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CAPTAÇÃO DE EVENTOS E RECURSOS Cristine Fabbris G es tã o C A P T A Ç Ã O D E E V E N T O S E R E C U R S O S C ris tin e Fa b b ris Curitiba 2019 Captacao de Eventos e Recursos çã Cristine Fabbris Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael. F113c Fabbris, Cristine Captação de eventos e recursos / Cristine Fabbris. – Curitiba: Fael, 2019. 287 p.: il. ISBN 978-85-5337-051-1 1. Promoção de eventos especiais 2. Captação de recursos I. Título CDD 060.68 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. FAEL Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz Revisão Editora Coletânea Projeto Gráfico Sandro Niemicz Capa Vitor Bernardo Backes Lopes Imagem da Capa Shutterstock.com/RoseRodionova Arte-Final Evelyn Caroline Betim Araujo Sumário Carta ao Aluno | 5 1. A cidade e os eventos | 9 2. Prospecção de eventos | 35 3. Captação de eventos | 59 4. Os atores envolvidos no processo de captação | 89 5. A campanha e a defesa | 115 6. Patrocínios, apoios e políticas públicas de captação de eventos: o que são e para que servem? | 141 7. Captação de recursos humanos e materiais para eventos | 163 8. Orçamentos e controle no processo de prospecção e captação | 189 9. Prestação de contas, avaliação dos resultados e relatório final | 221 10. Convention & Visitors Bureaux | 241 Gabarito | 267 Referências | 283 Prezado(a) aluno(a), Quando falamos sobre algo que nos encanta e nos motiva, o brilho nos olhos e a euforia fazem parte do contexto. Saibam vocês que esse é, no mundo, o assunto que mais me inspira e me impulsiona todos os dias a ser uma profissional melhor – capta- ção de eventos! A formação em Turismo me ajudou a entender e trabalhar as interfaces que a atividade turística tem com a vida cotidiana das pessoas. Somos importantes e nossas ações, quando bem dimen- sionadas e planejadas, acarretam um bem social e econômico significativo com impactos diretos na vida das pessoas. Se não melhoramos a sua rentabilidade, melhoramos a sua valorização enquanto cidadão. Carta ao Aluno – 6 – Captação de Eventos e Recursos A importância que o trabalho de captação de eventos tem para uma localidade que se destaca no segmento de eventos, ou que pretende se des- tacar, é algo muito intenso. Somos responsáveis, direta e indiretamente, pela manutenção de um segmento que impacta aproximadamente 52 seto- res da economia. Muita gente depende do nosso sucesso! Somos poucos e esse material me dá esperanças de que alguns de vocês queiram ter esse brilho nos olhos e essa paixão. Inspirem-se! Existe uma glamourização da atividade “eventos”. Acreditem, é muito bom trabalhar com isso, mas requer muita dedicação também. Durante esses quase 18 anos que trabalho com esta atividade, tendências e modismos já se passaram. Muitas novidades surgiram e muitos produ- tos e serviços também, mas a forma de vender a cidade, seus moradores, seus atributos, produtos e serviços não mudou. Seguimos poucos nesse vasto universo. Mas, o que é que me mantém por tanto tempo nessa área? Bom, um dos principais motivos é a possibilidade de conhecer pessoas. Nesse trabalho, “convidamos” as pessoas a virem nos “visitar” e, para tanto, a “casa” (e aqui leia-se a nossa cidade) precisa estar arrumada e pronta para receber e atender às necessidades desses nossos convidados. Precisamos que os atores sociais envolvidos estejam alinhados e com essa mesma expectativa de receber e acolher esses visitantes, atendendo a suas demandas, desde as mais simples até as mais complexas (por vezes excêntricas!). E quando falo todos os atores sociais, me refiro ao atendente da companhia aérea, ao recepcionista do hotel, ao taxista, ao vendedor da loja, ao segurança do centro de eventos, à atendente da secretaria do evento, ao garçom do restaurante, à vendedora da loja e a todas aquelas pessoas que terão contato com eles durante a estada em nossa cidade. As percepções individuais constroem a nossa imagem. Somos uma legião de pessoas que precisa estar sensibilizada sobre a importância que o dinheiro deixado por esse convidado em nossa cidade faz a diferença. Quanto mais alto for o seu grau de satisfação com o todo, mais fácil será a propagação da nossa boa imagem, logo, cada vez será mais fácil “vender” a cidade com tudo o que lhe pertence. – 7 – Carta ao Aluno Abordarei aqui de uma forma muito prática a atuação na atividade de captação de eventos. O que é essa atividade? De que forma ela acontece? Quem são os atores sociais que a compõem e a operam? Quem é o nosso cliente? Entre outras coisas. Tudo o que lerão nesses próximos capítulos é fruto de uma longa caminhada profissional. São as ações do cotidiano dessa atividade. Relata- rei aqui acertos e erros, as técnicas e as formas de ingressar nesse universo. Espero que consiga contaminá-los com essa mesma paixão que sinto até hoje por esse segmento. Como mencionei anteriormente, somos poucos e essa é uma ativi- dade que carece de profissionais capacitados. Vamos juntos? Desejo sucesso e que a curiosidade os guie sempre pelos caminhos por onde andarem! Cristine Fabbris Turismóloga e Captadora de Eventos Técnico-científicos 1 A cidade e os eventos O objetivo desse capítulo é identificar a vocação da cidade para o turismo de negócios e eventos, sua infraestrutura básica e turística e os locais e equipamentos específicos para a sua reali- zação. Esses assuntos serão abordados de forma a identificar as características do destino e quais os tipos de eventos que mais ocorrem nas cidades. Trataremos, também, da vocação do des- tino e da rede de serviços de apoio aos eventos – hotelaria, res- taurantes, comércio, aeroporto, rodoviária, acessos, gastronomia, espaços de eventos e lazer. “Se você construir, eles virão” – Filme: Campo dos Sonhos – 1989. Vivemos em uma sociedade altamente competitiva, em que a rapidez na troca de informações e práticas de atuação profis- sional ditam o sucesso e a capacidade de se manter competitivo no mercado de trabalho. A busca por qualificação, especialização e inovação em todas as áreas do conhecimento nunca esteve tão em alta. Os eventos, em sua essência, têm essa capacidade. Os deslocamentos para fins de aprimoramento, conhecimento, troca de informações e geração de negócios configuram a essência do turismo de negócios e eventos. Captação de Eventos e Recursos – 10 – Para que tenhamos alinhado o nosso discurso e entendamos a importância que os eventos proporcionam, faz-se necessário debater os conceitos de “evento” e “turismo de negócios e eventos” segundo alguns autores da área, o que facilitará a compreensão deste material de forma global e aplicada daqui por diante. Nos limitaremos a esses dois concei- tos somente com a finalidade de “afunilarmos” o foco deste material ao que ele pretende, entretanto, sabendo que existem muitos outros tipos de eventos. 1.1 Conceitos de eventos e turismo de negócios e eventos Evento pode ser muita coisa! Segundo apresentam alguns dicionários, o significado da palavra “evento” aponta que este é um acontecimento, um acaso, uma eventualidade. Ao explorarmos esse conceito, podemos con- cluir que evento, de forma geral, é caracterizado como “qualquer aconteci- mento que foge à rotina, sempre programado para reunir um grupo de pes- soas” (SENAC, 2000, p. 11), ou seja, tudo que acontece, seja o que for, e que envolva pessoas ou o ambiente em que estas pessoas estejam inseridas. Tornando mais claro o entendimento, Giácomo (1997, p. 54), no livro Tudo acaba em festa, apresenta um conceito geral e ao mesmo tempo muito simples, mostrando que o evento é um “acontecimento previamente planejado, a ocorrer num mesmo tempo e lugar, como forma de minimizar esforços de comunicação, objetivando o engajamento de pessoas a uma ideia ou ação”. Agora que internalizamos o conceito de “evento”, vamossomar a este o que alguns autores convencionam como sendo “turismo de negó- cios e eventos”. Por turismo de negócios e eventos, o Ministério do Turismo, em material publicado com o título Segmentação do Turismo: marcos concei- tuais (2006), compreende o conjunto de atividades turísticas decorrentes dos encontros de interesse profissional, associativo, institucional, de cará- ter comercial, promocional, técnico, científico e social. – 11 – A cidade e os eventos Algo importante de se abordar nesse momento e que nos trará um contraponto relevante para a compreensão do segmento, é de que o agente do turismo de lazer, o turista de lazer, escolhe para qual destino deseja ir, como deseja ir e é ele quem paga as suas despesas, diferentemente do turista que viaja a negócios, o qual viajará para o local que a sua empresa designar e terá seus gastos, quase que em sua totalidade, pagos por ela. Ou seja, sua autonomia é muito limitada. Ainda, para fins de alinhamento conceitual, utilizaremos um pequeno trecho do estudo apresentado no material Turismo de negócios e eventos: orientações básicas do Ministério do Turismo (2010), que aborda uma contextualização mais histórica, dizendo que desde as civilizações anti- gas o homem viajava com finalidades comerciais e para a participação em eventos – exemplo disso são as peregrinações para a participação dos Jogos Olímpicos, na Grécia Antiga. Após a Revolução Industrial, devido ao desenvolvimento extra- ordinário dos meios de transporte e de comunicação, foi favorecido um movimento internacional que contribuiu para a efetivação das transações comerciais, bem como a realização de eventos de finalidades diversas. O Brasil vem se posicionando tanto como um destino para a efetiva- ção de negócios como para a realização de eventos. Como um destino de negócios, por conta do seu desenvolvimento industrial e respectivos pro- dutos, tanto para exportação, como para a comercialização interna. No que se refere à área de eventos, a conquista de referências em desenvolvimento tecnológico e científico, a profissionalização e