6.1. RESTRIÇÕES MAIS RECENTES: de acordo com o §2º do art. 310 do CPP, a liberdade provicória é vedada nas seguintes situações: a.1) reincidente; a.2) integrante de facção criminosa armada ou milícia; a.3) portador de arma de fogo de uso restrito. b) diante do risco à integridade física da ofendida ou à efetividade das medidas protetivas de urgência, não caberá liberdade provisória (art. 12-C, §2º da lei 11.340/06 lei maria da penha) 6.2. QUEBRA DA FIANÇA: a) CONCEITO: é uma sanção judicialmente imposta em razão do descumprimento de qualquer das obrigações fixadas nos arts. 327, 328 e 341 do CPP. b) CONSEQUÊNCIAS: b.1) 50% do valor caucionado será destinado ao Fundo Nacional de Segurança Pública (art. 3º, VII, da lei 13.756/18). Quanto ao restante, dependerá do resultado do processo, vejamos: b.1.1) ABSOLVIÇÃO: o valor restante será devolvido; b.1.2) CONDENAÇÃO: teremos a seguinte destinação dos valores: * indenizar a vítima; * pagar as custas do processo; * pagar eventual multa; * pagar eventual prestação pecuniária; * devolução do remanescente. b.2) Decretação da prisão preventiva ou de outra medida cautelar pessoal; b.3) naquela mesma persecução penal, não caberá um novo requerimento de fiança. 6.3. PERDA DA FIANÇA a) CONCEITO: é a sanção judicialmente imposta em razão da fuga do réu após o trânsito em julgado da condenação, frustrando o início do cumprimento da pena. b) CONSEQUÊNCIA: 100% do valor remanescente será destinado ao Fundo Nacional de Segurança Pública (art. 345 do CPP). 6.4. CASSAÇÃO DA FIANÇA a) CONCEITO: ela ocorre quando a fiança é arbitrada em uma situação de inafiançabilidade, seja quando o crime desde o início é inafiançável ou havendo uma inovação na tipificação do delito (art. 339 do CPP). b) CONSEQUÊNCIAS: b.1) decretação da preventiva ou de outra medida cautelar pessoal; b.2) devolução integral dos valores. ADVERTÊNCIA. SENDO HIPÓTESE DE CASSAÇÃO, É SINAL DE QUE A FIANÇA É INIDÔNEA. 6.5. REFORÇO DA FIANÇA: a) CONCEITO: é a necessidade de implementação financeira, seja porque o bem dado em garantia perdeu valor, ou quando ocorrer uma inovação na tipificação do delito com reflexos pecuniários (art. 325 do CPP). b) CONSEQUÊCIAS DO NÃO REFORÇO: a finaça será julgada sem efeito (é mais uma hipótese de inidoeidade), com os seguintes desdobramentos: b.1) decretação da prisão preventiva ou adoção de outra medida cautelar pessoal; b.2) devolução dos valores. 6.6. DISPENSA DA FIANÇA: a) CONCEITO: ela ocorre por deliberação do juiz, quando o sujeito, em razão da pobreza, não pode pagar a fiança sem prejuízo do próprio sustento ou da família (art. 350 do CPP). b) DEMONSTRAÇÃO: ela pode ser feita por qualquer meio de prova, englobando atestado emitido pelo delegado (art. 32, §2º do CPP). c) REDUÇÃO E AUMENTO: a autoridade (a lei não especifica se juiz ou delegado) poderá: c.1) reduzir a fiança em até 2/3; c.2) aumentar em até 1000 vezes. d) OBRIGAÇÃO: diante da dispensa, as obrigações dos artigos 327, 328 e 341 do CPP são aplicáveis. 6.7. SISTEMA RECURSAL: as decisões envolvendo a fiança tem natureza de interlocutória simples, desafiando recurso em sentido estrito (art. 581, V e VII do CPP). OBS. EFEITO SUSPENSIVO: diante da quebra ou da perda da fiança, o efeito suspensivo do recurso é limitado, obstando o imediato recolhimento dos valores ao Fundo Nacional de Segurança Pública (art. 584 do CPP).
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