as estru- turas do setor são alguns dos fatores para o crescimento do segmento. Aliam-se a esses fatores as opções de lazer relacionadas à diversidade dos recursos naturais e culturais. Esse desenvolvimento pode ser exem- plificado com o crescimento do setor de feiras, uma excelente ferramenta na comercialização de produtos. Dentre os eventos técnicos e científicos, vários fatores contribuíram para o seu desenvolvimento: a profissionali- zação do setor, o crescente investimento na infraestrutura turística e de eventos – em especial a construção de centros de eventos e modernização dos aeroportos, propiciando aumento do fluxo de voos –, a qualificação da Captação de Eventos e Recursos – 12 – prestação de serviços, a multiplicação e a capacitação (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010, p.13-14). Ainda falando em turismo de negócios e eventos, e mencionando novamente os marcos conceituais do Ministério do Turismo (2006, p. 16-17), afirmamos que este tipo de turismo apresenta características pecu- liares e relevantes, como: 2 oportunidade de equacionamento de períodos sazonais, propor- cionando equilíbrio na relação entre oferta e demanda durante o ano, pois independe de condições climáticas e períodos de férias escolares; 2 alta rentabilidade, uma vez que o turista desse segmento, em relação ao turista de lazer, apresenta maior gasto médio. Além disso, o turista que participa de um evento em determinado des- tino que ainda não conhecia, costuma retornar outras vezes com o intuito de lazer e, normalmente, com mais tempo, o que propi- cia maior permanência no destino; 2 possibilidade de interiorização da atividade turística, pois podem ser realizados em cidades menores, desde que apresentem as condições e estruturas necessárias para a realização de negócios ou eventos; 2 uso de infraestrutura e serviços de elevado padrão de quali- dade, de modo a valorizar o profissionalismo, requerendo ser- viços dinâmicos; 2 a demanda não reduz significativamente em momentos de crise econômica; 2 aumento da arrecadação de impostos, pois normalmente o turista de negócios e eventos necessita da emissão de notas fiscais para comprovação de despesas à empresa ou instituição à qual pertence; 2 contribuição para o crescimento dos negócios locais por conta do intercâmbio comercial e empresarial, no qual se estabelecem contatos diretos entre fabricantes e consumidores; 2 desenvolvimento científico e tecnológico, devido à participação de profissionais especializados e equipamentos de última geração; – 13 – A cidade e os eventos 2 disseminação de novas técnicas e conhecimentos definidos nos encontros nos destinos-sede e que ficam como legados às comu- nidades locais; 2 motivação ocasionada principalmente pelo interesse no evento, podendo ou não estar aliada à atratividade do destino. Não é de hoje que cidades se tornam importantes núcleos receptores de eventos. A geração de receita e o incremento econômico atrelado a essa atividade impulsionam e qualificam cidades e até regiões inteiras, como é o caso da Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul, o Rio de Janeiro e a cidade número um na realização de eventos no Brasil, São Paulo. Os eventos, para as localidades cujos atrativos naturais não são a vocação turística principal, são uma excelente oportunidade, com a capa- cidade de distribuição de renda, trabalho e divulgação do destino, além de proporcionar a ampliação da rede de infraestruturas, uma vez que para se realizar um evento, faz-se necessário dispor de uma infraestrutura básica, qual seja: saneamento, energia, redes de tratamento de esgoto; de apoio, tais como: segurança pública, transportes, hospitais; ou turística, como: hotéis, restaurantes, entre outros. A atividade “eventos” é uma das atividades econômicas com o maior impacto de distribuição de renda para uma localidade. Para cada evento realizado, mais de 52 setores da economia são impactados, quer com recursos diretos, ou seja, o dinheiro do participante chega direto na mão do fornecedor (venda de alimentação), quanto indiretos – pagamento do ISS referente às inscrições repassado pelo organizador ao poder público municipal. É uma cadeia virtuosa de trabalho e renda. No levantamento feito pela Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRA- TUR) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) (2014), intitulado Pesquisa de Impactos Econômicos dos Eventos Internacionais Realizados no Bra- sil, avaliou-se que cerca de 25,3% dos turistas que visitam o país estão em busca de negócios. Logo, para uma localidade, o desenvolvimento do turismo de negócios e eventos vem ao encontro da ampliação da oferta de espaços de eventos, hospedagem e alimentação, aprimoramento dos ser- viços de receptivo e melhorias e modernização dos aeroportos, tudo isso visando a ampliação do fluxo de turistas. Captação de Eventos e Recursos – 14 – 1.2 A vocação da cidade para o turismo de negócios e eventos Não podemos afirmar que exista uma “receita de bolo” que nos guie na identificação de cidades que tenham uma vocação natural e espontânea para o turismo de negócios e eventos. Com o avanço da tecnologia e com o surgimento de espaços cada vez mais alternativos para a realização de eventos – castelos, fortalezas, clubes, igrejas, estádios e até barcos, qual- quer cidade com a mínima estrutura e logística de acesso, pode receber aos mais variados tipos de eventos. Portanto, não temos como “rotular” um destino como sendo exclu- sivo para esse tipo de turismo. Geralmente – e pode-se dizer que na grande maioria dos casos – os destinos com mais vocação para o turismo de negó- cios e eventos, são as localidades cuja atividade turística principal é a de “sol e mar”, como as cidades litorâneas do Norte e Nordeste do país e as cidades com o turismo de lazer bastante difundido, como Gramado, no Rio Grande do Sul e Campos do Jordão, em São Paulo. Para esses destinos, a atração dosegmento de negócios e eventos é um desdobramento natural da atividade, uma vez que o turista vai a essas localidades em um primeiro momento a lazer e, posteriormente, retorna para um congresso ou uma convenção. São destinos cuja infraestrutura da cidade está consolidada ou bastante avançada, gerando qualidade e segu- rança para quem a visita. Muitos dos destinos no Brasil que trabalham for- temente com o segmento de eventos, têm um residual de memória por parte dos turistas muito positivo. Isso facilita sobremaneira a decisão de retorno. Primeiramente, quando pensamos em eventos – no caso desse material especificamente falaremos dos congressos de cunho técnico-científicos – trataremos dos eventos que geram fluxo de turistas na cidade e que deixam divisas na região – é muito importante que tenhamos em mente que esses eventos têm um enorme potencial de atrair pessoas das mais diferentes localidades do país e do exterior (em muitos casos), todas com o objetivo comum de participar do evento! Essas pessoas são os nossos “convidados”. Quando convidamos alguém para vir até a nossa casa, com o que precisamos nos preocupar? Esse pensamento é o mesmo que deve nos acompanhar quando convidamos esses “turistas/congressistas” para a – 15 – A cidade e os eventos nossa cidade. Precisamos fornecer o básico para que sua estada seja a mais confortável e prazerosa possível, gerando um residual de memória positiva que o leve a “querer voltar”. No turismo, o nosso maior desafio é esse. Atender às expectativas e necessidades dessas pessoas, fora de suas casas, dando conforto, segu- rança e experiências positivas. A infraestrutura é um componente essencial e que define grande parte da experiência turística, devido à variedade de segmentos que se inter- -relacionam no turismo, principalmente a hospedagem, a alimentação, o transporte e o entretenimento. As cidades, além de infraestruturas básicas/urbanas, contam com infraestruturas de apoio e, no caso do turismo, com infraestruturas turísti- cas. Novamente, vamos alinhar esses conceitos. 1.3 Os aspectos físicos e geográficos na captação de eventos Destinos consagrados na captação de eventos por muitos anos foram aqueles que tinham “praia – sol e mar”! Concorrer com estes destinos, cujo maior foco de atração eram os atrativos naturais, era uma atividade que exigia um esforço hercúleo. O incomparável mar de coloração verde esmeralda das praias de Maceió/AL tem um poder de atração imediato, muito maior do que os incontáveis parques da cidade de Curitiba/PR ou o frio charmoso da Serra Gaúcha/RS. Esses aspectos, antes da profissionali- zação do setor de eventos no Brasil, eram predicados imprescindíveis para a candidatura de um destino a sediar um grande evento. Destinos que não contassem com esses argumentos, estavam fora da listagem das cidades elegíveis ou ficavam como opções secundárias de escolha. Acreditava-se que pelo fato de a cidade ser turística por si só, conse- guiria suprir as necessidades das demandas que a atividade do turismo de negócios e eventos exige. Ledo engano! O tempo apresentou carências importantes nesses destinos como: a precariedade dos aeroportos e o consequente número insuficiente de voos e companhias aéreas operando, a falta de opções de hospedagem de cate- Captação de Eventos e Recursos – 16 – gorias superior e executiva, a pouca qualidade na prestação dos serviços direta e indiretamente ligados a esse segmento e a informalidade do setor. Para que um destino seja elegível a captar e receber eventos de médio e grande portes, os aspectos mais avaliados e importantes são: como che- gar? Qual o local para o evento? Aonde dormir? Aonde comer? Quais as opções de lazer? Vamos lá. Faremos aqui uma macrodivisão em três momentos impor- tantes, conforme figura 1.1. Figura 1.1 – Macrodivisão de momentos importantes dentro da concepção do evento Como chegar? Aonde ficar? O que fazer? Fonte: elaborada pela autora. A figura nos apresenta os momentos importantes dentro da concep- ção do evento. Assim, começaremos abordando o “como chegar”. Para que um destino esteja apto a receber um evento de médio porte (e aqui leia-se como médio porte os eventos com 400 a 800 participantes1), a chegada ao destino é um ponto crucial. Uma boa malha rodoviária, com estradas seguras, bem sinalizadas e regulares, certamente fará uma diferença expressiva para os participan- tes deste evento que morem entre 200 a 300 quilômetros de distância do destino e que queiram utilizar seus veículos particulares como meio de 1 Nota da autora com base em sua experiência profissional. – 17 – A cidade e os eventos transporte. Alguns desses também aproveitam, para nessa modalidade de transporte, para trazer seus familiares consigo e tornar um pedaço da via- gem que, até então, seria somente de “aprendizado e troca”, como um momento de lazer com os seus. Acima de 800 participantes, consideraremos os eventos como de grande porte. Esses eventos utilizam, na sua maioria, acesso aéreo, via aeroportos, por facilitar aos participantes economia de tempo e agilidade. Os eventos de grande porte são os responsáveis, em um mesmo período, por concentrar nos aeroportos um volume de pessoas muito sig- nificativo chegando e saindo concomitantemente, em um curto intervalo de tempo. Desse modo, a infraestrutura de serviços do aeroporto e dos serviços de logística local como táxis, serviços de vans e transportes especializados precisam ser em quantidade e qualidade compatíveis com essa demanda. Os aeroportos que oferecem um grau de conforto considerado satis- fatório, são aqueles que contam com acesso facilitado às aeronaves, múl- tiplas esteiras de bagagens, acessibilidade, sanitários acessíveis e serviços como: alimentação, aluguel de carros, bancos, casas de câmbio, compa- nhias aéreas, lojas entre outras facilidades. A proximidade do aeroporto aos locais que farão parte da rotina do participante do evento é fundamental. Nem sempre a distância em qui- lômetros é o que mais conta, mas sim, o tempo que se gasta percorrendo essa distância. Localidades em que o aeroporto fica mais distante do local do evento e da malha hoteleira sofrem mais rejeição do que as localidades que contam com essa facilidade dentro dos centros urbanos. Mais uma vez, estamos falando de tempo! Quanto mais tempo se economiza nos deslocamentos, mais tempo se aplica em outras atividades mais interes- santes e experienciais do participante na cidade. A mobilidade urbana é um diferencial para as cidades na atualidade, e é um item que tem elevada importância nas captações de eventos. No tocante ao acesso aéreo, a capilaridade dos voos torna-se rele- vante, pois o número de aterrissagens e decolagens, horários, companhias aéreas operantes e localidade atingidos impactam diretamente no tempo Captação de Eventos e Recursos – 18 – e na facilidade de deslocamento. Destinos competitivos são aqueles que conseguem ofertar voos a importantes “hubs”2 do país. No ano de 2017, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), por meio do Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea (CGNA) apresentou o consolidado de dados sobre os principais aeropor- tos do país no Anuário Estatístico de Tráfego Aéreo (2017)3. Este levan- tamento apresenta os seguintes aeroportos como tendo maior movimento, em 2017: Aeroporto de Guarulhos – SP, seguido por Congonhas – SP, Aeroporto Internacional de Brasília/Pres. Juscelino Kubitschek – Brasília/ DF, Galeão – RJ, Santos Dumont – RJ, Viracopos – Campinas/SP, Confins – Belo Horizonte/MG. O acesso rodoviário – via linhas de ônibus interestaduais – nessa modalidade de turismo, apresenta expressão mínima. Essa forma de trans- porte, por ser mais barata e demandar mais tempo por parte de quem a consome, é geralmente a opção eleita por estudantes. As rodoviárias das capitais apresentam melhores condições de con- servação e opções de serviços complementares, de companhias e de número de embarques e desembarques do queas do interior. Chegamos ao destino, agora vamos nos acomodar! Aonde ficar? Para os destinos que buscam a captação e a realização de eventos, um fator que conta como critério de “corte” é a adequada capacidade hoteleira insta- lada. O que é isso? Facilitando o conceito, convencionaremos aqui que capacidade hote- leira instalada é o número de estabelecimento de hospedagem – hotéis, pousadas, resorts, albergues, chalés, hostels4, motéis, entre outros, e a somatória dos seus números de unidades habitacionais e de leitos. Esse conjunto compõe o cenário da hospedagem em uma localidade. O Brasil, em 2017, contava com 2,4 milhões de leitos em sua rede de hospedagem, segundo dados da Pesquisa de Serviços de Hospeda- 2 Hubs – chamados pela aviação de pontos de conexões entre um destino e outro. 3 https://www.decea.gov.br/blog/?p=1207 4 Hostel é um tipo de acomodação econômica caracterizada por preços convidativos e pela socialização dos hóspedes. – 19 – A cidade e os eventos gem (PSH, 2016), realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério do Turismo5. Esse número apresenta a magnitude desse setor no país. Para a captação de eventos, faz-se necessário o conhecimento por- menorizado, por parte de quem está se propondo a atrair eventos, sobre as tipologias de estabelecimentos hoteleiros ofertados na localidade e região. Cada evento tem seu público específico e este público, por sua vez, também apresenta necessidades e anseios diferenciados. Vejamos: Para um mesmo evento, podemos considerar que teremos, em média, quatro tipos de pessoas que participarão: o profissional estabelecido, o estudante, os familiares e/ou acompanhantes e o staff6. Cada um exigirá serviços diferenciados desses meios de hospedagem. Irá se destacar a loca- lidade que ofertar o maior número de estabelecimentos e a maior diver- sidade. Essa variedade na oferta de meios de hospedagem democratiza a escolha. Existem produtos e serviços ofertados para todos os padrões de consumidores, partindo de uma hospedagem simples e coletiva como a dos hostels até a hospedagem de luxo, nos hotéis-boutique. Quanto mais opções o destino ofertar, mais competitivo ele será nesse quesito. A procura e decisão de escolha por um ou outro meio de hospedagem se norteia por uma clara relação entre preço versus modernidade, conforto e privacidade. Isso no turismo de negócios e eventos não é diferente! Vivemos tempos em que as facilidades de conexão, mobilidade e eco- nomia de recursos são indispensáveis. Desse modo, a adaptação da hotela- ria tradicional (hotéis econômicos, turísticos, superior, luxo e superluxo), assim como o faz a nova hotelaria (hotéis executivos), ofertando produ- tos e serviços mais modernos como internet wireless sem custo, tomadas distribuídas em todos os ambientes, chuveiro e cama confortáveis, kit de amenities7 e alimentação mais saudável, são indispensáveis e avaliados no momento da tomada de decisão. 5 https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2013-agencia-de-noticias/ releases/14786-brasil-tem-2-4-milhoes-de-leitos-em-sua-rede-de-hospedagem.html 6 Staff – pessoas que trabalham para que o evento aconteça (antes e durante o evento). 7 Kit de amenities. ou kit de amenidades - são os confortos adicionais oferecidos ao hóspe- de pelo hotel – touca de banho, pente, creme, lenços umedecidos, entre outros. Captação de Eventos e Recursos – 20 – Não existe uma regra estabelecida para categorizar as cidades no tocante ao número e às tipologias de estabelecimentos de hospedagem. Existe sim, por parte das entidades públicas e privadas do setor, um levan- tamento de dados (inventário) acerca desses estabelecimentos, registrando suas características para serem apresentadas quando demandadas. É o caso da visita de inspeção ou visita técnica (VT) e construção dos biddings books8 da cidade – abordaremos mais à frente estes dois itens. Chegamos e nos acomodamos. O que fazer na cidade? Outro ponto muito argumentado nas ações de captação é a apresentação dos atrativos turísticos, naturais e culturais que a localidade tem para atrair a curiosi- dade e a vontade em participar do evento. Cidades que contam com notória variedade de atrativos têm mais chance de lograr sucesso em campanhas do que cidades que somente são apresentadas pela “ação político-institu- cional” das entidades promotoras. Uma escolha malsucedida pode acarretar, para a imagem do evento e da entidade, em um residual de memória bastante negativo. Por isso, esse item é muito avaliado nas candidaturas. Aspectos culturais como as origens de colonização, gastronomia típica, construções históricas e atrativos turísticos consagrados, são itens abordados exaustivamente para a atração da atenção para determinada cidade, uma vez que a conexão destes com a localidade é automática, como no caso da associação do Jardim Botânico com a cidade de Curitiba/ PR, o Cristo Redentor com o Rio de Janeiro/RJ, o frio e a neve com a Serra Gaúcha/RS, que são ícones de associação instantâneos. Assim como estes citados, temos muitos outros em vários destinos no Brasil. São argumentos com forte poder de decisão emocional nas campanhas. 1.4 Fatores influenciadores É importante mencionar que o participante do evento vem para a cidade para participar do evento, mas ele também interage em uma série de situações com a cidade, seus moradores e seus atrativos. Eles coexistem em um determinado período. Logo, abordaremos agora alguns pontos 8 Bidding book – compilado de informações do destino feito pelo CVB local. – 21 – A cidade e os eventos importantes dessa relação do participante do evento com a cidade, sendo estes apresentados na figura 1.2 e conceituados posteriormente. Figura 1.2 – Pontos de relação do participante do evento com a cidade Gastronomia local Fornecedores Atrativos naturais Segurança Atrativos culturais Condições Climáticas Vida noturna Compras Passeios turísticos Fonte: elaborada pela autora. a) A gastronomia local A necessidade de se alimentar faz parte da vida humana. Não só para saciar a fome, mas, também, para criar um elo de aproxi- mação entre as pessoas. Em várias localidades turísticas a gas- tronomia é o principal mote de atração. Doces cristalizados nos remetem a Pelotas/RS, doce de leite aos mineiros, o chimarrão ao gaúcho, e assim por diante. No Brasil, a gastronomia é variada e peculiar de região para região, devido à extensão territorial que temos. Nosso país é muito grande e muito diferente. Sofremos influências culturais que nos proporcionaram uma vasta gama de alimentos, preparos e hábitos de consumo. Captação de Eventos e Recursos – 22 – O que comemos nos representa e nos identifica. Localidades turísticas criam e incentivam a concepção de núcleos de alimen- tação étnicos. A valorização dos costumes locais pela comida, além da geração de renda, impulsiona a valorização do ser humano no seu meio. Gera valor por meio da cultura e perpetua a prática por gerações. Tão importante é esse tema, no âmbito da captação de eventos, que o item “gastronomia local” é parte integrante dos biddings books. Essa valorização parte não só do proponente local, que vê na gastronomia uma expressão de sua cultura e, por consequên- cia, um fator de atração, mas também por quem almeja conhecer e, quem conhece, de repetir a experiência. Como exemplos desse tipo de manifestação no turismo temos o bairro de Santa Felicidade, na cidade de Curitiba/PR, que concentra o maior número de restaurantes típicos italianos da cidade. Temos também os restaurantes de rodízio de fondue9 nas cidades de Gramado e Canela, na Serra Gaúcha, os restauran- tes de Fortaleza/CE, que oferecem a noite do caranguejo, entre outras manifestações. O turismo de negócios e eventos oportuniza situações que levam os participantes a usufruir dessa rede de restaurantes nas cida- des, criando pacotes especiais e programas de benefícios em conjunto com o promotor. Uma parceria muito interessante para quem proporcionaa experiência e para quem a usufrui. b) Os atrativos naturais Os atrativos naturais são os responsáveis, em boa parte, pelas esco- lhas por destinações turísticas pelos turistas. Cidades com praias, lagoas e parques tendem a ser muito mais procuradas por turistas do que as grandes metrópoles “cinzas”. A busca pela proximidade com a natureza e o retorno ao bucólico e campestre é uma forma de “sair da rotina” e vivenciar uma experiência diferente. 9 Fondue – prato suíço composto de queijo fundido, vinho branco e alho e levado à mesa em panela própria sobre um fogareiro. – 23 – A cidade e os eventos No que tange à candidatura de cidades a sediar eventos, o fato destas contarem com atrativos naturais as coloca em um patamar de “simpatia” e aceitabilidade muito maior do que cidades que não contam com estes atrativos como chamariz turístico. Uma cidade da Serra Gaúcha tem menos chance de ser votada em uma assembleia do que uma cidade litorânea do Norte e Nor- deste do país. Isso porque, os participantes dos eventos optam por aliar a viagem de qualificação (participação a um evento) a um momento de lazer, quer seja com seus familiares (se estes o estão acompanhando) ou sozinho. A atratividade clássica dessas cidades devido ao sol e mar durante o ano todo é um signifi- cativo fator de escolha de destinos elegíveis a receber eventos. A exemplo disso, temos as cidades de Natal/RN, Fortaleza/CE, Maceió/AL e João Pessoas/PA, que têm em suas agendas um número significativo de eventos distribuídos durante o ano todo, enquanto as demais localidades têm essa distribuição com maior expressão no segundo semestre. c) Os atrativos culturais Assim como os atrativos naturais, os culturais são muito impor- tantes para as cidades turísticas. Muitas cidades têm seus ícones de atratividade calcados em atrativos culturais. A exemplo disso, temos a cidade de Ouro Preto/MG, conhecida pela característica colonial de sua arquitetura e por ter sido uma das cidades brasi- leiras no caminho do “Ciclo do Ouro”. Essa cidade histórica foi o primeiro sítio brasileiro considerado Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Em contrapartida, a cidade de São Paulo/ SP é um destino com muitas manifestações culturais, como igre- jas, museus, teatros, galerias de arte e muitas construções his- tóricas, tendo uma forte atratividade para a captação dos mais diversos eventos. Esses predicados rendem a essas cidades muitas visitações turís- ticas e, por consequência, uma maior divulgação e valorização da sua história e de seu povo. Captação de Eventos e Recursos – 24 – Esse fator de atração turística auxilia sobremaneira na atração de eventos e turistas de eventos para a cidade porque, assim como no caso dos atrativos naturais, os culturais também contam com adeptos a conhecerem estes lugares. A história e seus fatos e construções sempre foram e serão um mote de atratividade muito forte em qualquer tipo de turismo, pois a curiosidade por conhecer as origens faz parte do ser humano. d) A vida noturna A vida noturna se traduz em uma das perguntas mais apresenta- das nas campanhas de captação de eventos. Um exaustivo dia de atividades técnicas no evento suscita nos participantes expecta- tivas sobre o que fazer após. Uma vida noturna “badalada”, com ampla oferta de bares, casas noturnas e restaurantes é um interessante argumento de convenci- mento sobre um destino. A opção de bons locais para a realização da parte social, também, pontua positivamente para essa escolha. Os tipos de eventos que acontecem são muitos e seus perfis de público também o são. Contar com opções que atendam desde o participante bastante jovem, que tem fôlego para, mesmo após uma jornada pesada de atividades, sair e conhecer as “baladas” da cidade, até o participante que pretenda sair e apreciar um bom cardápio de comida regional desfrutando do que a cidade tem de melhor para oferecer. O importante é ter opções variadas e com qualidade. e) As compras Um dos fenômenos do turismo é o consumo de bens e serviços locais. Principalmente o consumo de souvenirs10. A possibili- dade de levar consigo algo que represente esta vivência é uma forma de tornar a experiência em algo tangível. Os clássicos imãs de geladeira são exemplos disso! Queremos levar conosco algo que faça essa conexão. Cada souvenir comprado tem uma 10 Souvenirs - artefatos característicos ou tradicionais representativos de uma cultura ou dos costumes de uma localidade. – 25 – A cidade e os eventos história, um fato especial a ser contado. É uma forma de refe- renciar a viagem, assim como as fotografias. Por isso se vendem tantos artefatos para os turistas. Aproveitar que se está em outra cidade, com produtos diferentes dos habituais, instiga o desejo de compra. O novo sempre atrai. Por menor que seja a compra do turista, ela sempre acontece, gerando na cidade receptora o que chamamos de efeito multipli- cador. As feirinhas de artesanato, os centros comerciais, lojas de artesanato e os shoppings centers são os mais impactados. Para que se perceba a importância desse segmento na balança comercial de um país, a Pesquisa de Impacto econômico dos eventos internacionais realizados no Brasil, desenvolvida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para o Instituto Brasileiro do Turismo (Embratur), no ano de 2015, revela que os turistas de negócios e eventos gastaram em média US$ 329,39 por dia no Brasil. Esse número é quatro vezes maior que as despesas dos visitantes internacionais que visitam o país em viagens de lazer, que têm um gasto diário de US$ 73,77. f) Os passeios turísticos Conhecer a localidade visitada é algo muito recorrente por parte dos visitantes. Ter a oportunidade de participar de passeios que apresentem as manifestações culturais, as curiosidades da cidade e os atrativos naturais e culturais de forma organizada e segura é, sem dúvida, uma forma de explorar sustentavelmente a atividade turística. Os famosos city tours11 guiados e os pacotes que incluem trans- porte, alimentação e diversão são os mais procurados. Ter opções desse tipo de produto e serviço operados por empresas sérias e idôneas, é a certeza de ofertar ao turista um serviço que certa- mente acarretará lembranças memoráveis da localidade visitada. A exemplo disso, temos o Passeio da Litorina, no litoral do Paraná, que transporta os visitantes de Curitiba a Morretes, por 11 City tours – passeios explicativos realizados em pontos turísticos. Captação de Eventos e Recursos – 26 – uma das estradas de ferro mais inusitadas do País. Este também é um dos passeios turísticos mais comprados no Paraná. g) Condições climáticas O frio ou o calor são fatores muito rentáveis para o turismo. Localidades turísticas “se vendem” como destino de sol e mar ou destino de neve. Por exemplo, ir para o sul do Brasil, mais precisamente para a cidade de Gramado/RS, e não vivenciar o frio, para muitos turistas é algo que não condiz com a expec- tativa do que é amplamente divulgado como verdade no des- tino. Não quer dizer que nesta cidade somente faça frio. Mas é o frio que torna esta cidade um destino conhecido, logo, é o que o turista espera encontrar. No caso de cidades de “sol e mar”, a premissa do sol e calor todos os dias é uma expectativa. Fortaleza/CE com chuva não condiz com o que é a imagem do destino amplamente difundida. O Brasil é um país de dimensões continentais e que consegue proporcionar para um turista, em um curto período, a vivên- cia de temperaturas no Sul de 6º e de 34º no Nordeste no mesmo dia! Para o turismo de negócios e eventos, não podemos mais afir- mar que o frio ou calor por si só são fatores de atração ou de repelência. Hoje, esta atividade se profissionalizou de tal forma que estes são fatores complementares no processo de decisão. Podem contribuir ou prejudicar uma campanha, tudo dependerá da forma e do viés apresentado. h) Segurança Falar em segurançanos destinos turísticos é um assunto bas- tante relevante. Destinos consagrados na captação de eventos como a cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro/RJ, e Fortaleza/ CE, sofrem algumas retaliações por parte de alguns comitês de avaliação por serem consideradas cidades “não seguras”, devido à repercussão na mídia de massa sobre os recorrentes problemas nessas localidades. – 27 – A cidade e os eventos No turismo de negócios e eventos, o item segurança é implicado diretamente em questões como: deslocamentos, segurança nas opções de lazer no pós-evento (programas e passeios sociais) e da própria integridade física. Essa percepção de “lugar seguro” certamente é muito difundida pelos meios de comunicação, mas também é de responsabilidade de quem promove o turismo nes- sas localidades. A segurança não pressupõe somente o ato de sentir-se seguro, mas sim de ter a certeza de que tudo o que pode ser feito nesse sentido, está sendo feito. Percebe-se isso por meio de campanhas e programas de atenção e segurança do turista, muito divulgado em cidades com tradição de receber grandes fluxos. i) Disponibilidade de fornecedores Para que o turismo de negócios e eventos aconteça em uma loca- lidade, faz-se necessário que uma “rede” estruturada e qualifi- cada de empresas que trabalham com o turista (direta ou indire- tamente) estejam conectadas e falando a mesma linguagem, a da qualidade e compromisso. Destinos que sediam eventos precisam contar com empresas que atuam nas mais variadas áreas. Como mencionado anteriormente nesse capítulo, esse segmento impacta por volta de 54 setores e todos são empresas fornecedoras de produtos e serviços para os eventos. Um evento, quer seja pequeno ou grande, utiliza prati- camente os mesmos serviços, o que muda é a qualidade desses produtos ou serviços. Por exemplo: um congresso, para acontecer em uma localidade, utiliza, no mínimo, os serviços de: logística de transporte, ser- viço de uma empresa organizadora de eventos, serviço de gráfica, serviço de recepcionistas, tradutores, carregadores, fotógrafos, garçons, pessoal de limpeza, de segurança, de TI (tecnologia), locação de equipamentos de áudio e vídeo, montadora de estan- des, comunicação visual, brigadistas, empresa de passeio turís- tico, serviço médico ambulatorial, carregadores, alimentação, entre muitos outros! Captação de Eventos e Recursos – 28 – São muito os serviços e os produtos necessários. O que dife- rencia um destino de qualidade na recepção de eventos de um que não logra tanto sucesso, certamente é a qualificada gama de fornecedores de que se dispõe. Para os médios e grandes eventos, contar com fornecedores locais capacitados, qualificados e com preços competitivos é um fator de “tranquilidade” e certeza de que o evento terá o atendimento das demandas apresentadas localmente. A busca por fornecedores que não os locais, acarreta em um custo adicional para o evento. Não podemos negar que existem fornecedores que acompanham os eventos por todas as cidades, pois têm uma exclusividade automática por opção de quem os contrata. Muitas organizadoras de eventos não abrem mão de seus fornecedores de confiança, principalmente em serviços como equipamentos, montagem de estandes e tradução simultânea. 1.5 As infraestruturas Uma cidade para receber bem aos eventos, além do que foi mencio- nado anteriormente, conta com toda uma infraestrutura local que propor- ciona as bases para o desenvolvimento da atividade, as quais são apresen- tadas na figura 1.3 e debatidas posteriormente. Figura 1.3 – Infraestrutura geral de uma cidade para o desenvolvimento de atividades Infraestrutura geral Básica Urbana Turística Fonte: elaborada pela autora. – 29 – A cidade e os eventos 1.5.1 Infraestrutura básica É o conjunto de obras de instalações de estrutura física de base que criam condições para o desenvolvimento de uma unidade turística, como sistema de transportes, comunicações e serviços urbanos (redes de abastecimento de água, luz, esgoto, limpeza pública)12. Então, por infraestrutura básica, entendemos que seja o conjunto de serviços ou obras públicas pertencentes a um ambiente urbano, tais como: rede de energia elétrica, rede de saneamento básico, edifícios públicos ou de uso público, entre outros itens. Cidades turísticas dependem sobremaneira dessa infraestrutura para o desenvolvimento do turismo local. Um abastecimento regular e continu- ado de energia, por exemplo, é um ponto forte de análise em candidaturas à cidades-sede de grandes eventos, como veremos mais à frente. Outro fator que “pesa” muito na escolha de destinos para a realização de eventos, é a limpeza urbana. Uma cidade limpa – tanto no que tange a lixo/resíduos quanto à limpeza visual, é um fator de preponderância nes- sas escolhas. 1.5.2 Infraestrutura urbana A infraestrutura urbana, segundo Oliveira (2011, P. 5-6): garante condições para que haja o investimento privado no setor e para as comunidades traz melhorias e bem-estar social, para que esta esteja pronta para receber a atividade turística. Geralmente a infraestrutura urbana é investida pelo poder público e é para bene- fício social a sua justificativa, mas o desenvolvimento da atividade turística torna-se beneficiário, sendo difícil a mensuração sobre quem obteve maiores vantagens, a população ou a atividade turís- tica. Geralmente a cobrança sobre a infraestrutura, recai sobre o poder público mas nada impede que a infraestrutura seja ofertada pela iniciativa privada. É o sistema formado pelas redes de instalações para atender às funções urbanas apresentadas na figura 1.413. 12 http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/gloss%C3%A1rio-do-turismo/890-i.html 13 http://www.dadosefatos.turismo.gov.br Captação de Eventos e Recursos – 30 – Figura 1.4 – Redes de instalações para atender às funções urbanas Fonte: http://www.dadosefatos.turismo.gov.br. E por fim, temos a infraestrutura turística. 1.5.3 Infraestrutura turística É o conjunto de obras e de instalações de estrutura física e de serviços urbanos básicos que dão suporte ao desenvolvimento da atividade turística em determinada área. Como infraestrutura turística temos o sistema de transportes e de comunicações, hotéis, locadoras, posto de informações, bares e restaurantes, entretenimento etc.14 Percebemos que essas infraestruturas se misturam e se complemen- tam dentro dessa atividade. De fato, e no cotidiano das cidades, assim como da atividade turística, não conseguimos fazer essa divisão. Tanto 14 http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/gloss%C3%A1rio-do-turismo/890-i.html – 31 – A cidade e os eventos turistas quanto cidadãos usufruem simultânea e concomitantemente des- ses serviços. Mesmo em cidades em que o desenvolvimento da infraestrutura é realizado com uma visão claramente turística – como no caso de Gra- mado/RS e Orlando/Califórnia (USA), essa infraestrutura desempenha um papel largamente social, beneficiando a população local e melhorando por consequência, a sua qualidade de vida. Existe uma máxima na atividade turística que diz o seguinte: “o turismo só será bom para o turista, se for bom para quem mora na cidade”. Isso é uma verdade inquestionável! Não temos como ofertar serviços de ordem urbana diferenciados para os turistas e ofertando ao morador a uti- lização de serviços paralelos ou de qualidade inferior. Os serviços são os mesmos. A cidade é a mesma! O que muda é o foco! Conclusão Um destino, para ser elegível a sediar eventos, conforme vimos neste capítulo, necessita de muitos atributos e infraestruturas que deem suporte ao seu desenvolvimento, assim como o desenvolvimento de todas as demais atividades cotidianas e rotineiras de uma localidade. Na captação de eventos, fatores fortemente avaliados são as formas de acesso – aeroporto e vias, a segurança, os atrativos existentes e o fun- cionamento da cidade no cotidiano. O trânsito, as distâncias e os equipa- mentos precisam estar em pleno funcionamento para que proporcionemdinamismo e agilidade ao participante do evento. A concretização do que antes era a percepção do turista de negócios e eventos acerca da localidade precisa ser confirmada in loco assim que se chega ao destino, pois é ele quem utilizará estas infraestruturas e serviços. Ampliando seus conhecimentos Para uma melhor compreensão, apresentaremos um artigo que foi publicado em fevereiro de 2018, no site da Prefeitura Municipal de Curitiba, o qual aponta para a consolidação da cidade para a realização de eventos. Captação de Eventos e Recursos – 32 – Curitiba se consolida na rota do turismo de negócios e eventos15 A cada ano Curitiba consolida sua posição como um dos prin- cipais destinos do Brasil para o turismo de negócios e eventos. Para 2017, a expectativa é de que a cidade sedie 215 eventos e atraia mais de 350 mil turistas apenas neste segmento. Em 2016, 157 eventos profissionais e técnico-científicos aconteceram na capital paranaense, trazendo 121 mil turistas para a cidade. O balanço é do Curitiba, Região e Litoral Convention & Visitors Bureau (CCVB). A média de permanência dos turistas de negó- cios foi de 3,17 dias e estima-se que o fluxo de visitantes trouxe cerca de R$ 193 milhões para a economia local. A presidente do Instituto Municipal de Turismo de Curitiba, Tatiana Turra, afirma que a cidade transmite confiança aos rea- lizadores de eventos, pois tem uma boa estrutura, com equipa- mentos modernos e em diferentes formatos, além de uma oferta completa de serviços. Além disso, diversas rodovias permitem fácil acesso à cidade e o aeroporto é reconhecido pela qualidade. “Outro fator determinante para o sucesso de Curitiba é a presença de indústrias, universidades e centros médicos e científicos que são referenciais nacionais e até mesmo mundiais”, diz Tatiana. Sobre os planos para 2017, Tatiana afirma que o Instituto Muni- cipal de Turismo planeja tornar a cidade ainda mais competi- tiva na atração de eventos. “Estamos revisando nossa política de apoio à realização de eventos de negócios. O objetivo é atrair mais eventos, mas também fazer com que o turista tenha uma experiência cada vez melhor”, explicou Tatiana. A aproximação com o setor privado também faz parte do pla- nejamento do Instituto. O presidente do CCVB, Adonai Aires 15 <http://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/curitiba-se-consolida-na-rota-do-turismo-de- -negocios-e-eventos/41201). Acesso em: 02.09.2018 – 33 – A cidade e os eventos de Arruda Filho, confirma que a iniciativa é importante para o fortalecimento da cidade. “Os resultados positivos alcançados em 2016 são consequência de um trabalho sólido do CCVB e da união dos empresários do setor”. Internacional No mais recente anuário estatístico, divulgado em 2016, o Ministério de Turismo aponta que Curitiba foi o terceiro destino mais visitado por turistas internacionais com foco em negócios, eventos e convenções, com 4,2% da demanda total do País. A cidade ficou atrás de São Paulo (1º) e Rio de Janeiro (2º). O anuário publicado em 2016 reúne dados referentes à 2014 e 2015. Em 2015, dentre os visitantes internacionais que vieram ao Brasil por “outros motivos” a capital do Paraná ficou com o quinto lugar, com 4,8% da demanda total. Atividades 1. Qual a diferença entre o turista convencional – o de lazer – e o turista de negócios? Um é mais importante que o outro dentro da atividade turística local? 2. Para uma localidade em que os atrativos naturais não são a vocação turística principal, quais seriam os motivos que levariam o turismo de negócios e eventos a ser uma oportunidade a ser explorada? 3. O turista de negócios e eventos, além de participar do evento, em determinados momentos da viagem, interage com a cidade do evento. Quais seriam esses momentos? 4. Quais são os fatores complementares na tomada de decisão de um destino em detrimento a outro no tocante à captação de even- tos? Explique cada um deles. 2 Prospecção de eventos Nesse capítulo identificaremos, de acordo com as caracte- rísticas da cidade, quais os tipos de eventos que podem ser cap- tados e como ocorre o processo de pesquisa – etapas e ferra- mentas. Aprenderemos sobre os instrumentos e como trabalhar com a internet, pesquisando em sites como o Google, Linkedin, Facebook, sites das associações, sociedades, entidades de classe, entre outros. Abordamos no capítulo anterior os atributos e infraestrutu- ras que uma cidade que busca realizar eventos deve ter e quais são as exigências para ser um destino de negócios e eventos. A partir daqui, identificaremos, de acordo com as características das cidades, quais são os tipos de eventos que podem ser capta- dos. As cidades/localidades, por suas características físicas, eco- nômicas e políticas, apresentam uma série de possibilidades no universo dos eventos. Captação de Eventos e Recursos – 36 – 2.1 O início do processo de prospecção Usaremos a seguinte situação para exemplificar o início de uma prospecção: uma cidade que tenha a sua economia principal voltada para a agroindústria, certamente terá muito êxito na realização de eventos vol- tados para essa área, como as feiras agroindustriais de venda de sementes, animais, produtos e maquinários agrícolas. Isso se falarmos somente em eventos com finalidade comercial. Mas, se agregarmos a essa feira uma parte técnico-científica, teremos então um congresso com feira comercial. É o caso da Expoingá, na cidade de Maringá/PR. Esse evento, que concentra atividades de lazer, vendas de animais, maquinários, tecnologia de ponta e qualificação profissional para o setor do agronegócio, gerou os seguintes números, segundo dados apresentados no site oficial do evento (expoinga.com.br): na edição de 2018, recebeu quase seiscentos mil participantes, teve mais de mil e duzentos exposito- res, por volta de sete mil e quinhentos animais em exposição e mais de R$ 455 milhões de reais em negócios gerados e prospectados. Esses números de sucesso refletem o que chamamos de aderência do destino ao tema do evento. Certamente a característica agrícola da cidade é um fator de extrema relevância na escolha do destino sede do evento. Para os eventos muito específicos e segmentados, como o que apresen- tamos acima, a cidade tem um peso muito grande em seu sucesso. Enquanto que para eventos com características mais técnico-científicas de atualização profissional, como os congressos da área médica, o fator da cidade que deve se destacar ou ser o mais importante é a existência de núcleos de profissio- nais daquela determinada especialidade, para que seja justificada a realiza- ção do evento naquela região. São poucos os eventos que acontecem em determinada cidade somente porque esta possui significantes atrativos. Em tese, todos os tipos de eventos podem ser captados pelas cidades. Basta que tenham estruturas adequadas e dimensionadas ao tipo de evento que se pretender realizar. Cidades com forte apelo da natureza, têm possi- bilidade de atrair eventos que usem espaços a céu aberto, corridas, cam- peonatos e competições. Cidades que tenham um apelo mais cosmopolita e metropolitano, têm um apelo à realização de eventos mais “fechados”, – 37 – Prospecção de eventos dentro de estruturas como hotéis e centros de convenções, justamente pela característica de imersão que exigem. O fato é que quase todos os eventos podem ser captados! Primeira- mente, precisamos conhecer muito a nossa cidade e região e tudo o que ela oferta; conhecer os pormenores do evento e todas as suas exigências e conseguir “vestir” o evento dentro da cidade que se deseja ter como sede. Os eventos que possuem a maior possibilidade de ser captados por uma cidade e suas estruturas são: 2 congressos, seminários, simpósios, encontros; 2 feiras de exposição ou vendas, mostras; 2 competições esportivas e desportivas; 2 espetáculos e shows. Antes de captar, precisamos prospectar tudo sobre esse evento. E o que é prospectar algo? 2.2A pesquisa na prospecção Prospectar é pesquisar! É um estudo preliminar de um tema ou assunto. Na captação de eventos, é a mais fundamental das ferramentas e é a etapa que precede todas as demais. É nela que devemos concentrar mais atenção e trabalho com foco na busca correta por informações. A informação na captação de eventos é a chave do sucesso. A prospecção é a fase da “descoberta”. Relataremos aqui como se dá o processo que, ao longo dos anos, foi estruturado para exercer essa ativi- dade com assertividade. Essa é a minha forma de trabalho. Não quer dizer que seja a única e nem a mais correta, mas é a que pratico todo os dias. Existem pouquíssimas ou sequer existem referências que abordem esse assunto específico – prospecção de eventos – de maneira prática e bastante factível. O que faremos aqui é tratar esse tema de modo que todos possam começar esse exercício e verificar o quão fascinante a pesquisa de qualquer assunto pode ser. Captação de Eventos e Recursos – 38 – Faremos uma divisão inicial que facilitará o entendimento porme- norizado do processo todo de prospecção. Dividiremos o tema em: ferra- mentas de pesquisa – o que são, como utilizá-las?; ferramentas de armaze- namento – modelos e banco de dados, rotina e periodicidade; ferramentas de contato – quais os tipos de ferramentas de contato que são utilizados; e materiais de apoio – quais são os materiais que utilizamos e qual a sequ- ência de envio destes. Aprofundaremos agora o tema prospecção abordando as ferramentas de pesquisa. 2.2.1 As ferramentas de pesquisa Antes de realizarmos qualquer tarefa, o mais lógico é que busquemos o máximo de informações acerca dela e que nos permitam realizá-la da melhor maneira, com menos recursos aplicados, mais assertividade e den- tro do tempo estipulado. Para tanto, o que fazemos? Pesquisa, pesquisa e mais pesquisa! Pes- quisamos muito e sobre todos os aspectos possíveis determinado tema. Somente após essa coleta e posterior análise dos dados é que partimos para a ação. Com os eventos não é diferente. Para cada evento o processo de pesquisa é feito da mesma forma. Onde pesquisar? O advento da internet não é novo, mas, a partir dos anos de 1994 a 1996, quando ela ultrapassou os limites meramente aca- dêmicos e passou a ser acessada por cidadãos comuns na busca por infor- mações, o mundo tornou-se menor e todas as informações começaram a ser compartilhadas em tempo real. Podemos dizer que a prospecção alçou outros patamares após isso. Antes, as informações eram coletadas por meio do telefone, da tele- visão, do rádio, de revistas especializadas e jornais, por folhetos infor- mativos, fax e muita influência dos contatos pessoais. Imaginem o tempo gasto por um pesquisador do Sul do país para obter informações sobre um evento que estava acontecendo na Bahia, por exemplo. Ou o pesquisador ia até lá ou teria que ter um contato local na cidade que o abastecesse de informações. Não era incomum que as informações chegassem com um – 39 – Prospecção de eventos certo atraso para a compilação do pesquisador. Hoje tudo, além de mais fácil, ficou muito mais acessível. Pesquisamos praticamente tudo nas ferramentas de pesquisa como o Google e Bing (existem muitos outros sites de pesquisa, mas estes são os mais acessados e de fácil manuseio). Pesquisar não é a parte difícil da prospecção, mas sim, o que e onde pesquisar. Desse modo, falaremos um pouco de como estruturar a pesquisa de um evento. Utilizaremos como exemplo para esta atividade, de forma meramente ilustrativa, os dados do Congresso Brasileiro do Olho Seco1. Para facilitar o entendimento de como se dá o processo de prospecção e captação de eventos, convencionaremos que, daqui por diante, toda vez que nos referirmos a eventos, estaremos falando de congressos técnico- -científicos. Praticamente todas as ferramentas aplicáveis a esse tipo de evento se aplicam aos demais e toda e qualquer exceção será abordada pontualmente. Então, para começar, o que faremos? Primeiramente coletaremos informações nos calendários de eventos das cidades, dos centros de convenções e demais calendários do trade turístico. Esses calendários podem ser online ou impressos. Iniciando então a pesquisa, começaremos colocando o nome do con- gresso em uma das ferramentas de busca e pesquisaremos o quê? Apare- cerão milhares de coisas sobre esse tema correto? Correto! Então vamos por partes! Começaremos a pesquisa descobrindo as seguintes informações e nessa ordem lógica. De quem é esse evento? Todo o evento tem um “dono”. Uma enti- dade – associação, federação, sociedade, colégio, entre outras entidades, que são as criadoras e detentoras de tudo o que for relacionado a esse evento. Na prospecção, esse item é chamado de: entidade promotora. Sempre se deve buscar as informações, primeiramente, no site da entidade promotora do evento e, somente depois, em links secundários. Quando estiverem no site da entidade, busquem pelo link “eventos” ou “congressos”. Ali acharão informações referentes aos eventos que 1 Evento fictício. Nota da autora. Captação de Eventos e Recursos – 40 – aconteceram e a agenda de eventos por acontecer. Algumas entidades con- centram todas as informações nesse link e outras espalhadas pelo site, de acordo com a separação de áreas da entidade. Portanto, minha dica: entrem em todos os links que possam ter rela- ção com o evento, principalmente os de notícias. As informações a serem pesquisadas em primeiro lugar nos sites das entidades são: 2 nome completo da entidade e sigla; 2 membros da diretoria executiva – presidência ou diretoria, e demais comissões – aqui o importante é que se listem, com nome e sobrenome, os membros da diretoria, como: presidente ou diretor, vice-presidente, secretário e tesoureiro, se possível com o estado a que pertence cada um; 2 se essa entidade conta com representatividade regional, ou seja, se conta com uma secção, capítulo, vogal ou representante no estado o qual é o candidato a captar o evento. Por exemplo, eu, aqui em Curitiba/PR, sempre busco por representações do estado do Paraná. É imprescindível registrar os membros da direto- ria regional: presidente ou diretor, vice-presidente, secretário e tesoureiro, se possível com o estado a que pertence cada um; 2 endereço, telefone, e-mail de contato. As informações a seguir, essas sim, serão encontradas em vários links, principalmente, os que apresentam matérias alusivas à realização deste evento. Podem ser matérias postadas pela entidade promotora, patrocina- dores, participantes nas mídias sociais ou por meio de jornais e revistas da área, entre outras fontes, quais sejam: 2 periodicidade do evento – anual, bianual, trienal, e assim por diante, 2 rotatividade do evento – onde esse evento aconteceu no país nas edições anteriores. Se este evento acontece uma edição em cada região, se repete região, se não repete. Aqui é que verificare- mos qual a característica de “giro” desse evento. Muitas vezes os critérios não estão explícitos no site. Por vezes, precisaremos – 41 – Prospecção de eventos manter contato com a entidade para obter essa informação. É o caso dos eventos cujas edições acontecem impreterivelmente na cidade do presidente da entidade; 2 número de participantes – o número de participantes nos ajuda a verificar o tamanho do evento. Esse número não representa o total de participantes presentes nos dias de evento, mas sim, o número total de inscritos. Nos ajuda também na projeção do espaço ideal para o evento, na quantidade de salas e no tama- nho delas. Para que estas informações sejam validadas por quem as pesquisa, a busca pelo padrão de repetição da informação é um apontamento positivo. Toda e qualquer informação que possa apresentar dados quantitati- vos deve ser registrada, como por exemplo, uma matéria que mencione o número de palestras e se o evento contou com “x” palestrantes de outras nacionalidades. Em um primeiro momento, essas informaçõespodem parecer desconexas, mas com o refinamento da pesquisa, certamente a riqueza de informações será um diferencial. Um item muito importante na pesquisa de prospecção é o registro, de forma clara, das informações que apresentam o ano que o evento foi ou será realizado, a edição, o nome da cidade, a data de realização e o local, conforme modelo de quadro a seguir: Quadro 2.1 – Registro das informações da pesquisa de prospecção Cidade e local Data Ano Edição Costa do Sauipe – BA/Com- plexo da Costa do Sauipe 2 a 5 de setembro 2017 42ª Porto Alegre – RS/Centro de Convenções da FIERG 5 a 8 de setembro 2016 41ª São Paulo – SP/SP EXPO 8 a 11 de setembro 2015 40ª Recife – PE / EMPETUR 7 a 10 de setembro 2014 39ª Brasília – DF / CICB 7 a 10 de setembro 2013 38ª Rio de Janeiro – RJ/Riocentro 1 a 4 de setembro 2012 37ª Captação de Eventos e Recursos – 42 – Cidade e local Data Ano Edição Florianópolis – SC/Centro de Eventos do Costão do Santi- nho 21 a 24 de setembro 2011 36ª ... ... ... ... Fonte: elaborado pela autora. Essas informações nos auxiliam a verificar o “giro” do evento que abordamos anteriormente, ou seja, vão nos ajudar a identificar se o evento segue um padrão de realização por estado, por região do país, ou mesmo se não tem padrão algum. Por vezes, a escolha do local do evento é um ato meramente político e feito em assembleia de diretoria, não estando essa informação registrada. Nesses casos, a descoberta é feita no ato do contato com a entidade promotora. Outra informação muito importante que devemos pesquisar no site das entidades promotoras é o prazo que estas levam para eleger a sede de seu próximo congresso. Algumas delas elegem as cidades sede das edições futuras com um ano de antecedência, geralmente na edição ante- rior. Outras fazem essa eleição com quatro anos de antecedência, e outras, ainda, elegem duas ou mais cidades no mesmo momento. Na verdade, isso depende muito de entidade para entidade. Então como saber? Para obter essas informações, devemos pesquisar os estatutos2 das sociedades e os regimentos internos3. Em um desses documentos constam as informa- ções sobre o congresso. Esta informação varia de uma entidade para outra. Não é incomum acharmos nesses documentos os critérios de escolha das cidades sede. É mais raro, mas acontece. Geralmente esses critérios são enviados pela secretaria da entidade e apresentam solicitação sobre informações pormenorizadas de vários serviços da cidade pleiteante. Fala- remos mais sobre esses critérios quando abordarmos a captação de even- tos em si, no capítulo 3. 2 Estatuto - conjunto de regras de organização de uma coletividade, instituição, órgão, estabelecimento, empresa pública ou privada. 3 Regimentos internos - conjunto de regras estabelecidas por um grupo para regulamentar o seu funcionamento. – 43 – Prospecção de eventos Sites como Linkedin e Facebook ajudam a obter muitas informações sobre os eventos e sobre os membros da diretoria das entidades. No Linkedin, conseguimos informações da atuação profissional e de contatos dos membros das entidades. Muitas vezes encontrarão nesse site informações sobre locais de trabalho, como endereço, e-mail e telefone de contato. No Facebook, como a maioria dos eventos conta hoje com fanpages4, encontraremos informações bem qualitativas para compor a pesquisa, como o redirecionamento para o site do evento, telefone de contato, e-mail e várias notícias. Leiam os comentários dos participantes sobre o evento. Verifiquem o grau de satisfação com esses comentários. Muitas vezes os argumento para uma captação está na demanda dos seus participantes e eles expõem isso nas redes sociais com muita frequência. Para quem quer trabalhar com prospecção e captação, é muito impor- tante que mantenha seu perfil nesses sites tendo foco no profissional. Lembrem-se, nós os pesquisamos e eles nos pesquisam! A internet é uma via de mão dupla! Não tenha receio. Pode solicitar para fazer parte dessas fanpages ou “convidar” esses eventos para fazerem parte da sua rede. Isso facilitará a atualização de informações dos eventos os quais segue. Outra dica não menos importante é: na medida do possível, ao lado dos nomes dos membros da diretoria da entidade, coloquem o Estado desse membro. Isso os ajudará no momento de traçar alianças para anga- riar votos. Exemplo: Dr. Paulo da Silva – (CE), presidente. Lembrem-se, tudo que está na rede é fonte de pesquisa, mas a confir- mação dessas informações, no momento da prospecção, se dará mediante a “repetição” dela. Portanto, pesquisem em muitos sites. O Google nos apresenta incontáveis opções de pesquisa. Quanto mais informações forem coletadas, mais argumentos serão encontrados para a captação. Debatemos acerca das ferramentas de pesquisa e agora apresentare- mos as formas de armazenamento dessas informações e as ferramentas utilizadas para otimizar o processo de pesquisa. 4 Fanpages – uma página específica dentro do Facebook direcionada para empresas ou marcas. Captação de Eventos e Recursos – 44 – 2.2.2 As ferramentas de armazenamento Como armazenar as informações que coletamos? O longo processo de busca por informações pede um processo inteligente e lógico de armaze- namento. Na prospecção, utilizamos ferramentas bem simples. O “mundo ideal” pede que trabalhemos com sistemas ou programas para essa função. O que acontece é que estas plataformas são poucas à disposição para com- pra, ou muito inacessíveis, e geralmente são parte integrante de programas de CRM5 da hotelaria. São adaptações feitas e não plataformas especifica- mente criadas para essa finalidade – pesquisa e armazenamento voltados para eventos. Um exemplo interessante de plataforma de armazenamento é o Pipedrive6. Uma ferramenta muito útil, mas paga. Para facilitar o registro, a sistematização e o armazenamento das informações, usamos dois programas conhecidos e manuseados por todo mundo: o Word e o Excel, parte integrante do Office, ou qualquer um que seja equivalente. Para o registro e compilação das informações, montamos uma ficha. Esta ficha é chamada de “ficha do evento”. Nela registramos todas as informações pertinentes sobre o evento, sistematizadas da seguinte forma (evento hipotético): Quadro 2.2 – Exemplo de ficha do evento Nome do Evento: CONGRESSO BRASILEIRO DO OLHO SECO – “X” CBOS Nº 001 20 M Entidade promotora SBOS – Sociedade Brasileira do Olho Seco Diretoria Gestão 2018/2019 Presidente: José de Alencar (CE) Vice-presidente: Maria do Carmo de Assis (RN) Tesoureiro: Mauro Ramos (PR) Secretária: Dulce Maria Sede: Endereço: Rua Bororós, 125, conj. 73 – Terra Alta, São Paulo – SP 5 CRM - Customer Relationship Management (Gerenciamento do Relacionamento com o Cliente) 6 Pipedrive - https://www.pipedrive.com – 45 – Prospecção de eventos Nome do Evento: CONGRESSO BRASILEIRO DO OLHO SECO – “X” CBOS Nº 001 20 M Fone: 11 3205.6365 E-mail: secretaria@sbos.org.br Regional Paranaense: Presidente: Claudio Amaral Filho (Curitiba/PR) Vice-presidente: Juliane Salazar (Maringá/PR) Tesoureiro: Marilene Silveira da Costa (Curitiba/PR) Rua Padre Silvério, 356 – Ahú – Curitiba/PR Fone: 41 3255.6363 E-mail: atendimento1@sbos-pr.org.br Histórico do evento Cidade e local Data Ano Edição TENTATIVA PARA CURITIBA 2020 (X) Gramado /RS – Hotel Serrano 25 a 27 de julho 2018 (XIX) Natal/RN – CC* Empetur 15 a 18 de julho 2016 (VIII) Maceió/AL – CC* Ruth Cardoso 1 a 3 de julho 2014 (VII) Porto Alegre/RS – Hotel Plaza San Rafael 5 a 8 de julho 2012 (VI) Foz do Iguaçu/PR – Bourbon Cataratas Resort 10 a 13 de julho 2010 (V) João Pessoa/PA – Tambaú Hotel 2 a 4 de julho 2008 (IV) Florianópolis/SC – Costão do Santinho Resort 20 a 23 de julho 2006 (III) Goiânia/GO – CC* de Goiânia 10 a 13 de julho 2004 (II) Fortaleza/CE – CC* de Fortaleza 1 a 3 de julho 2002 (I) *CC – centro de convenções Periodicidade: bianual / anos pares Evento tem feira comercial pequena – 12 estandes na edição de 2018 Empresa organizadoraedição 2018: PMS Eventos E-mails 12.03.2017 – Em contato feito por telefone, Dulce Maria solicitou o envio do e-mail para verificar a possibilidade de candidatarmos a cidade de Curitiba como sede do evento de 2018. 12.12.2018 – O evento foi para Gramado/RS. Captação de Eventos e Recursos – 46 – Nome do Evento: CONGRESSO BRASILEIRO DO OLHO SECO – “X” CBOS Nº 001 20 M 31.02.2018 – Contato feito por telefone. Dulce Maria informou que ainda não estão tratando de assuntos referentes à edição de 2020 do congresso, mas que podemos enviar e-mail com a nossa intenção. 25.07.2018 – Enviamos e-mail para a nacional e regional Paraná reto- mando contato. 15.08.2018 – Retomar contato. Outras Informações Ver Estatuto e Regimento Interno no site Fonte: elaborado pela autora. O modelo de ficha do evento acima é uma sugestão. Podem ser cria- dos vários modelos e acrescentadas muitas outras informações. O pesqui- sador é quem vai verificar quais as informações e a ordem que considera importante para facilitar as suas pesquisas futuras. Primeiramente, devemos numerar essas fichas – ordem crescente e numeral ordinal, como apresentado no canto superior direito do modelo acima. Número seguido da letra “M” – nesse caso, a letra indica a área médica. Cada segmento deverá ter uma numeração independente. Eventos da área médica deverão seguir uma numeração e eventos de outras áreas, outra numeração. Haverá uma infinidade delas, acredite! O fato de esta- rem numeradas, facilitará ações futuras de busca e retroalimentação. No item “nome do evento”, escrevam exatamente como encontrarem no site da entidade promotora. Por vezes, verificarão que existem eventos com nomes parecidos, mas que pertencem a entidades promotoras dife- rentes. Se houver alguma dúvida, certifique-se novamente por meio do aprofundamento da pesquisa. Se o nome do evento for uma abreviação – o que é muito comum – não esqueça de escrever o nome completo e por extenso do evento. No item “entidade promotora”, devem constar todas as informações acerca do “dono” do evento, o promotor. Informações sobre a diretoria vigente – nome, sobrenome e estado de cada membro, endereço completo da sede e da regional do estado pleiteante, telefone, e-mail e informações que considerarem pertinentes. Aqui também é importante verificar se esta – 47 – Prospecção de eventos entidade conta com representatividade nos estados. Por vezes a entidade nacional não conta com entidades divididas por estados, mas sim pelas regiões, como Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Achar o e-mail de contato de certas entidades é atividade quase heroica. Uma dica é procurar no site o link de “associe-se” ou “asso- ciado”. No link “eventos” e “notícias” também constam informações bem importantes para registro. No “histórico do evento” devem ser registradas todas as informações que encontrarem acerca do evento pesquisado. Perceberão que os eventos com um número muito grande de edições, por vezes, não contarão com informações online. Utilizem as que encontrarem. A cidade, o local e a data do evento sempre devem ser registrados. A data de realização do evento poderá sofrer variações entre meses do ano. Analisem essa variação, pois ela poderá apontar uma sequência lógica de repetição. Outros eventos não seguem nenhum padrão de realização. Essa falta de padrão é perceptível ao analisar de três a quatro edições. Esses casos são bastante raros. A maioria segue um padrão e tem um mês espe- cífico para acontecer. Isso facilita o planejamento de quem organiza e de quem tem a intenção de participar do evento. O registro dos conteúdos dos e-mails e telefonemas trocados é muito importante. É por meio desses registros que as informações qualificadas são repassadas para o pesquisador. Por meio dessas informações é que conseguimos traçar um perfil de atuação para o próximo passo, a captação. Todos os contatos devem ser registrados detalhadamente, pois pequenos detalhes podem fazer a diferença na hora do contato com o pleiteante do congresso. Informação é tudo! O item “outras informações” é importante porque nele podemos registrar o que consideramos interessante. É relevante que sejam registra- dos todos os manifestos do site da entidade promotora e de outros sites que fizerem menção ao evento. No estatuto ou no regimento interno contam informações regulamentares sobre o evento, geralmente em um item espe- cífico chamado “Congressos” ou “Eventos”. Após o processo de registro nas fichas, vem o armazenamento orde- nado. Para facilitar o armazenamento, o ideal é que sejam salvas por seg- Captação de Eventos e Recursos – 48 – mento – área médica/outros – e por ano de captação. Por exemplo, se um evento deve ser captado para o ano de 2020, ele deverá ser salvo na pasta de 2020, dos eventos da área médica/ou outros. A tecnologia nos ajuda, mas a criação de um backup, ou cópia de segurança, é extremamente indicada. A atualização dessa cópia de segu- rança deve ser feita semanalmente para evitar a perda dos dados coletados e atualizados. No caso de contarem com um sistema para isso, também salvem uma cópia de segurança. Nada pior para um pesquisador do que perder seus dados. Uma outra ferramenta muito importante no trabalho de prospecção e que busca criar um ambiente de organização e sistematização dessas fichas, é o que chamamos de “sumário de pesquisa”. Esse sumário nada mais é do que um documento feito no Excel, que ordena o registro dos eventos, em uma sequência definida previamente pelo pesquisador, com o auxílio de hiperlinks7. O CRM mencionado ante- riormente tem a mesma função que o sumário, mas a sua atualização acon- tece de forma automática, diferentemente da planilha Excel, que precisa de uma rotina de atualização mecânica. Esse sumário deve ser preenchido seguindo a ordem de ano de capta- ção, contendo uma aba para cada segmento de eventos – médicos e outras áreas – como os exemplos a seguir (exemplos de periodicidade fictícios): Quadro 2.3 – Exemplos de sumário de pesquisa Eventos da Área Médica 2020 2021 2022 2023 2024 2025 Situação Nº 2020 001/20 Congresso Brasileiro do Olho Seco X 25.07.18 – E-mail enviado para a Nacional e regio- nal PR 002/18 Congresso Brasileiro de Coluna X 23.04.18 – Tele- fonema para a nacional 7 Hiperlinks – atalhos para documentos. Nota da autora. – 49 – Prospecção de eventos .... ... X ... 015/18 Congresso de Epilepsia X 27.07.18 – E-mail enviado para o Dr. Antonio 2021 001/21 Congresso Paranaense de Cardio- logia X 23.06.18 E–mail enviado para veri- ficar uma posição sobre o processo de captação 002/21 Congresso Brasileiro de Reumato- logia X 27.07.18 – Tele- fonema para a nacional 003/21 Congresso Latino- -americano de Urologia X 14.07.18 – será na Argentina ... ... X .... 2022 001/22 Congresso Brasileiro de Mastologia X 01.01.18 – E-mail enviado para a nacional 002/22 Jornada Paranaense de Asma X 27.07.18 – Telefo- nema para a regio- nal paranaense ... ... X ... Eventos de Outras Áreas 2020 2021 2022 2023 2024 2025 Situação Nº 2020 001/20 Congresso Brasileiro do Concreto X 12.05.18 – Telefo- nema para o Prof. Antonio Carlos da UFSCAR 002/18 Congresso Brasileiro de Patologia das Construções X 16.08.18 – Telefo-nema SBPC Captação de Eventos e Recursos – 50 – .... ... X ... 015/18 Congresso Latino-ameri- cano do Leite Integral X 27.07.18 – E-mail enviado 2021 001/21 Congresso Brasileiro do Algodão X 12.06.2017 – Evento será fixo em São Paulo a partir dessa edição 002/21 Congresso Sul-brasileiro da Mamona X 15.12.2017 – Telefonema para a EMBRAPA/RS 003/21 Congresso Latino-ame- ricano de Sementes X 12.11.18 – Contato telefônico com a entidade nacional e envio de mate- rial. ... ... X .... 2022 001/22 Congresso Brasileiro de Trânsito X 01.01.18 – E-mail enviado para a nacional 002/22 Jornada Paranaense de Coaching X 23.03.18 – Tele- fonema para
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